Forrest Gump: a busca pelo sentido da vida

Forrest Gump: a busca pelo sentido da vida

“A mamãe sempre dizia que a vida é como um caixa de bombons. Você nunca sabe o que vai encontrar.” 

Essa frase é pronunciada repetidas vezes por um dos personagens mais icônicos e belos da sétima arte, a saber, Forrest Gump. Ao ouvirmos tal frase, aparentemente simples, sentimo-nos extremamente tocados e passamos a refletir sobre o seu significado, já que uma das nossas maiores inquietações existenciais é saber o que de fato é a vida.

O filme do diretor Robert Zemeckis é uma daquelas obras em que tudo está em seu devido lugar e se encaixa perfeitamente. Através de uma história simples, o filme consegue trazer reflexões filosóficas profundas e, o mais importante, de um jeito poético, leve e lúdico. É uma das poucas obras, sejam livros ou filmes, em que essa filopoesia funciona perfeitamente. Como é um filme grandioso, há várias interpretações sobre ele, mas acredito piamente na mensagem que sinto toda vez que assisto, qual seja, a inquietude diante da vida, da qual pouco sabemos ou não sabemos nada, e o que devemos fazer durante a nossa caminhada, ainda que não saibamos verdadeiramente como é o fim da estrada.

A trama se desenrola a partir do olhar de Forrest, um garoto com QI abaixo do normal, problemas nas costas e que, portanto, é considerado um idiota. No entanto, apesar desse jugo que recebe, sua mãe nunca deixou que Forrest se sentisse como tal, permitindo, desse modo, que ele não se considerasse um idiota, uma vez que, para ele, como sua mãe lhe ensinou, “Idiota é quem faz idiotice” – e isso ele não fazia.

Todavia, ainda que não fosse um idiota, Forrest era puro e via o mundo sem pré-julgamentos, o que alguns interpretam como a imagem do cidadão americano idiotizado e facilmente influenciado pela mídia, mas que percebo como o desenrolar histórico visto e interpretado por alguém que, na verdade, foge a esse protótipo do homem comum americano, proporcionando-nos, assim, interpretações diferentes do senso comum, o que dificilmente aconteceria se o protagonista fosse representado por um típico americano encaixado em todos os perfis determinados pela sociedade, como ser bonito, inteligente e popular.

Sendo assim, por meio do olhar puro de Forrest, passamos a analisar com mais profundidade todos os acontecimentos vividos pelo protagonista, com nossos próprios olhos, questionando cada atitude tomada, isto é, buscando a essência das coisas. Se Forrest não fosse esse indivíduo visto como um idiota, as suas percepções acerca do mundo seriam apenas mais uma dentre tantas e não conseguiriam dar profundidade ao filme.

A profundidade do filme vem precisamente de Forrest e do seu olhar único diante da vida, do seu existencialismo risível. Ao se deparar com um mundo sem sentido e absurdo, que o olha como um estranho, Forrest busca viver, experimentar o mundo e tirar suas próprias conclusões. Não é um homem extremamente racional, e não o é somente por ter um QI abaixo do normal, mas, sobretudo, por saber que não controla quase nada e que a única certeza que possui é que está vivo e que, enquanto está vivo, deve fazer o que realmente quer, o que o seu coração deseja e lhe apraz.

O existencialismo do jovem do Alabama se manifesta no sentido de que a sua vida corre de forma leve, natural, fluída e, assim, consegue participar de diversos momentos históricos importantes, inclusive de uma guerra, tornando-se um herói nacional, sem que isso seja algo assustador ou difícil de lidar. Pelo contrário, tudo isso é natural, pois faz parte da vida, acontece independentemente da nossa vontade. A única coisa que nos cabe é saber como lidar com esses acontecimentos fortuitos e incontroláveis.

Não se trata de ser descomprometido com tudo ou de não ter ligação com nada, pois, apesar de possuir suas convicções e de ter sentimentos verdadeiros, como pela sua mãe, pela Jenny, pelo Bubba e pelo Tenente Dan, Forrest sabe que a vida é muito mais complexa do que pode compreender e que, por mais que tente, ela sempre parecerá absurda e sem sentido, como lembra a filosofia de Sartre, Nietzsche e Beckett.

Desse modo, Forrest vive sua vida de modo episódico, como de fato ela é, como lembra Kundera, ao dizer que, na vida, não há oportunidade para ensaios, pois os ensaios já são a própria vida. Ou seja, não há como se preparar para o que acontecerá, pois, na maior parte do tempo, não sabemos o que vai acontecer. Não controlamos o tempo, tampouco os acasos. Forrest sabe disso e, por mais que seja desorientado e esteja sempre “correndo” de um lugar para outro, , por isso entende com naturalidade o que acontece, pois sabe que certas coisas acontecem, por mais que não queiramos, como, por exemplo, a morte.

“Mamãe sempre dizia que morrer faz parte da vida. Eu queria que não fizesse.”

Forrest é comprometido com a vida, mas aceita que existem coisas sob as quais não possui controle e que, na maior parte do tempo, devemos ter maturidade para aceitar essa incongruência, bem como ter a capacidade de fazer muito mais com o que a vida faz conosco. Isto é, a força do acaso não é passível de controle, mas não é por isso que devemos viver de qualquer forma. É preciso também acreditar que somos capazes de, nos momentos em que a vida nos dá a oportunidade de controlá-la, sermos fortes, corajosos e, acima de tudo, fiéis ao que nós somos, pois a real inteligência é saber que, embora existam coisas que não se pode mudar, há sempre algo novo a se fazer com aquilo sobre o que temos controle.

“O tenente Dan viu que tinha coisas que não podia mudar.”

Saber o que, de fato, é a vida, qual o seu sentido e o que estamos fazendo aqui é um grande mistério. Existem muitas respostas, mas nenhuma responde satisfatoriamente a todos. Sabemos que nem tudo é controlável. Sabemos que a vida é breve, é fugaz, é passageira e não aceita rédeas. Nós estamos apenas imersos nisso, flutuando como uma pena, sem destino certo. Ou talvez estejamos vagando, à procura de um lugar onde possamos nos encontrar e entrar em contato com a vida de forma mais plena, buscando uma razão para viver e se dedicar. Ou, ainda, vivendo aquilo a que estamos predestinados a fazer, seguindo o caminho do qual jamais poderemos nos afastar.

Bom, talvez seja tudo isso ao mesmo tempo e pode ainda não ser nada disso. O fato é que, por mais que não tenhamos a resposta certa, que nem sempre existam pedras suficientes e, por vezes, a maré siga caminhos ocultos, a maior certeza que possuímos – e talvez a única -, é a que Forrest possui, de que estamos aqui e que, enquanto estamos aqui, devemos fazer o melhor com o que nos foi dado.

Nunca saberemos o que está por vir, se há um destino que inevitavelmente nos leva para algum lugar ou se estamos flutuando na brisa, mas o que fazemos nesse tempo é o que mais importa, fazendo, como disse Sabino – “[…] da procura um encontro” – e tendo a convicção de que, por mais que a vida seja uma caixa de bombons, fizemos o melhor com o que apareceu e tivemos uma vida importante e não idiota, já que idiota não é quem tem um QI abaixo do normal, mas é quem, podendo viver, faz a maior idiotice de todas: apenas existi.

“Eu não sei se mamãe está certa, ou se o Tenente Dan é que está. Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa… mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.”

Imagem de capa: Reprodução

Se você é distraído, vai amar ler este texto!

Se você é distraído, vai amar ler este texto!

Se você nunca entrou no chuveiro de meias; nunca esqueceu uma panela no fogão; jamais compareceu a um compromisso no dia, horário ou local equivocados; nunca mandou mensagem para a pessoa errada (ai minha Nossa Senhora da Saia Justa!); nunca pagou duas vezes a mesma conta e deixou de pagar outra; jamais trocou o nome do namorado ou namorada; nunca perdeu as chaves do carro, o guarda-chuva ou o celular; jamais sentou na cadeira errada do cinema, com absoluta certeza de que era a certa; nunca pegou o carrinho alheio no supermercado e só foi descobrir algumas voltinhas depois… Chiiiii… Esse texto não é para você. Ou será que é?

A perturbadora verdade, meu incauto leitor, é que mais da metade da população do planeta sofre de distração. E essa é uma excelente notícia! Assim, antes de começar a comemorar o fato de não se enquadrar nessa estatística, saiba que os distraídos são mais criativos, têm mais facilidade a ter empatia pelo outro, são mais flexíveis, leves, amáveis e inteligentes. É… Pois é!

O PODER DA MENTE DISTRAÍDA

A capacidade de ignorar estímulos sem importância no entorno, configura uma vitória de nossa organização biológica sobre o ambiente. Esse atributo é conhecido como diminuição da inibição latente; e, graças a ele, nossos ancestrais mais dispersos foram capazes de sobreviver a situações perigosas. O fenômeno é explicado por uma lógica bastante simples: caso nosso amigo do passado caminhasse pelos campos tentando absorver atentamente tudo ao seu redor, só perceberia a aproximação do predador quando já fosse tarde demais, posto que permaneceria tenso dada a importância que confere a todos os estímulos. Em contraponto, aqueles que conseguem abstrair ruídos e movimentações irrelevantes, têm a sua atenção atraída quando algo realmente importante desperta seu interesse, foco e capacidade de reação, sendo capazes de tomar decisões mais rápidas e eficientes.

MUITO MAIS CRIATIVOS

Estudos realizados pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard apontam para uma descoberta interessante: a criatividade aparece muito mais desenvolvida naqueles indivíduos que liberam a mente para vagar por aí, alternando essas “viagens” com períodos de pensamento focado e consciente. Essa alternância torna os distraídos mais aptos a resolver problemas, quer sejam reais ou de proposição fictícia. O estudo revela ainda que, esse processo de criação apresenta um sistema cerebral semelhante à ação do neurotransmissor Dopamina, cuja liberação gera impulsos elétricos entre os neurônios e aumenta a atuação das áreas do cérebro responsáveis pela motivação, cognição e memória de trabalho. A pesquisa explica que a Dopamina tende a promover processos cognitivos oriundos da conexão entre ideias, saberes e percepções; além de propiciar a ampliação na interpretação de fatos e conceitos, o que leva a escolhas mais criativas diante de imprevistos e situações inusitadas.

GRANDES SACADAS

Mas caso você não tenha tido a sorte de ser contemplado com uma cabeça que vive nas nuvens, nem tudo está perdido. De acordo com pesquisas realizadas na Universidade British Columbia, no Canadá, há diversas formas de criar um ambiente de pensamento menos engessado para o cérebro.

A Universidade Canadense questiona, por exemplo, a validade da estratégia do Brainstorming, por meio da qual um grupo vai lançando uma chuva de ideias, preocupando-se em manter o foco num assunto determinado, sem a crítica imediata dos participantes sobre elas. De acordo com o estudo, uma ideia rebatida por outra, espontaneamente – pautada em um ponto de vista opositor – eleva o patamar de pensamento de todos os envolvidos na tarefa. Sendo assim, a discussão menos formal e regida por pensamentos mais soltos e instintivos, abririam horizontes para novas interpretações e estabelecimento de relações.

Outras revelações vêm somar-se ao estudo. O uso de folhas de papel azul, por exemplo, facilita o surgimento de “ideias luminosas”, pela associação com a amplitude do céu e do mar, proporcionando à mente o relaxamento necessário às descobertas e associações. A cor vermelha deve ser usada em registros cuja memorização e atenção sejam o principal objetivo; no entanto, essa mesma cor inibe o processo criativo, posto que lembra perigo e advertência. Assim como o papel azul, o banho ou atividades livres na água, favorecem a ampliação do pensamento, já que o contato do corpo com esse elemento, aumenta a quantidade de ondas cerebrais Alfa, ligadas às manifestações cognitivas.

RIR SEM ECONOMIA

Em função de sua postura menos tensa e mais flexível diante da vida, os distraídos costumam, também, rir com mais frequência; são capazes, inclusive, de rir dos próprios erros, o que é altamente indicado para manter a mente relaxada e saudável. Uma boa e gostosa gargalhada libera endorfina, aumenta a frequência cardíaca, reduz a pressão arterial, eleva o fluxo sanguíneo e diminui a tensão muscular, provocando aquela deliciosa sensação de moleza. Enquanto a raiva e a seriedade excessivas aumentam a pressão arterial e os índices de colesterol, promovendo uma maior incidência de problemas cardiovasculares. Sendo assim, ria com gosto! Não economize boas gargalhadas e fuja de testas franzidas e caras emburradas.

Os cientistas John Kounios, da Universidade Drexel, e Mark Beeman, da Universidade Northwestern – as duas nos Estados Unidos – garantem que o riso melhora em até 20% a nossa capacidade de não entrar em pânico diante de situações inesperadas, e aumenta a nossa disposição a realizar tarefas para as quais não nos consideramos muito aptos. O riso alivia a tensão e a ansiedade induzidas por situações de perigo e remete a emoções positivas de prazer. Assim, é realmente oportuno dizer que “o riso é um excelente remédio”.

GENTE DO BEM

Caso você seja um distraído e tenha lido o texto até aqui, deve estar se sentindo redimido das tantas vezes em que foi resumido às coisas que perdeu, os compromissos que esqueceu ou a tudo que não ouviu porque “vive no mundo da lua”. Nesse caso, trate mesmo de abrir um enorme sorriso e comemorar a sua maneira mais leve de existir nesse mundo. É que além de serem mais criativos, inteligentes e interessantes, os distraídos possuem também uma maior capacidade de ter empatia pelos outros. E isso, pode acreditar, não é pouca coisa! Ter empatia é ser capaz de ir viver um pouquinho dentro do outro, sentir a dor que ele sente, o prazer que ele sente, o medo, a alegria e a tristeza, sem julgamentos mesquinhos. Os distraídos são assim, não prestam atenção às grandes coisas importantes no mundo dessa gente prática, enérgica e altamente produtiva; mas são capazes de oferecer a sua atenção principalmente àqueles que já tenham se acostumado com a invisibilidade, que só quem é “diferente” é capaz de compreender.

Imagem de capa: Flotsam/shutterstock

Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo

Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo

Por que a solidão assusta tanto as pessoas? Será que o encontro consigo mesmo é tão assustador? Pascal já dizia que os homens sentem enorme dificuldade em olhar-se no espelho sem máscaras, pois o encontro entre o eu e o mim sempre é doloroso. Em outras palavras, o autoconhecimento, tão importante para o crescimento emocional, depende de uma dose de solidão. No entanto, na sociedade contemporânea, a solidão parece não agradar muito as pessoas.

Vivemos o tempo inteiro em multidões, sejam elas reais ou virtuais, de modo que evitamos ao máximo estar sozinhos. É como se quiséssemos evitar o encontro com aquilo que, de alguma forma, fará olharmos a ordem estabelecida de outra forma e, por consequência, afastarmo-nos da manada. É sempre mais fácil seguir a manada, adequar-se ao protocolo social do que ser um inadequado que se guia pelo seu próprio querer.

Sendo assim, procuramos andar aglomerados, fazendo as mesmas coisas, comportando-nos todos da mesma maneira, ainda que não haja uma vontade imanente de fazer tais coisas ou agir de determinada forma. Não nos damos conta de que somos apenas reprodutores da vontade de terceiros que não têm nada a ver conosco.

Essa adequação acontece, em grande parte, pelo medo da solidão. Obviamente, somos seres sociais, como atentou Aristóteles. Logo, precisamos conviver com outras pessoas, ter boas relações, o que, aliás, é muito bom para o indivíduo. Todavia, também é necessário que o indivíduo tenha tempo para si, em solidão, a fim de que possa avaliar a sua vida, tomar decisões sem pressões alheias, rever seus atos, reaver seus relacionamentos etc. Esse processo faz com que o indivíduo possa se conhecer melhor (autoconhecimento) e, conhecendo-se melhor, perceberá o que de fato o faz feliz.

Se fugirmos o tempo inteiro da solidão, nunca nos conheceremos verdadeiramente e, assim, nossa vida não terá identidade própria, mas, antes, seguirá os ditames de outras vidas. Quantas vezes estamos imersos o tempo inteiro em relações, comportando-nos de determinada forma e, quando nos afastamos, percebemos que aquelas pessoas e aquele comportamento não se coadunavam com o que somos?

Ficar num sábado em casa, assistindo a um filme ou lendo um livro, ao invés de sair com os amigos, pode ser uma ótima experiência, em que, na tranquilidade do silêncio das vozes alheias, podemos perceber coisas que passam despercebidas no dia a dia, quando estamos envoltos por um sem número de pessoas (sejam reais ou virtuais). Assim, descobrimos muito sobre nós mesmos e, sobretudo, sobre o que não somos.

Esse processo de autoconhecimento não é fácil, uma vez que, ao descobrirmos mais sobre nós mesmos, poderemos deixar de achar muitas coisas, as quais fazíamos, interessantes, incluindo pessoas. Por isso, de forma genérica, as pessoas buscam passar a maior parte do tempo “conectadas”, como se a solidão não possuísse qualquer utilidade.

O que buscamos, na verdade, é fugir das dores que o autoconhecimento promove, já que, sabendo o que se é e buscando-se o que se quer, há grande chance de sermos vistos como loucos e de deixarmos de ser uma peça interessante para o grupo. Afinal, em um mundo que vive sob ditaduras, como a da felicidade, em que todos agem do mesmo modo, fazem as mesmas coisas, são bem sucedidas e estão sempre felizes, não é interessante ter alguém que viva do jeito que lhe apraz, que pense por si só e não siga as regras do jogo.

A vida em sociedade é necessária e extremamente importante, desde que cada um possa ser o que de fato é. Somente assim, criam-se relações de verdade, com raízes e sinceridade, e não troca de conveniências, em que se busca tão somente a fuga do medo de estar só. A verdadeira felicidade está em buscar o que realmente faz o coração terno.

Portanto, às vezes, a solidão é importante para que possamos saber o que faz o coração terno e não apenas reproduzir o que o protocolo social diz ser o caminho da felicidade.
Em hipótese alguma, a solidão deve ser adotada como morada, mas visitá-la de vez em quando é tão importante quanto se relacionar com alguém, pois precisamos saber o que somos, para que possamos dar o que há de mais puro e verdadeiro em nós. Antes de vivermos uma relação, é preciso saber o que somos e isso só aprendemos na companhia da solidão. Pois, como dizia Francis Bacon:

“Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo.”

Imagem de capa: igorstevanovic/shutterstock

Não quero caber no sonho de ninguém, quero apenas viver os desajustes do meu coração.

Não quero caber no sonho de ninguém, quero apenas viver os desajustes do meu coração.

Um dia você percebe que é sim possível criar uma vida aparentemente perfeita. Concretizar os roteiros das propagandas de margarina. É possível seguir convenções de felicidade, ser a mulher boa mãe, bem sucedida, viajada, acompanhada do príncipe encantado, porta-retratos das colunas sociais.

Mas um dia você percebe que começou cedo a corrida para conquistar tudo o que precisava, querendo sempre mais, almejando o topo, e percebe que nunca pôde ou se deu um tempo mais quieto, mais sereno, para ouvir o que fala o seu profundo, o que quer seu coração.

E se a vida te desse a chance de estar sozinha por uns dias, num lugar afastado e só seu e que você sem se preocupar com obrigações, deveres, culpas e medos, você conseguisse sentir apenas o que você quer? Se você tivesse uns dias só para você, como escolheria aproveitá-los? Como seria viver?

Acordaria e faria um café? Ficaria mais umas horas na cama? Leria um livro na varanda? Cantaria alto? Andaria nua? Dormiria cedo, assistindo filme no sofá?

Se o mundo não existisse, quem seria você?

Antes de ser a mulher, a mãe, a profissional, a que gosta de prender os cabelos, de passar esmalte vermelho, e usar sapatilha preta (ou o contrário de tudo isso)…

E se você percebesse que seu destino, aquele que está aí dentro, é mais caótico, sensível, curvilíneo do que você estava tentando construir?

O que diz sua intuição?
Aquele sentimento que aparece antes de pensar em dinheiro, em problemas, nas vontades do ego, nas comparações sociais, nas conquistas ainda não cumpridas.
Quem é essa mulher aí, com sonhos próprios, livre no sentir, que sabe deixar os sentimentos transbordarem, que se dá a liberdade de quebrar molduras para caber melhor em si mesma? Respira aliviada ao esticar as próprias asas.

E se perceber que o mundo não está nas suas mãos, que liberdade mesmo é aceitar-se inteira, imperfeita e que isso não deveria machucar ninguém: nem os outros, nem a você mesma.

É tão renovador quando a gente se permite não ter que cumprir os sonhos de ninguém, e começa a viver a própria vida por mais atabalhoada que possa parecer.

Porque nada mais apertado dos que os sapatinhos de cristal, nada mais restrito do que enquadrar o destino numa moldura pré-fabricada e nada mais chato do que agir na vida como personagem dos olhares dos outros.

Então seja a mulher do lar, do bar, do mundo, recatada, expansiva, inquieta, nua, maquiada, bela, feia, descabelada… A mulher que você quiser, desde que seja você.

Imagem de capa: polinaria_egorova/shutterstock

Quanto mais apertado o abraço, maior o alívio na gente

Quanto mais apertado o abraço, maior o alívio na gente

Parece que nunca estaremos livres de preocupações, seja em relação às nossas próprias vidas, seja em relação às vidas que amamos. Somos, muitas vezes, alquebrados por situações que preocupam os nossos filhos, nosso parceiro, nossos familiares e amigos mais chegados. Ou seja, mesmo que estejamos tranquilos, não seremos felizes por completo, caso sintamos a tristeza rondar aqueles que caminham ao nosso lado. É o preço que pagamos por andar junto.

Quanto mais relacionamentos construirmos, quanto maior o número de pessoas que agregarmos ao nosso rol afetivo, mais chances teremos de compartilhar felicidade, porém, também estaremos sujeitos a ter que enfrentar mais dissabores. A vida de quem amamos faz parte de nós e torna-se impossível ficar impassível enquanto o outro sofre. Por isso é que não dá para ser feliz com plenitude quando estamos rodeados por infelicidades alheias. Ninguém é uma ilha.

Felizmente, é sempre bom saber que teremos alguém com quem poderemos contar, com quem dividiremos as nossas vidas, em tudo de bom e de ruim que ela carrega, para que possamos desafogar as nossas mágoas, desabafar nossas angústias, chorar nossas dores. Será vital, em nossa jornada, sentir o calor de um abraço sincero e reconfortante, que acolha e nos transmita entendimento e paz. Da mesma forma, sermos nós quem acolhe ao outro em nosso abraço de amor fará toda a diferença também.

A vida, afinal, é um dar e receber, um vai com volta, um colher e plantar o que somos, o que desejamos, o que sonhamos. Abraçar o mundo à nossa volta com amor verdadeiro nos tornará mais felizes, pois assim encontraremos reciprocidade afetiva por parte daqueles que optarão por ficar conosco, em harmonia, com fidelidade sincera. Seremos, então, mais fortes para enfrentar com sabedoria e tenacidade as intempéries que, embora teimarão em nos devastar, não encontrarão morada em meio ao amor que sustentará o nosso caminhar.

Imagem de capa: sanjagrujic/shutterstock

Os três jeitos de dar errado no amor!

Os três jeitos de dar errado no amor!

Por Rosana Braga

Em geral, prefiro me concentrar no que fazer para dar certo. Só que, ultimamente, me dei conta de que sugestões para facilitar, melhorar, ajudar e fortalecer o amor existem centenas. Tanto que tenho falado sobre elas por anos, escrito livros, gravado vídeos e desenvolvido cursos que já ajudaram muitos e muitos casais.

Então, fiz o inverso e pensei sobre o que faz o amor dar errado. E percebi que, felizmente, só há três jeitos de estragar tudo. De ficar sozinho para sempre. De passar a vida se lamentando pela falta de sorte. E são eles:

1- Não tentar. 2- Tentar sem saber. 3- Desistir.

Simples assim. Direto ao ponto. Explico: para começar, tem uma música do Jorge Vercillo (Monalisa) que revela bem o que significam nossos amores vividos. Não existem erros, mas pontes, preparação para a chegada:

“(…) Não se prenda a sentimentos antigos. Tudo que se foi vivido me preparou pra você.

Não se ofenda com meus amores de antes. Todos tornaram-se pontes pra que eu chegasse a você (…)”.

Seguindo essa lógica funcional, “não tentar” é desperdiçar aprendizado. É ignorar a vida e suas infinitas possibilidades de ser feliz. Não tentar é se render ao medo de sofrer caindo na armadilha de sofrer sempre, sem sequer se arriscar a sentir paixão, alegria e tantas outras sensações maravilhosas as quais o amor nos inspira. Não tentar é ser egoísta a ponto de privar o mundo de sua singularidade e, pior do que isso: é privar aquele alguém que tanto tem te procurado de chegar até você.

“Tentar sem saber” é tentar sem escolher. É ficar por carência, por falta de autoestima, por medo da solidão. Tentar com o primeiro que aparecer pela frente, mesmo enquanto sua intuição grita para você não fazer isso. É não se questionar sobre o que realmente você quer, sobre o quanto você merece, é “atirar para todos os lados”. E isso enfraquece o coração, desgasta a essência, suja você por dentro e te faz acreditar que você não nasceu pra ser feliz no amor.

E “desistir” te coloca no hall dos derrotados. Só perde quem desiste. Acreditar que tudo sempre será igual e que você já tentou muitas vezes e só cometeu erros é não entender nada sobre os lindos versos da música que citei. É arrogância. É achar que você já sabe tudo, sendo que você não aprendeu nada. Basta se olhar. Entrar em contato com toda a sua história. E certamente terá muito o que aprender com todos os amores vividos.

Cada encontro é uma aula. Cada pessoa é um mestre. Cada amor é um presente. Abra as portas e as janelas da sua alma. Olhe para fora, mas mantenha-se dentro, atento e consciente sempre. O amor está no ar! Isso é fato!

Há uma coisa que você pode ter certeza: se tentar com consciência, autoestima e noção de merecimento; se não desistir por achar que cada “the end” foi um erro; se persistir aprendendo e evoluindo; se enxergar pontes em vez de abismos, mais cedo do que imagina você encontrará o amor!

E nesse momento você se dará conta de que cada passo valeu muito a pena, e que você faria tudo de novo se fosse preciso, só para garantir esse amor de agora, que dá sentido a todo o caminho percorrido!

* Rosana Braga é consultora de relacionamento do ParPerfeito, psicóloga, palestrante, jornalista e escritora.

Imagem de capa: lzf/shutterstock

Querem tanta coisa da gente, só não querem que sejamos felizes

Querem tanta coisa da gente, só não querem que sejamos felizes

Tente imaginar a seguinte cena:

Dois colegas se encontram:
– Oi. E aí, como você está?
– Ah, eu estou bem e você?
– Tudo ótimo.
– Que bom.

Realidade:

“Eu não estou bem. Mas, pra que falar para o outro que estou com problemas? Ninguém quer ouvir as dores do outro não.”

“Poxa eu estou cheio de problemas no trabalho. Em casa as coisas não andam bem. Temos problemas financeiros, mas não posso deixar que as pessoas saibam disso.”

Máscaras: Vivemos de máscaras. Mascaramos nossas dores, nossos medos e nossos problemas para parecer bem em uma sociedade doente. Evitamos falar sobre nossas angústias por medo da exposição. Evitamos falar que não estamos bem por medo do que vão dizer de nós. E, nesse caso, eu estou falando de mim e de como por muito tempo mascarei meus sentimentos, minhas dores, minhas angústias e meus problemas. Afinal, eu não poderia falar delas, pois eu achava que as pessoas não entenderiam. E sabe? Nem sempre entendem mesmo. Dói muito ver amigos de quem você esperava apoio que, ao invés disso, nos julgam gratuitamente. Dói não receber acolhimento de quem achávamos que poderia nos abrigar em seu abraço. Então a gente vai se bloqueia e mente para parecer bem quando de fato não está. Não podemos ser frágeis, pois exigem que sejamos fortes o tempo todo. Querem que a gente não tenha problemas e que saibamos enfrentar os dilemas da vida. “Sem essa de recuar”, é o que dizem. Querem que a gente saiba de tudo e tenha certeza sempre. Querem, ainda, que sejamos capazes de levar a faculdade sem reclamar e que aguentemos quantas noites de estudo forem precisas. No trabalho você também não pode ser “mais ou menos” ou nunca receberá uma promoção. Querem o nosso máximo a todo custo e de todo jeito. Querem quem aos 30m já tenhamos um bom emprego, uma casa e uma família. Aos 20 você já precisa saber qual profissão quer exercer para o resto da vida. Querem que tenhamos estabilidade financeira o mais rápido possível e sem essa de indecisões sobre o que quer da vida. QUEREM DECISÕES. E vamos nos envolvendo nessa pressão que nos é imposta. Adoecemos, mas não falamos. Vamos tocando a vida do jeito que dá. Querem que a gente tenha um relacionamento estável, uma boa profissão, querem que a gente não demonstre cansaço porque isso é preguiça. Querem tanta coisa da gente, menos que sejamos felizes.

A gente não precisa ser o que o mundo quer que a gente seja. Nós podemos ser mais do que isso. Podemos ser o jovem com 20 anos que ainda está em dúvida quanto a qual curso escolher e se realmente deseja fazer uma faculdade. Nós podemos ser alguém com 30 anos que trocou a casa e os filhos por viagens. Podemos ser a mulher com 22 anos que decidiu casar mesmo com todo mundo dizendo que ela é nova demais para isso. Nós podemos ser aquilo que nos faz feliz porque é isso que, na maioria das vezes, não querem os outros. É isso que desejam roubar de nós: os nossos sonhos, o nosso tempo, as nossas decisões.

Não caia na cilada de fazer coisas para superar as expectativas alheias ou para agradar os outros. Agrade a você. Isso já é grandioso demais. Não perca tempo vivendo uma vida para os outros.

Imagem de capa: Johan Larson/shutterstock

O perdão depende exclusivamente do seu coração

O perdão depende exclusivamente do seu coração

O perdão é um ato que não depende do outro. Depende exclusivamente do seu coração. Da sua disposição para perdoar e seguir.
 
Não há barreira maior que aquela que colocamos em nossos corações, por meio do orgulho, medo, teimosia, ego.

Quando nos despimos disso, dessa necessidade de estar certo, do vitimismo e passamos a compreender que todos os atos e efeitos de nossas vidas foram de alguma forma atraídos por nós, temos uma maior compreensão dos processos, encontramos o entendimento, o caminho da cura e mais sabedoria para lidar com o nosso emocional.

“Sua consciência pessoal é responsável por tudo aquilo que vem para a sua vida e experiência pessoal. É sua consciência pessoal que traz para você o bem ou o mal”. (As Cartas de Cristo).

Você pode imaginar que jamais teria atraído algo parecido pra você, e que aquilo que chegou certamente foi enviado ao endereço errado. Mas, de acordo com as Leis Universais, nada está fora do lugar. Tudo é como tem que ser, tudo é perfeito.

E partir dessa de co-responsabilidade com a realidade é que compreendemos que tais experiências foram atraídas por nos seja para um resgate, uma vivência necessária, uma ação de efeito, trazida pelo seu subconsciente por vezes impregnado com traumas e emoções até mesmo trazido de vidas passadas, que podem irromper sua vida atual.

O perdão é uma arma poderosa, usada por uma alma nobre. E essa nobreza vem da humildade, vulnerabilidade, compaixão e verdade.

É preciso abandonar o preceito de que aquele que nos ofendeu merece todo o nosso ódio, desprezo, frieza e dessa forma devemos ser vingativos.

Não são somente aqueles que nos amam que merecem nosso amor. Na verdade, aqueles que nos feriram são os que mais precisam dele.

A vingança parte de uma fraqueza, de uma ação de ódio que envenena ainda mais as relações, e torna o que já era difícil ainda mais insuportável, podendo resultar em doenças físicas e psicológicas, traumas e novas mágoas. Não há evolução quando não há perdão. Fica como que estagnado, a realidade doente e sem possibilidade de cura para ambos.

O perdão é o mais sincero ato de amor que favorece a cura dos dois lados.

E não, não é necessário conviver com quem o magoou. O perdão não quer dizer “conviva com seu malfeitor”- mas sim, desprenda-se de todo sentimento negativo em relação a esta pessoa!

Há um engano em pensar que perdoar significa voltar a ser como antes e a aceitar a pessoa por perto. Há relações e pessoas tóxicas que o melhor caminho é o desprendimento de tudo o que nos faz mal. O afastamento da sua energia.

Porém, estamos nos transformando a todo o momento, e dessa forma é possível compreender também que as segundas chances são também importantes para as regenerações. Se você sente em seu coração esta necessidade, faça sem pensar no julgamento alheio. Seja livre em suas escolhas.

Estamos na escola da vida onde todos somos passiveis de erro, onde de fato aprendemos com eles, e só mesmo as relações humanas nos colocam em prova.

“Relacionamento é, sem dúvida, a universidade dessa grande escola da vida. ” Prem Baba

Ser mais tolerante e compassivo é matéria de estudo e prova prática.

Perdão é uma palavra derivada do latim que de forma abrangente significa “liberar tudo”. Quando você conseguir soltar o veneno que carrega em seu ser em relação a determinada pessoa, é que de fato você conseguiu perdoar.

Pode não ser tarefa fácil para muitos seres, e isso vai depender do quanto de amor esta pessoa carrega em seu coração.

Amor genuíno, amor ensinado por Jesus Cristo.

Deixar ir é um dos segredos da vida e o perdão faz parte disso. É a chave da libertação, da cura e que permite todo ser avançar!

É permitir apagar as memórias ruins para que não se enraízem e cresçam em nosso subconsciente, para que possamos atrair experiência positivas e não repetitivas.

“Sinto Muito, Me Perdoe, Eu Te Amo, Sou Grato”.

O processo do Ho´oponopono é de ser perdoar, agradecer a si próprio e enviar amor a si mesmo. É cura das memórias e do sofrimento.

Não há como controlar as ações de alguém contra nós, mas podemos escolher a melhor forma de agir diante de cada situação.

Purifique seu coração no amor.Abra seu chacra cardíaco para as experiências da vida.
A energia do Ho´oponopono permite desenvolver uma confiança em si, uma fé na alma para que a mente possa soltar o controle e o intelecto dar espaço para a intuição do coração.

Até hoje utilizamos muito o plano mental, o intelecto. O ego está ligado a esta esfera. Chegou o momento de sermos menos racionais e mais emocionais, mais alma, mais seres espirituais. O campo do coração favorece este entendimento. É hora de ativá-lo para as novas compreensões da vida, para uma regeneração no amor.

Tudo parte de nós. Se você quer um mundo pacifico, seja um ser pacifico. Se você deseja um mundo mais amorosos, seja este ser amoroso. A fragrância do seu ser ira inundar o planeta e atrair pra você lindas bênçãos.

Não seja como o camelo que carrega pesos desnecessários, e não questiona suas fraquezas. Busque se tornar uma criança novamente, inocente, mas repleta de sabedoria e amor.
 
Imagem de capa: fizkes/shutterstock
 

O amor certo virá na hora certa!

O amor certo virá na hora certa!

“Deve haver por aí alguém que aceite minhas imperfeições, minhas loucuras, minhas indiscrições, minha rebeldia, meu excesso de emoção. Vai saber…”
(Fernanda Mello)

Ah, se o amor correspondido fosse uma certeza, que beleza seria amar e quanto choro seria evitado. Não, o amor nem sempre tem retorno. Não, nem sempre seremos a escolha de quem escolhemos. Lidar com esse nó que o gostar unilateral provoca será uma das travessias mais dolorosas que enfrentaremos.

Às vezes, a gente tem tanto amor para dar, tem tanto a compartilhar, quer fazer tantas coisas juntas com alguém, mas pode ser que esse alguém não queira o mesmo, ou queira, porém com outra pessoa que não nós. Nem sempre o amor é justo, sob o nosso ponto de vista, porque dói demais ter que ver lá longe quem a gente queria bem juntinho. Dói muito.

O mesmo ocorre em relação a pessoas por quem temos o maior carinho. Muitas vezes, desejamos a amizade de quem não corresponde o mesmo afeto por nós. Ninguém consegue explicar direito o porquê de certas pessoas atraírem o nosso afeto, da mesma forma que não se explica a não correspondência a esse sentimento por parte de algumas delas. E sofreremos, tanto por amigos que não querem ser amigos, como por amores que não querem ser amores.

A questão é saber lidar com os momentos em que não seremos escolhidos por quem queríamos, em que o não virá na forma da dor amorosa. Vamos nos sentir muito mal, vamos chorar e, por vezes, até iremos nos desesperar, porque a rejeição traz desesperança e mina a nossa autoestima – iremos nos sentir feios, desprezíveis, indignos de amor. Será uma travessia dolorosa, só nossa, até que consigamos entender que sempre há alguém precisando de amor – do nosso amor.

A gente tem que sentir a dor, chorar e passar pela tempestade, porém, por mais que doa, fé e luta serão necessárias, porque a tristeza engana a mente, rouba os sonhos e leva embora as esperanças que nunca devem sair de perto da gente. Cada um terá seu tempo para poder sair da dor, isso não se julga, mas é preciso tomar cuidado com o apego à pedra em que tropeçamos. Portanto, acredite: o amor certo virá até você na hora certa.

Imagem de capa: Predrag Popovski/shutterstock

As minas de Sampa

As minas de Sampa

Se você é mulher e vive ou está de passagem por essa cidade loucamente maravilhosa que é São Paulo… você precisa ler este texto misturado de dores e delicias.

Viver nessa cidade é para os fortes e doces seres que sabem da arte de se equilibrar, entre os desafios de vencer distâncias, obstáculos e intempéries e as maravilhas de um mundo cheio de oportunidades, novos caminhos e inovadoras ideias.

As minas de Sampa são as minas de qualquer parte do mundo. Porque aqui nesse espaço, onde parece faltar espaço pra tanta gente… há lugar para todas nós.

Lugar esse que ainda precisa ser batalhado todo santo dia, para que o que já foi conquistado não se perca, e o que ainda está longe de ser uma garantia, possa começar a ser olhado como algo com o que já se pode sonhar.

As minas de Sampa não tem medo de trabalho, não fazem corpo mole, nem coração duro.

Ser mina em Sampa é enfrentar horas no “busão”, serpentear de bike pelas ciclofaixas, pilotar sob capacetes coloridos, aprender a manobrar carrinhos ou carrões em vagas improváveis, virar sardinha nos vagões da CPTM ou do Metrô. Tudo sem perder o glamour, claro! Seja no salto ou de All Star.

Ser mina em Sampa é dar um rolê na balada, almoçar pastel de feira, carregar marmita na bolsinha térmica, curtir um expresso com pão na chapa da padoca, sair da dieta com bolacha recheada (bolacha, não biscoito! rs).

É tomar uma breja com a galera do trampo. É chamar uma pizza no domingo à noite. É curtir a Paulista em qualquer ocasião. É amar livrarias e sebos com a mesma paixão. É pegar um sol ou uma sombra no Ibira. É curtir um japs ou uma feijuca no sábado! O que pintar!

Ser uma mina de Sampa é dessas coisas que enchem a gente de amor e orgulho. Porque aqui em Sampa toda mina é bem-vinda pelas outras minas que já aprenderam que o que nos faz mais fortes é sermos ligadas umas nas outras. E que se alguém mexer com uma, terá mexido com todas.

Ser mulher é uma delícia. É trazer dentro da alma mil jeitos de ver o mundo. É aprender que somos cíclicas, intermináveis em nossos processos de evolução, e infinitas em nossa capacidade de viver muitas vidas numa só.

Ser mulher é lindo! Mas.. ser uma mina de Sampa… Ahhhh… isso é tipo.. top! Sacou?!

Imagem de capa: Filipe Frazao/shutterstock

Eu aprendi uma lição com minhas unhas artificiais

Eu aprendi uma lição com minhas unhas artificiais

De uns tempos para cá, minhas unhas ficaram quebradiças e frágeis. Além do desconforto estético, existe o incômodo da dor, pois algumas quebram ao meio, ainda na carne, impossibilitando que eu as corte.

Como sou muito vaidosa, fui logo em busca de uma profissional que faz alongamento de unhas. Ela colocou sobre as minhas frágeis unhas, uma aplicação de fibra de vidros. Não vou explicar o procedimento porque não saberia de fato como é feito, mas as informações sobre ele estão disponíveis na internet.

O resultado ficou fenomenal, saí do salão deslumbrada. Eu estava, simplesmente, encantada com minhas mãos. Nossa, como aquilo fez bem à minha autoestima! Acontece que, em alguns momentos, eu me lembrava de que embaixo daquelas unhas glamurosas existia uma realidade nada bonita: as minhas unhas quebradiças e frágeis, nada saudáveis. Isso me entristecia por alguns instantes, mas, passava logo.

Não faltaram elogios, eu fiquei, de fato, muito envaidecida. A cada 30 dias eu voltava à profissional para fazer a manutenção das unhas artificiais. Inevitavelmente, aquela sensação de estar negligenciando a minha saúde passou a me visitar com mais frequência. Percebi que as novas unhas eram uma máscara que eu usava para ocultar uma realidade que me desagrada. As minhas unhas precisam de um dermatologista, não de uma manicure especializada em alongamento.

Afinal, se minhas unhas, que sempre foram saudáveis, estão quebradiças, alguma alteração está acontecendo em meu organismo. Talvez uma alergia ou mesmo uma deficiência de algum nutriente. Não sei ao certo, mas eu tenho que investigar e não recorrer a um recurso que tem um efeito meramente estético. Sem contar que não descarto a possibilidade de o procedimento estético ter agravado a saúde das minhas unhas.

De tanto me incomodar, decidi retirar aquelas unhas lindas e falsas. Optei por iniciar um tratamento com um dermatologista. O tratamento vai requerer gastos e muita paciência, mas quero minhas unhas saudáveis e resistentes de volta.

Toda essa experiência me levou a refletir e traçar paralelos com outros contextos. Me fez pensar nas pessoas que estão adoecidas emocionalmente, mas que não buscam um tratamento psicológico e/ou psiquiátrico. Correm de uma psicoterapia como o diabo foge da cruz, chegando, inclusive, a dizer que psicólogos são para doidos, e que não é o caso deles(as). Essas pessoas preferem mascarar suas dificuldades com algumas compulsões relacionadas à alimentação, drogas, compras (mesmo sem poder) etc.

Existem tantas estratégias que usamos para mascarar alguns desconfortos, não é mesmo? Não faltam artifícios. De fato, não é fácil encarar algumas realidades, isso requer, dentre outras posturas, força, determinação e humildade. Retirar as nossas máscaras, implica coragem para encarar uma realidade nada bonita que, por vezes, elas escondem. É preciso muita raça para despir-nos diante de nós mesmos. Não me refiro à nudez diante do espelho do nosso quarto, mas, sim, da nudez da alma diante da nossa consciência. É mais fácil tentarmos desnudar a vergonha alheia, dessa forma, esquecemo-nos da nossa.

Arrancar a máscara do “não tenho tempo” para aquilo que precisamos fazer, mas nos esquivamos porque não é prazeroso. Tentar entender o que tem por baixo da máscara chamada “é uma crítica construtiva” muito usada para ofender e amarelar o sorriso do outro. Enfim, existem máscaras para todos os lados. Especialmente em tempos de boom digital, onde queremos aparecer sempre impecáveis, invejáveis, empáticos, simpáticos, incríveis e surreais.

Eu aceitei que preciso de ajuda, não quero essa máscara nas minhas unhas. E você, será que usa alguma máscara para esconder algo que não gosta em você? Se sim, até quando pretende usá-la? Será que o custo-benefício compensa? Acho que vale a reflexão.

Imagem de capa: shutterstock/pmmart

Que bom que te decepcionei

Que bom que te decepcionei

Você que esperava uma lealdade cega, aquela obediência conformada, nenhuma contrariedade e jamais uma negativa… Decepcionei? Que bom.

Você que contava com uma dedicação integral, uma consideração infinita, a compreensão do incompreensível… Decepcionei? Que bom.

Você que tinha absoluta certeza de que suas fotografias, lembranças, maus feitos, covardias e ausências seriam guardados na mais cor de rosa caixinha de recordações… Decepcionei? Que bom.

Você que cresceu e inchou, se tornou maior do que a porta por onde deveria passar e ainda assim acreditou que seria uma obrigação te seguir… Decepcionei? Que bom.

Você que manipula fraquezas, que trata relações como via de mão única, que pede muito e pouco oferece, que não mede prejuízos para satisfazer vontades, não se aproxime porque vou te decepcionar, com muito gosto!

E se em algum momento a dúvida sobre fazer o certo ou o errado se instalar, uma dica valiosa é pensar nas pessoas que precisamos decepcionar, pois do contrário seremos como elas, o que não admiramos, não queremos, não devemos.

Decepcionar é um bom termômetro.  Decepcionar a vaidade, o egoísmo, o egocentrismo, a avareza, o desamor… Se estamos nesse caminho, a coisa esquenta, o jogo fica mais justo, os retornos acontecem, os vampiros ficam para trás. E o julgamento fica mais claro. A capacidade de separar o que interessa, o que vale, quem fica, quem sai, quem soma, quem vale zero.

Tudo é questão de critério e também de responsabilidades. Se escolhermos a face da lamentação, seremos muitas vezes decepcionados. Não esperávamos, não poderíamos acreditar…

Mas, se preferirmos a versão da ação, de bancar um julgamento decepcionante, então estamos na posição de quem sabe com quem lida e, por não partilhar das certezas, decepciona e segue a vida.

E a vida segue, tanto para os que agradam como para os que decepcionam.

A escolha é pessoal e cada um tem seus motivos. Há quem prefira perder a liberdade, as forças, a saúde, a razão.

No meu caso, e se o seu caso de alguma forma me fere, decepcionei? Que bom.

Imagem de capa: vladee/shutterstock

Aprenda a não revidar, deixe que a vida faça isso por você

Aprenda a não revidar, deixe que a vida faça isso por você

Não é fácil mantermos a calma quando existe alguém nos incomodando com maldade, agressividade, falsidade ou tudo isso junto. Parece que a energia negativa da pessoa contamina o ambiente e quem estiver por perto, fazendo com que todo mundo ao seu redor fique se rebaixando ao seu nível. E isso não faz bem para ninguém.

Um dos maiores favores que conseguiremos fazer para nós mesmos será conseguirmos ignorar, deixar quieto, deixar pra lá. Silenciarmos, enquanto o outro espera que gritemos e nos desequilibremos, tem uma incrível capacidade de neutralizar o peso que gente ruim carrega para lá e para cá. Como ocorre com tudo nessa vida, o mal, ao não encontrar reciprocidade, vai embora.

A vida anda difícil, sobrecarregada, retirando-nos as forças, enquanto nos equilibramos em meio à correria célere do cotidiano esmagador que nos preenche os dias. Poucos conseguem obter real prazer enquanto se dedica ao trabalho, num ambiente em que as pessoas estão se tornando cada vez mais complicadas. O mundo policia cada um de nossos atos, cada palavra que falamos e escrevemos, aguardando algum possível deslize que possa ser usado contra nós.

Com isso, confiamos pouco no outro, quase não nos abrimos com as pessoas, por medo, insegurança e cautela. E isso tudo vai se acumulando dentro da gente, tornando nossos passos cada vez mais pesados e solitários. A gente acaba não aguentando tanto sentimento represado dentro do peito e, muitas vezes, desconta em quem não merece. A gente se isola e vive a solidão em meio a uma multidão solitária.

Isso contribui para que laços afetivos não se firmem, ou seja, não construímos um relacionamento verdadeiro com as pessoas. Assim, pouco nos importamos com os sentimentos do outro, pouco nos colocamos no lugar de alguém, pouco nos importa que magoemos as pessoas. Para muitos, o outro é apenas alguém que pode vir a ser interessante, caso possa ser usado em seu favor de alguma forma.

Há, como se vê, uma urgente necessidade de não propagar essa ausência de afeto que paira sobre nós, não entrando no jogo de quem só quer disseminar discórdia. Aprenda a não revidar, deixe que a vida faça isso por você. E ela sempre fará, porque ninguém sai dessa vida sem pagar a devida conta de seus atos. Quando o erro não é seu, apenas relaxe.

Imagem de capa: IVASHstudio/shutterstock

O amor é o melhor cicatrizante que existe

O amor é o melhor cicatrizante que existe

Dói quando a gente se engana com alguém, quando a vida diz não, quando perdemos as pessoas. Dor física a gente combate com analgésico, dor da alma a gente cura com amor.

Existem vários tipos de dores, de ferimentos e de machucados. Há dores que vêm de fora, há dores que vêm de dentro. Fato é que as dores invisíveis, muitas vezes, serão muito mais fortes e duradouras do que as dores físicas, porque elas envolvem emoções, sentimento, lembranças, culpa, remorso e decepção.

Dói quando a gente se engana com alguém que se mostra, com o tempo, como uma pessoa totalmente oposta ao que esperávamos. Pior é que, enquanto o outro ainda finge ser quem não é, a gente se abre e compartilha tudo, a gente se abre e se doa. Então, de repente, o outro usa contra nós tudo aquilo que lhe oferecemos, distorcidamente, cruelmente, covardemente. Dói.

Dói quando a vida diz não, quando os sonhos se apequenam, quando a vida não dá certo. A gente estuda e se prepara e não passa no vestibular ou no tão sonhado concurso. A gente atravessa as etapas de uma seleção de emprego até o fim e não é chamada. A gente idealiza planos para os filhos e eles caminham do lado contrário. Tanta coisa não dá certo, tantos imprevistos – muitos deles desagradáveis. Dói.

Dói quando o relacionamento amoroso não dá certo, quando o rompimento é a única saída de uma situação que não mais se suporta. Todos queremos que a vida a dois dê certo, porque nos esforçamos, suamos e nos dedicamos ao outro com verdade e inteireza. Daí o retorno não vem, os olhos fitam o vazio de uma entrega sem sentido, desvalorizada e unilateral. Dignidade nula, sentindo-nos um nada, resta-nos partir. Dói.

Dói perder pessoas; a alma se fere com a ausência de quem tanto amávamos. Vivemos e vamos acumulando gente que chega e gente que se vai. Por mais que saibamos da finitude da vida, parece que nunca estamos preparados para enfrentar a dor do luto, por nossos queridos, por nossos animaizinhos de estimação, enfim, por todos aqueles cuja presença deixava o dia mais bonito. Dói.

Nesses momentos, teremos que enfrentar muita escuridão e desesperança de forma solitária, no sentido de que se trata de uma jornada muito íntima e pessoal. Ainda assim, olhar para o lado e sentir o amor de quem sempre esteve ali do nosso lado e sempre estará, com acolhimento verdadeiro e afeição sincera, será essencial na cicatrização de nossas feridas emocionais. Porque não há nada que possua o poder de cura que o amor irradia. Dor física a gente combate com analgésico, dor da alma a gente cura com amor. Sempre o amor.

Imagem de capa: Kokulina/shutterstock

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