Um sorriso sempre será um sorriso, mesmo que emoldurado por vincos.

Um sorriso sempre será um sorriso, mesmo que emoldurado por vincos.

Embora nós classifiquemos nossa existência em 3 grande etapas:  nascer, amadurecer e morrer,   se acrescentarmos um pouco mais de gentileza reflexiva a esses conceitos, saberemos que viver bem nem sempre está relacionado a ter uma vida longa.

Uma criança que viveu 4, 6, 10 ou 12 anos ao lado de sua família antes de adoecer e morrer pode ter sido  desejada e amada até sua partida. A precocidade de sua ida, embora difícil de lidar, tem o poder de fazer com que sua existência tenha sido menos plena?

Um senhor de 64 anos  tem saúde, mas passa os seus dias trancado em casa. Seus filhos não o visitam porque guardam mágoas do tempo em que ele bebia,  voltava para casa agressivo e maltratava a mãe. Seu isolamento atual gera tristeza, mas ele não sabe mais como mudar essa realidade com a qual lida há mais de 20 anos. Se ele viver até 80 anos assim, terá tido ele uma vida plena?

Segundo Martin Henkel, co fundador da SeniorLab Inteligência em Mercado 60+, aqueles que têm hoje 60 anos de idade, contam com uma expectativa média de vida de 81,9 anos. Quem tem 70, chegará fácil aos 84,3 anos. Quem tem 80 deve fazer planos para pelo menos mais 10 anos.

O aumento da expectativa de vida revela aprimoramento científico, melhor alimentação e qualidade geral para a manutenção da vida, mas terá ele real poder de aumentar o sentido emocional e psicológico dessas pessoas que estão tendo hoje vidas cada vez mais longas?

Por que vivemos? O que nos motiva a diariamente levantarmos de nossas camas? Quem são as pessoas com quem verdadeiramente nos relacionamos? A resposta dessas perguntas pode estar relacionada com o sentido da vida e uma longevidade que vá muito além dos anos.

Victor Frankl (1905-1997) foi um psiquiatra austríaco que, durante a 2ª Guerra Mundial, esteve prisioneiro em Auschwitz. No período em que lá permaneceu, sob condições desumanas, também perdeu alguns dos membros mais importantes de sua família, entre eles, pais e esposa.

Frankl entendeu, e mais tarde consolidou suas teorias dando forma à “Logoterapia”, afirmando que as pessoas que conseguiam identificar ou mesmo criar um sentido que justificasse as suas vidas, independente das condições em que vivessem, eram aquelas que tinham a maior probabilidade de sobreviver.

Os japoneses têm uma palavra própria para isso: “ikigai”. A palavra ikigai deriva da junção de termos que, segundo o livro “Ikigai – os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz -, escrito por Hector García e Francesc Miralles, significa “vida” e “valer a pena”. Esse conceito de “uma vida que vale a pena, segundo os autores do livro, seria, então, uma definição para a extraordinária longevidade dos japoneses”.

Emílio Moriguchi, uma das maiores autoridades brasileiras em Geriatria, dentre seus inúmeros trabalhos, responsabilidades e  projetos sociais, é professor convidado no Japão. Segundo ele, os japoneses têm os melhores hospitais do mundo. O Japão é um país altamente desenvolvido em tudo. Entretanto, as consultas são frias e distanciadas do lado humano do paciente. As matérias que ele ministra com grandes honras são sobre relacionamento humano e a importância do coração. Não o órgão, ele explica, mas o sentimento. São disciplinas que enfocam a importância de médicos e enfermeiros se relacionarem humanamente com os pacientes.

O israelense Tal Ben-Shahar é responsável por um dos cursos mais populares da Universidade , nos Estados Unidos, sendo que , só no ano passado, mais de 1.000 alunos se Harvard inscreveram para assistir às suas aulas. Sabem do que ele fala? Felicidade!

Ainda falando de Harvard,  no livro “O Jeito Harvard de Ser Feliz”, que por sinal eu recomendo, o autor Swawn Achor trata dos 12 anos que passou no campus da universidade auxiliando alunos no processo de adaptação. Ele via que, em sua maioria, todo sucesso daqueles alunos brilhantes não lhes trazia felicidade, e, por isso, passou a tratar do tema em busca de respostas científicas, no campo da Psicologia Positiva, que melhorassem a qualidade de vida das pessoas.

Os exemplos acima servem para mostrar que ter uma vida longa e com qualidade é algo que vai muito além da escolha adequada dos alimentos, dos exercícios físicos e avaliações médicas periódicas – embora tudo isso seja de extrema importância. Informações técnicas não nos faltam, mas nossa humanidade e nossas relações, como andam? Seremos capazes de ter hábitos realmente saudáveis se não estivermos bem?

E, se o tempo ainda não permite que a pele mantenha mais o mesmo viço, se as juntas doem e a visão não é mais a mesma, porque o envelhecimento traz sim suas limitações, é importante que nós saibamos o que nos motiva a seguir, apesar de tudo isso.

Permitam-me  um conselho:  não se enganem com a efemeridade de muito do que se apresenta pelo caminho. É fato que “flores de plástico não morrem”, mas lembrem-se que elas também não têm vida.

Só quem tem vida sabe a importância do tempo e de cada coisa que, de forma esperada ou não, ainda faz nossos olhos brilharem.

O envelhevimento não começa aos 40, 50 ou 60 anos. Não existe melhor idade ou terceira idade.  Não há que se enaltecer ou depreciar o envelhecimento, precisamos é valorizar a vida.

Afinal, um adulto, tenha a idade que tiver, nada mais é do que uma criança que cresceu. Nos resta, então, a obrigação de adaptar a jornada à idade que temos e às nossas limitações. Um sorriso relacionado a algo que nos faz feliz e motiva sempre será um sorriso, mesmo que emoldurado por vincos, ou principalmente se for emoldurado pelos vincos trazidos das inúmeras experiências vividas, sejam elas causas do riso que ilumina ou do choro que purifica. Viver é envelhecer no aqui, no agora e a cada segundo com todos os bônus e ônus que estar vivos nos traz. J

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REFERÊNCIAS 

Disponível em: http://revistadonna.clicrbs.com.br/gente/emilio-moriguchi-diz-que-envelhecer-nao-e-um-castigo/ Acesso em: 21 set. 2018.

Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/o-professor-da-alegria/ Acesso em: 21 set. 2018.

MARTIN HENKEL- “Esqueça a expectativa de 75,7 anos”- Revista Fundamental- Novo Hamburgo- Ano 07-Edição 29, p.20-21, abril/maio 2017.

ACHOR, SWAWN, O jeito Harvard de ser feliz.  1ª. Ed. Editora Saraiva, 2012.

GARCÍA, H ; MIRALLER, F. Ikigai: os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz. 1ª. Ed. Editora Intrínseca, 2018.

Disponível em: https://www.contioutra.com/o-verdadeiro-sentido-da-vida-e-sempre-nela-encontrar-um-sentido/ Acesso em: 21 set. 2018.

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Nota da página: Texto escrito para a APFCCS- Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer de Socorro e publicado originalmente no Jornal O Município.

A dificuldade de se apaixonar novamente

A dificuldade de se apaixonar novamente

Depois de um tempo fica difícil abrir o coração novamente, assim, de maneira espontânea. As derrotas no jogo do amor ensinam a racionalizar alguns sentimentos e, por este motivo, gostar de alguém não é tão simples como deveria ser. Criamos barreiras, exigências, inventamos mil motivos, mais para o não do que para o sim.

Meio que por sobrevivência, se não sabemos, acabamos descobrindo atalhos para sermos felizes sozinhos o tempo todo. Aprendemos as coisas que nos aliviam, que nos deixam felizes, que nos acalmam, que nos distraem e que nos fortalecem. Construímos um mundo particular confortável e uma cela quase intransponível para o coração.

De vez em quando aparece alguém batendo na porta, educadamente, querendo entrar, e por mais que a pessoa mereça uma chance, às vezes entregar-se é custoso. Parece cansativo sair do conforto de não sentir vazios no coração ou nós na garganta – porque gostar de alguém às vezes causas estes efeitos colaterais – mesmo que isso custe não morrer de amores nos finais de semana e levar uma vida sem grandes intimidades. Pagamos o preço do não amar, às vezes com gosto.

Criamos um medo enorme, mas ele não é de amar, nunca foi. O medo é de dar errado, de se machucar, de se entregar a toa, de quebrar a cara e sofrer novamente. Com o tempo ficamos fortes para a vida, mas frouxos para o amor. É como ter medo de alturas, porque não se tem medo da distância entre o chão, mas sim da possível queda.

E nesse medo que acumulamos, passam algumas pessoas que poderiam ter valido a pena insistir, mas até nisso, a motivação acaba. Lutar por alguém, doar-se um pouco mais para que algo dê certo, custa um esforço danado. Insistir em alguém parece exaustivo. Com o tempo ficamos práticos, se der certo ótimo, senão adeus. Enquanto encaixa o jogo continua, se uma peça se perde, é melhor substituir. O problema é que ficamos práticos demais.

E meio contraditório, às vezes o medo é de dar certo. E se com esta pessoa funcionar? E se eu for feliz de uma maneira que nunca imaginei que seria? Quem me garante que desta vez a pessoa não irá embora? Quem me promete que as atitudes dela me renovarão a cada dia?

Mas a vida é este risco incalculável de incertezas, talvez a saída seja entregar-se totalmente mesmo, sem limitações. Se quebrar a cara, quebrou, a gente compra uma mascara enquanto concerta a cara. Se machucar o coração a gente foca no trabalho, enquanto chora nos intervalos do almoço, enquanto as lagrimas vão levando as decepções e a nossa coragem embora, mas a coragem a gente recupera, traz de volta, e as decepções a gente transforma em aprendizado.

Depois de um tempo é preciso muita coragem para sair dessa mediocridade de relações superficiais. Talvez valha a pena encarar o medo, mesmo que a gente precise um tempo de solidão e de calma no coração. É preciso criar um alarme para não perder o horário de voltar a abrir o coração, de querer com ânsia os mais puros sentimentos.

Mesmo que não seja o momento, uma hora você precisa criar coragem para volta a subir no andar mais alto do prédio, mesmo com medo, porque um dia a alma fica inquieta e pede. E que este tempo seja para criar impulso e depois pular com tudo, porque estar vivo só vale a pena quando podemos – com toda a sua plenitude – sentir.

Prefiro distâncias honestas a aproximações hipócritas

Prefiro distâncias honestas a aproximações hipócritas

Vivemos em dúvida quanto à melhor atitude a ser tomada em relação a pessoas que não são agradáveis. E, hoje, em tempos de fervo político, os relacionamentos encontram-se fragilizados e em estado de reconstrução, uma vez que as discordâncias envolvem crenças e valores.

Somos, muitas vezes, tomados pela vontade de cortar relações com quem pensa o oposto de nós, com quem pensa diferente, com quem vota em quem não queremos. Pessoas queridas acabam optando por escolhas que não condizem em nada com aquilo em que acreditamos e que nos fazem mal. A muitos é praticamente impossível suportar conviver com quem se comporta de uma maneira contrária, do outro lado da roda viva.

Na verdade, a honestidade sempre será o nosso norte mais seguro, nossa defesa mais consistente, nossa atitude mais ponderada. Quando o outro sabe o que sentimos e como nos sentimos, o relacionamento possui mais chances de encontrar a melhor forma de fluir, seja no acordo, seja no desacordo. Quando vivemos o que somos, transmitimos segurança e caráter.

Ninguém é obrigado a gostar do outro, a concordar com o outro, a ser amigo do outro. Basta ser verdadeiro, firme e assertivo, sem usar de agressão gratuita. Respeitar o outro não obriga ninguém a manter relacionamentos hipócritas, simplesmente porque se afastar de uma pessoa que não agrada também é uma forma de respeitá-la. Desrespeito seria fingir amizade e apreço dissimuladamente.

Não podemos é esquecer que esse processo requer de nós uma autoanálise, no sentido de que possamos nos colocar no lugar do outro, tentando entender suas razões. Nem sempre estaremos certos e reconhecer nossas falhas evita nos afastarmos de quem poderia nos ajudar a ser melhores, mesmo que não percebamos, de início. Conviver é uma arte, bem como deixar de conviver. O que vale é tomarmos as decisões mantendo o respeito e a integridade, pois isso ninguém tira de nós.

É hora de ajudar. Participe você também do Papai Noel dos Correios.

É hora de ajudar. Participe você também do Papai Noel dos Correios.

Uma das campanhas de Natal mais aguardadas do ano, Papai Noel dos Correios, foi lançada oficialmente na última terça-feira 06 de novembro, em Brasília.

Este ano, assim como na última edição, a campanha traz a possibilidade de adoção de cartinhas pela internet em algumas cidades. Em Belém, Cuiabá, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo (capital), quem quiser adotar online poderá acessar o blog da campanha e apadrinhar o pedido de uma criança. Nesse caso, a entrega do presente pelo padrinho deve ser feita no ponto de entrega indicado.

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Ao longo dos 29 anos da campanha, milhões de crianças tiveram seu pedido atendido. Somente nos últimos três anos, foram recebidas mais de 2,6 milhões de cartas destinadas ao Papai Noel dos Correios. Além de estimular as crianças a escreverem cartas, a campanha dissemina valores natalinos, como a solidariedade. Em uma corrente do bem, empresa, empregados e voluntários da sociedade se juntam para, dentro do possível, atender aos pedidos de presentes daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Além das cartas das crianças da sociedade que escrevem diretamente ao Papai Noel, participam da campanha estudantes das escolas da rede pública (até o 5º ano do ensino fundamental) e de instituições parceiras, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos. Desde 2010, os Correios estabeleceram essas parcerias a fim de trabalhar ações como o desenvolvimento da habilidade da redação de carta, o endereçamento correto e o uso do CEP.

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Como surgiu

A campanha Papai Noel dos Correios nasceu pela iniciativa de alguns empregados, que, durante a rotina de trabalho, recebiam cartas escritas por crianças, destinadas ao Papai Noel, mas sem endereço. Sensibilizados, resolveram adotar eles mesmos as cartinhas e enviar os presentes.

Com o passar do tempo, a ação foi ganhando proporção e acabou se transformando em um projeto corporativo dos Correios.

Funcionamento da campanha

A adoção pelos padrinhos é feita da mesma maneira em todo o Brasil: as cartas enviadas pelas crianças são lidas e selecionadas. Em seguida, são disponibilizadas na casa do Papai Noel ou em outras unidades da empresa. Os Correios não distribuem cartas para adoção diretamente à população, em suas residências. As cartas do Papai Noel dos Correios ficam disponíveis apenas nos locais indicados no blog da campanha.

Os presentes são recebidos nos pontos de entrega divulgados pelos Correios para que, posteriormente, os Correios realizem a distribuição. Não é permitida a entrega direta do presente e, para assegurar a observância desse critério, o endereço da criança não é divulgado ou informado ao padrinho.

As datas, locais e horários da campanha podem variar em cada Estado. Todas as informações sobre o Papai Noel dos Correios 2018 poderão ser obtidas no site dos Correios.

Participe você também!

IMPORTANTE: Fique atento(a), a informação oficial é a do site dos Correios (www.correios.com.br).

Apaixone-se por minhas raízes, minhas flores são temporárias.

Apaixone-se por minhas raízes, minhas flores são temporárias.

Sei que está encantado com as minhas flores, mas eu tenho espinhos também. Me preocupa perceber a sua forma de me enxergar, eu não sou apenas virtudes. Meu bem, eu adoraria que você se encantasse por  minhas raízes, elas sim, são permanentes. As flores que você enxerga em mim, são temporárias e frágeis, tenho receio de que você se desencante tão logo elas murchem e caiam.

As minhas raízes são sólidas, adubadas com resiliência e regadas pela fé, elas sim, são apaixonantes. Minhas flores não suportam as intempéries que as minhas raízes suportam, posso te garantir. Moço, por favor, repare em minha essência, a minha verdadeira beleza está nela. Desvie o olhar do que trago na superfície, essa bagagem é passageira.

Se você se interessar pelas minhas raízes, moço, você será meu eterno apaixonado. Porém, se você se fixar apenas em minhas flores, você corre o risco de se desencantar qualquer hora dessas. Preste atenção em minha trajetória de vida, não se prenda ao meu riso fácil, pois eu derramo lágrimas com facilidade também. Eu não sou apenas riso, carrego uma rabugice nada bonita aqui comigo.

Não se encante pelo balançar dos meus quadris, se apaixone pela minha capacidade de sorrir mesmo quando minha alma sangra. Nem sempre eu acordo linda, moço, há dias em que fujo do espelho, mas, nesses dias, me lembro que estou apenas vivendo dias de inverno e que a primavera vai chegar,  ela sempre chega.

Moço, o que tenho de mais bonito não são atributos físicos, é a minha capacidade de enxergar beleza em meio ao caos, quando você entrar em contato com essa minha riqueza você nunca mais vai  mais se impressionar com as minhas flores temporárias.

Ex-interno da Fundação Casa cria giz para corrigir acidez do solo e ganha prêmio de feira de ciências

Ex-interno da Fundação Casa cria giz para corrigir acidez do solo e ganha prêmio de feira de ciências

A conquista de um ex-interno da Fundação Casa é a prova definitiva de que os jovens que estão em regime de reclusão têm muito potencial para ser explorado em benefício de toda sociedade.

Aluno da E.E Professor Augusto Lopes Borges, em Araçatuba, São Paulo, Jonathan Felipe da Silva Santos, de 18 anos, criou um tipo de giz capaz de corrigir a acidez do solo.

A criação lhe rendeu o título de revelação da Feira de Ciências da Educação de São Paulo. O projeto foi um dos seis finalistas da competição anual entre alunos do Ensino Fundamental (8º e 9º anos) e Ensino Médio do Estado inteiro.

Em entrevista para o G1, ele explica que foi preso em casa, durante uma abordagem policial. Jonathan tinha comprado uma moto que não sabia que era roubada. Depois que descobriu, ele resolveu desmontá-la para repassar as peças. Os policiais apareceram quando ele estava com amigos fazendo o desmanche da moto.

“É uma vida muito ruim que não quero mais para mim. O importante foi que cumpri o que devia e agora quero seguir a minha vida”, desabafa.

Jonathan desenvolveu o projeto do giz durante o período que ficou detido com a ajuda de orientadores. “Trabalhamos com o material que era possível, tive apoio dentro da área de pedagogia da fundação, mas as aulas eram dentro da fundação mesmo.”

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Mas, o jovem não pretende parar por aqui. Ele almeja voos maiores: o próximo objetivo é entrar na faculdade de Medicina Veterinária.

Assista a matéria:

Informações: Razões Para Acreditar , via Bem mais Mulher

TERAPIA : Desabafar muda o cérebro – Dr Júlio Peres

TERAPIA : Desabafar muda o cérebro – Dr Júlio Peres

Falar sobre nossas dores e sentimentos é essencial para superar nossos traumas. Fazendo isso somos capazes de reorganizar os nossos sentimentos.

Disso todo mundo já sabe. Porém o psicólogo Julio Peres, de 38 anos, foi muito além disso. Ele conseguiu mostrar que através de uma conversa o cérebro modifica o seu funcionamento. A pesquisa, tema de doutorado de Peres em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, deve ser publicada em junho na revista Journal of Psychological Medicine.

Foi feito um estudo com 16 pacientes que sofreram estresse pós-traumático parcial (que não apresentam todos os critérios de diagnóstico).

Esses pacientes passaram por 8 sessões de psicoterapia, onde os indivíduos fizeram uma narração de momentos traumáticos. Depois, foram convidados a relembrar situações difíceis que viveram anteriormente e a sensação positiva que tiveram ao superar o problema.

Tomografias no final do tratamento revelaram que o funcionamento cerebral foi modificado após a narração. “Quem passou pela psicoterapia apresentou maior atividade no córtex pré-frontal, que está envolvido com a classificação e a ‘rotulagem’ da experiência”, diz Peres. “Por outro lado, a atividade da amígdala, que está relacionada à expressão do medo, foi menos intensa.” Isso fortalece a tese de que falar sobre o problema ajuda a pessoa traumatizada a controlar a memória da dor que sofreu.

ÉPOCA – Como foi realizado o estudo?

Julio Peres – Aplicamos questionários para estabelecer as modalidades sensoriais (o rosto do ladrão, o cheiro da gasolina, o barulho da freada do carro) que permaneceram na mente dos indivíduos. Antes da psicoterapia, essas sensações estavam exacerbadas. Depois dela, verificamos que o valor sensorial das memórias traumáticas diminuiu. O que aumentou foi o valor narrativo, junto com a atividade do córtex pré-frontal. É um achado importante. Significa que, à medida que a narração do evento aumenta, as respostas emocionais e as sensações são atenuadas.

ÉPOCA – Como o senhor teve a ideia do estudo?

Peres – Muitos profissionais da saúde não creditam o devido valor ao tratamento pela ausência de marcadores biológicos do efeito psicoterápico. Quis estudar a produção científica com o uso do método de neuroimagem funcional com a psicoterapia. No Brasil, é o primeiro estudo desse tipo. Fiz uma revisão de todos os estudos publicados no mundo. Qual foi minha surpresa? Existiam apenas 20 estudos sobre o assunto. E a neuroimagem já existe há 20 anos!

ÉPOCA – Dá para dizer que a psicoterapia muda o funcionamento cerebral?

Peres – Sim. A maneira como o cérebro processa as informações muda. Os psicólogos deveriam estudar seus pacientes com métodos neurofuncionais. No Brasil, ainda é difícil. Poucas pessoas têm conhecimento sobre o assunto.

ÉPOCA – Qual é o perfil dos pacientes estudados?

Peres – São pessoas que sofreram traumas, mas não preencheram todos os critérios do estresse pós-traumático. São pessoas que passaram por eventos como perda de entes queridos, acidentes, separação, abuso sexual, assalto, seqüestro. Eles representam 30% da população geral.

ÉPOCA – Quem não pode fazer psicoterapia deve compartilhar seus problemas com alguém? Isso também muda o cérebro?

Peres – Sim. Em geral, as pessoas traumatizadas tendem a se isolar. Não verbalizam o evento, não compartilham suas histórias. Justamente pela falta de contar e recontar essas histórias, as pessoas ficam com as memórias traumáticas fragmentadas. Medo, sensações dispersas, sem atribuição de um significado para o que aconteceu. Quando ela constrói esse significado, tem a possibilidade de reconstruir o momento trágico, trazendo um aprendizado daquele evento. Isso alivia a dor.

ÉPOCA – Relembrar a situação traumática não é pior?

Peres – É exatamente isso o que os traumatizados pensam. Lembrar outra vez da dor? É como se o indivíduo voltasse ao horror experimentado. Mas, se ele não falar sobre sua memória, não consegue dar significado e entender o acontecimento. Falar modifica a interpretação. Converse com pessoas de confiança: amigos, familiares, alguém vinculado a sua crença religiosa. O mais importante é que possa de fato compartilhar. Não é falar para qualquer um. Deve ser alguém que tende a acolher. Escrever também é um caminho. O publicitário Washington Olivetto escreveu durante o trauma (enquanto estava seqüestrado). Certamente, isso o beneficiou. É um exemplo de superação.

ÉPOCA – Em traumas semelhantes, as pessoas têm reações parecidas?

Peres – Os estudos mostram que em tragédias naturais avassaladoras, como tsunamis e terremotos, a resposta de cada envolvido é absolutamente diferente. Não existe uma resposta universal ao trauma. Temos estudado o que predispõe à recuperação. O que as pessoas que superam essas situações difíceis desenvolvem como qualidades? E por que aquelas que continuam traumatizadas não conseguem desenvolvê-las, pelo menos por algum tempo?

ÉPOCA – O que fazer para não ficar preso às lembranças de uma tragédia?

Peres – Criar novos objetivos. É ver o acontecimento como uma oportunidade para o aprendizado e o crescimento pessoal. Sentimentos positivos, como o altruísmo, ajudam a pessoa a melhorar rapidamente em vez de sucumbir ao trauma. É essencial não se sentir enfraquecido, incapaz perante o que viveu. E o trauma está muito ligado à incapacidade. Por exemplo, num acidente de carro, a pessoa pensa: “Eu não pude controlar o carro e fiquei preso nas ferragens”. O trauma pode marcar o indivíduo nesse sentido. Ele se sente sem condições de superá-lo. Quem cria uma aliança positiva com aquele momento sai mais facilmente da dificuldade.

ÉPOCA – O que perpetua um trauma?

Peres – Em geral, os traumatizados têm a tendência de querer pagar na mesma moeda. Com pensamentos do tipo: “Mataram minha mulher e agora vou matar cada um desses caras”. Quando existe
o sentimento de vingança, a repetição do ciclo traumático não acaba. Não resolve o problema, e os traumas vão aumentando.

ÉPOCA – Que substâncias o cérebro libera quando a pessoa sofre um trauma?

Peres – O trauma pode se estabelecer de duas maneiras. Uma é a hiperestimulação, que envolve o sistema simpático, relacionado à adrenalina. O indivíduo fica em alerta, irritado, com insônia, pensamentos intrusivos. O outro lado é a dissociação, que envolve o sistema parassimpático e a endorfina. É também uma estratégia de adaptação, de sobrevivência ao evento. Um anestesiamento. Acontece especialmente com crianças que sofreram abuso sexual, porque geralmente o agressor está em casa. E diante disso ela não pode fugir. Ela dissocia, como se não estivesse acontecendo nada. Só que as conseqüências dessa dissociação são gravíssimas. Em geral, viram adultos que não conseguem estabelecer vínculos afetivos. Aquele processo de dissociação ficou tão enraizado, como uma defesa de sobrevivência, que também tende a continuar por um bom tempo.

ÉPOCA – Quanto tempo uma pessoa leva para superar um trauma?

Peres – Depende de cada pessoa, do processamento interno em relação ao ocorrido. No caso do estudo, fizemos oito sessões de terapia, com duração de uma hora e meia cada uma. E essas sessões foram suficientes para o grupo modificar as respostas emocionais. Eles ficaram mais equilibrados psicologicamente.

Após oito sessões de psicoterapia, os pesquisadores observaram mudanças nas seguintes regiões do cérebro

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Maior atividade no córtex pré-frontal
Ele está envolvido na classificação das experiências

Menor atividade na amígdala
Ela está relacionada à expressão do medo

* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Via:Ip.Usp

Referência: Revista Época, janeiro/2008.

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Médico é despedido sem aviso prévio e atende os pacientes da rede pública na calçada

Médico é despedido sem aviso prévio e atende os pacientes da rede pública na calçada

Rodrigo Ferreira Gomes é médico clínico-geral e de saúde da famíliade.Aos 31 anos, ele atuava no Hospital Maternidade João Ferreira Gomes,no bairro Padre Lima, em Itapajé. Contudo, de acordo com a matéria publicada no jornal O Povo, assim que ao hospital, recebeu a notícia que havia sido demitido.

Um dos moradores informou que: ““Quando ele chegou ao hospital hoje pela manhã, um pouco atrasado, já havia médicos de uma cooperativa substituindo ele e outro médico, que foi retirado da função de direção clínica devido à questões políticas, por não apoiar o candidato do prefeito. O Dr. Rodrigo foi informado pela direção que estava exonerado.” Conforme apurado, a demissão ocorreu com a mudança da direção clínica da unidade hospitalar.

Ao saber de sua demissão, não deixou de oberservar a enorme filha que o aguardava do lado de fora: “Meus pacientes estavam me esperando e eu avisei para eles que tinham me demitido, mas que aguardassem pois eu ia atender a todos. Voltei em casa e peguei uma mesa e cadeira”, disse.

contioutra.com - Médico é despedido sem aviso prévio e atende os pacientes da rede pública na calçada
O médico atendendo os seus pacientes na caçada, perto do hospital.

Ele, então, decidiu que atenderia os seus pacientes na calçada ao lado do hospital mesmo.

Um morador, muito descontente, asseverou: “Eu me sinto indignado pela falta de respeito.”

Achamos bonito que o profissional mesmo diante de uma situação difícil no campo pessoal, tenha agido com humanidade e colocado o seus pacientes em primeiro plano, atendendo a cada um.

O que você achou dessa história?

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A capa trouxemos do site Razões para Acreditar, via Revista Pazes

Se ele quisesse, ele daria um jeito de te ver

Se ele quisesse, ele daria um jeito de te ver

Se a pessoa realmente gostasse de você, ela daria um jeito de te ver. Não te ilude. Eu sei, é bonito pensar que do outro lado há um interesse recíproco ou disfarçado, mas a realidade é que as pessoas não vão sentir as mesmas coisas que você sente. Às vezes encaixa, outras vezes faltam peças.

Quando a gente não quer algo, até o fato de ter a janela do quarto suja é motivo para ficar em casa, limpando a janela, em vez de sair com a pessoa. Desculpas que todos já estão cansados de ouvir. “Hoje não vai dar, estou muito ocupado trabalhando”, “Estou cansado”, “Já marquei algo com uns amigos”, entre outros.

Sendo bem sincero, eu não acho que isso seja algo tão ruim quanto parece, convenhamos, dizer “não quero te ver” não é algo fácil.

Você pede para a pessoa ser sincera com você, mas ao mesmo tempo não aceita quando a pessoa te rejeita de todas as formas possíveis? É preciso entender os sinais. Ele não dirá da forma mais clara e explicita possível, mas nas atitudes demostrará que não há interesse em continuar esse pseudo-romance.

Motivos podem haver vários. Talvez ele não gostou tanto assim de você, talvez já exista outra pessoa na sua vida ou apenas não está na fase de querer se envolver com alguém – raro, mas acontece.

Digo raro porque, convenhamos, quando se encontra a pessoa ideal, a fase não é tão importante assim. Claro, dependendo da fase há uma predisposição maior ou não de se envolver, mas apenas isto.

Por isso, sempre que duvidar da vontade de alguém é provável que você esteja certa. É possível que essa pessoa já tenha lhe dado todos os indícios para isso. Quando há vontade, até os 15 minutos antes de dormir são transformados em uma visita rápida de boa noite.

Não duvide da vontade (ou falta dela) das pessoas e acima de tudo: não aceite um amor que coloca dificuldades na relação. Espere por um amor que vá enfrentar os contratempos para te ver.

Alguém que tenha vontade de você a vida inteira.

Você não deveria se anular por alguém

Você não deveria se anular por alguém

Esse tal de amor próprio é de lascar! É o amor em sua forma mais genuína e complexa. Querer não é o suficiente para tê-lo. É necessário muito equilíbrio, muita coragem e muita vergonha na cara para ter o tão sonhado sentimento como aliado.

Amor próprio é aquele sentimento de liberdade que, indiferente da opinião alheia, faz sua vida fluir. Proporciona inteligência suficiente para entendermos que se aceitar e se amar não é egoísmo, é respeito.

O amor próprio nos faz entender que ninguém é de ninguém e que ir é um direito universal. Faz com que entendamos que escolher um companheiro de vida é um privilégio e não uma consequência. Em outras palavras amor próprio é o seguinte: quem tem, não abre mão e quem não tem, faz de tudo para conseguir.

Desenvolver esse sentimento requer muito equilíbrio emocional e exige muitas concessões. Pode ser que você tenha que ficar só um período, terminar uma relação abusiva, sair de um trabalho que não te realiza, se posicionar diante de uma situação conflituosa com um amigo, fazer dieta, praticar exercícios…. não sei qual será seu caso, mas o fato é que somente depois de muitas situações difíceis é que o tal do amor próprio acontece.

Nos relacionamentos amorosos não é diferente. Embora a sociedade tenha criado uma necessidade absurda de relacionamentos “ a qualquer custo” e “de qualquer jeito”, o amor próprio vem na contramão das teorias e prova por A+B que sabe de amor quem aprendeu a respeitar.

Essa necessidade de ter alguém é reflexo de uma sociedade carente e desequilibrada. É tanto medo de perder ou de ficar só para sempre que as pessoas não sabem mais o que é amor e o que é posse.

Sejamos claros: ninguém perde ninguém. Primeiro que não somos ( e não temos) propriedade de ninguém. Segundo que, no fundo, sempre sabemos quando uma relação não dará certo. Então, por que o desespero?

Racionalmente falando, ninguém perde “affairs”, amigos ou amores que nunca estiveram inteiros na relação. Eu sei que temos essa mania de culpar o destino, a vida e o universo, quando na verdade somos os únicos responsáveis pelas próprias escolhas e, consequentemente, pelos relacionamentos que atraímos para as nossas vidas.

Nem sempre a relação dá certo, as pessoas se entendem ou rola a química do primeiro encontro. Normal! O problema está em insistir em algo que está predestinado ao fracasso e aceitar relacionamentos abusivos apenas para não ficar sozinho.

Quer a verdade? Ninguém vale a sua paz. Não perca sua dignidade, seu domínio próprio e sua sanidade por quem não está nem aí com você. Ame-se, respeite-se, escolha-se. Quando você começa a olhar pra dentro de si com mais respeito, percebe que o maior amor do mundo existe sim e se chama próprio.

Cada um de nós pode contribuir para a cultura da paz e não violência

Cada um de nós pode contribuir para a cultura da paz e não violência

A cultura da paz é a consciência permanente dos valores da não violência. É a renúncia de todas as formas de violência física, sexual, étnica, social, política e cultural, que se revela em palavras e ações. Ela não acaba com os conflitos, mas implica na solução pacífica deles, através do diálogo franco. Aliás, a cultura da paz não é de submissão e sim um paradigma civilizatório.

Portanto, rejeitar a violência é à base da cultura da paz, que não se refere apenas à violência criminalizada sujeita a condenação judicial. Mas também aquela banalizada ou escondida pela sociedade e pelo governo, que passa longe da punição legal.

A cultura da paz deve ser desenvolvida junto às nossas crianças, adolescentes e jovens. As escolas e as famílias têm todas as condições de cultivar o respeito e o cuidado a todas as dimensões da vida. E as mulheres têm contribuído generosamente pela cultura da paz, porque são elas que iluminam o nosso quotidiano, com sua capacidade criadora e criativa.

O ensino da cultura da paz nas escolas tem o objetivo de capacitar os estudantes a construírem com seus colegas, pais e professores os próprios ideais de paz, ajudando nas soluções não violentas dos seus conflitos. É na escola que aprendemos a sentir os gestos e olhares, onde estamos criando um ambiente de escuta e diálogo.

No entanto, a educação digital não pode ser isolada dos contextos sociais, sob o risco de prepararmos os nossos estudantes somente para competição tecnológica, mas não para a convivência multicultural. Por isso, a escola precisa se tornar um espaço cívico da coletividade.

Além disso, a cultura da paz contribui para erradicar a pobreza e lutar contra a injustiça social. O nosso futuro local e global será cada vez mais multicultural. Para tanto, devemos firmar trocas simbólicas e subjetivas, que ocorre pela interação com o diferente, e com isso eliminamos o nosso etnocentrismo.

Assim, a cultura da paz pode fazer parte do nosso dia a dia, visto que somos uma sociedade multicultural, composta de uma diversidade sui generis herdada dos portugueses, dos indígenas e dos escravos africanos. E que recebeu a miscigenação da cultura dos imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, etc., que formaram a pluralidade cultural do Brasil.

A tecla para acionar a cultura da paz é a tolerância, como modo de nos libertamos do egocentrismo. Como disse Mahatma Gandhi: “A não violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira esvazia-a, toda a pressão não justificada a compromete.”

Enfim, depende de cada um de nós o desejo sincero e espiritual de construir a cultura da paz e não violência, sobretudo, em nosso âmbito familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade. Sabemos que o caminho é uma cidadania sustentável e pluricultural, que valoriza a confiança mútua e solidifica as relações afetuosas e estáveis entre as pessoas.

As pessoas se separam bem antes da separação acontecer de fato

As pessoas se separam bem antes da separação acontecer de fato

Às vezes, nós nos surpreendemos com a notícia de que algum casal que conhecemos se separou. Ficamos perplexos, porque nada neles aparentava distância. Por outro lado, há casais em que não depositamos a mínima fé e, ainda assim, mantêm-se juntos por toda uma vida. Na verdade, ninguém sabe o que se passa entre quatro paredes de vidas que não são nossas.

Não existe riqueza maior, a um casal, do que a intimidade e é ali, no cotidiano dos relacionamentos, na cumplicidade que constroem ou destroem, que reside todo o desenrolar da afetividade que decidiram juntar. Os sentimentos transbordam ou mínguam, crescem ou rareiam, perduram ou não, de acordo com a disposição e o comprometimento de cada um dos envolvidos.

Nada sobrevive sem alimento, cuidados e atenção constantes, nem mesmo o amor que parece eterno. É preciso querer ficar junto, é preciso, antes mesmo de ser fiel, viver a lealdade em todos os minutos em que estiverem juntos. É necessário entendimento, mudança de direção, quebra de paradigmas, procurar pelo olhar do outro, enxergando-o como uma pessoa, um mundo de sentimentos, como alguém que luta e torce junto.

Na verdade, quando optam pela separação, a maioria dos casais já estava separada há muito tempo; apenas lhes faltava a coragem, a consciência, a aceitação de que ali não havia mais nada pelo que lutar. Mesmo que digam haver gente que desiste fácil demais da manutenção do relacionamento, muitos de nós lutamos até o fim, desgastando-nos, agarrando-nos ao pouco que temos, às migalhas que o outro deixa pelo caminho, porque queremos dar certo na vida, no amor. A não ser que uma decepção por demais aviltante e insuportável ocorra.

Por essa razão é que não podemos julgar as pessoas, pois pouco sabemos de suas vidas, de suas histórias, de suas lutas, de suas escuridões. Fato é que amor algum consegue suportar tudo, pois o amor tem a medida exata da dignidade que nos sobra ao final do dia. Quando sobra muito pouco ou um nada, a separação já está se dando. E então já deu.

A filantropia é uma forma de santidade

A filantropia é uma forma de santidade

Estou publicando esse texto exatamente no dia de todos os santos (01/11). Ouvindo o quadro Academia CBN, com o filósofo Mario Sergio Cortella eu fiquei refletindo sobre a profundidade da palavra santidade. [link aqui].

Até escrevi um texto bem interessante no ano passado falando sobre a palavra santidade a partir da sua etimologia, que é conhecida por pouquíssimas pessoas. Ela significa “todo”, “inteiro”, “universal”. O que destoa imensamente do que entendemos convencionalmente.

Na nossa cabeça, ser santo é ser abnegado, é ser um mega religioso que passa a vida inteira ajudando os outros e, de preferência, promovendo milagres. Eu discordo de quem pensa assim e acho essa visão extremamente limitante.

Não vou me alongar nessa questão porque já deixei bastante explicado nesse texto, se quiser lê-lo basta clicar [aqui].

O título do Academia CBN é “A filantropia é uma forma de santidade”, o que encaixa perfeitamente com a frase que o Cortella falou referenciando o pensador francês do século XVII François de La Rochefoucauld. Sua frase diz o seguinte:

Muitos desprezam a riqueza, mas poucos sabem dá-la”.

François de La Rochefoucauld

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São apenas 8 palavrinhas, mas que transmitem muita sabedoria. La Rochefoucauld está falando sobre a filantropia, outra palavra que acho linda em sua origem. Ela é a junção de philos (amor) com anthropos (ser humano). Ou seja, ser um filantropo é ter um profundo amor pelo ser humano.

Infelizmente, não só no Brasil, mas no mundo todo, a filantropia está associada mais com doação de dinheiro ou de mantimentos. Claro que isso não deixa de ser filantropia, mas essa palavra é absurdamente mais abrangente.

Em minha opinião, existe uma filantropia muito mais bonita, que é a doação do seu tempo a partir de qualquer trabalho voluntário.

Quem me acompanha, talvez já tenha percebido que amo conhecer as raízes das palavras. Uma das minhas palavras preferidas é VOLUNTARIADO, derivada da palavra volutas, que significa VONTADE.

O ponto principal que liga todas as palavras que coloquei aqui é VONTADE.

Perceba que bonito. Tendo dentro de mim uma vontade genuína, eu posso me tornar voluntário em algum projeto. Esse projeto é algo que promove melhorias na vida das pessoas. Isso é o amor ao ser humano, ou seja, filantropia. E a filantropia é uma forma de santidade.

Logo, o maior de todos os pré-requisitos para ser santo é ter vontade para amar as pessoas de forma genuína e universal.

Sei que são muitas informações, mas coloquei de uma forma bastante simples, que dá pra internalizar.

Em nenhum momento eu falei que precisa promover milagres, ou que precisa se vestir com uma túnica branca, falar com voz de veludo, ou nada das ideias estereotipadas que temos sobre os santos.

Ser santo é ser humano! Ser santo é amar as pessoas e doar aquilo que temos de melhor, o nosso tempo. Cada um faz isso da sua maneira.

A sociedade distorceu demais a ideia de santo. Certamente você já ouviu alguém falar assim: “Nossa! Fulano(a) é um santo(a)…”.Mas tais pessoas dizem isso explicando que elas são santas porque conseguem ter paciência para lidar com alguém difícil no convívio diário, ou pior ainda, porque ela todo mês ajuda alguém a se manter financeiramente.

No primeiro caso, a pessoa não é santa, ela é apenas muito paciente, percebe? Ela aprendeu a ser resiliente e que não adianta querer a fina força que outra pessoa seja diferente do que é ou se adeque ao que ela gostaria que fosse. Isso não é santidade!

No segundo caso, digo que é pior por um motivo muito simples, leva a outra pessoa a uma espécie de acomodação. Ela não arregaça as mangas para superar suas próprias dificuldades financeiras porque sabe que alguém cuidará de bancar a sua subsistência. Só esse ponto dá pano pra manga, também não vou me alongar porque teria que escrever outro texto para aprofundar essa questão.

Quero concluir falando sobre a verdadeira riqueza. Aprendi tempos atrás a melhor definição de riqueza que imagino que exista: “Ser rico não é sobre quanto se tem, mas sobre quanto se pode dar”.

Muitos desprezam a riqueza, como diz La Rochefoucauld, mas poucos sabem dá-la. Dar a riqueza é dar um pouco de si mesmo. Dar dinheiro não é dar algo de si mesmo entende? Dar dinheiro é simplesmente doar um pouco de algo que você conquistou por fruto do seu trabalho. Claro que é valido e claro que pode ajudar muitas pessoas, mas se não existe amor pelo ser humano (filantropia), não vale a pena! Isso não é ajuda, é apenas vaidade, algo para inflar o ego.

Infelizmente existem muitos que se dizem filantropos, mas apenas assinam um cheque bem gordo uma vez por mês. Não saem de casa para ir a um abrigo de idosos, ou a um hospital de crianças com câncer, ou algum projeto de reflorestamento, ou de reciclagem, ou de ajuda a moradores de rua, ou animais abandonados etc etc. Esses são apenas pseudofilantropos. Os verdadeiros filantropos estão em contato real com a dor humana, com as necessidades universais já citadas acima e muitas outras!

Que nesse dia de todos os santos possamos aprender um pouco que a santidade não é algo para indivíduos especiais que saem por aí fazendo milagres. A santidade é ser uno, ser total, e amar os seres humanos de forma genuína…

Coisas são descartáveis, pessoas não

Coisas são descartáveis, pessoas não

Inevitável, a certa altura da vida, começarmos a tecer comparações entre o hoje e o ontem, permeadas por saudosismo. A idade traz conhecimento, força e experiência, assim como nos conscientiza da finitude de tudo aquilo que nos rodeia. Pessoas, coisas, momentos, instantes que se vão e nunca mais voltam nem voltarão. Essa noção de brevidade também nos torna mais aptos a aproveitarmos melhor o que está conosco hoje.

Voltando ao passado, acabamos por engrandecer o que já foi, pois revisitamos o passado afetivamente, como que querendo voltar no tempo, haja vista um presente cada vez mais difícil. Mesmo assim, ainda que idealizemos o passado, é impossível não perceber que as coisas duravam mais, bem como os sentimentos. Quase não havia o que fosse descartável, ou seja, eletrodomésticos, móveis, amizades e amores duravam, na maioria das vezes, por toda uma vida.

Estamos cada vez mais rodeados de informação, mas não aprofundamos os assuntos. Estamos cada vez mais rodeados por aparatos tecnológicos que facilitam a vida, mas não temos tempo de sobra. Há cada vez mais formas de relacionamentos por redes sociais e aplicativos de relacionamento, mas a solidão aumenta. Porque se aumenta a quantidade de tudo, porém, nada mais parece ser experenciado além da superfície. Temos medo de nos machucar, de sofrer, de não dar certo. Jogamos fora o outro, assim que surge uma contrariedade.

Infelizmente, nada acontece de substancial nesta vida, caso não se aprofunde intensamente naquilo que faz parte dela. É preciso se lançar, mostrar-se, cair fundo, sorver com intensidade cada momento, cada oportunidade, cada encontro. Nada é previsível, nada é certeza, portanto, sem que ousemos ir além do raso, nada se instalará realmente, nada ocorrerá de verdadeiro, nenhum sentimento, nenhum afeto fincará raízes em nossos corações.

É necessário, pois, mergulhar fundo nos sentimentos, nos relacionamentos, na dor, porque somente assim conseguiremos sentir o mundo em tudo o que ele nos oferece, de bom e de ruim, para termos segurança quanto ao que fica e ao que deve sair de nosso caminho. Não podemos temer o sofrimento, o fracasso, o que não dá certo, ou viveremos uma vida que nunca sai do lugar. Isso equivale à morte em vida. Isso ninguém há de merecer.

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