Mais uma definição de amor: mostrar que quer que o outro fique, mesmo sabendo que ele tem de ir

Mais uma definição de amor: mostrar que quer que o outro fique, mesmo sabendo que ele tem de ir

Nos últimos meses, a partir do momento em que comecei a estudar no turno da tarde, fui introduzida a um novo ritual aqui em casa. Todos os dias, meu pai acorda cedo o suficiente para deixar meu irmão na escola, abre a loja e, entre 8:30 e 9:00, se nada atrapalhar, ele volta para casa e toma um café da manhã “mais sossegado”.

É por essas horas que tenho me levantado. Faço, com ele e minha mãe, a primeira refeição do dia. Preparamos o que tiver disponível e tomamos café ouvindo e discutindo com o pessoal da rádio (eles gostam de nos fazer raiva, esses radialistas) e conversando entre nós mesmos.

Quando estamos todos satisfeitos, meu pai sinaliza que está de saída, pega as chaves e vai se retirando para voltar ao trabalho. Minha mãe, por sua vez, sem falta, todos os dias, como que de protocolo, solta um “vai não, mô!”, mesmo tendo plena consciência de que ele tem que ir. Por vezes, completa a frase com um “fica aqui conversando com a gente”.

Presencio tais episódios desde o início do semestre. Algo tão simples. Assim, de longe, nem parece nada demais. Mas, sei lá, às vezes a gente se inspira e começa a achar poesia nesses detalhes.

Fica aqui, então, uma nova definição de amor para minha (nossa) coleção: mostrar que quer que o outro fique, mesmo sabendo que ele tem que ir de qualquer forma.

Imagem de capa: gpointstudio/shutterstock

A verdadeira amizade modifica a nossa história

A verdadeira amizade modifica a nossa história

Uma vez li uma crônica que dizia que pra sempre teremos nossos 16 anos. Nossos 21. Nossos 25 e todos os outros números que contabilizamos a cada aniversário. Os anos que vivemos que, somados, nos transformam no que somos hoje.

Pois no feriado de Tiradentes deixei vir à tona meus 17 anos. Nos três dias de encontro de turma, revivi meus 18, 19, 20 e 21 anos. Ao lado de meu marido e filho, abracei aqueles que ajudaram a construir a pessoa que sou hoje e extravasei minha melhor versão.

A semana que antecedeu o encontro foi tensa. Na segunda feira, um grande amigo sofreu um infarto e nos apoiamos à distância. Porém, para surpresa de todos, ao receber alta do hospital seguiu para nos abraçar. Foi comovente nos depararmos com o carro subindo a ladeira do hotel e, no banco do carona, o sorriso conhecido. O susto tornou o reencontro mais especial; a vulnerabilidade da vida trouxe mais significado à nossa amizade e estreitou os laços.

A amizade nos faz acreditar que ainda estão em curso nossas primeiras experiências e sensações. É ela quem diz que mesmo que o tempo cronológico tenha passado, uma parte de nós ainda vive as emoções, brincadeiras, rubores e afeições daquele período que chamamos “ontem”.

Sentados em círculo, revimos

fotos e ouvimos histórias de um tempo que foi um divisor de águas para o restante de nossas vidas. Pois naqueles quatro anos tão intensos, ficou evidente que, mais do que aprender uma profissão, aprendemos a viver. A nos relacionar uns com os outros, a administrar uma casa longe de nossos pais, a iniciar e romper um namoro, a nos divertir com responsabilidade e nos apoiar como irmãos.

Na noite de sábado, uma missa celebrada por outro amigo que se tornou padre nos aproximou ainda mais. Ele lembrou alguns colegas ausentes e falou sobre o sofrimento. Nos comovemos recordando os altos e baixos na vida de cada um, sem exceção. Éramos amigos se reencontrando após mais de vinte anos, e isso bastava para entender que, mesmo que a vida tenha deixado cicatrizes, não houve perdas, só ganhos.

A verdadeira amizade modifica a nossa história. Nos desperta pra vida, dá um chacoalhão no nosso comodismo e nos faz prestar atenção ao que é essencial. Nos diz que essa vida vai passar rápido, e que é preciso não perder o sono pelas insignificâncias e frivolidades. De vez em quando nos dá asas, outras vezes nos dá chão. Nos livra de nossas auto depreciações, culpas, submissões. Nos ajuda a amadurecer, a desatar os nós, a descalçar os sapatos e suportar os vazios.

A amizade nos faz entender que todos têm uma história, que não é só a sua história que é importante, que ninguém está aqui para fazer figuração na sua vida. Nos mostra que de vez em quando somos os protagonistas, e em outros momentos assumimos o papel de coadjuvantes, e que isso é fascinante também.

Com a idade e algumas vivências, a gente fica mais sentimental. Assim, dei pra me emocionar a cada reencontro, sentindo o abraço forte daqueles que viajaram dez horas seguidas ou o esforço de quem recebeu alta do hospital para poder estar entre nós. Nem todos entendem isso. Nem todos criam vínculos ou cuidam das memórias. Me sinto privilegiada. Sortuda por perceber que o tempo não passou e os amigos não se despediram. Eles permanecem e resistem, mês a mês, ano a ano, vivos dentro de mim…

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Em mágoa parada não brota amor

Em mágoa parada não brota amor

Não se culpe por ter amado alguém que não soube reconhecer o amor. Não se culpe por ter inventado uma pessoa que não existia. Não se culpe por ter cedido à loucura de enxergar uma pintura rara onde só existia um borrão.

A percepção, às vezes, falha, destoa, perde o tom e a claridade. É atropelada e enganada por um turbilhão de sentimentos. Mas agora, é preciso saber lidar com a mágoa. Essa água parada, encostada no meio-fio dos seus olhos precisa sumir.

Não adianta achar que todo mundo é igual e vai fazer a mesma coisa. Não adianta pensar que o amor não existe e que não é pra você. Essas besteiras que todo mundo diz quando se depara com a decepção.

Agora é hora de esvaziar o peito e jogar fora o ressentimento porque em mágoa parada não brota amor. É hora de sacudir o coração e arejar a pele. Desfazer-se dos gestos que não movimentaram a alma porque o que não é profundo, não vale a pena cultivar.

Você amou certo uma alma torta. Plantou amor num coração baldio, que só tinha a fachada bonita. Por dentro era improdutivo e seco, cheio de janelas fechadas, de pedras e jardins mortos. O seu amor é mar aberto. Não se dá com almas que têm dom de represa.

Mas agora chega de lágrima pesada, chega de mania de lenço e noites maldormidas. É hora de sacudir o desespero, de jogar fora esse arsenal de lembranças ruins, que é projeção daquela mentira que você contou a si mesmo.

Você amou um personagem, um invólucro “bonitinho”, com cascas duras por dentro. Eu sei, a gente tem mania de dizer que consegue amar os defeitos, que vai levar numa boa, que vai saber lidar com uma porrada de manias feias e irritantes sem se ferir… mas daqui a pouco o peito desaba a sangrar e aquele encontro que tinha cara de romance assume aspecto de tropeção. E não dói só na hora, fica latejando a noite toda, e vai virando rotina, e aí, a gente amaldiçoa até o dia que saiu de casa com a alma tão sedenta e disposta a amar.

Mas agora, já chega! Essa mágoa parada na borda dos seus olhos precisa sumir e escorrer para o ralo do esquecimento. Não pode se tornar inquilina em seus pensamentos nem ocupar lugar de filha rebelde em sua cama porque em mágoa parada não brota amor. Sem contar que nenhuma mágoa merece essa atenção toda, esse ritual de sofrimento pra prestar homenagem a um personagem fictício.

Aquele suspiro aliviado, a paz voltou

Aquele suspiro aliviado, a paz voltou

Quando percebi, já dormi. E dormi tão profundamente que mal me lembro o que sonhei. Mas, lembro de estar triste e virando de um lado para o outro na cama, sem conseguir encontrar qualquer vestígio de tranquilidade que pudesse me fazer adormecer. Já parece tão distante, são imagens borradas que custam a ficarem nítidas de novo.

Será que também faz parte do sonho? Do sonho o qual já não me lembro mais? Os minutos que antecedem um sono inquieto são secos, silenciosos. Mas quando acorda. Ah, quando acorda… tudo é tão movimentado, e há tantas possibilidades, e o que existiu antes já não aperta mais. Existe um suspiro, existe uma lembrança mal formulada, existe até uma desorientação, mas não existe mais o desespero.

A cama voltou a ser macia e o travesseiro agora torna a ser abraçado. Não há mais o que temer, e para que temer quando tudo é tão incerto, afinal? Dentre sonos agitados e lágrimas molhando o lençol, há também a janela em cima da cama que seca o tecido, e deixa o ar entrar e limpar todos os restos de uma noite mal vivida.

E quando amanhece, encontro as paredes brancas, querendo ser escritas, querendo ser papéis de uma história qualquer.

Imagem de capa: Leszek Glasner/shutterstock

Despeço-me de quem já fui

Despeço-me de quem já fui

Despeço-me do homem que já fui. Do cara que construí e levei nos braços até ontem ou anteontem. E com ele despeço-me de todos os meus meninos, de toda a esperança infundada de um dia ser maior. E para quê? Eu te pergunto. Despeço-me com um abraço demorado que aperta, com o peito envergado para dentro que diz – Fica um pouco mais – pedindo e também respondendo.

Despeço-me do homem que já fui, de minhas inseguranças, de meus medos que não me matavam, nem me fortaleciam e sigo levando somente os fatos. Enfrento de frente o que está adiante. Afasto de lado o que não está ao lado, mas à margem. Deixo para trás o que não é memória, nem aprendizado, só culpa, estridente, quase que bonita como as latas amarradas que perseguem os carros dos recém-casados.

Acho que me casei com minha culpa. Depois pari minhas inseguranças, ninei minhas vergonhas, só minhas, filhinhas, miúdas, até serem grandes o bastante para também me carregarem. Tudo meu, tudo eu, tudo de mim, eucentrista como toda mãe.

Despeço-me então todos os dias, acompanhando a velocidade do reciclar da matéria. Nasce todo dia e morre a célula. Nascem todo dia e morrem minhas ideias. Nasço todo dia e, logo depois, morro. Sem estardalhaço, ali naquelas horas caladas entre o tatear insone dos chinelos para ir ao banheiro de madrugada e o despertar vitorioso no segundo que antecede o despertador.

Despeço-me do homem que já fui todas as manhãs, engolindo-o junto com o café amargo demais ou demasiadamente doce. Despeço-me dele e vou perdendo minhas histórias, minhas manias. Elas já foram de fato minhas ou foi alguém que me deu?

Vou abandonando minhas notas longas, minhas semibreves, como uma sinfonia que se simplifica dia após dia, até ser apenas três ou quatro notas que abrem um elevador, que empurram um metrô, que ligam um smartphone, que nunca são ouvidas diferentes, mas que igualmente jamais são iguais porque despedem-se de si segundo por segundo.

A pessoa que vocês conheceram não vive mais aqui. Destinatário não encontrado, favor devolver ao remetente.

Imagem de capa: NonLoeiterd/Shutterstock

Perdoar é se lembrar sem se ferir

Perdoar é se lembrar sem se ferir

Dia desses, passeando pelo Instagram, me deparei com uma frase de um autor desconhecido: “Perdoar não é esquecer: isso é amnésia. Perdoar é se lembrar sem se ferir e sem sofrer: isso é cura. Por isso é uma decisão, não um sentimento…”

E parei para pensar no que a frase diz. Que o perdão é uma decisão _ nem sempre simples, nem sempre fácil_ mas ainda assim, uma decisão de seguir em frente sem mágoa ou dor. Não é simplesmente “deixar pra lá”, deletar e não pensar mais no assunto. É sim, conseguir encarar a questão de frente e não ter mais sofrimento ao confrontá-la.

Para isso, é preciso rasgar-se e então remendar-se. Escancarar todas as feridas para depois curá-las. Ousar remover todos os curativos para então ventila-los.

Quem concede o perdão beneficia a si mesmo. Pois ao se livrar de lembranças dolorosas, mágoas rasgadas e ressentimentos embolorados, percebe que se curou.

Ninguém esquece daquilo que lhe feriu, que doeu, que dilacerou. Mas a gente pode superar. Pode enxergar o que rasgou sem se machucar. Pode entender o que morreu sem se enlutar. Pode conviver com o que restou sem se magoar. Isso é perdoar. Isso é permitir que a história siga seu curso trazendo uma lembrança que não pesa mais.

Na vida é necessário perdoar sempre. Perdoar a finitude das coisas, perdoar a pressa do tempo, perdoar as despedidas e os pontos de vista, perdoar erros bobos ou grandiosos, perdoar as ausências, perdoar a falta de jeito e a indiferença. Sem o perdão, ficamos presos a um lugar de falhas e faltas. Não seguimos em frente, não superamos, não evoluímos.

É preciso ser leve. Absolver a existência de culpas que nos atam a um lugar que não existe mais, e livrar nossa história de ressentimentos antigos. Se sua infância foi dolorosa, se seus pais não cuidaram de você com cuidado, se você sofreu bullying na escola, se seu primeiro namorado lhe traiu, se sua amiga lhe humilhou… tudo isso passa a ser irrelevante quando você aprende a perdoar. Quando você entende que a dor pelos fatos ocorridos pode ser carregada ou não. Quando você percebe que as feridas fazem parte da sua história, mas é você que decide como quer lidar com elas.

A gente não se esquece dos cacos de vidro que pisou, mas a cura chega quando a gente volta a caminhar sem dor. A gente se lembra, mas não se importa mais. Isso é perdoar. Isso é permitir que sua história siga sem lhe machucar.

Talvez seja hora de encarar aquilo que não sabemos lidar e simplesmente perdoar. Iremos descobrir que não precisamos esquecer pra seguir em frente, e sim decidir que isso não tem o poder de nos machucar mais.

O perdão é uma escolha. Uma escolha de viver sem dívidas com o passado, uma escolha de se desvencilhar das mágoas e ressentimentos e, principalmente, uma escolha de viver sem dor.

Imagem de capa: alexkich/Shutterstock

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A sua verdade

A sua verdade

Quando me amei de verdade,
pude perceber que o
sofrimento emocional é um sinal
de que estou indo contra a minha verdade.
(Kim e Alison McMillen)

Se você anda confuso, angustiado, ansioso ou desanimado, pode ser que esteja sendo omisso com relação à SUA VERDADE. Pode ser que esteja buscando realizar sonhos que não são seus ou cumprir o que se entende por “exigências da sociedade”. Pode ser que ainda não tenha se alinhado com o seu propósito de vida, ou que sequer tenha noção de que possui uma missão, um dom, uma grande realização à sua espera.

Existem várias verdades, é fato. A mãe tem a verdade que acredita ser a do filho, o marido a que acha ser a da esposa, o amigo a que acha ser a do outro, o professor a que acha ser a do aluno, a sociedade as que acredita serem as ideais para cada um. Não por mal, mas acabam exigindo – ainda que de forma indireta – que você a viva. Que realize a verdade que eles escolheram pra ti. Talvez a que soa melhor, a “mais certa” ou a mais segura. A mais comum ou a mais previsível…

Contudo, cada ser humano tem a sua própria verdade. Com a sua bagagem emocional e existencial que só ele sabe o peso que tem. Com as vivências que sentiu e os resgates pelos quais clama a sua alma. Com a sua impressão do mundo, que é como impressão digital – única e inconfundível. Com os seus dons e talentos latentes ou camuflados. Só essa verdade é legítima: a verdade íntima de cada um.

A sua verdade, personalizada e intransferível, só pode ser reconhecida, respeitada, defendida e vivida por você. Por isso, não adianta esperar que os outros o façam por ti. Ou, pior: tentar viver a verdade frustrada dos seus pais ou pensar que, no futuro, os seus filhos conseguirão viver a sua. É ilusão na certa. Faça a sua parte, preocupe-se consigo. Deixe que os demais descubram e vivam as suas próprias verdades.

E a verdade de cada um se relaciona, inexoravelmente, com dar sentido à sua vida, encontrar seus dons e talentos – sejam eles quais forem -, descobrir uma forma de colaborar para a evolução da humanidade, se realizar e encontrar a plenitude, bem como deixar a sua marca no mundo. Essencialmente, traduz sair do modo automático de viver a vida. Despertar. Empolgar-se, motivar-se, emocionar-se, desejar fazer muito, fazer melhor, fazer a diferença.

Como descobri-la? Silenciando a mente e tentando ouvir o coração. Estudando para se autoconhecer. Observando o seu jeito de ser e a sua história. Atentando para os sinais que o universo manda. Permitindo-se novos olhares, novas pessoas, novos ambientes, novas crenças… Enfim, entregando-se ao que é superior.

Será difícil soltar o grito de liberdade, “de agora em diante vou viver a minha verdade!”? Sem dúvida… Afinal, possivelmente foram anos aceitação e retraimento. Por isso é importante estar afinado, embasado, aceito internamente. Provavelmente você será questionado, desacreditado, talvez até chamado de insano. Mas vale a pena…

Entre ser bonzinho e ser realizado, fique com a segunda opção!
Ainda que a vida não seja uma só, perder uma vida inteira por falta de coragem de ir atrás da sua realização, definitivamente, é uma loucura. E não deixe para se dar conta disso lá no fim, quando não houver mais tempo – ou energia – para a grande virada. Sem contar que não fazemos a menor ideia de quando o tal fim efetivamente chegará…

É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.
(Martin Luther King )

Imagem de capa: Subbotina Anna/shutterstock

11 filmes para você viajar sem sair de casa e que provam que para o autoconhecimento não há volta

11 filmes para você viajar sem sair de casa e que provam que para o autoconhecimento não há volta

Na estrada encontramos o diferente e nos chocamos com o que somos. E, na viagem do autoconhecimento, não há volta.

Boa viagem!

Josie Conti

1- Comer, rezar e amar (Eat Pray Love)

Elizabeth (Julia Roberts) descobre que sempre teve problemas nos seus relacionamentos amorosos. Um dia, ela larga tudo, marido, trabalho, amigos, decidida a viver novas experiências em lugares diferentes por um ano inteiro. E parte para a Índia, Itália e Bali, para se reencontrar numa grande viagem de autoconhecimento.

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2- Na natureza selvagem (Into the wild)

Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade. Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após dois anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.

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3- Meia noite em Paris (Midnight in Paris)

Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e sonhou ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que fez com que fosse muito bem remunerado, mas que também lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir a Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.

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4- Para Roma com amor (To Rome with Love)

O longa é dividido em quatro segmentos. Em um deles, um casal americano (Woody Allen e Judy Davis) viajam para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. Outra história envolve Leopoldo (Roberto Benigni), um homem comum que é confundido com uma estrela de cinema. Um terceiro episódio retrata um arquiteto da Califórnia (Alec Baldwin) que visita a Itália com um grupo de amigos. Por último, temos dois jovens recém-casados que se perdem pelas confusas ruas de Roma.

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5- O físico (The Physician)

Inglaterra, século XI. Ainda criança, Rob vê sua mãe morrer em decorrência da “doença do lado”. O garoto cresce sob os cuidados de Bader (Stellan Sarsgard), o barbeiro local, que vende bebidas que prometem curar doenças. Ao crescer, Rob (Tom Payne) aprende tudo o que Bader sabe sobre cuidar de pessoas doentes, mas ele sonha em saber mais. Após Bader passar por uma operação nos olhos, Rob descobre que na Pérsia há um médico famoso, Ibn Sina (Ben Kingsley), que coordena um hospital, algo impensável na Inglaterra. Para aprender com ele, Rob aceita não apenas fazer uma longa viagem rumo à Ásia mas também esconde o fato de ser cristão, já que apenas judeus e árabes podem entrar na Pérsia.

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6- Sete anos no Tibet (Seven Years in Tibet)

Heinrich Harrer (Brad Pitt), o mais famoso alpinista austríaco, tentou algo quase impossível: escalar o Nanga Parbat, o 9º pico mais alto do mundo. Egocêntrico e, visando somente a glória pessoal, Heinrich viajou para o outro lado do mundo deixando sua mulher grávida e um casamento em crise. Ele não conseguiu o feito, mas quando a Inglaterra declarou guerra à Alemanha ele foi considerado inimigo, por estar em domínio inglês. Feito prisioneiro de guerra, ele fugiu após várias tentativas junto com Peter Aufschnaiter (David Thewlis), outro alpinista, se tornando os únicos estrangeiros na sagrada cidade de Lhasa, Tibet. Lá a vida de Heinrich mudaria radicalmente, pois no tempo em que passou no Tibet se tornou um pessoa generosa além de se tornar confidente do Dalai Lama.

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7- Austrália (Australia)

Início da 2ª Guerra Mundial. Sarah Ashley (Nicole Kidman) é uma arrogante aristocrata inglesa, que possui uma fazenda de gado na Austrália. Ela viaja ao país para reencontrar o marido, mas ao chegar descobre que ele foi assassinado. Para não perder a fazenda, ela se une a um vaqueiro (Hugh Jackman) e ao garoto aborígene Nullah (Brandon Walters). Juntos eles precisam levar um rebanho de gado até Darwin, no interior do país.

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8- Lion- uma jornada para casa ( Lion)

Quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfretou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.

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9- Trem noturno para Lisboa (Night Train to Lisbon)

Raimund Gregorius, um professor suíço, que abandona suas palestras e sua vida conservadora para embarcar em uma emocionante aventura que o levará em uma jornada ao seu próprio coração.

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10- A estrada interior (The Road Within)

A obra aborda parte da vida de Vincent (Robert Sheehan), um jovem que tem Síndrome de Tourette e que, após a morte da mãe e por conta da relação com o pai (Robert Patrick), é internado em uma clínica, vindo a conhecer Marie (Zoë Kravitz) e Alex (Dev Patel). Dois jovens que contribuirão na compreensão das dores e dos prazeres da vida sob a perspectiva de suas doenças.

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11- Wildlike

Depois da vida em sua nova casa se tornar completamente insuportável, uma adolescente foge e faz amizade com um homem mais velho, e se prepara para uma grande aventura: uma caminhada através do deserto do Alasca.

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O exótico Hotel Marigold

Os aposentados Muriel (Maggie Smith), Douglas (Bill Nighy), Evelyn (Judi Dench), Graham (Tom Wilkinson) e mais três amigos decidem curtir a aposentadoria em lugar diferente e o destino é a Índia. Encantados com o exotismo do local e com imagens do recém restaurado Hotel Marigold, a trupe parte para lá sem pestanejar e são recebidos pelo jovem sonhador Sonny (Dev Patel). O único detalhe é que nada era muito bem como parecia ser, mas as experiências que eles irão viver mudarão para sempre o futuro de todos.

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Sob o sol da Toscana (Under the Tuscan Sun)

Frances Mayes (Diane Lane) é uma escritora que leva uma vida feliz em San Francisco, até que se divorcia de seu marido. Triste e deprimida, ela decide mudar radicalmente de vida e compra uma chácara na Toscana, para descansar e poder terminar em paz seu novo texto. Porém enquanto ela cuida da reforma de sua nova casa acaba conhecendo um novo homem, que reacende sua paixão.

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Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine)

Nenhuma família é verdadeiramente normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.

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Seleção Josie Conti. Com sinopses de Adoro Cinema e Filmow

A pessoa mais bonita que conheço

A pessoa mais bonita que conheço

A pessoa mais bonita que eu conheço lança olhares profundos como quem consegue me ler por dentro. E ainda sim, mesmo que eu seja metade defeito, ela não se assusta e me dá a chance de engrandecer o que tenho de bom. Essa pessoa consegue se destacar em uma multidão com milhões de vidas e não é porque se esforça para isso, mas sim, porque irradia luz só com um sorriso de canto de boca.

A pessoa mais bonita que eu conheço troca um restaurante chique gourmet cheio de velas e lustres por uma arroz e feijão com gostinho de louro recém saído do fogo. E ah, como ela se diverte. É só tirar um baralho do bolso, fritar um bolinho de chuva e é programa pro resto da tarde. Ela sabe que em um devaneio de domingo mais vale uma lembrança boa de uma roda de conversa com os amigos do que uma tentativa falha de apreciar vinho quando gosta mesmo é de uma cerveja gelada.

A pessoa mais bonita que eu conheço conversa com os personagens do filme, derruba pipoca no chão e ri da piada do pavê.

A pessoa mais bonita que eu conheço sabe sorrir com a alma e consegue acender qualquer ambiente. É o tipo de pessoa com quem você se sente à vontade para contar o sonho que teve na noite anterior ou de quando ralou o joelho escalando o muro quando tinha seis anos. Ela faz você se sentir como se tudo fosse importante porque te ouve com o coração e realmente quer estar ali fazendo parte da sua vida.

Acredito que é exatamente disso que precisamos. Dessas pessoas que querem, verdadeiramente, estar ao nosso lado e demonstram sempre a importância que temos, independente do que temos a oferecer. Porque quando oferecemos um espaço na nossa vida, já estamos oferecendo o que temos de mais precioso e bonito mesmo é quem sabe perceber isso.

Imagem de capa: Dragan Grkic/shutterstock

O preço de ser “bonzinho”

O preço de ser “bonzinho”

Muita gente confunde bondade com incapacidade de dizer “não”, de colocar limites, de dizer o que gosta e o que não gosta, de satisfazer as próprias necessidades.

Aprender a dizer “não” não é sair chutando a porta por aí. É estar pronto para amadurecer com confiança, certo de que não deixará de ser amado só porque decidiu levar seus desejos e opiniões em consideração.

Não se trata de dizer que “não somos obrigados a nada”, e sim de entender que é importante aprender a se posicionar diante da vida, das exigências do dia a dia, das pessoas e do que cada situação exige.

A vida exige rupturas. Exige que abandonemos nossos ninhos no alto das árvores e ganhemos o céu. Mesmo que o preço seja cair e nos ferir algumas vezes, a recompensa de nos tornarmos quem realmente somos faz valer a pena.

Esqueceram de nos contar que podíamos recusar aquele convite, que não era pecado dizer “não” àquilo que não estávamos dispostos a fazer, que não devíamos nos sentir culpados quando impúnhamos limites ou sentíamos necessidade de nos agradar em primeiro lugar.

Esqueceram de nos contar que ser “bonzinho” é diferente de ser bom. Que quando me desagrado para agradar aos outros estou descumprindo a lei do amor que diz: “Ame a teu próximo como a ti mesmo”.

Ser bom é ter empatia, é se compadecer da dor do outro e estar a postos para ajudar, é ter compaixão, tolerância e respeito pelos que nos cercam. Já ser “bonzinho” é satisfazer as expectativas dos outros, o que nem sempre satisfaz as nossas próprias expectativas. É carregar um fardo nas costas, já que é exaustivo corresponder fielmente ao que é esperado por todos, mas nem sempre está de acordo com o que intimamente queremos.

O preço de ser bonzinho é a fragilidade. Pois enquanto preferirmos corresponder às expectativas externas em detrimento de nosso próprio bem estar, estaremos frágeis, susceptíveis ao julgamento externo, vulneráveis ao que pensam ou deixam de pensar a nosso respeito. Quem deixa de ser “bonzinho” se fortalece. Descobre que tem valor mesmo quando recusa um favor ou prefere pintar o cabelo de azul.

A vida ensina sussurrando. Enquanto não aprendermos a ser autênticos no querer ou não querer, no permitir ou não permitir, no autorizar ou não autorizar, iremos sofrer as consequências de não sermos gentis com nosso próprio espírito. Não se trata de ser egoísta, e sim de se respeitar em primeiro lugar. Só assim estaremos prontos para ajudar. Só assim estaremos aptos a amar…

Imagem de capa: HBRH/Shutterstock

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A gente não desiste do que quer, a gente desiste do que dói

A gente não desiste do que quer, a gente desiste do que dói

Há alguns anos, vivendo um namoro conturbado, cheio de altos e baixos e muito desgaste, desisti do que julgava ser um grande amor. É claro que sofri por algum tempo, mas descobri que de vez em quando é melhor cortar pela raiz do que carregar uma vida inteira de sofrimento.

Desistir _ de alguém, de alguma situação, de algum sonho ou plano _ é uma das decisões mais difíceis de se tomar. Pois é pacto que a gente faz com a razão, com a necessidade de seguir em frente com menos dor e mais amor próprio; mas nem sempre está de acordo com a emoção, com a parte de nós mesmos que ainda quer viver atada àquele lugar que já fez parte do que somos.

Desistir é uma escolha, mas nem por isso é algo simples ou fácil. Pois impõe a quebra de contratos com aquilo que um dia amamos, com aquilo que um dia cuidamos para que não morresse, com aquilo que julgávamos parte de nossa identidade.

A gente desiste do que dói, dos lugares onde a gente não cabe mais, das histórias que a gente torcia para que dessem certo mas não deram, dos amores que nos tornam pessoas piores do que realmente somos.

Muitas vezes, desistir de um amor é dizer “sim” a si mesmo. É reconhecer que nem sempre aquilo que julgamos “perfeito” é realmente ideal em nossa vida. É entender que alguns amores permanecerão na memória, mas nunca sobreviverão no dia a dia. É dar chance para um caso de amor recíproco consigo mesmo.

Desista de um amor se ele deixou de ser servido em bandeja de prata, e só sobraram restos que você insiste em aquecer em banho maria; desista de um caminho se ele não lhe traz satisfação nem significado; desista de uma rotina se ela não lhe torna uma pessoa melhor e só restam dúvidas a respeito de si mesmo; desista de uma culpa se só você ainda não se absolveu; desista de uma mágoa perdoando quem lhe feriu e entregando seu coração a Deus.

A gente escuta muito que não se deve desistir dos sonhos, mas de vez em quando é necessário uma boa dose de humildade para admitir que não há mais o que ser buscado, que a antiga expectativa necessita de um “basta”, que o primitivo anseio foi por água abaixo. Se há tantos outros sonhos a serem vividos, por que insistir em habitar os mesmos velhos sonhos que não se concretizaram como a gente gostaria?

A gente não desiste do que quer, a gente desiste do que dói. Dos laços que machucam, da indiferença que maltrata, da inconstância que perturba.

E finalmente descobrimos que desistir pode ser parte da nossa força também, pois a construção de nossa felicidade depende daquilo que deixamos pra trás ou permitimos que se despedisse de nós.

Imagem de capa:  Soloviova Liudmyla/Shutterstock

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O pior tipo de oportunista é aquele que distorce o que falamos

O pior tipo de oportunista é aquele que distorce o que falamos

Sempre existirão indivíduos que confundem oportunidade com oportunismo, não hesitando em machucar quem quer que seja, enquanto armam uma realidade que lhes convém, tão somente focados em seus propósitos.

Podemos e devemos aproveitar os momentos, as pessoas, compartilhando sempre o nosso melhor. Infelizmente, muitos indivíduos, em vez disso, irão se aproveitar de cada pessoa que encontrarem pela frente, retirando-lhes tudo o que puderem usar para si mesmos, sem pensar, nem por um minuto, em ninguém mais além de si mesmos.

Confundirão oportunidade com oportunismo, não hesitando em machucar quem quer que seja, enquanto armam uma realidade que lhes convém, tão somente focados em seus propósitos. Não serão capazes de assumir erros, de se colocar no lugar do outro, de sair de si para ajudar. Só lhes importará obter mais e mais, mesmo que às custas da desgraça alheia.

Por mais que tentemos ajudar, existirão aqueles que se negarão veemente a receber qualquer socorro de bom grado, pois, em sua mente egoísta, nada fizeram de mal. E, pior, usarão contra nós cada palavra que dissermos, descontextualizando os nossos discursos, de modo a se defenderem. Da mesma forma, o que fizermos será interpretado por eles de forma oposta às nossas reais intenções, pois culpam o mundo por tudo o que eles mesmos provocam.

Serão incapazes de amar verdadeiramente e de serem gratos pelo que lhes fazem, pois, para eles, não se trata de favor algum e sim de obrigação – o mundo tem a obrigação de servi-los. Colocarão as pessoas umas contra as outras, por meio da distorção que promovem nas falas delas, enquanto posam de desentendidos, de vítimas de um complô universal. São tão ardilosos, que ficará difícil desmascará-los, uma vez que agem friamente.

A ambição pode ser positiva, pois nos ajuda a alcançarmos os nossos sonhos. No entanto, ela jamais poderá ser mais forte do que o amor e o respeito que temos por quem nos rodeia, ou acabaremos passando por cima do que e de quem temos de mais preciosos, por conta de vaidades pequenas. Precisamos nos resguardar, infelizmente, sabendo a quem poderemos nos abrir de fato, porque não estamos livres de ver o nosso melhor sendo usado da pior forma por aí. E isso tem muito, por todos os cantos.

E, caso caiamos nos enredos maquiavélicos de alguém que sobrevive de mentiras, toda a verdade que tivermos vivido até então nos defenderá do mal que se avizinha, porque, mesmo que demore, o amor sempre será mais forte do que o ódio.

Imagem de capa: studiostoks/shutterstock

Muitas vezes, nem é personalidade forte, mas apenas uma pessoa chata mesmo

Muitas vezes, nem é personalidade forte, mas apenas uma pessoa chata mesmo

Muitas pessoas justificam seu comportamento com a desculpa de terem personalidade forte, de serem geniosas, tentando esconder sua falta de educação e sua chatice atrás de uma condição inata. Que personalidade forte, que nada, muitas pessoas são é chatas!

Sim, precisamos expor nossas contrariedades, ou acumulamos cicatrizes aqui dentro de nós, tornando-nos cada vez menos felizes. No entanto, há que se ter discernimento suficiente para não confundir sinceridade com grosseria indelicada. É perfeitamente possível ser autêntico sem precisar gritar ou ofender as pessoas, embora não consigamos manter o equilíbrio o tempo todo.

Não podemos nos ferir dia após dia, por medo de machucar os outros, relegando a nós próprios para um segundo plano, em favor dos demais. Poucos respeitarão os nossos limites, caso não deixemos claro até onde o outro pode avançar. Mesmo assim, ninguém precisa ser indelicado e deselegante para fazer valer os espaços de sua dignidade, confundindo a construção do respeito com autoritarismo e repressão.

Infelizmente, muitas pessoas comportam-se com atitudes grosseiras e intimidantes, a fim de impor seus pontos de vista, como se a autoridade somente se valesse do medo alheio. Até mesmo se justificam com a desculpa de terem personalidade forte, de serem geniosas, tentando esconder sua falta de educação e sua chatice atrás de uma condição inata. Que personalidade forte, que nada, muitas pessoas são é chatas!

Nada do que falarmos ou fizermos contentará a todo mundo, isso é fato. Entretanto, existem pessoas que sempre estarão prontas para contradizer e diminuir tudo aquilo que estivermos dispostos a oferecer. E, pior, haverá, ainda, quem descontextualizará cada fala nossa, de forma a parecer que dissemos exatamente o oposto do que realmente falamos. Distorcerão cada palavra, cada atitude nossa, fazendo pouco caso da gente, dia e noite, noite e dia.

Esses tipos são tão cansativos, tão incômodos, tão chatos, que será difícil não nos aborrecermos inutilmente com cada um deles. E assim agirão de propósito, porque não se aguentam nem aguentam conviver com quem consegue sorrir naturalmente. Devem se sentir muito mal por dentro e tentam espalhar esse mal-estar aos demais, na esperança de serem menos infelizes, menos odiáveis, menos chatos – muito provavelmente, nem eles próprios se suportam.

A gente se engana demais com os outros, mas também se engana muito com a gente mesmo, porque o que os outros veem na gente nem sempre corresponde a como a gente se vê. Tomemos, então, o cuidado de não justificarmos atitudes e comportamentos que, na realidade, deveríamos mudar. Ninguém é obrigado a suportar gente chata. Ninguém.

Imagem de capa: Federico Marsicano/shutterstock

Sobre vidas e mortes

Sobre vidas e mortes

É claro que ninguém gosta da morte, em todos os aspectos. No entanto, como ela é uma das únicas coisas inevitáveis da vida – tanto para nós, quanto para os outros -, deveria ser melhor abordada. E tornar o ritual da despedida um momento mais sublime poderia ser um bom começo…

Morte sempre foi um tema meio que proibido. Melhor nem mencionar… Pra que falar disso?! Parece até que atrairia, anteciparia o dia fatídico. Que é triste é fato. Todavia, ela é inevitável, todos cruzaremos com ela, uma hora ou outra. E, como tal, a morte deveria sim ser pensada, conversada, amadurecida. Melhor se estivermos minimamente conscientes dela quando ela chegar. Que as pessoas próximas a nós saibam o que pensamos a respeito dos seus desdobramentos, para que ajam da melhor maneira, assim como nós para com elas.

Nesse contexto, o ritual de despedida em si deveria ser muito diferente, na minha opinião. Apesar da dor imensa e inerente, seria muito melhor se ele – o ritual – consistisse na celebração daquela vida, e não daquela morte. Seria tão mais fácil, emocionante e reconfortante para os que ficam… e uma grande homenagem ao que se foi.

Afinal, se está diante de uma história que teve a oportunidade de acontecer, o que é um privilégio enorme. Quantas nem acontecem?! Independentemente do tempo que durou, se 10 ou se 90 anos, há toda uma caminhada a ser rememorada. Há a gravidez, o parto, os laços criados e recriados com os pais e demais familiares, os amiguinhos, o primeiro amor, um trabalho feito, vidas que foram tocadas, filhos que sobrevieram.

O amor compartilhado, as risadas dadas, as viagens inesquecíveis, aquele natal especial. Com certeza, há inúmeros momentos que mereceriam ser lembrados e consagrados. Seria a oportunidade perfeita para aquele filminho de retrospectiva que se passa geralmente nas festas de 15 anos e nos casamentos. E com o mesmo objetivo: lembrar, celebrar, alegrar!

Com uma trilha sonora tocante – as músicas preferidas -, o poema predileto, as fotos destacadas, até mesmo algumas pessoas homenageadas, as que realmente marcaram aquela vida. Tudo bem, não precisava ser uma festa propriamente, mas uma linda celebração.

Celebração numa perspectiva positiva e não fúnebre, tanto daquela pessoa e da vida que ela teve, como da oportunidade de tantas outras conviverem com ela por um tempo (aquele que é decidido por desígnios superiores, que refogem à nossa compreensão).

Além disso, uma celebração à vida em si. De todos: dos que ficaram, do que estão presentes e dos que não estão. Um momento de todos lembrarem da sua finitude e da grandeza da experiência que estão vivendo. De se recordarem da necessidade de aproveitar cada segundo e cada pessoa, de deixar de lado os pequenos desagrados que, ao fim e ao cabo, nada significam.

Uma celebração, sobretudo, do amor. Afinal, um ser humano sozinho não se reconhece. É nos relacionamentos e nas trocas com nossos companheiros de jornada que vivenciamos as experiências e evoluímos. Por isso deveríamos ser imensamente gratos por estarmos aqui, dure quanto durar.

Também por esta razão deveríamos nos engrandecer com a oportunidade de ter convivido com aquele que se foi, mesmo que este relacionamento, por motivos alheios às nossas vontades, tenha durado menos do que gostaríamos. Afinal, ele ocorreu! Você ocorreu! E isso é a sensacional!

Imagem de capa: areebarbar/shutterstock

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