Para não perder o amor próprio de vista

Para não perder o amor próprio de vista

Esse texto é para você que, como eu, também não vê mais sentido em perder tempo ao lado de gente que não demonstra um pingo de consideração. Porque cansa estar presente na vida de quem leva tudo no tanto faz.

Não sei se é do seu conhecimento, mas tem gente com desapego sobrando por aí. São pessoas que mascaram interesses e pouco retribuem os afetos recebidos. Gente assim, perdão, não faço mais força para ter por perto. É que viver já é uma tarefa difícil. São problemas, boletos e desencontros. Tudo misturado. Tudo para um único coração lidar. Logo, injusto é passar ainda mais perrengue com pessoas que quase nunca estão dispostas e em dia com o recíproco.

Sério, se você tem alguém na sua rotina que não imprime sinceridade e gentileza, cai fora. Essa criatura não vai mudar. Ela é acostumada com quem entrega muito e pede pouco. Você merece mais e ela sabe disso. Mas, infelizmente, a cretinice também tem um espaço reservado no lado esquerdo do peito de alguns.

Então, levanta esse sorriso. Pega a próxima saída e vá de encontro amor amor próprio. Engole o choro, dá um pontapé na raiva e passa o pente fino na decepção. Tem gente que não vale os inteiros que temos. É fato. Não brigue contra isso. Você é importante, lembre-se.

Às vezes me pego pensando na falta de sensibilidade e parceria de alguns. Não vou mentir, tem dia que a vontade de explodir é grande demais. Daí lembro que não vale pena. Não vai resolver. Prefiro seguir confiante e em sintonia comigo, mesmo que isso custe passar algumas senhas de “você não é mais bem-vindo (a) no meu presente”.

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei, Shutterstock

Não se culpe por se afastar de algumas pessoas e fechar algumas portas

Não se culpe por se afastar de algumas pessoas e fechar algumas portas

A vida precisa de faxina. De reciclagem. De ressignificação.

De tempos em tempos, precisa que a gente mude os móveis de lugar, troque o tapete, pinte a parede de uma cor diferente. Depois de algum tempo, precisa que a gente rasgue alguns papéis, libere espaço nas gavetas, ventile o ambiente, se desapegue daquilo que deixou de ter significado.

Eu costumava me sentir culpada de jogar a maioria dos cadernos antigos do meu filho fora. Porém, no ano seguinte, outra pilha de cadernos se somava à anterior, e eu acabava descartando aqueles que havia guardado. Hoje, conservo apenas um de cada ano, e pode ser que lá na frente eu descubra que não faz mais sentido guarda-los também. Porém, no momento ainda é importante para mim. No momento ainda faz sentido manter aqueles cadernos encapados com adesivos do Minecraft que mostram a evolução da letrinha cursiva e me lembram a fugacidade da infância.

Leva tempo até que a gente se sinta pronto para se desapegar de histórias, objetos, hábitos e pessoas que se quebraram. Como um vaso quebrado, insistimos em colar os cacos, imaginando que podemos manter a peça intacta, como era anteriormente. Nos apegamos aos fragmentos e esquecemos que coisas boas acontecem para quem libera espaços, para quem redimensiona o passado e dá uma chance ao futuro.

Não se trata de vingança. Mas às vezes você tem que parar de direcionar o seu afeto e a sua atenção para quem não é recíproco com você. Deixar de mandar mensagens para quem só aparece quando tem interesse, parar de insistir num encontro para um café com quem sempre arruma uma desculpa, manter distância de quem tenta te diminuir, deixar de ter expectativas após longos silêncios e prolongadas ausências, aprender a se proteger e se valorizar, entendendo que nem sempre gostar muito de alguém é pré-requisito para essa pessoa também gostar muito de você.]

Nem sempre ter afeição por alguém é o suficiente para essa relação funcionar. De vez em quando você tem que ter feeling, sensibilidade e diplomacia para se resguardar e se afastar. Fomos educados a agir com tolerância e perdão, mas isso não significa autorizar que algumas pessoas nos subtraiam, ou que nossas vidas fiquem suspensas à espera de um gesto de reciprocidade que nunca ocorrerá. De vez em quando você tem que acordar e perceber que esteve remando o barco sozinho, e que já é hora de parar.

A vida precisa de faxina. E isso inclui fechar algumas portas e dar fim a algumas histórias. Nem tudo cabe em nossa nova etapa de vida, e temos que ser corajosos para abrir mão daquilo que um dia teve significado e hoje não tem mais. Nem sempre é fácil encerrar um capítulo. Porém, às vezes o capítulo já se encerrou faz tempo, só a gente não percebeu.

Por fim, não se esqueça do ditado que diz: “Não guarde lugar para quem não tem intenção de sentar ao seu lado”. Algumas pessoas não valem nosso esforço. Não valem nosso empenho nem intenção de proximidade. Elas simplesmente não fazem questão. E insistir em manter um laço sem reciprocidade só irá nos desgastar, cansar, decepcionar. Quanto antes você entender isso, mais cedo aprenderá a valorizar quem está ao seu lado, seus afetos verdadeiros, sua história bem contada. E enfim adquirirá uma espécie de amor próprio que não lhe permitirá mais remendar porcelanas quebradas. Entenderá de finais e recomeços, e aprenderá a não sentir um pingo de culpa por se amar em primeiro lugar.

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei / Shutterstock

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O pequeno que mora na gente

O pequeno que mora na gente

Passei um tempo ali à sombra observando as crianças de quatro ou cinco anos, correndo com suas perninhas miúdas pro mar. Eles iam, iam e iam, como se fossem furar a primeira e depois a segunda onda. Como se as ondas duras fossem escorregadores e não muros. Atrás de mim, o coro de mães alertava dos perigos todos. Corriam uns metros gritando e tomando ar, catando as roupinhas em miniatura – Volta pra cá, menino! – Não temer é mesmo de um perigo danado.

Eu sorri e desejei profundamente um tantinho daquela inocência de volta. Um décimo daquela coragem desajuizada. Um milésimo daquela curiosidade desprecavida. Eu sorri e desejei ser criança, mas também ser onda. Ser coragem, mas também sabedoria. Ser pureza, mas ainda ter comigo minhas andanças. Desejei, mesmo sabendo que era impossível.

Desejei conhecer alguém de minha altura e entender que isso já era o bastante para sermos amigos. Aprender a dizer seu nome e desenvolver confiança. Desejei outra vez apenas dizer – Vamos ser amigos? – e estar tudo resolvido: seríamos mesmo amigos. Bastava isso.

Desejei não temer nada que fosse maior que eu. Desejei ter a loucura, a pureza, a quase demência autorizada e somente me apaixonar outra vez. Não gostar, não querer, não amar, mas se apaixonar descontrolada e deliciosamente. Lembra?

Desejei uma corrida despreocupada com o ridículo, um descabimento para as roupas que não faziam sentido, um alinhamento improvisado com os meus próprios joelhos depois de já ter corrido. Desejei um olhar impetuoso adiante, um frio na barriga por tão pouco, um achar graça de nada ou de tudo. Desejei um tempo incompreensível em que relógios e calendários eram um estrangeirismo.

E no exato instante em que desejei o impossível, eu me tornei aquilo que desejava. Um tempo depois, crianças todas recolhidas e em segurança longe da água, foi minha vez de correr. Corri o mais rápido que pude. O mais ridiculamente que soube. Percebi que ser gigante também tem lá suas virtudes.

No último instante, eu furei a onda. Não havia ninguém para me dizer que não era possível. Há ainda um lapso de doçura morando em cada um de nós. Basta ir.

Imagem de capa:  altanaka,Shutterstock

Pronto Socorro Netflix: 10 filmes para garantir a sua noite.

Pronto Socorro Netflix: 10 filmes para garantir a sua noite.

Histórias intrigantes. Suspenses. Romances e até um toque família. Essa é uma lista coringa para você usufruir ainda esse mês.

1- First they killed my father

Camboja, 1975. Quando o regime comunista do Khmer Vermelho assume o controle da capital do país, Phnom Penh, a pequena Loung Ung (Sareum Srey Moch) é obrigada a deixar para trás sua casa e seguir com a família para o interior. Num campo de trabalho forçado ela convive diariamente com o horror, a fome, o medo e a ameaça de separação dos pais e irmãos. Baseado em fatos reais.

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2- Effie Gray: uma paixão reprimida

Uma história de arte, voluptuosidade e intriga. O triângulo amoroso entre o crítico de arte John Ruskin (Greg Wise), sua mulher adolescente Euphemia “Effie” Gray (Dakota Fanning) e o artista pré-rafaelita John Everett Millais (Tom Sturridge) foi um escândalo que abalou a sociedade inglesa do século XIX.

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3- As sufragistas

No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios.

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4- A Louva-a-deus

Décadas após sua captura, uma serial killer oferece ajuda para solucionar uma sequência de assassinatos. Com uma condição: ela só trabalha junto com o filho policial

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5- Ruth & Alex

Em Nova York, Ruth (Diane Keaton) e Alex (Morgan Freeman), juntos há décadas, decidem vender o apartamento onde sempre viveram no Brooklyn e ir para um outro lugar. Eles apenas não imaginam a quantidade de problemas que vão encontrar nas negociações para se desfazer do imóvel que compraram na década de 1970.

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6- Voice from the Stone

Em 1950, na Toscana, o rico garoto Jakob fica traumatizado após a morte de sua mãe, e para de falar. A jovem enfermeira Verena (Emilia Clarke) é chamada à mansão da família para cuidar dele. Aos poucos, ela conhece os segredos do pai da família e do próprio Jakob. Verena suspeita que os muros de pedra contêm forças malignas que se apoderaram da criança, e que tentam se apoderar dela também.

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7- Milada

A política e defensora dos direitos humanos Milada Horáková luta contra tudo e todos para defender suas crenças na Tchecoslováquia comunista.

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8- O solista

Steve Lopez (Robert Downey Jr.) é um colunista famoso do Los Angeles Times e vive em busca de uma história incomum. Em um dia como outro qualquer, não exatamente em sua busca por uma matéria, ele ouve na rua uma música e descobre Nathaniel, tocando muito bem num violino de apenas duas cordas. Seu nome é Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), um dos milhares de sem teto das ruas de Los Angeles, ex-músico que sofre de esquizofrenia, sonha em tocar num grande concerto e é um eterno apaixonado por Beethoven. Lopez prepara uma coluna sobre sua descoberta e recebe de um leitor, como doação, um instrumento para o músico. É o começo de uma amizade que poderá mudar para sempre suas vidas.

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9- Nossas Noites

Addie Moore (Jane Fonda) é uma viúva solitária que decide certa noite convidar o vizinho também viúvo Louis Waters (Robert Redford) para dormir em sua casa. A proposta inusitada, que tem por objetivo ajudar os dois a vencer a insônia, a princípio deixa o professor aposentado sem reação, mas conforme eles colocam o projeto em prática uma bonita relação de cumplicidade floresce.

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Our Souls At Night

10- As aventuras de Paddington

Paddington (voz de Ben Whishaw) foi criado na floresta do Peru pelos tios Pastuzo (voz de Michael Gambon) e Luzy (voz de Imelda Staunton), mas um terremoto acaba separando o trio. Diante disto, o pequeno urso é enviado pela tia para Londres, local onde mora um explorador que visitou o Peru décadas atrás. Paddington faz a viagem clandestinamente e, ao chegar, acaba indo para uma estação de trem. Lá ele conhece a família Brown, que decide ajudá-lo a encontrar o tal explorador. Só que a vida na civilização e entre humanos não é tão simples assim.

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Paddingtons erster Besuch in der Londoner U-Bahn

Com sinopses de Adoro Cinema

Notas sobre amores reais

Notas sobre amores reais

Somos a geração dos homens conquistadores e das mulheres com coração de ferro. “Não se apegue” virou lema e “superação” é a palavra do século. Mas, a verdade é que tudo isso esconde uma grande carência afetiva disfarçada de segurança.

Amor é construção

Sim. É isso mesmo que você acabou de ler. Você pode discordar, maldizer e até retrucar, mas, acredite, amor construído é muito diferente de amor idealizado.

Quando estamos amadurecidos, queremos encontrar pessoas que correspondam os valores que admiramos. Por exemplo: se priorizamos a fidelidade, escolheremos pessoas que também prezem isso. E, como isso se comprova? Na convivência, já que o amor é provado nas atitudes e não nos discursos apaixonados.

O problema é que muitos acreditam que o amor é um dispositivo automático que será ligado no momento que você encontrar a pessoa dos seus sonhos. Grande engano!

Outro conselho errado é o tal do “só case se você amar muito”. Sejamos realistas: ninguém casa amando o outro. Casa-se apaixonado, dispostos, encantados, mas, amando, não. Ama-se na rotina, na superação de problemas, na forma como o outro nos trata… amor é construção de intimidade. Essa idealização de um amor romântico só serve para roteiros de filme e para criar relacionamentos fúteis e superficiais.

Não demonstrar, não significa não sentir

Fazemos parte da geração da exposição. Viajou posta no Instagram, começou a namorar, muda status do Facebook, terminou a relação, reclama no Twitter. Só não conseguimos entender, ainda, que essas atitudes não medem sentimento algum.

Por sermos diferentes, cada pessoa expressa (ou não) os sentimentos de um jeito. Há quem ame expor os sentimentos em outdoor, outros de silenciá-los na alma e, sabe, tudo bem. O que não dá é para medir os sentimentos de alguém pelo silêncio que ele faz.

Algumas pessoas sabem amar, mas são péssimas para demonstrar isso. Não sabem o timing para fazer declarações leves, para ser gentil ou para discutir a relação. E, isso, não quer dizer que não amem em toda a sua essência.
Ela pode estar magoada e não proferir uma palavra sobre isso. Ele pode amar e não querer postar isso em todas as redes sociais. Ela pode sentir o coração acelerar por outra pessoa e, mesmo assim, preferir que ele bata sozinho. Entenda: não demonstrar, não significa sentir.

Sem cuidado, todo amor acaba

Amor exige cuidado. Quando as conversas não passam de um jogo de perguntas e respostas, a presença não faz diferença e o sentimento ficou cômodo é hora de repensar na relação. Como diz Arnaldo Jabor: “O perigo do amor é virar amizade.”

Grosserias diárias não são normais, falta de carinho não é rotina e deixar de admirar não é comum. Amor que se respeite é pau para toda obra. Há respeito na TPM, admiração no sobrepeso e carinho sob o sol de 40 graus. Não tem essa de “amar por conveniência”.

A verdade é uma só: quando não há cuidado, não há interesse em manter.

Às vezes, a gente vai querendo ficar

Nem todo fim é fácil. Muitas vezes, deixamos o barco partir, porque não aguentamos mais controlá-lo diante das tempestades. A vontade era de ficar, de esperar a chuva passar e de voltar a tocá-lo com calmaria. Mas contra a natureza ninguém pode e, na esperança de sobrevivermos, optamos por abandoná-lo.

Amor é como um barco. É preciso deixar ir quem quer e fazer história com quem resolve ficar. Não podemos ser egoístas a ponto de prender pessoas a nós só porque temos medo da solidão. Deixar ir é tão necessário quanto precisar ir.

Ninguém morre de amor

Eu sei que terminar uma relação não é fácil, e nunca vai ser, mas de amor ninguém morre.

Podemos sentir o coração apertar, o sangue ferver e a vontade de sumir aumentar gradativamente, mas todos esses sintomas são passageiros e o que fica é a vontade de ser feliz novamente.

Comprovamos, com o tempo, que o final feliz nem sempre é o que planejamos, mas é sempre melhor do que esperávamos.

Imagem de capa: View Apart/shutterstock

Cuidado com o que deseja!

Cuidado com o que deseja!

Oração, mandinga, talismã, simpatia, sortilégio ou o conhecimento daquilo que te move, o seu mais profundo desejo, tudo tem o mesmo poder. No fundo, no fundo… tudo depende do acionamento de uma mesma energia: a sua própria determinação!

Quando você perde algo precioso e promete pulinhos a São Longuinho, ou se ajoelha diante de uma imagem de Santo Antônio e reza para que ele o encontre, o que mais está fazendo a não ser lembrar a si mesmo de que perdeu algo cheio de valor e que o quer de volta?

O que mais está fazendo a não ser demonstrar ao universo e à sua própria alma que deseja aquilo? E isso não é o mesmo que atraí-lo de volta para você?

E quantas vezes ao rezar para recuperar o objeto que perdeu, você não acaba se lembrando de onde o deixou, e acaba voltando lá para recuperá-lo? Isso é uma resposta à sua prece? É magia? Ou é apenas e simplesmente a compreensão profunda do seu desejo e a sua determinação de ir em busca daquilo que quer?

A prece é um sortilégio, que é o mesmo que conhecer o seu desejo. Juntos, esses catalizadores de energia trazem aquilo que foi perdido de volta à sua mente e, então, de volta à suas mãos. Não é assim?

Quando você reza, sabe em seu íntimo que quer muito alguma coisa. E esse é sempre o primeiro passo de uma caminhada que o levará a realizar o seu desejo. Saber que quer alguma coisa, que anseia por ela, às vezes é a parte mais difícil, porque é preciso ter coragem para conhecer o que se deseja. É preciso ter coragem para admitir que se é infeliz por não possuir aquilo.

Às vezes, é preciso ser muito destemido para reconhecer que foi a sua própria insensatez ou suas ações equivocadas que o fizeram perder o que amava, ou mesmo, deixar de conquistá-lo. E se você não compreender que precisa mudar sua maneira de agir e pensar, antes de evocar a intervenção dos deuses, não há prece, magia ou sortilégio que o salvarão de sua já tão poderosa capacidade de se auto sabotar.

Desapegar-se de crenças limitantes é uma das transformações mais importantes e profundas que podem te acontecer.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que há um espaço vazio em sua vida a ser preenchido. Precisa ousar olhar para si mesmo e perceber a falta que sente. Em seguida, tem que mudar a sua vida, rearranjar as suas estruturas, abrir o coração e criar um lugar amoroso e seguro para receber o que virá.

Neste momento, você entra em sintonia com o seu desejo. E isso pode ser extremamente doloroso. Localizar perdas, sedes, fomes e vazios gera uma dor lá no fundo da gente. Uma dor necessária para fazer a gente sair do conforto macio da conformação e ir em busca do que tanto quer.

É fato que nem tudo o que desejamos está ao nosso alcance. No fundo, há sempre a chance de não dar em nada. Há expectativas que se frustram. Há desejos que nos colocam num lugar de insatisfação permanente. Há sonhos que se dissolvem feito bolhas de sabão, para dar lugar a outros muito mais significativos e verdadeiros. Aqui, mais uma vez a palavra é coragem! Coragem para desejar! Coragem para lutar pelo que se quer! Coragem para perseverar! E coragem para ter coragem de mudar de ideia… se for o caso!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena da antiga série de tv americana “A Feiticeira”

Alô sociedade: Ser solteiro(a) não é um problema!

Alô sociedade: Ser solteiro(a) não é um problema!

Para algumas pessoas o fato de estar solteiro (a) é um grande problema. Ainda não entendo a lógica da nossa sociedade que entende que ter alguém é necessariamente sinônimo de felicidade.

Nessa minha vida de solteiro (a) já escutei tantas coisas e percebi que o desespero das pessoas para que eu tivesse alguém em minha vida era tão grande que tentavam me “empurrar” qualquer coisa e esperavam que eu aceitasse.

Quantas vezes não passaram o meu telefone para alguém que eu mal conhecia, tentaram marcar encontro com casais e no final sobrava eu e esse alguém, também solteiro (a). Logo, pela falta de afinidade não tinha assunto, não tinha nada. Para mim só restava a vontade de sair correndo e ir embora daquela cilada. As pessoas achavam que estavam  ajudando, mas a verdade é que eu nunca pedi ajuda.

Você diz que está bem e feliz assim e elas entendem isso como desculpas. Medo de se envolver ou qualquer coisa do tipo. Não aceitam que alguém pode estar feliz sem necessariamente estar com alguém. É por isso que essa gente irá cansar de passar o meu telefone, de tentar marcar encontro e de dizer que eu estou escolhendo demais. Ah, e quem nunca ouviu um “você vai acabar ficando sozinha (o) desse jeito?” Eu apenas gostaria de entender o que leva alguém a pensar que desespero é sinônimo de amor. Que aquela ânsia em ter alguém fará com que eu encontre alguém para partilhar a minha vida.

Eu não estou escolhendo, porque escolher implica em ter opções e ultimamente eu não tenho tido interesse algum em conhecer alguém. Já tive, confesso. Mas a gente cansa de conhecer pessoas superficiais, que pensam apenas na academia, no corpo malhado, que prometem mil coisas, mas que não conseguem assumir um compromisso. Pessoas assim não conseguem honrar as suas palavras e apenas nos mostram que não vale a pena se envolver.

Corações de pedra – como dizem por ai – também se apaixonam e talvez estejam calejados de tanto acreditar e tentar novamente. O fato de estar bem sozinho (a) não implica que não quero ter ninguém, mas que simplesmente não quero e não aceito um amor mais ou menos. Não quero viver qualquer história por medo de “ficar sozinho”. Amor é compromisso, amor é algo leve, nobre e bonito e eu não aceito qualquer coisa.

Deus me livre viver de migalhas, sofrer com a indiferença de quem está ao meu lado apenas fisicamente. Não quero isso para a minha vida, um amor mais ou menos que não sabe se você é de fato o amor da sua vida, alguém que ignora as suas falas de saudade e que sempre demonstra não estar tão interessado (a). Não quero um relacionamento redes sociais que posta fotos com textão, mas que pessoalmente dispensa o toque físico, os beijos e abraços. Amor sem respeito, sem cuidado, amor sem carinho e sem compromisso. Não quero não, obrigada.

Imagem de capa: Dragon Images/shutterstock

Se você ficar ouvindo todo mundo, nunca escutará o seu próprio coração

Se você ficar ouvindo todo mundo, nunca escutará o seu próprio coração

Ao longo do dia, serão inúmeras as vezes em que seremos aconselhados por alguém a respeito de aspectos diversos de nossas vidas. Incrível como existe tanta gente pronta a aconselhar e, muitas vezes, dar palpites em nossas vidas. No entanto, muitas delas mal conhecem alguma coisa sobre nossa história, quase nunca se oferecem para ajudar de fato, tampouco conseguem lidar com as próprias vidas.

Muitas vezes, apenas falamos sobre algo, apenas por comentar mesmo, porém, poucos se contentarão a apenas ouvir o que dissermos, pois a maioria das pessoas começará a conjecturar sobre o que devemos ou não fazer, sobre o que deveríamos ou não ter feito, e por aí vai. Mesmo quando não pedimos conselho algum, eles aparecem aos montes, vindo, inclusive, de quem mal nos cumprimenta no dia-a-dia.

Haverá, obviamente, momentos em que precisaremos do conselho de alguém mais experiente, que já tenha passado pelo que estivermos enfrentando, de um amigo que seja sensato e saiba, sobretudo, escutar-nos com carinho e atenção sincera. Quando estamos dentro do olho do furacão, fica difícil enxergarmos alguma saída, portanto, o olhar de quem estiver de fora nos será de muita ajuda, quando a tempestade estiver se derramando sobre nossas cabeças.

Mesmo quando estivermos cheios de dúvidas a respeito da melhor atitude a ser tomada, não poderemos apenas pautar nossas ações sobre o que os outros nos dizem, afinal, dentro de nós também existem anseios e respostas ao que nos aflige. Muitas vezes, por sinal, já sabemos, sim, o que fazer, mas relutamos e acabamos pedindo conselhos, até ouvir de alguém o que queríamos e não o que nosso coração quer.

Quantas vezes sabemos que é hora de dar um basta no sofrimento de um relacionamento falido, mas não temos coragem? Quantas vezes temos certeza de que é necessário partir dali, daquele ambiente em que não conseguimos respirar, mas relutamos? Quantas vezes nosso íntimo clama por uma mudança de atitude em relação a um amigo que suga, mas nada fazemos? Porque, às vezes, já temos as respostas dentro de nós, mas corremos para ouvir o contrário de alguém de fora.

Obviamente, sempre será válido ouvirmos os conselhos de pessoas mais experientes, de quem já viveu o que estivermos vivendo, de quem seja amigo de fato, próximo e verdadeiro. Da mesma forma, precisamos estar atentos aos sinais que nosso próprio coração nos envia, no sentido de nos protegermos de adentrar por caminhos opressivos e infelizes, por termos ouvido o que queríamos e não o que devíamos. Nunca negligencie a si mesmo. Jamais.

Imagem de capa: wrangler/shutterstock

Forrest Gump: a busca pelo sentido da vida

Forrest Gump: a busca pelo sentido da vida

“A mamãe sempre dizia que a vida é como um caixa de bombons. Você nunca sabe o que vai encontrar.” 

Essa frase é pronunciada repetidas vezes por um dos personagens mais icônicos e belos da sétima arte, a saber, Forrest Gump. Ao ouvirmos tal frase, aparentemente simples, sentimo-nos extremamente tocados e passamos a refletir sobre o seu significado, já que uma das nossas maiores inquietações existenciais é saber o que de fato é a vida.

O filme do diretor Robert Zemeckis é uma daquelas obras em que tudo está em seu devido lugar e se encaixa perfeitamente. Através de uma história simples, o filme consegue trazer reflexões filosóficas profundas e, o mais importante, de um jeito poético, leve e lúdico. É uma das poucas obras, sejam livros ou filmes, em que essa filopoesia funciona perfeitamente. Como é um filme grandioso, há várias interpretações sobre ele, mas acredito piamente na mensagem que sinto toda vez que assisto, qual seja, a inquietude diante da vida, da qual pouco sabemos ou não sabemos nada, e o que devemos fazer durante a nossa caminhada, ainda que não saibamos verdadeiramente como é o fim da estrada.

A trama se desenrola a partir do olhar de Forrest, um garoto com QI abaixo do normal, problemas nas costas e que, portanto, é considerado um idiota. No entanto, apesar desse jugo que recebe, sua mãe nunca deixou que Forrest se sentisse como tal, permitindo, desse modo, que ele não se considerasse um idiota, uma vez que, para ele, como sua mãe lhe ensinou, “Idiota é quem faz idiotice” – e isso ele não fazia.

Todavia, ainda que não fosse um idiota, Forrest era puro e via o mundo sem pré-julgamentos, o que alguns interpretam como a imagem do cidadão americano idiotizado e facilmente influenciado pela mídia, mas que percebo como o desenrolar histórico visto e interpretado por alguém que, na verdade, foge a esse protótipo do homem comum americano, proporcionando-nos, assim, interpretações diferentes do senso comum, o que dificilmente aconteceria se o protagonista fosse representado por um típico americano encaixado em todos os perfis determinados pela sociedade, como ser bonito, inteligente e popular.

Sendo assim, por meio do olhar puro de Forrest, passamos a analisar com mais profundidade todos os acontecimentos vividos pelo protagonista, com nossos próprios olhos, questionando cada atitude tomada, isto é, buscando a essência das coisas. Se Forrest não fosse esse indivíduo visto como um idiota, as suas percepções acerca do mundo seriam apenas mais uma dentre tantas e não conseguiriam dar profundidade ao filme.

A profundidade do filme vem precisamente de Forrest e do seu olhar único diante da vida, do seu existencialismo risível. Ao se deparar com um mundo sem sentido e absurdo, que o olha como um estranho, Forrest busca viver, experimentar o mundo e tirar suas próprias conclusões. Não é um homem extremamente racional, e não o é somente por ter um QI abaixo do normal, mas, sobretudo, por saber que não controla quase nada e que a única certeza que possui é que está vivo e que, enquanto está vivo, deve fazer o que realmente quer, o que o seu coração deseja e lhe apraz.

O existencialismo do jovem do Alabama se manifesta no sentido de que a sua vida corre de forma leve, natural, fluída e, assim, consegue participar de diversos momentos históricos importantes, inclusive de uma guerra, tornando-se um herói nacional, sem que isso seja algo assustador ou difícil de lidar. Pelo contrário, tudo isso é natural, pois faz parte da vida, acontece independentemente da nossa vontade. A única coisa que nos cabe é saber como lidar com esses acontecimentos fortuitos e incontroláveis.

Não se trata de ser descomprometido com tudo ou de não ter ligação com nada, pois, apesar de possuir suas convicções e de ter sentimentos verdadeiros, como pela sua mãe, pela Jenny, pelo Bubba e pelo Tenente Dan, Forrest sabe que a vida é muito mais complexa do que pode compreender e que, por mais que tente, ela sempre parecerá absurda e sem sentido, como lembra a filosofia de Sartre, Nietzsche e Beckett.

Desse modo, Forrest vive sua vida de modo episódico, como de fato ela é, como lembra Kundera, ao dizer que, na vida, não há oportunidade para ensaios, pois os ensaios já são a própria vida. Ou seja, não há como se preparar para o que acontecerá, pois, na maior parte do tempo, não sabemos o que vai acontecer. Não controlamos o tempo, tampouco os acasos. Forrest sabe disso e, por mais que seja desorientado e esteja sempre “correndo” de um lugar para outro, , por isso entende com naturalidade o que acontece, pois sabe que certas coisas acontecem, por mais que não queiramos, como, por exemplo, a morte.

“Mamãe sempre dizia que morrer faz parte da vida. Eu queria que não fizesse.”

Forrest é comprometido com a vida, mas aceita que existem coisas sob as quais não possui controle e que, na maior parte do tempo, devemos ter maturidade para aceitar essa incongruência, bem como ter a capacidade de fazer muito mais com o que a vida faz conosco. Isto é, a força do acaso não é passível de controle, mas não é por isso que devemos viver de qualquer forma. É preciso também acreditar que somos capazes de, nos momentos em que a vida nos dá a oportunidade de controlá-la, sermos fortes, corajosos e, acima de tudo, fiéis ao que nós somos, pois a real inteligência é saber que, embora existam coisas que não se pode mudar, há sempre algo novo a se fazer com aquilo sobre o que temos controle.

“O tenente Dan viu que tinha coisas que não podia mudar.”

Saber o que, de fato, é a vida, qual o seu sentido e o que estamos fazendo aqui é um grande mistério. Existem muitas respostas, mas nenhuma responde satisfatoriamente a todos. Sabemos que nem tudo é controlável. Sabemos que a vida é breve, é fugaz, é passageira e não aceita rédeas. Nós estamos apenas imersos nisso, flutuando como uma pena, sem destino certo. Ou talvez estejamos vagando, à procura de um lugar onde possamos nos encontrar e entrar em contato com a vida de forma mais plena, buscando uma razão para viver e se dedicar. Ou, ainda, vivendo aquilo a que estamos predestinados a fazer, seguindo o caminho do qual jamais poderemos nos afastar.

Bom, talvez seja tudo isso ao mesmo tempo e pode ainda não ser nada disso. O fato é que, por mais que não tenhamos a resposta certa, que nem sempre existam pedras suficientes e, por vezes, a maré siga caminhos ocultos, a maior certeza que possuímos – e talvez a única -, é a que Forrest possui, de que estamos aqui e que, enquanto estamos aqui, devemos fazer o melhor com o que nos foi dado.

Nunca saberemos o que está por vir, se há um destino que inevitavelmente nos leva para algum lugar ou se estamos flutuando na brisa, mas o que fazemos nesse tempo é o que mais importa, fazendo, como disse Sabino – “[…] da procura um encontro” – e tendo a convicção de que, por mais que a vida seja uma caixa de bombons, fizemos o melhor com o que apareceu e tivemos uma vida importante e não idiota, já que idiota não é quem tem um QI abaixo do normal, mas é quem, podendo viver, faz a maior idiotice de todas: apenas existi.

“Eu não sei se mamãe está certa, ou se o Tenente Dan é que está. Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa… mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.”

Imagem de capa: Reprodução

Se você é distraído, vai amar ler este texto!

Se você é distraído, vai amar ler este texto!

Se você nunca entrou no chuveiro de meias; nunca esqueceu uma panela no fogão; jamais compareceu a um compromisso no dia, horário ou local equivocados; nunca mandou mensagem para a pessoa errada (ai minha Nossa Senhora da Saia Justa!); nunca pagou duas vezes a mesma conta e deixou de pagar outra; jamais trocou o nome do namorado ou namorada; nunca perdeu as chaves do carro, o guarda-chuva ou o celular; jamais sentou na cadeira errada do cinema, com absoluta certeza de que era a certa; nunca pegou o carrinho alheio no supermercado e só foi descobrir algumas voltinhas depois… Chiiiii… Esse texto não é para você. Ou será que é?

A perturbadora verdade, meu incauto leitor, é que mais da metade da população do planeta sofre de distração. E essa é uma excelente notícia! Assim, antes de começar a comemorar o fato de não se enquadrar nessa estatística, saiba que os distraídos são mais criativos, têm mais facilidade a ter empatia pelo outro, são mais flexíveis, leves, amáveis e inteligentes. É… Pois é!

O PODER DA MENTE DISTRAÍDA

A capacidade de ignorar estímulos sem importância no entorno, configura uma vitória de nossa organização biológica sobre o ambiente. Esse atributo é conhecido como diminuição da inibição latente; e, graças a ele, nossos ancestrais mais dispersos foram capazes de sobreviver a situações perigosas. O fenômeno é explicado por uma lógica bastante simples: caso nosso amigo do passado caminhasse pelos campos tentando absorver atentamente tudo ao seu redor, só perceberia a aproximação do predador quando já fosse tarde demais, posto que permaneceria tenso dada a importância que confere a todos os estímulos. Em contraponto, aqueles que conseguem abstrair ruídos e movimentações irrelevantes, têm a sua atenção atraída quando algo realmente importante desperta seu interesse, foco e capacidade de reação, sendo capazes de tomar decisões mais rápidas e eficientes.

MUITO MAIS CRIATIVOS

Estudos realizados pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard apontam para uma descoberta interessante: a criatividade aparece muito mais desenvolvida naqueles indivíduos que liberam a mente para vagar por aí, alternando essas “viagens” com períodos de pensamento focado e consciente. Essa alternância torna os distraídos mais aptos a resolver problemas, quer sejam reais ou de proposição fictícia. O estudo revela ainda que, esse processo de criação apresenta um sistema cerebral semelhante à ação do neurotransmissor Dopamina, cuja liberação gera impulsos elétricos entre os neurônios e aumenta a atuação das áreas do cérebro responsáveis pela motivação, cognição e memória de trabalho. A pesquisa explica que a Dopamina tende a promover processos cognitivos oriundos da conexão entre ideias, saberes e percepções; além de propiciar a ampliação na interpretação de fatos e conceitos, o que leva a escolhas mais criativas diante de imprevistos e situações inusitadas.

GRANDES SACADAS

Mas caso você não tenha tido a sorte de ser contemplado com uma cabeça que vive nas nuvens, nem tudo está perdido. De acordo com pesquisas realizadas na Universidade British Columbia, no Canadá, há diversas formas de criar um ambiente de pensamento menos engessado para o cérebro.

A Universidade Canadense questiona, por exemplo, a validade da estratégia do Brainstorming, por meio da qual um grupo vai lançando uma chuva de ideias, preocupando-se em manter o foco num assunto determinado, sem a crítica imediata dos participantes sobre elas. De acordo com o estudo, uma ideia rebatida por outra, espontaneamente – pautada em um ponto de vista opositor – eleva o patamar de pensamento de todos os envolvidos na tarefa. Sendo assim, a discussão menos formal e regida por pensamentos mais soltos e instintivos, abririam horizontes para novas interpretações e estabelecimento de relações.

Outras revelações vêm somar-se ao estudo. O uso de folhas de papel azul, por exemplo, facilita o surgimento de “ideias luminosas”, pela associação com a amplitude do céu e do mar, proporcionando à mente o relaxamento necessário às descobertas e associações. A cor vermelha deve ser usada em registros cuja memorização e atenção sejam o principal objetivo; no entanto, essa mesma cor inibe o processo criativo, posto que lembra perigo e advertência. Assim como o papel azul, o banho ou atividades livres na água, favorecem a ampliação do pensamento, já que o contato do corpo com esse elemento, aumenta a quantidade de ondas cerebrais Alfa, ligadas às manifestações cognitivas.

RIR SEM ECONOMIA

Em função de sua postura menos tensa e mais flexível diante da vida, os distraídos costumam, também, rir com mais frequência; são capazes, inclusive, de rir dos próprios erros, o que é altamente indicado para manter a mente relaxada e saudável. Uma boa e gostosa gargalhada libera endorfina, aumenta a frequência cardíaca, reduz a pressão arterial, eleva o fluxo sanguíneo e diminui a tensão muscular, provocando aquela deliciosa sensação de moleza. Enquanto a raiva e a seriedade excessivas aumentam a pressão arterial e os índices de colesterol, promovendo uma maior incidência de problemas cardiovasculares. Sendo assim, ria com gosto! Não economize boas gargalhadas e fuja de testas franzidas e caras emburradas.

Os cientistas John Kounios, da Universidade Drexel, e Mark Beeman, da Universidade Northwestern – as duas nos Estados Unidos – garantem que o riso melhora em até 20% a nossa capacidade de não entrar em pânico diante de situações inesperadas, e aumenta a nossa disposição a realizar tarefas para as quais não nos consideramos muito aptos. O riso alivia a tensão e a ansiedade induzidas por situações de perigo e remete a emoções positivas de prazer. Assim, é realmente oportuno dizer que “o riso é um excelente remédio”.

GENTE DO BEM

Caso você seja um distraído e tenha lido o texto até aqui, deve estar se sentindo redimido das tantas vezes em que foi resumido às coisas que perdeu, os compromissos que esqueceu ou a tudo que não ouviu porque “vive no mundo da lua”. Nesse caso, trate mesmo de abrir um enorme sorriso e comemorar a sua maneira mais leve de existir nesse mundo. É que além de serem mais criativos, inteligentes e interessantes, os distraídos possuem também uma maior capacidade de ter empatia pelos outros. E isso, pode acreditar, não é pouca coisa! Ter empatia é ser capaz de ir viver um pouquinho dentro do outro, sentir a dor que ele sente, o prazer que ele sente, o medo, a alegria e a tristeza, sem julgamentos mesquinhos. Os distraídos são assim, não prestam atenção às grandes coisas importantes no mundo dessa gente prática, enérgica e altamente produtiva; mas são capazes de oferecer a sua atenção principalmente àqueles que já tenham se acostumado com a invisibilidade, que só quem é “diferente” é capaz de compreender.

Imagem de capa: Flotsam/shutterstock

Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo

Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo

Por que a solidão assusta tanto as pessoas? Será que o encontro consigo mesmo é tão assustador? Pascal já dizia que os homens sentem enorme dificuldade em olhar-se no espelho sem máscaras, pois o encontro entre o eu e o mim sempre é doloroso. Em outras palavras, o autoconhecimento, tão importante para o crescimento emocional, depende de uma dose de solidão. No entanto, na sociedade contemporânea, a solidão parece não agradar muito as pessoas.

Vivemos o tempo inteiro em multidões, sejam elas reais ou virtuais, de modo que evitamos ao máximo estar sozinhos. É como se quiséssemos evitar o encontro com aquilo que, de alguma forma, fará olharmos a ordem estabelecida de outra forma e, por consequência, afastarmo-nos da manada. É sempre mais fácil seguir a manada, adequar-se ao protocolo social do que ser um inadequado que se guia pelo seu próprio querer.

Sendo assim, procuramos andar aglomerados, fazendo as mesmas coisas, comportando-nos todos da mesma maneira, ainda que não haja uma vontade imanente de fazer tais coisas ou agir de determinada forma. Não nos damos conta de que somos apenas reprodutores da vontade de terceiros que não têm nada a ver conosco.

Essa adequação acontece, em grande parte, pelo medo da solidão. Obviamente, somos seres sociais, como atentou Aristóteles. Logo, precisamos conviver com outras pessoas, ter boas relações, o que, aliás, é muito bom para o indivíduo. Todavia, também é necessário que o indivíduo tenha tempo para si, em solidão, a fim de que possa avaliar a sua vida, tomar decisões sem pressões alheias, rever seus atos, reaver seus relacionamentos etc. Esse processo faz com que o indivíduo possa se conhecer melhor (autoconhecimento) e, conhecendo-se melhor, perceberá o que de fato o faz feliz.

Se fugirmos o tempo inteiro da solidão, nunca nos conheceremos verdadeiramente e, assim, nossa vida não terá identidade própria, mas, antes, seguirá os ditames de outras vidas. Quantas vezes estamos imersos o tempo inteiro em relações, comportando-nos de determinada forma e, quando nos afastamos, percebemos que aquelas pessoas e aquele comportamento não se coadunavam com o que somos?

Ficar num sábado em casa, assistindo a um filme ou lendo um livro, ao invés de sair com os amigos, pode ser uma ótima experiência, em que, na tranquilidade do silêncio das vozes alheias, podemos perceber coisas que passam despercebidas no dia a dia, quando estamos envoltos por um sem número de pessoas (sejam reais ou virtuais). Assim, descobrimos muito sobre nós mesmos e, sobretudo, sobre o que não somos.

Esse processo de autoconhecimento não é fácil, uma vez que, ao descobrirmos mais sobre nós mesmos, poderemos deixar de achar muitas coisas, as quais fazíamos, interessantes, incluindo pessoas. Por isso, de forma genérica, as pessoas buscam passar a maior parte do tempo “conectadas”, como se a solidão não possuísse qualquer utilidade.

O que buscamos, na verdade, é fugir das dores que o autoconhecimento promove, já que, sabendo o que se é e buscando-se o que se quer, há grande chance de sermos vistos como loucos e de deixarmos de ser uma peça interessante para o grupo. Afinal, em um mundo que vive sob ditaduras, como a da felicidade, em que todos agem do mesmo modo, fazem as mesmas coisas, são bem sucedidas e estão sempre felizes, não é interessante ter alguém que viva do jeito que lhe apraz, que pense por si só e não siga as regras do jogo.

A vida em sociedade é necessária e extremamente importante, desde que cada um possa ser o que de fato é. Somente assim, criam-se relações de verdade, com raízes e sinceridade, e não troca de conveniências, em que se busca tão somente a fuga do medo de estar só. A verdadeira felicidade está em buscar o que realmente faz o coração terno.

Portanto, às vezes, a solidão é importante para que possamos saber o que faz o coração terno e não apenas reproduzir o que o protocolo social diz ser o caminho da felicidade.
Em hipótese alguma, a solidão deve ser adotada como morada, mas visitá-la de vez em quando é tão importante quanto se relacionar com alguém, pois precisamos saber o que somos, para que possamos dar o que há de mais puro e verdadeiro em nós. Antes de vivermos uma relação, é preciso saber o que somos e isso só aprendemos na companhia da solidão. Pois, como dizia Francis Bacon:

“Triste destino é o homem morrer conhecido de todos, mas desconhecido a si mesmo.”

Imagem de capa: igorstevanovic/shutterstock

Não quero caber no sonho de ninguém, quero apenas viver os desajustes do meu coração.

Não quero caber no sonho de ninguém, quero apenas viver os desajustes do meu coração.

Um dia você percebe que é sim possível criar uma vida aparentemente perfeita. Concretizar os roteiros das propagandas de margarina. É possível seguir convenções de felicidade, ser a mulher boa mãe, bem sucedida, viajada, acompanhada do príncipe encantado, porta-retratos das colunas sociais.

Mas um dia você percebe que começou cedo a corrida para conquistar tudo o que precisava, querendo sempre mais, almejando o topo, e percebe que nunca pôde ou se deu um tempo mais quieto, mais sereno, para ouvir o que fala o seu profundo, o que quer seu coração.

E se a vida te desse a chance de estar sozinha por uns dias, num lugar afastado e só seu e que você sem se preocupar com obrigações, deveres, culpas e medos, você conseguisse sentir apenas o que você quer? Se você tivesse uns dias só para você, como escolheria aproveitá-los? Como seria viver?

Acordaria e faria um café? Ficaria mais umas horas na cama? Leria um livro na varanda? Cantaria alto? Andaria nua? Dormiria cedo, assistindo filme no sofá?

Se o mundo não existisse, quem seria você?

Antes de ser a mulher, a mãe, a profissional, a que gosta de prender os cabelos, de passar esmalte vermelho, e usar sapatilha preta (ou o contrário de tudo isso)…

E se você percebesse que seu destino, aquele que está aí dentro, é mais caótico, sensível, curvilíneo do que você estava tentando construir?

O que diz sua intuição?
Aquele sentimento que aparece antes de pensar em dinheiro, em problemas, nas vontades do ego, nas comparações sociais, nas conquistas ainda não cumpridas.
Quem é essa mulher aí, com sonhos próprios, livre no sentir, que sabe deixar os sentimentos transbordarem, que se dá a liberdade de quebrar molduras para caber melhor em si mesma? Respira aliviada ao esticar as próprias asas.

E se perceber que o mundo não está nas suas mãos, que liberdade mesmo é aceitar-se inteira, imperfeita e que isso não deveria machucar ninguém: nem os outros, nem a você mesma.

É tão renovador quando a gente se permite não ter que cumprir os sonhos de ninguém, e começa a viver a própria vida por mais atabalhoada que possa parecer.

Porque nada mais apertado dos que os sapatinhos de cristal, nada mais restrito do que enquadrar o destino numa moldura pré-fabricada e nada mais chato do que agir na vida como personagem dos olhares dos outros.

Então seja a mulher do lar, do bar, do mundo, recatada, expansiva, inquieta, nua, maquiada, bela, feia, descabelada… A mulher que você quiser, desde que seja você.

Imagem de capa: polinaria_egorova/shutterstock

Quanto mais apertado o abraço, maior o alívio na gente

Quanto mais apertado o abraço, maior o alívio na gente

Parece que nunca estaremos livres de preocupações, seja em relação às nossas próprias vidas, seja em relação às vidas que amamos. Somos, muitas vezes, alquebrados por situações que preocupam os nossos filhos, nosso parceiro, nossos familiares e amigos mais chegados. Ou seja, mesmo que estejamos tranquilos, não seremos felizes por completo, caso sintamos a tristeza rondar aqueles que caminham ao nosso lado. É o preço que pagamos por andar junto.

Quanto mais relacionamentos construirmos, quanto maior o número de pessoas que agregarmos ao nosso rol afetivo, mais chances teremos de compartilhar felicidade, porém, também estaremos sujeitos a ter que enfrentar mais dissabores. A vida de quem amamos faz parte de nós e torna-se impossível ficar impassível enquanto o outro sofre. Por isso é que não dá para ser feliz com plenitude quando estamos rodeados por infelicidades alheias. Ninguém é uma ilha.

Felizmente, é sempre bom saber que teremos alguém com quem poderemos contar, com quem dividiremos as nossas vidas, em tudo de bom e de ruim que ela carrega, para que possamos desafogar as nossas mágoas, desabafar nossas angústias, chorar nossas dores. Será vital, em nossa jornada, sentir o calor de um abraço sincero e reconfortante, que acolha e nos transmita entendimento e paz. Da mesma forma, sermos nós quem acolhe ao outro em nosso abraço de amor fará toda a diferença também.

A vida, afinal, é um dar e receber, um vai com volta, um colher e plantar o que somos, o que desejamos, o que sonhamos. Abraçar o mundo à nossa volta com amor verdadeiro nos tornará mais felizes, pois assim encontraremos reciprocidade afetiva por parte daqueles que optarão por ficar conosco, em harmonia, com fidelidade sincera. Seremos, então, mais fortes para enfrentar com sabedoria e tenacidade as intempéries que, embora teimarão em nos devastar, não encontrarão morada em meio ao amor que sustentará o nosso caminhar.

Imagem de capa: sanjagrujic/shutterstock

Os três jeitos de dar errado no amor!

Os três jeitos de dar errado no amor!

Por Rosana Braga

Em geral, prefiro me concentrar no que fazer para dar certo. Só que, ultimamente, me dei conta de que sugestões para facilitar, melhorar, ajudar e fortalecer o amor existem centenas. Tanto que tenho falado sobre elas por anos, escrito livros, gravado vídeos e desenvolvido cursos que já ajudaram muitos e muitos casais.

Então, fiz o inverso e pensei sobre o que faz o amor dar errado. E percebi que, felizmente, só há três jeitos de estragar tudo. De ficar sozinho para sempre. De passar a vida se lamentando pela falta de sorte. E são eles:

1- Não tentar. 2- Tentar sem saber. 3- Desistir.

Simples assim. Direto ao ponto. Explico: para começar, tem uma música do Jorge Vercillo (Monalisa) que revela bem o que significam nossos amores vividos. Não existem erros, mas pontes, preparação para a chegada:

“(…) Não se prenda a sentimentos antigos. Tudo que se foi vivido me preparou pra você.

Não se ofenda com meus amores de antes. Todos tornaram-se pontes pra que eu chegasse a você (…)”.

Seguindo essa lógica funcional, “não tentar” é desperdiçar aprendizado. É ignorar a vida e suas infinitas possibilidades de ser feliz. Não tentar é se render ao medo de sofrer caindo na armadilha de sofrer sempre, sem sequer se arriscar a sentir paixão, alegria e tantas outras sensações maravilhosas as quais o amor nos inspira. Não tentar é ser egoísta a ponto de privar o mundo de sua singularidade e, pior do que isso: é privar aquele alguém que tanto tem te procurado de chegar até você.

“Tentar sem saber” é tentar sem escolher. É ficar por carência, por falta de autoestima, por medo da solidão. Tentar com o primeiro que aparecer pela frente, mesmo enquanto sua intuição grita para você não fazer isso. É não se questionar sobre o que realmente você quer, sobre o quanto você merece, é “atirar para todos os lados”. E isso enfraquece o coração, desgasta a essência, suja você por dentro e te faz acreditar que você não nasceu pra ser feliz no amor.

E “desistir” te coloca no hall dos derrotados. Só perde quem desiste. Acreditar que tudo sempre será igual e que você já tentou muitas vezes e só cometeu erros é não entender nada sobre os lindos versos da música que citei. É arrogância. É achar que você já sabe tudo, sendo que você não aprendeu nada. Basta se olhar. Entrar em contato com toda a sua história. E certamente terá muito o que aprender com todos os amores vividos.

Cada encontro é uma aula. Cada pessoa é um mestre. Cada amor é um presente. Abra as portas e as janelas da sua alma. Olhe para fora, mas mantenha-se dentro, atento e consciente sempre. O amor está no ar! Isso é fato!

Há uma coisa que você pode ter certeza: se tentar com consciência, autoestima e noção de merecimento; se não desistir por achar que cada “the end” foi um erro; se persistir aprendendo e evoluindo; se enxergar pontes em vez de abismos, mais cedo do que imagina você encontrará o amor!

E nesse momento você se dará conta de que cada passo valeu muito a pena, e que você faria tudo de novo se fosse preciso, só para garantir esse amor de agora, que dá sentido a todo o caminho percorrido!

* Rosana Braga é consultora de relacionamento do ParPerfeito, psicóloga, palestrante, jornalista e escritora.

Imagem de capa: lzf/shutterstock

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