Quem de nós nunca se perguntou: qual a origem do Amor? Platão respondeu…

Quem de nós nunca se perguntou: qual a origem do Amor? Platão respondeu…
"O nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli

O Banquete é um diálogo de Platão escrito por volta de 380 a.C. Constitui-se basicamente de uma série de discursos sobre a natureza e as qualidades do amor.

Neste diálogo platônico, no discurso de Aristófanes, o mesmo conta que havia inicialmente três gêneros de seres humanos, que eram duplos de si mesmos: havia o gênero masculino masculino, o feminino feminino e o masculino feminino, o qual era chamado de andrógino.

Aristófanes narra o mito desta unidade primitiva e de uma posterior mutilação imposta pelos Deuses dada a impiedade dos homens. Os Deuses separam, então, em duas partes o que antes era unidade.

Assim, a unidade primitiva dos duplos se viu separada, aqueles que foram um corte do andrógino, sejam homens ou mulheres, procuram o seu contrário. Isto explica o amor heterossexual. E aquelas que foram o corte da mulher, o mesmo ocorrendo com aqueles que são o corte do masculino, procurarão se unir ao seu igual. Aqui se apresenta uma explicação para o amor homossexual, feminino e masculino. Quando estas metades se encontram, sentem as mais extraordinárias sensações, intimidade e amor, a ponto de não quererem mais se separar, e sentem a vontade de se “fundirem” novamente num só.

O amor para Aristófanes é, portanto, o desejo e a procura da metade perdida por causa da nossa injustiça contra os deuses.

A música abaixo conta, de modo singular, esta lenda: “The Origin Of Love” by Hedwig And The Angry Inch.

A todos aqueles que se interessem por Filosofia, indicamos o site de origem desta postagem: Filosofia em vídeo 

Fotógrafo registra estrelas que brotam em chão goiano

Fotógrafo registra estrelas que brotam em chão goiano

Como não se deslumbrar diante de um chão que espelha o céu?

O fotógrafo Marcio Cabral está entre os finalistas do Sony World Photography Awards 2015, um dos maiores (e mais importantes) eventos de fotografia do mundo.

Cabral concorre ao prêmio com uma foto registrada no Cerrado brasileiro: o fenômeno das flores que brilham como estrelas na Chapada dos Veadeiros (GO).

contioutra.com - Fotógrafo registra estrelas que brotam em chão goiano
Fotografia de Márcio Cabral

Fonte:  O popular 

O valor do amor, por Ita Portugal

O valor do amor, por Ita Portugal

Espio pela janela e vejo casais enamorados. Vejo pássaros trocando afeto com suas companheiras. Vejo a moça de cabelo amarelado abraçando fortemente o moço de terno marrom. Vejo o cravo no rompante do vento curvar-se para a rosa vermelha.

Espio pela janela e vejo condições vantajosas do amor. Essa atmosfera que traz benefícios e é capaz de saciar qualquer gulodice sentimental, vale todas as sentenças da vida.

O amor vale o veredito da saudade. O velho cotidiano de robe amassado. O trajeto Amazonas- Porto Alegre. A safra de indecisões e atrapalhadas. O sorriso amanhecido nas areias da praia de Guarujá. Os três meses de salário atrasado. Qualquer carnaval com Chiclete com Banana. Os pecados confessados imprudentemente numa noite romântica.


O amor vale todos os minutos perdidos. O sol sumindo na montanha. Os pedidos de perdão. Amor vale a reza, a promessa, o esforço para que não falte.


Vale a ferida ainda aberta, esperando o afeto para ser curada. Vale os vendavais que desarrumam a veste bonita para a missa de domingo.


O amor vale até o que não está no contrato. Vale o esforço do braço para dar um abraço sem merecimento. A lágrima de contentamento, os deslizes de pura alegria. As bochechas vermelhas, envergonhadas. O suspiro do coração florescido. O formigamento nas mãos. O versinho vulgar, inventado para agradar.  A piscadinha discreta no jantar de família.


O amor vale as canções sertanejas. As dancinhas sensuais. Vale pelos porres no final da noite.
O amor vale qualquer segunda-feira nebulosa, terça desastrosa, quarta sem prosa, quinta sem rosas, sexta pavorosa e no sábado a gente acaba se encontrando no barzinho da esquina para tomar umas e outras e colocar o papo em dia sobre todas as outras ladainhas que valem o amor.


O amor vale pelos tombos, as enxurradas, as invernadas solitárias, à carta cheia de saudades. A espera no portão. A produção para o jantar íntimo.


O amor vale a exclusividade. A paciência de Jó, que geralmente não temos.


Pelo amor vale ser bobo. Errar e desculpar. Dar um jeito na vida. Arrumar um lugar nas gavetas para outros pares de roupas. Vale tocar, apertar, ouvir música juntos, aquecer os pés, fazer uma gentileza, repetir um carinho.


Vale pela taquicardia. Pela pronta-entrega. Pelas vontades saborosas. Vale pelas esperas. Pelo poema de uma linha.


Vale a doação, o carinho. O amor vale a ausência de qualquer teoria. Por si só o amor vale. Vale o passaporte para a vida. E vale porque amar é bonito.

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Ita Portugal, escritora brasileira.

Cientistas afirmam que música clássica previne doenças como Parkinson e demência

Cientistas afirmam que música clássica previne doenças como Parkinson e demência

Afirma um estudo divulgado por cientistas da Universidade de Helsinque que a música clássica ativa genes associados à atividade cerebral.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores examinaram o sangue de 48 pessoas antes e depois de escutarem música.

A obra escolhida foi o Concerto para Violino n. 3, de Amadeus Wolfgang Mozart.


Após escutarem música, os genes envolvidos na secreção de dopamina, na aprendizagem e na memória foram mais ativados. Genes envolvidos na degeneração cerebral e do sistema imunológico foram suprimidos.

Segundo os pesquisadores, isso reduz o risco de contrair doenças neurodegenerativas como a Doença de Parkinson e a demência.

Os efeitos genéticos foram identificados apenas nos participantes que são muito fãs de música ou músicos profissionais, o que ressalta a importância que a música é algo muito familiar”, explicaram os autores do estudo.

Curiosamente, vários dos genes analisados que se ativam ao escutar música também estão presentes nos pássaros cantores e são os responsáveis pela capacidade dessas aves de aprender a cantar.

Esse fato, segundo os cientistas, sugere que exista “um cenário evolutivo comum na percepção dos sons entre os pássaros cantores e os humanos”.

Segundo eles, os resultados dessa pesquisa proporciona uma nova informação sobre a origem molecular da percepção musical e a evolução, e abrem portas para novas descobertas sobre mecanismos moleculares subjacentes na musicoterapia

No entanto, este efeito benéfico da música só foi verificado em pessoas que já tinham intimidade com a música, seja tocando ou ouvindo.

Editorial CONTI outra

Fonte: Brasil Post 

Afrofobia Versus Panafricanismo, por José Eduardo Agualusa.

Afrofobia Versus Panafricanismo, por José Eduardo Agualusa.

Enquanto escrevo esta crónica, prosseguem na África do Sul os ataques contra imigrantes africanos. Estes ataques não constituem, infelizmente, algo novo na história do país. Todos recordamos ainda os terríveis eventos de 2008, quando multidões em fúria expulsaram de suas casas, nos subúrbios pobres de Joanesburgo e de outras cidades sul-africanas, mais de 25 mil imigrantes, na sua maioria congoleses. 42 foram assassinados.

O que se está a passar envergonha a África do Sul. Envergonha África. Envergonha a humanidade inteira.

Por incrível que pareça o actual surto de xenofobia vem sendo encorajado por importantes dirigentes políticos. O rei zulo, Goodwill Zwelithini aconselhou os imigrantes a fazerem as malas. Edward Zuma, filho do presidente sul-africano, Jacob Zuma, acusou os estrangeiros de se estarem a preparar para tomar o controlo do país. Uma acusação absurda, que levantou um coro de protestos. Zuma, porém, insistiu na sua posição.

Muitos analistas atribuem os actuais levantamentos xenófobos à elevada taxa de desemprego, que aflige quase um quarto da população activa, bem como ao facto do comércio informal e do pequeno comércio empregarem cada vez mais estrangeiros, criando a percepção de que estes estariam a “roubar” emprego aos cidadãos nacionais. A verdade é que a maioria dos estrangeiros trabalham para sul-africanos, ganhando salários que nenhum cidadão nacional aceita receber. O trabalho dos imigrantes enriquece muitos sul-africanos, fortalece empresas, e, deste modo, multipica empregos. A imigração tende, portanto, a criar mais empregos, não a acabar com eles.

É um paradoxo cruel que um país que permaneceu durante décadas sequestrado do resto de África pelo estúpido regime do apartheid, expulse violentamente essa mesma África depois de retornar a ela. A situação torna-se ainda mais estranha, e mais inaceitável, se pensarmos que a África do Sul tem vindo a ser governada, desde 1994, por um movimento, o ANC, que teve centenas dos seus dirigentes exilados em países africanos.

O aumento da xenofobia tem na África do Sul, como em toda a parte, uma relação directa com o apelo nacionalista. O destino do nacionalismo é a xenofobia. O nacionalismo começa por ser um erguer de muros, uma exaltação do próprio por oposição ao outro, uma euforia de autocontemplação e autocomprazimento, e vai depois crescendo e degradando-se até se transformar em xenofobia. No princípio somos nós por oposição aos outros. No fim somos nós contra os outros.

A cura para a xenofobia passa por resgatar os velhos ideais do panafricanismo, defendidos por homens com a estatura de um Amílcar Cabral ou de um Mário Pinto de Andrade, que sendo angolano foi Ministro da Cultura da Guiné-Bissau. Temos de pensar (e de nos pensar) primeiro como africanos e só depois como angolanos. Não faz sentido que protestemos contra a eventual perseguição a cidadãos angolanos, na África do Sul, e depois nos regozijemos com a expulsão de pobres imigrantes congoleses ou malianos de Angola. Eu sonho com uma África sem fronteiras.

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Por José Eduardo Agualusa.
Originalmente publicado em: http://www.redeangola.info/

Na pureza da infância, eis um aprendizado divino, por Nara Rúbia Ribeiro

Na pureza da infância, eis um aprendizado divino, por Nara Rúbia Ribeiro

Confissão de aprendizado

Vi Deus sorrindo num balanço nos céus.
Doutra vez, ele contava carneirinhos para dormir
E eu passei a ajuda-lo, até que peguei no sono.

Deus me pegou pela mão
E me ensinou a brincar de amarelinha.

Deus me ajudou a andar de bicicleta,
A soltar pipa e a amar cata-ventos.

Deus me ensinou a conversar com borboletas
E me fez descobrir que libélulas contam segredos de esperança.

Deus me ensinou que o amor será sempre eterno,
Se registrado na última página do caderno de matemática.

Ele me mostrou que não importa se o coração sangrou muito,
Um novo amor sempre o fará bater mais e mais forte,
Porque um coração nunca morre de amar.

Deus me ensinou que a maldade alheia também é minha
Se não consigo amar aquele que não é bom.

E que não importa a turbulência do dia
Ou as tempestades da noite:
Eu devo sempre contar carneirinhos com Ele,
Porque se entristece se o fizer sozinho.

Nara Rúbia Ribeiro

 

A vida é como um vaso, cujo vazio deve ser preenchido com flores

A vida é como um vaso, cujo vazio deve ser preenchido com flores

Por Rodrigo de Souza 

Mais do que qualquer outra experiência, perder alguém a quem se ama retira-nos o prazer pela apreciação da vida  e  exige que, devagar, façamos um desligamento do objeto amado em direção a novas experiências.

Freud, em 1913, num dia ensolarado, realizou uma caminhada através de campos floridos na companhia de um jovem amigo poeta e de um amigo taciturno. O poeta mostrava-se entristecido com o fato de que toda a beleza da natureza estava fadada ao fim, assim que o inverno chegasse. Sofria por antecipação, impedindo-se de extrair da beleza das flores alguma alegria que pudesse colorir a sua alma.

A natureza é eterna, diz Freud, se comparada à durabilidade de nossas vidas. Ela morre e, no ano seguinte, se renova.  No entanto, a tristeza do poeta pode ser reflexo da exigência de imortalidade que advém de nossos mais secretos desejos. A morte da flor o desperta para a realidade da morte de si, bem como para a morte do que lhe é caro na vida: seja um amor, um ideal ou quaisquer outras abstrações.

Freud defendeu a tese segundo a qual a certeza de que uma flor pode viver apenas uma noite implica um aumento de seu valor, não o contrário, como rezava a tristeza do poeta; ou seja, quando sabemos que estamos prestes a perder algo ou alguém, tendemos a lhes dedicar mais amor, carinho e atenção. A emergência do tempo nos desperta para uma sensibilidade adormecida pela fantasia de eternidade, fato que a expressão “só valoriza, quando perde”, confirma.

Nenhuma argumentação defendida por Freud conseguiu reverter o ponto de vista do amigo, — levando-o a deduzir a existência de algum fator emocional dominante em ação ofuscando-lhe o entendimento. O poeta estava recolhido num processo de luto antecipatório. Lamentava-se da perda de algo do qual ainda não havia perdido.

O luto pode ser pensado como uma espécie de rebelião psíquica que nos retira o prazer da apreciação da beleza da vida. A natureza do luto requer um trabalho de desligamento lento e gradual da energia amorosa investida no objeto perdido, — não sem consequências dolorosas, já que a energia resiste em se desapegar de posições prazerosas antes conhecidas. Trata-se de uma perda de satisfação em relação ao objeto de prazer perdido.

[quote_box_right]O luto pode ser pensado como uma espécie de rebelião psíquica que nos retira o prazer da apreciação da beleza da vida.[/quote_box_right]

Sob a forma de acessos intermitentes de aflição, amargura e sofrimento, o trabalho do luto exige que o objeto perdido seja lembrado para que ali, onde há dor, a lembrança possa advir. Resta-nos o amor por alguém ou algo mesmo sem a sua existência física. O amor resiste ao tempo e mantém o objeto perdido vivo em nossas lembranças.

Na ocasião da elaboração do ensaio Sobre a Transitoriedade, Freud estava sob a influência dos efeitos devastadores da Primeira Guerra Mundial, apontando para a necessidade do trabalho de elaboração do luto como consequência dos horrores empreendidos. No entanto, não se deixou abater, destacando, nesse mesmo ensaio, duas reações a partir das quais o psiquismo se põe em movimento: seja para se defender da inevitabilidade do fim da vida pelo viés do luto antecipatório, no caso da reação pessimista ou para se revoltar contra a morte reinventando a vida, na reação otimista.

Fica-nos a questão sobre como cada um lida com a morte, a separação e o luto. Há quem, assim como o poeta, se deixe abater impedindo-se de gozar da fruição da beleza das flores e há aqueles, como Clarice Lispector, escritora existencial, por excelência, que reconfigura a morte sem reduzi-la ao vale das lágrimas e consequentemente aos aspectos negativos, como nos mostra o fragmento de seu romance Água viva: “E se morrer tiver o gosto de comida quando se está com muita fome? E se morrer for um prazer, egoísta prazer?” Lispector vinga-se da morte marcada pelo sentido mórbido da tristeza, não incorrendo ao automatismo da representação negativa que tanto nos impede de pensar, criar e reinventar; satisfazendo, assim, os nossos impulsos de preguiça e de passividade.

Se a realidade da morte é rebelde à cognição e à imaginação, só a ficção pode nos salvar, fazendo de nós inventores de nossas próprias representações acerca da morte e do fim do que é belo. O fim pode ser pensado como um recomeço, assim como postula Freud, e o fato de uma vida, uma relação ou o que quer que seja estarem fadados ao fim, não significa que ali onde o tempo é escasso não haja beleza para ser vivida. A vida é como um vaso, cujo vazio deve ser preenchido com flores.

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Arte MARIA LUDOVICO

O amor em tempos de colheita

O amor em tempos de colheita

Amor, colheita e prosperidade

Por Marcela Alice Bianco

Certa vez escutei uma história que, verídica ou não, fez todo sentido dentro da minha experiência pessoal.

“Numa floricultura em Nova York existia uma florista que todas as manhãs fazia pequenos arranjos de flores e os deixavam expostos gratuitamente para que aqueles que passassem pudessem levá-los consigo. Entre os arranjos, estavam os feitos por um certo monge e estes eram justamente os primeiros que as pessoas levavam. Intrigada com a predisposição que todos tinham pelas flores do monge, a florista resolveu deixá-los bem atrás dos outros. Mas, mesmo assim, eles continuavam a ser os escolhidos! Então, ela resolveu ir até o monge e perguntar qual era o seu segredo. E a resposta que obteve é que nada de diferente era feito, mas que a cada arranjo montado ele colocava e emanava todo o seu amor e energia para que aquele pequeno presente fosse fonte de beleza e alegria para as pessoas que o levassem”.

Você pode estar se perguntando: Como apenas a intenção dele era capaz de produzir tal efeito?

Sinceramente, me faltam as explicações lógicas e científicas para lhe trazer essa resposta. Mas, o que eu vejo na minha própria vivência e nas histórias de muitas outras pessoas que conheço é que realmente “o olho do dono engorda o gado!”

Todas as coisas que nos propomos a fazer com empenho, dedicação, carinho e amor acabam atraindo resultados mais favoráveis do que se apenas investirmos energia material ou nos dedicamos somente o mínimo necessário. A colheita pode até vir num momento ou de um jeito diferente do que você espera, mas ela acaba chegando.

Então que dizer que a nossa colheita e a prosperidade têm a ver com o amor que colocamos em tudo que fazemos?

Acho que não só! Os frutos dependem também do nosso trabalho na realidade, do nosso foco, dos objetivos que traçamos para nós e que vamos em busca de concretizar.

Portanto, de nada adiantaria o monge apenas olhar para as flores e enviá-las vibrações de amor. Ele precisava “pôr a mão na massa”, escolher as flores, montar os arranjos e dispô-los para a florista. De outra forma sua intenção não se realizaria jamais!

Assim, para a colheita da prosperidade é preciso arregaçar as mangas, preparar a terra, escolher as sementes e semeá-las, regar e proteger. Enfim, tomar todos os cuidados para a plantação vingar e trazer os frutos desejados.

Portanto, se você está num momento que almeja pela prosperidade e ela ainda não chegou na sua vida é a hora de se perguntar: Eu realmente estou depositando no meu sonho tudo o que eu preciso para que ele se realize? Eu sei preparar o solo, escolher as sementes e plantar? Isso que eu quero é realmente o que eu amaria ter ou fazer?

São várias as respostas a serem buscadas, eu sei! Mas, se você quer descobrir qual o caminho e compreender porque algo misterioso simplesmente acontece, você precisa seguir o exemplo da florista da história e ir em busca do conhecimento.

Mas lembre-se, o primeiro amor que você precisa emanar e o primeiro investimento que precisa fazer é sobre você mesmo! E que, assim, você consiga, no momento certo colher a tão sonhada prosperidade!

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“Crise de valores exige revolução na Educação”, afirma o indicado ao Nobel da Paz/2015, Claudio Naranjo

“Crise de valores exige revolução na Educação”, afirma o indicado ao Nobel da Paz/2015, Claudio Naranjo

Claudio Naranjo,  professor em Berkeley e candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 2015 dará palestra gratuita em São Paulo no próximo dia 5 de maio, no Colégio Dante Alighieri, às 19 horas, para pais e educadores. E vai lançar seu novo livro, onde afirma que a crise de civilização que vivemos só pode ser superada por uma mudança profunda no modelo educacional – evoluindo da transmissão de conhecimento para formação de competências existenciais (detalhes abaixo).

Em livro que será lançado em 5 de maio, Claudio Naranjo alerta que sistema educacional não deve se limitar a transmitir informações, mas ensinar “competências existenciais

“A crise que estamos enfrentando não é apenas econômica, mas multifacetada e universal, e pode ser um sinal da obsolescência do conjunto de valores, instituições e hábitos interpessoais que chamamos ‘civilização’. Precisamos de uma mudança da consciência e o melhor caminho é a transformação da educação, por meio de uma nova formação de educadores – orientada não só para a transmissão de informações, mas para o desenvolvimento de competências existenciais”. Esta é a proposta de Claudio Naranjo, médico psiquiatra, professor em Berkeley, e pioneiro da psicologia transpessoal, além de autor de importantes obras sobre o desenvolvimento psicológico e espiritual nos últimos 40 anos.

Diante do cenário de crise econômica e social em diversos países, o pesquisador conclui: os livros podem transmitir conhecimento, mas atitudes só podem ser ensinadas por pessoas; e o atual modelo educacional deixa o aspecto pessoal do professor em segundo plano. Assim, as escolas ainda não cumprem um dos quatro pilares estabelecidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1990: o de educar para Ser.

Naranjo se notabilizou, além de seus estudos, pela criação do Programa SAT (Seekers After Truth, ou, Em Busca da Verdade), um processo de autoconhecimento pelo qual já passaram milhares de pessoas no mundo todo e que envolve a inteligência emocional e espiritual dos indivíduos, por meio de técnicas psicológicas de Gestalt e dos Eneatipos, desenvolvidas por ele.

A palestra de Claudio Naranjo abordará um tema que será aprofundado em um “Encontro de Educadores”, a ser realizado nos dias 7 a 9 de agosto, no mesmo Colégio Dante Alighieri. Neste evento, os educadores analisarão as principais queixas com relação ao sistema de ensino e criarão projetos que possibilitem desenvolver as competências existenciais dos alunos. Encontro semelhante já foi realizado na Espanha e deve se repetir no México, Argentina e Uruguai.

Ainda em maio, no dia 14, o pesquisador também fará uma apresentação na Câmara dos Deputados, em Brasília, com o tema “A cura pela Educação – uma proposta para uma sociedade enferma”.

Do livro

O novo livro de Claudio Naranjo, “A revolução que esperávamos” (Verbena Editora), alerta para a necessidade de integridade, solidariedade e consideração afetiva neste momento de crise. “Não adianta somente ir às ruas protestar se não houver também uma revolução no comportamento individual”, afirma Fátima Caldas, médica neurologista, psicoterapeuta e representante para assuntos de educação da Fundação Claudio Naranjo no Brasil.

A proposta de solução está no texto de apresentação do novo livro: “Até hoje conhecemos apenas revoluções políticas e ideológicas, e o que sucede agora é uma revolução da consciência… Só despertando de nosso cego sonambulismo poderemos evoluir. O final do patriarcado, a transformação da educação, o desenvolvimento dos três amores e o caminho do autoconhecimento são algumas das propostas com as quais o doutor Naranjo formula um diagnóstico profundo dos problemas globais, bem como dos antídotos necessários à transformação de um mundo em crise”.

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O Dr. Claudio Naranjo (Valparaíso, Chile, 1932) é médico psiquiatra, criou a psicologia dos eneatipos e há 40 anos vem desenvolvendo a sabedoria do eneagrama. É uma referência mundial da terapia Gestalt. Em seu périplo vital, recebeu ensinamentos de mestres como Swami Muktananda, Idries Shah, Oscar Ichazo, Suleyman Dede, S.S. o Karmapa XVI e Tarthang Tulku. Fruto deste amplo aprendizado, desenvolveu o Programa SAT. É membro do Club de Roma e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Údine (Itália). A fundação Claudio Naranjo tem sede em Barcelona, Espanha.

Sobre a palestra

05 de maio de 2015 – 19 horas
Auditório do Colégio Dante Alighieri
Alameda Jaú 1061- Jardim Paulista (São Paulo/SP)

ENTRADA FRANCA – Aberta a pais e educadores
Inscrições: www.encontrodeeducadores.com.br/conferencia

Palavras grandes que recriam saudades

Palavras grandes que recriam saudades

Por Ana Vieira Pereira

Tive uma colega angolana (creio que no 4º ano) que chegou a Portugal logo após a Revolução dos Cravos ter se apoderado das ruas. Não vou saber agora por que mesmo é que ela e sua família chegaram tantos meses antes de Lisboa ser inundada pelo que, na altura, eram chamados de “retornados” – oriundos dos novos países tornados independentes em 1975, que pelos mais variados motivos preferiam manter a nacionalidade lusa a assumir a incerteza de uma nova nação, africana e cheia de horizontes. Incerteza por incerteza, não sei qual será a avaliação que farão hoje os atores daqueles dias, mas certamente os bairros de lata por toda Lisboa e arredores não parecem tão diferentes das cidades de caniço pela África ex-colônia dos dias de hoje.

A Glória veio de Angola, nascida em Benguela, oeste do país, e, dentre as muitas coisas que trouxe na sua bagagem, tinham grande efeito sobre nós em primeiro lugar a sua fada madrinha, que se presentificava repentinamente nas quinas do teto da sala de aula, fazendo-a gritar histérica nos momentos mais aterradores da vida escolar (as chamadas orais) e permitiam-nos dois dedos de ar fresco enquanto Dona Esp’rança a acalmava e jurava que “ali não há ninguém, menina, acalme-se lá…”. Desconfio que Glória tivesse esses acessos de visitação da sua madrinha fada quando não tinha a menor ideia do que tratavam as perguntas que estavam a ponto de lhe fazer, ou quando realmente estivesse morta de medo desse país estranho que não reconhecia as bagagens que ela trazia e a fazia refugiar-se nos braços dessa madrinha de nome impronunciável.

Disse-me, numa das raras vezes que fui até sua casa, burlando a vigilância da minha avó, que não podia mais cantar, que era o que mais gostava de fazer, porque só sabia cantar na “língua dos pretos” e tinham-na proibido de o fazer. Dizia que lhe diziam que esquecesse e se habituasse ao novo país e à nova vida, mas a mãe que mal saía da cama, o irmão desaparecido e a falta do pai que ninguém sabia ao certo onde estava, não permitiam que nada saísse da sua memória. Glória tinha saudades de tudo, do cheiro, da cor, da impressão do vento quando ia à praia e os vestidos voavam porque se aproximava uma tempestade, das viagens à ilha de São Tomé, de onde voltavam com café e cacau, da vida à beira mar com sempre sempre calor. Glória detestava a chuva miudinha e os dias gelados, a impressão de que nunca mais nada estaria quente e seco. Não sei porque, mas lembrar da Glória recria-me as saudades que nunca tive dela, como se tivesse sentido a sua falta ao longo dos últimos 30 anos. Muito raramente me lembrei dela, sequer consigo ver-lhe as feições claras na minha memória fraca, mas comove-me extraordinariamente o pouco de que me lembro.

[quote_box_right]Glória tinha saudades de tudo, do cheiro, da cor, da impressão do vento quando ia à praia e os vestidos voavam porque se aproximava uma tempestade, das viagens à ilha de São Tomé, de onde voltavam com café e cacau, da vida à beira mar com sempre sempre calor.[/quote_box_right]

Havia outro efeito que produzia sobre nós, que eram acessos de riso cada vez que uma palavra grande a deixava em pânico. Hoje, imagino que realmente ela sofresse, mas na altura só ríamos e ríamos e ríamos, porque o pânico dela a fazia falar coisas que ninguém entendia, na tal “língua de pretos” – provavelmente uma das variantes do umbundu que mais se fala em Angola. Era realmente estranha, e hilária, a Glória e o seu pavor de palavras grandes.

Fui lembrar-me da Glória justamente porque descobri que esse medo, que não é tão incomum, tem nome – quem tem medo de palavras grandes sofre de (pasmem!) hipopotomonstrosesquipedaliofobia – porque hipopoto significa “grande” e vem do grego; monstro, do latim, já se sabe porque não mudou nada; sesquipedali, também do latim, é ao pé da letra “palavra de um pé e meio de largura”, o que é grande realmente; e fobia, igual a medo.

contioutra.com - Palavras grandes que recriam saudades

A Glória, coitada, morreria de medo da palavra que fala do seu medo. (Como será mesmo que os hipopotomonstrosesquipedaliofóbicos se referem ao seu distúrbio?) Não existe maneira de descobri-la, depois de tantos anos, nem há na verdade motivo que me leve a isso, e esse impedimento e falta de motivo faz com que reveja diante dos olhos as imagens borradas de tantos que ficaram presos no passado, de onde acenam, como hoje a Glória, desesperados por se tornarem presentes e me fazerem entender que, sem eles, eu não seria quem sou, ainda que não me lembre de muitos dos seus nomes, da entonação das suas vozes ou do brilho dos seus olhos, ou até porque mesmo é que me lembro deles.

É claro que é a minha imaginação que os pinta desesperados assim; é mais provável que seja eu a procurar-me no passado em desespero, quando me parece tão difícil alimentar o presente com uma perspectiva de futuro, tudo tão enclausurado e preso dentro dos tubos finos das convenções – como aquelas que diziam, a Glória, que ela não podia cantar na língua dos seus pretos, que era, tanto quanto deles, a sua própria. Esse emaranhado de impressões de pessoas que já me foram e não me são mais, salva-me dessa agonia que deve ter sido a da Glória, talvez. As pessoas de hoje, num futuro quem sabe próximo, também se emaranharão em mim, e delas terei saudades, e por elas chorarei desconsolada por não as ver refletidas no espelho que construí, mas sabendo que com cada retalho de espelho desfeito posso construir um mosaico que reflita o mundo por onde andei.

Reprodução do texto autorizada pelo blog parceiro

contioutra.com - Palavras grandes que recriam saudades

contioutra.com - Palavras grandes que recriam saudades

contioutra.com - Palavras grandes que recriam saudadesAna Vieira Pereira é mestre e doutora em Literatura Comparada pela USP. Atualmente dedica-se ao ensino e à pesquisa da escrita dentro do âmbito da criação artística. Coordena o espaço Quinta Palavra, em Botucatu, e é assessora pedagógica da Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, e da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, em Botucatu. É autora de, entre outros, Do ventre ao berço: o parto em casa, Mistache Malabona e O dono do castelo.

Só vingam os amores descuidados

Só vingam os amores descuidados

Por Clara Baccarin

Só vingam os amores que nascem pelas costas, longe dos olhos, longe da atenção. Só vingam os amores esquecidos, que brotaram de uma semente cuspida pela boca num terreno baldio. Só vingam os amores abandonados, longe das janelas, longe da materna presença. Só vingam os amores náufragos, sobreviventes, órfãos, enviesados, sinuosos, crescendo tortos à procura de alguma luz. Enraizados no vento, a produzir seiva de uma fantasia, de uma lembrança. Só vingam os amores desencontrados, que passam uma vida sem se consumir, que morrem intactos, enrijecidos, nutridos pela vontade. E morrem velhos porque não se gastaram. Só vingam os amores proibidos, distantes, estrangeiros, desconhecidos e cegos.

Só vingam os amores descuidados.

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O livro da verdade perdida

O livro da verdade perdida

Por Joana Nascimento

Era apenas mais uma entrevista com um personagem para construir uma boa matéria a ser entregue no trabalho. Acabou sendo uma bela e instigante história encontrada e a descoberta para apreciação de mais uma forma de fazer arte e produzir cultura. A minha pauta consistia no seguinte: fazer algumas perguntas para divulgar um evento de promoção da leitura, engendrado por uma senhora.

Mesmo estando de folga – recesso de feriado – peguei meu caderninho e minha caneta (não sou muito afeita a gravar entrevistas, gosto de anotar porque assim o texto já vai se desenhando em minha cabeça), e fui até à casa daquela que seria a minha fonte.

Começamos o nosso bate-papo e a senhora foi me entretendo facilmente com a explicação detalhada de como funciona a iniciativa que gerou o evento: há mais de 20 anos, em 1992, ela tinha descoberto que trazia em si o dom da oratória: sabia contar histórias e estórias de forma envolvente. Como boa escritora que é, um assunto puxava o outro, que desencadeava um terceiro.

Foi quando ela começou a me contar como aconteceu o seu noivado, anos atrás, que me perdi no enredo que ela narrava com intensidade e nostalgia.

Antes eu costumava pensar que, nos tempos de outrora, aqueles casamentos que aconteciam de maneira meteórica eram intempestivos e precipitados. Hoje, embora ainda ache que as coisas eram feitas de forma apressada e mediante pressão familiar e social, tento pensar na parte que também explica um pouco a mentalidade da época: as pessoas tinham mais honra e dignidade.

Pois bem, a senhora e seu ex noivo são um exemplo do paradigma daquela era.

Seus olhares se entrecruzaram num casamento de parentes em comum. Durante a festa de celebração do matrimônio, conversaram como velhos conhecidos, ou melhor, como recém apresentados, ávidos para saber um pouco mais, ou tudo, um sobre o outro. Na mesma noite, o rapaz, mais velho que a senhora então moça, lhe propôs um namoro, que teria que ser levado à distância, pois a moça, mineira, teria que suportar o trabalho dele, que o alocou no Ceará. Porém, para firmar compromisso, ele garantiu que em seis meses estaria de volta para dar-lhe a aliança de noivado e, mais um semestre depois, estaria pronto o casamento. Feliz e encantada, ela aceitou na hora.

Foram meses de troca de cartas poéticas, de se conhecerem mais a fundo e de se apaixonarem. Tudo acontecia como num romance, orquestradamente.

Como ocorre com milhões de almas amantes, que sofrem um baque imprevisto, às vésperas do matrimônio, baseada numa simples resposta que o noivo dera aos tios mais velhos, a moça decidiu não mais se casar. Por aquelas infelizes palavras, toda a imagem que ela havia construído de seu amor tinha sido manchada, desmoronando os planos feitos.

Desesperado com a decisão da moça, o rapaz voltou do Ceará definitivamente, pensando que, sanado o problema da distância, ela reataria. Nada feito. Na verdade, eles não mais se falaram e o moço nunca ficou sabendo as reais razões que levaram ao rompimento.

Como naquela época não tinha facebook ou instagram, ela nem mesmo postou qualquer indireta para que ele pudesse entender as entrelinhas.Como a vida não para para curarmos nossas dores de cotovelo, os caminhos dos dois tomaram rumos completamente diferentes.

O ponto final  dessa relação será posto agora, após tantos anos. A senhora, já bem resolvida, faz, do que lhe deu fôlego para continuar, o meio pelo qual revelará esse segredo que guinou sua trajetória ao terreno do imprevisto. Num livro já escrito, porém não publicado, ela, utilizando metáforas e outras figuras de linguagem, externa o que guardou há tempos.

Adianto, apesar de arrependimentos e da fantasmagórica pergunta ‘e se?’ que a acompanha, ela conseguiu se tornar o que julgava ser impossível caso tivesse consumado o casamento.

Quando a senhora concluiu a narrativa, percebi que tinha largado a caneta e protagonizado uma daquelas imersões que só acontecem quando estamos lendo um livro ou vendo um filme que sejam excepcionais a nosso entender.

Aquela entrevista não foi somente boa para que eu concluísse uma demanda de trabalho, também abriu os meus sentidos para a arte da contação de histórias. Uma das mais antigas formas de expressão cultural do mundo. Não me lembro de ter sido envolvida assim por um caso contado pessoalmente. Na verdade, são raras as vezes em que consigo abstrair de tudo ao redor, ou dos pensamentos incômodos que às vezes invadem a cabeça de todos nós e nos desvia a atenção do que merece. É mágico estar totalmente conectada a uma história ou estória, que sejam.

Outro estranhamento que me acometeu trata da minha aversão (não sei bem desde quando) a romances melódicos. Nada contra os apreciadores, mas, nos últimos tempos, todos os filmes ou livros que vi e li nada tinham de histórias de amor, não desse tipo de amor. Eu optava por obras cuja a história de dois amantes não era o mote, melhor ainda se não fosse nem o plano de fundo.

Talvez eu passe a direcionar meus olhares a essas narrativas sensíveis. Ou não. Pode ser que apenas essa, em especial, tenha me tocado a ponto de querer compartilhar com vocês.

Ao fim, o que penso, e talvez vocês também, é: o principal interessado no conteúdo do livro encontrará a verdade perdida que mudou a sua vida?

Joana Nascimento 

contioutra.com - O livro da verdade perdidaSou jornalista e aspirante a produtora e crítica cultural, e, bem incipiente, roteirista de cinema.
Acredito piamente no conhecimento do maior número de textos teóricos, narrativos e imagens como forma de evolução mental e espiritual.
Embora tenha vontade, sei que uma pessoa não muda o mundo, mas creio que cada cabeça individual é um universo diferente, e este, nós podemos melhorar sempre. O impacto positivo no todo externo será sempre progressivo e crescente.
Gosto de escrever sobre existencialismo e condutas de vida, sempre fazendo analogias com filmes, livros, música e teatro. Conheça mais em www.joananasc.blogspot.com.br.

Não existe fora

Não existe fora

Por Adriana Vitória

Uma das coisas que sempre me preocupou na infância, entre tantas outras, era o consumismo excessivo das pessoas e qual seria o fim que aquelas coisas teriam, para onde iria todo aquele lixo?

A China ainda nem sonhava em produzir tantos objetos inúteis de R$0,99 e o consumo na época, relativo ao tamanho da população, era mínimo.

De lá para cá, o mundo vem produzindo toneladas de porcarias indestrutíveis de plástico, oriundas do petróleo, mas apesar de tantas facilidades do mundo ultra moderno, parece que quanto mais as pessoas consomem, mais insatisfeitas se tornam.

Li outro dia uma citação que dizia: “Do ponto de vista do planeta, não existe jogar lixo fora, porque não EXISTE fora !”

NÃO EXISTE FORA !

A reciclagem no mundo ainda é precária e já acumulamos toneladas de lixo tóxico sem nem sabermos como nos livrar dele.

Obviamente, não quero um mundo inabitável pra minha filha, mas também não o quero para mim.

Hoje, discutir a saúde do planeta virou moda. Henry David Thoreau já falava incansavelmente deste assunto no século 19, mas de uma forma neurótica, aparelhos eletrônicos são trocados a cada seis meses porque os antigos tem um botão a menos, brinquedos de plástico e eletrônicos são dados aos montes para as infelizes crianças que já nem sabem mais como se divertir, máquinas lavam roupa 24 horas por dia porque uma camiseta foi utilizada pra dar uma volta no mercado e já não serve mais, sem falar em toda uma lista interminável de desperdício. Desperdício de tempo, de alimento, de água, de energia, de vida.

Milhares de seres morrem de fome e abandono a cada hora neste mundo e nós, esta pequenina parcela que tem acesso a computadores e mídias como o Facebook, somos todos responsáveis.

Como podemos falar de amor e generosidade se mal sentimos isso por nós mesmos ou pelo pequeno planeta que nos acolhe?

Somos mesmo criaturas muito bizarras e paradoxais, mas acho que esta na hora de nos enxergarmos como um todo, sermos menos egoístas, lembrarmos de quem nós somos e questionarmos nossos comportamentos.

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lixo e aves marinhas

A linha entre loucura e genialidade é mais tênue do que se imaginava

A linha entre loucura e genialidade é mais tênue do que se imaginava

Matemático, esquizofrênico e paranoico, John Forbes Nash é um gênio. Reconhecido mundialmente por ganhar o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas, o estudioso também acredita que aliens o recrutaram para salvar o mundo. E sobre isso, Forbes disse: “As minhas ideias sobrenaturais vieram da mesma maneira que as matemáticas. Por isso, decidi levar as duas igualmente a sério”.

E Nash está longe de ser o único gênio “louco” da história. Vincent Van Gogh, Virginia Woolf e Ernest Hemingway são apenas alguns exemplos de pessoas geniais que sofriam de doenças psicológicas. Exatamente por isso, muitos pensaram durante anos que a criatividade estava estritamente relacionada à psicopatologia.

Porém, psicólogos vêm afirmando que essa constatação pode ser um engano. Para eles, há dois fatos que reforçam o contraponto: há inúmeros gênios “normais” na história da humanidade; e manicômios não costumam produzir grandes finalidades criativas.

Então a ligação existe ou não? Estudos empíricos afirmam que sim, a genialidade possui uma forte relação com a loucura. O mais importante processo entre elas é a desinibição cognitiva: a tendência de prestar atenção a coisas que normalmente seriam ignoradas ou filtradas por parecerem irrelevantes.

Esse tipo de percepção foi o que motivou Alexander Fleming a descobrir a penicilina e muitos outros exemplos. O mesmo serve para o campo artístico, que normalmente valoriza as “coisas mundanas” e dá protagonismo à rotina, muito retratada na literatura, no cinema, na música, etc.

Contudo, a desinibição cognitiva é associada às patologias psicológicas. Por exemplo, esquizofrênicos acabam se bombardeando com informações que talvez pudessem ser “filtradas”. Para Shelly Carson. pesquisadora de Harvard, essa é uma diferença essencial entre os gênios e os “loucos”: agregar à sua máxima inteligência o conceito de desinibição.

“Inteligência excepcional pode ser útil, mas sem a cognição ela não consegue ser original e surpreendente”, conta a pesquisadora. Para ela, pessoas com QI elevado nem sempre são capazes de produções geniais.

As pessoas criativas, no entanto, caminham entre o normal e anormal, encontrando impulsos e ideias capazes de gerar conteúdos diferenciados. Como John Forbes Nash disse: “A racionalidade do pensamento impõe um limite na relação das pessoas com seus cosmos”.

Fonte indicada: Revista Galileu

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SALVADOR DALI: LOUCURA E GENIALIDADE DIALOGANDO (FOTO: REPRODUÇÃO)

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