Cinco princípios para quem cria um filho sozinha

Cinco princípios para quem cria um filho sozinha

Como criamos nossos filhos depende de fatores muito pessoais. É gostoso compartilhar experiências e atitudes, mas, para mim, as escolhas fundamentais dependem sempre de dois princípios: informação (buscar esclarecimento sobre as fases da infância, por exemplo) e valores de vida (que são definidores para você e para sua família). Ingressar na maternidade sozinha pode ser ainda mais desafiador e solitário. No entanto, milhares de mulheres assumem esse papel sem contar com companheiro, companheira ou mesmo familiares mais próximos – por morar longe, por exemplo.

Como mães, quanto mais informação tivermos, melhor poderemos aproveitar o crescimento dos nossos filhos e ajudá-los a descobrir o mundo. Se você está sozinha nessa missão, dá uma olhada nessas cinco dicas essenciais:

1. Decidir ter um filho sozinha não significa que você está solitária. Especialmente nos primeiros dias e meses do bebê, isso pode tornar o dia a dia bastante cansativo. Peça ajuda. Todas as mães, com ou sem companheiros ou companheiras, deveriam se livrar do sentimento de culpa e, sim, pedir auxílio. Pode ser uma amiga, uma tia, mãe ou uma profissional que divida as tarefas do bebê e permita que você tenha um tempo para descansar. Não esqueça (e fique tranquila): compartilhar tarefas não significa que você está delegando a maternidade para terceiros.

2. Fortaleça os laços afetivos da criança com outras pessoas. A relação amorosa entre mãe e filho é super importante. Mas desde bebês eles precisam estar em contato com outras formas de afeto. Estimule o convívio com os avós, tios ou outras pessoas próximas de você – isso enriquece o desenvolvimento emocional da criança.

3. A figura masculina é muito importante. E não necessariamente ela precisa ser representada pelo pai. Avô, tio, amigo próximo ou padrinho são homens que devem fazer parte da vida do seu filho (ou filha), pois uma referência masculina saudável, ligada a uma série de aspectos psicológicos, é essencial no desenvolvimento de toda criança.

4. Dia dos Pais. Vai ter festinha no berçário ou na escola? Quando a criança começar a entender do que se trata, deixe-a livre para escolher se quer participar e quem gostaria de chamar. Algumas elegem o avô e confeccionam os presentes para ele. Hoje, com as novas e múltiplas configurações familiares, muitas escolas estão optando por celebrar o Dia da Família no lugar de festas específicas para mães, pais ou avós.

5. Busque profissionais da saúde que facilitem a sua vida. Idealmente, um pediatra que seja disponível, inclusive, de madrugada. Como você está sozinha, é com ele que trocará ideias sobre a febre do bebê ou um choro incessante.

Fonte indicada: Primistili

Imagem de capa: Alena Ozerova/shutterstock

Quando a noite cai sobre o pensamento

Quando a noite cai sobre o pensamento

Há certas lembranças que ficam gravadas em nossa memória e, geralmente, as carregamos por toda a vida.

Uma dessas lembranças é o suicídio de um senhor, amigo da minha família, quando eu tinha por volta de nove anos de idade.

Lembro-me de que fiquei profundamente chocada e, o mais intrigante, foi a culpa que senti, pois, como não o cumprimentava, acreditei que isso poderia ter sido uma das razões de seu suicídio. Penso que não devo ter sido a única a ter tal sentimento!

O suicídio de alguém sempre nos deixa o pesar de que falhamos com essa pessoa, porque é difícil sermos bons e atenciosos em todos os momentos.

De acordo com o relatório da OMS, o Brasil é o oitavo país em número de suicídios. Em 2012, foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres; índice
alarmante, visto que mata mais do que a AIDS.

É um fenômeno social sério e objeto de estudo para a filosofia, psicologia, saúde pública e para todos aqueles que se preocupam com o bem-estar das pessoas.

Há uma probabilidade alta de que o suicídio seja um gesto da pessoa que considera a vida absurda, que não vale a pena ser vivida e, em consequência, decreta o seu fim.

No entanto, antes desse gesto fatal – tirar a própria vida– a pessoa já vem preparando, no silêncio do seu coração, o suicídio de muitos outros estados psíquicos importantes como: o da confiança, da esperança, da coragem…

Nesses casos, há uma dificuldade da própria pessoa em confiar e partilhar suas aflições internas, buscando o isolamento social e apostando na morte como a única alternativa possível para seus problemas considerados insuportáveis.

Sabemos que, quando não há esperança, não há como acreditar no futuro, consequentemente, toda a razão de vida fica comprometida. Anulam-se, assim, os recursos que sustentam o porquê de se viver. O sujeito, nesse estado de sofrimento psíquico, está em risco e, nem sempre, quem está ao seu lado tem conhecimento.

Estudiosos da mente salientam que o suicídio é uma forma de comunicação através da morte: O suicida precisa morrer para falar.

A depressão, entre tantas outras, pode ser causa de suicídio; doença que acomete a mente e produz nas pessoas letargia do pensamento, dificuldade em realizar tarefas simples, acometimentos de pensamentos negativos, levando-as a sentirem-se fracassadas.

Nos gêneros de ficção, há muitos filmes e romances que abordam o tema, ajudando-nos a compreender esse quadro, tal como o filme, “As Horas” de Stephen Daldry, que possibilita identificar situações e sentimentos típicos de pessoas acometidas pela depressão e que cometem suicídio.

Há também o famoso trecho de autoria de John Donne com o qual Ernest Hemingway abre seu livro de 1940, “Por Quem os Sinos Dobram”, Nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti, lembrando-nos de que esse ato de tirar a própria vida afeta não somente a própria pessoa que o comete, como também traz consequências psicológicas nefastas nos familiares e pessoas próximas ao suicida.

Esse é um problema que não pode ser tratado como tabu: ocultar ou subestimar tal questão.

Imagem de capa: Photographee.eu/shutterstock

Nutricionista publica 20 alimentos que ela “não gosta” ou “não indica” e viraliza na internet. Confira e entenda!

Nutricionista publica 20 alimentos que ela “não gosta” ou “não indica” e viraliza na internet. Confira e entenda!

No dia 01 de fevereiro, a Nuticionista Pâmela Terra publicou, em seu Facebook, uma lista contendo 20 dicas de alimentação e de imediato esse conteúdo bombou nas redes sociais.

Em menos de uma semana, já foram mais de 28 mil compartilhamento, sendo inúmeros os comentários ali deixados.

Leia, medite, pesquise e, se puder, opine:

“É praticamente diário eu receber dúvidas sobre alimentos e/ou produtos alimentícios que comumente nos deparamos nos supermercados, quanto ao uso, procedência, composição nutricional etc. Pensando nisso, elaborei uma “listinha” dos produtos que NÃO GOSTO e NÃO INDICO, pra ver se sana as dúvidas da maioria de vocês ok?

1. Farinha láctea: um mix de açúcar, farinha de trigo e aromatizantes. Sinto desapontá-los.

2. Gelatina: vísceras e resto de animais coloridos artificialmente e LOTADA de açúcar ou ADOÇANTE (diet). Esqueçam!

3. Club social e suas primas Nesfit/Belvita: sério que vocês acreditam nisso? É um mix de açúcar, farinha refinada e óleo vegetal que entope artéria! Não se iludam com a versão integral.

4. Bolacha água e sal/maisena: volte uma casa. Você não vai emagrecer ou ficar mais saudável substituindo seu pão por isso aí. É tudo farinha do mesmo saco.

5. Leite em pó: imagina o que o leite sofreu até virar pó. Sorry. Para os bezerros de plantão: consuma leite engarrafado por um produtor local.

6. Sucrilhos: flocos de milho transgênico coberto com todos os açúcares conhecidos. E, coloridos artificialmente em alguns casos.

7. Bisnaguinha integral: volte 3 casas.

8. Sucos clight: câncer.

9. Adoçantes artificiais/sucralose: câncer parte 2.

10. Sucos de caixinha: tem 10% de fruta e 90% de açúcar. Pare de preguiça e coma a fruta.

11. Coca cola e afins: câncer parte 3. Século 21, ano 2018 e vocês ainda não largaram o refrigerante?

12. H20: é a coca disfarçada.

13. Sal light: acorda mundo! Use o marinho!

14. Açúcar light: pelo amor de Deus!

15. Salsicha: cada salsicha ingerida reduz a sua vida em 15’.

16. Nuggets: segue reduzindo sua vida.

17. Peito de peru: turma que acordou e não sabe se casa, se compra uma bike ou troca a mortadela pelo peito de peru. Lotado de nitritos/nitratos (CANCERÍGENOS) e um pool de sódio.

18. Margarina: graxa que entope sua artéria.

19. Barras de proteína: as nacionais comumente encontradas por aí são LOTADAS de xarope! As barras mais atrativas são difíceis de achar e caríssimas. Não vale o custo beneficio. Coma 2 ovos ou tome 1 dose de um bom whey.

20. Se divirta com produtos de limpeza no supermercado.

Siga a página Pâmela Terra Nutricionista

Imagem de capa: Reprodução

A lição dos girassóis

A lição dos girassóis

Há poucos dias assisti a uma palestra sobre motivação e liderança com o Dr. Jamiro Wanderley e em determinado momento ele falou uma coisa que não sabia e que vou compartilhar com você hoje.

Ele falou a respeito da natureza dos girassóis. Como o próprio nome diz, eles giram de acordo com a inclinação do sol, em outras palavras, eles “perseguem a luz”.

Provavelmente essa parte você sabia, mas tem outra que talvez não!

Você já se fez essa perguntinha? E nos dias nublados e chuvosos, quando o sol fica totalmente encoberto pelas nuvens, o que acontece?

Interessante essa pergunta, não é? Talvez você tenha pensado que a flor de girassol fica murchinha e olhando para baixo. Acertei? Pois é, está errado! Sabe o que acontece? Elas se voltam umas para as outras para dividirem entre si as suas energias.

Eu fiquei impressionado com a perfeição da natureza e levei essa reflexão para a nossa vida.

Todos nós queremos essa luz, buscamos essa luz de diversas maneiras: na família, nos amigos, na religião, no trabalho e por aí vai. Mas sempre acontecem os dias nublados, os dias de tristeza, não tem como fugir deles. Nessa hora, a maioria das pessoas fica acabrunhada, de cabeça baixa e as mais fragilizadas às vezes chegam até a ficarem deprimidas.

A natureza tem tanto a nos ensinar! Que tal fazer como os lindos girassóis? Na hora da dor, do desespero, da angústia, porque não olhar para dentro de si mesmo com total sinceridade e saber que lá dentro também existe uma luz, e essa luz pode ser compartilhada com quem amamos?

Sentimentos difíceis e dolorosos que são reprimidos acabam mais cedo ou mais tarde se transformando em uma doença, você quer esperar que um doença lhe acometa para só então se abrir para os outros? Não queira tornar as coisas mais difíceis! Veja os girassóis! Eles não ficam pensando: “O sol se escondeu, então eu vou ficar aqui triste, de cabeça baixa, esperando que ele volte…”. Nada disso! Na mesma hora eles acionam sua luz interna e compartilham com os outros…

Portanto! Que hoje você se encante com a beleza perfeita da natureza, que em sua simplicidade, nos dá uma verdadeira aula de como viver melhor e com mais harmonia.

Se quiser também assistir a esse vídeo do Dr. Jamiro, recomendo fortemente, é muito bacana o que ele fala ao longo da palestra.

Quando você não gosta de nada, talvez precise aprender a gostar de si mesmo

Quando você não gosta de nada, talvez precise aprender a gostar de si mesmo

Ninguém experimenta ou permanece em uma situação de desconforto por prazer, nem mesmo aqueles que chamamos de “masoquistas”. No fundo, todos queremos estar em paz e sermos tão felizes quanto pudermos, mas nem sempre encontramos o caminho para conseguir isso. Na verdade, esse caminho se torna muito mais complexo quando a pessoa não se dedica a aprender a gostar de si mesmo.

A maioria das pessoas não nasceu e cresceu em condições ideais. São muitos aqueles que tiveram que enfrentar circunstâncias muito adversas desde uma idade precoce. Uma das coisas mais recorrentes é ter crescido em um ambiente hostil, onde não houve reconhecimento ou avaliação.

Quando você não gosta de si mesmo, sempre tem que mergulhar nesse passado distante. Lá estão as razões pelas quais você aprendeu a se avaliar negativamente, pelas quais você não consegue dar valor às suas conquistas, nem sentido às suas virtudes. É lá onde nasce a semente envenenada de querer ser outra pessoa, viver outra vida ou, de alguma forma, escapar do que você é. A boa notícia é que nunca é tarde demais para reparar esses danos, aprender a gostar de si mesmo e conseguir se reconciliar com o seu ser.

“Você é imperfeito, de maneira permanente e inevitavelmente imperfeita. E você é lindo. ”
-Amy Bloom-

Assim se manifesta a ideia de não gostar de si mesmo

O problema quando você não gosta de si mesmo é que você acaba por não gostar de nada. Na realidade, o mundo sempre acaba se tornando uma projeção do que carregamos dentro de nós. Agora, não é o mundo que tem aspectos agradáveis ​​ou desagradáveis, somos nós que o vemos de uma forma ou de outra.

Se você não gosta de si mesmo, tudo o que tem a ver com você acaba sendo desagradável ou pouco valioso para você. O comum é que você se anime e se desanime com grande facilidade. Você sempre acaba encontrando em cada realidade um aspecto que o leva a se ver com desencanto.

Você começa muitas coisas e não termina nenhuma porque o entusiasmo acaba. Sempre encontra uma maneira de ver algum aspecto negativo. Muito grande, muito pequeno, muito distante, muito próximo… Qualquer aspecto que, a princípio é neutro, é transformado em algo negativo ou sem valor. E você não percebeu isso. Você se sente mal e projeta isso sem se dar conta. Na realidade você tem uma ferida aberta e está sofrendo.

O que acontece com sua vida quando você não gosta de nada

A inconformidade não é um fato, mas sim um ponto de vista. O mundo e a realidade são o que são. Cada ser humano dá um significado ao seu universo. Nossa perspectiva da realidade fala muito mais de nós mesmos do que das coisas em si.

Quando você não gosta de si mesmo, também não consegue dar significados positivos ao que vê, ao que ouve, ao que percebe, ao que chega à sua vida…

Um dos aspectos mais preocupantes de tudo isso é que sem perceber, isso se torna um hábito para você. Sua mente começa a operar automaticamente. Funciona como um detetive que sempre procura o pior ângulo de tudo. Como você sempre o encontra, isso alimenta sua ideia de que o mundo e a realidade são algo deplorável.

Sem perceber, você escolheu esse ponto de vista para abordar a realidade, mas você não fez isso por prazer. É simplesmente uma maneira de lidar com os vestígios de uma rejeição que conseguiu prejudicá-lo profundamente. Seu desagrado com tudo ao seu redor é simplesmente uma maneira de processar a dor de saber que não gosta de si mesmo.

Como superar o passado e aprender a gostar de si mesmo

O que você é, o que sente e o que pensa provavelmente foi ignorado, desqualificado ou simplesmente rejeitado durante sua infância, em sua casa ou em seu ambiente imediato. E certamente também foi um fato reiterativo.

Quando criança, você não conseguia entender o que estava acontecendo. Você cresceu com a ideia de que era “ruim”, no todo ou em parte. É quase certo que aqueles que agiram assim com você também não gostavam de si mesmos. Projetavam sobre você sua não conformidade. Estavam em uma posição semelhante à que você está agora. Viram o que havia de mau em seu julgamento e ignoraram o bom. É uma cadeia que se torna infinita até que alguém decida por um fim nela.

O ideal é que seja você que marque esse “até aqui”. Que acabe com essa história de infelicidade, inconformidade e preconceito. Claro, todos nós temos aspectos repreensíveis. No entanto, em essência, possuímos um valor que nada e ninguém pode questionar. Não somos mais nem menos do que ninguém. Temos o direito de cometer erros e também de sermos felizes. É hora de construir uma nova perspectiva.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Imagem de capa: Estrada Anton/Shutterstock

Nem todos os dias são bons, mas há algo bom em cada dia

Nem todos os dias são bons, mas há algo bom em cada dia

Dias corridos, violência crescente, desesperança, grana curta e perspectivas diminuídas. Gente falando mal do outro, passando a perna, puxando o tapete, traindo, mentindo fazendo sofrer. Perdas, quedas, tombos e decepções. Tudo isso faz parte da vida de cada um de nós, às vezes com mais, outras vezes com menos intensidade. E tudo, hoje, ainda piora, haja vista a supervalorização das aparências, em detrimento dos sentimentos nobres de nossa essência.

Queremos dar certo, queremos sorrir, a gente quer é ser feliz. Entretanto, aquilo que se dissemina como felicidade é quase que inalcançável à esmagadora maioria das pessoas. Poucos alcançam os padrões de beleza impostos pela mídia. Poucos conseguem consumir tudo o que parece um dever. Poucos possuem o emprego dos sonhos, um parceiro perfeito, uma família de comercial de margarina. E então a gente se engana, achando que felicidade tem a ver com aquilo que é superficial e vendido nas grandes magazines.

E, caso nos pautemos nos padrões midiáticos de felicidade, jamais conseguiremos perceber o quanto já somos felizes e abençoados, simplesmente por existirmos, por podermos ir e vir, com saúde e força para correr atrás do que é nosso. Não existe felicidade plena e perene, ou seja, há momentos felizes que devemos guardar no coração, para que essas lembranças nos consolem quando dos tombos que a vida dá. Ninguém é perfeito, mas quem nos ama de verdade sempre ficará junto, com tudo de bom e ruim que ele tem, que a gente tem.

Temos que parar de correr atrás da vida que está lá longe e desfrutar do tanto que já faz parte de nosso caminhar. Todo mundo tem muita coisa boa e muita gente do bem ao seu lado. Conseguir valorizar o que se é, o que se tem, o que já faz parte de si, será essencial, para que não nos demoremos nas lamentações pelo que falta, pelo que se foi porque nunca ficou de verdade. É preciso ter esperança, esperançar, manter a fé de que ainda há muitos sorrisos nos esperando. A dor passa, a tristeza passa, mas o amor real se eterniza.

Portanto, nunca duvide da força do amanhã, do nascer do sol, de tudo o que renasce junto com a aurora. Nunca duvide da força que existe dentro de você, da capacidade que você tem de se reinventar, de se refazer, de voltar a sorrir com a esperança que move cada sonho, cada meta, cada respirar de novo. Vivamos!

Imagem de capa: Man On The Go/shutterstock

Lição de vida

Lição de vida

Penso que livro não é um passatempo e, sim, um meio maravilhoso de aprendizagem e emoção.
A satisfação é enorme quando uma leitura nos traz novos conhecimentos; é como estar prenha de um mundo novo
– nunca antes imaginado – e com liberdade de conhecê-lo, profundamente.

Ideias e pensamentos desenham um horizonte sedutor que nos convidam a desbravá-lo.
Outra experiência provocada pelos livros é aquela em que “eles nos escolhem”, mostrando-se perfeitos para o momento em que estamos vivendo.

Carl Gustav Jung definiu esse acontecimento como sincronicidade, isto é, a simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos reais.

Uma experiência recente de sincronicidade aconteceu com o livro da filósofa, Hanna Arendt, Homens em tempos sombrios.

Tomados por inúmeros fatos noticiados nas mídias sobre o atual cenário político de nosso País, fica difícil acreditarmos que valores tão necessários à natureza humana, como justiça, honestidade, honra, veracidade se tornarão eixos de sustenta- ção da humanidade.

Sentimentos de revolta, de descrença, de medo e muitos outros passam a habitar nossas mentes e vamos, progressiva- mente, fazendo um afastamento da vida política.

Paralelamente, cresce também a crença de que o melhor é cuidar da própria vida para não nos prejudicarmos ainda mais, e o lema “Cada um por si e Deus por todos” começa a fazer sentido para muitos de nós.

É nesse cenário psíquico que me encontro com as ideias mundo.

Escreveu sobre o perigo da retirada para o âmbito interior, ou para uma forma de exílio que denominou como emigração interna. O resultado, afirma categoricamente, é um grande desastre à natureza humana, pois o poder surge apenas onde as pessoas agem em conjunto, e não onde as pessoas se fortalecem como indivíduos.
Aprendo, assim, uma necessária lição de vida: em face de uma realidade aparentemente insuportável, não devemos nos desviar do mundo e do fluxo dos acontecimentos para uma vida interior. É preciso compreender a época em que vivemos para poder agir de forma consciente e, em conjunto, colaborar para a mudança necessária em nosso meio.

Eximir-se da responsabilidade de cidadão e se tornar mero observador apartado da realidade é um desastre para a humanidade.

Imagem de capa: LOGVINYUK YULIIA/shutterstock

Nós não vemos as coisas como elas são

Nós não vemos as coisas como elas são

O grande objetivo de todos nós enquanto seres humanos é evoluir. Sairmos desse mundo um pouquinho melhores do que quando chegamos. Esse é o pensamento que move a minha vida em todos os sentidos.

Farei uma breve reflexão sobre isso a partir de uma frase bastante conhecida do Talmude, o livro sagrado dos judeus.

“Nós não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.”

Talmude

Essa frase é extremamente profunda e o seu cerne está ligado ao CONHECIMENTO. Quanto mais conhecimento nós vamos adquirindo, mais a nossa visão se expande e mais o nosso ser vai se tornando luminoso.

Porém, é preciso esclarecer algo de suma importância. Não se trata de conhecimento puramente acadêmico ou técnico, estou falando de AUTOCONHECIMENTO, este que nos torna mais humanos, mais solidários, mais amorosos, mais gentis, mais desapegados, mais compassivos etc.

O mundo está cheio de pessoas com uma imensa inteligência, mas totalmente voltada para a materialidade. Pessoas que utilizam seus cérebros maravilhosos em projetos que não beneficiam a maioria. Isso é triste e precisa mais do que nunca ser mudado.

Quero fazer parte do grupo das pessoas que utiliza a inteligência em prol da evolução espiritual das pessoas. Isso faz parte da minha missão de vida. Levei um certo tempo para descobrir, mas hoje estou convicto de que estou nesse mundo com esse propósito. Quero, a partir deste simples texto, lhe levar a refletir comigo sobre como está a sua visão de mundo nesse exato momento. Está estreita? Você tem buscado o autoconhecimento? Tem disponibilizado parte do seu tempo para fazer alguma atividade que eleve os pensamentos e o espírito tais como orações, meditações, leituras, yoga, relaxamentos, grupos de reflexão etc?

Esse é o caminho para se buscar a espiritualidade, ele sempre começa com a DISPOSIÇÃO de não ser 100% materialista. Esse é o primeiro e decisivo passo.

Se você é uma daquelas pessoas que sempre diz: “Não tenho tempo…”. Sinto lhe dizer, as suas prioridades certamente ainda estão muito voltadas para o lado material e tenho que dizer a verdade sem rodeios. Você vai sofrer! E o motivo é muito simples. Jesus Cristo e os grandes mestres sempre nos ensinaram isso.

A verdade é que o caminho mais adequado e que nos aproxima de Deus é o CAMINHO DO MEIO, ou seja, não ser 100% materialista nem 100% espiritualista. É preciso saber dosar isso, porém, quando você busca em primeiro lugar a espiritualidade, tudo o mais será acrescentado pouco a pouco.

Lembra as palavras de Jesus?

“Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado.”

Essas são palavras de uma profundidade inimaginável. Acredite nelas e verá as maravilhas que começarão a surgir na sua vida e o quanto sua visão de mundo se expandirá…

Tem também uma linda frase do escritor canadense Lou Marinoff que complementa bem o que estou dizendo aqui. Veja!

“A pobreza imposta sobre as massas sempre fará com que elas sofram; os indivíduos sempre podem, por sua vez, escolher renunciar a bens materiais para acelerar seu desenvolvimento espiritual. De maneira semelhante, buscar a riqueza pela riqueza é uma receita para o sofrimento, ao passo que fazer uso sensato e compassivo do dinheiro é uma forma poderosa de fazer o bem no mundo.”

 

Se você tiver prestado bastante atenção nas palavras do Marinoff, perceberá que primeiro ele falou sobre os EXTREMOS, o materialista e o espiritualista, ambos levam ao sofrimento, porém o extremo espiritual quando bem refletido e buscado o equilíbrio, pode nos levar à elevação, ou seja, pode nos levar a utilizar nossos bens materias para o bem no mundo, o bem das pessoas.

É nisso que acredito. Dinheiro é muito importante SIM. Dinheiro é algo fundamental sem o qual não se pode viver de forma equilibrada em nossa sociedade, pois tudo gira em torno dele. Portanto, quando você adquire essa consciência, passa a viver de uma forma mais feliz e tendo um propósito bem mais elevado, pois como diria o mestre Dalai Lama.

“Encontramos nossa própria felicidade quando promovemos a felicidade das outras pessoas.”

Isso é a COMPAIXÃO, é você buscar sanar o sofrimento das outras pessoas. Essa é uma fonte de felicidade.

Agora retorno ao início desse texto, vemos o mundo como somos. Para desenvolver a compaixão e outros sentimentos nobres, é preciso buscar o conhecimento. E em minha opinião, nada melhor do que buscar o conhecimento dos grandes mestres: Jesus, Buda, Confúcio, Lao Tzu, Rumi, Dalai Lama, Osho, Thich Nath Hanh, Eckhart Tolle etc.

Leia seus pensamentos e suas obras e em pouco tempo perceberá o quanto a sua visão vai se expandir e como sua interioridade se tornará mais luminosa.

Nesse momento você vai entender com profundidade o significado desta linda frase:

“Nós não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.”

Seja amor e busque esse amor universal, que transforma nossa vida e transforma o mundo…

Imagem de capa:rdonar/shutterstock

Não é o amor não garante relacionamento. É a disposição!

Não é o amor não garante relacionamento. É a disposição!

Para começo de conversa, tenhamos claro a diferença entre pessoas dispostas de pessoas disponíveis. O primeiro grupo refere-se às pessoas interessadas em fazer os relacionamentos darem certo. São determinadas, fieis e comprometidas com os parceiros e não abandonam o barco na primeira discussão. Já as pessoas disponíveis são pessoas livres que podem ou não buscarem relacionamentos sérios.

Nos dois grupos, há pessoas boas e sinceras, já que ninguém é obrigado a amar ninguém, tão pouco entrar numa relação só para agradar o outro. O problema é que ser (ou estar) solteiro é quase uma afronta social. A cobrança em encontrar “a pessoa certa” é tão forte que os relacionamentos acontecem quase que por obrigação.

Amor não garante relacionamento. Essa é a primeira e grande lição sobre relacionamentos! É preciso muito esforço (mútuo), muitas renúncias e muitas concessões para que uma relação dê certo.

Pouco importa se você ama o corpo, mas desconhece a alma. Se ama a presença, mas não viaja 1km para encontrá-la. Se quer um relacionamento sério, mas não consegue ser fiel. Sejamos realistas: relacionamentos se consolidam com pessoas dispostas e não com teorias banais.

Muitas vezes, há amor, mas não há sintonia. Há desejo, mas não há respeito. Há saudade, mas não há atitude. Nesses casos, não é a falta de sentimento que determina o fim do relacionamento, é a falta de disposição.
Essa mania de projetar na relação o sonho de felicidade plena é o que faz tudo ir por água abaixo. Não somos capazes de entender as falhas do companheiro, de aceitar o outro em sua totalidade, nem respeitar os limites alheios. Queremos tudo para agora e do nosso jeito.

Uma vez li que “amor é logística” e, sabe, concordo plenamente com isso. Se levarmos em consideração que somos diferentes, que não somos metades de ninguém e que nem todo fim é ruim, seremos capazes de nos relacionarmos com liberdade e respeito.

Amor não é o sentimento primordial de uma relação. Antes dele vem o respeito, a parceria e a admiração. Nenhum “eu te amo” dito no dia dos namorados se compara à sensação de paz de uma relação saudável. Nenhum buquê de flores se compara à sensação de aconchego pessoal no abraço do outro. Nenhuma declaração no Facebook se compara a ter as ideias alinhadas e os sentimentos recíprocos.

Encare a verdade: o amor acontece para os dispostos. Sem receita pronta, sem avisos prévios, sem conselhos forçados. E, para ser merecedor de vivê-lo é, como dizia Vinícius de Moraes, “preciso muita concentração e muito siso”.

Imagem de capa: nd3000/shutterstock

“Não dá para preencher a vida com bares, novela e internet”, diz Monja Coen

“Não dá para preencher a vida com bares, novela e internet”, diz Monja Coen

Claudia Dias Batista de Souza é o nome de batismo da Monja Coen. Antes de se tornar a mais famosa praticante e líder budista do Brasil, ela foi gente como a gente – talvez até um pouco mais louquinha. Prima de Sergio Dias e Arnaldo Batista, dos Mutantes, Coen foi casada algumas vezes – uma delas, com o iluminador dos shows do Alice Cooper – e acabou presa na Suécia por tráfico de LSD. Foi apenas aos 36 anos que ela começou a meditar. E nunca mais parou. Nessa entrevista, ela fala sobre os caminhos internos para a felicidade, sobre autoconhecimento e transcendência, e sobre como não recomenda mais o uso de drogas para se aproximar de Deus.

Quais são as maiores diferenças no conceito de felicidade na filosofia ocidental e na oriental?

​A palavra felicidade, em português, tem sua origem nas palavras “fértil” e “frutífero”. O que frutifica nos faz bem. Plantas, árvores, ideias, filosofias, trabalho, propostas, casamento e assim por diante – todos esses elementos podem deixar alguém feliz. Tanto no Oriente como no Ocidente, seres humanos – se não despertarem para a mente suprema – podem ser manipulados ou podem acabar manipulando outras pessoas em propósitos egoicos, que só atendem a si mesmas. Eu sinto que sair do eu auto-centrado e se dedicar ao Eu maior é a própria felicidade – e isso tanto no Ocidente quanto no Oriente. Talvez os métodos educacionais sejam diversos: o Ocidente sempre foi mais centrado no eu individual do que o Oriente, que costuma considerar a coletividade em primeiro lugar. Mas isso não quer dizer que um é melhor do que o outro. Não se iluda, tanto no Oriente quanto no Ocidente, a maioria das pessoas atualmente se desgasta em preocupações relacionadas a bens materiais apenas e, quase nunca, encontram a plenitude do Eu Maior.​

Por que, na sua opinião, tantas pessoas procuram o zen-budismo para alcançar uma vida mais “plena”? Qual é o principal apelo dessa filosofia?

​A prática essencial do Zen é a meditação sentada, o conhecer o nosso próprio Eu, ao mesmo tempo em que esquecemos do eu. É a prática de deixar-se iluminar por tudo que existe. Perceber que estamos conectados a toda vida da Terra. Comunhão e encontro com a Verdade​ e o Caminho.​ E isso tem um grande apelo.

Por que, como você acabou de dizer, as pessoas se preocupam tanto com bens materiais? Na sua opinião, por que confundem felicidade com prosperidade financeira?
​Porque há pobreza, carência, miséria, desnutrição, fome. Se as necessidades básicas de sobrevivência não forem atendidas, não somos capazes de nem mesmo orar. Isso é universal. O resultado dessas lógica é que acabamos nos prendendo a essa etapa de auto sustentabilidade e muitas vezes nem percebemos que já estamos com as necessidades básicas atendidas e ainda falta alguma coisa. Tentamos preencher com novelas, programas, amigos, bares, internet, mas continua faltando. Algumas pessoas procuram o caminho do auto conhecimento, que é o conhecimento da vida, da sacralidade da existência, da rede de causas, condições e efeitos. Algumas pessoas procuram pela compreensão do significado da existência. Outras apenas vivem​ ​se distraindo das questões básicas da mente humana, querendo apenas rir, se divertir. Isso faz com que muitas pessoas sofram com essa situação, por não penetrarem no sentido mais íntimo do ser.​

Preocupar-se com felicidade é uma noção válida? Você se preocupa em ser mais feliz?

​Preocupar-se nunca é válido. Ocupar-se sim. Ocupar-se em fazer o seu melhor a cada instante e despertar para a mente de sabedoria perfeita é o caminho do Nirvana, é a felicidade verdadeira. Então, pratico os ensinamentos de Buda, sem me preocupar, mas me ocupando com a verdade e esse caminho.​

Você fala muito da violência que existe ao nosso redor. De onde ela vem? Como ela interfere na nossa felicidade?

A violência existe. Seu oposto, a não-violência também. Dentro e fora de cada ser humano. Quando somos capazes de transformar a raiva em compaixão, tudo cessa. Quando abandonamos um “eu” que precisa ser defendido, que não pode ser magoado​ ​e assim por diante, percebemos que estamos muito além das provocações internas e externas. Mas só conseguimos praticar isso com prática incessante.​ Certa feita, Sua Santidade o XIV Dalailama, disse algo como: “Compaixão nem sempre é visceral. Temos de utilizar a mente para desenvolver a capacidade de compreender a quem nos ofende ou provoca.” Isso tem a ver com as conexões neurais. Todos nós nascemos com todos os neurônios possíveis, mas, se não os estimularmos, eles não se conectam. Se formos treinados a fazer conexões neurais de violência, briga, raiva, rancor, temor e assim por diante, essa trilha se torna uma auto-estrada, uma rodovia. Para fazer novas conexões temos de nos esforçar a conectar com amor, compreensão, ternura, assertividade, destemor e assim por diante.

Você teve diversas profissões antes de se tornar monja (inclusive jornalista como nós). O que diria que tirou de cada uma delas?

​Experiências, questionamentos. Fui repórter do Jornal da Tarde, da editoria de Geral. Isso significa que eu cobria todos os assuntos possíveis por todo o Brasil. Foi uma época de um despertar claro e profundo sobre valores diversos em vários níveis sociais. E de conhecer os seres humanos – dos mais ricos e poderosos aos mais pobres e humildes – procurando a felicidade e a estabilidade física, material, psíquica, espiritual. Depois fui ser professora de Inglês e com isso passei a conhecer melhor a maneira de pensar dos povos de lingua inglesa. É tudo diferente de quem fala português: a lógica, a filosofia, a maneira de ser. Fui também secretária do Banco do Brasil, em Los Angeles, e pude cortar quaisquer resquícios de discriminação preconceituosa que tinha quanto ao fato de ser secretária. Percebi a importância das secretárias nas empresas. Gerentes, diretores não seriam capazes de atuar sem suas/seus secretários. Um governo não funciona sem suas secretarias. Assim, em cada oportunidade pude aprender e transformar conceitos deludidos em experiência pura.

Em que momento – e qual foi a importância deste momento – que você percebeu que deveria se tornar monja?

​Passei a meditar de forma regular, em Los Angeles, onde residia. Percebi que a meditação Zen era o Caminho que eu queria dar ao que restava de minha vida. Tinha 36 anos de idade.​

Você disse em algumas entrevistas que tomou LSD e chegou a experiências religiosas intensas com ele. Você acha que as drogas são uma forma de transcendência? Vê alguma validade nisso?
​Tudo depende de quem as usa e com que propósito. Na minha juventude, eu procurava por Deus. Não procurava por sexo, diversão, brincadeira ou prazer de qualquer espécie mundana. Hoje eu não recomendo uso de drogas​ ​ou de qualquer tipo de substância para alcançar a transcendência. Basta respirar conscientemente. Basta sentar em silêncio, na postura correta, para acessar o Eu além do eu. Podemos ter o encontro com a Natureza Buda – que é talvez o que tradições monoteístas chamam de Deus – através do silêncio, da meditação profunda e da respiração tranquila.​ Mas isso requer persistência, paciência e entrega, e deve ser através de orientação de pessoas que tiveram a experiência sagrada. Não é algo que se possa tentar sozinha. É preciso seguir determinados procedimentos para esse encontro. Da mesma maneira, se combinarmos um encontro com alguém teremos de saber o local, o horário e o caminho para chegar até lá. É preciso ter uma rota. As tradições meditativas, religiosas, espirituais têm sistemas muito antigos e hábeis para conduzir os seres humanos ao verdadeiro Encontro. É preciso escolher uma tradição e seguir seus ensinamentos, sem desistir quando os obstáculos surgirem.

Felicidade é um valor importante? Há outros mais importantes?

​Felicidade, paz, Nirvana, quietude adquirida através da sabedoria perfeita, clareza, transparência, ética, prática incessante da vida iluminada.​

Você se considera uma pessoa feliz?

​Sou feliz.

Fonte indicada: Cluck

Imagem de capa: Reprodução

Não sofra o tempo todo para deixar os outros confortáveis

Não sofra o tempo todo para deixar os outros confortáveis

Amadurecer requer ter a consciência de que será necessário, muitas vezes, fazer o que não é gostoso, o que não se quer, pois a vida não é uma festa sem fim. Crescer implica dor e sofrimento também, uma vez que não dá para fortalecermos o que temos de mais nosso, sem que passemos por longas transformações – toda e qualquer transformação é dolorosa.

Crescer traz a necessidade de sair de si mesmo, entendendo que o mundo vai além do próprio umbigo e que as pessoas não estão aí para servir aos desejos alheios. Relacionamentos mais saudáveis são marcados por concessões de ambas as partes, para que o amor se ajuste ao que cada um possui e é verdadeiramente, ou seja, cada parte envolvida na relação necessita doar-se ao outro, a fim de que a balança não acabe vergando para um só lado.

Maturidade também requer a compreensão de que ninguém é querido por todo mundo, ninguém vai agradar o tempo todo, ou seja, não há unanimidade no gostar. Seremos magoados e também magoaremos, muitas vezes sem querer, porque não conseguiremos atender a determinadas expectativas que criarem sobre nós. E, caso queiramos agradar a todo mundo, seremos cada vez mais infelizes, pois enterraremos para sempre o que temos de mais verdadeiro dentro de nós.

O que não devemos é sempre fazer os programas sugeridos pelo colega, nunca pensarmos nos nossos gostos quando formos cozinhar, estarmos a todo momento disponíveis, sempre dizendo amém. Se assim agirmos, estaremos sendo negligentes com nossos sonhos, nossos projetos, nossas responsabilidades, esvaziando-nos enquanto pessoa. Em muitos momentos, teremos que pensar em nós mesmos, enquanto assistimos à ingratidão de quem ouviu o nosso não.

Obviamente, não é possível só pensar em si mesmo, deixando de lado o que o outro sente, porque assim estaremos passando por cima de quem deveria estar sempre ao lado, junto. Às vezes, teremos que abdicar de algo nosso, seja por amor, por gratidão, seja por solidariedade. Porém, se nos anularmos o tempo todo, em favor de qualquer um, acabaremos nos tornando infelizes e vazios.

Imagem de capa:SibFilm/shutterstock

Sentir menos é o caminho mais seguro, mas eu recuso

Sentir menos é o caminho mais seguro, mas eu recuso

Algumas pessoas sentem mais que outras, isso é fato. Algumas são mais sensíveis, absorvem mais mesmo diante de situações indiferentes à maioria. Eu já quis sentir menos. Hipersensível e um tanto romântica, sinto que sempre sofro alguns graus a mais. Não saber se esconder e disfarçar intenções é uma falta, mas também é uma virtude humana, considerando que a transparência é algo bom para relações mais saudáveis.

Somos abaláveis, permeáveis, sensíveis, passíveis da dor e da alegria. Não adianta optar por uma vida só de satisfações porque isso não vai rolar. Pelo contrário, se não estivermos prontos para aceitar a existência das dificuldades, as rasteiras da vida serão ainda mais pesadas e sair delas será mais doloroso do que o normal.

Saber envolver-se pela metade, fazer joguinhos emocionais, empurrar relações com a barriga, renunciar os sentimentos mais latentes, frear os anseios do coração, manipular sentimentos com facilidade, ficar sem gostar, negar o amor, beijar sem envolvimento afetivo antes, fazer sexo como quem checa as horas então… Está pronto um dos coquetéis mais pedidos. E do que ele vem acompanhado? Medo, imaturidade e muita, mas muita insegurança.

Ser como é sem subterfúgios é mais do que uma escolha pela autenticidade. É necessário para isso maturidade. Não vale a pena ser um boneco fingidor. Carecemos de autenticidade sempre. Até para sermos inseguros e imaturos precisamos de coragem e de resiliência. Sem veracidade, nem vestir a roupa íntima ou dizer “Bom dia” é fácil. A pergunta que muitos fazem é “ O que pensarão de mim se agir assim?”. Ela deveria mudar para “ O que pensarão de mim se não for verdadeiro desde já?”.

Como conceber entrar numa relação vivendo um personagem oposto de si, cheio de meias verdades? De que adiantam vantagens passageiras baseadas em comportamentos fingidos? De que adianta a aparente altivez da segurança se por dentro estamos corroídos e prestes a desmoronar? De que adianta conquistar tantas pessoas se ao fundo só gostaríamos de viver o mais puro amor?

Vejamos: Sentir e demonstrar de menos certamente é o caminho mais confortável, mas eu recuso. Brincar com os sentimentos alheios e com os meus nunca foram meu forte, seja na balada ou seja no meio da rua. O poeta diz que sabemos delícias e dores em ser como somos. Sim, sabemos. Eis que mensurar palavras e gestos de modo a falar e agir como se nós não fôssemos nós é mais que sustentar uma máscara enganosamente necessária, é insegurança.

É um embuste, é um blefe simular a personalidade a fim de enganar. Um gesto, independente de ser árduo ou fácil, apropriado ou inapropriado, deveria ser sempre e apenas um gesto autêntico, sinal externo a indicar o que somos, pontinhos existenciais que indicarão que nossa vida aqui e em alhures é singular.

Não seria melhor assumir-se tímido e saber que isso não é uma essência? Não seria melhor trabalhar a insegurança na terapia e não preocupar-se em escondê-la, pois não é crime ou imoralidade? Não seria melhor só atrair com a espontaneidade as pessoas que realmente gostem de nós? Não seria melhor envolver-se e eventualmente enganar-se na paquera, sabendo que foi verdadeiro com o outro? Mostrar seu comportamento natural e até os hábitos ruins e ganhar com isso apenas os envolvimentos sem simulacro? Quando as más intenções não partem de nosso íntimo ou a alma não é vendida a precinho de feira no varejo das relações líquidas de hoje, fica mais tolerável a dor de um coração partido, de um ego ferido ou de um romântico fora do século XIX.

Não quero ser fria. Considero isso uma involução dos afetos. Embora já tenha desiludido-me muito e algumas vezes ter desejado não sentir coisas para não sofrer depois, foi tudo da boca para fora e no tempo da revolta. Passados alguns dias, recuei. É muito triste não sentir, optar pela apatia. Quando estamos apáticos não sentimos a infelicidade, contudo também não sentimos a alegria, o prazer, o amor, o encantamento. Vemos uma cena sublime e não sentimos nada. Vemos uma cena triste e não sentimos nada. Vemos um gesto revoltante e não sentimos nada. Aí pergunto: De que vale uma vida abjeta assim?

O medo abissal de demonstrar afeto ou sentir amor não deveria ser um denominador tão corrente como o é hodiernamente. O perfil varia bastante – uma multidão de garotos e de garotas de pouca idade, ciosos de experiências e de maturidade; e pessoas mais velhas, já experientes e talhadas em muitas decepções – a não entender que o desapego também pode ser uma ditadura quando somos inflexíveis, quando não aceitamos que o amor está nos detalhes, quando não nos preocupamos com sentimentos envolvidos nos relacionamentos, quando não acreditamos que alguém pode ter se apaixonado por nós após algumas conversas e alguns amassos, quando fugimos de alguém sempre que o coração acelera mais rápido em sua presença, quando mostramos interesse e depois que o outro “caiu” nós caímos fora, quando achamos fraqueza dizer “Eu te amo” ou “Eu me envolvi com você”, quando achamos estranha a grande alegria de encontrar alguém, quando nos envergonhamos de dizer “Quero sair com você” ou “Estou com saudades e quero te ver”, quando declinamos dessas nossas humanidades, enfim.

Independente das motivações que levam alguém a ser inseguro, não podem existir normas tão draconianas para reger e redirecionar o que cresce no coração. Querer uma vida controlável significa sabotar o inesperado que pode ser belo, as surpresas que fazem a alma saltar, a felicidade que pode ser ricamente compartilhada entre pessoas, os afetos que são construídos com despretensão.

Dialogar não é ceder. Gostar de alguém não é ser derrotado. Declarar amor não é estar de joelhos para o outro, mas com o espírito tão elevado a ponto de voar. Deus me livre não sentir, não esmorecer, não amar. Se sentir menos é o caminho mais seguro para viver mais tranquilo e sem percalços, opto pela insegurança e pelas curvas sinuosas. Opto também pela liberdade e pela verdade. E quando encontrarmos outras pessoas verdadeiras pelo tortuoso caminho, logo as reconheceremos pelo sorriso farto, pelas palavras honestas, por termos as mãos umas das outras, pelos abraços generosos e pelas almas singelas e em sintonia, pois o simples compraz-se no simples.

Imagem de capa:Jacob Lund/shutterstock

Viver é sentir saudades da nossa versão original

Viver é sentir saudades da nossa versão original

Amadurecer é seguir o nosso percurso deixando os nossos pedaços pelo caminho. Nunca amadurecemos inteiros porque a vida é uma arena de lutas. A gente vai intercalando fases de dores e glórias, derrotas e vitórias, risos e lágrimas.

Ao olharmos para trás, nos daremos conta de que boa parte da nossa essência se dissolveu em meio às decepções, aos enganos, às traições e às nossas expectativas frustradas. É fato que superamos as adversidades, mas, nunca seremos os mesmos. Algo em nossa essência se modifica nesse processo de resiliência.

Quando vivenciamos, por exemplo, o dissabor de uma traição, podemos superá-la no sentido de perdoar o traidor e diluir completamente o ressentimento oriundo dessa experiência, em contrapartida, adotaremos uma postura mais desconfiada em relação aos demais vínculos relacionais existentes e aos que ainda serão formados. Perderemos muito da nossa inocência e credulidade, isso é involuntário, faz parte do nosso instinto de defesa e até mesmo de sobrevivência.

É como se, a cada experiência estressora, amputássemos um pouco da nossa essência original. Dessa forma, prosseguimos com a nossa alma cheia de remendos e enxertos. O nosso eu, que um dia foi comparado a um lençol em tecido único, fica tal qual uma colcha de retalho, com vários tecidos de cores e texturas diferentes. Melhor comparando, imagine uma pele que sofreu uma queimadura grave. Há uma recuperação de parte dos aspectos funcionais, contudo, a estética nunca mais será a mesma, algumas ficam insensíveis devido à destruição das terminações nervosas, dependendo da profundidade da queimadura. A sobrevivência àquela agressão causada pelo calor extremo é possível, mas, a pele nunca mais terá o aspecto íntegro que teve antes da queimadura.

Acontecerá de sentirmos saudades de nós mesmos, daquela pessoa que fomos um dia. Nos lembraremos, com nostalgia, do tempo em que acreditávamos em todo mundo. A desconfiança, apesar de ser um peso, passará a integrar a nossa percepção após sermos golpeados, sucessivas vezes, pela deslealdade.

É muito desconfortável nos darmos contas de que fomos saqueados na nossa pureza e boa fé. É como se nos percebêssemos amputados em nossa essência. Aquele pedaço bonito e agradável da nossa personalidade deixou de existir dando lugar a uma porção de alguém muito diferente do nosso “eu original”. Pior ainda é quando temos que nos esforçar para não permitir que a nossa essência original se manifeste. Isso é muito ruim, é como se existissem dois seres digladiando dentro da gente. Um, original, que insiste em demarcar território na nossa forma de nos comportar, e aquele que foi incorporado em decorrência das nossas decepções. Essa queda de braço bagunça o nosso equilíbrio e nos deixa sem identidade.

Mas, nem tudo está perdido nesse contexto que envolvem as rasteiras da vida. É que, pensando bem, da mesma forma que somos roubados em nossa essência, também somos agraciados com aprendizados que agregam e embelezam. Aprendizados que serão revertidos em cura, em crescimento, em gratidão e em transformação positiva. Daí, perceberemos que em nossa colcha de retalhos existirão vários tecidos. Existirão aqueles tecidos bem frágeis, puídos e sem beleza, e, existirão também aqueles pedaços tão nobres e lindos que nos darão um imenso orgulho de tê-los compondo o nosso novo eu.

Imagem de capa: lithian/shutterstock

Você merece mais

Você merece mais

Por favor, cole na testa; escreva na agenda; coloque no fundo de tela do computador; grave como lembrete no seu celular: Você merece mais.

Às vezes, a gente esquece que limão é azedo, que muita bebida dá zonzeira, que sal em excesso faz mal. A gente esquece que banho gelado no inverno dói. Que o mundo dá voltas e algumas pessoas não mudam. Então, não esquece de se lembrar: Você merece mais.

A empolgação do momento, a carência que perturba, a mania de acreditar em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa faz a gente aceitar menos e se doar demais. A fantasia de um amor quentinho feito pão fresquinho faz a gente ver príncipe em sapo e perdoar o imperdoável.

O amor é uma via de mão dupla. Mão dupla de afeto, de atenção, de cuidado, de admiração e respeito. Quando um soma e o outro subtrai, a relação vai estar sempre no zero. A relação vai estar sempre vazia e conjunto vazio, como já dizia a matemática, é nulo, não faz diferença. Você merece mais.

Olhe para você. Para tudo que é. Quem te ama de verdade te acha interessante. Quem te ama se interessa em saber se você está bem. Como foi seu dia. Se você está triste ou alegre. Quem te ama te liga e manda mensagem. Todos somos interessantes aos olhos do amor.

Se o outro, o qual você chama de parceiro (ou quase parceiro), não se importa, ele é tudo menos parceiro. Ele não vai ser aquela famigerada parte que falta. Tudo bem, cá entre nós, essa parte sempre vai faltar, mas além de não ser a bendita parte que falta, ele vai levar de ti um outro pedacinho e de pedacinho em pedacinho você vai deixar de ser você, vai sumir.

Ei, seja realista. Olhe-se por inteiro. Nada de se achar muito ou pouco. Seja direta e pontual. Proteja-se. Você não achou seu coração no lixo.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pixabay.com – CC0 Public Domain

INDICADOS