Um grande coração é feito de pequenas gentilezas!

Um grande coração é feito de pequenas gentilezas!

“A gentileza é a essência do ser humano. Quem não é suficientemente gentil, não é suficientemente humano.” – Joseph Joubert.

Ontem fui à feira com minha mãe. Chegando lá, pedimos 3 pasteis. Cada pastel custava R$5,00 reais, ou seja, gastamos R$15,00 reais.

Para acompanhar, pedimos um caldo de cana grande no valor de R$4,00 reais. Ao todo, nossa conta daria R$19 reais.

A senhora que nos atendeu, acabou nos cobrando apenas R$15,00 reais, esquecendo-se de cobrar o caldo de cana.

Conforme eu e minha mãe fomos andando, notamos que o troco estava errado. Eu disse a ela que seria certo voltarmos para pagarmos o que consumimos. Imediatamente, ela concordou comigo. Voltamos à mesma banca e fizemos o que nosso coração nos pediu.

A senhora que nos atendeu, ficou muito surpresa com nossa ação, e, convenhamos, hoje em dia é raríssimo encontrarmos pessoas que fariam o mesmo. Não generalizando, entretanto, sabemos que está ficando cada dia mais difícil encontrarmos pessoas que carregam em si honestidade.

Após entregar a ela os R$4,00 reais me senti tão bem. Pode ser algo tão simples, mas trouxe uma paz imensa para meu coração.

R$4,00 reais pode parecer pouco, mas faz muita diferença na hora de fechar um caixa. Creio que aquela senhora trabalha para ajudar sua família, e seria cruel de minha parte, ir embora com aquele valor sabendo que consumi a mais.

Não mereço o Oscar por ter tomado essa decisão, contudo, me senti feliz ao saber que posso mudar o dia de alguém com o pequeno gesto.

Ações do bem para com o próximo, além de arrancar um sorriso genuíno de quem as recebe, nos causa uma sensação de conforto inexplicável.

Parece que o coração sente quando fazemos o bem, e como recompensa, sentimos a paz instalando-se dentro de nós em questão de segundos.

Imagem de capa:Oksana Mizina/shutterstock

Não precisamos ser legais com todo mundo, mas devemos ser leais a quem amamos

Não precisamos ser legais com todo mundo, mas devemos ser leais a quem amamos

A lealdade é uma das melhores qualidades que alguém pode ter, pois se caracteriza como fidelidade aos compromissos assumidos, valendo-se do respeito a princípios e regras atrelados à honra e à probidade, assim como se encontra descrita em dicionários. Em tempos de supervalorização das aparências e de relacionamentos interesseiros, pessoas leais se destacam, uma vez que seus princípios não se enfraquecem sob os apelos de uma vida supérflua.

Pessoas leais mantêm firme tudo aquilo que compõe a própria essência, em sua vertente mais humana, entendendo que nada pode ser mais forte do que a confiança que se transmite, através de um comportamento ético e coerente. Conseguem discernir entre o que é passageiro e o que é para sempre, ou seja, não se iludem com o que possa vir fácil, mas sem trazer contentamento íntimo. Dessa forma é que confiamos nessas pessoas, pois sabemos que guardarão o que lhes dermos, na melhor parte de seus corações.

Pessoas leais amam com inteireza, doando-se integralmente, pois têm noção de que relacionamentos sobrevivem a muita coisa, menos à falta de verdade e de reciprocidade. Olham para muito além do próprio mundo, do próprio umbigo, enxergando o outro e colocando-se no lugar de quem está ao seu lado. São conscientes de que é dando que se recebe, de que a vida sempre retorna aquilo que se oferece. Isso lhes enche de esperanças.

Pessoas leais são sinceras conosco, portanto, não falarão mal de nós aos outros, simplesmente porque tentarão sempre se acertar com a gente, de perto, olhando nos olhos. Podem mudar de cargo, de emprego, de cidade, que jamais se esquecerão daqueles que sempre estiveram ao seu lado. São gratas e, por isso mesmo, sempre avançam, mantendo junto de si aqueles que fizeram parte de sua jornada com verdade e sinceridade. Sabemos que sempre poderemos contar com elas.

Não nos enganemos pelas aparências, as pessoas são muito mais do que aquilo que mostram – há um mundo dentro de cada um de nós. Manter junto quem for verdadeiro e confiável sempre nos poupará de problemas futuros. Não precisamos ser legais com todo mundo, mas é essencial sermos leais a quem amamos e nos ama com sinceridade. Sempre.

Imagem de capa: KieferPix/shutterstock

A surpreendente vitória de quem sabe perder.

A surpreendente vitória de quem sabe perder.

Assistindo à vida esvair-se dos olhos de meu Yorkshire, quando finalmente resolvi poupá-lo do sofrimento que meu egoísmo lhe demorava, agarrei-me mais fortemente à minha própria vida, como que me conscientizando da certeza de um dia também chegar a minha hora de partir. Ficou mais claro, para mim, que quanto mais vivemos, mais perdas acumulamos, e quanto mais perdemos, mais queremos viver, agarrando-nos ao que nos resta com a força que nos sobrou.

Todo chavão é muito verdadeiro, não há dúvidas de que ficamos mais fortes à medida que vamos sobrevivendo ao que a vida nos tira. Ouço isso desde pequeno, quando morreu meu querido Porquinho da Índia, quando perdia nos jogos de tabuleiro, quando os trapalhões não sorteavam a minha carta, quando sentia arder o merthiolate vermelho. Porque inclusive a gente já perde quando nasce ao ter que deixar o ventre acolhedor de nossa mãe, mas ganha a vida lá fora. A vida quer que a gente sempre ganhe.

Minha mãe sem dúvida foi minha melhor e maior referência de mundo, sendo seu sorriso gostoso meu mais eficiente combustível de vida. Ela se foi aos poucos, enquanto eu me despedia dela e me preparava para aquele amanhã sem sua presença. Doeu além da conta não a ter mais comigo, e fui obrigado a procurar forças em mim mesmo para enfrentar a lida diária. Sua morte me fortaleceu muito, tornando-me mais autônomo emocionalmente, obrigando-me também a me aproximar de meu pai, a quem até então eu não dava a devida atenção. Irônico consolo, no fim inexorável da morte existe um recomeçar.

A morte é a perda absoluta de algo fora de nós, pois leva sem volta, sem chances de conseguir de novo. Mesmo assim, dentro da gente há crescimento, que as memórias prazerosas de quem se foi alimentam enquanto reorganizamos nossos sentidos. Da mesma forma, perder traços do que nos define naquilo que somos parece ser irreversível. Voltar a confiar em quem nos traiu, no político que se envolveu em falcatruas, no artista enredado em escândalos é um caminho difícil a ser percorrido. Confiança é muito parecida com a morte nesse sentido, pois ela parece teimar em ir embora para sempre. Mas mesmo o caráter possui a capacidade de regenerar-se, pois a vida não condena ninguém de forma perpétua.

Perder-se enquanto se explora a vida em suas múltiplas oportunidades e armadilhas, ao contrário do que possa parecer, é benéfico – como disse Lispector, perder-se também é caminho. Muitas vezes temos que levar o fel até a boca, sentir-lhe o amargor, para então evitá-lo em nossas vidas, pois a experiência pode ser – e quase sempre é – mais didática do que a teoria discursiva. Sofrer as consequências do que fizemos é, por isso, um aprendizado incomparável, embora doloroso, pois lidamos com o pior de nós mesmos e temos que fazer alguma coisa daquilo tudo, caso queiramos continuar caminhando. Os porres que tomei, os empregos que me dispensaram, as garotas e amigos que perdi fizeram com que eu enxergasse meu lado ruim e tentasse mudá-lo. É assim com todo mundo.

A vida não gosta de gente acomodada e resignada e trata de nos chacoalhar o tempo todo, de forma dolorida, mas, na maioria das vezes, colhendo bons resultados. Vamos nos tornando mais gente após os reveses e tsunamis emocionais, pois as dores nos absolvem de nossos pecados imaginários, aparam as arestas que emperram nosso aprimoramento pessoal. Por mais que tentemos fugir aos desvios de caminho e ao enfrentamento do que restou de nossas escolhas, será inevitável o recolhimento dos cacos, o reerguer-se, o pesar da culpa e do remorso que nos dão as mãos em direção a um futuro com menos erros.

As perdas são vitais, imprescindíveis e necessárias para que continuemos tentando de novo, dia após dia. Elas nos trazem de volta aos caminhos desejáveis, nos forçam a repensar nosso modo de vida, nos jogam em meio à escuridão aqui de dentro, para que sejamos resgatados por quem devemos nutrir amor verdadeiro. O sofrimento é libertador, aumenta nossa fé, nosso querer viver mais e melhor, nossa busca pelo conforto junto a quem amamos verdadeiramente. Como nos ensinam desde a mais tenra idade, perdas nos trazem ganhos, fraquezas nos fortalecem, tombos nos levantam, cada vez mais seguros do que somos, de quem amamos, do que não podemos e do que realmente queremos. A beleza disso tudo é que a vida é incansável e estará pronta a nos dar novas chances, que nascem a cada amanhecer, sempre, todos os dias, para mim, para você, para todos nós que ainda estamos vivos.

Imagem de capa: everst/shutterstock

Dê chance à esperança de se fortalecer

Dê chance à esperança de se fortalecer

O cenário pode não ser dos melhores, as informações chegam numa velocidade absurda, impossíveis de serem processadas em sua maioria, as guerras nos tempos atuais nos deixam cada vez mais pesarosos e impotentes, assistindo à barbárie que não tem fim, a ganância continua a produzir efeitos devastadores à humanidade… É desalentador.

E, não fosse o bastante, cada um carrega seus próprios conflitos, medos, traumas e insatisfações. Se alguém ousar parar para pensar e perguntar o sentido disso tudo, o leque de respostas cabíveis pode ser desalentador. E quando a gente se pega perguntando o sentido da vida, o por que de lutarmos tanto e por tanto tempo, via de regra o que nos sustenta e fortalece é a esperança de dias mais leves e melhores, de menos sofrimento no mundo, de momentos desfrutando a tão sonhada felicidade, que perseguimos no sentido contrário do relógio, já que o tempo leva tudo consigo, até mesmo os momentos mais preciosos.

A ótica pessimista diz que não faz sentido algum empreender qualquer esforço, já que o final é esperado e ninguém nos livrará dele. Quanto menos envolvimento, menos sofrimento. Há quem prefira.

Contudo, é inegável o efeito dos mágicos momentos felizes de uma vida. A inebriante e gratificante sensação de pertencer ao todo, de compartilhar a vida com afetos queridos, gerar um filho, acompanhar seu crescimento, suas conquistas, ter um amigo por perto, atravessar uma ponte, um estado ou um oceano para encontrar alguém querido. E por esses e todos os milhões de sentimentos que avivam a alma, novamente a esperança se fortalece. Novo olhar é lançado sobre o mundo, novos desejos de construir e colaborar por uma vida melhor para a humanidade.

Quando estamos felizes, queremos o bem de todos. Quando estamos plenamente felizes, sequer admitimos a ideia de deixar alguém sofrendo. É a felicidade que nos liberta e é a esperança de que a felicidade está por perto que nos conta qual o sentido para todas as vidas. Ela é aliada e cúmplice, e não desiste fácil, apesar de enfraquecida e cansada de ser trocada pelas mazelas do mundo.

Não é uma questão de utopia, mas de lógica. Em vida, que seja uma vida desperta, atuante e ativa, fortalecida de esperança. Com ela por perto, consegue-se enxergar o lado bom, o sentido.
Depois, tudo vira história e memória. E cada um conta a sua, do jeito que viveu.

Imagem de capa: Evgeniy pavlovski/shutterstock

Largue os bens materiais e viaje

Largue os bens materiais e viaje

Existe um dilema bastante presente na vida de todos os humanos, e como é óbvio este encontra-se relacionado com o dinheiro e como gastá-lo.

De acordo com James Wallman o primeiro passo para tomar esta consciência, passa por reconhecer que por vezes ter mais coisas não significa ser mais feliz, até porque na maior parte dos casos ou não as usa ou fica farto delas bem depressa. O segundo é tentar encontrar algo que seja mais significativo para si do que propriamente estes bens materiais e por fim ele refere que a solução encontra-se na experiência, pois em vez de a comprar está a adquiri-la.

Pode-se então referir que, em vez de gastar o seu dinheiro em coisas materiais, porque não investi-lo em algo que o faça mais feliz e do qual nunca se arrependa? E isto significa viajar!

Mas se ainda tem dúvidas sobre o que lhe acabamos de revelar, porque não dar uma vista de olhos nas razões que o comprovam.

Em primeiro lugar, existe uma maior dificuldade em comprar a experiência do que os bens materiais, pois não existe nenhuma viagem igual a outra. Além de ganhar muito mais bagagem, isto quer dizer, mais conhecimentos acerca do país em si e dos seus habitantes, acaba  por conhecer outras pessoas, criar memórias e porque não fazer amigos.

Por outro lado, se gosta de viajar a dois isto faz com que saia da rotina e tenha mais tempo para si e para a sua cara metade, embora também o possa fazer sozinho e nesse caso a experiência vai ser sempre mais do que fantástica. Em relação aos bens materiais eles não lhe permitem fazer isto, e por vezes acabam por separar ainda mais as pessoas.

A perspetiva com que fica após fazer uma viagem é algo de extraordinário, até porque nenhum país é igual, bem como as suas crenças, os seus habitantes, os seus costumes e de certeza que vai acabar por dar mais valor a estas coisas do que propriamente aos objetos, pois esses não lhe enriquecem a mente e na maior parte dos casos apenas o fazem desperdiçar dinheiro em vão.

Pode dizer-se que uma viagem fica para sempre marcada na sua vida, pois não interessa a idade que tinha ou que tem, interessa a sua felicidade e como foi feliz durante aquela semana, ou quem sabe aquele mês. O fato de poder partilhar as suas experiências com outras pessoas acabam por deixá-lo entusiasmado e pronto para escolher o próximo destino.

Por fim, é uma excelente forma de crescer e aprender um pouco mais sobre si, assim como sobre os outros. Se está a passar por um momento mais complicado é ideal para conseguir relaxar e libertar a cabeça, até porque vamos ser sinceros fazê-lo dentro de um centro comercial nunca lhe vai trazer a mesma sensação!

Podemos no entanto, dizer que as viagens são sem dúvida uma forma de felicidade e embora nem todos tenham a possibilidade de as fazer continuamente, pelo menos que o façam uma vez na vida.

Fonte indicada: Sapo

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A dádiva de ser inadequado

A dádiva de ser inadequado

A sociedade contemporânea, teoricamente construída sob a égide da liberdade, vem se apresentando como uma era extremamente ditatorial, em que devemos estar adequados aos ditames impostos pela ordem estabelecida, de tal modo que, todos aqueles que impetuosamente descumprem as suas regras, são vistos como “selvagens”.

Devemos, segundo os que se acham nossos donos, ter sucesso. Entretanto, esse sucesso é definido, quase que categoricamente, por ganhar dinheiro. Ou seja, devemos ter profissões que nos permitam isso, ainda que não gostemos minimamente do que fazemos, uma vez que devemos manter a imagem de “vencedores” perante os outros.

Não há espaço para a dúvida, para o questionamento, para a crítica. Pelo contrário, não devemos ser transgressores da ordem e do progresso. Precisamos nos adequar a um sistema que se pressupõe perfeito. Contudo, como um sistema pode ser perfeito, criando marionetes presas em jaulas? Determinando o que faz as pessoas felizes e condenando as que se opõem à sua fórmula de felicidade?

Essa estrutura cria uma pressão social sobre o indivíduo, de modo que este deve saber de tudo o tempo inteiro. Mas é com o passar do tempo que vamos nos conhecendo e descobrindo o que somos. Somente nós sabemos o que nos agrada e traz felicidade, pois não há ninguém que nos conheça melhor do que nós mesmos.

No entanto, a sociedade, que julga nos conhecer melhor e saber o que nos faz feliz, trata os que pensam fora da caixinha e buscam o autoconhecimento como indivíduos inferiores e incapazes de se adequar à sociedade. Não raras vezes, são taxados de depressivos, pelo simples fato de viverem da forma como julgam interessante, buscando o seu próprio lugar no universo.

Nessa busca do que se é, caímos e choramos muitas vezes, por sermos corajosos, demonstramos o que sentimos, pois a fragilidade faz parte da condição humana. Ninguém sabe de todas as coisas e é forte o tempo inteiro. A precariedade é uma condição da existência, afinal, sobre o que temos total controle na vida? Todavia, essa incerteza existencial é condenada, pois, se existe a “fórmula da felicidade”, por que sentir dúvida?

“Inadequação sugere inferioridade, e ser inferior, ser visto com tal, é um golpe doloroso contra a autoestima, a dignidade pessoal e a coragem da autoafirmação. A depressão é agora a doença psicológica mais comum. Ela atormenta um número crescente de pessoas que receberam a designação coletiva de “precariado”, expressão cunhada a partir do conceito de “precariedade”, denotando a incerteza existencial”. 

Ser inadequado, portanto, é ter a rara capacidade de sentir, isto é, ter sentimentos, perceber o que acontece ao seu redor, como isso lhe afeta e o que acontece dentro de você. Em outras palavras, ser inadequado é poder ser você mesmo, sem regras, sem ditames e fórmulas. É poder se guiar pelo seu coração e saber o que lhe apetece. É poder ser mais do que uma máquina que faz tudo exatamente como lhe é ordenado, ou seja, ser “adequado”.

Ser inadequado é sentir dúvidas e poder rever os seus conceitos e preconceitos. Ser inadequado é saber que nem sempre haverá estabilidade, pois, algumas vezes, seremos apenas a torrente de emoções conjuntas e incontroláveis. Ser inadequado é poder sentir dores e também poder amar. Ser inadequado é poder sentir intensamente a vida, pois momentos vividos com intensidade tornam-se memórias que perpassam pela eternidade.

“Com suas mães e seus amantes; com suas proibições, para os quais não estavam condicionados; com suas tentações e seus remorsos solitários; com todas as suas doenças e intermináveis dores que os isolavam; com suas incertezas e sua pobreza – eram forçados a sentir as coisas intensamente. E, sentido-as intensamente (intensamente e, além disso, em solidão, no isolamento irremediavelmente individual), como poderiam ter estabilidade?”

Ser inadequado é saber que existem muitas coisas que você queria fazer, mas não faz. Ser inadequado é saber que existem coisas que só você faz, ainda que não saiba. Ser inadequado é tentar descobrir quem você realmente é. Ser inadequado é saber que, na vida, não existem muros de proteção. Ser inadequado é permitir que escolhas façam você. Ser inadequado é permitir que alguém bagunce a sua vida. Ser inadequado é ser o seu eu por inteiro, sem medo dos julgamentos, pois, como diz Veríssimo:

“[…] eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.”

Imagem de capa: Igor Sinkov/shutterstock

Por que nos enganamos tanto com algumas pessoas?

Por que nos enganamos tanto com algumas pessoas?

Por que aquela pessoa maravilhosa deixou de gostar de você? Como a amiga que você pensava ser tão fiel teve coragem de fazer o que fez? E aquele  funcionário que parecia tão digno de credibilidade, como pode ter se mostrado tão irresponsável  e negligente a ponto de precisar ser dispensado por pura incompetência?

Questões como as elaboradas acima nos assombram durante toda a vida e sentimentos de arrependimento, mágoa e traição são constantes nessas ocasiões.

…mas o que realmente teria acontecido?

Um dos grandes erros, já tratado em um texto anterior, é achar que as pessoas que nos circundam possuem valores e objetivos semelhantes aos nossos.

Seja por falta de empatia, ingenuidade ou puro excesso de vaidade, tendemos a acreditar que o comportamento do outro será similar ao que teríamos em situações parecidas ou, o que é pior, ao que idealizamos que teríamos.  Então, se eu sou pontual e fiel às minhas promessas e compromissos, espero que o outro também seja quando, na verdade, a pessoa pode não dar nenhum valor a palavra dita. Não são raras, por exemplo, pessoas que concordam com o solicitado sem nenhuma intenção de cumprir o prometido. Acontecem também casos de pessoas que “acham” que farão enquanto concordam, mas que logo em seguida elegem outras prioridades pessoais, inventam desculpas para si mesmas e simplesmente ignoram o assunto.

Estão erradas as pessoas que assim o fazem ou estaria errado aquele que vivencia repetidamente esse tipo de situação e permanece esperando responsabilidade de irresponsáveis, compromisso de quem não tem palavra, fidelidade de quem já se mostrou infiel por diversas vezes?

Um segundo aspecto que nos cega frente à realidade é o envolvimento emocional…

Tendemos a manter relações mais flexíveis e favorecer pessoas de quem gostamos mais. Somos mais tolerantes e, muitas vezes, nem somos capazes de enxergar aspectos de realidade que aparecem repetidamente para nos avisar que aquela opinião que temos com relação à pessoa pode não ser totalmente verdadeira. Nesse caso enquadram-se, por exemplo,  os apaixonados que veem o mundo conforme ditam seus sonhos e reações físicas. A realidade pode simplesmente ser ignorada ou, quando se apresenta de forma abrupta, é racionalizada e criam-se desculpas e justificativas para a “falta” do ser amado. Manipuladores também se aproveitam das brechas emocionais das relações afetivas e, só o tempo consegue mostrar a verdade.

 

Temos ainda uma tendência a supervalorizar nossos julgamentos e escolhas como acertadas e inquestionáveis…

É o que acontece com quem contratou o funcionário que não merecia credibilidade, mas que o continuou tolerando porque achava que ele tinha pontos positivos que justificavam sua presença quando, na verdade, os pontos negativos já tinham se mostrado imensamente superiores. Nessas situações temos que lidar com a necessidade de mudanças, com o prejuízo financeiro, com o orgulho ferido de ter que engolir os dissabores que restaram da relação e, algumas vezes, até da falta de caráter. Nas relações afetivas isso aparece nos trâmites do divórcio, na administração dos bens, no que será feito para lidar com as crianças nessa fase de transição.

O engano maior, entretanto, parece estar relacionado à SUBVALORIZAÇÃO da convivência e do tempo antes da criação de REAIS convicções.

Uma pessoa não pode ser considerada de confiança após um mês de convívio. Não amamos após três meses de namoro. Não devemos investir financeiramente em quem efetivamente não mostrou merecer. E é por isso que nos sentimentos traídos, magoados e ressentidos quando tudo dá errado. O engano, porém, é direcionado ao alvo do sentimento e acaba por tornar-se “quase” um inocente frente ao excesso de conteúdo que projetamos como certo e inquestionável. A realidade, entretanto, nos mostra que lidávamos com estranhos. Normalmente aquela pessoa já era irresponsável, o traidor já traiu antes, o canalha já arrasou outras vidas manipulando os pontos fracos de quem esteve por perto. Mas nós, cheios de verdades, não nos permitimos o tempo do entendimento e do real conhecimento do outro. É fato ainda, que na maioria das vezes, nós já sabíamos a verdade, mas a ignoramos de alguma forma.

O que acontece?

Nós precisamos dos laços, precisamos das pessoas, do trabalho e de votos de confiança no início das relações. Entretando, da mesma forma que temos escolhas baseadas na experiência e na intuição (o cérebro nos avisa com sinais que nem imaginamos), também não podemos nos esquecer que nossas escolhas nem sempre são tão racionais quanto parecem e, até mesmo a escolha que parecia acertada, poderia ser uma bela repetição de auto sabotagem… é dureza, mas é fato.

O que fazer?

Nossa vida e experiências anteriores nos alertam e nos tornam mais sensíveis nas escolhas. Mas também precisamos da maturidade para enxergar o erro, para virar a página, para nos afastarmos de pessoas tóxicas. É preciso pensar sobre o que realmente mantinha aquela relação.

Apenas assim serão possíveis tempos de paz com pessoas que merecem o que temos para lhes dar e de quem podemos receber real afeto.

Da próxima vez em que você se sentir traído após o fim de qualquer tipo de relação, lembre-se da sua responsabilidade e de todos os sinais que teve antes da gota d’água. Isso pode ajudar a diminuir a raiva e a frustração na hora de continuar, pois você poderá confirmar que nada foi tão repentino quando parecia. Aquilo já acontecia, só precisava de confirmação. E, o mais importante, o conhecimento da realidade sempre será a melhor chave para a abertura de novas portas.

Virar a página e livrar-se de relações tóxicas deve ser um grande motivo de prazer e realização. Chore, revolte-se, tenha o seu tempo para a digestão do ocorrido. Mas passado esse momento, seja bem-vindo (a) a um mundo mais consciente.

Imagem de capa: Africa Studio/shutterstock

Não faça drama. Faça dar certo

Não faça drama. Faça dar certo

Liga não. Essas caras de fúria, esses olhos arrogantes fuzilando quem está perto, essa gente que não responde quando você diz “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, esses carros acelerando no farol vermelho contra as faixas de pedestre, nenhum deles vai mudar se você explodir. Respira, se apruma, segue em frente. Deixa-os lá atrás.

Não, o fato de tomar distância de quem lhe faz mal não torna você pessoa conformista. Faz de você alguém no exercício de sua inteligência e de sua liberdade. Ser livre é poder largar mão de quando em vez. E eu tenho a impressão de que não se pode mudar um canalha, um esnobe ou um criminoso jogando na cara dele o quanto ele está enganado. Quase sempre, só vai ajudá-lo a se tornar pior. Melhor se afastar.

Postar-se de pé no meio da rua para frear um ônibus que vem acelerando, e cujo motorista não vai parar no ponto por pura maldade, não vai fazer de você um herói. Vai transformá-lo em suicida. Reagir a um assalto explicando ao ladrão que o que ele deseja fazer é uma sacanagem só vai piorar as coisas. Os mais velhos davam a isso o nome de “murro em ponta de faca”. Não adianta. Melhor é sair da frente do touro, correr até um lugar seguro e pensar com seus botões: “mas por que raio esse touro está tão bravo?”.

Saia de perto e pronto. Tomar distância de quem o desagrada não é covardia, não. É um gesto de coragem. Também não é a solução para todos os males, é só uma estratégia: ao se afastar de quem lhe faz mal, você se aproxima daqueles a quem ainda pode fazer uma coisa boa. Pequenas e importantes atitudes de bondade alimentadas todos os dias, a qualquer hora. Gestos simples e boas ações a quem quer que seja. Caminhando, você vai saber quem são essas pessoas e o que fazer de bom a elas.

Aos poucos, com o trabalho árduo de cada um, a bondade, a gentileza, a educação, o respeito e as intenções amorosas serão mais fortes, maiores, irrebatíveis, incontornáveis. Então a sanha dos seres com motivações maldosas vai morrer à míngua, aos poucos, até se tornar tão insignificante que na prática deixará de existir.

Olha, fácil não há de ser. A vida não é videogame. Pena, mas a gente não escolhe entre os modos easy, médium, hard. A gente encara o que vem. Trabalha, cuida, se esforça, planeja, pratica, cai, levanta, espera, vai em frente. E por mais que a gente aprenda tem sempre um enrosco desconhecido ali na frente, nos obrigando a aprender de novo depois de um ou um milhão de erros.

Tentemos. Tentemos com teimosia e esforço. Não ajuda fazer drama. É preciso fazer dar certo. É o único jeito. Para fazer dar certo o amor, a amizade, a família e a vida é preciso trabalhar. Tem de acreditar e pôr em prática. Bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, obrigado, com licença, pois não, você primeiro. Vamos que há tanto trabalho à espera e um mundo inteiro para fazer dar certo. Mãos à obra!

Imagem de capa: Everett Collection/shutterstock

As boas mães erram todos os dias

As boas mães erram todos os dias

A mãe que nunca errou pelo menos uma vez por dia que atire a primeira pedra.

A função mais difícil de desempenhar no mundo é a maternidade, se fomos educados com muitas recessões, tentamos cuidar que nossos filhos tenham poucas e se crescemos com muita liberdade, queremos que nossos filhos, tenham mais limites.

A liberdade em excesso, assim como limites, são desastrosos, ou seja, os extremos são problemáticos e são considerados como negligência.

Como é difícil encontrar o meio termo, o caminho do meio, o que funcionará com o meu filho e comigo, talvez não funcione com o seu filho e para você.

É andar numa corda bamba diariamente, há situações que podemos parar e pensar como agir, outras precisam de intervenções rapidamente. Haja equilíbrio!

A mãe que no final do dia, pensa: ” Hoje eu errei com meu(s) filho(s), podia ter feito diferente”, está mais sensata do que aquela mãe que não se questiona e acha que fez tudo certo.

Afinal, nós, mães somos seres humanos e nos atrapalhamos com nossa criação e o quê queremos passar para nossos filhos, dessa forma está em vantagem a mãe que percebe que errou numa determinada situação e partir dessa reflexão, poderá agir diferente.

Sou a favor das mães que erram e desejo que todas as mães possam perceber  que erraram e partir disso  se modificar e corrigir a falha,  afinal se está fácil educar um filho, há algo de muito errado.

Sejamos a favor  das mães que erram todos os dias!

Imagem de capa: Lesyamo/shutterstock

Aprenda a se perdoar

Aprenda a se perdoar

A vida é um processo de perdas e ganhos, o que nem sempre é tão fácil de entender e administrar. Planejamos coisas, sonhamos e a vida trata de nos levar por outros caminhos. Às vezes, nós mesmos saímos daquilo que planejamos por erros que cometemos. Assim, a nossa vida parece ficar sem sentido, sem razão de ser. Ficamos distantes daquilo que nosso coração deseja e nos tornamos estranhos de nós mesmos.

Com o tempo esse estranhamento torna-se permanente, de modo que não conseguimos olhar para o que um dia queríamos da vida. Dessa forma, nos tornamos almas vazias, incapazes de sonhar. Presos aos acontecimentos do passado, não conseguimos manter a chama dos sonhos viva no presente, para que busquemos realizá-los.

É preciso aprender a se perdoar, para que se possa seguir em frente. Ficar preso àquilo em que erramos apenas nos retira o ânimo de que necessitamos para viver. Todos nós erramos, pois não sabemos de tudo e precisamos cair para aprender a levantar. Além disso, como disse, existem coisas que não controlamos, de maneira que não devemos nos martirizar pelos empecilhos impostos pela própria vida.

Deixar de sonhar e de acreditar que os seus sonhos são possíveis de serem alcançados é tão somente anular-se enquanto ser humano e passar a viver o fantasma de uma vida que outrora tinha fé e sabia sorrir e dançar. Não digo fé do ponto de vista religioso, mas a fé que devemos ter em nós mesmos, a qual é essencial para que nos mantenhamos animados e fortes para enfrentar as dificuldades inerentes a qualquer caminhada.

Por mais que queiramos, o passado não pode ser alterado. Sendo assim, ter excesso de passado apenas retira a energia necessária ao presente. Não se deve esquecer o passado, as memórias, pois os nossos erros servem como crescimento emocional e amadurecimento, a fim de que, em novas situações, saibamos como agir.

Ademais, devemos aprender a olhar para o passado e enxergar onde acertamos também. Ninguém apenas acerta, assim como não existe erro perene. O suicídio emocional que fazemos cria uma seletividade, na qual apagamos tudo o que fizemos de bom e nossos acertos.

Por mais que tudo pareça não funcionar e ninguém acredite em nós, precisamos manter o tesão pela vida, por aquilo que há de belo e ser a nossa própria fonte de energia. Parece besteira, mas é muito mais fácil perdoar os outros do que se perdoar e dar um voto de confiança a si próprio. Se erramos, por mais que queiramos, isso não pode ser modificado, portanto, deixe de ser o seu próprio inquisidor e acredite que, mesmo com asas machucadas, ainda pode voar.

A vida nunca será fácil para quem busca realizar os seus sonhos. Sempre haverá dificuldades, obstáculos e pessoas que lhe farão desacreditar de você. No entanto, culpar-se não resolve o problema, bem como pode te levar a depressões distantes das montanhas.

Perdoe-se, dê colorido aos seus sonhos e se mantenha animado. Não se torne apenas um rabisco, pois, com o tempo, este se torna tão fraco que passamos a não enxergá-lo. Acredite em quem é e tenha coragem de arriscar, poism como bem disseram:

“O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco de viver os seus sonhos.”

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei/shutterstock

Não, não é impossível ser feliz sozinho.

Não, não é impossível ser feliz sozinho.

Eu sou dessa gente que anda só. Não me pergunte por quê. Eu não sei responder e você vai achar que é indelicadeza minha, mas é nada senão a mais sincera incapacidade. Não consigo, não dá.

Minha bicicleta não tem garupa, é veículo de um sozinho, descendo uma estradinha esburacada com um equilíbrio tão delicado que é preciso manter as duas mãos no guidão o tempo todo, sabe? Descobri que posso lhe dar uma delas agora e logo tenho de soltar. Não por nada. É só para não me esborrachar no chão. E acredite: se eu não largar a sua mão, você vai cair também.

Acontece sempre. Vira e mexe, meu balão excede a capacidade de carga e começa a descer. É quando você deve pular de volta para o seu. Só assim, você aí, eu aqui, cada um de nós em seu próprio balão, ganharemos o céu de novo. Subiremos para além das nuvens, acima das tempestades e turbulências, onde o ar é raro mas é feito para quem aprende a respirar devagar e sempre.

Lá em cima, o céu do dia é azul, azul que dói. O sol é franco, o vento é calmo e o silêncio é doce e bom. À noite, é tanta estrela mais perto que a gente aprende a olhar aos pouquinhos.

E tem a lua enorme comandando as marés aqui embaixo, inspirando os amantes, fazendo a festa de quem sonha como você e eu.

Cá embaixo, meu barquinho estreito, frágil, não suporta mais de um por muito tempo. Qualquer elemento novo é capaz de virá-lo de pronto. Iríamos os dois para a água. Daqui, no leme grosseiro da minha embarcação solitária, olho para cima com ares de nostalgia. Sou criatura das rodas gigantes, dos teleféricos e montanhas russas. Sonho com as alturas e o silêncio. Sou dessa gente que anda só.

Ouviu? A voz da moça no aeroporto anuncia a hora do voo. Última chamada. Passageiros com destino ao logo mais, embarque imediato no primeiro portão aberto. Meu avião já está ali, pousado, me esperando com a perfeição e a generosa complexidade dos aviões de papel. Mas só cabe um.

Não é por mal. É por defeito de nascença. Eu sou dessa gente que anda só. Gente rarefeita, imperfeita, escassa e com tão pouco para dar. Vou, vamos, aos pouquinhos, com o vento farto e os amigos raros, cada um em sua bicicleta sem garupa, seu balão instável, seu barquinho pessoal e intransferível, sua aeronave de jornal.

Assim, voando sós por aí, você e eu nos encontramos um dia. Assim haveremos de nos reunir. Livres, fortes, seguros. Donos de nossas embarcações, acima das imposições, das cobranças e dos pesos da vida burocrática e normativa de ontem, de hoje e de amanhã. Felizes no leme de nossos destinos. Porque temos nada senão a mais sincera incapacidade. Porque somos dessa gente que anda só.

Imagem de capa: Robsonphoto/shutterstock

A vida depois dos 30…

A vida depois dos 30…

Depois dos 30 anos, você meio que liga o botão do cansei para muitas coisas. Não é que a vida esteja um saco e que você já não veja graça em tudo, mas a sua percepção de mundo está diferente. O seu modo de encarar relacionamentos é ainda mais seletivo. E o humor? Bom, o humor varia dependendo da disposição no momento.

Depois dos 30 nem toda sexta-feira é motivo para uma saída. Às vezes você quer apenas ficar na cama, maratonando alguma série e se alimentando das melhores porcarias. E aquele churrasco de sábado? Até sendo tudo liberado você dispensa em algumas oportunidades. O corpo pede mais um dia na piscina, uma praia no fim da tarde ou um continuar na cama para terminar a maratona de sexta. Quanto ao domingo, na maioria das ocasiões, domingo é o dia do sagrado descanso. Em outras palavras, é o dia de vegetar faça chuva ou faça sol. Você só levanta para comer e atender o chamado da mãe natureza.

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A vida depois dos 30 também muda para certas atitudes. Alguns mitos são derrubados. O ficar em silêncio quando algo ou alguém te incomoda? Sem chance. Você vira e fala na cara. Não tem mais o joguinho de ficar se guardando para dizer depois. Claro que, dependendo da pessoa e da situação, ou você fala do jeito fofo e empático, ou chega chutando o balde. Porque paciência depois 30 é negócio complicado de praticar. É entoar vários mantras por dia para não perder o controle e dar um chá de sumiço porta afora.

O mesmo vale para os relacionamentos amorosos. Depois que você passa dos 30, o amor não é um sentimento que você ganha e troca quando quer. Leva tempo para que ele encontre aconchego no seu peito, assim como também leva tanto quanto para que ele vá embora. Você sente demais. Para bem e para o mal, o amor é um processo. A maturidade emocional depois dos 30 não comporta amores rasos e muito menos amores com requintes de crueldade. É respeitando o individual que o amor de dois soma.

E o profissional? Esse é o Calcanhar de Aquiles de quem já passou dos 30. Alguns trabalham com o que gostam. Outros não tem essa sorte. Mas, e você não pode discordar, é que depois dos 30 tanto faz se você trabalha ou não com o que gosta. Há dias em que é uma bosta ter que levantar da cama para pagar os boletos no final do mês. Você até quer sentir vontade de ir e mostrar serviço, mas tem hora que pensa – Ah, se eu ganhasse na Mega…!

A verdade é que a vida depois 30 anos é uma ciranda de perdas e ganhos. É um ciclo de fins e começos. Não tem uma resposta certa além daquilo que você sente dentro do coração. Cansa e muitas vezes dá vontade de sentar no chão e chorar. Mas você segue. Você continua. Porque, depois dos 30, você já apanhou tanto da vida que qualquer instante de paz e harmonia é um lembrete de gratidão por ter chegado nessa fase.

E você vai levando…

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Imagem de capa: Kar Tr, Shutterstock

Cada vez que o coração se quebra, a gente morre um pouco

Cada vez que o coração se quebra, a gente morre um pouco

Como dói, como machuca passar por situações de tristeza, desânimo, quando perdemos alguém, quando recebemos o que jamais esperávamos de quem menos deveria, quando o amor acaba, fere, diminui. O ar sufoca, a gente não tem para onde ir, nada parece importar e, aqui dentro, nada pulsa, nada nos dá luz.

Pode vir quem quiser tentar nos consolar, que nenhuma palavra conseguirá acalmar o nosso coração, porque, ali, naquele momento de escuridão, não enxergamos saída alguma, não concebemos futuro possível a partir daquele tombo. E são tantas lágrimas, que a gente não consegue ver quem está à frente, que dirá alguma coisa que se encontra lá longe, num futuro ao qual fugimos, sem forças.

Desespero, somente isso e nada mais. Desespero que corre nas veias, retirando-nos quaisquer resquícios de fé, de esperança, de meta, de crença num amanhã menos dolorido. Na verdade, a gente não está preparado para enfrentar certas tempestades, simplesmente porque existem vendavais que sugam por completo o que nos é mais caro, o que nos traz alegria, quem sempre foi nosso porto-seguro.

Seja uma decepção amorosa, a morte de um animal de estimação ou de alguém que amamos, seja o desemprego, uma traição, até mesmo perdas materiais, a verdade é que a dor vem e se instala, de pronto, reinando soberana, minguando os mais recônditos espaços em que haja sonhos dentro de nós. E cada segundo então se arrasta, enquanto lamentamos e nos arrependemos, como se fôssemos os únicos culpados por tudo aquilo.

Entretanto, muito do que nos acontece não é culpa nossa. Não vivemos sozinhos, mas rodeados de pessoas, muitas delas capazes de nos ferir sem razão lógica. Da mesma forma, imprevistos e acidentes acontecem, o inesperado sempre está à espreita e não adianta tentarmos encontrar culpados ou razões; certas dores vêm para aniquilar mesmo, sem mais nem por quê. E, nesses momentos, como irrita aquela história de que sofrer fortalece, puxa vida. Em meio à dor, quem quer ouvir isso? Quem sequer pensa nisso?

Uma coisa é certa: as pessoas sobrevivem às mais improváveis escuridões, sim, as pessoas continuam – pessoas são incríveis! Continuam, reerguem-se, caminham, aos poucos, trôpegas, alquebradas, mas indo. Entretanto, ali já não seremos a mesma pessoa de outrora, ali não aceitaremos mais qualquer um, qualquer coisa. Ali seremos um eu que sobreviveu ao fundo do poço e voltou.

Mais – ou menos – felizes, mais – ou menos – fortes, inteiros ou despedaçados, a gente vai ficando mais seletivo em relação às coisas e às pessoas, porque então saberemos que, quanto mais amarmos, mais estaremos sujeitos à dor das perdas. Mesmo assim, continuaremos amando, porque é assim que a gente renasce, com fé e esperança.

Imagem de capa: Mark Nazh/shutterstock

Só te liguei para dizer “eu te amo”

Só te liguei para dizer “eu te amo”

Deu vontade, sabe? De te falar o óbvio, com esse meu jeito bobo, o quanto você é amor na minha vida. Foi natural. Foi sincero. Foi saudade.

Acho importante a gente dizer e ouvir um eu te amo algumas vezes. Não por obrigação, pois no amor não cabe isso de compensar carinho. Mas você não sabe até quando alguém vai fazer parte da sua vida. Logo, se bateu o impulso de falar, fale. Não guarde essas três palavras somente para os momentos especiais. Pare de criar regras e medir comportamentos na hora de confessar o seu amor por outra pessoa. Às vezes ela está precisando ouvir e você não se toca. Às vezes ela está querendo dizer e você não abre espaço.

Um eu te amo bem dito, cura. Um eu te amo disposto, muda o nosso dia para melhor. Não desconfie, aceite o sentimento que lhe foi entregue. Construa um mosaico de reciprocidades com ele. Tenta devagar. Tenta no seu tempo. Só não empurre com a barriga. Amanhã pode ser tarde.

Digo eu te amo sempre que posso, sempre que me permito. Não me pesa, não me tira a liberdade e muito menos faz do meu coração refém. Digo porque sinto. E, se sinto, nada mais honesto que o diga. Quem quer fazer dele morada, gratidão. Quem não quer, paciência. Só não deixo de ligar, mandar mensagem ou cantarolar no pé do ouvido. Vai saber, talvez o eu te amo que tenho seja tão nosso que até numa ligação qualquer ele encontra abrigo.

Imagem de capa: marcosphoto, Shutterstock

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