A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti

A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti

Analu Prestes é uma dessas pessoas que não veio ao mundo para passar desapercebida. Seja como atriz, cenógrafa, figurinista ou artista plástica, sempre se destaca em tudo o que faz.
Olhar apurado, sensibilidade ímpar e bom gosto a toda prova são as principais características dessa profissional.
Eu tive o prazer de encontrá-la nessas andanças virtuais, por intermédio de uma artista do Flickr que me indicou uma fotógrafa, sua amiga. Num primeiro momento, confesso que não tive a noção exata de com quem estava falando, porém logo em seguida descobri que conhecera uma das grandes protagonistas da construção da arte nacional.
Abaixo seguem alguns de seus “cliques” mágicos, a faceta fotógrafa desse ser humano tão plural.

contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti
contioutra.com - A pluralidade de Analu Prestes, por Josie Conti

Contato: http://www.flickr.com/photos/lalalu/

Do ferro, da água e do fogo

Do ferro, da água e do fogo

Por Welber Santos

Quando o primeiro trem correu na ferrovia entre Stockton e Darlington, um novo fenômeno ocorrera. O efeito visual, provocado pelo veloz cavalo de ferro, com sua pluma de fumaça e vapor, assustou e fascinou a todos, antes habituados ao movimento de carroças e charretes de tração animal.

 

 

 

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

Na imagem: “Railroad Iron ”
By Sarel Theron

 

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

Logo a imaginação dos poetas, eruditos e populares, teria a estrada de ferro como objeto de seus versos, as paletas, dos pintores, como objetos de suas telas e a nascente técnica fotográfica registraria, nas chapas de vidro, os momentos do meio de transporte que, como diria mais tarde o historiador Eric Hobsbawm, “fazia as pirâmides do Egito e os aquedutos romanos e até mesmo a Grande Muralha da China empalidecerem de provincianismo”. E, quem diria, parece que esse impacto sobre os sentidos de homens, mulheres e crianças não foi mera ocorrência passageira.

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

Na imagem Salvador Dali & Walt Disney

O fascínio parece que não apenas sobreviveu, bem como, juntamente com a conquista do mundo pelos trilhos, caminhou para todos os cantos. A indiferença nunca atingiu a ferrovia, por onde quer que ela tenha passado ou passe. Desde o “trem de brinquedo” do Himalaia até o Train à Grande Vitesse que parte da “cidade Luz”, as lentes, os olhares, a atenção ainda é de sua propriedade. Do interior do Brasil, onde o apito já não mais ecoa, até os grandes loopings da Kicking Horse Pass, no Canadá, não cessam os meninos armados com suas máquinas fotográficas, seja para denunciar a morte do monstro de fogo ou para apreciar a força dos milhares de cavalo-vapor (porém, sem vapor) dos modernos monstros a diesel.
Ainda, os metrôs, presentes nas megalópoles ao redor do planeta, permitem que as pessoas se desloquem com segurança e rapidez e que, em suas estações, as pessoas entoem acordes de seus violinos, acordeons, gaitas e violões.

Mais Imagens

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

Seui, Itália.
Foto: Mario Dessì

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

Uma pequena competição…

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

India, by Steve McCurry

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

O encantamento dos fotógrafos

contioutra.com - Do ferro, da água e do fogo

A intensidade das chegadas e partidas

No facebook conheça o álbum sobre o tema:

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.441779109166797.106761.433190273359014&type=3#

 

'A inconsistência do mito'

Por Claudia Antunes

contioutra.com - 'A inconsistência do mito'

Aquele cara com jeito de intelectual doidão entrou na minha vida já faz tempo: em 1966, concorrendo com uma música interpretada por Nana Caymmi, no Festival Internacional da Canção, sediado aqui no Maracanãzinho. Cabelos pretos e lisos, com divisão do lado, olhos levemente puxadinhos, complementados por um sorriso largo e dentes meio desalinhados. A voz animada, às vezes entremeada por um pigarro, estava de acordo com as mãos, que exibiam um gestual em exagero. Os palpites engraçados e inteligentes só poderiam gerar ideias fantásticas, uma até com jeito de Broadway, mas totalmente adaptável para o Rio de Janeiro.

Era a cara de uma juventude que estava sem referencial musical, principalmente, pelas perseguições dos censores da ditadura. Uma de suas maiores curtições foi contratar cinco garçonetes que serviam no ‘Dancin Days’, discoteca instalada no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio. Rolava o ano de 1976. A casa noturna era pintada de preto e rosa em seu interior, algo que remete à sensualidade feminina. As garçonetes eram o máximo, super maquiadas, com aventais curtíssimos em renda, complementados por meias fumê.

contioutra.com - 'A inconsistência do mito'

Por volta de 1 hora da madrugada, abandonavam as bandejas e voltavam exuberantes, soltando a voz entre urros da plateia, de se ouvir na rua Marquês de São Vicente, tranquila àquela hora. Sandra Pera, então cunhada do cara, foi a primeira convidada para o posto de garçonete. Arrebanhou Regina Chaves, Leiloca e Lidoca, egressas do Dzi Croquettes. Em seguida, a cantora Dhu Moraes passou a bater o ponto e o sexteto foi fechado com Edyr de Castro, que participou do musical Hair (‘a tigresa de unhas negras e íris cor de mel’, com que Caetano nos presenteou). Estava criado um dos grupos mais originais e talentosos daquela década. ‘As Frenéticas’ tinham, ainda, o suporte técnico de Roberto de Carvalho, então namorado de Rita Lee. Estouraram nas rádios, com trilha sonora e música de abertura de novelas, em todas as discotecas possíveis e inimagináveis. Fizeram a maior peça publicitária da TV brasileira, em horário nobre para todo o país, com 25 minutos no ar: era o lançamento do Barra Shopping, um empreendimento de peso que iria sacudir a Zona Oeste da cidade, captando moradores das Zonas Sul e Norte.

contioutra.com - 'A inconsistência do mito'

É desse Nelsinho Motta que eu falo hoje. Compositor, jornalista, escritor, roteirista, produtor musical e um grande letrista.
Que surpresa boa assistir ao primeiro capítulo da minissérie ‘O canto da sereia’, transportada para a TV do livro homônimo dele.

contioutra.com - 'A inconsistência do mito'

Isis Valverde linda como baiana, tinhosa e venerada por um povo que se pudesse, passava a vida rondando um trio elétrico. Nenhum exagero. Situações cabíveis no cotidiano de Salvador. Atores escolhidos a dedo, diálogo forte, política arranhada, deboche, mistério, tragédia e suspeitas. Perfeito!

Claudia Antunes é carioca, jornalista e já trabalhou em jornais como Jornal da Tarde (SP), O Estado de S. Paulo, Jornal do Commercio e Tribuna da Imprensa e nas Revistas Manchete, Fatos & Fotos e Visão (atual Isto É). Jardim Botânico do Rio de Janeiro e INEA.

Emma Bianchini e a Arte Naif

Emma Bianchini e a Arte Naif

O termo Arte Naïf foi pela primeira vez utilizado, no virar do século XIX, para identificar a obra de Henri Rousseau, pintor autodidacta admirado pela vanguarda artística dessa época, que incluía gênios como Picasso, Matisse e Paul Gauguin, entre outros.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

Com esta gênese, a Arte Naïf começou a afirmar-se como uma corrente que aborda os contextos artísticos de modo espontâneo e com plena liberdade estética e de expressão e os seus seguidores definem-na hoje como “a arte livre de convenções”.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

A Arte Naïf é concebida e produzida por artistas sem preparação acadêmica específica e sem a “obrigação” de terem de utilizar técnicas elaboradas e abordagens temáticas e cromáticas convencionais nos trabalhos que executam. Isto não significa que não estudem e aperfeiçoem de modo autodidáctico e experimental o desenvolvimento das suas obras, e não implica que a exigência de qualidade das mesmas seja inferior.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

A capacidade artística é um dom inato no ser humano e não existem técnicas, regras ou dogmas que, quando ele realmente está presente, lhe possam atrofiar qualidade e retirar valor.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

A Arte Naïf não se enquadra também na designação de Arte Popular, diferindo dela na medida em que se trata de um trabalho de criação individual que apresenta peças artísticas únicas e originais.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

Caracteriza-se em termos gerais por uma aparente simplicidade e pela liberdade que o autor tem para relacionar ou desagregar, a seu belo prazer, determinados elementos considerados formais; a inexistência de perspectiva, a desregulação da composição, a irrealidade dos factos ou a aplicação de paletas de cores chocantes. A Arte Naïf exprime ainda, de um modo geral, alegria, felicidade, espontaneidade e imaginários complexos, resultando, às vezes, todo este conjunto numa beleza aparentemente desequilibrada mas sempre muito sugestiva.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

Alguns críticos afirmam que, contrastando com os ” acadêmicos”, que pintam com o cérebro, os ” ingênuos” pintam só com a alma. Esta parece ser a verdadeira essência do Naïf, claramente o estilo de quem já nasce com o dom de ser artista…

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

As imagens desse artigo mostram o trabalho de Emma Bianchini, artista que se permite criar festivas e lúdicas cenas de campos, fartas colheitas e crianças felizes de férias em praias encantadoras. Seus temas “Naifs” nos presenteiam com um mundo rico e bonito e nos remetem a um tempo de relaxar para só curtir sua alegria de Vida.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

Emma pinta desde cedo, mas aprimorou sua técnica na Escola Panamericana de Artes em 1982 e concluiu seus estudos na Escola de Artes Marilia Fairbanks Maciel em 1984. Participou de muitas exposições e recebeu várias vezes menção honrosa pela qualidade de sua obra. Emma gosta de ressaltar o quanto ama o que faz, e como a pintura a deixa feliz e realizada.

contioutra.com - Emma Bianchini e a Arte Naif

Contato:
https://www.facebook.com/emma.bianchini.9?fref=ts

Fontes:
http://allartsgallery.com/pt-PT/naif
http://www.viladoartesao.com.br/blog/2010/08/o-naif-e-a-graca-da-pintura-de-emma-bianchini/#.UOsyL90bq5g.facebook

O que é uma pin-up?

O que é uma pin-up?

Hoje, elas embelezam de espetáculos pornô-soft a estúdios de tattoo. Mas, no começo, lugar de pin-up era na parede. Nos anos 40 e 50, era passatempo entre os soldados americanos pendurar (em inglês, pin-up) fotos de mulheres bonitas em seus alojamentos. Eram fotos mais para concurso de camiseta molhada do que Brasileirinhas, mas que constituíam um incentivo para as tropas.

contioutra.com - O que é uma pin-up?

Betty Grable
A pioneira. Frequentemente fotografada de maiô, a atriz-cantora-e-dançarina foi eleita em 1943, pela revista Life, a dona das pernas mais belas de Hollywood.

Com o tempo, foi se estabelecendo um padrão específico. Pin-up passou a ser necessariamente uma mulher volup-tuosa (Keira Knightley, fora), com ar clássico e retrô (Lady Gaga, fora) e muito feminina (Yoko Ono, se algum dia você esteve dentro, fora). E o termo deixou de se resumir a fotos: ilustrações de pin-ups passaram a ser utilizadas em estampas, quadros e na publicidade. Marilyn Monroe chegou a começar como pin-up, mas elas costumavam ser estrelas menores.

contioutra.com - O que é uma pin-up?

Bettie Page
Consagrou muito do que se reconhece hoje como estética pin-up, como fotos de biquíni e carinha-de-quem-está-gostando-demais. Dizem que, muito ingênua, participou de ensaios sadomasoquistas sem saber direito do que se tratava. Hugh Hefner, criador da revista Playboy, era seu fã.

Cabelo vintage, pele alva, batom vermelho e uma postura provocante, porém com algo de ingênuo, estão no manual da pin-up moderna. Gwen Stephany e Katy Perry adotaram o rótulo temporariamente, e outras acrescentam tatuagens à fórmula, como Pitty e a Kat Von D. Para quem ficou curioso, o site Pin Me Up (www.pinmeup.com.br) reúne fotos de meninas que seguem essa estética. O resultado varia entre humor involuntário e boas tentativas.

contioutra.com - O que é uma pin-up?

Dita Von Teese
A ex do cantor Marylin Manson faz espetáculos em que capricha no pin-upismo,

Fonte: http://super.abril.com.br/cultura/pin-up-552117.shtml

AQUARELA COMO DEVIR

AQUARELA COMO DEVIR

Por Oscar D’Ambrosio

O universo da aquarela se diferencia pela presença das transparências como característica primordial.

contioutra.com - AQUARELA COMO DEVIR

É justamente na áreas em que as nuances se fazem mais presentes que existe o aprofundamento dessa técnica, que consiste na conversa entre a água e papel e o pigmento num amplo estudo de possibilidades.

contioutra.com - AQUARELA COMO DEVIR

A trajetória de IVONE DE O RAMOS inclui a busca permanente por um processo cada vez mais aprimorado de desenvolvimento visual.Nesse sentido, ao escolher um de seus temas preferidos, a dança, tem como preocupação centrar o olhar no movimento dos bailarinos, assim como em suas posições.

contioutra.com - AQUARELA COMO DEVIR

O que está em jogo, seja nos trabalhos mais figurativos como naqueles em que a abstração se faz presente, é a maneira de pensar o espaço e concebê-lo como um mundo no qual é preciso agir seguindo critérios que vão sendo formados pelo diálogo entre a tradição e inovação, entre algumas poucas certezas e numerosas dúvidas. É quando desmancha os referenciais e realiza passagens de cor que IVONE O. RAMOS atinge seus momentos mais densos.Estabelece assim os passos de uma proposta própria, na qual não se limita ao que vê, mas mergulha no que não está evidenciado e naquilo que a aquarela permite em termos de devir.

contioutra.com - AQUARELA COMO DEVIR

Oscar D’Ambrosio é jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte.

Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

Um convite a pensar. Assim são os quadrinhos do cartunista Paulo Stocker. Suas mensagens são carregadas de sutileza e fogem das obviedades. As tiras com o personagem Clóvis retratam seu olhar singular sobre o cotidiano, com humor, doçura, crítica e acidez, quando necessário.

contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

Urbano, ingênuo e clown, o personagem Clóvis é atemporal. Seus traços trabalhados em nanquim reforçam a simplicidade. Os quadrinhos são pantomímicos- não é utilizado recurso de texto – com mensagens representadas pelos traços singulares de Stocker.

contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

As crônicas desenhadas encantam pela forma e narrativa, enfatizam a ideia e colocam o leitor em diálogo com o desenho. A identificação do público com o personagem é imediata. A diversão é garantida com a plasticidade provocante de seu trabalho.

contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

Clóvis permeia São Paulo através dos grafites da Rua Augusta, em comércios, bares, muros. As tiras também são retratadas em camisetas, quadros, pôsteres e canecas personalizadas. Por sua identidade também com o público infantil, recentemente fez uma coleção para a marca Vacamarella.

contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

PAULO STOCKER (Brusque/SC, 1965) é desenhista, ilustrador, caricaturista, cartunista e professor de desenho. Recebeu o prêmio de melhor publicação de cartum, pela revista Tulípio, no Hqmix 2008. Publicou o livro Stockadas, em 2006, pela Via Lettera Editora. Colaborou nas revistas Coyote, Caros Amigos e Periódicos como Pasquim 21 e Jornal do Brasil. Vive em São Paulo desde 1995. Em 2010 Paulo Stocker lançou o livro Tulípio em coautoria com Eduardo Rodrigues pela Editora Devir. Atualmente publica o personagem Clóvis por diversos meios de comunicação e publicações.

Vejam outras tirinhas…

contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades
contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades
contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades
contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades
contioutra.com - Tiras do desenhista Paulo Stocker conquistam públicos de todas as idades

Publicação autorizada pelo artista

A juventude dourada do rádio de pilha

A juventude dourada do rádio de pilha

Por Claudia Antunes
Os dias estavam quentes e ensolarados, enquanto o verão fervilhava no Rio. Ipanema era o reduto fashion do planeta, com suas boutiques psicodélicas. A ‘Aniki Bobó’ e a ‘Bibba’, dois expoentes da moda, recendiam a San Francisco. A cidade americana foi o berço das primeiras manifestações ‘flower power’, o movimento pacífico que transmutou os cabelos e as cabeças da geração 60’s.
Éramos meninas de corpos dourados, que frequentavam a praia inspiradora de inúmeras canções. Havia um jeito próprio de se expor ao sol, deitadas sobre toalhas enormes com estampas coloridas, óleo de bronzear ao lado e o revolucionário rádio de pilha. Era pequeno, envolto em capa de couro, com o dial no 860, a Rádio Mundial. Nela, reinava soberano, o saudoso Big Boy. Nada do que fazíamos era planejado. Tudo acontecia.

contioutra.com - A juventude dourada do rádio de pilha

Como toda adolescente, eu tinha a roupa que trazia a sorte, a sandália que arrasava nas festinhas do prédio e os cabelos com tons suspeitos de água oxigenada de 20 volumes, jogada com muita parcimônia, para não me alourar de repente.
O vestido das conquistas era de tecido de colchão, sério! Fundo azul índigo com flores brancas e uma gota vazada e audaciosa que se estendia pelo decote. Justo no corpo, modelagem perfeita da ‘Truc’, outra das grandes grifes do bairro.
O Centro Comercial de Copacabana, o pai dos shoppings, era a referência para as sandálias coloridas e rasteiras, feitas sob medida. Lá ficava a loja, uma desordem total! Garotas circulando no meio de quilos de couro, procurando solados para entregar aos sapateiros que tinham as mãos sujas de graxa e tinta, mas uma tremenda boa vontade. Acho que ventilador era artigo raro, porque o ambiente esturricava!
O namoro também tinha suas performances. A ‘princesa’ usava no próprio braço, a pulseira de prata com placa e corrente, de seu ‘pão’! Ninguém dizia ‘gato’, palavra que Erasmo Carlos, muito mais vanguardista do que o Rei, antecipou em versão feminina, na executadíssima ‘Gatinha Manhosa’.
Atraídas pela beleza estética masculina, não íamos ao cinema – em grande parte – pela qualidade do filme. Somente isto implicou em assistir a ‘Help!’, com os Beatles, entrando na sessão das duas e saindo às 10 da noite, enquanto ficou em cartaz, no Bruni-Ipanema. Estávamos atordoadas pela visão de John, Paul, George e Ringo de jeans, óculos escuros e em Cinemascope. Na trama anterior, ‘A hard day’s night’ – que considero uma obra de arte -, eles vestiam os comportados terninhos, no clássico P&B.
Os Beatles foram e ainda são, na minha vida, uma fonte que jorra infinitamente. Não posso falar da banda só de passagem. A sensação desconfortável de estar subtraindo dados e fatos, talvez explique um pouco da menina que ainda resiste em mim.

Claudia Antunes é carioca, jornalista e já trabalhou em jornais como Jornal da Tarde (SP), O Estado de S. Paulo, Jornal do Commercio e Tribuna da Imprensa e nas Revistas Manchete, Fatos & Fotos e Visão (atual Isto É). Jardim Botânico do Rio de Janeiro e INEA.

Vídeo sugestão: San Francisco, Scott Mckenzie

Hey, qual é o seu nome? Por Josie Conti

Hey, qual é o seu nome? Por Josie Conti

Por Josie Conti

No início do mês, realizei uma compra através de uma página de vendas da internet. O vendedor era qualificado, porém a descrição do produto não indicava tantos detalhes quanto eu gostaria. Mesmo assim, comprei.
Sempre digo que devemos estar atentos às nossas impressões, mas naquele momento, não dei importância a minha impressão de que faltava algo naquele anúncio ou mesmo que as qualificações que eu li a seu respeito não me foram suficientemente convincentes.
Resultado, recebi um produto na cor vermelha (no anúncio o objeto era preto) e mais, o produto NÃO funcionou.
Fiz várias reclamações que foram respondidas com monossílabos que indicavam que eu poderia trocar ou, como pedi, devolver o produto desde que eu “mudasse a qualificação do vendedor”. Ou seja, para eu desfazer o negócio, teria que dizer que a compra não tinha sido tão ruim quanto realmente foi!
E tem mais, recebi 21 emails me solicitando a troca da qualificação.
Até então, entendo que o vendedor quisesse deixar sua reputação sem máculas e tal, porém nos emails que recebi fui chamada de “Sr. Volpiroli”.
Nesse momento, confirmei o total descrédito do vendedor com a minha pessoa particular uma vez que, além de não entregar um produto de qualidade e na cor anunciada, não preocupou-se em falar comigo e, muito menos, em tratar-me pelo meu nome correto.

E aí chegamos à questão….o quanto o tratamento para com as pessoas que nos cercam, sendo elas conhecidas, transeuntes ou clientes, não revela o nosso real grau de interesse por elas.

O nome é o nosso primeiro sinal de identidade e nos acompanha por toda a vida. Perceba que mesmo históricamente, quando alguém era socialmente menosprezado por sua profissão, por exemplo, uma das primeiras coisas que perdia era o nome. A pessoa era então chamada por sua função. “Chame a empregada” , “Chame o mordomo”, “homem que recolhe o lixo”, “ela é mulher da vida” e assim por diante.

A partir do nome percebemos muitas coisas. Da possível descendência de uma pessoa, sua classe social, origem familiar até a própria árvore genealógica que lhe dá consciência e ideia de pertencência a algo maior.

Outra coisa interessante com relação aos nomes é que eles também conotam significados, transmitem expectativas ou mesmo geram lembranças.
É comum que se espere que um filho que recebe o nome do pai, acrescido de “Júnior” no final, tenha características similares às do pai homenageado.

Muitas vezes não sabemos qual a origem etiológica de nosso nome. Mas, se toda vez que ele é pronunciado imediatamente segue uma piada, isso certamente pode influenciar na personalidade da pessoa, tanto positiva quanto negativamente.

Os nomes influenciam no caráter e na personalidade de uma pessoa e podem ser motivo de orgulho ou vergonha. Portanto, a escolha do nome deve ser bem pensada, para que no futuro não atrapalhe a pessoa na escola, no convívio com os colegas e na vida social.

Vocês se lembram, por exemplo, quando o Ministério da Saúde promoveu uma campanha de carnaval onde o “pênis” foi apelidado de “Bráulio”? Imagino, que pelo contexto, nenhum Bráulio se sentiu lisonjeado.

Então você pode me dizer, Josie, mas eu sou péssimo com nomes…e eu entendo sua dificuldade porque também não sou das melhores em memorização. Entretanto também sou da teoria de que perguntar não é vergonha, a atenção à conversa nos dá dicas cognitivas (e chances) de lembrar e, na pior das hipóteses, ainda podemos recorrer aos pronomes de tratamento como senhor, senhora e, para pessoas mais íntimas, até mesmo um “querida” é aceitável pois demonstra afeto.

Aliás, qual é o seu nome?

O que temos visto por aí? Arnaldo Jabor

O que temos visto por aí? Arnaldo Jabor

Por Arnaldo Jabor

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes. Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plasticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer… mas???

Chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dancer”, incrível.

E não é só sexo não! Se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida? Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama… Sexo de academia.

Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalisticas.

Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos “ORKUT”, “PAR-PERFEITO” e tantos outros, veja o número de comunidades como: “Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” até a desesperançada “Nasci pra viver sozinho!”.

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal “beleza”.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos.

Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário… Pra chegar a escrever essas bobagens? (Mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, familias preconceituosas.

Alô gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados…
Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado. “Pague mico”, saia gritando e falando o que sente, demonstre amor…

Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais…

Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem haver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida. E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois… Quem disse que ser adulto é ser ranzinza ?

Um ditado tibetano diz: “Se um problema é grande demais, não pense nele… E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?”

Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado.

O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out ou in.

Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na Playboy e nos banheiros. Eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.

Queira do seu lado a mulher inteligente: “Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.

Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: “Amo você”, “fica comigo”… Então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!

Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!

contioutra.com - O que temos visto por aí? Arnaldo Jabor

Ovos fritos na calçada

Ovos fritos na calçada

Por Claudia Antunes

Na sexta-feira, com o sol a pino e contestando os termômetros de rua, saí para comprar pilhas para a lanterna que minha neta usaria em atividade do colégio. Desde criança sou sensível ao calor. Todos dirão: ‘Qual é a criança que suporta bem o verão?’
Mal adentrava dezembro nos idos anos 50, minha mãe e minha madrinha já sabiam que meu destino estava selado. Ainda tínhamos a calota polar arrumadinha, o efeito estufa era expressão para flatulência e todos falavam ‘o lotação’, no masculino, para aquele ônibus caolho que chacoalhava nas ruas do Rio. Uma década de memórias ligada aos tios e primos, ao aconchego da avó, ao Coelhinho da Páscoa e Papai Noel.
Paquetá era uma ilha de águas claras, onde os Tios Lauro e Heloísa tinham uma casa muito engraçadinha, com janelas em forma de escotilhas, cravada ao fundo de um belo jardim. Viajava para lá com meus primos gêmeos (e gênios!), com quem convivi, felizmente, durante a infância, adolescência e na fase adulta. Com a morte de minha Tia, não os vi mais.
Nosso apartamento, em Ipanema, ficava ao lado da Chaika, que nas décadas posteriores foi o point de tortas arrematadas por torres de chantilly. Em seus primórdios era um bar tipo ‘noir’, sempre com muita fumaça de cigarro e decoração típica de similares americanos, com estrelas pretas sobrepostas na parede azul.
Se as crianças de hoje conhecem animais por visitas ao Zoológico, tive o privilégio de conviver, diariamente, com um macaquinho que pertencia ao morador de fundos do meu prédio. Ali também moravam dois irmãos – William e Beto – filhos de Dona Sensitiva, uma chapeleira de mão cheia, que abastecia os salões do Jockey.
A TV dava seus primeiros passos no país e os programas não tinham censura. Lembro-me de assistir à ‘Boate do Ali Babá’, com o comediante Zé Trindade. E me desmanchar de amor por Jeff, o menino louro em P&B que era o dono da collie ‘Lassie’.
Mas o verão sempre foi um problema em minha vida. Sujeita a insolações – rosto vermelho e corpo febril – minha mãe me mandava para as casas de parentes, que ficavam em lugares altos como Vassouras, Humberto Antunes e Rio das Flores.
Ontem, enquanto passava de manhã pelo trecho de obras do metrô que fica diante da portaria central do condomínio, perguntei a um operário:
-Como está o rapaz que passou mal? Soube que a ambulância demorou e ele ficou estirado no sol quente…
– Já está bem, moça. Pega no turno das 4.

Claudia Antunes é carioca, jornalista e já trabalhou em jornais como Jornal da Tarde (SP), O Estado de S. Paulo, Jornal do Commercio e Tribuna da Imprensa e nas Revistas Manchete, Fatos & Fotos e Visão (atual Isto É). Jardim Botânico do Rio de Janeiro e INEA.

contioutra.com - Ovos fritos na calçada

Feias, bonitas- Danuza Leão

Por DANUZA LEÃO

ERAM DUAS irmãs, uma muito bonita e a outra – bem, a outra não. A bonita tinha um corpo como qualquer mulher gostaria de ter (sem ser esquálida), era não só elegante, como se vestia de maneira diferente. Era original, criativa, isso sem ser extravagante nem exibida. Um show de mulher, que quando entrava nos lugares era olhada por homens e mulheres, com admiração.
Eu, ainda garota, era amiga das duas; inicialmente da mais bonita, pois era com ela que saía à noite, ia às festas, aos lugares onde as coisas aconteciam. A outra era casada; mal casada mas casada, e nos víamos eventualmente para almoçar. Ela era simpática, agradável, mas perto da irmã, desaparecia. E a irmã tinha sempre muitas histórias boas para contar.
Histórias dos bastidores da alta costura (tudo isso se passou em Paris), das pessoas famosas que ela conhecia, e sobretudo dos seus “dramas” amorosos. Ela nunca tinha um namorado só e, como nenhum morava em Paris, isso facilitava bem as coisas.
Ainda me lembro: naquela época -estou falando dos anos 50- os telefones eram precários, e as comunicações aconteciam por telegrama. Um dos namorados era príncipe -havia tantos, sobretudo na Itália- , se chamava Galvano e morava na Sicília. Volta e meia chegava um telegrama, marcando de encontrá-la em Palermo no fim de semana; e lá ia ela. O outro morava em Milão, e o encontro seria em Roma. Na época, nunca me ocorreu por que razão eles não iam nunca a Paris; era assim e pronto.
Ela sofria, e eles aprontavam, sumiam, namoravam outras, e assim foi indo a vida. Um dia ela achou que estava na hora de sossegar e se casou com um belo italiano; não me parece que tenha sido um grande amor, mas foi um casamento que funcionou. Ela foi morar em Milão, trancou-se em casa, e sua única distração, digamos assim, era a moda. Comprava tudo que aparecia de novo, até que um dia teve uma doença ruim e morreu.
Enquanto isso a vida da irmã continuava: separou-se do primeiro marido -porque quis-, marido esse que passou anos fazendo tudo para que ela voltasse. Se casou de novo, com um produtor de cinema, e o casamento, muito feliz, durou até que um dia ele teve um infarto fulminante e morreu.
Ela sofreu, mas não deixou a peteca cair; tempos depois estava casada de novo, com o homem que mais amou, e que trabalhava no show business. Foi um amor louco, absoluto; ele tinha uns 15 anos menos que ela, era lindo, e morreu aos 33 anos de cirrose. Como ela sofreu; parecia que nunca mais levantaria a cabeça.
É preciso aqui fazer uma pausa: desde que a irmã se casou, fomos ficando cada vez mais amigas. Fui percebendo o quanto ela era generosa, interessada pelas pessoas, pelo mundo em geral, sempre pronta a fazer agrados, carinhos, tolerante e paciente com todos que a rodeavam. Um dia conheceu seu último marido, com o qual está casada há 30 anos. Um ótimo casamento, devo dizer.
E fiquei pensando que os atributos físicos, tão valorizados, fazem com que as pessoas se esqueçam do principal, do que realmente importa, e que faz com que as pessoas se gostem, fiquem amigas, até se apaixonem. Nunca nenhum homem largou essa minha amiga; já a bonita teve uma vida sentimental atrapalhada, eu diria mesmo infeliz, e não sei se por acaso ou por que, eu comecei amiga de uma, o tempo passou e fui ficando amiga da outra como nunca havia sido da primeira.
E ainda sou.

Gostou?

Compartilhe!

Maternidade em construção

Maternidade em construção

Por Adriana Vitória

Quando estava grávida da nossa fllha, além de uma fome acima da média, não sentia nada de muito diferente, só uma sensação de que algo que eu não conhecia crescia dentro de mim, um alienígena.
Na verdade, meu questionamento é se era eu uma pessoa apta a desenvolver a maternidade e se era madura o suficiente pra este papel.
Quando estava com pouco mais de seis meses, vi sua carinha gorda e larga pela primeira vez na ultrasonografia e foi então que me dei conta de que havia de fato alguém ali.
Saí e comprei sua primeira roupinha.
Talvez o alienígena fosse eu, afinal de contas, só ouvia contos incríveis de outras mães a respeito da gravidez. Eu, entretanto, só pedia ao universo para que ela fosse uma pessoa com um grande coração, o resto veríamos depois.
Acho um tanto prepotente acharmos que conhecemos nossos filhos. Só conhecemos quem podemos sentir, coisa rara, e muitas vezes, não são nossos filhos.
O fato é que hoje, sou mais do que grata ao universo por ter me enviado uma pessoa que descubro incrível, sensível e que tem tanto pra me ensinar.
Filho não preenche a vida de ninguém, mas com certeza, ter uma pessoa apaixonante ao teu lado, torna o “viver” muito mais feliz.

www.adrianavitoria.com

contioutra.com - Maternidade em construção

Os bastidores da Crônica, por Marta Medeiros

Os bastidores da Crônica, por Marta Medeiros

Por Martha Medeiros

Uma sociedade plural é muito melhor do que uma sociedade em que todos pensam igual. Sem divergências, nada evolui ― nem o pensamento, nem o país.

Quem escreve em jornal sente na pele essa dinâmica de opiniões conflitantes. São tantos os leitores, das mais variadas origens e crenças, que fica absolutamente impossível almejar uma unanimidade, só em santa ingenuidade. Você fala em sexo e desejo, o outro salta condenando o hedonismo. Você clama por charme na vida, o outro salta condenando que é elitismo. Quem tem razão? Cada um tem a sua, e que se atreva alguém a dizer quem está certo ou errado. Há tantas verdades quanto seres humanos na terra.

O Brasil, em especial, é dos países menos coesos. Deste tamanhão e com esta desigualdade social que tanto nos choca, é como se abrigasse vários planetas a conviverem no mesmo território. E obriga. E rimo: não sei como não sai mais briga.

Uns elogiam 2 Filhos de Francisco, outros apontam a rendição do cinema nacional, que não arrisca nada fora do padrão global. Uns elogiam os shows internacionais, outros questionam: por que não se dá mais espaço pro regional? Você fala de amor eterno, é piegas. Você fala em sedução e liberdade, é a filha preferida do demônio.

Alguns você comove, outros revolve o estômago. Se cita um caso que aconteceu com você, é porque está focada no próprio umbigo. Se cita um caso que aconteceu com alguém, não tem originalidade suficiente. Se inventa um caso que não aconteceu mas poderia, está fazendo ficção onde não devia.

Falou em Nova York, é metida. Falou em Ibiraquera, metida a made in Brasil. Colocou palavras em inglês no texto? Nenhum problema, pensam uns; paredón, pedem outros, que palavra em espanhol pode.

Falou bem do PT? Rendida, vendida, mal-intencionada. Falou mal do PT? Rendida, vendida, mal-intencionada. Não falou de política? Alienada.

Usa palavra antiga, entrega a idade. Usa uma palavra nova, está inventando moda. Que palavra está em voga?

Voga???

O mesmo texto tudo provoca: uns te amam, outros te toleram e alguns não perdem a chance de te esculachar. Como te leem os que te odeiam.

Você toca profundamente o coração de uma senhora e com o mesmo texto enoja um estudante. Uma professora te agradece a contribuição em sala de aula, outra proíbe que os alunos te convoquem. Você defende as minorias e alguns vibram com a referência, outros têm certeza que é deboche. E nem ouse citar Deus em suas crônicas, apenas em suas preces.

É uma aventura a cada linha, uma salada mista a cada ponto de vista. Franco-atiradores a serviço da reflexão, todos nós, os daí e os de cá, sabemos um pouco de tudo e muito do nada, e salve o bom humor diante desta anarquia, já que de algum jeito há que se ganhar a vida.

Parte integrante do livro Doidas e santas, de Martha Medeiros.

INDICADOS