Não existe nada mágico em se apaixonar

Não existe nada mágico em se apaixonar

Por Daniela Santana

Estar apaixonado deixa a gente mais feliz, mais vivo, no mundo da lua, com um sorrisinho de orelha a orelha quando se pensa em um certo alguém. É uma sensação tão boa, tão… MÁGICA! Não.

Estar apaixonado é o mesmo que ingerir alguma droga que cause uma sensação de euforia e bem estar, capaz de deixar o ser humano mais azedo do mundo feliz. E esta comparação tem fundamento biológico: atividades como sexo, drogas e (rock and roll) apaixonar-se estimulam a ação da dopamina em nosso cérebro. Quando liberada ela desencadeia impulsos nervosos que proporcionam uma sensação instantânea de bem estar.

Mas assim como a ingestão de substancias tóxicas apaixonar-se também traz efeitos colaterais.

O ser apaixonado tem urgência da pessoa amada. No início, ver uma foto daquele que faz suspirar pode ser sua dose diária de dopamina. Aos poucos as mensagens de texto, de áudio, os vídeos, as indiretas no Facebook, os comentários no Instagram, as fotos no Snapchat e os replys no Twitter passam a ser essenciais e quando isso não vem… Bom, aí começa a insegurança e a abstinência. Mas abstinência com tão pouco tempo? Sim. Quem tá apaixonado tem urgência, lembra? E 6 horas sem ter retorno de uma mensagem enviada pelo Whatsapp já é motivo mais do que suficiente pra mudar de humor e experimentar a frustração.

Insegurança? Possessão? Ansiedade descontrolada? Imaturidade para lidar com um relacionamento? Não amigo, paixão. O nome disso é paixão. E não tem nada de romântico nisso, é pura química: se o seu cérebro não tem a tal substancia que ele tanto precisa ele pira mesmo.

Então que tá apaixonado tá ferrado? Médio. Depende de como você lida com isso.

Os mais inseguros, possessivos, descontroladamente ansiosos e imaturos vão mandar outras mensagens, vão invadir as redes sociais da pessoa amada com posts, vão mandar SMS e podem até dar um telefonema (PASMEM, mas tem gente que ainda utiliza o celular pra este fim). E este é o primeiro passo para que o relacionamento, que ainda nem tinha iniciado, comece a desandar. Quem quer alguém pegajoso ao seu lado?

Pessoas inteligentes, ainda que impulsivas e emocionais, saberão respeitar o espaço criado pelo outro. Saberão dar tempo para que ele responda (ou não) suas mensagens. Estas pessoas não pensam sempre o pior e sabem que, de repente, a pessoa não respondeu porque está com outras coisas na cabeça, coisas que não são necessariamente uma outra pessoa.

Dê tempo ao tempo. A paixão também é alimentada pelo mistério. O fato de você ficar na sua certamente fará com que o outro perceba sua ausência. Se ele tiver realmente interessado, na primeira oportunidade ele vai retornar sua mensagem. Se ele não tiver… Bom, quem quer ficar com uma pessoa que não te quer?

O amor é uma via de mão dupla, então cuidado pra não embarcar numa relação sozinho. Você já sabe que tudo em excesso faz mal e tratando-se de uma substância tão perigosa quanto é a paixão, é bom consumir com moderação.

Nota da Conti outra: o texto acima foi publicado com a autorização do autora.

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Daniela Santana

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Formada em Letras e trabalha com produção audiovisual. Atualmente desenvolve o projeto Mil Asas (http://www.milasas.com.br), um desafio pessoal para estimular o processo criativo, a disciplina, a paciência e sobretudo, desafogar o espírito e fugir da realidade (que as vezes sufoca!).

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Tirinha sobre a importância de manter traços da infância em nossa vida adulta

Tirinha sobre a importância de manter traços da infância em nossa vida adulta

Crescer, abandonando a criança que existe dentro de nós, é ir deixando ao longo do caminho os pedaços mais valiosos do nosso coração, das nossas almas, enquanto seguimos para o mundo adulto.

E não raro fazemos isso. Deixamos de nos permitir a alegria do encantamento com as pequenas coisas. Achamos que o que vale são números bancários, estimativas econômicas, metas financeiras com prazos a perder de vista…

E, quando bem observamos, a vida já perdeu a cor, a alegria, o deslumbramento. E o menino de aquarela que fomos não mais se reconhece no adulto acinzentado que somos. Nesse momento, é urgente regressar ao jardim da infância da alma, onde o mundo, acredite, é muito mais divertido!

Nara Rúbia Ribeiro, colunista CONTI outra

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Fonte da tirinha: Sushi de Kriptonita

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Você sabe quem são os teus?

Você sabe quem são os teus?

Por Tatiana Nicz

Existem milhares de coisas a se aprender em um momento de dificuldade, uma delas é realmente descobrir quem são os “teus”. Da mesma maneira que nos decepcionamos com quem nos vira as costas, nos surpreendemos também em ver a abundância que existe no Universo em nos abrir caminhos. Quando se está sensibilizado o pouco pode valer muito, qualquer sorriso, abraço, pequeno gesto pode significar muito mais, porque na verdade isso é mesmo algo grandioso. A verdade é que estamos todos carentes de afeto e por isso essa ajuda que me refiro aqui não vem com dinheiro ou bens materiais. Porque não precisa “ser” para dar dinheiro ou algo à alguém, basta apenar “ter”.

É importante que a gente aprenda a reverenciar o momento, por mais difícil que ele seja, ele nos torna vulneráveis e a vulnerabilidade nos torna mais humanos. Quando estamos vulneráveis precisamos mais ainda do outro, que se apresenta em um ombro amigo, um abraço ou um pequeno ou um grande ato de gentileza. Em horas difíceis ficamos mais disponíveis e abertos para receber essa ajuda que está disponível no Universo e que poderá vir de qualquer pessoa. Pode ser um antigo amigo ou um estranho. O que entendi é que realmente não existe uma pessoa que possa nos completar por inteiro, seria muita responsabilidade para uma pessoa apenas e muita ingenuidade nossa achar que com tanta gente no mundo, uma, umazinha apenas, nos completaria.

Existem alguns poucos que estarão ao nosso lado por toda a vida, do resto somos preenchidos por encontros. Pequenos gestos de gentileza que vêm dos lugares mais inesperados, em diversos momentos, essa é a beleza da vida. Mas esse movimento começa primeiramente por você.  Uma dor grande te faz mais cuidadoso, qualquer desprendimento de energia à toa gera uma dor que pode fazer seu coração transbordar, então é preciso também cuidado. Aprender a identificar bem aqueles que você pode contar. Eles não são muitos, mas são essenciais. É preciso saber identificar e conectar na fonte certa.

Acredito que na maioria das vezes essa fonte não esta onde você esta procurando: no outro (quem quer que ele seja). A boa notícia é que ela está muito mais próxima e acessível do que você imagina, ela está em você. “Nenhum homem é uma ilha isolada em si” sim, John Donne estava certo, ao mesmo tempo que não somos ilhas, precisamos aprender a ser uma antes de virar continente. A palavra é solitude. Solitude é diferente de solidão, é um isolamento voluntário. É saber parar para escutar a voz que vem de dentro. Aprender a ser inteiro. Você sozinho pode se sentir amado. Isso parece quase impossível, porque o verbo amar já é na maioria das vezes transitivo direto.

[quote_box_left]…a resposta é reivindicarmos a nossa capacidade de sermos amados.[/quote_box_left]

Acontece que a resposta não está em dizer a si mesmo “sou amado”; a resposta é reivindicarmos a nossa capacidade de sermos amados; de buscar reconhecimento o tempo todo, de buscar isso no outro. Mas John Donne sabia das coisas, realmente não somos ilhas, somos um grande continente, mas estamos buscando ser continente da maneira errada. É nas ações, no ato de viver em comunidade que precisamos nos tornar continentes, mas antes disso precisamos ser ilha. A ajuda ao outro é fundamental, ninguém nunca logrou e nunca logrará nada sozinho. Mas só ajuda ao outro quem consegue se ajudar primeiramente.

Saber receber de graça, de quem vier, é um ato engrandecedor. Nossa língua portuguesa não nos ajuda nesse sentido. A palavra “obrigada/o” vem de “me sinto obrigada/o em lhe retribuir o favor” o que parte do princípio que estou ou estarei o tempo todo em dívida com o outro, a meu ver não tem nada de bonito nisso.  No inglês temos a palavra “thank you”, que vem do sentimento profundo de “thankful”, cheio de graça, é o que devemos sentir por aqueles que nos estendem uma mão. Para ser justa com a nossa língua, temos também palavras como agradecida/o ou grata/o, então você pode sim escolher e principalmente saber sentir gratidão.

E a beleza da vida está nisso, em aprender a dar o que podemos e receber de graça, em nos tornarmos mais fortes através da cooperação. Você sabe quem são os teus? A reposta é não. Ninguém deve saber, porque só em pensar já condicionamos em pouco o que pode estar em muitos, porque isso também depende de como você se apresenta ao mundo, se você é uma ilha grande ou pequena, de como você se abre para receber ajuda, de quem você escolhe manter em sua vida. Não adianta tentar “catalogá-los”, pode ser um número de pessoas muito maior que você imagina, ou muito menor. O que sei é apenas isso: os tEUs é o que vive em dEUs e não é por acaso que ambos são preenchidos de EU.

Sensibilidade, meditação e necessidade de catarse

Sensibilidade, meditação e necessidade de catarse

“Certamente a sensibilidade aumenta com meditação. E todo o significado de sensibilidade é que toda experiência será sentida com maior intensidade, e isso inclui os seus problemas. Um meditador sentirá um insulto muito mais do que um não-meditador. Porque a consciência daquele que não medita não é clara. Quanto mais fumaça em sua consciência, menor a possibilidade de você sentir angústia.

E talvez seja essa a razão do porque escolhemos viver uma vida com baixa consciência – apenas para reduzir a intensidade da angústia. Pergunte a um psicólogo e ele lhe dirá que toda criança, numa certa fase de sua infância, aprende a baixar seu nível de consciência. Toda criança nasce sensitiva, e gradualmente começa a matar sua sensibilidade, porque viver com ela é difícil.

Quando uma criança fica com raiva, todos em volta lhe chamam de louca, e dão um jeito de controlar as ações da criança, fazendo com que ela se controle. Seu ser todo está em fogo, e lhe pedem que se controle. Assim, nós ensinamos a criança a matar sua sensibilidade.

Quando você começa a meditar, suas qualidades de criança começam a emergir, sua sensibilidade cresce, e suas experiências se aprofundam. Tudo que acontece a você alcança suas profundezas, e isso cria problemas para você, para sua família, para seu relacionamento, para seus amigos. E essas dificuldades estão além da compreensão deles.

Todos eles carregam uma expectativa em relação à meditação – de que ela o tornará pacífico. E exatamente o oposto acontece! “Antes de começar a meditar ele não era raivoso, e agora está muito cheio de raiva, a todo o momento!”

Eles acham que a pessoa meditativa deveria ser um morto vivo, que você pode dar um tapa e ela ficará olhando em posição de za-zen sem mover um músculo. E isso é verdade, mas no fim. Não no caminho. A paz é o final da meditação.

No começo da meditação todas as suas feridas são mexidas, e todas as raivas e ambições e jogos de poder vem à tona. Se não vem, não é meditação o que você está fazendo. Todas as suas coisas se tornarão mais profundas, e tudo que você tem suprimido desde sua infância começa a emergir com força total. Você não se sentirá em paz.

Se você estiver doente, sentir-se-á mais doente ainda.
E quando você experienciar o prazer será um prazer muito maior, muito mais profundo que o prazer comum das pessoas. Coisas muito pequenas o farão sentir-se abençoado, tanto que você sentirá vontade de dançar. E igualmente pequeninas coisas o deixarão em tal estado de escuridão, que você sentirá vontade de cometer suicídio. Quando você começa a meditar tudo isso acontece…

A menos que você viva o mundo em sua totalidade, você não será capaz de conhecer o divino em sua totalidade. E, porque o mundo cobriu você, desde a infância, com condicionamentos, são essas marcas do mundo que aparecerão primeiro – é o que você sentirá primeiro. Então, lembre-se: a sensibilidade não deve ser reprimida, mas aprofundada e intensificada. Ela pode deixar sua vida em dificuldades, mas você pode usar isso de maneira criativa.

Toda vez que você sentir que uma situação está muito intensa, vá para seu quarto e chute e bata em seu travesseiro. Permaneça ali, sozinho com você mesmo, e deixe essa energia sair, seja raiva ou choro. O ponto que eu estou enfatizando é que você tem de exprimir. Você tem de expressar esse lixo interno. Permita isso. Jogue-o para fora vigorosamente.

Todo meditador tem de passar pela catarse. Apenas ficar pacífico não é suficiente. Nós guardamos dentro de nós raivas de muitas vidas, não só desta vida. Um momento chegará em sua vida que você se sentirá mais aliviado, e aquela raiva do passado não surgirá mais. Mas até esse momento, a catarse é um dever.
Com a meditação muitas experiências se aprofundarão em sua vida. Alegria e tristeza terão mais impacto sobre você.

Se você continuar reprimindo sua raiva, chegará a um ponto em que sua meditação morrerá. Se você jogar seus sentimentos ruins sobre as outras pessoas, as dificuldades se multiplicarão.

Assim, refugie-se em sua solitude e deixe seus sentimentos saírem. Por isso criei métodos de meditação catárticos. Nunca o homem precisou tanto disso. A catarse é indispensável para meditação, e sua meditação se tornará mais pura quanto mais total for sua catarse.

E pura meditação é iluminação.

Catarse tem de ir de mãos dadas com meditação: somente quando a meditação se torna iluminação a catarse chega ao fim.

‘Para um buscador, ela não pode ser evitada.’

OSHO
www.oshobrasil.com

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Por que muitos pais bons têm filhos difíceis?

Por que muitos pais bons têm filhos difíceis?

PE. HENRY VARGAS HOLGU

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Segundo o velho ditado, “Tal pai, tal filho”. Mas há outro ditado não menos verdadeiro: “Toda regra tem exceções”.

Geralmente, de bons pais, de pais bem formados e educados, saemfilhos bons, bem formados e educados; mas, infelizmente, esta regra acaba caindo por terra em alguns casos, quando os filhos se apresentam com personalidade rebelde.

Nos relatos históricos, desde a época bíblica, vemos reis maus que tiveram filhos que governavam com justiça e sabedoria; e igualmente houve reis justos que tiveram filhos que governavam com abusos e prepotência. Como isso é possível?

Como explicar os filhos rebeldes?

De modo geral, podemos destacar algumas possíveis causas deste fenômeno:

1. Um fator é que os pais de família, ainda que sejam boas pessoas, corretas e do bem, podem ser (sem má intenção, logicamente),péssimos educadores ou formadores. É muito difícil transmitir valores, virtudes e códigos de conduta, e às vezes o bom exemplo não é suficiente.

2. Os filhos que manifestam comportamentos difíceis são facilmente reconhecíveis desde que nascem. Quando bebês, costumam acordar muitas vezes durante a noite, chorando muito. Também costuma ocorrer de tão terem meio-termo: vão de um extremo ao outro. Suas alegrias são transbordantes, mas, de repente, ficam bravos e são incapazes de controlar sua ira e sua raiva.

3. Cada filho ocupa um lugar diferente na realidade familiar e mantém relações diferentes com cada membro. Não é a mesma coisa ser o primeiro, segundo ou terceiro filho, porque as circunstâncias de uma família mudam constantemente.

4. A rebeldia também pode começar na infância, quando os pais e avós cometem o erro de “comemorar” certas atitudes, palavras e gestos equivocados, levando a criança a pensar que o que está fazendo é o certo.

5. Em outros casos, mesmo com a melhor intenção do mundo, os pais acabam manifestando, ainda que inconscientemente,preferência por algum dos filhos, o que pode gerar a rebeldia, unida a ciúme, inconformismo ou agressividade.

6. Às vezes, ainda que não haja preferências por parte dos pais, um dos filhos acaba mal-interpretando certas situações como se fossem contra ele, o que gera más reações, levando ao mesmo círculo vicioso.

7. Outra das possíveis explicações está em que os pais não sabem lidar com os primeiros caprichos infantis dos filhos, e acabam querendo agradá-los sempre e em tudo. A criança, se não for corrigida e não assimilar bem a educação recebida, vai crescer mimada.

8. Há pais que só prestam atenção no que os filhos fazem de errado. Passam o dia todo dando broncas, jogando na cara deles o que fizeram de ruim. Isso pode gerar baixa autoestima e raiva nas crianças.

9. Outro dos fatores está inclusive nos próprios irmãos ou nas crianças do bairro ou escola, que ficam apontando os defeitos da criança; esta vai se fechando em um comportamento negativo, especialmente se for muito sensível.

10. Em outros casos, na maioria das vezes, o rebelde é o filho do meio, que não tem as responsabilidades do mais velho (a quem os pais costumam usar como exemplo ou colocar como responsável pelos outros irmãos) nem toda a atenção do filho mais novo (que costuma ser mais mimado que os outros). O filho do meio, neste caso, pode crescer com ressentimentos.

11. Muitos pais consideram que a melhor forma de educar os filhos é impondo regras muito rígidas, quase ao estilo militar, mas isso é errado. Os pais rígidos demais acabam criando filhos retraídos e amedrontados, ou desrespeitosos e rebeldes.

12. Em outros muitos casos, os filhos difíceis são reflexo de certas anomalias familiares, ou seja, são como a ponta do iceberg, pois tornam visíveis os problemas latentes e reprimidos na família. O filho rebelde acaba sendo o bode expiatório e distração do verdadeiro problema familiar.

13. O contexto social em que vivemos não ajuda a educar os filhos. Esta sociedade violenta, competitiva, hostil, queiramos ou não, influencia muito negativamente as crianças, a umas mais que a outras, dependendo das circunstâncias.

O que fazer?

Seja como for, quanto antes for buscada a solução, melhor – começando pela identificação da(s) causa(s). Quanto antes for feita a intervenção, menor será o sofrimento da família e sobretudo do filho.

Uma ajuda profissional pode contribuir para identificar o problema. Se este estiver na família, é preciso modificar a dinâmica familiar. Esta mudança é difícil quando os membros da família se consideram isentos de qualquer responsabilidade, negando ter algo a ser revisto. É muito mais fácil quando os pais, e inclusive os irmãos, se envolvem.

Independentemente da causa e da suposta rebeldia, sempre deve haver comunicação entre os pais, para esclarecer as coisas o quanto antes com o filho – daí a importância da observação.

Se a causa da rebeldia realmente não está nos pais, juntos e privadamente, precisam falar com o filho sobre o que acontece, sobre seu comportamento, para que ele possa ver todas as qualidades que tem para superar seus problemas.

É necessário fazer tudo isso com carinho, mostrando que estas correções são feitas por amor, e depositar um voto de confiança no filho.

Os pais nunca devem classificar seu filho como “o filho rebelde”, “a ovelha negra”, porque fazer isso pode trazer consequências ainda mais negativas.

Isso desespera e isola ainda mais o filho difícil, pois ele procurará ajuda e apoio fora do núcleo familiar, e provavelmente nas pessoas incorretas. Os pais nunca podem descuidar dos seus filhos, confiando sua educação a terceiros.

O que acontece se o problema não for solucionado?

Estes filhos podem ter problemas de comportamento e também dificuldades para lidar com suas emoções, e sua tendência será mostrar-se extremamente críticos consigo mesmos.

Em outros casos, os filhos desenvolvem transtornos depressivos, dependência química, até degenerar em transtornos de personalidade.

Por outro lado, costuma achar que não merecem ser amados, já que as mensagens que receberam da sua família ao longo dos anos é que só trazem problemas, só causam dano, suas reações são sempre inadequadas, estão sempre exagerando etc.

Para a psicologia positiva, ao falar do comportamento das pessoas, costuma-se utilizar três palavras que tendem a ser confundidas: personalidade, caráter e temperamento. Mas são termos muito diferentes.

O temperamento se baseia na herança genética. O caráter é construído ao longo da vida, a partir da sua experiência e da cultura em que se encontra. O temperamento e o caráter são os elementos que formam a personalidade do indivíduo.

Assim, o DNA e o contexto de vida têm um papel primordial na personalidade de cada um. Não podemos negar os genes de uma pessoa, mas tampouco seu ambiente externo.

No entanto, felizmente, existe o livre arbítrio, que, baseando-se na razão, permitirá que cada um de nós tenha capacidade de escolher seu caminho.

A pessoa não pode escolher seu destino, pois sempre haverá eventos fortuitos que podem mudar o rumo da vida, mas sempre terá capacidade de levantar-se, seja qual for a situação, e prosseguir até o final.

Pais que são bons, apesar de eventuais erros educacionais, não têm culpa de que seu filho adulto seja uma pessoa difícil.

Culpar os pais pela personalidade difícil do filho, quando foram bons, normais e bem formados, é um erro. Há muitos fatores que entram em jogo na formação da personalidade. Um filho não é preguiçoso na escola necessariamente por culpa dos pais, por exemplo.

Por outro lado, ninguém pode ser 100% bom ou 100% mau. Se alguém erra, pode se arrepender, porque há algo bom nele, e aqui as emoções e maneira de pensar podem influenciar consideravelmente.

No caso em que os pais não conseguem fazer nada diretamente para combater o problema da rebeldia dos filhos, sempre será possível lutar interiormente por combater neles mesmos a tendência negativa – que pode dar-se em diversos graus – que os preocupa dos filhos, e oferecer a Deus sua luta como oração.

É sempre importante rezar por esse filho e confiar a Deus a solução.

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Pessoas são vistas por trás de uma tela: quando saem, deixam clara a essência do amor!

Pessoas são vistas por trás de uma tela: quando saem, deixam clara a essência do amor!

A maioria de nós se considera sem preconceitos, mas mesmo que não intencionalmente, é muito comum que façamos julgamentos precipitados sobre as pessoas com base no que vemos, seja por causa de sua raça, idade, sexo, religião, sexualidade ou mesmo deficiência.

Esses pré julgamentos realizados pela sociedade em geral afetam a capacidade de uma pessoa de encontrar um emprego, garantir um empréstimo, alugar um apartamento, ou chegar a um julgamento justo, perpetuando as disparidades sociais.

A campanha “O amor não tem rótulos” desafia-nos a abrir os olhos para os nossos preconceitos (mesmo aqueles que achamos que não temos) e trabalhemos para barrar esse ciclo em nós mesmos.

Para isso, nada melhor do que pessoas felizes e dançando através de uma grande “radiografia”. Apresento também para vocês a essência do amor!

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Sobre o “Diário de Fabiana, uma menina não muito normal”

Sobre o “Diário de Fabiana, uma menina não muito normal”

Por Nara Rúbia Ribeiro

Há pouco tempo eu falava aqui no site, numa crônica, sobra a importância de permitirmos que os nossos filhos sonhem ser aquilo que de fato querem ser. E para construírem seus sonhos, as crianças necessitam também perguntar a si mesmas: quem sou eu?  Essa é a busca de Fabiana, uma menina de oito anos de idade, no livro denominado “Diário de Fabiana, uma menina não muito normal”, que acabo de receber, via correio.  E o sentimento da Fabiana encontra um eco singular, uma sintonia perfeita na escrita da autora, Beatriz Kusdra, uma encantadora paranaense que também tem oito anos de idade.

contioutra.com - Sobre o “Diário de Fabiana, uma menina não muito normal”No livro, ela começa dizendo ao diário que precisa saber quem ela é. Mas que o que quer saber não tem nada a ver com o tamanho do cabelo, com o jeito que ela é por fora. O que a preocupa é ser, a cada hora, uma pessoa diferente. Em razão disso, acha-se uma pessoa “estranha”, ” não muito normal”. Escrevendo ao seu diário, fala de sentimentos como timidez, inveja, o início do encantamento com os meninos. Fala sobre amizade e sobre a relação com o irmão (em regra conturbada).contioutra.com - Sobre o “Diário de Fabiana, uma menina não muito normal”

Então, eu venho aqui dizer que fiquei muito feliz por conhecer essa escritora tão especial e carismática que, mesmo tendo soprado apenas oito velinhas já se aventura no mundo das histórias, na criação dos personagens, na elaboração das falas, na discreta proposição das temáticas.

E digo à Beatriz: Sabe, Bia. Todo mundo é assim, meio que não muito normal. Somos meio estranhos, mesmo. Agimos sem entender. Pensamos coisas sem saber direito o motivo. Sentimos o que não compreendemos. Ser estranho é normal. E temos que ser normais, mas não muito. Não é mesmo? Dê um beijo na vovó Vera Lúcia Kusdra e diga que ela não está sozinha. Nós também estamos muito orgulhosos de você. E a agradeça pela remessa do livro. Sei que acabo de conhecer uma grande e especial escritora.

Nara Rúbia Ribeiro: colunista CONTI outra

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Escritora, advogada e professora universitária.
Administradora da página oficial do escritor moçambicano Mia Couto.
No Facebook: Escritos de Nara Rúbia Ribeiro
Mia Couto oficial

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Algumas divagações para suavizar os hiatos de uma existência

Algumas divagações para suavizar os hiatos de uma existência

Por Lourival Antonio Cristofoletti

Falar de coisas que lhe abordem, de maneira desavisada, na hora que nada pede. Comentar sobre sensações que acometem você, vindas não se sabe de onde. Parecem exercícios gerados de maneira espontânea no encanto da contemplação, em uma de suas faces mais descompromissadas. Oferecem, quem sabe, oportunidades de vagos repensares.

Quem sabe de onde vêm as energias que costumam levitar por aí? Sabe-se que são dispersas e que não refutam quem se dispuser e ousar mobilizá-las. Convém não hesitar por demasiado tempo, nem consumir muito esforço refletindo sobre cada omissão.

Quem não atrelou mente ao coração e ainda não desencadeou nenhuma ação ou processo em si, mostra-se conveniente poupar-se: pode ser hora de ficar quieto. Já que quer fazer algo prepare-se para uma futura investida na hora que a surpresa resolver invadir os espaços de sua vida.

Como é que se faz para se permitir furtivas saídas do dominío da razão? Ter receitas é presunçoso: fala-se à boca pequena que viagens pelas raias da imaginação oferecem motes revigorados naturalmente quando, claro, sutilmente alimentados. Se tiver traquejo, que os desenvolva com a naturalidade do sopro do vento no colo da manhã.

Sempre cabem recomendações genéricas, de preferência não testadas: cole os ouvidos onde bem entender e atente para não se exasperar se resolver não trilhar aquele caminho delineado: não, você não é a única opção do multiverso (quem lhe falou que somente há um universo?).

Se assim sendo, há no não existir um propósito destinado para si. E, diante de sua negativa em agir, alguém irá naturalmente fazê-lo em seu lugar (é a Lei da Ausência do Vácuo na Natureza). Lógico, relaxe: outras oportunidades surgirão, porque garantem que o estoque de possibilidades ousa beirar os supercílios do infinito.

Aceitam-se exercícios de sensibilidade aleatoriamente distribuídos, sem compromisso com resultados tangíveis: deixar-se levar como quem nada sabe em um lugar estranho, sem ao menos dar-se ao trabalho de ter pesares ou fazer discretas anotações.

Permitir-se, amiúde, ser abduzido pela sensualidade da marota vida, manifesta a cada xingamento evitado, a cada indiscreto pulsar, sem preparadas respostas, livre de repertórios gastos ou decoradas satisfações.

Quando não se souber a razão de certas coisas lhe acontecerem – “Por que eu?”;”Agora?”; “Deste jeito?” – recomenda-se evitar as raias da ansiedade: pensa-se em oferecer discretos créditos aos desígnios superiores. É sabido que eles gostam de fugir à razão, mas educadamente pedem a compreensão possível para quem resolver lhes dar um colo temporário.

Como é que faz para se fugir da tentação de entender outras pessoas enquadrando-as? Bem que eu não sei: por via das incertezas, sempre é bom reforçar que a lógica gosta de um ato de rebeldia e constitui um processo individual, com suficiente maleabilidade para exibir tolerância a um variado espectro de possibilidades.

Tudo que ao foge ao laico entendimento reverbera em algum lugar: se o vento ajudar, possibilita, por extensão, fugir da retórica e construir inusitadas matizes na intersecção do pensamento, da palavra e da ação.

A satisfação e o prazer de uma felicidade momentânea trabalham com aquilo que brota entre os escombros da dúvida. O que advém desse movimento contribui para modelar almas: muitos aí enxergam como uma oportunidade que se rebela a qualquer determinação como quem exercita a liberdade.

Bem que se gostaria de se deixar-se arrebatar, identificando e nominando pulsares, como aves exóticas do pensamento: aquele momento de fuga em que a tentação de querer entender muita coisa constitui mote para se enlevar.

Sempre é tempo para um movimento incessante do nada, essa vigilante atenta e alimentadora contumaz das possibilidades de crescimento e êxtase de cada ser que transita na rota do impossível que um dia sonha ser viável.

LOURIVAL  ANTONIO CRISTOFOLETTI

contioutra.com - Algumas divagações para suavizar os hiatos de uma existênciaPaulista de Rio Claro e residente em Vitória/ES. É mestre em Administração pela UnB – Universidade de Brasília, Analista Organizacional e Consultor em Recursos Humanos. Atualmente atua como professor na Graduação e MBA na FAESA – Faculdades Integradas Espírito-Santenses; Instrutor na UFES – Universidade Federal do ES e na ESESP– Escola de Governo do ES.

Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)

E-mail de contato: : [email protected]
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti

Felicidade Gourmet: um texto para quem gosta de trocadilhos cinematográficos

Felicidade Gourmet: um texto para quem gosta de trocadilhos cinematográficos

Por Rodrigo Svezia

Nessa “Jornada nas estrelas” da busca do life style mais genuíno e personalizado possível, todos estão querendo viver “7 anos no Tibet”, mas esta “Todo Mundo em Pânico”.

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Em tempos de “CEO de multinacional larga tudo para criar rinocerontes albinos com família no Alasca” e palestras de como coisas banais como pagar uma conta de luz em uma lotérica pode ser uma experiência transcendental de autoconhecimento e felicidade plena serem coisas cada vez mais frequentes, vamos criando a obrigação, uma obrigação a mais pra chamar de nossa, velada muitas vezes, de tornar nossa rotina necessariamente um grande “As Viagens de Gulliver”.

Ter essa obsessão de tornar cada momento simples em uma cena de “Amelie Poulain” é um carpe diem muito mais para “Trainspotting” do que para “Sociedade dos Poetas Mortos”.

Nessa “jornada nas estrelas” da busca do life style mais genuíno e personalizado possível, todos estão querendo viver “7 anos no Tibet”, mas esta “Todo Mundo em Pânico”.

Um “Tira da Pesada” de fórmulas de auto realização qualquer, desses que são um mix de representante de marketing de pirâmide com Anthony Hopkins em “Amistad” e que adoram varrer nossas timelines, conversas de bar e almoços corporativos com os seus 10 passos para se trabalhar com o que ama, vai nos dizer que “Curtindo a Vida Adoidado” esta por exemplo o engenheiro que larga a carreira pra vender gravata borboleta recitando poemas no metro. Enquanto isso, o engenheiro que não largou tudo, mas que sofre como todos os desgastes que qualquer rotina proporciona, lê esses manuais de felicidade gourmet e pensa “Esqueceram de Mim”?

É como se fossemos todos atores, desconhecidos, em início de carreira, mas não aceitássemos nenhum papel que não fosse no mínimo o de protagonista de um filme de ação do Spielberg, onde nesse filme, até a pasta de dente daquela escovada com sono e com pressa de manhã, já atrasados pra trabalhar explode fazendo um cogumelo de fumaça de bomba atômica.

Atuamos para uma plateia que não existe e criticamos um filme que ainda não esta em cartaz.

Ninguém quer ser o Chris O’Donnel em Perfume de Mulher numa quinta-feira com chuva e muito trânsito e ver que num dia como esse, o discurso final que o Al Pacino faz no filme é a sua rotina que esta te dando, e que nesse roteiro em construção somos todos protagonistas e coadjuvantes, sem excessão, e que esta tudo bem assim.

Vencer o leão do dia a dia talvez seja uma batalha mais sangrenta que as de “Coração Valente” e “Platoon” juntas, mas podemos encará-las como se fossemos o “Patch Adams” ou deixar tudo mais complicado que o final de “Lost”.

Podemos renegar o medo que da ser adulto, aquele que o Tom Hanks já tinha mostrado pra gente em “Eu Quero Ser Grande”, mas ter uma formula pronta de felicidade, que seja de fora pra dentro em vez de dentro pra fora, pode ser mais “Xuxa Contra o Baixo Astral” do que “Na Natureza Selvagem”.

Nota da Conti outra: o texto acima foi publicado com a autorização do autor.

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Na imagem, uma homenagem ao ator Leonard Nimoy, que deu vida ao personagem da franquia ‘Jornada nas Estrelas’ e que ficou famoso pelo bordão “vida longa e prospera”.

São Paulo, 06/02/2015

contioutra.com - Felicidade Gourmet: um texto para quem gosta de trocadilhos cinematográficos

Rodrigo Svezia

Publicitário e cinéfilo, observador de comportamento, acredita que os filmes da sessão da tarde dos anos 90 tem poder de cura.

email: [email protected]

O mundo assombrado pelos demônios

O mundo assombrado pelos demônios

Por Octavio Caruso

Com temor, assisto notícias sobre os “Gladiadores do Altar”, mais um fruto nefasto do fundamentalismo religioso, essa praga que assola o Brasil. Impossível não estabelecer comparações com o ótimo filme “A Onda” (Die Welle, de 2008). Enquanto aumenta a porcentagem de ateus nas nações mais evoluídas, por aqui o povo se agarra cada vez mais em muletas teológicas, como a bancada evangélica no Congresso. Até que ponto a religiosidade deve se intrometer na política? Em qual momento foi permitido que a fé, usualmente removedora de montanhas, iniciasse sua remoção de homens e ideias? Homens como o italiano Giordano Bruno, que foi retratado no cinema de maneira excepcional na obra dirigida por Giuliano Montaldo em 1973. Giordano foi um filósofo, além de astrônomo e matemático, do século dezesseis, expulso da Ordem dos Dominicanos por suas ideias e seus questionamentos acerca de um universo ilimitado, povoado por uma infinidade de estrelas e planetas com possibilidade de vida inteligente. Este precursor da ciência moderna foi processado pela inquisição e recusando qualquer retratação, foi condenado à morte na fogueira. Até mesmo em seus últimos momentos tentaram calá-lo, tendo sido morto com uma mordaça e pregos em sua língua, que simbolicamente o impediriam de propagar sua ideologia após sua morte. Notando o mundo atual e vendo a importância que ainda é dada aos preceitos do Vaticano, à opinião do Papa sobre qualquer tema, parece que seus antepassados conseguiram realizar o feito.

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Com uma atuação soberba de Gian Maria Volonté no papel principal e de Charlotte Rampling como Fosca, além de uma fotografia estupenda de Vittorio Storaro e uma linda trilha sonora do genial Ennio Morricone, o filme merece um reconhecimento maior, pois se torna a cada dia que passa mais atual e importante. O diretor não cria uma obra panfletária, ele disserta sobre o homem e suas ações, sabendo ver em cada personagem suas verdades e crenças. Não acusa, simplesmente mostra os fatos e deixa nas mãos do público o julgamento. Imenso foi o preço que Giordano pagou por questionar os dogmas religiosos, tendo como meta apenas a evolução do conhecimento humano. Conhecimento esse que, mesmo séculos depois, ainda se defronta com os mesmos dogmas, com a fogueira primitiva sendo substituída pelo poder de manipulação social. Manipulação de políticos, pois nenhum tem coragem de falar contra a igreja por medo de não se elegerem, assim como a imposição de seus conceitos sobre assuntos que nunca dominaram, como a ciência.

Ao assistirmos o filme, constatamos as razões que o tornam tão pouco conhecido e difundido, ele consegue fazer algo que as religiões nunca souberam: mostrar suas ideias eficientemente e sem necessidade de apelar para violência, ou imposição pelo medo, contra outras crenças ou contra aqueles que as questionam. Essa obra é uma poderosa arma que os religiosos querem manter bem distante de seus fiéis, pois o conhecimento, que tanto Giordano Bruno lutou para divulgar, foge completamente aos anseios dos líderes religiosos, ontem, hoje e sempre.

[quote_box_right]”Por muito tempo, acreditei que silenciar, no tocante a esse assunto, era uma forma de respeito, mas calar é o pior crime que pode ser cometido.” Octavio Caruso[/quote_box_right]

Por muito tempo, acreditei que silenciar, no tocante a esse assunto, era uma forma de respeito, mas calar é o pior crime que pode ser cometido. Descartes, Nietzsche, Onfray, Bakunin, Stephen Hawking, Carl Sagan, de quem roubei o título do texto, e praticamente todos os grandes pensadores que atravessaram a breve experiência da vida na Terra, já apontaram os malefícios que as crenças em lendas causam ao desenvolvimento intelectual do cidadão. Mitos e superstições escravizam os seres humanos, limitando-os intelectual e criativamente. Amedronte uma pessoa e você a terá na palma de sua mão, fazendo tudo o que você disser que irá ser para o seu bem, inclusive financeiramente, sendo capaz de vender os rins por um espaço garantido no céu. Liberte-a dos medos, que nenhuma força no mundo irá mantê-la sob seu jugo. A exploração do sobrenatural é fonte de renda de muitos, ainda mais nos locais onde o analfabetismo científico reina supremo. O brasileiro, povo extremamente carente em educação, saúde e segurança, acredita em tudo que é impossível, mas sempre duvida do óbvio. Viver em um mundo alternativo de ilusão, composto por truques, efeitos psicossomáticos e histeria coletiva, pode trazer paz temporária, mas não é a melhor solução.

[quote_box_left]”Com ou sem religião, pessoas boas farão coisas boas e pessoas más farão coisas más. Porém para pessoas boas fazerem coisas más, é preciso religião”. Steven Weinberg[/quote_box_left]

E, complementando, uma ótima citação do físico Steven Weinberg: “Com ou sem religião, pessoas boas farão coisas boas e pessoas más farão coisas más. Porém para pessoas boas fazerem coisas más, é preciso religião”. O sofrimento é uma das coisas mais naturais na vida de todos nós. Aprender a lidar com ele é uma das coisas que nos diferencia dos animais irracionais. Ninguém é imune ao sofrimento.  As crenças concedem aos que sofrem uma paz temporária. E por esse respiro breve, puramente ilusório, gerações de mal-intencionados incitam pessoas bem-intencionadas a se mutilarem, atearem fogo em florestas, acidentalmente, devido ao uso de velas em despachos, despejarem cacos de vidro, garrafas quebradas em rituais, em locais que oferecem grave risco aos transeuntes, sacrificam animais indefesos e até bebês, entre outros absurdos. Caso testemunhe despachos com velas acesas em locais com risco de incêndio, não pense duas vezes, apague-as. Temos que honrar o “sapiens”, que sucede o “homo”. Não tenho religião alguma, sou um respeitoso questionador em eterna busca pelo aprimoramento. O Brasil necessita, mais do que nunca, de nossa lucidez.

Nota da Conti outra: o texto acima foi publicado com a autorização do autor.

Octavio Caruso contioutra.com - O mundo assombrado pelos demônios

Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br”, além de uma coluna social no site da jornalista Anna Ramalho, do JB. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.

Blog: Devo tudo ao cinema / Octavio Caruso no Facebook

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3 atitudes inconscientes que podem destruir a autoestima de seus filhos (esteja alerta)

3 atitudes inconscientes que podem destruir a autoestima de seus filhos (esteja alerta)

Por Damara Simmons

Do original: 3 maneiras que você inconscientemente destrói a autoestima de seus filhos

Fonte: contioutra.com - 3 atitudes inconscientes que podem destruir a autoestima de seus filhos (esteja alerta)

Eu entro e me sento no banco ao lado dele no piano. Quando ele começa novas músicas, ele gosta que eu esteja por perto.

Um sorriso brilhante ilumina seu rosto e ele começa a tocar. Depois de alguns erros seu sorriso desaparece e surge uma carranca. Eu sinto seu desânimo crescer.

Da minha perspectiva a música é bastante simples e fácil. Eu quase digo: “Ah, vamos lá, é fácil, você pode fazê-lo.” Em vez disso eu paro e penso: “O que eu digo vai fazer meu filho se sentir encorajado e ajudar a sua autoestima crescer ou causar desânimo e diminuí-la? A escolha é minha.”

Os pais querem que seus filhos cresçam autoconfiantes e capazes. Às vezes, mesmo sem perceber, suas ações podem estar fazendo exatamente o oposto e diminuindo a autoestima de seus filhos.

1. Dizer “É fácil”

Quando seus filhos estão se esforçando com uma tarefa, pode parecer fácil para você, no entanto, não é necessariamente fácil para eles. Quando você diz: “Isso é fácil, você pode fazê-lo.” Você está tentando motivar e incentivá-los, no entanto, faz com que os seus filhos pensem: “Algo deve estar errado comigo, porque não é fácil para mim, portanto, devo ser burro.” Isso faz diminuir sua autoestima e a se sentirem desencorajados, querendo desistir.

Em vez disso diga-lhes: “Isso pode ser difícil ou isso é difícil.” Então, se os seus filhos completarem a tarefa, eles dirão a si mesmos: “Eu fiz algo difícil.” Se eles não se sentirem assim, pelo menos saberão que foi difícil começar. Essa abordagem ajuda a incentivar as crianças e aumenta o seu sentimento de autoestima.

2. Fazer por eles

Seus filhos querem fazer suas tarefas por conta própria. Isso lhes dá uma grande sensação de realização e os ajuda a se sentirem bem consigo mesmos. Você pode sentir que é uma maneira de mostrar amor fazendo coisas para os seus filhos. Isso lhes rouba a oportunidade de aprender habilidades para a vida e a satisfação de se sentirem independentes. E envia aos seus filhos a mensagem oculta, “Você não é capaz.”

Em vez de fazer as coisas para os seus filhos, fracione a tarefa em tarefas menores mais apropriadas a eles. Isto lhes dá a oportunidade de sentir a satisfação pessoal de completá-la por conta própria. Sua autoestima vai subir.

3. Surtar quando cometem erros

Os erros são parte da vida – todos nós erramos. Você pode sentir que precisa salvar seus filhos de cometer erros ou ajudá-los a evitar cometê-los. Isso não irá ajudá-los – mas, prejudicá-los para a vida.

Seus filhos vão cometer erros e sua atitude quanto a isso ajudará seus filhos a aprenderem e crescerem com o erro ou ensinar-lhes que os erros são ruins. Os erros são dolorosos, mas podem trazer grande crescimento se manuseados de forma saudável. Não roube de seus filhos a oportunidade de crescer com as situações, admitir que estejam errados, corrigirem o problema, e se sentirem bem sobre si mesmos.

Em vez de surtar quando seus filhos cometem um erro, ensine-os buscar soluções e serem responsáveis por suas ações. Isso promove uma visão saudável dos erros e permite a seus filhos se sentirem bem sobre quem eles são.

Muitos pais não percebem que essas três ações diminuem a autoestima de seus filhos. Se algumas dessas ideias são novidades para você – tenha bom ânimo, porque ler e aprender mostram que você está interessado em melhorar como um pai ou mãe e fazendo o melhor que pode.

Síndrome de Burnout: um artigo que faz a diferença

Síndrome de Burnout: um artigo que faz a diferença

Por

Do original:  Síndrome de Burnout– contioutra.com - Síndrome de Burnout: um artigo que faz a diferença

Hoje quero abordar um assunto delicado, que – em maior ou menor medida – afeta ou vai afetar a todos nós, no ambiente de trabalho: o esgotamento profissional ou, como é conhecido tecnicamente, a Síndrome de Burnout.

Primeiro, vamos à definição clássica sobre o problema.

O que é a Síndrome de Burnout

“Burnout (esgotamento profissional) é definido como uma síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica no trabalho. Trata-se de uma experiência subjetiva interna que gera sentimentos e atitudes negativas no relacionamento do indivíduo com o seu trabalho (insatisfação, desgaste, perda do comprometimento), minando o seu desempenho profissional e trazendo consequências indesejáveis para a organização (absenteísmo, abandono do emprego, baixa produtividade). O Burnout é caracterizado pelas dimensões: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal.”  (Tamayo e Tróccoli, 2002)

Burnout geralmente ocorre em profissionais que lidam com pressão emocional constante em seu dia-a-dia, e mantém contato direto com pessoas em situações estressantes, por longo período de tempo. Por exemplo: profissionais de saúde, da educação, policiais, agentes penitenciários, entre outros.

Esses profissionais se deparam com eventos estressores no ambiente de trabalho, além do intenso e contínuo contato interpessoal. O trabalho dos profissionais de saúde baseia-se na articulação das dimensões: técnica, ética e política, bem como na compreensão e manejo em lidar com a vida e com a morte.

Como acontece

O fator estressor, seja qual for, físico ou psicológico, ativa o sistema neuroendócrino.

Inicialmente há o envolvimento do hipotálamo que estimula a liberação de hormônios pela hipófise, entre eles o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que estimulam as glândulas supra-renais a produzirem e liberarem cortisol e adrenalina, chamados de hormônios do estresse.

contioutra.com - Síndrome de Burnout: um artigo que faz a diferença

A síndrome envolve três componentes, que podem aparecer associados, mas são independentes:

  • Exaustão emocional – falta de energia associada a sensação de esgotamento emocional. O profissional sente que não pode despender mais energia para desenvolver suas atividades.
  • Despersonalização – indiferença em relação às atividades cotidianas do trabalho, presença de atitudes negativas e comportamentos de cinismo e dissimulação afetiva, até o tratamento de pessoas do convívio como objetos.
  • Falta de envolvimento com o trabalho ou baixa realização profissional – sensação de incapacidade, baixa autoestima, desmotivação e infelicidade no trabalho, afetando até a habilidade e a destreza.

Os 12 estágios de burnout:

  1. Necessidade de se afirmar – provar ser capaz de tudo, sempre;
  1. Dedicação intensificada – com predominância da necessidade de se fazer tudo sozinho;
  1. Descaso com as necessidades pessoais – comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
  1. Recalque de conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
  1. Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho;
  1. Negação de problemas – nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
  1. Recolhimento – aversão a grupos, reuniões – comportamento anti-social.
  1. Mudanças evidentes de comportamento – perda do humor, não aceitação de comentários, que antes eram tidos como naturais.
  1. Despersonalização – ninguém parece ter valor, nem mesmo a pessoa afetada. A vida se restringe a atos mecânicos e distância do contato social – prefere e-mails e mensagens.
  1. Vazio interior – sensação de desgaste, tudo é difícil e complicado.
  1. Depressão – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
  1. E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência, e a ajuda médica e psicológica são urgentes.

Manifestações e sintomas

O desenvolvimento dessa síndrome decorre de um processo gradual de desgaste emocional e desmotivação acompanhado de manifestações físicas e psíquicas.

Ela se manifesta por meio de quatro dimensões sintomatológicas: física, psíquica, comportamental e emocional.

Principais Sintomas: Exaustão emocional, despersonalização, reduzida realização profissional; fadiga; dores; imunodeficiência; disfunções sexuais, desconfiança, irritabilidade, perda da iniciativa, tendência ao isolamento.

Sinais de doença avançada: enxaquecas, insônia, gastrite e úlcera, diarréias, crises de asma, palpitações, hipertensão, dores musculares, alergias e infecções, depressão, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros.

Tratamento

Depois de constatado, o tratamento da síndrome de Burnout é realizado através do psicoterapeuta.

Em alguns casos, é necessária a utilização de medicamentos como os antidepressivos que atuam como moderadores de ansiedade e da tensão, sendo sempre prescritos com avaliação médica.

Se perceber alguns dos sintomas, não deixe que eles tomem conta da sua vida. Há casos em que essa síndrome resulta em depressões profundas e até ideias suicidas. Portanto, se identificar alguns dos sintomas, busque soluções o mais rápido possível, incluindo orientação especializada.

“NÃO É AUTISMO, É IPAD”

“NÃO É AUTISMO, É IPAD”

A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.

Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.

Fiz uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes. Aqui vai a conversa:

A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos – crianças de dois ou três anos – usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?

A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.

Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?

Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.

O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.

A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.

O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.

Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com freqüência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranquilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.

A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.

No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.

O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?

Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.

Currículo de Maria Lúcia Novaes Menezes

Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.

Fonte indicada: André Barcinski

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“Maioridade penal aos seis. Afinal, nessa idade, eles já se vestem sozinhos.”

“Maioridade penal aos seis. Afinal, nessa idade, eles já se vestem sozinhos.”

Leonardo Sakamoto, em seu blog

Redução da maioridade penal? O Estado e a sociedade falham retumbantemente em garantir que o Estatuto da Criança e do Adolescente ou mesmo a Constituicão Federal sejam cumpridos

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Um dos maiores acertos de nosso sistema legal é que, pelo menos em teoria, protegemos os mais jovens – que ainda não completaram um ciclo de desenvolvimento mínimo, seja físico ou intelectual, a fim de poderem compreender as consequências de seus atos. Completar 18 anos não é uma coisa mágica, não significa que as pessoas já estão formadas e prontas para tudo ao apagarem as 18 velinhas. Mas é uma convenção baseada em alguns fundamentos biológicos e sociais. E, o importante, é que as pessoas se preparam para essa convenção e a sociedade se organiza para essa convenção.

Na prática, o Estado e a sociedade falham retumbantemente em garantir que o Estatuto da Criança e do Adolescente ou mesmo a Constituicão Federal sejam cumpridos. Entregamos muitos deles à sua própria sorte – sejam filhos de famílias pobres ou ricas. Porque encher o filho de brinquedos e fazer todas as suas vontades para compensar a ausência por conta de uma roda viva que vai nos tragando também é de uma infelicidade atroz. Por necessidade individual e incapacidade coletiva de garantir que essa preparação ocorra de forma protegida, muita gente acaba empurrada para abraçar responsabilidades e emularem uma maturidade que elas não têm. Enfim, se tornam adultos sem ter base para isso.

O que fazer com um jovem que ceifa a vida de outro, afinal? Conheço a dor de perder alguém querido de forma estúpida pelas mãos de outro. O espírito de vingança, travestido de uma roupa bonita chamada Justiça, que foi incutido em mim pela sociedade desde pequeno, diz que essa pessoa tem que pagar. Para que aprenda e não faça novamente? Não. Para que sirva de exemplo aos demais? Não. Para retirá-lo do convívio social? Não. Para tentar diminuir a minha dor através da dor dele e da sua família? Não. Não há provas de que nada disso funcione, mas ele tem que pagar. Por que sempre foi assim, porque caso contrário o que fazer?

A Fundação Casa, do jeito que ela está, não reintegra, apenas destrói. A prisão, então, nem se fala. Também não acho que reduzir a maioridade penal para 16 anos vá resolver algo. Ele só vai aprender mais cedo a se profissionalizar no crime. E se jovens de 14 começarem a roubar e matar, podemos mudar a lei no futuro também. E daí se ousarem começar antes ainda, 12. E por que não dez, se fazem parte de quadrilhas? Aos oito já sabem empunhar uma arma. E, com seis, já se vestem sozinhos.

A resposta para isso não é fácil. Mas dói chegar à conclusão de que, se um jovem aperta um gatilho, fomos nós que levamos a arma até ele e a carregamos. Então, qual o quinhão de responsabilidade dele? E qual o nosso?

O certo é que ele irá levar isso a vida inteira – o que não é pouco – e nunca mais será o mesmo, para bem ou para mal. A sociedade está preparada para lidar com ele e outros jovens que cometem crimes, por conta própria ou influência de adultos?

Ou melhor, a sociedade quer realmente lidar com eles ou prefere jogá-los para baixo do tapete, escondendo os erros que, ao longo do tempo, ela mesma cometeu?

Fonte mais do que indicada: Pragmatismo político

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