Para se encantar: 8 filmes com crianças protagonistas

Para se encantar: 8 filmes com crianças protagonistas

Você é também um dedicado fã do gênero “filmes em que os protagonistas são crianças”? Então, segue abaixo uma lista de sugestões variadas de filmes em que a criançada rouba a cena e faz atuações encantadoras fazendo com que voltemos ao tempo de nossas vidas em que tudo era maior, mais simples, mágico e surpreendente.

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  1. Little Boy – Além do Impossível (Disponível na Netflix)

Little Boy conta a história de Pepper (Jakob Salvati), garotinho que tem uma estreita relação com seu pai e tem seu coração partido quando ele resolve tomar o lugar do irmão mais velho e lutar durante a II Guerra Mundial. A partir daí, o drama se passa durante o espaço de tempo em que ele espera a volta do pai. No final das contas, a fé e a inocência do menino fazem com que o telespectador se afeiçoe facilmente a ele.

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  1. Valentin

Valentin é, sem dúvidas, um filme que acaba ocupando um lugar especial em nosso coração. O longa argentino, mostra o dia-a-dia de um rapazinho de 9 anos – Valentin (Rodrigo Noya) obviamente – que mora com sua vó, é visitado vez ou outra por seu pai que por sua vez se separou de sua mãe, figura que ele nunca chegou a conhecer. O filme gira em torno do desejo do garoto conhecer sua mãe e encanta justamente por ser contado do ponto de vista dele, seus pensamentos e suas fantasias.

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  1. Pelos Olhos de Maisie

Pelos olhos de Maisie tem a mesma estrutura de Valentin no que diz respeito a ser contado do ponto de vista da criança que tem pais separados. A diferença é que o longa em questão mostra o abandono que a garota sofre por parte dos pais em função do processo de divórcio e de seus interesses diversos. A verdade é que fica impossível assistir Maisie (Onata Aprile) passando pelo que passa sem ser invadido pela vontade de querer leva-la pra casa e cuidar dela.

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  1. O Primeiro Amor (disponível na Netflix)

O filme se inicia com a chegada de Juli (Madeline Carroll) a sua nova casa, momento em que conhece Bryce (Callan McAuliffe). O afeto que Juli sente por Bryce nasce instantaneamente, porém a recíproca, de início, não é verdadeira. O longa-metragem de bela fotografia e roteiro simples e cativante gira em torno dessa paixão.

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  1. Uma Viagem Extraordinária (Disponível na Netflix)

Aqui, o protagonista é T.S. Spivet (Kyle Catlett) um garoto de 10 anos de idade com alma de cientista. T.S. que perdeu recentemente seu irmão mais velho (de quem era muito próximo) acaba ganhando um prêmio científico de grande renome e decide viajar sozinho para recebê-lo. O detalhe é que ninguém sabe que o vencedor do tal prêmio é uma criança.

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  1. Billy Elliot

Billy Elliot se passa na Inglaterra, em uma pequena cidade onde a maioria das pessoas se sustenta do trabalho nas minas. Billy garoto de 11 anos que mora com seu pai, seu irmão mais velho e sua vó, enquanto frequenta o boxe, acaba conhecendo, sem querer, a magia do balé, arte pela qual se apaixona e começa a praticar escondido da família.  Seu desafio maior se inicia quando sua professora propõe que ele tente entrar para uma renomada escola de balé em Londres.

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  1. O Quarto de Jack

O Quarto de Jack é outro do hall de filmes que é narrado pelo próprio protagonista, Jack (Jacob Tremblay): um menino que nasceu no cativeiro onde sua mãe esteve por anos a fio. Jack não conhece outro mundo se não o quarto onde ele e sua mãe vivem confinados e é justamente isso que torna tão interessante o drama que foi indicado ao Oscar de melhor filme em 2015.

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  1. Central do Brasil

Nessa lista não poderia faltar um filme brasileira, não é? Central do Brasil não fica pra traz quando comparado aos filmes já citados. O longa conta a história de como o destino fez os caminhos de Dora (Fernanda Montenegro) – que escreve cartas para pessoas analfabetas – e Josué (Vinícius de Oliveira) se cruzarem iniciando uma nova e fascinante jornada em busca do pai do garoto a quem ele nunca conheceu.

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“O amor não engana; a gente é que se engana enxergando amor em qualquer porcaria”

“O amor não engana; a gente é que se engana enxergando amor em qualquer porcaria”

Imagem de capa: Gutesa/shutterstock

Erramos muito, em tudo, e é dessa forma com o amor também. Mesmo assim, não tem como desistir de amar, de tentar encontrar alguém que venha andar conosco de mãos dadas e olho no olho, sem vazio, sem preguiça afetiva.

Teremos muitas decepções pela frente, sendo uma das mais doloridas aquela que nos desmonta quando achamos que era amor, mas não era. Quando tínhamos certeza de que éramos amados de volta, mas não éramos. Quando pensávamos que iria durar para sempre, mas não duraria. A gente se engana muito com as pessoas, mas se enganar com quem escolhemos como parceiro de vida dói demais.

Mesmo que não estejamos procurando por um relacionamento amoroso, muitas vezes somos arrebatados por um sentimento forte em relação a alguém, repentinamente, assim, sem mais nem menos. E, então, passamos a querer ficar junto, a desejar uma vida a dois, vivenciando o amor em tudo o que ele possibilita. E costumamos nos entregar por inteiro, acreditando que aquilo tudo possui verdade e intensidade, porque queremos que dê certo.

E, nessa esperança de que seja amor de verdade, não raro nos tornamos cegos frente a sinais claros de que o outro nem está ali por inteiro, tampouco retorna na mesma medida – às vezes, nem retorno há. Ou pode ser que fingimos não enxergar, enquanto aguardamos que ali na outra ponta apareça de vez quem realmente queremos, da forma que merecemos. E então a gente espera, espera, o tempo passa, o vazio aumenta e a dor também. E o outro lado permanece no nada.

Não adianta, falhar no amor é um dos piores reveses que existem, porque a gente investe sentimento, a gente entrega o que tem de mais precioso, a gente se desnuda de corpo e alma, mostrando o que somos, nossa força e nossas fraquezas. O amor nos torna, sobretudo, vulneráveis, porque baixamos a guarda, protegidos que achamos estar pela entrega alheia. Só que nem sempre há reciprocidade e, infelizmente, demoramos demais a perceber o quanto nos enganamos até chegar ali, na consciência dolorosa.

Erramos muito, em tudo, e é dessa forma com o amor também. Mesmo assim, não tem como desistir de amar, de tentar encontrar alguém que venha andar conosco de mãos dadas e olho no olho, sem vazio, sem preguiça afetiva. Porque fomos feitos para dar e para receber amor, pois é assim que a busca da felicidade fica mais completa e é assim que tudo aquilo que somos e temos consegue transbordar, na medida exata de nossos mais lindos sonhos.

O primeiro passo para conquistar a vida que deseja é convencer-se de que a merece

O primeiro passo para conquistar a vida que deseja é convencer-se de que a merece

Imagem de capa: Yuganov Konstantin/shutterstock

Com frequência pessoas escrevem artigos com a proposta de ensinar aos outros a forma mais adequada de obter aquilo que se almeja da vida: uma boa carreira; fortuna; alguém a quem oferecer e receber amor, e aí por diante. As receitas, normalmente, não são tão complexas à primeira vista. Podemos resumi-las da seguinte forma: trabalhe muito, alimente-se bem, estude muito E compre o nosso curso e/ou contrate nossos consultores especializados, os quais o orientarão para que atinja o sucesso absoluto.

Mil perdões àqueles que não estão acostumados com o modo – às vezes não muito sutil – como escrevo. Mas não, nenhum dos itens habitualmente listados – por aqueles que se propõem a facilitar a caminhada humana – são suficientes na ausência do mais essencial dentre todos os aspectos: você precisa acreditar que merece aquilo que deseja!

Sem preencher esse requisito você:

– Irá estragar todos os seus relacionamentos. Será sempre insuportável manter pessoas que te amam por perto. Sentir-se-á sufocado. Seus olhos se cegarão para tudo o que na relação está dando certo e se tornarão apenas aptos a perceber aquilo que lhe for insuportável – e, acredite, parecerá mais do que o suficiente para dar tudo por encerrado;

– Sentir-se-á ansioso e desconfortável ao receber aquela tão esperada promoção ou ligação para uma entrevista de emprego. Abruptamente surgirão em sua cabeça milhares de razões pelas quais deva negar a promoção ou faltar à entrevista – terá de convencer a si mesmo de que vale a pena arriscar e, mesmo que consiga, provavelmente terá um desempenho bastante inferior ao que poderia;

– Não conseguirá estudar aquilo a que se propôs. Cada parágrafo parecerá levar uma vida para ser lido e, em simultaneidade, o voar das moscas será interessante de tal forma que não desviar sua atenção para tamanho espetáculo será basicamente impossível. Pensamentos como: “Por mais que eu estude não me sairei bem o bastante”; “Não consigo entender nada do que leio” e etecetera são bons exemplos do que habitualmente vem a ocorrer.

Por que razão?

Simples: Não há nada mais insuportável do que viver uma vida melhor do que aquela que se julga merecer.

Para fechar, ensinarei uma forma bastante simples de identificar o quão merecedor – ou não – você se considera das coisas que almeja. Como se sentiu nas últimas vezes em que se deparou com oportunidades desejadas? Digamos que o tamanho do desconforto experimentado é diretamente proporcional à crença no não merecimento.

Durante milênios as pessoas foram fadadas a morrer tendo vivido exatamente a vida que, lá no início de suas infâncias – por conta de diversas ocorrências – acreditaram merecer. Atualmente, entretanto, há um profissional que é treinado e equipado para quebrar tais ciclos, seu nome: Psicólogo. Isso quer dizer que todos aqueles que se veem em tais situações precisarão fazer psicoterapia? Não exatamente, porém, podemos fazer uma boa analogia. Digamos que a noite chegou e certa pessoa está deitada. Desejando dormir, decide que a luz do cômodo em que está deve ser apagada. Fazer psicoterapia é levantar-se da cama e pressionar o interruptor – exige esforço para sair de uma posição confortável para que, por alguns instantes, tenha de se esforçar em direção à meta estipulada. Não fazer é ficar deitado na cama e esperar que a lâmpada queime. Ambas as decisões podem produzir os resultados esperados, entretanto, fica claro que depender da sorte é uma escolha bem pouco inteligente a ser feita.

Uma cabeça cheia de medos não tem espaço para sonhos

Uma cabeça cheia de medos não tem espaço para sonhos

Imagem de capa: frankie’s/shutterstock

“Teu medo muitas vezes termina quando tua mente se dá conta que é ela que cria este medo.” Alejandro Jodorowsky.

Nós vivemos em um mundo com um ritmo completamente alucinado, sempre com mais coisas para fazer do que a nossa real capacidade temporal permite. Somos cobrados sistematicamente para que consigamos dar conta – sem reclamar, é claro, – já que somos vistos tão somente como peças dentro de uma engrenagem que deve funcionar na máxima velocidade o tempo inteiro. Entretanto, ainda que isso por si só já seja problemático, o pior vem a seguir: dispomos de enorme energia em coisas que na maior parte do tempo sequer gostamos.

Obviamente, não há como fazer tudo que queremos o tempo inteiro. A vida adulta exige um certo pragmatismo para que seja possível o seu funcionamento. Todavia, há na contemporaneidade um excesso pragmático, o que torna a vida burocrática até mesmo nos pequenos detalhes. Inseridos nesse mundo de “máquinas”, nos sentimos extremamente cobrados, mesmo que inconscientemente, a nos adequarmos a esse modus operandi.

Sendo assim, toda vez que sentimos vontade de sair da “linha”, por algo que fala em nós, recebemos uma torrente de sentimentos pesados que nos bloqueiam e impedem que saiamos do lugar; reverberando em um exército de pessoas amedrontadas, inseguras, cheias de pressões na cabeça e, por conseguinte, paralisadas, automatizadas e tristes.

Eu sei que a insegurança é um traço da existência humana, afinal, somos finitos e confusos. No entanto, o que causa “estranheza” é o modo como há no sistema que vivemos toda uma cultura para explorar ao máximo as nossas inseguranças, a fim de que estejamos sempre em lugares previsíveis (físicos e do pensamento) e, portanto, estejamos sempre controlados.

Há total desestímulo a todos os que se colocam de modo diferente para o mundo, que buscam interpretá-lo de forma original, que procuram conhecê-lo, explorá-lo, esmiuçá-lo, principalmente, nas suas obviedades, que é o lugar em que se escondem as grandes belezas da vida.

Mas o medo é enorme, é gigante, toma conta do nosso ser, subordina-nos, cela-nos e cavalga em nós à base de chicotadas e esporas. E, assim, a maior parte dos sonhos, desejos, ambições, sequer saem do mundo das ideias, ou melhor, sequer chegam a florescer no mundo das ideias, porque existe o medo de falhar.

O habitual está no erro, nunca na possibilidade de dar certo, sobretudo, quando se trata de algo fora do “comum”, já que somos “livres”, desde que façamos as “escolhas” pré-determinadas por um grupo seleto de pessoas que brincam em seu teatro de marionetes.

Dessa forma, a nossa própria relação com o tempo se torna extremamente conturbada e problemática, porque nós acreditamos que estamos velhos demais para fazer alguma coisa que temos vontade, como trocar de faculdade ou fazer a faculdade que sempre sonhamos, iniciar um projeto convencional ou “não-convencional”, mudar de trabalho, iniciar um relacionamento ou novos relacionamentos (sentido amplo); enfim, sair de um lugar que está ruim, fazendo-nos mal, que não está nos trazendo felicidade e buscar algo que realmente queremos fazer, lugares que queremos estar, pôr em prática ideias que circulam em nossa cabeça e sonhos que bombeiam nosso coração.

Sentimo-nos velhos e, não raras vezes, incapazes de realizar aquilo que queremos. Contudo, ao contrário de permanecermos onde estamos e vivermos o presente, pensamos sempre no futuro, tomados pela ansiedade, mas paralisados pelo medo. Também pudera, é tanta pressão: de fora, de dentro, pressão para seguir os padrões, para se adequar, para correr, produzir, se anestesiar… realmente, estamos velhos demais para sonhar. Ou pelo menos, é assim que querem que pensemos e nós estamos cada vez mais acreditando nisso como a verdade última da nossa existência.

Desse modo, o nosso mundo extremamente desenvolvido, está completamente nebuloso, frio e gelado. Vivemos sem nos dar conta de que não basta viver, é preciso navegar, nos nossos mares, nos nossos sonhos, nas nossas loucuras, porque mais do que átomos, somos feitos de histórias, que precisam ser contadas para que continuem vivas.

O medo de falhar é terrível, confesso. A insegurança parece estar sempre à espreita, também sei. Entretanto, se a vida é um caminho que se faz ao caminhar, os sonhos são as asas que nos permitem sobrevoar as pedras que nele aparecem. Por mais que seja difícil, a escolha entre parar e voar é sempre nossa, já que: “Uma cabeça cheia de medos não tem espaço para sonhos”.

O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse

O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse

Imagem de capa: HPepper, Shutterstock

Quando você menos espera, percebe que a vida passa depressa. Que é quase impossível adivinhar os capítulos seguintes – por mais angustiante que possa parecer. Logo, não vale a pena conservar incômodos e manter quem não dedica algo de bom para você. O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse.

Isso de persistir nos mesmos erros e seguir ao lado das mesmas pessoas, não rende pontos e prêmios para um tempo seguinte. É preciso separar relacionamentos que fazem mal daqueles que significam sentimentos essenciais na sua vida. Postergar essas escolhas, além de resultar em um péssimo hábito, acelera o processo de deterioração de uma das coisas mais importantes que podemos repassar na vida, o amor comum.

Chega de carregar, por obrigações e costumes, relações inversas do que você realmente merece e pode proporcionar. Primeiro, o seu dever maior é o respeito próprio, e não a autossabotagem. Ninguém pode ditar os melhores meios de encontrar a felicidade que não seja você. Então, por que cargas d’água ficar preso nessa multidão que acha que sabe dizer, mas que não sabe nem como sentir?

Faz assim, liberte-se. Corra pelo tempo em vez de através dele. Multiplique instantes e amores. Subtraia dores e decepções. O meu tempo é precioso. Só permaneça se tiver interesse. Só chegue perto se quiser contribuir para novas emoções, para novas permissões. Para os desinteressados, um leve “até mais ver”.

Depois que encontrou o lobo, a Chapeuzinho nunca mais foi a mesma

Depois que encontrou o lobo, a Chapeuzinho nunca mais foi a mesma

Naquele dia ninguém contou à Chapeuzinho sobre o Lobo. Pediram apenas que ela levasse uma cesta cheia de pães até a avó, que morava lá do outro lado da floresta.

O lobo parecia ser alguém interessado em ajudar. Alguém isento de maldades. Foi assim que a chapeuzinho o viu e dessa forma ele a enganou fácil.

Sabem, grande parte de nós caminha pela vida como a “Chapeuzinho”. Desprevenidos, passeamos por aí carregando o melhor de nós até toparmos com algum lobo no meio do caminho.

Vejam bem, confiar não é um erro. Se um outro nos fizer de gato e sapato, o problema de caráter é dele e não nosso. O que é certo é certo e um dia todo lobo dá de cara com algum bom caçador. Calma, eu entendo, às vezes a lei do retorno tarda, mas ela não falha.

O encontro com o lobo mudou a vida da Chapeuzinho. Ela continuou seguindo rumo a casa da avó, mas desde o dia em que conheceu aquele primeiro lobo, ela passou a carregar consigo novas convicções e um punhado de esperteza em cada um dos bolsos. A vida ensina.

Outros lobos vieram. Jogaram conversa fora. Disseram conhecer um outro caminho melhor, mas a Chapeuzinho não caiu na deles. Não, a decisão pelo caminho seria só dela.

Ela não daria atenção aos que lhe fizessem propostas mágicas. Ela sabia que se cedesse à lábia de algum lobo, e confiasse levianamente, poderia prejudicar não só a si, mas também àqueles que a amavam.

Então a Chapeuzinho ouvia o que os lobos tinham a dizer, sorria e continuava em frente. Ela agora era mais responsável e ponderada. Ela sabia que não deveria mudar de percurso ou deixar de visitar à avó pelo que lhe aconteceu no passado. Ela sabia que, à despeito de um certo temor, ela tinha que continuar, passo a passo. Dia após dia. Sempre em frente. Acreditando no melhor, mas de olhos bem abertos.

Ela entendeu que a mais feia das verdades vale mais que a mentira mais bonita. Que, às vezes é preciso que um lobo apareça para a gente acordar e valorizar o que tem de bonito.

A mãe da Chapeuzinho lançou-a na vida desprevenida, confiando em sua boa natureza, mas a avó, entre um gole e outro de café, lembrou-a do lobo sem, no entanto, deixá-la esquecer de que quando foi preciso, a vida sacou da cartola um bom caçador.

A Chapeuzinho aprendeu que nem tudo são flores e que nem tudo são lobos na vida. A Chapeuzinho aprendeu que o caminho do meio é o melhor caminho.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Rompimentos não me assustam mais. Sou muito boa com finais.

Rompimentos não me assustam mais. Sou muito boa com finais.

Imagem de capa: Vagengeim/shutterstock

Não se trata de ser volúvel ou inconstante, mas sim de perder o medo de perder. Nada nem ninguém é posse de outra pessoa. Há começos e finais.

A grande dor é passar o tempo prevendo ou tentando adiar um final. Na tentativa de manter uma vontade viva, contorna-se o muro à frente e abre-se um caminho alternativo, mas certamente a chegada será em outro ponto. O plano inicial de fato chegou ao fim, e outro nasceu a partir desse final.

Eu já alimentei fartamente o medo dos finais. Não conseguia aprender e ver vantagens nas etapas que se concluíam. Lamentava cada final de ciclo como se fossem perdas, e, na verdade, ninguém perde nada do que não possui.

Também tive muito receio da vida que corria bem, pois que em algum momento a calmaria haveria de ter um final. E ele sempre chegava. E ele também passava, se transformava, virava outro começo.

E em algum momento, todo esse medo se transformou, ainda com muita resistência e apego, mas se foi. Agora, sou muito boa com finais. Não os provoco, não os procuro, mas os respeito e aceito sempre que consigo entender que são o caminho mais saudável e portas para os recomeços.

Rompimentos são tão dolorosos quanto os começos, mas não percebemos por conta da excitação inicial… e da mágica alegria que só se apresenta nesses momentos. Mas os começos são povoados de dúvidas e ansiedades. E, creia ou não, isso também dói.

Rompimentos são conclusões argumentadas, são respostas que preenchem as lacunas. Não exatamente o que gostaríamos, mas o golpe de misericórdia para acabar com situações arrastadas, vidas finalizadas, energias esgotadas, vontades desencontradas.

Os finais sempre levam alguma coisa de nós. Já me levaram amores, amigos, saudades, arrependimentos, desejos. E deixei que levassem tudo, sem muita briga nem revolta.

A cada final que se aproxima, me preparo, me despeço, me desculpo, desapego do que será levado e só o que peço em troca é coragem.
Coragem para abrir bem os olhos e enxergar claramente o que começa a partir desse final, que já não ameaça mais.

De apertos e sinhazinhas

De apertos e sinhazinhas

Ainda bem menina descobri que as roupas e a vida dos meninos eram mais divertidas do que a minha. Nos domingos, eles pulavam da cama e numa velocidade incrível ganhavam as ruas da Tijuca para brincar.

Comigo era diferente. Sempre saía depois deles, pois havia mais panos para cobrir o corpo e o maldito cabelo para pentear. Mamãe pegava a escova e começava a operação Desembaraçamento. Pôr em ordem os fios rebeldes. No caso da minha cabeça, todos.

Um estado de insurreição ampla e irrestrita. Doía muito. Mas mamãe recitava o versinho: Sinhazinha está tão bela, pois então aguente mais. Pois então se estou tão bela, por favor aperte mais.

Eu ficava doida. Porque não queria ser sinhazinha e muito menos sentir dor. É claro que os meninos também sentiam dor, mas em geral acontecia quando eles se machucavam. Quando caíam da bicicleta ou brincando de pegar peixinhos no fétido rio Maracanã.

Enquanto isso, eu vivia a tortura de ter os cabelos desembaraçados para mantê-los femininos. Como se o feminino rimasse naturalmente com sacrifício. Eu observava minhas tias e primas mais velhas entrando e saindo do banheiro como se fossem atrizes trágicas se preparando para subir no palco.

Toalhas enroladas no cocuruto, cremes esparramados nos rostos e braços, sobrancelhas desenhadas a lápis. Para raspar os pelos das pernas e axilas usavam a lâmina Gillette (que trazia um homem bigodudo na embalagem). Eu me perguntava: Elas estão se preparando para uma guerra?

Invejar as roupas dos meninos causava tristeza na minha mãe. Diria até que isso a perturbava pra valer. Eu queria um short, ela comprava um vestido. Sonhava com um tênis, ela me presenteava com sandálias de fadinha. Uma vez pedi um par de botas. Veio a resposta: De jeito algum!

A cena dramática do embate mãe e filha se deu nos meus 6 anos. Festa junina na escola com a óbvia ciranda. Meninos e meninas fantasiados de caipiras. Mamãe me olhou e achou que faltava um toque a mais. Costurou no meu par de conga branca duas rosas de plásticos. Enormes! Ela adorou. Eu chorei de humilhação.

Hoje sei que para cuidar da saúde mental nada melhor do que deixar a infância na infância. Guardá-la em um pendrive e acessá-la quando nos convir. Mas no desktop o que devemos fixar é o tempo presente. A vida do agora.

Nesse agora, não cobiço mais as roupas masculinas. Ao contrário, acho que as mulheres dão de dez em criatividade e inovação. Repare na alta taxa de diversidade com que nos vestimos. Formatos, cores, texturas. Conquistamos as calças compridas sem abandonar as saias.

Ao caminhar na avenida Paulista, reparo nos homens. Observo uma multidão de ternos e gravatas. Penso: Poderia ser meu pai andando por aqui. Verdade, as gravatas estão muito mais coloridas. Os ternos mais alegres. Mas, meu Deus, seguem sendo ternos e gravatas!

Por outro lado, não encontro nenhuma mulher vestida como mamãe quando jovem. Mudamos. Mas as grifes de sapatos ainda não acompanharam isso. Ao comparar calçados para mulheres com sapatos para homens, percebo que a redenção ainda está longe.

Os femininos são bem mais estreitos e incrivelmente incômodos. Como se a revolução tivesse se iniciado pela cabeça, descido pelo tronco e estancado nos pés. A sinhazinha ainda diz: Aperte mais.

A vida é muito curta para não parar para admirar a paisagem

A vida é muito curta para não parar para admirar a paisagem

Imagem de capa: HPepper/shutterstock

Ah, que viagem doida é essa, a vida?! Que a gente entra e bem cedo aprende que tem que correr, não perder tempo, não perder focos, que tem que ganhar várias corridas.

Que trem de ferro em linha reta é esse?! Que a gente coloca combustível sem parar nos nosso corpos e mentes e o nosso olhar sempre à frente, concentrado em algum ponto de chegada que o mundo nos ajudou a inventar.

E mesmo quando o corpo chia, o coração suspira e a gente precisa diminuir a intensidade do caminhar, a mente não para de ostentar, o mundo não para de falar. Quando foi mesmo a última vez que a gente parou a própria rotina, os próprios sonhos e expectativas e apenas sentou naquela cidadezinha de beira de estrada e tomou um cafezinho sossegado, sem pensar em nada?

É tudo sempre tão corrido, o calendário sempre preenchido, as horas completas, os dias espremidos. Os nossos pés já nem tocam o chão, passam flutuando por todas as superfícies. Não mergulhamos em nenhuma estação de nós mesmos.

Não dá tempo de entender o sofrimento, de quebrar um círculo vicioso, de romper hábitos que nos fazem mal, não dá tempo de aprofundar, adentrar nos labirintos do coração, desfazer os nós e criar outros ‘eus’.

Não dá tempo de construir outro mundo, pois este já nos escraviza em seus mitos. Nossas mãos práticas seguem as riscas, as receitas, desaprenderam no nascimento a tocar e a conduzir intuitivamente, são agora instrumento de nossas necessidades.

Ah, que vida desenfreada, competitiva, em que a gente voa alto, rápido, em que a gente é avião a jato e gosta de mostrar o ronco forte de nossas turbinas e a grandeza de nossas capacidades de lidar com tudo.

Em que a gente quer ser mais para se sentir mais e ofuscar um vazio escondido, em que a gente quer fazer barulho para não ouvir as vozes do nosso silêncio essencial, em que a gente quer ter mais para não deixar de alimentar a máquina das doces ilusões que nos rodeiam. Em que a gente quer parecer mais para convencer os espectadores desse teatro todo, e a nós mesmo, de que todos os nossos esforços não foram em vão.

Que vida vã é essa, pele espessa que não se deixa cortar, sentir, invadir. Superfícies dura e escorregadia, em que tudo passa e pouca coisa fica. Em que a gente vê passar pela janela vultos de tantas coisas, pessoas e sentimentos, num piscar de olhos, tão rápido que não dá tempo de fazer sentido, de entrar para a memória, de construir belezas em nossos álbuns de fotografia.

A vida é curta, então a gente corre. Que ironia! Vida é travessia, a chegada é a morte. O que fica dessa viagem, se a gente não para e aprecia? Se a gente não desce em muitas estações, e olha em volta, anda e respira? se a gente não perde a gente mesmo em algumas paragens? Se a gente não recomeça do zero e muda o rumo e decide não ir em frente por um bom período de tempo?

Ah, a vida é curta demais para não parar para admirar as paisagens!

“13 Reasons Why” e seu papel social

“13 Reasons Why” e seu papel social

Se você já tiver ultrapassado os 20 anos de idade, imagine-se voltando ao seu ensino médio, aos seus 17 anos. Agora você é uma garota que acaba de se mudar e está ingressando naquele assustador universo que é o colégio novo. Imagine-se encontrando obstáculos exponencialmente maiores ao longo da exploração desse novo universo. Bullying, assédio e assim por diante. Mescle tais obstáculos as dúvidas, inseguranças e exigências que vem com a adolescência.

Pronto. É esse o cenário que Hannah Baker enfrenta ao chegar à cidade. 13 Reasons Why (Os 13 Porquês), nova série da Netflix, conta todo o processo que levou Hannah a se suicidar.

Para além do bullying e assédio, 13 Reasons Why trata de questões como a homofobia, o machismo, o estupro e obviamente, o próprio suicídio. Temas atuais, considerados pesados, transversais a vida escolar que não só podem, mas devem ser abordados, postos em evidência e acima de tudo, discutidos e repensados.

Toda a história é contada do ponto de vista de Hannah. Talvez seja esse o exercício que série propõe: o de nos colocarmos no lugar de dela. É sua verdade que nos é narrada. É sua realidade que presenciamos. É impossível passar por esse processo – o de estar na pele de Hannah – sem se repensar.

E é justamente ao nos fazer refletir sobre nós mesmos, sobre a forma como agimos que 13 Reasons Why mostra sua dimensão político-social que é sem dúvidas um diferencial nela. Sim. A humanidade e a fragilidade de nossas relações pede por isso.

A conscientização voltada para o respeito às diferenças e o exercício da empatia é uma necessidade urgente. A arte, que tem por particularidade o dom de nos fazer sentir, é, por sua vez, um instrumento poderoso e eficaz quando o objetivo é trazer reflexão. Então por que não unir o útil ao agradável, não é?

Para os que ainda não viram a série, fica a sugestão. Para os que viram, fica o apelo para que nos esforcemos mais para não sermos um dos motivos. As discussões estão sendo abertas. A mudança e a transformação depende de nosso empenho e participação. E sim, hoje você pode salvar uma vida com um gesto simples. Talvez ouvindo, talvez acolhendo, talvez informando, talvez simplesmente estando presente. Fique esperto!

Abra as janelas, mas saiba fechar as portas com firmeza

Abra as janelas, mas saiba fechar as portas com firmeza

Imagem de capa: Evgeny Atamanenko/shutterstock

Abra as janelas ao que vem com força verdadeira, mas feche as portas ao que chega sem verdade, sendo nada além de peso inútil.

Quando conseguimos ajudar, aconselhar, compartilhar experiências com verdade, tornamo-nos melhores e tornamos os outros pessoas melhores. Poder ver o tanto de felicidade que conseguimos espalhar por aí é uma das melhores sensações que existe, pois ninguém é feliz em meio a dores e tristezas circundantes. Infelizmente, porém, nem todo mundo está pronto para receber nossas ofertas.

A gente deve abrir as janelas quando encontra alguém que soma, que vem com verdade, respirando o ar da transparência isenta de maldade. Quando nos sentimos bem ao lado da pessoa, onde estivermos, pois sabemos que ali estamos protegidos contra a falsidade e os interesses escusos, pois sabemos que ali nada irá nos ferir, nada será usado contra nós, nada será carregado de negatividade.

A gente precisa fechar as portas toda vez que a insegurança e o medo vierem assombrar os nossos sonhos, que alguém disser que não conseguiremos, que não somos capazes, que aquilo que é nosso não serve para nada. Toda vez que não nos sentirmos bem perto de gente que transmite tudo, menos sinceridade; que fala tudo, menos coisas boas; que sabe de tudo, menos do que a gente mais precisa.

Abra as janelas a cada manhã, mentalizando tudo de bom que possa ocorrer, desejando o melhor, para si e para o mundo, porque atrair positividade depende de nossa disposição em ser feliz. Alimente as esperanças, as metas, confiando na própria capacidade de ser alguém que se reinventa e renasce, sempre que necessário. Sorria, tenha fé, ame e ame de novo. O mundo está aguardando por você diariamente.

Feche as portas quando necessitar de um tempo consigo mesmo, sem ninguém, quando seus pensamentos estiverem menosprezando tudo de bom que você carrega dentro de si. Quando estiver alimentando amor sem volta, não correspondido, insistindo naquilo que não tem algum futuro. Quando estiver machucado, vazio, sem rumo, sem, guarida, sem toque, sem companhia de fato, junto mas desacompanhado.

É preciso abrir-se a tudo o que está ali em frente, ao lado, pronto para receber-nos e dar asas aos nossos mais lindos sonhos. No entanto, ter cautela com coisas e pessoas que não são o que aparentam será urgente, para que não nos percamos de nós mesmos, por conta de ervas daninhas que ingenuamente deixarmos repousar em nossos jardins. Abra as janelas ao que vem com força verdadeira, mas feche as portas ao que chega sem verdade, sendo nada além de peso inútil.

No modo “quase”, a vida não anda

No modo “quase”, a vida não anda

Imagem de capa: Yuriy Mazur/shutterstock

Eu quase fiz isso ou aquilo, quase tive coragem, quase me arrisquei, quase decidi. Eu quase vivi, mas não o fiz porque estava quase indo, quase voltando.

Se alguém te disser que está quase resolvendo uma questão, esqueça ou repense a importância. Quase é nada. Quase é cogitação aguardando a coragem chegar. E quase sempre, ela não comparece.

Quase é o relógio esquizofrênico que anda para frente e retorna, frustrando as horas de quem espera.
Quase é a certeza na promessa que não se concretiza.

Estamos quase lá significa que não estamos em lugar algum. Ou, pelo menos, não aonde gostaríamos. Não há quase que satisfaça, porque não há um quase desejo.

A gravidade do quase se mede pelo tempo que ele consome. Quem diz que está quase resolvendo assuntos ou decisões urgentes não para si, dificilmente percebe como esse tempo do quase se arrasta e consome quem aguarda.

Quem prefere quase porque acha o não muito forte, não sabe o quão forte é a decepção de quem se equilibra na corda do quase. Um tombo bem poderia ser mais honesto.

Quase é frustração, é falso gozo, linha de chegada que se afasta.

-Ah, eu quase contei toda a verdade, mas não encontrei o momento certo…
-Estava quase resolvendo o que combinamos, mas voltei atrás por este ou aquele motivo…
-Quase te liguei, quase te encontrei, quase te mandei aquela mensagem, mas apaguei…

O quase é a bengala da covardia. Uma vez citado na frase, faz o papel de suporte. Também pretende ser um anestésico, já que o quase é suave e o não é rude. Ainda lamenta-se, mas com esperanças de que o quase amadureça e vire ação.

Quase acho o quase inocente, mas em pouquíssimas situações. Na maioria delas, o comparo àquela pessoa educada e de fala mansa, que ainda assim, não hesita em fechar portas e rejeitar o que não lhe convém, delicadamente, ainda que às custas da confiança e paciência alheias.

Na vida de um quase, nada nunca terá firmeza. Mas quase.

Quebrar a cara também é descobrir o mundo

Quebrar a cara também é descobrir o mundo

Imagem de capa: DC Studio/shutterstock

Em cada um de nós, por mais medo que se sinta e histórias que se escute, sempre há um desejo de rua e de queimar o pé no asfalto, porque quebrar a cara também é descobrir o mundo.

Pablo Neruda diz em um dos seus versos que: “Você pode cortar todas as flores, mas não pode impedir que a primavera chegue”. O poeta está correto, há coisas que não podem ser evitadas por mais que você se prepare ou faça de tudo para que não aconteça.

Isso ocorre pelo fato da vida não ser uma estrada retilínea, mas antes, uma estrada sinuosa, cheia de curvas perigosas e imprevisíveis, e por mais que alguém te diga exatamente como proceder, em determinado tempo e espaço do caminho, algumas coisas só são aprendidas quando vivenciamos a experiência, por mais dolorosa que esta seja.

Não sou adepto da ideia de que só se aprende com a dor. O amor, a meu ver, ainda é e será o maior dos professores. Entretanto, não há como negar que ela nos ensina muitas coisas, aliás, como disse, parece que só conseguimos aprender certas coisas por meio da dor, do sofrimento, do fracasso, da derrota. Em outras palavras, só aprendemos algumas coisas quando quebramos a cara.

Não adianta, algumas coisas não entram na nossa cabeça até passarmos pessoalmente por determinadas experiências. Podemos ser alertados, inclusive e de maneira geral, por pessoas mais sábias e experientes; podemos ouvir histórias, relatos de situações verídicas, ensinamentos sobre a vida de modo amplo e em pontos bem específicos, mas, por mais abertos e compreensivos que sejamos, sempre haverá algo que passará do nosso olhar e ouvidos, de forma que ao nos depararmos com aquela situação outrora evidenciada, agiremos de modo errado e, então, inevitavelmente quebraremos a cara.

Podemos relacionar esses acontecimentos exclusivamente ao período da adolescência, mas estaríamos errados. Embora, de fato, seja nessa fase, em que o “foda-se” está ligado para tudo, que quebremos mais a cara e até por isso mesmo ela esteja relacionada ao amadurecimento; o “quebrar a cara” ocorre por toda a vida, já que ninguém conhece esta em todos os seus aspectos a ponto de nunca errar.

Ainda que “quebrar a cara”, “se dar mal”, traga dores, sofrimento, decepções, frustrações, etc., é preciso entender que isso é algo que faz parte da descoberta da vida. É necessário sair, se arriscar, fazer suas próprias escolhas, viver suas próprias experiências, seus próprios relacionamentos, mesmo que vez ou outra nos machuquemos por algum motivo. Se fechar em relação ao mundo só nos torna ainda mais estranhos a ele.

É claro que, da mesma maneira que é preciso “cair no mundo”, também é necessário ouvir, sobretudo, quem tem algo para contar e se preocupa com o nosso crescimento. Todavia, os nossos sentidos dependem da experiência real para que certas coisas sejam apreendidas e isso não é algo ruim, mesmo que no fim estejamos cheios de feridas e arranhões.

Somos recortes de tudo que vivemos, inclusive, as experiências e vivencias nem tão boas ou dolorosas. O importante é o que conseguimos aprender com a cara quebrada, porque como disse Sartre – “Viver é isso: ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências” – e em cada um de nós, por mais medo que se sinta e histórias que se escute, sempre há um desejo de rua e de queimar o pé no asfalto, porque quebrar a cara também é descobrir o mundo.

Sabedoria é gostar de quem gosta da gente

Sabedoria é gostar de quem gosta da gente

Se pudéssemos ter a noção exata do tempo perdido, em nossas vidas, com gente que não se digna a responder de volta um nada que seja e com coisas inúteis e impossíveis de ocorrerem, talvez parássemos de vez com essa mania que a muitos acomete, qual seja, correr atrás do que não virá, valorizar o que não nos pertence, mendigar atenção de quem não nos enxerga. Porque isso equivale a patinar no gelo do vazio: só esgota energia e não soma nada a ninguém.

Vai saber por que tantas pessoas focam a vida justamente em tudo e em todos que as rejeitam, esquecendo-se de lutar para manter junto o que e quem já são certezas, já são amores correspondidos, já estão ali. Vai saber o quanto tantas pessoas se sentem menores e diminutas, indignas de reciprocidade, de afeto sincero, de verdade enfim. Parece que a rejeição se instala tal qual um vírus de difícil combate, acabando com a saúde da pessoa, tornando-a triste, indisposta e com a autoestima em frangalhos.

Parece que a gente reluta em ser feliz, como se não houvesse felicidade possível longe daquilo que está distante, como se não fôssemos conseguir viver sem o amor daquele que nos nega retorno, como se a gente fosse um nada, não tivesse nada, não conseguisse nada. Realmente, ninguém é capaz de nos fazer tão mal quanto nós mesmos. Ninguém é capaz de nos diminuir tanto quanto nós mesmos. Porque, em grande parte, somos nós que consentimos com essa miséria emocional toda que nos assola.

Não conseguiremos gostar de todo mundo que gosta de nós, não teremos simpatia por todas as pessoas que simpatizarem conosco, porque afeto ninguém explica direito; tem gente que nunca fará parte de nossos corações, por mais que tentemos. Mesmo assim, é preciso olhar mais para perto, enxergando aqueles que já estão em nossos caminhos, valorizando o que faz parte de nossas conquistas, porque somos alguém, sim, que merece ser feliz, ser valorizado, ser visto, ser amado.

Enquanto fitarmos somente o horizonte de possibilidades distantes, deixando tudo o que já está ao nosso lado em segundo plano, jamais conseguiremos alcançar a felicidade. Enquanto insistirmos em quem não está nem aí para o que somos, jamais acolheremos amor verdadeiro em nossos corações. Vá ser feliz agora, porque o depois demora muito!

Imagem de capa: DC Studio/shutterstock

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