6 tipos de homem, por Mário Prata

6 tipos de homem, por Mário Prata

Tipos de homens

O MENTIROSO
É o que mente, claro. E claramente. O mentiroso é um pouco doente, vive da mentira. É caso para terapias. Normalmente tem algum problema de personalidade, de auto-afirmação. Mente para os outros e para ele mesmo.  Imagina-se outro. O bom mentiroso é aquele que acredita na própria mentira e a um determinado momento da sua vida não sabe mais o que é a verdade ou a mentira. Todo mundo, ao redor dele, sabe que ele é um mentiroso. Ele também. Mas não se emenda. Não há nenhum caso de mentiroso que deixou de ser mentiroso. Mentiroso não tem recaída. E isso não é uma mentira deslavada.

O PALHEIRO
Não confundir o palheiro com o mentiroso. O palheiro disserta sobre todos os assuntos. Geralmente assuntos não conhecidos na roda. O palheiro, geralmente, tem uma boa conversa e um bom vocabulário. O melhor palheiro é aquele em quem a gente chega a acreditar piamente por muito tempo. Tem palheiro que não foi descoberto que é palheiro até hoje. Os palheiros são muito mais inteligentes que os mentirosos. Poderíamos dizer que o palheiro é um mentiroso intelectualmente mais enganoso. Um mentiroso com PhD. Tenho um amigo (vamos chamá-lo de Zé) que é um palheiro conhecido na cidade. Um dia uma amiga comentou: se o Zé fosse viciado em drogas injetáveis, seria fácil achar uma agulha num palheiro.

O GRUPEIRO
Tudo que ele diz, a gente sabe que é grupo. Ao contrário do palheiro, que não tem nenhuma intenção a não ser a palha fina, o grupeiro é quase um estelionatário da mentira. Um bom grupo pode prejudicar pessoas e instituições. O grupeiro chega quase a ser um golpista. Todos nós, uma vez ou outra, já entramos no grupo de alguém. E o pior, é que, muitas vezes, sem perceber. Cair num grupo bem dado é péssimo, mas, às vezes, temos que tirar o chapéu para o bom grupeiro.

O CASCATEIRO
Intelectualmente menos brilhante que o palheiro, o cascateiro costuma cair sempre em contradições. O que ele mais ouve dos amigos é isso é cascata e ele nem sempre tem bons argumentos para se defender. Mas não se ofende, ao contrário do palheiro. O cascateiro nem sempre tem nível superior e gosta de contar suas cascatas em bares. Quando o cascateiro é público e notório, pode ser divertido provocá-lo para contar umas cascatas. Alguns deles sabem que tudo que dizem é cascata. Mas não se importam. Afinal, tudo é cascata mesmo. Pode observar que toda turma tem seu próprio cascateiro.

O LOROTEIRO
Este é o mais manso deles. Contar lorotas não ofende, nem agride. Afinal, a lorota se aproxima de uma piada, embora o narrador prove por a mais b, que aquilo realmente aconteceu. Geralmente com um amigo ou parente. Aliás, dizem que os loroteiros é que são os inventores das piadas. Nada melhor que um loroteiro simpático, chegado numa cerveja num fim de noite na mesa num barzinho de calçada. Os loroteiros são bons contadores de histórias. Contar uma lorota é como jogar uma história fora. Geralmente, boas histórias.

O CHUTADOR
Este sabe de tudo, senão, não daria tantos chutes. Normalmente ficam quietos no seu canto, como um centro-avante avançado e, de repente, surgem dando um chute estrondoso, certeiro. O chutador chuta em qualquer direção. Até mesmo contra o próprio gol. O chute tem suas características particulares: tem que ser dado na hora certa, com precisão e sem pestanejar. Senão, vira cascata, palha, mentira, lorota. O chutador é, antes de tudo, um atento. Tem que saber a hora exata do chute para não acertar na trave. São os artilheiros da mentira.

Mário Prata

Vale conhecer o site oficial do escritor Mário Prata Oficial 

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“A beleza, no fim”, uma crônica de Marina Colasanti

“A beleza, no fim”, uma crônica de Marina Colasanti

Você folheia um livro, uma revista, e de repente, como se cruzasse uma esquina, um fato pelo qual não esperava está à sua frente. Como a foto em que esbarrei ao virar uma página 7.

Ali estava uma cena de museu absolutamente incomum. Diante de um auto retrato de Rembrandt, moldura dourada sobre parede cinzenta, uma mulher cujo rosto não se vê porque voltado para o quadro, olha. Não está de pé. Está deitada em uma maca hospitalar conectada a aparelhos. Quatro assistentes estão com ela. Todos olham o quadro, menos a jovem mulher que controla os aparelhos.

O fotógrafo é Roel Foppen, militar aposentado, acompanhante voluntário da Stichting Ambulance Wens, uma associação holandesa cuja finalidade é a realização de desejos de doentes em fase terminal. De ambulância, a associação leva pessoas próximas à morte para rever algum país, cidade, obra, parente ou amigo que lhe seja especialmente caro e cuja visão queira ter consigo na última viagem.

“No dia 3 de março – diz o autor da foto- levamos três doentes de mobilidade reduzida ao Rijksmuseum . Eram 17 horas. Tínhamos o museu somente para nós.” A luz que incidia sobre o quadro, iluminando o olhar quase amoroso com que o velho pintor parecia dialogar com a mulher, chamou sua atenção. Afastou-se e fotografou.

Nada disse à mulher, uma senhora de 78 anos, portadora de esclerose lateral amiotrófica. O rosto dela não aparece, a discrição é absoluta, e ele não quis interromper o seu momento de contemplação. Mais tarde, postou a foto nas redes sociais – é possível que você que agora me lê a tenha visto – não para exibir sua foto, mas para chamar a atenção do mundo para a atividade da associação.

Certamente chamou a minha. Parei como todos os que estão na foto. Porém, não para olhar o ” Auto retrato com dois círculos”, obra do final da vida de Rembrandt da qual todos nos sentimos íntimos, e sim para permitir que a visão daquele gesto de amor ao próximo e de busca da beleza afagasse minha alma diariamente maltratada pelo noticiário.

A associação de idéias recolheu na memória um filme visto no início da década de 70, “Soylent Green”. Definido como ficção científica é, na verdade, uma ficção profética que retrata Nova Iorque no ano de 2022, com 40 milhões de habitantes. A ciência conseguiu vencer as doenças, mas o calor é sufocante, a água é só para beber, no planeta poluído e super povoado os recursos naturais se esgotaram, a população pobre suada e suja se alimenta de tabletes fornecidos pela indústria Soylent. O último lançamento de tabletes é verde.

Não foi pelos tabletes que me lembrei do filme. Foi pela cena final, quando o velho companheiro do detetive Thorn ( Charlton Heston) decide que chegou a hora de morrer e se encaminha para a Casa, espaço destinado aos que querem receber o fim através de um medicamento. Ali, deitado numa maca diante de imensa tela, verá projetadas durante vinte minutos cenas de como o planeta era antes, rico e verdejante, com seus campos e bosques, seus rios claros, suas geleiras e desertos, seus imensos oceanos. Acompanhando as cenas, ouve a Patética, de Tchaikovsky e a Pastoral, de Beethoven. E morre levando consigo a harmonia da criação.

Não foi só a personagem Sol, que levou atrás dos olhos essa visão. Seu intérprete, o ator Edward G. Robinson estava doente de câncer, terminal. A cena foi uma dupla despedida que fez chorar Charlton Heston. Edward G. Robinson morreu 10 dias após o término das filmagens.

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Marina Colasanti
Esta crônica encontra-se publicada no site da escritora Marina manda lembranças. Recomendamos conhecer o site, relicário de jóias de inestimável valor literário.

Quando e como dar conselhos – Flávio Gikovate

Quando e como dar conselhos – Flávio Gikovate

Aconselhar é algo muito delicado, principalmente se forem conselhos que envolvam algum tipo observação crítica, pois, ainda que sem intenção, podem ser inconvenientes e interpretados como desrespeito.

A experiência diz que só se deve dar conselhos quando se é insistentemente solicitado e se houver competência para falar do assunto; e ainda assim com o maior cuidado para não magoar.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br


Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução deste material.

13 coisas que quem ama alguém extremamente sensível deveria saber

13 coisas que quem ama alguém extremamente sensível deveria saber

Por Lindsay Holmes

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Quando eu estava no jardim de infância um menino da minha turma jogou meu livro favorito por cima do muro da nossa escolinha. Lembro-me de chorar sem parar, não porque eu estava triste de perdê-lo, mas por estar furiosa de ver que ele era tão valentão. Foi provavelmente uma das primeiras vezes que expressei essa minha sensibilidade aos meus coleguinhas – uma montanha-russa que ainda faz parte da minha vida.

Muitos dos meus amigos carinhosamente me provocam sobre essa minha reação emocional, mas é, com certeza, algo que não consigo controlar. Algumas pessoas são mais sensíveis do que outras e isso nem sempre é ruim. Eu não estou sozinha: aproximadamente uma de cada cinco pessoas – mulheres e homens – fazem parte da classificação HSP (Highly Sensitive Person, ou Pessoas Altamente Sensíveis) e, de acordo com a pesquisadora do assunto e psicóloga Elaine Aron, Ph.D., isso faz com que seja extremamente provável que você conheça e ame alguém que possua essa característica de personalidade.

Abaixo estão algumas coisas para termos em mente ao tratar com familiares e amigos altamente sensíveis.

1. Nós vamos chorar

Quando estamos felizes, quando estamos tristes e quando estamos com raiva. Isso porque as pessoas altamente sensíveis naturalmente sentem mais profundamente e reagem de acordo.

2. Nem todos nós somos introvertidos

A introversão não é sinônimo de sensibilidade. De fato, de acordo com as pesquisas da Dra. Aron, cerca de 30 por cento das pessoas altamente sensíveis são extrovertidas.

3. Decisões nos deixam nervosos

Indivíduos altamente sensíveis são notoriamente ruins em fazer escolhas – mesmo que seja apenas escolher onde jantar. Isto acontece principalmente porque agonizamos com a possibilidade de errar. (E se a comida for ruim?!)

4. Nós percebemos aquela mudança sutil no tom

Se você costuma terminar cada mensagem de texto com um ponto de exclamação e ultimamente você está usando um ponto, acredite, nós iremos notar. As pessoas altamente sensíveis são geralmente mais intuitivas quando se trata de pequenas nuances no nosso ambiente e sentimos mais as mudanças de humor nas outras pessoas.

5. Nós estamos sempre dispostos a ouvir você desabafar

Não tenha medo de falar com a gente quando precisar de um ombro amigo. Nossa natureza excessivamente empática nos permite sermos excelentes ouvintes quando você precisar, pois quando você sente dor nós também sentimos – e faremos de tudo para que você se sinta confortável. As pessoas altamente sensíveis são excelentes professores, terapeutas e gestores por esta mesma razão.

6. Ruídos repetitivos e altos são os piores

Aquela mastigação barulhenta, um trem a todo vapor, colegas de trabalho ruidosos: o que quer que seja, nós sentimos demais. Isso acontece porque ambientes caóticos ou superestimulantes influenciam muito mais uma pessoa altamente sensível, de acordo com Aron.

7. Nossos hábitos de trabalho são um pouco atípicos

Trabalhar de casa ou em um espaço tranquilo é um sonho para as pessoas altamente sensíveis – especialmente porque permite que nos concentremos se ficarmos sobrecarregados. No entanto, não se deixe enganar pelo nosso trabalho solitário. “As pessoas sensíveis podem usar a personalidade a seu favor… Eles vão chegar longe”, disse Aron anteriormente ao HuffPost. “Eles sabem como trazer novas ideias sem serem ridicularizados ou desprezados.” As pessoas altamente sensíveis também são excelentes com trabalhos em equipe devido à natureza analítica e a consideração com as ideias dos outros (só não nos obriguem a tomar a decisão final sobre o projeto).

8. Não nos peçam para ver o mais novo filme de terror

A mesma empatia que sentimos pelos outros, combinada com superestimulação faz com que filmes violentos e sangrentos sejam uma péssima opção para pessoas altamente sensíveis.

 

9. A crítica é incrivelmente angustiante

Como resultado tendemos a evitar qualquer coisa que possa causar sentimentos de vergonha. Isso significa que nos envolvemos em comportamentos para agradar os outros ou nos autodepreciar mais do que a maioria de nossos colegas. Em outras palavras, estamos longe de sermos perfeitos.

10. Ouvimos constantemente que levamos as coisas muito a sério

Uma piada às nossas custas, muitas vezes, não é apenas uma piada. Sabemos que é um pouco bobo ficarmos chateados, mas o que mais vamos fazer com todos os nossos sentimentos?

11. Temos pouca tolerância à dor.

Passe o gelo, por favor. Não importa se é um braço quebrado ou um corte no dedo do pé, qualquer ferida dói demais. Isto porque as pessoas altamente sensíveis sentem mais dor do que as outras, de acordo com as pesquisas da Dra. Aron.

12. Nós desejamos relacionamentos profundos

De acordo com a Dra. Aron, pessoas altamente sensíveis tendem a se entediar mais no casamento do que casais que não são, principalmente devido à falta de interação significativa que ocorre naturalmente com o tempo. No entanto, isso não significa necessariamente que estamos insatisfeitos com o relacionamento – nós só precisamos encontrar uma maneira de termos mais conversas estimulantes.

13. Nós não podemos simplesmente deixar de ser altamente sensíveis

Um estudo de 2014, publicado na Revista Brain and Behavior, descobriu que pessoas altamente sensíveis experimentaram maior atividade em regiões cerebrais associadas com empatia e consciência quando expostas a imagens de indivíduos emocionais do que a média das pessoas. Em outras palavras, nós estamos neurologicamente programados para nos comportar da maneira que nos comportamos.

Com isso em mente sabemos que a melhor maneira de nos amar é nos apoiar. Tente não nos envergonhar por causa da nossa sensibilidade. Diga-nos que está bem ser da maneira que somos. E, em troca, vamos tentar não chorar com suas amáveis palavras (sem promessas, no entanto).

(Tradução: Simone Palma)

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O Fusca de Paulinho

O Fusca de Paulinho

Por Lúcia Costa

Aquele menino tinha uns quatro anos. Descobriu que era espacial bem mais que especial. O Mundo era estreito e as pequenas rodas de sua bicicleta percorriam seu universo em segundos. Adorava pedalar, mas estava exausto de sair de nenhum lugar para lugar nenhum. Queria velocidade. Queria um fusca igualzinho ao do pai.

Os pais riram daquela decisão quase ordem do pequeno. Era uma graça constante. Era uma criança-instante. Era uma garça ao volante. Sonhava em morar com os pássaros. Desejava casar com uma mulher que lhe desse beija-flor ao invés de filho. Paulinho adormecia em rosas e acordava em cama de madeira com o colchão todo molhado. Defendia-se:

_ Não fui eu. Foi o jardineiro. Ele disse que meu jardim só pode receber água à noite.

E por essa ia se passando.

Um dia, Paulinho  já desesperado pelas avenidas que não conhecia, entrou no fusca enquanto o pai o lavava, soltou a marcha e saiu descendo ladeira abaixo. O frio que lhe invadiu o estômago alimentava as borboletas que moravam por ali. O medo era um desconhecido de máscara. O veículo oscilava, montanha-russa andante  e sem direção. Por segundos, estar sem curso exercia uma fascínio em Paulinho; achava que aquele carro iria levantar voo.

E levantou!

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Kevin Conor Keller

Um dos mais belos poemas de Neruda

Um dos mais belos poemas de Neruda

Poema 20

Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Escrever por exemplo:
A noite está fria e tiritam, azuis, os astros à distância
Gira o vento da noite pelo céu e canta
Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Eu a quis e por vezes ela também me quis
Em noites como esta, apertei-a em meus braços
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito
Ela me quis e as vezes eu também a queria
Como não ter amado seus grandes olhos fixos ?
Posso escrever os versos mais lindos esta noite
Pensar que não a tenho
Sentir que já a perdi
Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela
E cai o verso na alma como orvalho no trigo
Que importa se não pode o meu amor guardá-la ?
A noite está estrelada e ela não está comigo
Isso é tudo
A distância alguém canta. A distância
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Para tê-la mais perto meu olhar a procura
Meu coração procura-a, ela não está comigo
A mesma noite faz brancas as mesmas árvores
Já não somos os mesmos que antes havíamos sido
Já não a quero, é certo
Porém quanto a queria !
A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido
De outro. será de outro
Como antes de meus beijos
Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos
Já não a quero, é certo,
Porém talvez a queira
Ah ! é tão curto o amor, tão demorado o olvido
Porque em noites como esta
Eu a apertei em meus braços,
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Mesmo que seja a última esta dor que me causa
E estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito.
Pablo Neruda

Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso brincar!

Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso brincar!

 

Por Renate Keller Ignacio
Via Aliança pela infância

Nos primeiros anos de vida a criança explora seu corpo e o mundo ao redor brincando. Brincar nesta fase significa experimentar diversas possibilidades de movimento, de manuseio de objetos, de interação com outras crianças, de sensações através dos sentidos, sempre partindo da iniciativa própria de cada criança. Brincar acontece inesperadamente, inconscientemente, sem intenção utilitária, mas a partir da alegria, da curiosidade, da vontade de agir e interagir. Quando nos adultos observamos crianças pequenas brincando livremente, somos surpreendidos à cada momento. As brincadeiras parecem brotar do corpo e da alma da criança espontaneamente, numa riqueza de transformações, sempre aparecendo novas formas e significados. Misturam-se experiências reais vividas na família, na escola ou na comunidade com a fantasia da criança e com os movimentos corporais.

Por que isto é importante para desenvolver resiliência?

A capacidade de resistir às intempéries da vida e sair fortalecido de crises graves, depende do desenvolvimento de uma confiança inabalável no sentido da vida, e do sentimento de fazer parte de um todo maior. Isto as crianças experimentam na infância ao brincar: na brincadeira a criança mergulha no mundo da imaginação que por sua vez tem a origem nas forças criativas atuantes no corpo em desenvolvimento. Tudo é interligado, as coisas tem inúmeros significados, inúmeras soluções ou possibilidades. Frustrações podem ser vividas e superadas, flexibilidade é exercitada. A criança que brinca a partir de si mesmo, se acalma, respira profundamente e entra num estado de bem estar, onde ela sente uma profunda confiança na existência. Esta confiança se transforma na idade adulta em fé na vida, em fé em si próprio e no seu destino. Esta fé é a base da resiliência.

Por que brincar é importante para desenvolver coragem?

Coragem é uma força do “cor”ação que possibilita o adulto levar uma ação para frente, mesmo quando tem obstáculos, ou desafios assustadores. Coragem não é a ausência do medo, mas a força que faz você persistir, apesar do medo, porque você tem a convicção que o objetivo é importante. Esta força de vontade que não desiste tem a sua fonte no brincar. Brincar é ação, ação física, ação imaginativa, é movimento. O polo oposto é a reflexão, o pensar que necessita distancia da ação, que necessita da cabeça fria. Se a criança pode viver no polo do movimento, ou seja brincando sem que exigimos dela reflexão, então ela fortalece este polo caloroso que é a base da coragem. Assim quando ela cresce e desenvolve cada vez mais a atividade pensante, reflexiva ela terá um equilíbrio entre os dois polos. Isto é principalmente importante na nossa sociedade atual que é regida unilateralmente pelo intelecto.

E a criatividade?

Quem é criativo conseguiu salvaguardar um pouco de sua infância para a vida adulta. Quem tem criatividade consegue olhar para as coisas com olhar novo, sem preconceito, com olhar de criança. Ele consegue fazer associações inesperadas, consegue ver um fato de inúmeros lados sem se fixar num único ponto de vista. Isto se aprende brincando, porque brincar é justamente isto: fazer de um prato um chapéu, ver numa caixa de papelão um teatro de fantoche, ou pegar um pano qualquer e amarrando alguns nós transformá-lo numa boneca.

Por Renate Keller Ignacio
– Conselheira da Aliança pela Infância, professora Waldorf, gestora de Desenvolvimento Institucional da Associação Comunitária Monte Azul e professora de música.

“As coisas essenciais”, uma crônica de Rubem Alves

“As coisas essenciais”, uma crônica de Rubem Alves

Leia este poema bem devagar, pois cada imagem merece a preguiça do olhar.

“No mistério do sem-fim

equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim

e, no jardim, um canteiro:

no canteiro, uma violeta

e, sobre ela, o dia inteiro

entre o planeta e o sem-fim

a asa de uma borboleta”.

É pequeno, mas diz tudo. Nada lhe falta, Uni-verso. Nenhuma palavra lhe poderia ser acrescentada. Nenhuma palavra lhe poderia ser tirada. Assim se faz um poema, com palavras essenciais. O poema diz o essencial.

O essencial é aquilo que se nos fosse roubado, morreríamos. O que não pode ser esquecido. Substância do nosso corpo e da nossa alma. Por isto as pessoas se suicidam: quando se sentem roubadas do essencial, mutiladas sem remédio, e a vida, então, não mais vale a pena ser vivida.

Os poetas são aqueles que, em meio a dez mil coisas que nos distraem, são capazes de ver o essencial e chamá-lo pelo nome. Quando isso acontece o coração sorri e se sente em paz.

Encontrou aquilo que procurava Kirilov, personagem de Dostoievski assim descreve o encontro com o essencial. “Há momentos em que a gente sente de súbito a presença da harmonia eterna. É um sentimento claro, indiscutível, absoluto. Apanhamos de repente a natureza inteira e dizemos ‘é exatamente assim!’ É uma alegria tão grande! Se durasse mais de cinco segundos a alma não o suportaria e teria de desaparecer. Nesses cinco segundos vivo uma experiência inteira, e por eles daria toda a minha vida, pois eles bem o valem”.

Chamava-se Norma. Estava doente, muito doente. Na véspera de sua morte, arrastou-se até o banheiro e foi até a pia para lavar-se dos vômitos. Abriu a torneira e a água fria escorreu sobre as suas mãos. Ela parou como que encantada pelo líquido que a acariciava. E de sua boca saíram estas palavras inesperadas: “A água… Como é bela! Sempre que a vejo penso em Deus. Acho que Deus é assim…”.

A morte na pia… A água que escorre… Os olhos contemplam a eternidade… O universo essencial de Norma está cheio de fontes frescas e regatos transparentes onde brincam as suas mãos.

O nome do filme eu nem me lembro. Sei que se passava no Japão, um casal de velhinhos. A esposa havia morrido. Os filhos, reunidos para a divisão das coisas deixadas. De repente percebem uma ausência. O pai, onde estará? Pois não estava ali, entre eles. Depois de uma longa espera aflita, lá vem o seu vulto, banhado pela luz do crepúsculo.

“Papai, onde foi? Estávamos preocupados!”.

“Onde fui? Fui ver o pôr-do-sol. É tão bonito…”.

Os filhos repartem os despojos. Os olhos do pai contemplam o horizonte colorido… O universo essencial do pai está cheio de pores-do-sol. Sem eles os seus olhos ficariam eternamente tristes.

Este poema é de Brecht:

“Quando no quarto branco do hospital

acordei certa manhã

e ouvi o melro, compreendi bem.

Há algum tempo já não tinha medo da morte.

Pois nada me poderá faltar se eu mesmo faltar.

Então consegui me alegrar com todos os cantos dos

melros depois de mim…”.

A morte branca no quarto de hospital. Fora, o melro canta. Alegria pelos cantos que não ouvirei. No universo essencial de Brecht, o canto dos melros continuará, sem fim.

“Pergunto se, depois que se navega,

a algum lugar, enfim, se chega …

O que será talvez até mais triste.

Nem barca, nem gaivota: somente sobre-humanas

companhias…”.

Cecília Meireles sabia o que era essencial. No seu mundo as barcas navegariam as águas e gaivotas planariam pelos ares…

O que é essencial?

Os filósofos antigos reduziam o essencial a quatro elementos fundamentais: a água, a terra, o ar e o fogo. Concordo com eles. Pensavam estar fazendo cosmologia, mas estavam fazendo poesia. Sabiam dos segredos da alma.

Pois é disto que somos feitos. Posso imaginar um mundo sem que eu sinta por isto, nenhuma tristeza especial. Mas não posso pensar um mundo sem a chuva que caí, sem regatos cristalinos, sem o mar misterioso… Não posso imaginar um mundo sem o calor do sol que agrada a pele e colore o poente, sem o fogo que ilumina e aquece… Não posso imaginar um mundo sem o vento onde navegam as nuvens, os pássaros e o cheiro das magnólias…

Não posso imaginar um mundo sem a terra prenhe de vida onde as plantas mergulham suas raízes… São estes os amantes com que a vida faz amor e engravida, de onde brota toda a exuberância e mistério deste mundo, nosso lar. Não preciso de deuses mais belos que estes.

Ouço, pelo mundo inteiro, em meio ao barulho das dez mil coisas que fazem a nossa loucura, as vozes-poema daqueles que percebem o essencial. Elas dizem uma coisa somente: “Este mundo maravilhoso precisa ser preservado”. Mas ouço também a voz sombria dos que perguntam: “Conseguiremos?”.

Rubem Alves

O Retorno e Terno: crônicas. 27ª Edição. Campinas, Editora Papirus, 2008
Conheça o Instituto Rubem Alves e faça parte de seus projetos.

A quem interessar: o poema inicial da crônica é de Cecília Meireles e chama-se “Canção Mínima”. (Antologia Poética, 1963).

O que as mandalas tibetanas nos ensinam sobre a arte do desapego

O que as mandalas tibetanas nos ensinam sobre a arte do desapego

Por Marcella Starling

No meio de um templo budista tibetano, um barulho se destaca: o som de um tubo de metal sendo constantemente raspado por um pequeno bastão. O barulho não é algo que incomode, mas não é de longe é algo que passa despercebido naquele santuário do silêncio. São alguns monges que através de um trabalho constante e disciplinado, cuidadosamente acomodam em seus devidos lugares, milhões de grãos coloridos de areia, para a expressão sagrada da arte e da fé.

Mas diferente da arte feita por Da Vinci e Van Gogh, que venceram o elemento tempo e até hoje nos espantam por sua beleza e mistério, as mandalas dos devotos já possuem data de validade – no momento que ela estiver completa e for capaz de tirar o fôlego do mais incrédulo, ela será destruída, e suas cinzas serão devolvidas ao universo.

Na primeira vez que li sobre o assunto, inconformada com a livre decisão de se destruir algo fruto de uma dedicação tão sincera e exclusiva, me perguntei ‘por quê?’

Hoje, consigo entender.

Apesar de ser estonteante, o ritual das mandalas não nos espanta pela sua perfeição e beleza. Muito menos pelo mistério que o ronda, afinal não é mistério a lição que os metódicos devotos nos passam: as maravilhas da destruição, enquanto reconstruir é uma possibilidade constante e necessária. Nos ensinam melhor do que qualquer bazar beneficente, a arte do desapego.

Pois bem, me dediquei por 24 anos a depositar minhas ‘pedras’ de areia emocionais nos lugares … errados! E uma vez, erroneamente entendida como pronta, a mandala gritava comigo. Me chamando atenção para aquela figura, que eu mesma construí, feia e assimétrica. Aquilo não poderia ser nunca chamado de arte, menos ainda de fé.

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Monges tibetanos iniciando a criação de uma nova mandala

E por mais que o contra senso seja evidente, quanto mais eu olhava para a minha imagem percebida, menos eu queria mudá-la. Não é que o feio não me incomodasse, mas é que eu não acreditava um dia ser capaz de nada melhor. Passando o feio ser o meu bonito, dada as limitações impostas por mim… a mim mesma.

Ademais, imagina o trabalho?!! não achava que destruir fosse difícil, mas construir, gastar todos aqueles anos, para nada? Melhor ficar no que pelo menos já tinha ‘acabado’.

Mas a surpresa é que não estava acabado. E entender isso foi o primeiro passo.

O que antes gritava comigo, começou a me bater, tornando a situação intolerável. Eu sentia no ar o cheiro de ‘algo precisa mudar’. Acredito que todos grandes guerreiros sentiram o mesmo cheiro antes de se lançarem nos campos de batalha em busca de honra, justiça ou glória. Não que eu seja uma grande guerreira, muito menos estava a procura de qualquer mudança socialmente desejável. Mas fato é que aquele cheiro me fez criar coragem de ir para o campo de batalha com meu pior inimigo – a minha própria mente.

Nesta guerra, descobri que muito mais difícil do que construir, é destruir. As ‘pedras’ de areia já estavam tão pesadas e arraigadas que era necessário muita força de vontade e persistência para movê-las ou até mesmo destruí-las. Ao contrário da construção que eu quase nem percebia quando um grão caía em seu lugar, na destruição eu vi e senti todos os grãos ali dispostos.

Quando finalmente a destruição foi aceita, enxerguei que além de mais difícil, ela era mais bonita. Ela se tornou tão natural quanto necessária. E quando o ‘nada’ ali restou, fiquei parada diante daquele vazio, que agora me solicitava, com ternura, a contemplá-lo. e como se um grande mestre ali o tivesse colocado, estava um espelho, refletindo a minha imagem real.

Foi o espaço dado pela destruição que me ensinou o valor do vazio.

 

Antes não havia espaço antes para o espelho. Minhas ‘pedras’ de areia, ocupavam todo o lugar. Foi o espaço dado pela destruição que me ensinou o valor do vazio. passei a celebrar o vazio como um convite ao novo. Uma oportunidade de construção. E como nada mais gritava comigo, consegui me escutar. Escutar que ter meu vazio significava espaço para caber o meu mundo.

E pela primeira vez fui invadida pela fé, pela gratidão e pelo amor. E naquele momento tive certeza de que eu era capaz de fazer com que a minha próxima mandala fosse linda. Mas que mesmo assim, eu não me deixasse enganar, porque mesmo linda ela não estaria pronta, e teria que ser novamente destruída e oferecida ao universo, para que então eu novamente iniciasse o processo artístico do autoconhecimento.

Entender que ela nunca estará pronta, foi o penúltimo passo, de muitos últimos passos que eu já dei.

E assim como um dente-de-leão que chega ao seu esplendor antes de ser soprado e devolvido ao universo, é a minha compreensão da efemeridade da vida.

Agora pare! E vá escutar cada grão que cai em sua mandala…

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Karsha monestary, near Padum, Ladakh.
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Destruição de uma mandala de areia. Fotografia de Jessica Foote.

Texto reproduzido com a autorização da autora.

 

contioutra.com - O que as mandalas tibetanas nos ensinam sobre a arte do desapegoMarcella Starling

É mineira e paulista de coração. É advogada e estudante de economia. Está tentando ser aquela pedra jogada ao rio, que gera pequenas ondas ao redor.

Leia mais textos da autora em seu blog The Shrinking Pants 

Não estou fechada para balanço, mas também não tenho pressa de amar

Não estou fechada para balanço, mas também não tenho pressa de amar

As pessoas andam apressadas demais. Eu, não. Gosto de ver a vida com a paciência de quem já visitou os primórdios do mundo. Peço licença ao silêncio e cantarolo, vez ou outra, alguma canção de Caymi. É incrível como toda pressa se esconde diante da mansidão de Caymi, envergonhada: “Minha jangada vai sair pro mar”… E ela sai, mesmo que o mar seja de utopias, de incertezas, mesmo que ninguém me acompanhe. A propósito, esclareço que iniciei esta crônica para dizer que não tenho pressa de amar.

Na espera de que algo aconteça, perdemos, despercebidos, o acontecido. Eu aprendi a fazer amor com o tempo. A enamorar-me dos ponteiros do relógio. Aprendi com Drummond que amor é verbo intransitivo e amo sem precisar de um outro específico, sem projetar nele as minhas frustrações e carências, sem exigir carícias, sem mendigar atenção. E estou pronta e viva a tudo o que do Universo recebo e diante dele eu me curso, em gratidão.

Eis algumas razões da minha ausência de pressa…

1 – A minha solidão nunca está sozinha.
Tenho muitos eus. Estar sozinha comigo mesma faz com que seja possível esse diálogo entre as várias partes de mim, de sorte que eu venha a compreender-me de modo total e perene.

2 – A única história de amor que nos complementa é o amor próprio.
Ninguém se complementa no outro. Não raro, o que fazemos é nele projetar as nossas lacunas, fazendo-o escravo das nossas dores e álibi da nossa fraqueza, culpando-o por nossa carência infinita. Estar com o outro para dele algo receber é desconhecer as bases da afetividade mútua.
É necessário que nos amemos a ponto de cortejarmos, secretamente, a nossa própria companhia, enamorados de nós mesmos.

3 – Não é que eu tenha medo de amar. O que temo são desamores disfarçados de afeição.
As pessoas querem demasiadamente um amor. Mas poucos estão preparados para ver, no outro, a beleza do seu sorriso, a força de suas marcas de expressão, a grandeza das entrelinhas daquilo que ele fala.
O que se quer é a desesperada companhia, o prazer carnal, é ver-se aceito no outro. Raros são os que percebem que esse querer, em regra, faz do outro um objeto para a nossa pessoal realização, prova maior do nosso egoísmo.

4 – Passei por metamorfoses e amo como se “metamorfosse
Já passei por muitas crises existenciais. Diversas tiveram por gatilho amores não correspondidos, relacionamentos desfeitos, términos mal alinhavados, coração retalhado, vastidões de vazios. Mas, após passar por tantas metamorfoses, a minha alma ama como se o amor fosse um fim em si mesmo. Como se eu me enamorasse de amar. Como se o meu mar de sentimentos metamorfosse.

E a minha jangada sempre sai pro mar… Esse é o trabalho da minha alma e, como dizia Caymi, “um peixe bom” todos os dias “eu vou trazer”, afinal, a vida só tem propósito para  aquele  que não espera por outro para arquitetar o próprio viver.

10 razões pelas quais as pessoas sarcásticas são mais espertas do que você pensa

10 razões pelas quais as pessoas sarcásticas são mais espertas do que você pensa

Por Margielyn Musser

Algumas pessoas optam pelo sarcasmo como forma de agressão não direta. Outras dizem que ele é uma ferramenta emocional que protege nossos sentimentos. Outras, ainda, dizem que ele é uma forma de insultar e responder à hipocrisia social vigente.

Estudos  mostram que as pessoas sarcásticas são mais espertas do que você pensa. Então, reunimos 10 sólidas razões por que as pessoas sarcásticas são realmente muito inteligentes.

Confira!

1. Elas podem ver através de você

De acordo com Dr. Shaman-Tsoory, que é um psicólogo da Universidade de Haifa, “a compreensão do estado de espírito e das emoções de outras pessoas está relacionada com nossa capacidade de entender o sarcasmo.”

Eles podem ler muito facilmente as pessoas e captar mensagens subliminares em uma conversa e em nossas mensagens corporais.

2. Elas têm cérebros com mais clareza de compreensão

Em um artigo que escreveu Richard Chin para o Smithsonian, ele explicou que o cérebro humano tem que trabalhar mais para entender o sarcasmo. Isso significa que as pessoas que usam sarcasmo, muitas vezes, utilizam mais seus cérebros que você. Compreender o sarcasmo envolve a decodificação de nuances de entonação e contexto da mensagem, a mensagem não é óbvia.

3. Elas são grandes solucionadoras de problemas

Em um artigo muito similar, Richard Chin afirma que o sarcasmo também nos ajuda com nossas habilidades de resolução de problemas criativos.

4. Elas são equipadas com habilidades sociais fundamentais para a sociedade de hoje

É dito por John Haiman, um linguista da Macalaster College, que o sarcasmo é praticamente o principal idioma na sociedade de hoje. Normalmente as pessoas sarcásticas vão se manter na conversa, fazer comentários que nem todos entendem, enquanto aparentam rir do que os outros riem… Mas a verdade está longe de ser essa.

5. Elas não só têm grandes mentes, eles também são calejadas!

Pessoas sarcásticas são inteligentes o suficiente para não levar tudo a sério. Isso significa que elas não explodem em lágrimas quando você as provoca  depois de umas cervejas. Elas podem bater, bem como apanhar, mas você raramente vai encontrá-las se fazendo de vítimas da situação. A pessoa sarcástica sabe bem que ninguém gosta de vítimas.

6. Elas têm cérebros mais saudáveis

De acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, na fala da neurocientista Katherine Rankin, a falta de capacidade de captar o sarcasmo pode ser um sinal de alerta precoce de danos cerebrais. Esse dado foi encontrado em um estudo em que indivíduos com demência fronto-temporal tiveram dificuldade em entender sarcasmo.

7. Elas fazem de seus amigos, e outras pessoas próximas, seres também mais inteligentes

Devido à sua maneira constante de comunicação, as pessoas sarcásticas afetam os cérebros de pessoas ao seu redor. Existem três fases que nossos cérebros precisam ultrapassar para entender a ironia. Se você tem um amigo usando de sarcasmo enquanto assiste TV, dirige, ou mesmo faz compras, você certamente terá seu cérebro mais estimulado. Eles estão te fazendo um favor, então não se esqueça de lhes agradecer. 😉

8. Elas nunca se enrolam em uma conversa

Elas são excelentes em “guerras emocionais”. Se você já esteve em uma discussão com uma pessoa sarcástica, há provavelmente uma cicatriz costurada em seu coração por causa do que ela disse. A capacidade de identificar muito dos sentimentos do outro fornece à pessoa sarcástica grandes armas de agressão em momentos delicados e, se não houver contenção, em uma discussão , algumas cicatrizes podem ser criadas.

9. Eles podem te insultar e ainda te fazer rir

Elas podem fazer alguém rir em voz alta de uma observação e essa pessoa só perceber que foi insultada depois . Se você ainda não experimentou isso, preste mais atenção.

10. Elas têm amigos que realmente as amam

Elas sabem que seus amigos são realmente seus amigos, porque só amigos afins lidam com tais sarcasmos diariamente sem perder a compostura. Mais do que isso, provavelmente todos eles possuem traços de personalidade sarcásticos trocando comentários em bandejas de prata. É um passatempo divertido para eles, como jogar beisebol.

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Photo credit: Nerd- Νick Perrone via flickr.com

“Eu quero descansar no teu peito o cansaço dessa vida…”

“Eu quero descansar no teu peito o cansaço dessa vida…”

Por Patrícia Pinheiro

Tem um trecho de uma música da Canto Dos Malditos Na Terra Do Nunca que diz: “Eu quero descansar no teu peito o cansaço dessa vida e o peso de ter que ser alguém.”E não é isso que todos procuramos em um relacionamento? Além, é claro, de buscarmos alguém que seja nosso parceiro para enfrentar as durezas do dia a dia, que seja cúmplice e felicidade dobrada nos momentos de alegria, não estamos, na maioria das vezes, sedentos por uma fonte de acalento; por um peito que seja abrigo para o extravaso das dores que já não couberem no nosso?

Não é que a gente vá criar uma espécie de dependência e fazer do outro nossa única fonte de felicidade e calmaria: é preciso que saibamos que estas vêm, antes de tudo, de nós mesmos. Aqueles que caminham ao nosso lado assistem, auxiliam, bagunçam, potencializam, mas ninguém além de nós mesmos deveria ser o protagonista da nossa própria felicidade.

Porém, todos precisamos, em algum momento, de um lugar pra descansar. Todos precisamos de alguém que nos ajude a organizar mentalmente os pedacinhos dos nossos sonhos quando eles forem, mais uma vez, triturados pelo mundo. Todos precisamos de alguém que assuma o controle enquanto estivermos ocupados descobrindo como recuperar o nosso. Todos precisamos de uma presença que, ainda que silenciosa, nos distraia e alivie um pouco do sufoco que é ser alguém.

Somos todos cansados, macerados, sobrecarregados e precisamos, vez ou outra, abandonar a postura – e a certa frieza – que adotamos para sobreviver e fazer alguém cúmplice das nossas fraquezas. A gente para de se esforçar e deixa todo o cansaço da mesmice, a revolta com as injustiças, as saudades colecionadas e sufocadas, o medo do fracasso e o peso das responsabilidades vir à tona para depois seguir em frente, mais leves ou não, mas com a sanidade preservada pela vasão daquilo que nos afoga aos poucos.

Em um mundo que constantemente nos exaure das mais diversas formas, felizes daqueles capazes de manter cumplicidade e devoção suficientes para se fazerem fonte de abrigo e serenidade um do outro; felizes daqueles que encontraram seu descanso.

7 coisas que você deve parar de esperar com relação aos outros

7 coisas que você deve parar de esperar com relação aos outros

Por MARC CHERNOFF

As maiores decepções que sofremos são frequentemente o resultado de um direcionamento inapropriado de expectativas. Isso é especialmente verdadeiro, quando o assunto são os nossos relacionamentos e interações pessoais.
Quando percebemos melhor o quanto de expectativas infundadas costumam preencher nossas rotinas, podemos diminuir significativamente sentimentos negativos desnecessários como a frustração.
O que significa que é hora de …

1. Parar de esperar que as pessoas concordem com você.

Não deixe que a opinião dos outros faça com que você se esqueça do que existe de mais importante em sua vida. Não estamos neste mundo para viver de acordo com as expectativas dos outros, e você também não deve esperar que os outros vivam de acordo com as suas expectativas. Na verdade, quanto mais você assumir e aprovar as suas próprias escolhas, menos precisará da aprovação dos outros.

Não se compare aos outros. Não desanime por observar o progresso ou sucesso de pessoas de fora. É preciso seguir o seu próprio caminho e permanecer fiel ao seu propósito. Ter sucesso nada mais é do que administrar a sua vida ao seu modo, sendo feliz a sua maneira, e percebendo seus próprios avanços.

2. Parar de esperar que os outros o respeitem mais do que você mesmo se respeita

A verdadeira força está na alma, não nos músculos. É preciso ter ciência e acreditar naquilo que você verdadeiramente é, e agir de modo condizente com esse entendimento.

É necessário olhar-se no espelho e dizer: “Eu me quero bem e de agora em diante eu vou tratar-me com amor.” É importante ser gentil com os outros, mas, é ainda mais importante ser bom para si mesmo. Quando você tem autoestima e se respeita, você dá a si mesmo a oportunidade de ser feliz. Quando você está feliz, você se torna um amigo melhor, um melhor membro da família: uma pessoa melhor.

3. Parar de esperar (e de necessitar) que os outros gostem de você.

Você pode se sentir indesejado e indigno de uma pessoa, ,lembre-se de que você é inestimável para diversas outras. Nunca se esqueça do seu valor. Passe algum tempo com aqueles que você valoriza. Não importa o quanto você é bom para as pessoas, sempre haverá uma pessoa negativa que fará de tudo para destruir sua autoestima. A melhor coisa a fazer é ignorar e seguir adiante.

Nesse mundo insano em que vivemos, a batalha mais difícil é aquela que você trava cotidianamente consigo mesmo. Ser original e ser autêntico tem o seu preço, e nem todos vão gostar de você. Talvez alguns digam que você é “diferente”. Nisso não existe lógica alguma. Muitos o odiarão e tantos outros te amarão pelos mesmos motivos.

4. Parar de esperar que as pessoas sejam como você imaginou que elas fossem

Amar e respeitar os outros significa permitir que elas sejam eles mesmos. Quando você parar de esperar que as pessoas sejam de uma certa maneira, você pode começar a apreciá-las.
Pouco realmente sabemos da maioria das pessoas e, desse pouco, certamente grande parte ainda é parte do nosso imaginário e não propriamente daquilo que elas de fato são.
Todo humano tem algo notável e infinitamente belo, e você só tem um par precário de olhos para enxergá-lo. Conhecer o outro leva, tempo… Quanto mais você conhecer alguém, quanto mais você será capaz de olhar além de sua aparência e ver a sua verdadeira beleza.

 

5 – Parar de esperar que eles saibam o que você está pensando

As pessoas não podem ler mentes. Eles nunca vão saber como você se sente, a menos que você diga a elas. Seu chefe? Sim, ele não sabe que você está esperando por uma promoção, porque você não lhe disse nada. E aquele bonito rapaz ou moça com quem você não falou em razão da sua timidez? A outra pessoa vai adivinhar a sua admiração e o seu encantamento? Obviamente, não.
Na vida, você tem que se comunicar com os outros regularmente e de forma eficaz. E, muitas vezes, você tem que tomar a iniciativa e falar as primeiras palavras. Você tem que dizer às pessoas o que você está pensando.

6. Parar de esperar que o outro mude

Se há um comportamento específico por parte de alguém de quem gosta, e que você espera que isso mude ao longo do tempo, saiba que provavelmente nada mudará. Se você realmente necessita dessa mudança, é necessário ser honesto e colocar todas as cartas na mesa para que o outro tenha conhecimento do que está acontecendo.
Na maior parte das vezes, porém, você não pode e nem deve tentar mudar as pessoas. Ou você aceita cada qual como ele é, ou terá que aprender a viver sem eles. Isso pode parecer duro, mas não é. Quando você tenta mudar as pessoas, muitas vezes, elas permanecem as mesmas, mas quando você não tenta mudá-las – quando você as apoia e lhe dá a liberdade de serem como elas são – a mudança, se vier, será gradual e ainda mais bonita.

7. Parar de esperar que eles estejam sempre bem.

Uma dica: seja mais amável do que necessário, pois, todas as pessoas que você encontra pela vida estão passando por algum tipo de batalha interior, assim como você. Cada sorriso ou sinal de força do outro, talvez oculte uma luta interior tão complexa e extraordinária como a que você hoje vivencia.
Apoiar e ajudar outras pessoas é uma das maiores recompensas da vida. Isso acontece naturalmente, porque todos nós compartilhamos sonhos, necessidades e lutas muito parecidos. Uma vez que aceitamos isso, o mundo passa a ser um lugar onde podemos olhar alguém nos olhos e dizer: “Eu me sinto perdido no momento,” e eles podem acenar com a cabeça e dizer: “Eu também”, e isso será normal. Por que não estar bem o tempo todo é algo perfeitamente humano.

Para finalizar

As pessoas raramente se comportarão exatamente do jeito que você previu. O melhor a fazer é nutrir esperança pelo melhor, mas estar preparado para toda e qualquer acontecimento. Afinal, a magnitude de sua felicidade é diretamente proporcional aos seus pensamentos, e é você quem deve escolher o quê e como pensar sobre todas as coisas. Mesmo que uma situação ou relacionamento não seja exatamente como você esperava, não se esqueça de que tudo o que vivemos nos faz sentir algo novo e nos ensina, sempre, novas verdades.

Do original: 7 Things You Should Stop Expecting from Others

Traduzido e adaptado exclusivamente para a Conti outra.

Educação de hoje adia fim da adolescência

Educação de hoje adia fim da adolescência

Por Rosely Sayão

Há pouco tempo, recebi uma mensagem que me provocou uma boa reflexão. O interessante é que não foi o conteúdo dela que fisgou minha atenção, e sim sua primeira linha, em que os remetentes se identificavam. Para ser bem clara, vou reproduzi-la: “Somos dois adolescentes, com 21 e 23 anos…”

Minha primeira reação foi sorrir: agora, os jovens acreditam que a adolescência se estende até, pelo menos, os 23 anos?! Mas, em seguida, eu me dei conta do mais importante dessa história: a criança pode ser criança quando é tratada como tal, e o mesmo acontece com o adolescente. E, se dois jovens adultos se vêem como adolescentes, é porque, de alguma maneira, contribuímos para tanto.

A adolescência tinha época certa para começar até um tempo atrás, ou seja, com a puberdade, época das grandes mudanças físicas. E terminar também: era quando o adolescente, finalmente, assumia total responsabilidade sobre sua vida e tornava-se adulto. Agora, as crianças já começam a se comportar e a se sentir como adolescentes muito tempo antes de a puberdade se manifestar e, pelo jeito, continuam se comportando e vivendo assim por muito mais tempo. Qual a parcela de responsabilidade dos adultos e educadores?

Pais e professores, quando educam, visam à conquista da autonomia e não podem perder de vista esse objetivo. Assim, ensinar uma criança pequena a se calçar sozinha, por exemplo, é apenas uma parte do processo educativo que supõe que, assim que possível, ela caminhe com seus próprios passos. É claro que isso não acontece de uma hora para outra, mas em etapas. Mas há de chegar o dia em que ela vai escolher os sapatos que vai calçar, quem sabe comprá-los com dinheiro fruto de seu trabalho, vai usá-los para andar por onde quiser e vai ter de se responsabilizar por suas escolhas. Isso é ser adulto.

Qual a diferença em relação ao adolescente? Justamente essa: o adolescente ainda está a caminho de ter autonomia sobre sua vida. Os pais, mesmo que à distância e discretamente, ainda tutelam os passos do filho adolescente -e não sem razão. É que, para os adolescentes, ainda é prioritário e natural pensar primeiro no tempo presente, no prazer, na diversão e só depois- às vezes, tarde demais- nas consequências que suas atitudes e comportamentos podem provocar.

É difícil tornar-se responsável por tudo? Sem dúvida é, e os adultos sabem muito bem disso. Mas há ganhos, pelo menos em relação à vida dos adolescentes: o da liberdade possível e o da independência, por exemplo. E, certamente, um adulto que se considera adolescente aos 23 anos não deve sentir-se responsável por sua vida. O que ele talvez não saiba é que isso o impede de ser independente.

Hoje, por conta de diversos fatores, muitos pais agem de modo confuso, mas sempre em nome da educação para a autonomia. Garotas e garotos de 12 a 15 anos são liberados para frequentar festas noturnas quase sem limites de horário e sem adultos por perto, mas, em compensação, não têm autonomia para administrar sozinhos a vida escolar, porque os pais esperam determinados resultados e, para tanto, precisam verificar se o filho cumpre o que desejam. Professores universitários tratam seus alunos como adolescentes incapazes de discernir direitos de deveres e, depois, reclamam da falta de interesse deles pelo conhecimento.

Exemplos desses não faltam numa sociedade que trata seus cidadãos de modo infantilizado e os faz acreditar -e muitos acreditam- que isso é feito pelo bem-estar deles. Por isso é bom que os pais e educadores pensem com carinho na educação que praticam. Para que crianças e adolescentes atinjam a vida adulta, é preciso que sejam tratados de modo coerente e sejam responsabilizados, pouco a pouco, por aquilo com que são capazes de arcar. Afinal, a adolescência tem de terminar.

Rosely Sayão (psicóloga e consultora em Educação), in Folha de São Paulo

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