PARE TUDO e veja essa mensagem da Dra Ana Claudia Quintana Arantes

PARE TUDO e veja essa mensagem da Dra Ana Claudia Quintana Arantes

Somos muito mais felizes quando fazemos o bem e nos desapegamos das vaidades em nome do amor. Quanto maior o amor, maior a dor da perda, mas também mais fácil a sua superação.

A Dra Ana Claudia Quintana Arantes, é geriatra e especialista em cuidados paliativos. Através de suas vivências vem transmitindo ao mundo uma maneira mais suave de encarar a morte.

Esse vídeo, apresentado pelo Projeto Estelar no Youtube,  chegou para mim pela minha amiga Iná Lima, que já me ajudou a lidar com a morte em outros tempos através de sua bondade e gentileza.

Compartilho com vocês essa mensagem de amor e luz.

Por que o sucesso custa tão caro?

Por que o sucesso custa tão caro?

Por Rodrigo de Souza

Freud, numa carta enviada ao amigo Romain Rolland, publicada em 1936, sob o nome de “Um distúrbio de memória na Acrópole”, analisa pormenorizadamente a sua experiência frente à realização de um sonho, para ele, impossível — conhecer a Acrópole.  Aos 48 anos, acompanhado de seu irmão, numa viagem à Trieste, nordeste da Itália, o irmão de Freud encontra um conhecido que os desanima de seguir em frente para a ilha de Corfu, em função do excesso de calor que os impossibilitaria de desfrutar do passeio, apontando-lhes Atenas como uma ótima opção. Um sentimento de raiva os abateu mas não os impediu de levar a cabo o conselho, mudando de rota. Ao chegar lá, na Acrópole, Freud sentiu-se perturbado com a experiência. Não acreditava no que via pois para ele aquilo só existia nas páginas dos livros, duvidando portanto da sua existência concreta. Depois corrige-se e afirma que não é da existência concreta das ruínas que ele duvidava, e sim da sua possibilidade de um dia poder chegar lá, visto que não dispunha de boas condições financeiras quando era jovem.

 Ao realizar o sonho, assolava-o a ideia de que “era bom demais para ser verdade”, destacando que há em todos nós uma cota de pessimismo que compromete o valor da experiência. A incredulidade o levou a estragar o prazer da viagem que culminou no distúrbio de memória. Ao analisar posteriormente o que lhe ocorrera, chegou à conclusão de que o simples fato de ele ter conhecido a Acrópole pelos livros — já o colocava em posição de superioridade em relação ao pai, — comerciante muito pobre que não teve sequer a oportunidade de alcançar a educação ginasial. Havia um sentimento de piedade e culpa por ter ido tão longe, levando-o a pensar que se tratava de algo errado e proibido.

Convido a todos para uma introspecção a esse respeito, – isto é, em relação à vivência de algo muito maravilhoso, cuja ideia de que “infelizmente as pessoas a quem mais amamos não podem desfrutar da mesma experiência”, perturba o valor da experiência. Em outras palavras, imagine se você pudesse ganhar na loteria sob a condição de não poder ajudar as pessoas mais importantes da sua vida. Que graça teria? É mais ou menos por aí que se incide o desprazer de Freud na ocasião da realização de um sonho (im) possível. Nem Napoleão Bonaparte escapou do sentimento de insuficiência articulado ao sucesso. Cito Freud, no texto supracitado:

 

 “… Napoleão, ao ser coroado imperador em Notre Dame, voltou-se para um de seus irmãos — terá sido o mais velho, José — e comentou: ‘Que diria notre père [nosso pai], se estivesse aqui hoje?'”.

 Arthur Schopenhauer destacou o fato de que o desejo tem duas formas de nos humilhar: a primeira, quando não conseguimos realizá-lo e, a segunda, quando conseguimos realizá-lo. É muito comum, em alguns casos, o sujeito queixar-se reiteradamente da possibilidade de fracassar como causa de seu sofrimento e, na medida em que a análise avança, — o que se destaca, — como causa da queixa, — é a possibilidade da realização do sucesso.

A clínica psicanalítica se apresenta como um campo privilegiado para a observação recorrente desse fenômeno, pois ela nos mostra que a felicidade nem sempre é correlata do sucesso.

Há casos nos quais o sujeito se vê confrontado com uma exigência interna impossível de ser realizada, de sucesso e gozo plenos; sem falta e falhas, e a culpa aparece como uma punição que aponta para esta impossibilidade de dar conta do impossível. Logo, o fracasso surge como uma espécie de “libertação”; de alívio, isto é, — um balão de oxigênio que renova momentaneamente o ar tóxico da exigência impossível de ser executada em sua totalidade. O mais sensato seria pensar na angústia como correspondente do fracasso, e não do sucesso mas, em função do fuzilamento de cobrança, ela assume a cena.

  O sucesso não pode ser pensado desarticulado da falha, da falta. Esta voz chama-se supereu na teoria freudiana e nos bombardeia com exigências inesgotáveis a fim de rir desavergonhadamente de nossos fracassos. Trata-se de um comando interno antiético, inimigo do homem e, em última instância, o grande responsável pelas guerras e atrocidades que acontecem mundo afora.

Portanto, não há sucesso irretocável aos moldes do que esta voz cruel da consciência exige e, caso houvesse, ­ — ele cobraria o preço da morte do desejo; —  isto é, desse sopro de vida que nos movimenta no mundo.

A crueldade e o sadismo característicos dessa exigência de que deve-se dar conta de um impossível não autoriza o descanso bem como a inscrição de uma satisfação “mais ou menos”, — incompleta, — aquém do gozo ideal daquele que o sujeito supõe gozar mais, ser mais feliz.

O sucesso deve manter-se apenas no nível do sonho e da projeção, em razão do sentimento de culpa e inferioridade que impedem a fruição da felicidade correspondente ao êxito.

 

Destaco a fala de uma mulher que, ao chegar ao topo do trabalho, há muito lutado e desejado, acreditando-se indigna do sucesso e não conseguindo suportar a felicidade, criou mecanismos para se autossabotar e consequentemente ser mandada embora. Ao perguntá-la sobre o porquê desse boicote, disse-me que a sensação de ser bem-sucedida a despersonalizava, causando um estranhamento impossível de ser suportado pois, dessa forma, ela se afastava do vínculo afetivo conservado com os pais — muito pobres.

Fica a questão sobre como cada um lida com o sucesso e, de modo geral, o quanto o sentimento de insuficiência resultante da exigência de sucesso pleno, sem falhas, assim como o peso da culpa, podem contribuir para o fracasso e para o não aproveitamento das benesses que o sucesso pode causar.

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Respeitando um momento de luto: 15 dicas para enlutados e para quem está a sua volta

Respeitando um momento de luto: 15 dicas para enlutados e para quem está a sua volta

Por Marcela Alice Bianco

O luto é um processo normal e que precisa ser vivido para ser superado. Ao longo da minha carreira na clínica e na área da saúde acompanhei inúmeras pessoas em processos de luto. Pessoas que perderam seus pais, cônjuges, filhos, irmão, avós, amigos, bichinhos de estimação, pacientes, etc. E posso afirmar que nenhuma perda é igual a outra, mas sim uma experiência única e puramente individual. Depende da história construída com que se perdeu, dos laços que as envolviam, dos papéis que desempenhavam umas nas vidas das outras, da resiliência de quem sofre a perda e de como tudo aconteceu.

Tendo eu também vivido minhas próprias perdas, pude sentir na pele o quão difícil é superar um momento de luto, a qual considero uma das experiências de maior sofrimento que todos nós vamos experimentar um dia.

Institivamente nos ligamos à outras pessoas, seres ou objetos através de fortes laços afetivos, seja para nossa sobrevivência, para nossa segurança e proteção ou para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos. As relações nos enriquecem e nos transformam, dão o real sentido a nossa existência. Nossos afetos serão nossos maiores tesouros adquiridos na vida.

E quando eles se separam de nós sentimos uma dor dilacerante, um vazio incomensurável da ausência. Porém, se o destino quis que ficássemos e continuássemos vivendo, precisaremos encontrar meios para superar tamanho sofrimento e seguir em frente, junto com os demais afetos que também ficaram.

Em minha caminhada vi muitas pessoas terem dificuldades em enfrentar a dura realidade desse momento, como também presenciei outras que, querendo ajudar, acabavam por suprimir no enlutado a expressão emocional do seu luto, aspecto fundamental para a superação.

Assim, como medida preventiva elaborei algumas dicas para as pessoas que perderam um ente querido ou para aqueles que estão à sua volta. Penso que, em algum momento estaremos de um ou outro lado dessa história, então sempre é bom refletir sobre o que fazer nesses momentos de dor.

1- Respeite o momento do Choque.

Todos nós, quando sofremos uma perda temos um momento de “choque” inicial. Essa reação acontece porque nosso Ego não é capaz de absorver a realidade da notícia e, por defesa, há uma paralisia das emoções e da capacidade de perceber o entorno. Em geral, essa reação pode durar minutos, horas ou dias e a pessoa tem a tendência a manter a vida interior rica de ilusões em relação ao ser que partiu. O choque pode desencadear um verdadeiro “apagão” de consciência ou reações corporais como tremores, desmaios, vômitos e diarreias. A pessoa também pode estar em choque quando apresenta reações aparentemente frias e indiferentes ao que está acontecendo. Respeite esse momento e se você estiver ao lado de alguém em choque acolha a pessoa enlutada, que aos poucos irá conseguir ir compreendendo a realidade.

2- Cada um tem seu tempo para encarar a realidade da perda.

É comum que pessoas enlutadas passem por uma fase de negação, demonstrando uma resistência à perda para evitar o desequilíbrio psíquico. Nestes casos, a expressão emocional pode ficar bloqueada, ou tenta-se negar a perda procurando esquecer o ocorrido ou evitando pensar no assunto. Também pode haver uma reação hiperativa, onde a pessoa age como se nada tivesse acontecido e busca se entreter no máximo de atividades possíveis para evitar entrar em contato com sua dor. Este tende a ser um período passageiro, mas preocupante quando se estende demais, sem o espaço para as demais reações naturais. O uso de substância psicoativas (calmantes, drogas e álcool) nesse momento pode ser outra tentativa de fuga encontrada. Assim, é preciso ficar atento a presença de tais reações, e buscar ajuda especializada quando sentir necessidade.

3- O luto traz uma avalanche de emoções.

Os mais diversos sentimentos podem advir de um luto! Tristeza, Raiva, Revolta, Alívio, Culpa, Medo, Impotência, Ansiedade… enfim, as mais profundas emoções podem ser despertadas. O luto é um processo doloroso e é preciso fazer um verdadeiro trabalho de superação. A expressividade emocional é fundamental para que a pessoa possa digerir a realidade da perda. Não evite o contato com seu sofrimento e procure as pessoas realmente disponíveis emocionalmente para contar sobre o que está sentindo. Seus sentimentos são legítimos e merecem ser respeitados e acolhidos.

 

4- É preciso chorar a sua dor.

Você não pode escolher não sofrer! O luto é uma experiência altamente dolorosa e que realmente abala qualquer estrutura. Bloquear, inibir ou adiar o seu luto não irá ajudar. Chorar, falar somente sobre o luto, limitar a sua vida a esse acontecimento por um tempo é natural e faz parte do processo de assimilação da realidade. Lembre-se que perder alguém é algo maior que o Ego consegue abarcar de uma vez e, por isso, precisa ser digerido lentamente.

5- Nunca estimule alguém a “sair” logo do seu luto.

Pedir ou estimular que uma pessoa enlutada se recupere rápido ou não expresse suas emoções é totalmente desaconselhável. Esta atitude, ao invés de ajudar, pode bloquear uma reação normal de luto e desencadear outros problemas, como a hiperatividade ou até mesmo processos depressivos e de adoecimento. Cada um tem seu tempo para superar o luto e tocar a vida em frente. Procure ser sensível a esse momento e acolher o enlutado encorajando-o a expressar seus sentimentos e a encontrar seus recursos emocionais para lidar com a perda.

6- Nos sentimos impotentes diante da dor de alguém.

Realmente quando o outro sofre uma perda somos relativamente impotentes frente ao que ele está sentindo. Não podemos apagar o que aconteceu e nem evitar a avalanche de reações e sentimentos que eclodem a partir do luto. Mas, estar ao lado da pessoa, manter-se presente, escutá-la e acolhê-la emocionalmente (respeitando as dicas anteriores) é algo que você pode fazer e que é de extrema importância neste momento.

7- Cada membro da família está vivendo um luto diferente.

Dentro das famílias cada um irá reagir de maneira individual a perda sofrida e pode acontecer de um familiar achar que o outro está indo muito rápido ou muito devagar com seu luto. Haverá aqueles que precisarão falar, contar histórias, assistir vídeos antigos, ver e rever fotos, passar dias em prantos. Mas, haverá também, aqueles que irão querer ficar calados, silenciosos em sua dor. Nenhuma reação é melhor que a outra. As cobranças, exigências e julgamentos dentro das famílias acontecem porque cada um de nós tem seus conceitos e crenças sobre como devemos nos comportar diante de uma situação. Porém, é preciso esclarecer que, a forma como cada um vive seu luto varia conforme suas características de personalidade, seus recursos de enfrentamento e suas defesas, sua história de vida, e do relacionamento e vínculo que possuía com o ente querido. Quando o vínculo era muito forte ou quando existia uma história de relacionamento conturbada e conflituosa que não se resolveu, pode ser mais difícil para o enlutado lidar com toda a situação. Por outro lado, quando não existia uma ligação afetiva entre a pessoa e o ser perdido pode ser que ela lide mais facilmente com a perda. São variações que precisamos estar atentos para perceber e assim, compreender para não julgar. Exercitar a empatia dentro da família é essencial para a resolução do luto de cada membro, bem como para a saúde do relacionamento familiar.

8- É preciso consolar a sua dor.

Superar um luto leva tempo e cada um tem o seu período para digerir sua perda. É natural que você sofra por um tempo, que tenha dificuldade para encarar a realidade, que sinta vontade de ficar isolado, que a vida perca o gosto por um tempo. Isso faz parte do processo. Mas, você não precisa passar por isso sozinho. Consolar sua dor com pessoas que você confia e se sente à vontade para partilhar este momento é um importante caminho para a superação. As pessoas que gostam de você estarão prontas para te amparar e ajudar nesse momento. Estarão ao seu lado para chorar e rir com você, para te ouvir e te falar palavras de conforto, para estar simplesmente ao seu lado quando você precisar se apoiar ou quando sentir que vai cair. Conte com elas!

9- Procure uma maneira para expressar o que você está sentindo.

Redigir cartas para o ente querido, escrever poesias, textos, compor músicas, expressar-se através da pintura, das artes plásticas, da dança ou qualquer outro recurso que lhe parecer viável é uma excelente via para expressar suas emoções sobre o luto. Recurso ricamente conhecido pelos artistas, a arte e a escrita nos ajudam a nomear, discriminar e expressar o que estamos sentindo, oferecendo um significado a nossa experiência, servindo de um verdadeiro bálsamo ao nosso sofrimento e impedindo que a dor fique registrada de maneira não compreensível em nossa mente.

10- Você não precisa ficar triste o tempo todo.

Uma das coisas que sempre ficam no imaginário social é que a pessoa enlutada deve estar triste e sofrendo. Isso funciona como prova de amor e de que ela é uma boa pessoa. Porém, essa crença é totalmente inadequada. O luto é um processo muito complexo, e é natural que, enquanto a pessoa elabora a sua perda sinta momentos de forte tristeza, mas também passe por momentos de alegria e distração. A pessoa pode se alegrar e rir ao lembrar dos bons momentos com o ser perdido, pode ficar feliz por estar com pessoas que ama e que continuam fazendo parte da sua vida. O momento da despedida também pode ser o do reencontro de familiares e amigos que há muito não se viam e que, nesse espaço, resgatam as histórias familiares, permeadas de boas lembranças. Além disso, a pessoa enlutada também precisará se distrair vez ou outra para “dar um tempo” para si mesma, descansar da sua dor e recuperar as forças. Permita-se sentir todos os sentimentos, mas não só os negativos. Deixar-se levar por bons sentimentos também te ajudarão a seguir em frente.

11- É preciso perdoar.

Quando alguém nos deixa, uma imensidão de sentimentos pode nos invadir. Entre eles a raiva, a revolta e a culpa podem dificultar a elaboração de um luto. Você pode ficar com raiva porque a pessoa te deixou, porque acha que, nem ela e nem você, mereciam isso, porque você ficou, ou porque acha que houve algum erro, que se evitado nada disso estaria acontecendo. Você pode culpar alguém, mundo, Deus, o ente querido ou a si mesmo. Todo sentimento é legitimo e precisa ser vivenciado, mas agarrar-se a ele não aliviará a sua dor. Então é preciso buscar o perdão, compreender que muitas coisas fogem ao seu controle e ao do outro também. Precisamos aceitar que somos vulneráveis e factíveis ao erro. Que a vida tem um curso que extrapola nosso desejo, nosso controle e nossa onipotência. Por isso, necessitamos buscar a compreensão e a compaixão para alcançar o perdão!

12- Vai chegar a hora de dar destino aos objetos do ser perdido.
Faz parte do processo de luto decidir o que será feito com os pertences do ente querido. Roupas, objetos, lembranças, tudo aquilo que era da pessoa precisa ganhar um destino. Você pode escolher doar, vender ou até distribuir alguns objetos mais significativos entre as pessoas que ele queria bem. Também pode escolher algum objeto guardar consigo como uma herança que ele te deixou. Porém precisa tomar cuidado para não se manter apegado às coisas materiais que pertenciam ao ente perdido. Manter quartos intactos, resistir em mexer ou não se desfazer dos objetos pode ser um sinal de dificuldade em processar a perda sofrida.

13- Receba sua herança.

Mais que os bens materiais, seu ente querido com certeza te deixou de herança uma enormidade de vivências, memórias e lições das quais você nunca irá se esquecer. Recebe esse tesouro e o guarde em seu coração para todos os momentos. Quando precisar de um conselho que somente esta pessoa te daria, converse com seu coração e lá encontra a resposta que Ele te daria. Busque em suas memórias seu abraço, seu afago, seu riso, sua história. Assim você irá perceber que dentro de ti Ele ainda vive e será guardado para sempre.

14- É possível encontrar um sentido para a perda.

Muitas pessoas acham que encontrar um sentido para a perda é simplesmente buscar uma justificativa para o ocorrido, mas na verdade é muito mais que isso. Percebemos que muitas pessoas que sofrem uma perda desenvolvem novos valores, se tornam mais espiritualizadas ou se engajam em novos papéis na sociedade. É comum vermos mães que perderam filhos em situação de violência se engajando em ONGs ou grupos de mães atuantes, por exemplo. Esses novos caminhos, não irão fazer com que a pessoa enlutada encontre um significado para a sua perda, mas poderão ajuda-las a dar um novo sentindo para a sua existência sem o ser perdido.

15- É preciso continuar vivendo.

Por mais dura que seja a realidade da perda, em algum momento você estará pronto para seguir em frente. Irá entender que não é possível voltar atrás e que existem outras coisas que você precisa viver, outras pessoas que precisam de você, outros vínculos para cuidar. Isso não significa que você irá esquecer a pessoa que perdeu. Tudo o que você viveu ao lado dela estará na sua memória para sempre e estará sempre vivo dentro de você. Você sentirá saudades, terá episódios de choro em menor intensidade e se sentirá mais leve. Isso é um bom sinal, não se culpe. Pense que a pessoa que se foi iria gostar que você continuasse vivendo e sonhando!

Espero que essas dicas possam ajudá-los nesse momento e caso sintam que não estão conseguindo seguir sozinhos, não hesitem em procurar ajuda especializada. Hoje existem vários grupos de suporte e acolhimento para enlutados e psicólogos especialistas no assunto e que estão prontos para auxilia-lo nessa superação.
Por fim deixo para vocês um trecho de uma música de Milton Nascimento que considero um verdadeiro trabalho de elaboração de luto.

Travessia.
(Milton Nascimento)

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver.

O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencial

O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencial

Temos medo do fundo do poço.

Temos medo de chegar ao fundo do poço e, mais do que isso, temos medo de ficarmos estagnados no fundo do poço. Vivemos tentando evitar chegar nele porque existe uma consciência comum de que quem o alcança não sairá dele tão facilmente. Será?

Mas o que é o fundo do poço?

Temos tanto medo dele que até evitamos pensar nele. Para mim, chegar ao fundo do poço pode ser uma desistência em massa. Uma parada brusca, uma desaceleração. Um intervalo. Uma necessidade de voltar ao ponto zero e ficar ali por um tempo.

Chegar ao fundo do poço pode ser um cansaço que vem se acumulando na alma e cavando um buraco fundo onde são depositados aqueles sentimentos que não tivemos tempo de encarar e lidar na nossa alucinada maratona de matar um leão por dia.

O fundo do poço é um depósito de nós mesmos, um porão que nunca entramos, onde vamos jogando tudo aquilo que ainda não pudemos nos desfazer e desapegar, tudo aquilo que deixamos pra pensar e resolver depois. Todos aqueles sentimentos ‘inúteis’ e ‘feios’, que se ficarem habitando cotidianamente nossa alma, nos travam o rápido caminhar. Então tomamos a decisão mais fácil, tira-los da vista. Vão para o porão da alma, vão para o fundo do poço.

Ninguém quer chegar ao fundo do poço, ninguém quer passar um bom tempo no fundo do poço, ninguém quer mostrar ao mundo seu fundo do poço. A vida é tão curta, queremos mostrar ao mundo o que em nós é jardim e casa arrumada, os ambientes sorridentes, bem iluminados e arejados, festivos. Aprendemos desde cedo a cimentar os nossos próprios porões, a trancar a sete chaves e esquecer o acesso. Temos vergonha de dar qualquer pista de que estamos perto do fundo do poço e temos pavor de pensar em perder algum tempo de vida nesse lugar mofado, escuro, cheio de entulhos e fantasmas.

Se por qualquer motivo, a vida traz à tona nosso fundo do poço, nossa primeira reação é querer disfarçar e sair dali o quanto antes. Queremos pegar impulso e voltar para a nossa incessável engrenagem diária, voltar a nos encaixar, voltar a sermos bonitos, bem resolvidos, como todo mundo. Queremos recuperar o equilíbrio.

Por que temos tanto medo do fundo do poço?

Temos medo do desconhecido, queremos percorrer apenas as estradas mapeadas. Ao invés de tentarmos sermos mais humanos, empáticos, profundos com esses nossos lados, fingimos que eles não existem. Marginalizamos o que em nós é obscuro e insólito. Tudo que é desconhecido nos causa medo. Não queremos sentir medo e nem causar medo. Então seguimos nas nossas velhas estradas rasas e pavimentadas.

Temos medo também do nosso próprio silêncio. Falamos muito de tudo e de todos o tempo todo para não deixarmos nosso pensamento escutar os ecos de nossa alma. Sabemos falar sobre tudo, mas não sabemos expressar o que em nós é grande e misterioso. E no nosso fundo do poço, o silêncio grita. E temos medo de escutá-lo. Temos medo das verdades que nossos silêncios trazem.

Além disso, temos medo de mostrar ao mundo que estamos no fundo do poço. Não aceitamos admitir que não queremos mais participar da maratona de matar um leão por dia, que fraquejamos, que perdemos, que estamos frustrados, que precisamos de um bom tempo sozinhos para processar e limpar o velho porão cheio de sentimentos mofados e mal cheirosos que se não forem organizados em algum momento, deteriorarão nossa alma. Temos vergonha social de admitir nosso fundo do poço.

 

E, finalmente, temos medo também de nunca mais sairmos dele. Temos medo de não conseguirmos voltar, de não termos forças para enfrentar tudo, temos medo de ficarmos para trás, de perdermos tempo, e de perdermos a vida. Presos e estagnados num porão que parou no tempo.

Temos tantos medos!

Engraçado, temos medo de perder tempo e de perder a vida. Mas, perder um pedaço do que somos realmente, mesmo que feio, mesmo que sombrio, é viver por inteiro?

Queremos seguir a vida apenas com nossas vitórias estampadas na nossa fachada.

Ao encobrir nosso fundo do poço, enganamos o mundo, mas ele continua grande e profundo em algum esconderijo de nós mesmos.

É… mas e se aceitamos ficar um tempo no fundo do poço?

E se olharmos para os medos e aprendermos a encarar a nós mesmos de frente? E se concordarmos em permanecer quietos e silenciosos despois que tudo se esgotou (amor, trabalho, dinheiro)? E se ao invés de sairmos correndo procurando outro amor, trabalho, dinheiro, esperarmos um pouco, escutarmos o silêncio?

E se ousarmos usar o fundo do poço para fazer um retiro existencial? Quase como um templo de meditação, fecharmos as janelas para o mundo e tentarmos ouvir essas versões clandestinas de nós mesmos.

E se aprendermos a aceitar o que em nós parecia inaceitável?

Já que o fundo do poço é onde tudo se esgotou, não temos mesmo nada mais a perder. Então nos demoremos um pouco nele!

Pode ser que percebamos que o que eram fantasmas aterrorizadores são, na verdade, uma grande parte do que nos constitui.

Sair rapidamente do fundo do poço pode significar voltar para o mesmo velho caminhar. E tudo pode tornar a ficar razoavelmente bem, na medida em que continuarmos nos equilibrando entre cavar e camuflar buracos.

Ficar um tempo no fundo do poço pode significar encontrar riquezas escondidas, mapas de tesouro, caminhos alternativos e verdades ocultas. E aí poderemos voltar a superfície sem ajuda de escadas e esforços de impulsos, porque teremos desenvolvido asas.

contioutra.com - O fundo do poço é o melhor local para fazer um retiro existencialImagem de capa: Reprodução

Quando te faltar o chão: voa!

Quando te faltar o chão: voa!

Você não sabia, mas atrás dessas tuas costas, feitas para carregar o mundo, estavam guardadas duas asas. Ninguém te contou isso, foi só quando o teu mundo ruiu que você entendeu que podia voar.

Você escorregou num buraco fundo, feito Alice e achou que tudo era só escuridão, mas eis que, de repente, tuas asas de anjo começaram a bater.

Que lindo ver você surgir assim, feito ser alado, enchendo de admiração os olhos dos passantes da vida. Olhos daqueles que, muitas vezes, duvidaram da tua força.

E pensar que você tinha medo que um dia isso acontecesse. Às vezes, apenas uma queda pode nos fazer tocar o que há de mais profundo em nós. Apenas uma dor latente pode trazer à luz o ser alado que nos habita. Pode revelar forças e vocações adormecidas. Pode indicar caminhos que não veríamos com os pés no chão.

Cair, muitas vezes, pode significar a morte, não da vida, mas daquilo que já não faz mais sentido. Cair muitas vezes pode revelar verdades escondidas, indicar caminhos e calar medos bobos.

Você passou por muita coisa. Você provou da vida. Deixou-se tocar pelo que parecia irremediável e hoje é plenamente capaz de enfrentar seus medos. O monstro do armário te pegou e te arrastou para dentro dele e você teve forças para sair de lá. O armário não era o fim, agora você sabe disso.

Você provou da tua força e descobriu que há uma beleza única em se regenerar. O mundo não é mais o mesmo. Agora você sabe. Agora você entende de finais e recomeços. Agora você pode, simplesmente, voar!

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

 

Não há romance paralelo que valha a pena.

Não há romance paralelo que valha a pena.

Ultimamente tenho ouvido histórias de traições, amantes e casos de romances sustentados “por baixo dos panos.” Percebi que existem sim mulheres dispostas a embarcar numa relação onde se colocam no papel de amantes. Pensei em escrever sobre isso, e abrir essa escrita para elas… Eles também são bem-vindos…

Não raro, homens casados são alvos de paqueras de mulheres atraídas pelo perigo de se envolver com alguém compromissado. A aliança na mão esquerda não afasta, ao contrário: atrai e instiga.

Pode simplesmente acontecer de a pessoa se envolver e depois descobrir que ele não está tão disponível assim, e desta forma se ver dentro de uma cilada emocional. Mas há aquelas que entram na relação tendo total consciência de onde estão se metendo e assumem todos os riscos da relação. E isso de fato não torna a vida da amante mais fácil.

Sei que há casos, e não são poucos, de mulheres que também sustentam uma relação a dois – marido e amante – mas penso que são duas esferas a serem abordadas. O caso aqui é de mulheres que se atraem por homens casados e eles também embarcam nessa aventura.

Não estou aqui pra julgar ninguém, porém, acho uma total perda de tempo dessa mulher que investe numa ilusão. Além de ser “over”, brega mesmo esse lance de amante, a relação é sustentada por mentiras. E quem consegue viver em paz dentro de mentiras? O homem, na maioria dos casos, não larga seu casamento para assumir a amante. Pra ele, esta jogada envolve muito mais do que um bom sexo. Ele precisaria trazê-la para sua vida, filhos, questão financeira, familiar, e isso tudo pode dar uma preguiça danada para um homem que tem tudo isso estável. Seria mesmo uma grande manobra.

É bom deixar claro que parte do tesão desse homem pela amante vem justamente do fato de ela ser um segredo, de ser aquele sexo gostoso, proibido que aumenta sua libido e traz um frescor para a sua sexualidade.

Porém, mulheres geralmente não são assim tão impassíveis e acabam se envolvendo emocionalmente com seu parceiro. Ela começa a fantasiar, criar expectativas, e desejar uma vida ao lado deste parceiro que a trata sempre como uma princesa. Apesar de escondidos, ela é mimada, desejada, e dentro da competição feminina, ela se sente especial, ainda mais quando comparada com a esposa.

A autoafirmação de suas qualidades é também um sabotador que a impede de viver algo verdadeiro com alguém que possa assumi-la sem ser em quatro paredes de um motel.

E não, ele não vai largar a esposa! Ele pode falar o que quiser dela, mas é lá o porto seguro dele. Não há porque se iludir. Levar uma vida paralela é assumir riscos, culpas e estar sempre num segundo plano. Amante nunca será a prioridade.

Se conselho fosse bom se vendia não é? Mas mesmo assim fica o toque pra quem vive neste tipo de relação: o mundo está sim cheio de solteiros interessantes e disponíveis. Respeitar um homem casado não só te poupa de qualquer situação embaraçosa, como também é um ato de respeito com a outra mulher.

É importante mulheres deixarem suas rivalidades de lado e achar que a outra é sempre uma inimiga. Mulheres deveriam ter mais cumplicidade e respeito. Partindo disso, é legal se colocar no lugar da outra. Ninguém gosta de ser o enganado e traído. Então, não faça o que não quer que façam com você.

Se o cara não tem respeito pelo seu casamento, não é esse o cara que você deve querer na vida para construir algo junto. Ele não será leal com você também!

Entre num relacionamento onde você seja realmente valorizada. Não se coloque na posição de mulher “step”- daquele sexo do meio da tarde, apenas. Abra os olhos para as ilusões. Terminar esta relação pode ser doloroso, mas parte da sua responsabilidade de se afastar. E não adianta dizer “ tentei mas ele acha um jeito de me ter de volta”. Valorize-se! Não perca tempo.

E para aquelas que se sentem confortáveis nesta situação, não tenho nada a dizer, apenas chego a conclusão de que estas só conseguem mesmo viver de metades.

Sejam mulheres íntegras, respeitem-se, vivam leves e livres. Não há romance paralelo que valha a pena.

Imagem de capa: Sjale/shutterstock

Quando os pais devem procurar um psicólogo para seus filhos?

Quando os pais devem procurar um psicólogo para seus filhos?

Muitas vezes os pais não procuram atendimento psicológico infantil, por sentirem que falharam na educação do filho, receio de serem julgados pelo profissional, medo de serem responsabilizados pelos sintomas da criança, etc.

Esse singelo texto tem como objetivo apresentar alguns “sinais” que, se emitidos pelas crianças, devem ser observados pelos pais com mais atenção para que eles intervenham e, se necessário, procurem ajuda profissional.

Acredito que “semear” informações é importante para desfazer o estigma que envolve a psicoterapia e diminuir a resistência de buscar um profissional, quando há um sofrimento apresentado pela criança.

Antigamente havia uma crença generalizada de que as crianças não tinham problemas e de que a infância era um período de plenitude da vida de todas as pessoas. Entretanto, estudiosos descobriram que as crianças, assim como os adultos, apresentam: ansiedade, angústia, medo, tristeza, entre outras emoções negativas. Esses e outros sentimentos desagradáveis fazem parte do desenvolvimento normal da criança, entretanto se forem estendidos por muito tempo ou impactarem a vida escolar, social ou familiar, deve-se tentar identificar os causadores do sofrimento.

Muitas vezes a criança sinaliza que há um problema familiar, já que ela capta com facilidade as circunstâncias vividas, mas não verbalizadas pela família. E a criança acaba fazendo a função de expor alguma dificuldade enfrentada dentro do contexto familiar.

Não é verdade que os pais precisam sair correndo em busca de um profissional se algo não vai bem, pois muitos “sintomas” fazem parte da faixa etária que a criança se encontra. E antes de procurar um psicólogo, acredito que muitas vezes os pais possam compreender as dificuldades de seus filhos e alinhar o funcionamento familiar para a melhora dos sintomas de suas crianças.

Como as crianças, principalmente as menores, expressam suas emoções através do brincar, sugiro que os pais passem algum tempo da semana com seu filho e proponham algumas atividades, como: brincar de faz de conta, desenhos livres ou ainda pedir para a criança contar uma historinha inventada por ela e observar, durante essas atividades, as palavras, comportamentos  e os afetos que transbordam da criança durante essas práticas.

Certamente os pais identificarão algumas fantasias ou aspectos emocionais que poderão ser cuidados dentro do contexto familiar, através de conversas e ajustes da rotina.

Alguns  “sinais” que devem ser observados pelos pais:

  1. Choro excessivo, tristeza, apatia e falta do desejo de brincar. Normalmente as crianças brincam boa parte do tempo, mas quando estão tristes não conseguem realizar essa atividade com naturalidade.
  2. Insônia ou sono excessivo: as crianças sempre têm uma rotina de sono, caso mude muito e perpetue horários diferentes por semanas, melhor observar com atenção;
  3. Dificuldade de aprendizagem: se a criança tem bom desempenho na escola e começa a apresentar déficit, há algo diferente acontecendo;
  4. Adoece frequentemente: um dos sintomas muito comuns na infância é a somatização, ou seja, a criança que não consegue entrar em contato com suas emoções, acaba adoecendo seu corpo;
  5. Desinteresse em interagir com outras crianças: o brincar é inato às crianças, a linguagem universal de comunicação entre elas é a brincadeira, se há dificuldade de interação, pode sinalizar algum problema emocional como tristeza ou ansiedade;
  6. Excesso de comida ou inapetência: assim como a rotina do sono a criança tem um hábito alimentar constante, caso haja mudança drástica, pode ser um sintoma emocional;
  7. Dificuldade com limites/regras: geralmente as crianças acatam as regras com facilidade se explicadas e seguidas por todos da casa, ou seja, o exemplo é o melhor modelo, mais importante do quê palavras. Se o(s) filho(s) estão com dificuldade de respeitar regras há indício de dificuldades de aceitar as frustrações impostas pela vida. Vale a pena investigar com atenção;
  8. Problemas em controlar os esfíncteres: controlar o xixi e o cocô é algo que as crianças já nascem programadas para adquirir com o tempo, caso não aconteça, ou perca esse controle depois de ter conseguido, o problema pode ser emocional.
  9. Agitação: algumas crianças têm sentimentos tão confusos e intensos e, por não conseguirem lidar com estes, acabam por tornarem-se hiperativas em comportamentos;
  10. Dificuldade de concentração: há crianças que podem se sentir tão ameaçadas pelo meio ambiente que preferem ficar apenas em seu mundo interno, perdendo a capacidade de manter a concentração nas coisas que acontecem ao seu redor.

Acredito que não se deve “psicopatologizar” todas as emoções ruins ou difícil de lidar, entretanto, esses “sinais” se  emitidos pelas crianças, por um determinado tempo, requerem atenção e, se necessário,  os pais devem procurar um profissional da área para ajudar a criança e obter maiores orientações.

Imagem de capa: Olimpik/shutterstock

Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Ser elegante vai além de ter bom gosto com roupas e saber se vestir. Elegância é algo que a gente carrega e não veste.

Regras de etiqueta da vida e não do armário para uma vida onde elegância é sinônimo de educação e bom comportamento.

Sabe o que é mesmo elegante? Ter bom senso e respeito.

Não é preciso estar em cima de um salto alto ou dentro de um terno caríssimo para ser elegante. As atitudes enfeiam pessoas que não tem bom comportamento.

A elegância está na simplicidade de um bom dia sincero para o porteiro que passou a noite toda acordado, no falar baixo quando o outro está perto, no saber ouvir quando o outro fala, e no saber sorrir quando isso é tudo o que você pode oferecer. No saber agir sem agredir.

Uma pessoa elegante tem encantamento na voz, fala com propriedade e tem jeito com as palavras. Sabe chamar a atenção sem ser rude, saber observar sem se intrometer, sabe respeitar o espaço alheio.

A elegância está no tom da voz e no silêncio que também comunica. Na forma de se posicionar quando precisa, no jeito de ver o mundo.

Um pessoa elegante não vive de fofocas, não inventa mentiras e não se mete em baixaria. Quem é elegante tem positividade, atrai pessoas do bem, vibra com a vida, com os sucessos, torce pelo outro, não tem inveja, carrega alegrias e otimismo, e sente com verdade. Não sabe viver de oportunismos, sabe se colocar nas oportunidades e não puxa saco nem tapete.

Elegância está no “com licença” e “muito obrigado”. No reconhecimento do esforço, na empatia e na colaboração.Está na mão que ajuda, está também na gratidão
E quanto mais conheço pessoas, mais percebo que a elegância está vestida de simplicidade e não de rótulos e invólucros sociais. Encontrei mais elegância calçada de chinelos que vestida de etiquetas, e isso não tem haver com situação financeira, mas com referência de vida, criação e sabedoria.

Encontrei a elegância no ser e não no ter, e percebi que é mais elegante aqueles que se vestem de amor.

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Algumas orientações aos pais que precisam procurar um psicólogo para seu filho- Parte II

Algumas orientações aos pais que precisam procurar um psicólogo para seu filho- Parte II

A maioria dos pais sentem-se frustrados e inseguros quando precisam procurar um psicólogo para acompanhar seu filho.

Ouvi muitas vezes dos pais que recebi no consultório que sentiam que tinham falhado e que erraram nos cuidados de seus filhos. Sempre havia o peso da culpa em suas palavras.

É importante ressaltar que a criança já nasce com um temperamento e a personalidade vai se constituindo nos primeiros meses de vida dentro do seu contexto familiar, entretanto as crianças também vão compreendendo o mundo que as cerca de acordo com suas próprias condições mentais.

Dessa forma, alguns comportamentos dos pais ou funcionamento da família, pode melhorar ou agravar essas condições que a criança tem de “compreender” e sentir todas essas experiências.

Portanto, um profissional poderá auxiliar a identificar esses aspectos e orientar a família.

Seguem algumas dicas para os pais que sentem a necessidade de procurar um psicólogo para seu filho:

  • Marque entrevista com mais de um profissional: é importante que os pais se identifiquem com o psicólogo que irá atender seu filho;
  • O profissional deve realizar uma boa avaliação : o psicólogo precisa obter informações desde a concepção até a idade atual da criança;
  • O psicólogo não deve julgar/criticar: o profissional tem que estar apto a ouvir sem julgamentos;
  • Deve ter experiência em atendimento infantil: atender crianças exige conhecimento, material e consultório adequados para o atendimento de crianças;
  • Acessibilidade: o psicólogo deve estar disponível aos pais para esclarecer dúvidas ou realizar orientações;
  • Disponibilidade do profissional em entrar em contato com os profissionais da escola da criança: Geralmente os professores têm informações valiosas sobre o comportamento da criança no contexto escolar;
  • Os pais devem se sentir acolhidos pelo profissional: o psicólogo preparado consegue acolher e aliviar a angústia e temores dos pais;
  • Devem estar preparados para trabalhar junto com o profissional: o profissional primeiramente fará o diagnóstico da criança e interpretará suas emoções através do brinquedo. Muito provavelmente, haverá algumas orientações que se faz importante que os pais consigam colocar em prática para obter bons resultados com a criança;
  • Os atendimentos tem resultado a médio longo prazo: a psicoterapia se desenvolve dentro de um processo, ou seja, existe o “passo-a-passo” a seguir. Os resultados são progressivos, mas levam um determinado tempo.
  • Se programar para levar a criança semanalmente: os dias e horários agendados serão os mesmos, por exemplo: todas as segundas-feiras às 16 horas. Dessa forma, os pais devem reservar esse tempo para levar a criança aos atendimentos, pois as faltas podem comprometer o processo;
  • Estar à disposição do profissional: depois da entrevista com os pais, o psicólogo trabalhará algumas sessões com a criança e, depois de coletar informações do campo emocional, é que os pais serão chamados novamente para orientação. É importante comparecer à esses encontros, pois o psicólogo terá melhores resultados no seu trabalho se os pais forem comprometidos com o tratamento psicológico de seus filhos;
  • Sobre o custo do tratamento: Para trabalhar com crianças o profissional deve ter materiais adequados, deve montar uma caixa de brinquedo para cada criança atendida, o consultório deve ser adaptado para o atendimento infantil e ter realizados cursos nessa área, pois atender crianças exige conhecimentos específicos. Portanto, todos esses investimentos realizados pelo psicólogo estarão embutidos no preço do seu trabalho. Não existe psicólogo bom e experiente que consiga trabalhar com preços irrisórios, pois o profissional deverá sempre atualizar seu conhecimento e material de trabalho.

Essas são as principais dicas para os pais que necessitam buscar um profissional. Portanto, os pais têm que estar programados para investir tempo e dinheiro. Devem estar preparados para ouvir e compreender os aspectos emocionais do seu filho e estarem aptos para realizar algumas mudanças.

E, certamente, se estiverem com o profissional certo todos esses investimentos serão válidos e gerarão resultados perpetuados ao longo da vida seu filho.

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Personalidade Borderline: o desespero de atrair a tão temida rejeição.

Personalidade Borderline: o desespero de atrair a tão temida rejeição.

Caro leitor, certamente, você já teve acesso aos mais variados conteúdos sobre esse tema, provavelmente, com uma linguagem específica do universo da psiquiatria e psicanálise. Visando uma melhor compreensão, escrevi esse artigo utilizando uma linguagem bem cotidiana para que você possa, ao mesmo tempo em que ler essa matéria, traçar “links” com pessoas com as quais tenha se relacionado de alguma forma, ou mesmo identificar alguns personagens da ficção.

Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva, autora do livro “Corações descontrolados”, o Transtorno de Personalidade Bordeline afeta cerca de 1% a 6% da população mundial e sua prevalência é maior em mulheres. O termo “Borderline” sugere que o portador desse transtorno vive às margens ou no limite das emoções, ou seja, são emoções que transbordam. O sujeito “borderline” tem como principal característica as dificuldades nos contatos afetivos e íntimos, pois a sua instabilidade de humor torna qualquer relacionamento praticamente insustentável.

As alternâncias de humor são muito rápidas, ou seja, acontecem num intervalo de tempo muito curto. Por exemplo, a pessoa acorda feliz da vida e super otimista, mas um acontecimento corriqueiro que a desagrada, como por exemplo, um objeto que cai, coloca tudo a perder, levando-a a experimentar os mais profundos sentimentos de fúria e irritabilidade. É possível que o Bordeline seja confundido com o bipolar, porém, algo os difere: o bipolar vive fases de euforia e tristeza, contudo, há um espaço de tempo considerável entre as duas fases, já o Borderline vive as duas fases praticamente misturadas, o espaço de tempo entre elas praticamente não existe, de um instante para o outro, o humor pode despencar ou elevar.

O carro chefe do comportamento instável do Borderline é o medo do abandono e da rejeição, ele sofre de forma visceral com a ideia do abandono real ou imaginário. Ele precisa estar “grudado” em outro para validar a sua existência. Ele sempre se projeta no outro, praticamente assumindo a personalidade alheia. Isso pode ser percebido, por exemplo, nos casos em que uma mulher namora um roqueiro, e, mesmo sem interessar-se por rock, investe em aprender o máximo possível sobre esse gênero musical, assumindo uma personalidade que não é dela. O borderline possui, essencialmente, uma personalidade muito fluida, uma espécie de vazio existencial, por isso, ele acaba assumindo a personalidade das pessoas com as quais se relaciona.

Os portadores desse transtorno se dividem em dois perfis: os explosivos e os implosivos. Os primeiros são aquelas pessoas que extravasam tudo o que sentem no ambiente externo, seja agredindo as pessoas verbal ou fisicamente, ou quebrando objetos. Já os implosivos, não externam as suas emoções destrutivas, porém, elas implodem por dentro e costumam adotar comportamentos autodestrutivos como ferir o próprio corpo, e em casos mais extremos, o suicídio.

Os “borderlines” são o oposto dos psicopatas, pois eles sofrem e fazem os outros sofrerem por excesso de sentimento, o oposto dos psicopatas que causam o sofrimento alheio sem ser afetado por isso, uma vez que não experimentam nenhum sentimento. O borderline é 100/% emoção e 0% razão enquanto o psicopata é 100% razão e 0% emoção, conforme afirma a Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva.

Nos contatos superficiais, os borderlines são excelentes companhias, pois são extrovertidos, intensos e divertidos, porém se a convivência ganha um caráter mais íntimo, começam a aparecer as dificuldades e os conflitos. É na intimidade que o Borderline revela-se como inseguro, controlador e ciumento. Ele, por ter muito receio de ser rejeitado, sufoca a pessoa(amigo ou namorado) e acaba atraindo a tão temida rejeição por incomodar demais o outro.

Ainda de acordo com a Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, as mães Borderlines são aquelas que cobram demais dos filhos e nunca se doam a eles, pois estão focadas demais em controlar a vida do parceiro amoroso. São mulheres extremamente dramáticas e inseguras, percebendo ameaça de abandono e rejeição mesmo nos contextos em que não há motivos para isso. Os Borderlines possuem uma péssima imagem de si próprios, tanto do ponto de vista físico, intelectual ou patrimonial. Eles estão sempre se avaliando de forma muito negativa, sempre aquém do que realmente são. Há ainda a predisposição ao apego a tudo o que for negativo e vinculado ao sofrimento, por exemplo, uma mulher que levou um fora na adolescência irá lembrar disso vinte anos depois com tanto sofrimento como se tivesse ocorrido na semana passada.

De acordo com a psiquiatra e neurologista Maria Fernanda Caliani, o diagnóstico só será possível no final da adolescência ou na fase adulta, uma vez que os primeiros traços do transtorno costumam manifestar-se com as primeiras decepções amorosas. Quanto às causas desse transtorno, não há um fator desencadeador específico, e sim uma conjunção de fatores que podem estar relacionados ao abuso sexual na infância, abandono, negligências, vivências traumáticas, separações abruptas etc.

Sobre o tratamento, não é possível falar em cura, mas o controle é plenamente possível. Para isso é necessário que o indivíduo faça uso de medicamentos para o controle da ansiedade, e psicoterapias para que ele tenha acesso às questões que lhe causam conflitos e encontrar a melhor forma de administrá-las.

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Todo defeito é uma qualidade esperando para ser lapidada

Todo defeito é uma qualidade esperando para ser lapidada

Por Tatiana Nicz

Para ler com trilha sonora clique aqui 

O filme “As vantagens de ser invisível”*conta a história de um adolescente que sofre ao sentir-se invisível e de seu anseio por inclusão. Muitas passagens no filme me tocam, mas a mensagem mais importante para mim é que ele só se sente incluído após uma árdua jornada de conhecer a dor, ficar de cara com a loucura e entrar em contato com seus maiores traumas e finalmente conhecer o amor, por si mesmo e pelos outros.

É um filme leve, mas que contém muito conteúdo de vida. Certa vez o Lama Padma Santen disse que não é com os que sofrem que ele se preocupa, pois os que sofrem de depressão ou qualquer “distúrbio” mental são agonizantes e isso significa que eles estão enxergando o mundo como ele está e sendo profundamente tocados por isso. Nesse contexto só não sofre hoje quem é incapaz de sentir empatia e esses sim deveriam nos preocupar, então precisamos olhar com mais carinho para os agonizantes.

Assim como Charlie, o protagonista do filme que fica cara a cara com seus traumas e medos, eu também já enfrentei o pior de mim. E hoje olhando com mais carinho para esse período da minha vida, entendo que, também como no filme, a maioria de nossos grandes erros nasce dessa vontade que temos de amar e ser amados, de nos sentir incluídos. E a nossa capacidade de amar é o que torna a vida tão especial. Sendo assim, nossos erros nascem do melhor que temos. Quando me dei conta disso aprendi a me perdoar, minha intenção não era ruim, mas eu apenas estava buscando amor em fontes e de maneiras equivocadas.

Eu, assim como muitos, perdi anos de minha vida nessa busca, achando que me amava muito, que já havia passado essa etapa, no entanto vivia de pequenas doses de amor, me alimentando de fragmentos, tentando encontrar no outro algo que eu deveria buscar em mim mesma. E não existe outro caminho, não importa que seja clichê ou que a gente saiba de tudo isso, o processo é esse mesmo, cair e levantar diversas vezes, pois o acerto assim como o caminho em si, só se fazem ao errar ou caminhar.

É deveras básico o fato de que só sabe amar o outro quem aprende a amar a si mesmo, todavia ainda assim insistimos em seguir atalhos ou em fazer o caminho inverso. O maior “problema” com o amor é que ele não se alimenta de migalhas, embora muita gente insista nesse erro. Portanto, se não aprendermos a nos acolher por completo, nossas esquinas mais sombrias, nossos erros e nossas dores, nós nunca saberemos o que é amor de fato. Sim, mais fácil falar do que fazer, mas é possível.

Amor próprio é complexo porque não acontece através do olhar e reconhecimento do outro ou da validação de ninguém. É algo que só depende de nós e que não aprendemos em livros, não tem exemplo em lugar algum a ser seguido. E nós não somos muito acostumados a viver sem parâmetro de comparação. Por isso, é árduo, temos que aprender do zero, sozinhos. E o que sei é que amor próprio não tem a ver com todo aquele romantismo que (erroneamente) costumamos associar ao amor. Não tem a ver com arrogância, paternalismo e muito menos com auto-confiança. O amor próprio é silencioso e nele cabem todas as nossas auto-críticas e inseguranças. Amor próprio tem muito mais a ver com acolhimento do que com afeto, porque o afeto vem do outro. E é difícil mesmo fazer do amor um verbo intransitivo. Contudo é imprescindível acolher todas as nossas partes quebradas, aquilo que nos deixa descontentes, tudo que queremos mudar em nós.

 

Um dia eu resolvi aprender sobre amor próprio. Foi um processo intenso e árduo, que durou minha vida toda até aqui, mas foi libertador. Foi um período de muita mudança. E mudar dá medo. Perdi pai e mãe, mudei de profissão, mudei de empregos, mudei estilo de vida e hábitos, mudei amigos, mudei minhas crenças, mudei de religião, mudei o corte de cabelo, mudei de casa, mudei terapias, mudei tudo isso, mas principalmente mudei de canal e aprendi a sintonizar em mim. Aprendi que meus erros e traumas do passado não me definem. Antes de tudo, aprendi a perdoar meus pais e me senti muito tola por exigir deles o que nem eu sei se um dia poderei dar a um filho. Depois aprendi a me perdoar, assim como eles, eu sei que fiz o melhor que pude com o que me foi dado, mesmo quando meu melhor parecia ser nada ou quase nada. Virei pai e mãe de mim mesma, aprendi a me proteger e que posso (devo) dizer não.

Aprendi sobre a finitude da vida e que sou limitada, muito mais limitada do que imaginava. E precisei também respeitar e acolher essas limitações. Aprendi a olhar para meus defeitos para finalmente entender que tal conceito não existe. Um defeito é apenas uma qualidade esperando para ser lapidada. Então acolhi um por um e aprendi a enxergar o que de bom havia neles, principalmente a escutar o que eles queriam me dizer. Se eu era uma pessoa muito ansiosa é porque um dia eu precisei desenvolver aquilo para sobreviver no meio em que um dia estive inserida. Então foi importante entender e validar isso para então decidir que posso mudar porque agora isso não me serve mais uma vez que, ao contrário de quando eu era criança, o meio agora sou eu que escolho.

Aprendi que sou capaz de mudar o que quiser e me dei autonomia para isso. E a autonomia anda lado a lado com o amor, porque quando nos amamos nos validamos como seres humanos e então descobrimos que o mundo é um grande palco para esse show que é a vida, tudo começa a fazer sentido, os olhos ganham um brilho diferente, nossos pequenos gestos se tornam grandiosos e nos tornamos gigantes. Sim, gigantes pela (em nossa) própria natureza.

No filme Charlie se questiona sobre o amor, ele não consegue entender porque pessoas tão especiais escolhem amores tão fragmentados. A resposta que seu professor de literatura lhe dá é tão certeira e simples, ainda que complexa na prática: “Charlie, nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”. E eu acrescentaria também nessa categoria a maneira como aceitamos o amor que temos por nós mesmos.

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Palestra: A Desafiadora Missão de Educar na Era Digital

Palestra: A Desafiadora Missão de Educar na Era Digital

A Desafiadora Missão de Educar na Era Digital

O mundo está mudando. Mas a educação, como fica?

Ana Macarini é natural de São Paulo. Educadora, Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita e Escritora, Ana Macarini traz em seu currículo renomadas universidades, como USP, PUC/SP, Escola Paulista de Medicina e Harvard School of Education.

Público Alvo:
Professores e profissionais de áreas correlatas.

Investimento:
R$ 25,00

contioutra.com - Palestra: A Desafiadora Missão de Educar na Era Digital

Como você vem se relacionamento consigo mesmo?

Como você vem se relacionamento consigo mesmo?

Textos que abordam relações amorosas têm sempre um apelo a mais. Trazem aquilo que precisamos saber para os novos engates, dicas de como se comportar, como lidar com determinadas pessoas, como agir e não agir, tem também um “quê” de consolo e referência para aprender e entender mais sobre a arte de se relacionar…

Mas neste texto em especial eu não vou escrever nada do tipo “encontre alguém que…” ou “você deve amar alguém com essas qualidades.” Não! Pelo menos neste momento o trato aqui será do relacionamento de você com você mesmo. Sim! De você com a sua melhor companhia, porque no fim a vida é mesmo uma jornada solitária marcada por pessoas que vem e vão e por isso também a necessidade de cuidar bem de si.

E ninguém deveria ter medo de ficar sozinho. Na verdade, é muito bom marcar um encontro consigo mesmo, ainda mais e principalmente depois de um término de relacionamento.

O que acontece na maioria das vezes, é um depósito além da medida de expectativas e de satisfação da felicidade no parceiro. Há uma entrega absoluta da própria vida na relação como se não houvesse nada além dela para ser feliz. E quando ocorre o rompimento do casal, há uma tremenda sensação de vazio, uma falta profunda de algo como se tivesse acabado de perder um membro ou órgão vital. E no fim, ficam duas perdas: do ser amado e da própria pessoa que se doou o tempo inteiro sem ao menos ter a chance de cuidar de si e de se resgatar durante a relação.

É verdade que viver uma relação amorosa transforma dois seres humanos, um fenômeno acontece. Sem relacionamento o ser é uma pessoa, na relação se transforma em outra. As relações são criadas pelo homem, que por sua vez cria o ser humano.

Porém o amor deve ser como o ar que respiramos. Nossa qualidade, algo natural e sem esforço. Algo que já nos pertence e que não haveria necessidade de buscar aquilo que já existe em nós em outras pessoas. Não dá pra depender apenas das relações afetivas para sentir amor. Não depender tanto do objeto amado é tão importante quanto se nutrir de amor.

Claro que ser amado é delicioso e essencial. Não dá para amar sozinho, mas o que quero dizer neste texto é da importância de se relacionar consigo em todos os momentos da vida.

E mesmo vivenciando uma relação amorosa, é importante cada um preservar a sua individualidade, se amar, se gostar e ainda assim curtir a própria companhia. O encontro consigo mesmo te coloca em estado de abundância permanente e não faz do outro um “step” para preenchimentos. O outro será sempre uma grata surpresa. Um algo a mais para se ter na vida.

E após um término é importante dar tempo ao tempo. Marcar este encontro consigo para regeneração e autocuidado. Fazer aquela viagem que tanto deseja, programar o futuro, tirar os sonhos da gaveta e os realizar. Canalizar energia para as realizações pessoais. Satisfazer o ser!

Não estou dizendo para a pessoa se isolar do mundo, mas para ter consigo uma linda e agradável companhia, daquelas de quando chegar o final de semana ter a chance de se curtir. Comprar aquela garrafa de vinho, colocar aquele pijaminha de algodão e ficar apenas consigo e seu universo, sem provações e satisfações a ninguém. Uma liberdade sem medidas. Sem necessitar se perder numa multidão para fugir de si. A solitude é uma bênção quando entendemos a sua importância. Ela é importante até mesmo quando somos um casal. Ter bons momentos sozinho não deveria ser algo a se estranhar muito menos de não querer. É importante se satisfazer na solitude, em todos os momentos da vida.

E quando estamos bem conosco e nos colocamos para jogo, para novas apostas de romance, parece que o universo nos guia. Quando estamos bem e em paz com nossos corações, magnetizamos pessoas fabulosas em nosso caminho.

Por isso é importante se manter elevado, com uma boa autoestima para atrair pessoas de qualidade, que cheguem para acrescentar e somar à nossa companhia. Quando nos amamos, naturalmente atraímos boas pessoas e temos uma maior noção de quem sim, quem não e quem nunca em nosso espaço sagrado.

Não tenha medo de ficar sozinho, não é o fim do mundo. Na verdade, vamos partir dessa vida sozinho então, aproveite a viagem. Divirta-se, ame-se, ame e se for pra ter alguém que seja pra somar e não subtrair. No mais viva bem sem medo de ser feliz com você.

Imagem de capa: lithian/shutterstock

12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivos

12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivos

Eu acredito muitíssimo na capacidade terapêutica do cinema. Se antes contávamos histórias ao redor da fogueira, hoje nos empoleiramos em torno de uma tela para compartilharmos experiências, reais ou fictícias, contadas por atores e diretores.

Se eu pudesse apostar com o cs go apostas, eu diria que um bom filme pode ensinar muito quando falamos de saúde emocional. Hoje existe até mesmo um projeto espanhol, o Medi-Cine, criado pela terapeuta Mercedes Martínez Moreno, cujo intuito é tratar a saúde psíquica através de filmes. Mercedez não receita remédios, ela receita histórias para seus pacientes. E o tratamento tem sido fortuito.

No Brasil ainda não há um projeto parecido, mas felizmente através da internet podemos encontrar dicas que nos ajudam a pontuar determinados assuntos como o Fortune Tiger. Particularmente, quem acompanha meus textos, sabe que eu gosto de abordar diversas questões falando de filmes.

Para esse artigo selecionei 12 filmes que tratam de relacionamentos amorosos abusivos ou tóxicos. Muito se tem falado hoje sobre o que duas pessoas podem promover de bom ou de ruim na vida uma da outra. E aqui eu escolhi listar principalmente filmes que mostram relações cuja violência, não explícita, se revela aos poucos, principalmente no âmbito psicológico, sem excluir, no entanto, filmes que mostram a gradação da violência psicológica para a física.

Muitas vezes a violência psicológica é tão brutal quanto a física. Na violência psicológica a vítima, homem ou mulher, é agredida através de insultos constantes, ameaças de morte ou de algum outro mal. Sofre com a privação de contato com amigos e familiares ou até de recursos materiais. Recebe ameaças dirigidas aos filhos e tem comumente seus bens pessoais destruídos. A vítima em uma relação assim pode ser duramente criticada sobre seu desempenho no trabalho ou na vida íntima, inclusive sendo caluniada e difamada. Muitas vezes, ela é até mesmo impedida de sair de casa ou trabalhar.

As vítimas de qualquer tipo de relacionamentos abusivos devem procurar a delegacia da mulher e assistência jurídica. No entanto, acontece muitas vezes da vítima não se dar conta de que está efetivamente em um relacionamento abusivo. É nesse ponto, na identificação de padrões muito frequentes em abusadores e agressores, que essa lista pode ser de grande valia.

Seguem então 12 indicações de filmes sobre relacionamentos amorosos abusivos. Muitos estão na Netflix, mas lembro aqui que sugestões são sempre bem-vindas:

1 – À meia luz, 1944

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosO roteiro desse filme é baseado na peça teatral de Patrick Hamilton, e conta a história de Paula Alquist, sobrinha de uma famosa cantora de ópera, e Gregory Anton, pianista e futuro esposo de Paula. Após o casamento, Gregory passa a torturar psicologicamente sua jovem esposa, fazendo-a acreditar que está enlouquecendo. Esse filme certamente não agradará a todos, no entanto seu título original “Gaslight” deu origem a um termo muito difundido na psicologia desde 1960, o “Gaslighting” que diz respeito ao abuso psicológico no qual informações são distorcidas ou seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.

2 – Dormindo com o inimigo, 1991

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivos Martin Burney é um homem de boa aparência, bem-sucedido e sedutor, porém, após o casamento, ele se mostra um marido compulsivo, ciumento e violento que apavora sua esposa, Laura. Durante uma noite tranquila na qual os dois estão velejando com um conhecido, acontece uma tempestade, e a jovem aproveita para simular um afogamento e desaparecer. Esse filme é emblemático e tem Júlia Roberts no papel da protagonista. Martin trata Laura como um objeto cuja única função é satisfazê-lo quando, como e onde ele quiser. Notem que ao tomar ciência da situação em que vive, Laura se prepara em segredo para poder escapar e viver longe do seu algoz.

3 – O piano, 1993

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEsse filme retrata a sofrida trajetória de Ada McGrath, uma mulher que não fala desde os seis anos de idade e que se muda para a Nova Zelândia recém-colonizada. Em companhia da filha, ela conhece o futuro marido, Alisdair Stewart, o qual não parece ter, assim como ela, grande sensibilidade. Para piorar a situação, ele recusa-se a transportar o piano de Ada, que é não só sua paixão, mas também a sua voz. Nesse filme fica evidente que o marido não deseja compreender Ada. Ela, que é “muda”, perde completamente o poder de se comunicar sem o piano e é vista pelo marido como uma pessoa esquisita. Ada sofre inúmeras agressões, psicológicas e físicas, vê sua liberdade de sair de casa cerceada, e tem até mesmo sua integridade física maculada.

4 – Retrato de uma mulher, 1996

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEm 1872 a americana Isabel Archer herda 70 mil libras. Ela resolve então viajar para a Europa onde recebe inúmeras propostas de pretendentes, contudo ela recusa todas, pois deseja ser livre. Em certo ponto Isabel, desatenta, é convencida pela ambiciosa Madame Serena Merle a conhecer Gilbert Osmond, um colecionador de arte que a seduz maliciosamente. Isabel se casa com Gilbert e só então descobre que ela é só mais uma peça na trama diabólica de Osmond e Madame Merle para roubar sua fortuna. Esse filme tem um elenco maravilhoso, com Nicole Kidman como Isabel e John Malkovich como Osmond. Aqui a personagem de Nicole vai sendo envolvida em uma trama que mais parece uma imensa teia de aranha da qual ela se sente sozinha e incapaz de escapar. Fiquem atentos à cena na qual Isabel caminha ao lado da filha pequena de Osmond. Em certo ponto a menina estanca, e questionada por Isabel ela menciona que o pai não a deixa passar daquele ponto. Ou seja, mesmo quando não está por perto, o poder de manipulação de Osmond é evidente.

5 – Onde mora o coração, 2000

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosNovalee Nation (Natalie Portman), tem 17 anos, está grávida e nunca teve uma família de verdade. O mais próximo que ela chegou disso foi viver com o namorado narcisista, Willy Jack (Dylan Bruno), com quem decide viajar para a Califórnia. Quando chegam em Oklahoma eles fazem uma parada para ela ir ao banheiro, mas, quando Novalee retorna, não encontra mais Willy, que fugiu. Sozinha e sem nada, exceto uma máquina fotográfica, Novalee ronda uma loja da rede Wal-Mart, onde fica até o bebê nascer. Na trama o namorado de Novalee a humilha constantemente, prestem atenção na forma como ele a trata principalmente dentro do carro, no começo do filme. Willy volta a aparecer no meio da trama como um cantor de sucesso que canta, pasmem, declarações de amor e carinho. Aqui temos a figura de um homem que parece o que não é e uma mulher que redescobre seu valor.

6 – Garçonete, 2007

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosJenna (Keri Russell) trabalha como garçonete e sonha em juntar dinheiro suficiente para largar Earl, seu marido prepotente e controlador. Ela possui o dom de fazer tortas especiais, as quais são inspiradas pelos problemas e circunstâncias da sua vida. Entretanto, uma gravidez inesperada muda seus planos. O marido de Jenna é extremamente abusivo, no entanto, ela aceita passivamente seu martírio até olhar para o rosto de seu bebê e não desejar para ele as coisas pelas quais ela passa cotidianamente. O nascimento do bebê desperta Jenna de sua letargia e ela encontra forças para sair da relação. O amor verdadeiro a fez perceber que aquilo que vivia no casamento estava longe de ser algum tipo de amor. Uma história supersensível. Não se enganem, parece uma comédia romântica, com um médico atencioso na trama, mas não é.

7 – Entre segredos e mentiras, 2011

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEsse filme fala de David Marks (Ryan Gosling), um jovem bonito e problemático que conhece uma moça gentil e sonhadora, Katie Mars, (Kirsten Dunst). Iludida pelo passado do moço, que parece traumatizado pelo suicídio da mãe, Katie entra nessa história acreditando que o amor pode tudo. No começo, ela até mesmo convence o marido a montar com ela uma loja de produtos naturais, mas logo a família influente do rapaz trata de minar as esperanças do casal. Com o passar do tempo David vai se tornando cada vez mais agressivo e sua verdadeira personalidade vai se revelando. Esse filme é baseado em um caso verídico e mostra o martírio vivido por Katie até seu desaparecimento.

8 – Effie Gray, 2014

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEssa é uma cinebiografia que conta a história da vida conjugal de um dos mais famosos críticos de arte da Inglaterra, John Ruskin, com uma jovem de 19 anos, “Effie” Gray. Ruskin não toca em sua esposa durante todo o casamento. Ele é indiferente aos sentimentos dela e não lhe demonstra qualquer estima. O homem parece não ter um traço sequer de empatia ou amor. Effie adoece por conta dos maus tratos psicológicos do marido e passa a ser tratada por Ruskin como uma pessoa de índole má, sem ter feito absolutamente nada para isso. Nesse filme as agressões psicológicas sofridas por Effie são severas.

9 – In your eyes, 2014

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEsse filme fala de Rebecca (Zoe Kazan), a esposa de um famoso médico e de Dylan (Michael Stahl-David), um ex-condenado buscando recomeçar a vida. Estranhamente os dois descobrem estar conectados telepaticamente. Eles podem conversar como se estivessem frente a frente. A partir desta ligação, Rebecca e Dylan começam um inexplicável romance metafísico. Fiquem atentos ao marido de Rebecca no filme. Ele a trata de forma autoritária, como se ela fosse uma criança. Em uma das cenas ele tira a bebida das mãos dela, em outra, descobrimos que ele tentou acabar com todas as fotos que mostravam a infância de Rebecca junto da família. Rebecca é tratada pelo marido como uma pessoa doente e incapaz e é levada a crer nisso por muito tempo.

10 – Antes de dormir, 2014

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosDia após dia, Christine Lucas (Nicole Kidman) desperta sem se lembrar de absolutamente nada que aconteceu em sua vida nos últimos 20 anos. Isto acontece devido a um acidente sofrido há uma década. Com isso, cabe ao seu marido Ben (Colin Firth) a tarefa de relembrá-la de sua vida, através de um mural de fotos e detalhes do passado. Além disto, ela passa por uma terapia sigilosa com o Dr. Nasch (Mark Strong), que procura incitá-la a ter lembranças sobre o que aconteceu. Só que, aos poucos, ela percebe que nem tudo é o que parece ser. Esse filme é quase uma metáfora e mostra que muitas vezes somos levados a crer em histórias sobre nós mesmos.

11 – Grandes olhos, 2015

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosEssa cinebiografia conta a história do casal Walter e Margaret Keane, que ficou famoso no final dos anos 1950 e início dos 1960 pelos retratos de mulheres e crianças com olhos grandes. Tudo parecia ir bem na vida dos Keane, até Walter começar a ter fama e dinheiro às custas da mulher, que era a verdadeira pintora das obras. Esse filme mostra um casamento cujo marido começou a vida conjugal dizendo: Você é linda e talentosa, ao meu lado você terá o mundo. E terminou com um: pinte dezenas de quadros para tais datas que eu os venderei como meus e se disser algo será presa como cúmplice. Notem que Walter é um mentiroso contumaz que engana não só a esposa, mas também aqueles que assistem ao filme.

12 – A garota do trem, 2016

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosNesse filme a história é narrada especialmente por Rachel Watson (Emily Blunt), que afundada em um grande sofrimento causado pelo divórcio e pelo vício em bebida, mora de favor na casa de uma amiga. Ela viaja diariamente de trem e durante o percurso observa a casa do seu ex-marido Tom (Justin Theroux), novamente casado, enquanto remói culpas, remorsos e dúvidas. Fragilizada, Rachel desconfia da própria sanidade diante da incapacidade de cumprir padrões sociais. Paralelamente à solução do mistério do filme, ela se redescobre como mulher, aprendendo consigo mesma a se fortalecer. Tom, por outro lado se revela um vilão que sabe manipular muito bem as mulheres com as quais se relaciona através do “Gaslighting”. Técnica de abuso na qual a vítima é levada a crer que está perdendo a sanidade.

Extra: Série Jéssica Jones, 2015

contioutra.com - 12 filmes psicológicos para entender mais sobre relacionamentos abusivosJéssica Jones (Krysten Ritter) leva a vida como detetive particular no bairro de Hell’s Kitchen, em Nova York. Traumatizada por eventos anteriores de sua vida, um relacionamento abusivo com um homem cujo grande poder era manipular as pessoas, ela sofre de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Jéssica tenta fugir do passado, mas sente-se perseguida por ele. Ela percebe então que existe apenas uma saída: enfrentar seus medos e provar que é mais forte que o homem que a traumatizou no passado. Essa série é ficcional, pois trata de personagens com superpoderes, no entanto mostra de forma bastante contundente os desdobramentos causados por um período de grande desgaste emocional e físico ao lado de uma pessoa manipuladora e abusiva.

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