Capitólio: manual de instruções para uma viagem segura e feliz

Capitólio: manual de instruções para uma viagem segura e feliz

Recentemente estive em Capitólio junto com a minha sobrinha Ana Carolina e minha amiga, e também colunista da Conti, Ana Macarini. A cidade mineira, que possui cerca de 8.500 habitantes, atualmente é  um dos principais roteiros turísticos de Minas Gerais por conta de sua geografia privilegiada e das águas do Lago de Furnas – um dos maiores lagos artificiais do mundo (1440 km²). Localizada a cerca de 280 km de Belo Horizonte, a cidade preserva as características fortemente interioranas em contraste com a magnitude de seu potencial turístico, que teve início em 1965, quando a usina foi inaugurada e o imenso reservatório modificou a paisagem da região sul de Minas Gerais.

Para que a beleza paradisíaca seja aproveitada da melhor maneira estive atenta e gostaria de dividir com vocês alguns cuidados que o viajante deve tomar para usufruir dos momentos de lazer de forma segura e feliz.

Lembre-se que o potencial turístico da cidade vem sendo explorado há alguns anos de maneira mais intensa, mas esse tempo ainda não foi suficiente para que a cidade e seus habitantes acompanhassem esse crescimento e as necessidades dos turistas (o que é algo bom também, pois indica que ainda temos muito da pureza do povo e dos locais preservados).

Abaixo, para não deixar ninguém desavisado, listo alguns tópicos que devem ser lidos com cuidado e que, se respeitados, farão de sua viagem um passeio realmente inesquecível.

1- Organize-se para passar pelo menos de 5 a 7 dias na cidade. Esse tempo é necessário porque os pontos turísticos são distantes e são encontrados na cidade e cercanias. Você pode ir a um passeio que fica a cerca de 10-15 km, mas também pode ir a lugares que ficam a 40-50 km- e todos eles valem a pena.

2- Tente fazer os seus passeios durante dias de semana para evitar excesso de pessoas e aproveitar o ambiente da forma mais natural possível;

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Eu tentando sair na foto e, ao mesmo tempo, querendo mostrar as placas de pedras segmentares que formam piscinas naturais. (Cachoeira Cascatinha- Furnas)

3- Prepare-se para andar por estradas asfaltadas, mas também por estradas de terra e pela água. As estradas de terra, no geral, são boas e acessíveis para carros baixos. Os  carros altos e com tração, entretanto, ficam bem mais confortáveis nos caminhos que, algumas vezes, são mais íngremes e possuem desníveis. Certifique-se de que seu carro está em condições de viagem para não ter nenhuma surpresa no percurso.

 

4- Um das atrações imperdíveis é o passeio de lancha – ou chalana – pelo lago. Para esse passeio, que levará de 2 a 4 horas – dependendo de sua opção de compra – você deverá se preparar para ficar exposto ao sol e ao vento. Não se esqueça de levar filtro solar, ir com roupa de banho para os mergulhos e também levar uma roupa de saída, para o caso de querer se enxugar melhor.

5- Como nada que é naturalmente bonito costuma ser muito fácil, tenha em mente que a maioria dos pontos turísticos só é encontrada depois de um trecho de trilha. As trilhas podem não ser tão longas em alguns pontos, mas não existe uma boa orientação nos locais quanto à sua complexidade,  embora sempre haja informações sobre a distância entre o ponto de partida e chegada. Saiba que as trilhas de locais como “O Paraíso Perdido”, por exemplo, possuem um nível de complexidade médio – alto com obstáculos em quase todo o percurso (pedras irregulares, travessia de água, pequenas escaladas e trechos escorregadios). Por conta disso, as pessoas devem ter um condicionamento físico mínimo. Várias das trilhas também podem realmente oferecer riscos de queda em altura ou na água. Logo, é importante que pessoas com dificuldade de locomoção sejam bem orientadas antes de começar o trajeto. Os pais também devem ter uma atenção redobrada com crianças.

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Imagem tirada na Trilha para Cachoeira do Lobo- a “trilha” fica exatamente nas lateriais dessas montanhas. Ela acontece através de pedras, passando pela água, pulando galhos de árvore. Por isso as precauções são tão importantes.

6- Por conta do tópico anterior, não se esqueça de levar tênis para percorrear as áreas de maior complexidade.

7- Sempre leve água por onde for, pois você nunca sabe exatamente quanto tempo vai demorar em cada lugar;

8- Nos locais que são a base para as trilhas e passeios, costuma existir um bar ou restaurante, mas é importante que você nunca se esqueça de levar protetor solar e repelente (deixe sempre na mochila). Lembre-se que você estará em região de mata nativa.

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Ana Macarini em imagem panorâmica da Cascata Eco Parque.

 

9- É importante alertar que, por precaução, a vacina da Febre Amarela deve estar em dia, pois você irá adentrar a mata em diversos pontos dos percursos;

10- Antes de ir a restaurantes, mesmo os conceituados, leia as suas classificações em páginas do Google e de suas redes sociais. Nós tivemos uma grande surpresa em um dos restaurantes, que fica à beira do Lago, e que é um dos mais indicados da cidade: Encontramos um local com banheiro sujo, atendimento questionável e a comida servida era de baixa qualidade. Logo, não se iluda com a aparência ou indicação. Leia os comentários e lembre-se que a melhor refeição pode estar num lugar bem mais simples.

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Ana Carolina contemplando as belezas naturais do Eco Parque.

Tenha em mente, ainda, que os tópicos acima não foram escritos para assustar e nem para inibir o passeio de ninguém. Eles foram pensados por alguém que se encantou com esse lugar e quis dividir experiências, para que seu passeio seja consciente e para que você, ou as pessoas que o acompanharem, não sofram com nenhuma surpresa desagradável.

Com esses cuidados, tenho certeza que o seu passeio será perfeito!

 

Imagem de capa meramente ilustrativa:  GuilhermeMesquita/shutterstock

Talvez eu não chore, mas dói.

Talvez eu não chore, mas dói.

O sofrimento deve ser respeitado, consolado, entendido, mesmo quando reinar apenas um silêncio – silêncios podem carregar feridas imensuráveis.

Vários artigos dissertam sobre o fato de ser o choro importante para reorganizar nossas emoções e para fortalecer nossas esperanças. Logicamente, não devemos ter vergonha de chorar, uma vez que somos humanos, sentimos o mundo e sofremos com o que não dá certo – o choro, muitas vezes, é inevitável. Porém, nem todo mundo possui facilidade para chorar, seja em público, seja na própria intimidade.

Não importam as razões, existem pessoas que choram muito pouco, mesmo quando assistem àqueles filmes melosos, ou a comerciais apelativos que expõem a miséria humana. Não se trata, aqui, dos homens que seguram o choro, a qualquer custo, por medo de ter sua virilidade questionada, mas das pessoas que se emocionam, sentem a dor, mas as lágrimas teimam em não cair.

Talvez isso possa, em parte, ser explicado pela falsidade que permeia as relações humanas, hoje em dia, tornando-nos presas fáceis das maldades alheias. Sempre temeremos que alguém venha a usar nossas fraquezas da pior forma e no momento errado. Assim, não nos mostramos vulneráveis por pura proteção, como um escudo contra aqueles que esperam nosso tombo para pisar por cima com crueldade.

Na verdade, ninguém explica direito o que se passa bem dentro de cada um de nós, pois cada pessoa carrega um mundo peculiar dentro de si, absorvendo o que recebe de uma forma toda particular, de acordo com o que viveu e vive em sua relação com o mundo externo. Por isso é que alguns choram por qualquer coisa, onde estiverem, enquanto outros seguram as lágrimas e o nó na garganta, mesmo em meio a tempestades torrenciais.

Como se vê, não se deve menosprezar a dor de ninguém apenas observando o tanto de lágrimas derramadas. Nem todo sofrimento escorre pelos olhos, mas podemos ter certeza de que toda dor machuca a alma bem fundo, seja de quem for. O sofrimento deve ser respeitado, consolado, entendido, mesmo quando reinar apenas um silêncio – silêncios podem carregar feridas imensuráveis. Talvez não haja choro, mas dói. Talvez não haja palavras, mas sente-se muito. Bem no fundo.

Até quando você vai viver essa farsa de relacionamento?

Até quando você vai viver essa farsa de relacionamento?

Imagino a barra que você está vivendo, silenciosamente, chorando embaixo do chuveiro, ou, talvez, enquanto dirige e ouve as suas músicas prediletas. Certamente, você já perdeu as contas das vezes que engoliu o choro, pois ninguém entenderia suas lágrimas e ficaria complicado demais para você explicar sua melancolia maquiada de cansaço.

E, cá prá nós, o choro é um negócio indigesto para engolir, né? Você tenta disfarçar, e as lágrimas, nos momentos mais inoportunos, cismam de jorrar na sua cara, estragando aquela maquiagem tão caprichada. Às vezes, uma simples melodia, põe tudo a perder, ou, talvez, um texto como esse. Sabe, é perda de tempo tentar mascarar o que se passa na alma, desista.

Até quando você vai tentar tapar o sol com a peneira sobre esse relacionamento? Até quando vai se iludir com curtidas em fotos de vocês dois nas redes sociais? Do que adianta aquele tanto de comentários bonitos e até poéticos nas fotos, se a realidade está toda cinzenta, praticamente um luto?

Moça, por mais que doa, a realidade precisa ser encarada. Você já se acostumou com esse ritual de fuga, de buscar nas redes sociais o analgésico para essa dor que te consome. Já virou vício esse comportamento. Entenda: as fotos de vocês serão sempre curtidas e comentadas, afinal, vocês, do ponto de vista estético, formam um casal lindo. E, os amigos, tanto reais quanto virtuais, não possuem bola de cristal para perceberem a realidade. Eu te garanto uma coisa: se eles soubessem ao menos um por cento do quanto você está infeliz e do quanto esse rapaz tem te maltratado, ninguém apoiaria, não haveria coraçõezinhos, tampouco, “casal lindo” nas postagens que você faz sobre vocês.

Ocorre que você vive dois relacionamentos: o “perfeito” que você posta e induz as pessoas a acreditarem e o real que é esse que te arranca lágrimas diariamente e faz sua auto estima definhar. E aí, te pergunto: até quando você pretende viver essa farsa? O tempo está passando, e você está cada vez mais emaranhada nessa teia que você criou. Essa vida dupla, a que existe e a que você fantasia nas redes sociais.

Longe de ser um julgamento de minha parte, quero apenas inquietá-la enquanto há tempo. Sei que minhas palavras estão soando ásperas demais, mas se eu ficar poetizando nesse texto, eu não vou entregar a mensagem que você precisa. Esse texto não é para ser bonito, é para ser útil, é para cutucar a ferida mesmo. Talvez você fique irritada comigo, mas, pode ser que me agradeça também. Você está toda machucada, infeliz, frustrada, vivendo de migalhas e induzindo as pessoas à sua volta a acreditarem que você tirou a sorte grande no amor. A realidade do seu relacionamento não está bonita, aliás, nunca esteve.

Você está precisando de amor, de cuidados, de ser ouvida, de ser acolhida, de ser respeitada e valorizada, tudo o que falta nesse relacionamento abusivo que você vive. Hei, onde e com quem você aprendeu que isso é amor? Ah, de verdade, eu desejo a você a força necessária para sair desse fundo de poço. Desejo que você abandone essa barca furada e volte para você mesma .
Espero, de verdade, que você abrace a si mesma e permita que outros abraços te envolvam, e que eles sejam bálsamo e que a façam lembrar desse texto. Que você encontre um amor de verdade, tão real e gostoso que a faça desligar-se da necessidade de postar a sua felicidade. Contudo, se você vier a postar algo, que os comentários dos amigos traduzam a realidade da plenitude que você estará vivendo.

Às vezes, a gente não esquece, mas aprende a viver sem

Às vezes, a gente não esquece, mas aprende a viver sem

 

Tem coisas que a gente não esquece. Existem pessoas que a gente não esquece. Queremos manter o que é bom, como se fosse um instinto de sobrevivência. Tudo nos assusta tanto neste mundo de hoje, que desejamos a segurança de reter momentos, lembranças e pessoas junto de nós o tempo todo. Infelizmente, teremos que seguir aos pedaços, pois, muitas vezes, o que queremos simplesmente sai de nossas vidas.

Alguns relacionamentos não dão certo. Nem sempre seremos amados para sempre por quem amamos. Nem sempre uma amizade consegue resistir às distâncias que o tempo e a vida trazem. Será duro, doloroso e triste, mas teremos, muitas vezes, que reaprender a sobreviver longe de quem queríamos por perto o tempo todo. Imprevistos acontecem com frequência e deveremos ser mais fortes do que cada um deles.

Outras vezes, a vida leva embora pessoas amadas, queridas e essenciais, obrigando-nos a encara a escuridão do luto. A morte é uma certeza, mas pouco nos preparamos para ela. Além de parecer mórbido ficar pensando na morte, quando há tanta vida pela nossa frente, é natural acharmos que nossos queridos serão eternos, que nossos animais de estimação terão vida longa, que poderemos contar com o abraço de nossa mãe enquanto vivermos.

Não somente pessoas, mas a vida acaba por subtrair de nossa jornada outras coisas que não imaginamos terem um fim, tais como o emprego que nos sustenta, o dinheiro que economizamos, vários planos que idealizamos. Infelizmente, tudo pode virar do avesso, assim, de uma hora para outra, sem aviso prévio, deixando-nos à deriva de nós mesmos. E então a gente se desespera, chora e não vê saída. Mas o ser humano é mais forte do que imagina e encontra saídas em meio a todo e qualquer caos.

Como se vê, existem pessoas, momentos, muita coisa inesquecível, muita coisa que levamos somente dentro de nós enquanto vivemos. E a gente continua, faltando um pedaço, trôpegos, limpando as lágrimas, mas a gente segue em frente. Nossa sobrevivência, afinal, em muito depende dessa nossa capacidade de aprender a viver sem o que nos era vital, transformando as mais belas recordações em combustível de vida. Dessa nossa vida imprevisível e sofrida, mas única e especial.

Antigos ciclos se fecham, para que novos ciclos se abram!

Antigos ciclos se fecham, para que novos ciclos se abram!

Há males que vem para o bem. Uma porta se fecha, e uma janela se abre.

Às vezes, um ciclo se encerra em nossas vidas e ficamos tristes. A sensação que temos é que a dor jamais passará. Lutamos contra nossos próprios sentimentos e tentamos ao máximo nos esforçarmos para seguirmos em frente.

E por mais que seja difícil aceitar o fim de algo é necessário deixamos alguns ciclos se encerrem para que outros se abram.

Passei por isso recentemente.

Trabalhei durante dois anos e meio em uma rádio. Sou locutora e amava cada cantinho daquele estúdio. Após um tempo na rádio, surgiu a oportunidade de fazer um estágio. Então comecei a conciliar meu emprego na rádio, o estágio e faculdade.

Os meses foram passando e minhas responsabilidades só aumentavam.

Consequentemente, meu corpo começou a sentir o peso. Tentei ao máximo conciliar tudo, afinal de contas, tinha o sonho de me formar, queria continuar trabalhando no que amava, e precisava estagiar.

Contudo, notei que não estava me doando na rádio como me doava antigamente. Ser locutora e responsável pela pauta do seu programa não é fácil. Precisava tomar uma decisão, mas não sabia como.

Quando finalmente cheguei a conclusão do que deveria fazer me doeu muito. Após dois anos e meio na emissora, tive que pedir desligamento. Foi uma decisão difícil, mas necessária.

Sai pela porta da frente. Conquistei a credibilidade do meu ex diretor, dos ouvintes, e dos colegas de profissão.

Quando olho para trás, sinto falta do microfone, mas olhando por outro prisma, foi uma decisão sábia. Precisava me entregar a outros projetos, e me dedicar mais aos estudos.

Entretanto, após minha saída, surgiram nossas oportunidades que também agregarão em minha vida profissional.

Querido (a) leitor (a), te convido a refletir sobre isso.

Às vezes as coisas acontecem, e não entendemos o porquê, mas cada acontecimento em nossas vidas não é em vão. Pode ter certeza que se algo acabou, seja no campo profissional, ou até sentimental, isso é permissão do universo para que algo novo possa entrar.

A vida tem infinitas possibilidades e temos que nos manter atentos a qualquer sinal de mudança. E mudar, sempre nos causa medo, mas a mudança faz parte do desenvolvimento humano.

Se você está atravessando um momento difícil, creia que não é por acaso.

Antigos ciclos se fecham, para que novos ciclos se abram.

O amor deixa de valer a pena quando é preciso lutar por ele

O amor deixa de valer a pena quando é preciso lutar por ele

Toda vez que uma relação acaba o sentimento de alívio vem acompanhado de dor, saudade e apego e isso, muitas vezes, faz com que o processo de esquecimento seja substituído pela luta da reconquista.

Que não é fácil terminar uma relação, todos sabem, já que experimentamos sensações “estranhas” como vazio interior, humilhação, rejeição e culpa. Mas, acreditar que o outro irá exterminar esses sentimentos com a sua volta é, no mínimo, ingenuidade.

Criar expectativas na relação é normal. Embora haja muitos conselhos para que não se faça isso, poucos são aplicados. Sempre esperamos algum tipo de cuidado, atenção, carinho. Porém, isso não nos autoriza a exigir que o parceiro sentimental satisfaça nossos desejos e corresponda às expectativas que criamos.

Todos são livres para amarem, ou não, quem quiserem. Exigir algo contrário a isso, é um desrespeito sem tamanho. Giovake, em “Para Ser Feliz no Amor – Os vínculos afetivos hoje” afirmava que “a luta no amor corresponde a uma atitude egoísta, já que representa um empenho absurdo de fazer prevalecer a própria vontade sobre a vontade do outro. A única luta válida por amor é aquela ligada ao empenho de preservar o relacionamento através de cuidados, paparicos e todo o tipo de dedicação possível ao amado; e tudo isso na vigência do namoro – e com a devida anuência do namorado.”

Lutar por amor não é bonito, não faz bem a ninguém e não é saudável. O amor não pode ser visto como homeopatia, que utiliza as mesmas substâncias que provocam os sintomas para tratar ou aliviar dores. Amor é sentimento dado em liberdade, de forma recíproca e, quando isso não acontece, é hora de desistir, não de insistir.

Se pensarmos racionalmente, no amor, ninguém vale a insistência. Correr o risco de perder a própria paz por relacionamentos superficiais, é o mesmo que colocar em xeque a própria sanidade.

Não adianta ir até as últimas consequências para constatar que não valeu a pena. Não adianta viver uma vida inteira preso a um sentimento que intoxica acreditando que isso é amor. Não adianta “lutar” pela presença alheia se o outro nunca quis ficar.
Amor bonito é amor recíproco. Se exige muito esforço, acredite, mas não é amor.

A melhor maneira de lidar com pessoas desagradáveis é não entrar no joguinho delas

A melhor maneira de lidar com pessoas desagradáveis é não entrar no joguinho delas

Sempre haverá quem falará mal do outro pelas costas, quem irritará as pessoas sem razão aparente, quem agredirá com palavras ou atitudes, quem não gostará de ninguém. Pessoas infelizes costumam se irritar com a felicidade alheia e farão de tudo para que todos à sua volta se sintam mal também. Cabe a nós nos protegermos desse tipo de gente, sem perder a compostura.

Embora, muitas vezes, seja praticamente impossível mantermos a calma diante de certas pessoas, inclusive para que nossos limites sejam explicitados e nosso ar não nos falte, sempre será melhor não dar ibope aos maldosos de plantão. Nosso descontrole e nossa irritação alimentarão o ego daqueles que nos querem infelizes, ou seja, o nosso desprezo sempre será a mais bela resposta a eles, que ficarão ainda mais irritados, enquanto seguimos leves.

É certo que a vida não é fácil e cada um lida com as dificuldades à sua própria maneira. As pessoas enfrentam o mundo de acordo com a forma como os sentimentos se ajustam ou não dentro de si, algumas com mais coragem, outras com menos. Um mesmo acontecimento é recebido diferentemente por cada pessoa envolvida e é assim que cada um de nós vai se formando gente. Dependendo de como digerimos o que nos acontece, acabamos nos tornando melhores, ou não saímos do lugar.

O problema ocorre quando as pessoas não conseguem lidar com a própria vida e, em vez de procurar ajuda ou ouvir os conselhos de quem queira ajudar, culpam o mundo pelo que lhes ocorre, não se responsabilizando por nada. Assim, nunca aprenderão, nem avançarão, acumulando mágoa e ressentimento dentro de si. E isso tudo não se aguenta, o que as torna pessoas infelizes e desagradáveis, sendo que muitas delas acabam disseminando maldade e infelicidade por onde passam.

O melhor escudo que nos protegerá de qualquer mal que nos rodeia sempre será a manutenção de nossas verdades e a segurança de nossas convicções, porque é assim que conseguiremos manter o que nos faz bem e deixar pra lá o que nos faz mal, desviando-nos de gente desagradável, maldosa e fofoqueira. É assim que o bem prevalece lá fora e cá dentro de nós.

Imagem de capa: Twinsterphoto/shutterstock

12 ações que retiram a credibilidade de qualquer um

12 ações que retiram a credibilidade de qualquer um

Diz o conhecimento popular que construir uma reputação é algo que leva anos, mas basta um deslize para que a pessoa manche a sua imagem. Às vezes, o julgamento das pessoas é injusto, mas também temos que ter a clareza de que somos seres sociais e a nossa imagem pode ser abalada através de comportamentos que nós mesmos fazemos e que agridem os limites de convivência com outras pessoas.

Abaixo, segue uma lista de alguns comportamentos que facilmente atrapalham a credibilidade das pessoas que os cometem com frequência. Será que você faz algum deles e ainda não percebeu?

1- Não dar crédito às pessoas que ajudam em um projeto;

Se não é seu, diga de quem é.

2- Copiar o projeto de outras pessoas ao invés de trilhar seus próprios caminhos;

É verdade que nada se cria e tudo se copia (mas é uma verdade relativa). O que não é verdade é que essa cópia deve ser idêntica. Se for criar algo, adicione sua personalidade, use informações de forma diferente, e não leve os dados e pessoas de outro lugar indiscriminadamente. Isso só mostra falta de capacidade, o que atrapalha tanto a pessoa que foi copiada quanto o novo projeto que se inicia. Se vai fazer algo novo, ofereça algo novo.

3- Tratar pessoas de forma diferente;

Sim, devemos nos adaptar aos outros, mas isso não implica tratar pessoas de forma melhor em detrimento de outras. O texto “A forma como trata um garçom revela a sua personalidade.” é um bom exemplo disso.

4- Dizer que fará ou resolverá algo e não honrar com o compromisso, sendo esse comportamento algo contínuo e não uma exceção;

Para qualquer intercorrência que impeça algo de ser feito exista a palavra “satisfação” que, quando em prática, muda todo o contexto da pessoa que espera pelo serviço. No não cumprimento da palavra, use-a sem moderação.

5- Dar desculpas esfarrapadas para falhas pessoais óbvias. Nesse caso, além da falha do ato, a mensagem ainda é de que o outro é um bobo que cairá na conversa fiada;

Isso parece um vício que vem da infância. A pessoa não faz o que devia, mas ao invés de assumir os motivos da sua falha (para o outro e até para si mesmo), apega-se a desculpas pouco convincentes e na culpabilização de terceiros. Isso é feio, revela pouca maturidade porque ainda reproduz o comportamento da criança que quer fugir da advertência dos pais, e prejudica muito a credibilidade de quem o faz.

6- Falta de humildade ao lidar com pessoas da convivência- e principalmente com desconhecidos. Isso mostra arrogância e baixa inteligência emocional;

“Quando um burro fala o outro abaixa a orelha” é o ditado popular que indica que existe hora certa para se colocar. Se você não tem muita intimidade ou está iniciando um contato ou projeto, aprenda a ouvir e a entender todo o contexto antes de se impor. A confiança é algo a ser conquistado. Se você não souber a hora de se impor, a única coisa que conseguirá é a exclusão do grupo e o descrédito.

7- Achar que as pessoas têm obrigação de servi-lo, limpar sua sujeira ou mesmo pagar suas contas;

Isso também é inaceitável. Não há desculpa de criança mimada pelos pais que justifique falta de educação. É preciso entender as relações sempre como via de mão dupla. Se você foi a casa de alguém e tomou um café, no mínimo, se ofereça para lavar a louça. Se foi a um restaurante, ofereça-se para dividir a conta. Mesmo que você saiba que a sua oferta não será aceita, não ofertar só mostrará o quanto você não tem consideração pelas pessoas que o rodeiam.

8- Tentar empurrar convicções pessoais goela abaixo de quem pensa diferente;

Isso não adianta, nunca adiantou e nunca adiantará. Não é possível forçar argumentos sem escravizar uma pessoa. Conversar exige um contato de mão dupla e a mudança de comportamento de alguém só acontecerá de verdade se for por própria opção.

9- Achar que quem pensa diferente está errado e julga-lo ingênuo por isso;

Ingênuo, no fim das contas, é quem pensa isso. As pessoas são diferentes, possuem história e valores diferentes. Em um mesmo contexto podem existir múltiplas verdades.

10- Discussões grosseiras por causa de política.

Triste e lastimável a postura atual de achar que o mundo é uma folha com um lado negro e outro branco, que existe apenas uma dualidade e que é impossível conviver com aqueles que têm uma visão diferente. Não concordar não é justificativa para agredir. Se você não dá conta de articular sobre a diferença, talvez valha mais a a pena o afastamento.

11- Mentir com frequência;

Nenhuma relação sobrevive a mentira frequente.

12- Falta de empatia.

Falta de empatia é falta de humanidade e, no final das contas, se não nos comportarmos com respeito e consideração pelo outro a única coisa que conseguiremos é a indiferença daqueles que gostam de nós.

Você pensou em algo mais? Escreva nos comentários.

Imagem de capa: Twinsterphoto/shutterstock

Somos crianças cobiçando o lanche do coleguinha na hora do recreio!

Somos crianças cobiçando o lanche do coleguinha na hora do recreio!

É muito tentador espiar as escapadelas, tropeços, batalhas e até mesmo vitórias alheias e, a partir de nossos recursos interpretativos, analisar, avaliar e pontuar como certo ou errado o que cada um faz de sua vida.

Olhando assim de fora, sempre parece meio óbvia a melhor solução. Ficamos mesmo com a impressão de que, naquela situação, seríamos capazes de resoluções muito mais simples, inteligentes e assertivas.

Ao vermos o outro se debatendo em seus problemas, ficamos sempre com aquela sensação de que fomos menos protegidos pelo destino. Os obstáculos alheios parecem sempre menores do que os nossos.

Somos crianças na hora do recreio, achando que o lanche do coleguinha é muito mais apetitoso!

Somos iguais àqueles filhotes de cachorro na pracinha, brigando por um retalho de qualquer coisa, pela posse de um objeto esquecido ou descartado, que até pode ser inútil, mas que passou a ser super valorizado, assim que se transformou em motivo de disputa.

Carregamos conosco essa mania infantil de acreditar que o outro sempre fica com o melhor lugar na plateia, com o palco de maior sucesso, a cama mais macia, o roteiro de vida mais glamoroso, o melhor papel na história.

O que não somos capazes de fazer – e ninguém é mesmo! -, é ter a exata medida ou dimensão do custo de cada conta sobre o qual se precisou dar conta para chegar até ali, naquele lugar que parece tão maravilhoso e confortável.

Nunca conseguiremos imaginar o tamanho da queda, a profundeza da dor, a ardência do cansaço, a aspereza da solidão ou o frio da falta de perspectivas daqueles cujas histórias são tão diferentes das nossas.

É difícil por demais entender o quanto é arriscado avaliar a velocidade de um carrossel pelo lado de fora. Sempre acharemos que as voltas dos cavalinhos enfeitados parecem mornas e monótonas. Achamos que estamos aptos a entrar em seus giros na hora que bem entendermos. E que podemos, também, saltar a qualquer momento, caso a brincadeira venha a parecer entediante e boba. Em ambos os casos, entretanto, temos cinquenta por cento de chance de ir ao chão.

No entanto, assim como no carrossel, as voltas da vida são muito mais desafiadoras do que parecem. Subestimar o esforço alheio na ascensão, ou superestimar o seu fracasso na queda, pode nos render dores muito mais agudas e cicatrizes muito mais intensas do que o mais violento e ardido ralado nos joelhos. Porque tombos, levaremos todos. A diferença é que alguns de nós terão direito a alguma mão estendida para se levantar. Outros terão de amargar sozinhos a queda, por arrogância ou falta de capacidade de pedir e oferecer ajuda.

E não há nada de errado em cobiçar o que ainda não temos, desde que não passemos a acreditar que, se não recebemos, ninguém pode receber também. Mais uma vez, a resposta está em conquistar a sabedoria para equilibrar–se entre a beleza de ser generoso e a necessidade de não ser conformado com o destino. Fácil é que não é!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “O amor é cego”

Cura-me o sonhar!

Cura-me o sonhar!

Quando fecho meus olhos para dormir, avisto um barco branco ancorado em uma rocha firme. Deduzo que ele está à minha espera.
Quando abro os olhos, não o vejo mais. Torno a fechá-los… Ele vai surgindo com nitidez cada vez maior. Balança,como que sorrindo, convidando-me para ir ao seu encontro.
Aonde será que ele quer me levar?
Aceito ou não aceito? Dúvida que se desfaz, rapidamen- te. Vejo-me correndo em sua direção, agarrando suas extremi- dades, jogando-me avidamente em seu interior.
O barco zarpa suavemente e eu me sinto embalada… Brinca alegremente com sua amiga água; ele a respeita, ela o banha e acaricia seu casco.
Encantada, sento-me no convés e abro meus pulmões para receber a brisa que toca meu corpo e rosto. Tudo que exis- te é belo e faz seu caminho: o Sol, a Lua, o barco, as águas e eu…
Vivo noites maravilhosas, onde a lua e as estrelas apro- ximam-se trazendo uma sensação tão forte de paz que tenho a impressão de que posso pegá-las.
Em noites de tempestade, as águas agitam-se e gritam, o barco balança com maior vigor, as estrelas e a Lua visitam outros mares… São momentos difíceis!
Agarro-me com fé em meu barco, pois sei que tudo passará. Confesso que, por algumas vezes, em momentos de tur- bulência, pensei em desistir, ciente de que, bastaria abrir meus
olhos, nada mais existiria…
Entretanto, sempre foram alguns segundos, pois me mantinha convicta de que nada me faria abandonar meu barco!

Ouço cantos de aves que se aproximam… Imagino que chegam com ramos verdes de árvores em seus bicos… As águas vão enfraquecendo… Os olhos não sabem se devem ou não se abrir. Postergo… Algo me diz que está bem perto o momento exato de uma revelação… Porém, aflita, não sei se estarei pre- parada para recebê-la.
Então, como que em câmera lenta, o barco vai se trans-
formando em letras gigantes formando uma palavra: VIDA.

Imagem de capa: Avesun/shutterstock

Por que eu não gosto de tirar fotos?

Por que eu não gosto de tirar fotos?

Quero, antes de mais nada, deixar esclarecido que não estou criticando os fotógrafos nem nada do gênero ok? Até porque tenho amigos incríveis que são fotógrafos por profissão e eu os admiro imensamente.

Esse é um texto que já há um bom tempo eu queria escrever, mas não vinha a devida inspiração. Ela chegou hoje ao ler uma linda crônica do mestre Rubem Alves do seu lindo livro intitulado “O amor que acende a lua”.

Muita gente me pergunta sobre o porquê de eu não gostar de tirar fotos minhas, e venho a partir das palavras do Rubem explicar o motivo. Confira…

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Há algo trágico no poema de Cassiano Ricardo.

Por que tenho saudade

de você, no retrato,

ainda que o mais recente?

E por que um simples retrato,

mais que você, me comove,

se você mesma está presente?

Quando li esse poema pela primeira vez tive a impressão de que ele estava brincando. Agora eu o leio como um lamento. Como eu amo você! Quem ama quer estar junto, segurar as mãos, ficar olhando para o rosto. Mas eu não sinto isso quando estou com você – eu não o encontro em você. Encontro no seu retrato. Olho para você, do outro lado da mesa. E me lembro do seu retrato. O retrato! Olho o seu retrato e sinto saudades. O retrato é o lugar da ausência.

Barthes diz que aquilo que todos os retratos retratam é a morte: o que deixou de ser, o que não é mais. O tempo do retrato é um passado irrecuperável. Amo um objeto que não tem mais existência: a sua imagem no retrato, morta, embora você mesma esteja presente. Meu amor mora num passado sem volta. Sendo esse o caso, não amo você, presente, diante de mim, do outro lado da mesa. Amo o “você” que escorregou do seu rosto, e mora agora no retrato, lugar da morte. Amor infeliz. Você, que eu posso abraçar, não é o “você” que eu amo…

A rosa florescia. Por que deixou de florescer?

Rubem Alves

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Eu acho lindas as comparações e referências utilizadas por ele, não é a toa que já tenha escrito tantos textos a partir de suas palavras. Percebo que eu tenho muitas coisas semelhantes a ele.

Não gosto de tirar fotos minhas porque elas são gélidas, ou seja, elas congelam um Isaias que dentro de bem pouco tempo deixará de ser. Até já escrevi em textos daqui e do blog do Raul Seixas que sou meio “metamorfose ambulante”. Eu mudo talvez com uma velocidade maior do que as outras pessoas.

Quando eu vejo uma foto minha bem antiga me dá uma sensação estranha. Na minha mente vem logo aquela pergunta: “Quem é essa pessoa?”. Ele se parece comigo, mas não sou eu, é outra pessoa.

Parece estranho, mas essa é a mais pura verdade em relação a tudo. Tudo muda o tempo todo, porém, infelizmente, a grande maioria das pessoas tem certa dificuldade de acolher isso no fundo do coração.

Inclusive essa reflexão do Rubem é levada para as pessoas que convivem ou conviveram conosco. Tanto nós quanto eles já não são mais os mesmos.

Claro que entendo quando alguém me diz: “Mas uma foto é bom para lembrar da experiência boa que aconteceu, do lugar bonito que se visitou, da pessoa que é ou foi importante etc…”.

Sei que isso é bacana. No entanto, pelo menos na minha mente, não deixa de ser esquisito. E o mais estranho é quando o alguém que aparece na foto já não faz mais parte da nossa vida. Nós vemos as fotos e ficamos pensando: “Como será que está ele(a) está hoje?”, “Isso que vivenciamos foi tão bom… Será que viverei algo parecido de novo?…”. E desse jeito ficamos com a mente enfurnada no passado e com isso deixamos de viver plenamente o momento presente.

Na verdade, essa é a principal razão para eu não gostar de tirar fotos. O MOMENTO PRESENTE é algo tão maravilhosamente lindo que ficar se prendendo ao passado das fotos faz com que parte do seu brilho se esvaia.

Você já viu como são as festas de casamento? Ou as festas de aniversário de criança de 1 ano? Esses são os melhores exemplos! Os casais não vivem plenamente o momento da festa porque ficam tirando milhares de fotos e os bebês ficam estressados porque ficam com diversos holofotes nos seus rostos. E em ambos os casos ninguém aproveita pra valer…

Como estamos na era dos smartphones, Ipads, Ipods etc. Isso se estende para a saída para restaurantes com os amigos, para os eventos, para as festas de fim de ano, para a passagem do ano. As pessoas se prendem em fotos, fotos e mais fotos, e quase imediatamente postam no Instagram ou no Facebook.

Repito o que disse no começo. Não quero criticar quem trabalha com fotografias, quero apenas questionar o dia a dia das pessoas de um modo geral.

Que tal aproveitarmos melhor os momentos e batermos menos fotos? Os vínculos de amizade poderão se tornar muito mais sólidos e bonitos, e passaremos a trabalhar melhor até mesmo a nossa memória para lá na frente lembrar os momentos incríveis vividos em conversas com amigos e não apenas com um book gigantesco no computador…

Imagem de capa: Andrey Grigoriev/shutterstock

Desejar é bom, mas chega uma hora em que é preciso somente agradecer

Desejar é bom, mas chega uma hora em que é preciso somente agradecer

Título Original: Oito anos

Já passa da meia noite e portanto depois de amanhã é seu aniversário de oito anos. Ainda há pouco você veio ao nosso quarto se queixando da falta de sono; me impacientei porque a noite já ia alta, e agora sou eu que permaneço insone.

Fazem oito anos e passou tão depressa… Sábado você se divertiu ao lado de seus amigos na Caça ao Tesouro. E talvez tenha percebido que a busca é mais prazerosa que o encontro; a satisfação maior ocorre durante o trajeto e reconhecimento das pistas, a expectativa pela surpresa final. Do mesmo modo que outro dia você falou, enquanto construía um brinquedo Lego: “O gostoso é montar, né mamãe?” e percebi que você havia pegado o espírito da coisa.
Assim será por toda a vida, meu menino. A busca tem a sua parcela de alegria, e quanto mais nos frustramos nessa jornada, mais valorizamos nosso desejo por aquilo que buscamos. Por isso torna-se tão necessário descobrir o que é importante pra você.

Uma hora talvez você descubra que os melhores tesouros são os mais difíceis de serem encontrados.

Lembre-se disso quando sentir seu coração bater mais forte por alguém. Preserve-se, não vá com tanta sede ao pote. Caminhe sem pressa e valorize sua essência. Porém, quando chegar a hora, partilhe sua vida e alegre-se por ter chegado ao cume da montanha. Reconhecer suas dádivas é primordial para viver uma vida satisfatória.

Deixe sua imaginação voar, te levar por caminhos desconhecidos, te refugiar nos momentos difíceis. Mas aprenda a reconhecer suas frustrações, para que descubra quais são seus desejos também. Ainda estou engatinhando nesse terreno, mas devagar venço minhas resistências e quem sabe me torno uma mãe mais leve pra você também…

Um dia você vai descobrir que adultos não têm tantas convicções quanto parece. Ao contrário, se desejamos evoluir, muitas vezes patinamos nas incertezas de nossos conceitos e verdades, que nunca foram absolutos. Aprendo muito com você, principalmente quando insiste, coisa que nunca fui capaz de fazer. No fundo, no fundo, achava que lidava bem com minhas frustrações mas era só um jeito diferente de negá-las. Sim, meu menino, sou como essas crianças que não podem ter a mochila da moda e, em vez de se entristecerem com a impossibilidade, optam por agir com desdém. Mas leva tempo pra gente descobrir os próprios mecanismos, e estou percebendo isso só agora, junto com os primeiros cabelos brancos e rugas de expressão.

Você não vai esperar tanto. Pois sabe o que deseja, e luta _ nossa, como luta!_ para conseguir. Mas certamente virão outros mecanismos_ de defesa ou proteção_ que lhe farão seguir por caminhos igualmente difíceis, pra só depois, lá na frente, perceber que poderia ter tomado a estrada mais simples. Mas não liga não, é isso que faz a gente crescer.

E você está crescendo tão rápido… A gente abre os álbuns e se depara com tanta alegria, tantos momentos bons e inesquecíveis, que só temos que agradecer a Deus pelo presente da sua vida, sua saúde, sua presença cheia de mistérios e vivacidade.

Faltou tempo para estrearmos o skate, a vida anda tão corrida e as lições da escola triplicaram de um ano pro outro. Assim você irá perceber o tempo. Ele nos engole sem pedir licença, e estabelecer nossas prioridades torna-se fundamental para aquilo que hoje chamamos Qualidade de Vida. Se esforce para dividir bem suas horas, e, acredite em mim, priorize suas relações. É isso o que permanece _ o som das vozes quando as luzes se apagam, o cheiro do perfume conhecido, as mãos que nos cobrem delicadamente ao cair da noite, as viagens onde o sol é mais dourado, a chuva mais divertida, o frio mais acolhedor; a disposição para andar na ponta dos pés enquanto os adultos dormem e a casa é só nossa; as noites do pijama acampando no chão do quarto com os primos; as histórias de terror inventadas por esses mesmos primos na hora de dormir; a simplicidade de nossas rotinas _ essas que um dia serão só lembranças de uma casa com desenhos espalhados pela porta da geladeira e exibições do Pokémon ao meio dia.

A gente cresce e vive de saudades também. Mas isso pode ser tão penoso… como se somente o que passou tivesse vocação de felicidade. Por isso, não viva de buscar tesouros. Preserve o que é seu para não se frustrar em demasia. Desejar é bom, nos mantém alertas e vivos, mas chega uma hora em que é preciso somente agradecer. Mesmo sem saber rezar, não tenha pudores em dobrar os joelhos e dizer obrigado. Na vida saímos esfolados vezes demais, mas o saldo é sempre positivo. Só tenha paciência de esperar, pois mesmo sendo difícil, há beleza. Mesmo machucando, há prazer. Mesmo frustrando, há satisfação.

Parabéns pelos oito anos… Amo você, de um jeito que só as mães conseguem sentir e compreender…

Imagem de capa: Jesus Cervantes/shutterstock

Vivemos em uma cultura masoquista

Vivemos em uma cultura masoquista

Eu me sinto imensamente atraído pelos ensinamentos orientais, principalmente os ligados ao Budismo. O cerne dos ensinamentos budistas está relacionado com o sofrimento e que através do famoso “caminho óctuplo”, proposto por Gautama Buda, podemos transcendê-lo e atingirmos a iluminação.

Infelizmente vivemos num país no qual as pessoas, em sua maioria, não dão muita bola para esses ensinamentos. Por isso intitulei esse texto dizendo que vivemos em uma cultura masoquista. É comum ouvirmos as pessoas dizerem frases como: “o sofrimento é necessário”, “o sofrimento nos faz acordar para a vida”, “vencer sem luta é triunfar sem glória” etc etc.

Isso está entranhado no inconsciente coletivo dos brasileiros de um jeito tal que, se alguém tem uma vida simples, feliz, equilibrada e sem conflitos, quase todos olham torto, como se essa pessoa fosse uma alienígena. Percebe que maluco? O normal é ter uma vida sofrida, amarga, cheia de lutas e cheia de leões para matar diariamente…

Venho nesse texto lhe levar a refletir que não precisa ser assim. E para que você entenda isso ainda melhor, quero compartilhar as lindas palavras do grande filósofo, psicólogo e teólogo francês Jean-Yves Leloup, extraídas do seu belo livro “Amar… apesar de tudo”, que falam sobre esse masoquismo humano.

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No homem, o conhecimento emerge através da dor. Na maioria das vezes, perdemos a capacidade de conhecer nos momentos de alegria; não sentimos nossos limites a não ser no decorrer de experiências dolorosas. Eis o que é evidente, por exemplo, na área da saúde: só sinto meu estômago quando tenho cólicas! Sem isso, nem sei que tenho um estômago… É uma pena. Do mesmo modo que podemos sentir nosso estômago sem ter cólicas, podemos sentir nossa alma sem que esta nos machuque, sem que ela esteja triste.

Mas como sentir o que não é sentido?… Perdemos a sensorialidade, a sensualidade do que não é sentido. Com efeito, no masoquismo, temos necessidade de coisas que nos provoquem um sofrimento cada vez mais intenso. Do mesmo modo que, para sentirmos o sabor dos alimentos, temos necessidade de iguarias cada vez mais condimentadas… porque perdemos o sabor do simples, o sabor da água; perdemos a sensibilidade que permite sentir que na água, existem também grandes diferenças de qualidade.

Jean-Yves Leloup

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Nós nos afastamos do simples. A evolução tecnológica tem nos tornado cada vez mais complexos, e talvez por conta disso, até um tanto paranoicos.

Nesse trecho do livro, na página seguinte, ele inclusive fala do prazer estranho que muitos sentem ao praticar esportes radicais, esportes que põem a vida à prova a todo instante. Ele explica que boa parte delas perdeu o encanto por extrair beleza das coisas mais simples.

Ainda não estudei esse assunto com profundidade, mas percebo principalmente vendo filmes e séries, que as pessoas apaixonadas por esportes radicais, quase sempre passam por grandes conflitos, principalmente familiares, e buscam a explosão de adrenalina para encobrir a dor e por breves instantes não pensarem nos problemas pessoais.

Inclusive, lendo os livros do místico Osho, em vários trechos ele explica que uma pessoa dirigindo um carro à 150 km/h não consegue pensar racionalmente em nada. Toda sua energia e atenção estão na estrada, porque qualquer deslize pode ser fatal, a vida está em jogo.

Isso é masoquismo, mas ele vem disfarçado de outros nomes como aventura ou adrenalina.

É possível sair dessa corrida dos ratos na qual quase todos se encontram. Existem muitos caminhos, mas é claro que sugiro acima de tudo o que mais ensino por aqui, o CAMINHO DO MEIO, ou seja, não queira uma vida morna, na qual você não experimenta nada de novo, nada que desperte suas emoções e lhe faça vibrar, mas também não seja extremista ao ponto de desafiar sua vida por meros instantes de prazer.

Só deixando claro que de forma alguma sou contra quem pratica esportes radicias. Eles são muito interessantes, mas precisam ser feitos como toda segurança, utilizando os equipamentos de proteção necessários entende? Dessa forma está tudo ok! Estou falando das pessoas que praticam de forma extremada, desafiando a morte…

Agindo com esse equilíbrio, você vai estar automaticamente se diferenciando da massa e, consequentemente, deixando de ser um masoquista existencial.

Reflita com carinho sobre tudo isso e aprenda que o caminho para não ser um masoquista é resgatar a simplicidade e o encantamento pelas pequenas coisas da vida…

Imagem de capa: Eakachai Leesin/shutterstock

Rir de si mesmo é algo muito sério…e terapêutico.

Rir de si mesmo é algo muito sério…e terapêutico.

Da mesma forma que somos lembrados sobre os benefícios da atividade física e alimentação saudável, precisamos, com urgência, de lembretes sobre o quanto faz bem à nossa saúde ignorar, ou enxergar de outra forma, alguns aborrecimentos corriqueiros.

Somos advertidos sobre os malefícios das frituras e dos refrigerantes, mas nem todos temos consciência do quão nocivos são alguns hábitos, como, por exemplo, viver reclamando. A maioria das pessoas sabem de cor e salteado dos benefícios da água para o nosso organismo, mas, poucas são as que conhecem sobre o poder terapêutico de rirem de si mesmas. Parece bobagem, mas isso é muito sério, precisamos treinar a nossa capacidade de driblar os aborrecimentos para que tenhamos o mínimo de tranquilidade nessa vida.

Acredito que muitas pessoas são agarradas a determinados padrões de comportamentos prejudiciais por uma questão de ignorância. Elas desconhecem a possibilidade de serem diferentes, até por terem recebido essa bagagem de suas famílias nucleares e as perceberem como uma sentença irrevogável. Nem todos têm a capacidade de questionar aquilo que recebem como transmissão de hábitos, valores etc. Eles simplesmente “engolem” e passam a vida apenas reproduzindo a síndrome da Gabriela do Jorge Amado: “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim!”

Felizes são as pessoas que repensam a própria maneira de viver, buscando, sempre, uma forma de evoluir e quebrar os cadeados emocionais que lhes foram entregues pela família, núcleos sociais etc. São indivíduos que assumem uma nova postura perante à vida e que se empenham no autoconhecimento. Dessa forma, identificam as suas potencialidades, independente da idade cronológica que possuem, e mergulham nelas. Elas reaprendem a lidar com as própias limitações e deixam de se sentir diminuídas por possuí-las. Essas pessoas descobrem a senha de acesso à libertação de perceber que cada indivíduo é dotado de potencialidades e limitações. Como canta Caetano Veloso: cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é.

Assim como o exercício físico, o treino visando buscar um novo olhar sobre os acontecimentos deve ser praticado com regularidade. De um lado, estaremos ganhando massa muscular e ossos fortes, nas academias e parques. Do outro lado, estaremos ganhando equilíbrio e flexibilidade, tornando-nos atletas incansáveis na arte de driblar os revezes da vida, aprendendo a selecionar o que vale o nosso barulho, o que devemos contornar em silêncio, e o que devemos apenas ignorar.

Imagem de capa: Evgeny Bakharev/shutterstock

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