Pessoas que gostam de criticar – Flávio Gikovate

Pessoas que gostam de criticar – Flávio Gikovate

Sempre me surpreendo quando ouço alguém dizer que é pessoa muito sincera e que, por isso, fala tudo aquilo que pensa a respeito das outras. Penso que algumas criaturas sinceras costumam falar mais livremente de si mesmas e de suas mazelas: com os outros é bom agir com cautela!

Falar tudo o que pensa acerca de outra pessoa sem ter sido consultado é, no mínimo, deselegante. Na maior parte dos casos, é agressivo. É curioso observar que as pessoas ditas sinceras, que se sentem à vontade para falar das outras, raramente dizem palavras elogiosas a elas.

Criticar e falar mal dos outros não é sinal de boa autoestima; falar bem de si mesmo também não o é. Delicadeza e discrição são bons sinais. Muitas são as vezes em que as críticas, mesmo quando verdadeiras, são uma forma sutil de manifestação invejosa daquele que está falando mal.

Só deveríamos falar algo a respeito do outro se formos insistentemente solicitados: e convém verificar se ele está mesmo pronto para ouvir!

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Site: www.flaviogikovate.com.br
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Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Imagem de capa: Reprodução

Por que não explicar tudo para a criança pequena?

Por que não explicar tudo para a criança pequena?

Por Pilar Tetilla Manzano Borba

O ser humano leva 21 anos para adquirir maior consciência das coisas. Esse tempo é o tempo que o sistema nervoso central leva para mielinizar todas suas células nervosas, isto é, deixa-las maduras. Essa bainha de mielina é a responsável pelas conexões nervosas (sinapses) entre os neurônios.

Nos primeiros anos de vida, até a troca dos dentes, por volta dos seis anos, a mielinização para a aprendizagem está sendo formada. A consciência da criança está ainda num estado de sono nesta etapa da infância, ou seja, ela não tem consciência das coisas como nós adultos já a temos. Por isso que a criança é criança e depende de nós para tudo. Ela não tem discernimento, crítica e julgamento ainda sobre as coisas da vida.

Ter consciência significa fazer as sinapses entre os neurônios. Nas sinapses há um dispêndio de energia muito grande. Por isso que quando prestamos atenção em algo ou quando usamos por demais nossos órgãos dos sentidos nos sentimos cansados. À noite necessitamos dormir para repor essa energia gasta durante o dia de vigília, de atenção a tudo.

Em antroposofia costumamos dizer que nos sete primeiros anos o corpo da vida ( vital, ou etérico) da criança está sendo plasmado, formado. Seus órgãos ao nascer não estavam de todo amadurecidos e para que esse amadurecimento ocorra é necessário ter energia, vitalidade. Lembre-se sempre que consciência é gasto de energia, é queima de substância cerebral.

O cérebro também é um órgão e ele é a base para o pensamento. Se a criança até três anos está formando cérebro para pensar como é que ela pode usá-lo pensando? Não se cozinha feijão numa panela que ainda está sendo feita! Como a criança ainda não tem a coordenação fina pronta porque lhe dar um lápis, uma agulha? Se ela ainda não se administra nos perigos porque lhe dar a tesoura, a faca?

Outros órgãos como o fígado, pulmões, coração, rins, estão amadurecendo também e quando exigimos da criança que aprenda algo com a cabecinha, ou entenda as coisas como nós queremos que ela entenda, estamos fazendo com que ela use essas forças formativas que estão plasmando os órgãos para a compreensão e o entendimento e aí nós as DESVITALIZAMOS e promovemos uma má formação dos órgãos PARA O RESTO DE SUAS VIDAS!

Já está provado pela ciência que o avanço da doença ALZHEIMER é também decorrente de uma exigência precoce do sistema neurosensorial na infância. Rudolf Steiner cita muitas vezes esse fator em seus livros. Por isso que a Pedagogia Waldorf, por estar baseada numa ciência antroposófica, preocupada em formar seres humanos saudáveis, verdadeiros e livres, é totalmente contra a alfabetização precoce. Essa pedagogia prima por excelência pela saúde física, emocional, mental e espiritual da criança e do adolescente principalmente no período de seu desenvolvimento.

Hoje, com essa mania de escolarização precoce, as crianças de um modo geral estão muito doentes: depressão, dores de barriga, dores de cabeça, pedra nos rins, pneumonia, cansadas, entediadas, tristes apáticas… O que estamos fazendo com nossas crianças?

As crianças aprendem pelo movimento e pela repetição. Se quiser que ela atenda uma ordem faça o que quer que ela faça: coma você com a boca fechada se quer que assim o aprenda; fale você mais baixo; feche a porta você sem bater; escove você os dentes com a torneira fechada; seja você carinhoso com ela, e assim por diante. Na infância as crianças aprendem pela IMITAÇÃO do que você faz e não pela palavra, pelo sermão. Mas, é óbvio que precisamos conversar com ela para que aprender a falar; mas devemos saber o que falar e o que não falar.

Deixe que a criança descubra o mundo por si mesma, vivenciando-o; experimentando-o; incorporando-o e, sobretudo, aprendendo ao vivo e não através da mídia. Promova-lhes as oportunidades. Quanto mais a criança descobrir por si através do movimento, do equilíbrio e dos seus órgãos dos sentidos, mais ela fará conexões nervosas e quanto mais sinapses ele tiver feito na infância por ela mesma mais espaço no cérebro ela terá para a aprendizagem posterior cognitiva.

Fonte Indicada Pedagogia Waldorf Joinville

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“Somos todos filhos das estrelas”, afirma Carl Sagan

“Somos todos filhos das estrelas”, afirma Carl Sagan

Em 1980, o astrônomo Carl Sagan narrou uma série televisiva de 13 episódios na qual explicou muitos temas relacionados com a ciência, como a história da Terra, a evolução, e a origem da vida e do sistema solar.

Uma declaração desse astrônomo mexeu com o público. Segundo ele, algumas partes do nosso ser mostram de onde viemos. Ele dizia que “nós somos feitos de matéria estelar”. Com isso, ele resumiu o fato de que os átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio em nossos corpos, assim como os átomos de todos os outros elementos pesados, foram criados em gerações anteriores de estrelas há mais de 4,5 bilhões de anos.

Como todos os seres humanos e os outros animais – assim como a maioria da matéria na Terra – contêm esses elementos, sim, nós somos literalmente feitos de matéria estelar. Todo o carbono que contém matéria orgânica foi produzido originalmente nas estrelas.
No começo, o universo era feito de hidrogênio e hélio. O carbono foi feito posteriormente, durante bilhões de anos.

Quando se esgotava o suprimento de hidrogênio de uma estrela, ela morria em uma explosão violenta, chamada de nova. A explosão de uma estrela massiva, chamada supernova, pode ser bilhões de vezes mais brilhante que o sol. Essa explosão estelar lança uma grande nuvem de poeira e gás para o espaço.

Uma supernova atinge seu brilho máximo alguns dias depois de ter explodido. Nesse momento, ela pode ofuscar uma galáxia inteira de estrelas. Em seguida, ela brilha intensamente por diversas semanas antes de desaparecer gradualmente de vista.

O material da supernova, eventualmente, se dispersa por todo o espaço interestelar. As estrelas mais velhas são quase exclusivamente constituídas de hidrogênio e hélio. Posteriormente, outras estrelas mandaram oxigênio e outros elementos pesados ao universo.

Assim, segundo os astrônomos, toda a vida na Terra e os átomos em nossos corpos foram criados do resto de estrelas, agora mortas há muito tempo. Elas produzem elementos pesados, e mais tarde ejetam gases para o meio estelar para que eles possam fazer parte de outras estrelas e planetas – e pessoas.

Imagem de capa: zatpetra/shutterstock

Conheça os sintomas anormais de ansiedade que você não pode ignorar

Conheça os sintomas anormais de ansiedade que você não pode ignorar

Por Fernanda Ferraz

Você tem notado que está mais ansiosa que o normal? A ansiedade torna-se um distúrbio, quando lhe atrapalha em seus afazeres do cotidiano, e quando ocorre em momentos ou situações em que não deveria acontecer. Os distúrbios de ansiedade são um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns e presentes em uma boa parte da população.

O que é a ansiedade?

A ansiedade é um acontecimento ou sintoma de proteção ao ser humano, age como atuante para manter a mente alerta e pronta para um acontecimento, proporciona o estímulo para o indivíduo preparar-se de maneira adequada, como em momentos de um encontro, uma prova ou uma nova experiência, como uma seleção de emprego.

A ansiedade pode surgir de várias formas, pode surgir como alerta de pânico, gradualmente ou inesperadamente, com uma notícia ou nova informação. A ansiedade pode persistir e permanecer mesmo quando algo já aconteceu, como a morte de um parente próximo.

Pode durar minutos, semanas, meses ou anos, ela pode ser leve ou grave.

A ansiedade normal

Esse tipo de ansiedade é encontrado em situações difíceis, que testam nossos limites a respostas rápidas, apresenta sintomas físicos como:

– Dor de barriga.
– Sudorese.
– Inquietação.
– Palpitações.
– Aperto no peito.
– Dores de cabeça.

A ansiedade anormal

Conhecida também como ansiedade patológica, ocorre e deixa o indivíduo paralisado diante da informação ou experiência; atrapalha completamente a iniciativa de resolver a questão; impede que a pessoa se prepare diante da situação e traz prejuízos emocionais e talvez até psicológicos; passa uma sensação de incapacidade.

Principais distúrbios

Ataque do pânico – São pavores de muitas coisas, como de morte eminente, perda de controle das emoções. O ataque começa e vai crescendo de modo acelerado, a pessoa tem o desejo de fugir ou lutar. O ataque do pânico pode desaparecer na mesma hora em que o objeto de seu medo ou pavor sumir da sua frente ou pode levar à exaustão nervosa.
Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) – São obsessões de pensamentos, ideias, sentimentos, impulsos, o mais comum é quando há compulsão por limpeza extrema.
Agorafobia – Medo de ambientes abertos ou de lugares fechados, medo de multidão, filas, trem, de se distanciar de casa, avião, qualquer lugar que dificulte ou dê a falsa impressão de que não vai poder ser socorrido, é uma extensão do ataque do pânico.
Fobia social – É o medo de comer, falar, escrever, beber, qualquer situação que o exponha publicamente e que lhe traga inquietação e vergonha de parecer ridículo.
Fobia generalizada – É a preocupação exagerada, ocorrida praticamente todos os dias sobre quase tudo que envolve esse indivíduo e que dura mais de 6 meses, os sintomas são:
– Fadiga.
– Irritabilidade.
– Falta de concentração.
– Dificuldades para respirar.
– Tensão muscular.
– Insônia ou sono de má qualidade.

Tratamentos

Para o distúrbio de ansiedade, os tratamentos podem ser feitos com medicação, como antidepressivos ou benzodiazepínicos ou também com psicoterapia comportamental.

Doenças que podem causar ansiedade

– Distúrbios cardiovasculares (insuficiência cardíaca, arritmias).
– Infecções cerebrais.
– Distúrbios endócrinos (hiperatividade das glândulas tireoide ou suprarrenal).
– Distúrbios respiratórios (asma, doença obstrutiva crônica do pulmão).
– Drogas que podem causar ansiedade. O distúrbio de ansiedade, também, pode ocorrer por uso prolongado de drogas legais ou ilegais, como:

– Cafeína.
– Álcool.
– Cocaína, maconha, entre outras drogas.
– Medicamentos controlados.
Referência: Fobia Social, Dr. Antonio Egidio Nardi.

Fonte indicada: Família

Imagem de capa: makler0008/shutterstock

Os falsos humildes são muito mais destrutivos que os prepotentes descarados

Os falsos humildes são muito mais destrutivos que os prepotentes descarados

Por traz de um pobre coitado que vive propagando sua “pobrecoitadeza” tem sempre um pobre coitado mesmo; nem espere qualquer outra coisa dessa pessoa. Além de não ter condições orgânicas e emocionais de se revelar de outra forma, ela também não tem interesse nisso. Fazer-se de vítima pode já ter se transformado numa deformação de caráter e num meio de vida.

Essa pessoa conquistou um buraco particular só para ela, com vista exclusiva para o seu próprio umbigo encardido. E se você não ficar esperto, vai acabar nesse mesmo lugarzinho esquecido e podre, na companhia indigesta desse contumaz manipulador.

Sim! Porque manipulador que se preza, não mostra o jogo nem que sua vida dependa disso. Manipulador que se preza pode, inclusive, viver cortejando a morte, colocando sua própria segurança em risco, só para atrair à sua pobre pessoa olhares de afeto e comoção. Manipulador que se preza, mente de forma compulsiva, a ponto de acabar acreditando na própria mentira. Manipulador que se preza, vai corroendo tudo ao seu redor; e se você fizer a bobagem de cair da conversa dele, pode terminar emaranhado numa complexa trama de jogo baseado na tortura emocional do “morde e assopra”.

A má notícia é que livrar-se de um manipulador é tarefa para os fortes; poderia fazer parte do enredo de filmes como “Missão Impossível”, sem nenhum risco de fazer feio. Livrar-se de um manipulador, principalmente aqueles que se fazem de humildes, vai levar você por labirintos emocionais, com direito a efeitos especiais, capazes de fazer inveja à mais assustadora série de suspense do Netflix.

O falso humilde é aquele tipo de pessoa que soa a fraude, tem cara de fraude, age como fraude e pensa de forma fraudulenta. E tudo isso por um simples motivo: ele é uma completa e indiscutível farsa ambulante. Tudo nele é planejado para provocar nos mais afetivos uma lenta e crescente empatia. Todos os seus passos são cuidadosamente arquitetados para fazer o outro acreditar que ele vive mergulhado numa vida trágica e sofrida; mas que apesar disso – a despeito de tudo conspirar contra ele -, ele é um presente na sua vida, porque é a mais dedicada, competente e resolutiva das pessoas.

Cair numa armadilha dessas é fácil demais; sobretudo no caso daqueles, cuja personalidade desarmada faz seu nobre possuidor ter um coração empático, amoroso e pronto para acolher até a mais sombria das criaturas. No entanto, sair dessa armadilha vai exigir dessa alma bondosa que a sua natural empatia seja desativada temporariamente, que a sua capacidade de amar ganhe travas de proteção e que seus braços aprendam que esse lugar sagrado só merece ser ocupado por alguém que seja gente de verdade, não por esses articulados e premeditados sugadores de talentos e amores alheios.

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Saudade de quando as coisas eram mais simples

Saudade de quando as coisas eram mais simples

Saudade de quando as coisas eram mais simples e não vivíamos sufocados por tantas complicações. Ou era a gente que não complicava tanto as coisas?

A vida seguia num ritmo bem mais lento, sem tanta cobrança, com menos movimento. E nós fazíamos um tempo pra ficar na varanda, só pra assistir o vento balançar os galhos das plantas que amorosamente colocávamos lá.

A gente sentia prazer em colocar água na chaleira e observá-la ferver; e depois apreciar o cheiro do café que subia de dentro da caneca esmaltada, enquanto esfriava sem ser sacudido. Nesse meio tempo, traçávamos planos menos ambiciosos que os de agora. Não tínhamos tanto desejo de subjugar o mundo; no máximo pensávamos em algumas melhoras.

E na frente das casas, com menos muros e poucas grades, podíamos sentar nos bancos e conversar. Ou nas praças, ou das janelas. A conversa não era debate e não ficava revirando os desconfortos de ninguém.

Fazer um pão, um bordado, jogar cartas e esperar o tempo de cada coisa acontecer. Fazer bem o que se sabia, sem se preocupar com as coisas que não se fazia bem era o segredo dessa vida pacata.

E quando a saudade vinha, a gente pegava a caneta e com prazer escrevia uma carta àquele alguém. Sem pressa. Com tempo para escolher com apreço as palavras noticiadoras. E esperava-a ir, como se tivesse asa, e chegar ao seu destino. Naquele tempo sabíamos que há um momento certo para tudo acontecer. E compreendíamos esse fato.

Andávamos de braços dados. Nossos pertences não eram tão cobiçados. Nem a beleza era tão exigente. Também não gastávamos tanto nosso tempo com notícias dos outros, nem nos comparávamos tanto.

Ficou a saudade dos sabores, dos sons mais calmos e dos amores que tínhamos. Amor pelo sossego, pela calma, pela charmosa harmonia.

Tínhamos tempo pra deitar na rede, pra ocupar as cadeiras ao redor da mesa, e pra encher a sala com conversas agradáveis e histórias biográficas. Tínhamos tempo para nos encontrar. E nos pertencíamos mais.

A urgência não nos apressava tanto. A paz era vista todos os dias, enquanto acenava sua bandeira branca em frente ao nosso portão.
Hoje os tempos não são mais tão calmos. As semanas correm velozes e o giro rápido às vezes nos entontece. A família, outrora reunida, agora luta com dificuldade para juntar seus pedaços. Ela já não sabe o que foi feito com o afeto que deveria fazer-lhe companhia.

Poucos, nesses dias de hoje, conseguem viver satisfeitos. Não basta mais ser, nem existir. E a premente necessidade de estar no topo faz novas vítimas a cada amanhecer.

Desaprendemos a viver. Desnecessariamente gastamos nossa vida com coisas complicadas, e por vezes sem sentido, simplesmente porque não sabemos onde as coisas simples foram parar.

Imagem de capa: Tanja Tatic/shutterstock

Pare de sofrer por quem já está feliz longe de você

Pare de sofrer por quem já está feliz longe de você

 

Perdemos tempo demais sofrendo por quem não merece. Infelizmente, a gente não consegue mandar direito no coração nem no sofrimento, embora lutemos para parar de sofrer, para tirar certas pessoas de dentro de nós. É difícil, muito difícil atravessar a ressaca afetiva, mas, mesmo assim, não podemos nos demorar além da conta na tristeza, pois há muita coisa boa nos esperando lá fora.

E parece que tudo fica ainda mais difícil, quando vemos nosso ex-amor por aí, sorrindo, como se estivesse bem melhor ali longe de nós, enquanto ainda sofremos sua ausência. A gente não quer, de início, ver o outro melhor, mais feliz, a gente quer que ele sofra como nós. Mesmo que, a alguns, ver a felicidade do ex possa dar força para sair da tristeza, muitas pessoas ficam ainda mais inconformadas com essa situação.

Na verdade, toda e qualquer separação nos deixa fragilizados e vulneráveis, minando a nossa autoestima, fazendo com que nos sintamos a pior das criaturas. Achamos que não vamos voltar a respirar direito, que não conseguiremos ser felizes novamente, que ninguém mais nos amará, que a vida nunca mais terá sentido longe de quem tanto amamos. Não adianta, é inevitável passar por isso, no entanto, teremos que retirar forças de onde pudermos, para conseguirmos recobrar alguma clareza de pensamento.

Nesses momentos, deveremos fazer um esforço imenso, no sentido de analisar o porquê de o outro estar bem e nós não. Não somos menos do que ninguém, não somos piores do que ninguém, portanto, se o outro passa bem, ali a uma grande distância de nossas vidas, obviamente também poderemos passar muito bem sem ele. Mesmo que pareça um pensamento por demais simplista, é assim que conseguimos retomar as rédeas de nossas vidas, para que possamos voltar a acreditar em tudo o que carregamos dentro de nós.

Afinal, por que achamos que não vamos sobreviver sem aquela pessoa que já vive feliz longe de nós? É preciso parar de chorar por leite derramado, por água que passou e foi amarga. Existe um monte de dias bem à nossa frente, repletos de novas pessoas, novos momentos, novas oportunidades.

Supere quem já te superou quando fingia estar junto com você. Vai, vai ser feliz e nem olhe para trás; olhe lá na frente, o sol nascendo junto com a esperança. Vai já. Vai agora, nesse momento mesmo, que o depois demora muito!

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Sobre essa limitação: ela é real ou alguém te fez acreditar nela?

Sobre essa limitação: ela é real ou alguém te fez  acreditar nela?

Caro(a) leitor(a), você, por algum momento, já pensou na possibilidade de estar vivendo completamente desconectado(a) da sua essência? Calma, não desista de ler o texto por imaginar que eu esteja delirando. Vou te explicar direitinho. Confie em mim. Eu quero dizer o seguinte: é possível que as limitações que você tenha, ou imagina que tenha, sejam oriundas das limitações de outras pessoas que, por alguma razão, transferiram a você.

Sabe, existem pessoas que não se contentam em ter a percepção míope, elas fazem questão de embaçar a visão daqueles que cruzam o caminho delas também. Obviamente, refiro-me aqui às pessoas que são influenciadas negativamente por estarem num momento de vulnerabilidade. As crianças, os adolescentes, as pessoas adoecidas emocionalmente e aquelas que não possuem a devida imunidade que as capacitem a discernir o que deve ou não levar em consideração vindo de outras pessoas. Sabe, acredito que todos nós vivenciamos fases, ao longo da vida, em que ficamos totalmente desprovidos de “anticorpos” emocionais. E, são em momentos assim que nos tornamos presas fáceis para as mais variadas influências nocivas.

Defendo que nem sempre as pessoas que cortaram as nossas asas o fizeram por maldade. Pode ser que algumas tenham feito isso acreditando estar nos protegendo. Sim, alguém que tem medo de sonhar jamais vai encorajar o outro a lutar por alguma coisa, e não significa que essa pessoa esteja agindo por mal.

Entretanto, existem pessoas que puxam o freio de mão das outras por pura maldade mesmo. São pessoas perversas que têm consciência do poder de persuasão que elas possuem sobre alguém e aniquilam os sonhos dele. As pessoas frustradas sentem muito prazer em desanimar as outras, e sentem-se profundamente incomodadas ao perceberem alguém motivado com algo.

Existem uma infinidade de pessoas que teriam tudo para se destacar em algo, no entanto, sentem-se acorrentadas por palavras de descréditos que ouviram lá na infância. São pessoas que tiveram a infelicidade de conviver, ou ter tido contato com algum(as) pessoa(as) opressoras. Quantos já foram zombados ao expressarem um sonho? Você deve conhecer alguém, ou talvez você mesmo tenha sentido isso na pele. Aqueles que possuem imunidade suficiente para não se contaminam com a peçonha alheia, entretanto, nem todos possuem esse escudo psicológico e emocional.

Acontece de assumirmos limitações que não são nossas, elas nos foram entregues por outras pessoas. De tanto ouvirem “você não pode”, “isso não é para você”, “você não dá conta”, “você é burro” etc. muitas pessoas desistem dos próprios sonhos, aptidões, habilidades e projetos. Elas acabam transformando todas essas “sentenças” que ouvem em crenças cristalizadas e acabam por se comportarem de modo a confirmar tudo aquilo que ouviu de negativo de outras pessoas.

As palavras são muito poderosas, elas podem matar ou ressuscitar os sonhos de uma pessoa. E esse poder é potencializado quando são palavras proferidas por pessoas que são significativas para quem ouve. Um familiar próximo, um professor, uma autoridade, etc,

poderão representar um divisor de águas na vida de uma pessoa com suas palavras, tanto de forma positiva quanto negativa. Conheço uma mulher que desistiu de tirar a habilitação porque o marido disse várias vezes para ela que ela não tem condições de conduzir um veículo. Ela simplesmente acatou a fala do marido como um diagnóstico incurável. Que pena!

Sabe, nada é mais lindo do que os sonhos que nutrimos. Os sonhos são filhos que gestamos na alma e quando não damos luz a eles, é como abortá-los. Viver sem sonho não tem graça.

Te desafio a pensar agora sobre essas questões: pense bem sobre os seus sonhos sepultados. Que tal ressuscitá-los? Será que você deixou de fazer algo por ter dado razão à alguma pessoa que um dia te disse que você não era capaz? Que tal assumir as rédeas da sua vida agora?

Para finalizar, trago uma boa notícia: é possível você se livrar dessas crenças castradoras, sabia? Faça psicoterapia, misture-se às pessoas que são criativas e do bem, leia a respeito de pessoas que superaram dificuldades, que voltaram a estudar etc. Na internet você vai encontrar uma infinidade de relatos e vai se motivar. Quem disse que você não tem capacidade para fazer algo? Lembre-se: quando alguém diz que você não é capaz de algo, essa pessoa está falando dela mesma e não de você. Vá…avante!

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A melhor canção de ninar que existe são as batidas de um coração que nos ama

A melhor canção de ninar que existe são as batidas de um coração que nos ama

Amar com a certeza de ser amado na mesma medida nos torna pessoas melhores e mais felizes, simplesmente porque amar é uma delícia e ser amado também. E, embora cada um ame de um jeito único, o que vale é sabermos que ali ao lado existe alguém nos esperando, torcendo por nós, a cada dia, todos os dias.

Dentre as melhores sensações que existem, certamente o amor correspondido se encontra no topo da lista. Amar com a certeza de ser amado na mesma medida nos torna pessoas melhores e mais felizes, simplesmente porque amar é uma delícia e ser amado também. E, embora cada um ame de um jeito único, o que vale é sabermos que ali ao lado existe alguém nos esperando, torcendo por nós, a cada dia, todos os dias.

Existem casais que fazem quase tudo juntos e, se pudessem, até mesmo trabalhariam no mesmo lugar, na mesma sala. Frequentam os mesmos lugares, possuem amigos em comum, assistem sempre à televisão no mesmo cômodo, pois gostam dos mesmos programas, das mesmas séries, das mesmas novelas. Curtem músicas, passeios, viagens, shows, tudo em sintonia, jamais de maneira forçada.

Há casais, entretanto, cujos parceiros mantêm a individualidade, sem desrespeitar o espaço do outro, tendo a confiança sem precedentes como força motriz de tudo o que sentem um pelo outro. Saem sozinhos com os amigos, vão ao cinema desacompanhados, assistem a programas diferentes, em televisões distantes uma da outra. E nem por isso se amam menos. E, sobretudo por isso, unem-se cada vez mais.

Não existe certo e errado no amor, o que existe é amor que faz sorrir porque é de verdade. É amor que luta porque é guerreiro. É amor que fica porque é de coração. Ninguém tem nada a ver com a forma como os casais se amam, caso eles estejam felizes e quietos no seu canto. Sejam melosos, sejam discretos, sejam explícitos, sejam ocultos, os relacionamentos são responsabilidade de quem está ali dentro. Que se amem como bem lhes convier.

Que se durma de conchinha, um em cada cama, em cada casa, não importa, o que vale é o respeito e a lealdade que os parceiros nutrem em relação a quem ali ficou juntinho, esperando a tempestade passar, sem desistir de tentar, sem se esquecer do quanto já lutaram para ficarem juntos. Sempre será reconfortante ter um lar para voltar ao fim do dia, ainda mais quando existir amor sincero ali nos esperando.

Imagem de capa: lightwavemedia/shutterstock

Em terra de corações virtuais, quem beija com intensidade é rei.

Em terra de corações virtuais, quem beija com intensidade é rei.

Quando o primeiro computador pessoal foi fabricado e chegou as lojas, era impossível imaginar o que essa novidade iria representar para o universo tecnológico e na vida das pessoas.

No início, os computadores eram utilizados para fins empresariais e muito timidamente como meio de entretenimento. Hoje, a máquina faz parte da família. Desktops e os seus “agregados”, Notebooks, Smartphones, IPods, IPhones, dentre outros, posteriormente fabricados, ligam pessoas interligando o mundo real e virtual.

As redes sociais são como conectores, “plugam” o cérebro humano desde o momento que o homem abre os olhos até a hora de dormir. Através delas que atualmente batemos nosso ponto, ou seja, existe uma continuação da vida nas telas brilhantes desses engenhosos aparelhos.

Se, no passado, estrelas serviam para avaliar ou valorizar coisas, como por exemplo, hotéis, filmes e lugares, hoje as curtidas e emoticons representam um peso muito maior de aceitação ou não.

Ninguém passa sem ser notado na perversa tela cibernética. De um simples café da manhã postado, até uma crítica negativa causando polêmicas que viralizam e podem até comprometer seriamente as pessoas envolvidas.

Homens e mulheres se comportam de maneira diferente nas telinhas. Enquanto as mulheres se preocupam em escancarar a vida pessoal, em como se sentem, se estão satisfeitas ou infelizes, cultuam a alimentação, viagens, quantidade de amigas e roupas que possuem, se estão gordas ou magras, se já encontraram o seu príncipe encantado, o homem prefere glorificar carros, títulos, loucuras cotidianas e o senso de humor ácido.

Contudo, ambos costumam inventar e ludibriar a si próprios em uma auto sabotagem crônica. A situação anda tão severa, que, diretores de filmes e seriados não puderam se conter em criar histórias fictícias com a finalidade de abordar nosso futuro controlado por Clicks. Um seriado chamado Black Mirror, tem um ótimo exemplo. A criação da rede Netflix expõe de maneira clara no primeiro episódio da terceira temporada: “Queda Livre”.

No mundo virtual, as pessoas são julgadas por tudo que fazem e, para agradar esse “juíz” tão implacável, por vezes, estão perdendo a própria identidade. Por outro lado, quando administram bem as redes sociais, conseguem ganhar respeito, status e alavancam negócios e ideias. Redes sociais são as melhores amigas de visionários.

Se em algum momento a nostalgia tomar conta, lembranças dos tempos em que o toque pessoal era importante, é necessário compreender que o futuro pertence sim às máquinas, porém é nossa obrigação aprender a utilizá-las com discernimento e principalmente de maneira saudável. Nada nos impede de deixar o aparelhinho em algum canto e ir desfrutar de uma boa prosa com os amigos, um abraço apertado e um dia repleto de calor humano.

Imagem de capa: Mischenko83/shutterstock

Quando formos velhinhos, vou te falar: “Não te disse que eras o amor da minha vida?”

Quando formos velhinhos, vou te falar: “Não te disse que eras o amor da minha vida?”

Alguns dizem ser o amor uma loteria, outros acreditam que certamente irão encontrar o amor de suas vidas, enquanto há até quem já desistiu do amor. Em meio a todos eles, conseguimos, felizmente, conhecer casais que resistem ao tempo, amando-se até o último suspiro, resistindo e fazendo o amor dar certo. Como se trata de sentimento, é muito difícil precisar as dimensões amorosas em teorias racionais, porém, ninguém nega que amar e ser amado é bom demais.

Embora seja perfeitamente possível ser feliz sozinho, sem um parceiro, contando somente consigo mesmo, a verdade é que poder ter alguém com quem compartilhar intimidade, dor e alegria, deixa tudo mais leve, mais fácil de ser enfrentado. Ainda que muitas tempestades tenhamos que atravessar sozinhos, pois se tratarão de lutas que travaremos com o que nós próprios construímos, dar as mãos a alguém que torce por nós acabará nos fortalecendo em todos os sentidos.

Sempre respiraremos mais tranquilos quando amor estiver envolvido em nossa travessia, seja uma amizade verdadeira, um apoio familiar, seja que tipo de amor for, desde que seja correspondido, sincero, recíproco. Amor é combustível de vida, é consolo certo na hora exata, é repouso, guarida, cura. Olhar fundo nos olhos de quem retribui amor transparente nos apaziguará as ventanias emocionais que costumam nos devastar vida afora.

Uma das melhores sensações que temos é a de que encontramos o amor de nossas vidas, nossa alma gêmea, a pessoa com quem queremos passar por tudo o que temos à frente. Aquele sentimento que não vem de repente, mas que é construído, lapidado, por entre suor, risos e lágrimas, através de estradas nem sempre calmas, de escuridões muitas vezes demoradas. E amor não é sempre fácil e gostoso, ele também traz barulho e travessias ásperas.

Quando a gente luta pelo amor, por manter junto o que tanto bem faz, por continuar tentando enquanto ainda há sentimento, enquanto ainda não tivermos perdido nossa dignidade, ele é capaz de reacender, de levantar-se, de nos tomar novamente a imensidão dos nossos sonhos. Porque o que é verdadeiro resiste, persiste, mesmo alquebrado, ainda que machucado, embora muitas vezes a gente teime em expulsar de nossas vidas o que e quem jamais deveríamos. O importante é que nenhuma dúvida é mais forte do que a certeza que o amor guarda dentro de si. A certeza de que valerá a pena continuar.

O amor verdadeiro poderá não cair do céu, nem aparecer sem ser procurado, tampouco será o primeiro ou o segundo que chegar às nossas vidas, mas será aquele que virá para ficar, demorando-se suavemente, às vezes com certa relutância, mas será o melhor, o maior, o mais especial de todos, e teremos, então, a certeza de que ali existirá verdade e volta certeira. E será infinitamente duradouro, porque ficará conosco, dando-nos as mãos, até que elas enruguem, porque se alimentará nada menos do que somos aqui dentro de nós.

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Imagem de capa: Kristo-Gothard Hunor/shutterstock

Uma importante lição sobre gritar com os filhos

Uma importante lição sobre gritar com os filhos

Guardo com carinho os bilhetes que recebo de minhas filhas, quer sejam rabiscados com canetinha colorida ou escritos com letra perfeita sobre papel pautado. Mas o poema de Dia das Mães que ganhei na primavera passada de minha filha mais velha me causou impacto profundo.

Foi o primeiro verso que me deixou com a respiração presa na garganta, até que lágrimas quentes escorreram por meu rosto.

“O importante da minha mãe é… que ela está sempre ao meu lado, mesmo quando me meto em problemas”.

Sabe o que é… Nem sempre foi assim.

No meio de minha vida altamente cheia de distrações, iniciei uma nova prática que é completamente diferente de como eu me comportava até então. Virei uma “gritadora”. Não era frequente, mas era extremo — como um balão que está cheio demais, estoura de repente e dá um susto em todas as pessoas em volta.

O que havia nas minhas filhas, então com 3 e 6 anos, que me fazia perder a compostura?

Era que ela insistia em sair correndo para buscar mais três colares de contas e seus óculos de sol cor-de-rosa favoritos quando já estávamos atrasadas?

Que tentava colocar o cereal no prato, sozinha, e derramava a caixa inteira sobre o balcão da cozinha? Foi o fato de ela ter deixado cair no chão e se espatifar meu anjo especial de vidro, depois de eu ter dito para não tocar nele?

Foi que ela resistia ao sono a qualquer custo na hora em que eu mais precisava de paz e tranquilidade? Era o fato de as duas brigarem por coisas ridículas, como qual seria a primeira a sair do carro ou quem ficaria com a colherada maior de sorvete?

Sim, eram essas coisas. Probleminhas normais e atitudes infantis típicas que me irritavam ao ponto de me fazer perder o controle.

Não é fácil escrever essa sentença. E não é fácil recordar aquela fase de minha vida, porque, a verdade seja dita: eu me odiava naqueles momentos. O que tinha acontecido comigo que me levava a gritar com as duas pessoinhas preciosas que eu amava mais que a própria vida?

Deixe eu lhe contar o que tinha acontecido comigo:

Minhas distrações.

Uso excessivo do telefone, excesso de compromissos assumidos, múltiplas páginas de listas de tarefas a cumprir, a busca da perfeição, tudo isso me consumia. E gritar com as pessoas que eu amava foi o resultado direto da perda de controle que eu estava sentindo em minha vida.

Inevitavelmente, eu tinha que desabar em algum lugar. Então desabei a portas fechadas, na companhia das pessoas que significavam mais para mim.

Até um dia fatídico.

Minha filha mais velha tinha subido num banquinho e estava tentando alcançar alguma coisa na copa quando acidentalmente derrubou um saco inteiro de arroz no chão. Enquanto uma chuva de um milhão de grãos de arroz se espalhava sobre o chão, os olhos de minha filha se encheram de lágrimas. E foi então que vi — vi o medo nos olhos dela, enquanto se preparava para ouvir a reação irada de sua mãe.

Ela está com medo de mim, pensei, e foi o insight mais doloroso imaginável. Minha filha de 6 anos de idade está com medo de minha reação ao erro inocente dela.

Com pesar profundo, percebi que não era essa a mãe com quem eu queria que minhas filhas crescessem, e que não era assim que eu queria viver o resto de minha vida.

Algumas semanas depois daquele episódio, tive meu momento de revelação — meu momento de conscientização dolorosa que me impeliu a empreender uma jornada para me livrar das distrações e agarrar o que importava de fato. Isso aconteceu três anos atrás — três anos de redução gradual do excesso e das distrações eletrônicas em minha vida.

Três anos me libertando do padrão de perfeição inalcançável e da pressão social para “dar conta de tudo”. À medida que fui me liberando de minhas distrações internas e externas, a raiva e o estresse acumulados dentro de mim se dissiparam, pouco a pouco. Carregando um peso mais leve, fui capaz de reagir aos equívocos e travessuras de minhas filhas de maneira mais calma, compassiva e razoável.

Eu dizia coisas como: “É apenas uma calda de chocolate, nada mais. Você pode passar um pano, e o balcão ficará novinho em folha.”

(Em vez de soltar um suspiro de exasperação, completando com uma revirada de olhos.)

Eu oferecia segurar a vassoura enquanto ela varria um mar de sucrilhos que cobria o chão.

(Em vez de ficar em pé diante dela com um olhar de desaprovação e aborrecimento total.)

Eu a ajudava a pensar onde poderia ter deixado seus óculos.

(Em vez de criticá-la por ser tão irresponsável.)

E nos momentos em que a pura e simples exaustão e os choramingos incessantes estavam prestes a me tirar a calma, eu entrava no banheiro, fechava a porta e me dava um momento para soltar o ar e me lembrar que elas eram crianças, e que crianças cometem erros. Exatamente como eu.

Com o tempo, o medo que antes aparecia nos olhos de minhas filhas quando se metiam em problemas desapareceu. E, graças a Deus, eu virei um refúgio para elas nos momentos de dificuldades, em vez de ser a inimiga de quem precisavam fugir e se esconder.

Não sei se eu teria tido a ideia de escrever sobre esta transformação profunda, não fosse pelo incidente que aconteceu quando eu estava terminando o manuscrito de meu livro. Naquele momento, senti o gostinho da vida me derrubando, e a vontade de berrar estava na ponta de minha língua. Eu estava chegando aos capítulos finais e meu computador travou. De repente, as correções feitas em três capítulos inteiros sumiram diante de meus olhos.

Passei vários minutos tentando freneticamente reverter para a versão mais recente do manuscrito. Quando isso não funcionou, consultei o backup Time Machine, mas descobri que também ele tinha apresentado um erro. Quando percebi que eu não recuperaria jamais o trabalho que tinha feito sobre aqueles três capítulos, tive vontade de chorar — mas, ainda mais que isso, de ficar furiosa.

Mas eu não podia, porque era hora de buscar as meninas na escola e levá-las no treino de natação. Com muito autocontrole, fechei meu laptop calmamente e me fiz lembrar que poderia haver problemas muito, muito piores que reescrever aqueles capítulos. Então disse a mim mesma que não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer naquele momento.

Quando minhas filhas entraram no carro, perceberam imediatamente que havia algo de errado. “O que foi, mamãe?” perguntaram em uníssono, depois de um olhar para meu rosto pálido.

Tive vontade de berrar: “Acabei de perder um quarto de meu livro!”. Tive vontade de socar a direção do carro, porque o último lugar onde eu queria estar naquele momento era no carro. Eu queria ir para casa e consertar meu livro, não levar crianças para a natação, torcer maiôs molhados, pentear cabelos emaranhados, fazer o jantar, lavar louça suja e colocar as crianças na cama.

Mas, em vez disso, falei com calma: “Está um pouco difícil para mim falar neste momento. Perdi parte de meu livro. E não quero falar, porque estou muito frustrada”. “A gente sente muito”, disse a mais velha, falando pelas duas. E então, como se soubessem que eu precisava de espaço, fizeram silêncio até chegarmos à natação.

As meninas e eu fizemos as coisas do nosso dia, e, embora eu tenha ficado mais silenciosa que de costume, não gritei e me esforcei ao máximo para não pensar no problema do livro.

Finalmente, o dia estava quase no fim. Ajeitei as cobertas em volta de minha filha menor e me deitei ao lado da minha filha maior para nossa “hora de bate-papo” de todas as noites.

“Você acha que vai conseguir os capítulos de volta?”, minha filha perguntou. Foi quando comecei a chorar. Não tanto pelos três capítulos, eu sabia que poderiam ser reescritos. Chorei mais pela exaustão e frustração de escrever e editar um livro. Eu tinha estado tão perto do final. Ter aquilo arrancado de mim de repente era incrivelmente decepcionante.

Para minha surpresa, minha filha esticou a mão e fez um carinho suave no meu cabelo. Disse coisas tranquilizadoras, como “computador pode ser tão frustrante!” e “eu poderia dar uma olhada no Time Machine e ver se dou um jeito no backup”. E depois, finalmente, “Mamãe, você dá conta disso. Você é a melhor escritora que conheço” e “vou te ajudar de qualquer jeito que eu puder”.

Em minha hora de dificuldade, ela estava ali, paciente, compassiva, me encorajando, alguém que não sonharia em me chutar quando eu já estava no chão.

Minha filha não teria aprendido essa reação de empatia se eu tivesse continuado a ser gritadora. Porque gritar fecha a comunicação, corta o laço. Leva as pessoas a se distanciarem, em vez de se aproximarem.

“O importante é que… Minha mãe está sempre ao meu lado, mesmo quando me meto em problemas”. Eis o bilhete daquele dia:

Minha filha escreveu isso sobre mim, a mulher que passou por uma fase difícil, da qual ela não se orgulha, mas com a qual aprendeu. E, nas palavras de minha filha, enxergo esperança para outros.

O importante é… Que não é tarde para deixar de gritar.

O importante é… Que as crianças perdoam — especialmente se vêem a pessoa que amam se esforçando para mudar.

O importante é… Que a vida é curta demais para perdermos a calma por causa de cereal derrubado ou sapatos que você não sabe onde deixou.

O importante é… Não importa o que tenha acontecido ontem, hoje é um novo dia.

Hoje podemos optar por uma reação pacífica.

E, fazendo isso, podemos ensinar a nossos filhos que a paz constrói pontes.

Pontes que podem nos levar até o outro lado em momentos de dificuldade.

TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST

Imagem de capa: MilanMarkovic78/shutterstock

Cuidado com o que você deseja

Cuidado com o que você deseja

Tenho o costume de escrever cartas para Deus. Como tudo em minha vida termina em um bloquinho de papel e uma caneta, esta é a forma mais fácil de entrar em contato com o sagrado que há em mim.

Esse hábito vem de um tempo distante, em que era comum viver dando cabeçadas e acreditar que jamais “daria certo” ao lado de alguém. Eu sofria a perda de um grande amor, e não conseguia imaginar outra pessoa (realmente boa) para ocupar esse lugar no meu coração. Então resolvi jogar o problema para Deus. Escrevi uma carta longa, em que eu descrevia, tim tim por tim tim, como deveria ser esse alguém. Parecia exigência demais, mas eu queria ser bem específica no querer. Passado algum tempo (não me lembro quanto), conheci meu futuro marido. De imediato não me lembrei da carta, mas um dia encontrei-a no fundo de uma caixa, e qual não foi minha surpresa ao perceber que aquele homem correspondia fielmente à descrição que eu pedira a Deus?

Tudo isso tem ares de literatura tipo “O Segredo”, e não gosto de pensar assim. Porém, acredito que nossa realidade mental é muito mais ampla do que podemos imaginar, e pode sim direcionar nossa realidade externa em maior ou menor grau.

A gente tem que ter cuidado com o que deseja. Porque bem lá no fundo de cada um, uma luz se acende com nosso querer, e faz de tudo para não se apagar enquanto a gente não realizar o que anseia, mesmo que inconscientemente.

Você sabe realmente o que está desejando? Tem sido responsável com seus pensamentos e desejos? Sabe em que medida a vida concorda com seus mais secretos sonhos?

Muitas vezes o medo ceifa a concretização de nosso desejo. Então mesmo querendo muito alguma coisa, nosso medo boicota nosso destino, e assim nada se concretiza. Quantas vezes ouvi histórias de mulheres tentando engravidar, que só conseguiram depois que adotaram? Talvez o medo de tentar e não conseguir acabe sabotando a concretização dos planos. Mas a partir do momento que adota (e portanto não fracassa), relaxa com o medo e consegue.

Do mesmo modo, boicotamos nossos planos de encontrar alguém para partilhar a vida, mudar de emprego, abrir um negócio próprio, ter um segundo filho, se dedicar pra valer a um sonho, viajar pra um lugar distante, aprender a dançar, largar o namorado, assumir uma nova identidade, ir para a terapia, praticar algum esporte. Tudo são desejos, mas no fundo queremos realmente que se concretizem? Será que desejamos o bastante?

Que nosso desejo não seja diminuído por nossos medos, e que nossa capacidade de sonhar não se perca nos vapores do tempo.

Que a gente siga acreditando que pode melhorar nossa realidade a partir de nossos próprios pensamentos, e que nunca nos falte a capacidade de sorrir, aceitar os colos e abraços, e recomeçar de um jeito novo, sem a companhia da desesperança.

Que a gente não desista de tentar, arriscar, desejar. E que permaneça acreditando na ternura e alegria, mesmo quando tudo é só ventania.

E que não nos falte coragem, pois desejar o que se quer e saber o que devemos atrair não é tão simples como deveria ser.

Que haja sabedoria e humildade. Alegria e coragem. E que não nos falte ânimo para superar os desejos frustrados e as mudanças de rota, partes do processo lindo que é simplesmente viver…

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Imagem de capa: Yuriy Seleznev/shutterstock

Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas

Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas

A fugacidade da vida é algo fascinante e ao mesmo tempo aterrorizante. Em dado momento, estamos fazendo planos, sonhando com o futuro e, de repente, anos já se passaram e todo aquele entusiasmo de outrora já não existe. Sendo assim, estamos sempre correndo contra a finitude do tempo, buscando de algum modo de impedir que os sinos toquem. Dada a sua finitude, a vida, portanto, deve ser valorizada, já que é isso que lhe confere valor. E, quando chego a esse ponto, questiono-me se estamos vivendo vidas que merecem ser vividas.

Estamos cada vez mais condicionados a uma vida voltada para o consumo, em que há uma desvalorização por completo do ser, uma vez que, nesse jogo, a única coisa que importa é o “ter”. Desse modo, passamos a vida acumulando coisas, embora tenhamos vidas vazias, solitárias e desprovidas de amor.

Estamos sempre falando, correndo de um lado a outro do palco, como disse Shakespeare, à procura de plateias que nos escutem. Entretanto, não estamos dispostos a ouvir ninguém, já que não nos preocupamos minimamente com nada que não gire em torno do nosso ego, tampouco existe vontade de colocar-se no lugar de outrem, buscando, de algum modo, sentir a sua dor.

Estamos sempre fazendo contas, buscando equações que nos tornem mais poderosos e bonitos aos olhos da sociedade e, assim, transformamo-nos em máquinas que fazem sempre a mesma coisa, seguindo as regras e ditames determinados pelos símbolos de sucesso e felicidade. Desse modo, como podemos fazer falta, sendo completamente iguais aos outros? Sem algo que nos torne únicos? Sem idiossincrasias?

Estamos querendo levar vidas importantes e, por isso, cercamo-nos de riquezas e sorrisos de pessoas que o máximo que conhecem é o nosso nome. Mas isso pouco importa, quando se está em um carro zero importado, não é? Todavia, ser importante é ter uma vida que, chegada ao fim, continua existindo nos sentimentos e lembranças importados por alguém que nos amara.

Estamos em plena era da conexão, mas vivemos isolados em nossas ilhas afetivas, protegidos pelos muros do individualismo e cobertos por uma rede wireless de egoísmo. Não dizemos mais eu te amo, apenas não me “delete”. Fingimos que o mundo é plural, entretanto, a diversidade não possui lugar diante do ódio e da intolerância.

Estamos sempre felizes, mesmo que essa felicidade seja esvaziar um Shopping Center ou esteja em um comprimido, afinal, não há espaço para a fraqueza em um mundo repleto de belezas e alegrias. Mas, se algo continua a incomodar, nada que mais algum divertimento consumista não resolva ou, quem sabe, mais uma pílula da felicidade.

Diante disso, volto à pergunta inicial: estamos levando vidas que merecem ser vividas? Acredito que não, já que, em nome do Deus “Mercado”, nós valorizamos apenas coisas e, assim, ficamos condicionados e adestrados, servindo obedientemente a um estilo de vida individualizante, egoísta e opressor, o qual renega o que há de mais divino na vida: a conexão entre duas pessoas, algo que deveria ser a nossa maior preocupação e a nossa maior riqueza, já que, na vida, o único troféu que ganhamos é ter o nosso eu ecoando dentro de outro coração. No entanto, isso é apenas para quem ainda não se transformou em cogumelo e não se esqueceu, como disse Saint-Exupéry, de que na vida: “Só há um luxo verdadeiro: as relações humanas.”

Imagem de capa: Reprodução

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