A entrega necessária

A entrega necessária

Por Patrícia Dantas

É preciso enlouquecer um pouco para encontrar a comoção das palavras. Dito isto, elas já se encontram rendidas nas mãos, porque talvez esperassem por alguém que as entendessem na raiz de palavras que dão vida e também apagam vidas. É a necessidade exata de como gostariam de ser ditas e de como sairiam respingadas de pura saliva da existência da nossa boca. É fantasioso e urgente que se diga, passando por elas, arfando no seu ritmo de total desprendimento da consciência.

Tenho que enlouquecer mesmo para colocar os pingos no is. E quem não sente que tem que provar um pouco dessa loucura todos os dias, ao menos por algum instante na vida? Ou será que eles – esses pingos já tão arredios pelas tormentas da loucura que tenta libertá-los – já não são tão passivos assim e podem se espalhar a qualquer momento, num imprevisto, para se refazerem em casa alheia, não somente em seu solo sagrado recanto de sempre?

Elas, as santíssimas e ao mesmo tempo endemoniadas palavras, necessitam estar onde caminha nossa loucura – ora compulsiva, ora dormente, ora inconsciente, ora a parte nossa mais pueril e fiel conselheira esperta e invisível. Com essa forma breve de me expressar – um tanto sutil -, por falar de uma loucura quase acertada que se faz de infinitudes, incompletudes e impaciências – mas tão urgentemente necessária! Vou tecendo, tecendo não sei o quê de atos e ficções de uma vivência tão minha – e às vezes descubro que também é alheia – que permeia cada fio inventado, meras ilusões e labirintos que fazem sentido de vez em quando.

O quê, de mais proporcional dessa loucura já tão arraigada, é uma parte mínima completa de mim e dos outros, do meu semelhante que está por perto ou me toca sem o saber, mas não pode ser um toque leve, é que ele – esse toque um tanto revelador – não existiria, por ser de um instinto tão transitório, incoerente e absurdo em suas formas de expressão com todas as palavras que saem em reboliço do emaranhado mente-imaginação-mente. Nada das obviedades que estamos acostumados a nos equilibrar: para onde, para quê, não olhe, não pare, não toque!

Verdades doloridas e absurdas podem até nos tocar além do que podemos suportar, mas é de um tempo sublime para saber o que sentimos que estamos mais necessitados; de saber ao certo por que paramos, para onde vamos, o que devemos fazer a cada pausa, mesmo diante do mais desconcertante. Se as tais respostas não vierem até nós, persistirão as interrogações arredias querendo tomar um corpo demarcado pela tensão do não entendimento, do não saber para que serve tudo isso que está diante de nós, em que pode ser útil e verdadeiro em seu estado mais puro.

Tudo me parece aleatório, vindo tão intensamente, sem saber ser dito em uma linha lógica que separa e estrutura ideias num ato continuo. Parece também que, de alguma forma falou de algo que sabemos tocar bem intimamente, em seu jeito nada usual de me colocar em estado de expressar algo tão inexpressível. Diria que essa conversa meio torpe veio sobretudo do meu encantamento pelas invenções que se criam de mim por toda parte: minha loucura desacertada e sem hora marcada.

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O cinema não poupa exemplos de casos de rompimento com amarras sociais e internais. Se no texto falamos da entrega a loucura da escrita, nas imagena ilustrativas, temos cenas do filme Thelma e Louise, duas mulheres que saem pelo mundo em busca de uma segunda chance.

A empatia nos faz maiores que o medo de amar

A  empatia nos faz maiores que o medo de amar

Por Nara Rúbia Ribeiro

Eu nasci num lar cristão meio católico, meio evangélico – que depois decidiu-se evangélico. Aos 11 anos, consegui uma autorização especial para cursar um seminário da igreja a que eu frequentava. Aos 15, eu me formei. As ideias que me foram transmitidas eram o mais conservadoras possível, especialmente quanto ao sexo.

Para que tenhamos uma ideia do nível de conservadorismo, o meu primeiro beijo foi aos 18 anos, quando já cursava o segundo ano de Direito. Séria, austera, meio morta e sem graça. A vida era uma ordem a que eu obedecia sem questionamentos e cuja mínima inobservância me custava noites de insônia, de culpa e de lágrimas.

O tempo passou. Eu me dediquei ao Direito e ao estudo de religiões cristãs e não cristãs, na intenção de delas colher a melhor das essências.

E agora estava eu ali, em pleno sábado, após receber a ligação de uma conhecida para tomarmos um suco, num shopping do centro da cidade. No meio da conversa, noto que a moça estava sem jeito. Fala entrecortada, voz vacilante, mal me olhava. Tremia. Esse nervosismo deixou-me ansiosa, à espera de algum mal que ela me quisesse revelar.

Foi assim que aquela jovem, alguns anos mais moça que eu, bonita, inteligente, educada, baixou os olhos e me disse:

– Eu queria dizer que eu amo você.

Nesse momento, todo o meu passado me veio à tona. Seminário. Regras. A dita “abominação das relações homoafetivas”. E me veio à mente o inferno que o pastor sempre descrevia com esmero. A dor do “pecado original”… Mil regras e mil dogmas… Mas, num lapso, compreendi: o meu coração já havia sido curado de um mal terrível e isso me foi libertador.

Eu olhei nos olhos daquela menina. Ainda mais menina que eu. Tão humana quanto eu. Tão carente de afeto e de aceitação e de afago quanto eu, segurei a sua mão e disse:

– Minha querida, sinto-me lisonjeada por seu carinho, por sua afeição. Infelizmente não posso lhe retribuir com o afeto da mesma natureza, pois a minha sexualidade tem outra inclinação. Mas eu aceito o seu amor como quem recebe uma dádiva sem preço. E espero que aceite, em troca, a infinita ternura da minha amizade, a parte mais nobre da minha alma.

Ela chorou, emocionada. Eu fiquei alarmada com o que eu mesma disse e gritei, no silêncio do meu coração: O estudo cura a homofobia. A meditação cura a homofobia. A análise e a compreensão do mundo curam a homofobia. A empatia não só cura como previne a homofobia.

Eu a abracei e fomos olhar sapatos. Ela nunca mais tocou neste assunto e sei que, embora tenha um relacionamento, ela me ama. E eu também a amo. Porque o amor é amor e a sexualidade é só um de seus aspectos. E se não posso lhe ofertar um amor sensual, oferto os meu mais profundo desejo de que o mundo possa compreendê-la e amá-la assim como eu a compreendo e a amo.

Para que cada um, ao aceitar-se, possa de si ofertar aquilo que há de melhor.

A importância da Psicoterapia para Graduandos de Psicologia e Recém-formados

A importância da Psicoterapia para Graduandos de Psicologia e Recém-formados

Por Juliana Pereira dos Santos e Marcela Alice Bianco

Os alunos que iniciam o curso de Psicologia, interessam-se significativamente pela Psicologia Clínica. A fantasia de poder penetrar e conhecer o outro para ajudá-lo em suas dores seduz a grande maioria dos ingressantes no curso. Porém, mais cedo ou mais tarde a graduação colocará diante do aluno uma questão bastante importante para seu crescimento e formação: a psicoterapia pessoal.

Já no início das aulas, haverá professores que certamente comentarão sobre a importância da psicoterapia. Alguns alunos, serão mais receptivos e se interessarão logo em procurar um profissional que lhes possa ajudar. Outros, adiarão esta escolha para mais próximo do final do curso. E há quem se formará com o desejo ardente de abrir o próprio consultório, sem nunca ter passado pela experiência de ter se sentado na poltrona de paciente.

Os conteúdos do curso de Psicologia, somados ao contato com pacientes ao longo dos estágios obrigatórios são carregados de carga emocional e, não raro, causam no aluno vivências de ansiedade, angústia, conflitos, tristeza, dúvida, impotência e tantas outras questões que, pouco a pouco, se associarão à história de vida de cada um. Neste período, não bastará apenas aproveitar dos modelos profissionais proporcionados pelo corpo docente e supervisores. A psicoterapia será primordial, tanto para oportunizar o contato e a aprendizagem com as próprias fraquezas e dificuldades, quanto para já ir formando uma postura clínica que facilitará, desde já, o seu trabalho com os pacientes, pessoas ou instituições que se lhe apresentarão.

Na Psicologia, formação pessoal e profissional estão intimamente associadas. O desafio da formação de Psicólogo é fazer com que, a atenção para com o autocuidado seja uma busca espontânea e constante. Pensar na terapia pessoal como um valor e não como uma imposição faz com que o aluno ganhe postura profissional, satisfação e segurança, já que para realizar bem um trabalho, é imprescindível que acreditemos em sua importância e eficácia.

A atitude clínica do psicólogo é uma experiência subjetiva que se inicia ainda na graduação e se desenvolve ao longo dos atendimentos, seguindo por toda a vida. A qualidade da formação será medida pela soma do conhecimento teórico, das supervisões e da psicoterapia pessoal, já que os conhecimentos só poderão ser internalizados e processados através contato com o próprio mundo interno e através da utilização dos próprios recursos pessoais na investigação e compreensão dos processos psíquicos. Portanto, a psicoterapia constitui-se como um espaço privilegiado de aprendizagem.

Para C. G. Jung, a relação que se desenvolve entre paciente e terapeuta deve ocorrer dentro de um método dialético, o que implica na inclusão da personalidade do profissional no diálogo analítico sendo esta, parte essencial da instrumentação para a realização do trabalho. Assim, realizar a psicoterapia pessoal torna-se um compromisso ético, que evita que contaminemos o processo com nossos conteúdos inconscientes, atuando contransferencialmente com nossos pacientes.

Há de se considerar que o profissional escolhido para a psicoterapia poderá, alguma vez, apresentar-se falho. Esta experiência será também de grande valia para o aluno em formação. Na psicoterapia são abordados temas dos mais variados: fases transitórias, mudanças de vida, doenças psíquicas, problemas matrimoniais, conflitos familiares, adaptação a novas situações de vida como: aposentadoria, adoecimento, fracasso profissional, e muitas outras demandas. Além de poder escolher o seu jeito de ser psicólogo através dos modelos de referência, o aluno reforçará o senso de responsabilidade e compromisso com a consciência ainda maior de que profissionais mal formados ou que não promovem o seu próprio autocuidado constantemente podem agravar os sintomas e conflitos, caso tratem de modo inadequado ou despreparado as demandas que se lhe apresentam.

Para Guggenbuhl-Craig, “os homens só caem em desgraça porque perderam o contato com o inconsciente ou porque não se conhecem plenamente“. O mesmo ocorre para com os profissionais que não buscam o autoconhecimento e a supervisão clínica. Incorrem no risco de permanecerem inconscientes de suas próprias problemáticas e se tornarem verdadeiros charlatões ou fracassem na profissão.

Quem experimentar a psicoterapia, poderá conhecer os principais problemas de sua personalidade, e assim, compreender como estes foram elaborados. Também terá a percepção de que o contato com seu self verdadeiro foi retomado, e ganha agora, através do caminho de conscientização, novas possibilidades de expressão e articulação.

Ser psicoterapeuta é um dom profundo. Ajudar as pessoas a se conhecerem e a tomarem posse de si mesmas é algo que só alcançamos através de uma postura séria de verdadeira humildade. Sem um compromisso de auto crescimento e conhecimento, não se poderá alcançar tal tarefa. As tantas dores que chegam nos consultórios, por si, já justificariam a necessidade de maior conscientização do futuro psicólogo a respeito de seu autocuidado e sua implicação na qualidade da sua formação e após, na sua vida profissional.

Afinal, se eu posso olhar para as minhas feridas e tentar alcançar uma cura, estou mais bem preparado para ajudar os outros a olharem para as próprias feridas e tentarem alcançar uma cura. Nunca podemos ir com os outros além do ponto onde já fomos sozinhos. Não estou dizendo que apenas um cavalo pode julgar uma apresentação de cavalos, mas, com certeza, é muito útil conhecer algo sobre cavalos antes de julgá-los.” (Gregg M. Futh)

Assim, é preciso que o terapeuta saia de seu papel de curador, para encontrar o ferido dentro em si. Desta forma, será capaz de também reconhecer suas próprias forças curativas e por consequência, estará mais apto a desenvolver uma relação dialética e dinâmica com seus pacientes, despertando nestes o potencial de cura necessários à transformação.

Bibliografia:

CALLIGARIS, C. Cartas a um jovem terapeuta: Reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

GROESBECK, C. J A imagem arquetípica do médico ferido. Revista Junguiana, São Paulo, v.1, p. 72-96, 1983.

GUGGENBÜHL-CRAIG, A. O abuso do poder na psicoterapia e na medicina, serviço social, sacerdócio e magistério. Rio de Janeiro: Achiamé, 1978/2.

JACOBY, M. O encontro analítico: Transferência e relacionamento humano. São Paulo: Cultrix, 1984.

JUNG, C. G. A prática da Psicoterapia: Contribuições ao problema da psicoterapia e à psicologia da transferência. In Obras Completas. 7ª Edição.  Petrópolis: Vozes, [1971], 2011, v. XVI/1.

Autoras:

contioutra.com - A importância da Psicoterapia para Graduandos de Psicologia e Recém-formadosMarcela Alice Bianco – colunista Conti outra

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Junguiana formada pela UFSCar. Especialista em Psicoterapia de Abordagem Junguiana associada à Técnicas de Trabalho Corporal pelo Sedes Sapientiae. CRP: 06/77338

 

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Juliana Pereira dos Santos – Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica Junguiana. Aprimoranda em Psicopatologia e Psicologia Simbólica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching. CRP: 06/ 108582

Sobre urubus e beija flores, Rubem Alves

Sobre urubus e beija flores, Rubem Alves

Eu estava terminando a leitura de um artigo científico. De vez em quando é bom ler ciência. A gente fica mais sabido. Tudo explicadinho. No final das contas, tudo se deve a esse gigantesco infinitamente pequeno disquete que existe dentro das células do corpo chamado DNA. Nele está gravado o nosso destino. Antes de existir, eu já estava “programado” inteiro: a cor dos meus olhos, as linhas do meu rosto, a minha altura, os cabelos brancos precoces, o seu adeus que nada consegue evitar, o sexo. Dizem alguns que lá está até um relógio que marca quantos anos eu vou viver. E é implacável: o que a natureza põe, não há homem que disponha.

Programa mais complicado que o DNA não existe. Tudo tem de acontecer direitinho, na ordem certa. E quase sempre acontece. Quase sempre… Vez por outra uma coisinha não acontece segundo o programado. E o resultado é uma coisa diferente. Assim aparecem os daltônicos, que não vêem as cores do jeito como a maioria vê. Ou o canhoto, que tem de tocar violão ao contrário. De vez em quando, uma criança com síndrome de Down. E quem não me garante que Mozart não foi também um equívoco do DNA? Pelo que sei, a receita não se repetiu até hoje…

O artigo prosseguia para mostrar que é assim que, vez por outra, aparecem pessoas com uma sensibilidade sexual diferente: os homossexuais. Tudo aconteceu lá no DNA: um relezinho que funcionou de maneira não programada. Primeiro, caiu o relê que determina o sexo, se vai ser homem ou mulher. Depois, o relê que determina os caracteres secundários, que fazem a “imagem” do homem e da mulher. Por fim, o relê que determina o objeto que vai disparar as reações químicas e hidráulicas necessárias para o ato sexual. Esse objeto é uma imagem. Nos heterossexuais, é a imagem de uma mulher. Nas mulheres heterossexuais, é a imagem de um homem que faz o seu corpo estremecer.

Acontece, entretanto, que por vezes esse último relê não funciona e a pessoa fica ligada à imagem do seu próprio sexo. A imagem que vai como­ver seu corpo é uma imagem semelhante à sua. E isso que é ser homossexual. O homossexualismo é uma condição estética.

Tudo por obra do DNA. Nada tem a ver com educação, com a mãe ou com o pai. Ninguém é culpado, pois culpa só pode existir quando existe uma escolha. Mas ninguém escolheu. Foi o DNA que fez. E nem pode ser pecado. Pois pecado só existe onde existe culpa. E nem pode ser curado, pois o que a natureza fez não pode ser desfeito.

E foi nesse momento eu estava meditando sobre essas coisas que fogem à compreensão dos homens, como a origem do DNA, o processo pelo qual ele foi estabelecido, se por acidente, se por tentativa e erro, se por obra de algum programador invisível — que uma coisa estranha aconteceu: um barulho como eu nunca ouvira, no meu jardim. Tirei os olhos do artigo, olhei através do vidro da janela e o que vi — inacreditável — um urubu, sim um urubu, batendo furiosamente as asas como se fosse um beija-flor, diante de uma flor de alamanda sugando o melzinho. Achei que estava tendo alucinação, mas não. Era verdade. O urubu, ao ver meu espanto, pousou no galho de uma árvore de sândalo e começou a se explicar, do jeito mesmo que acontecia.

Sofro muito. Nasci diferente. Urubu, todo mundo sabe, gosta de carniça. Basta que se anuncie carcaça de algum cavalo morto, os olhos dos urubu ficam brilhando, a saliva escorre pelos cantos do bicos, a língua fica de fora — e lá vão eles churrasquear. Urubu acha carniça coisa fina, manjar divino! Eles não a trocariam por uma flor de alamanda por nada nesse mundo!

Mas eu nasci diferente. Meus pais, coitado morreram de vergonha quando ficaram sabendo que eu, às escondidas, sugava o mel das flores. Compreensível. O sonho de todo pai é ter um filho normal, isto é, igual a todos. Urubu normal gosta de carniça. Eu não gostava. Era anormal. Fiquei sendo objeto de zombaria. Na escola, logo descobriram minhas preferências alimentares. E impossível esconder. Se todo o mundo está comendo carniça e você não come, que explicação você pode dar?

Aí meus pais começaram a sofrer, pensando que eu era assim por causa de alguma coisa errada que tinham feito na minha educação.

 

Me mandaram para o padre. Severo, ele abriu um livro sagrado e disse que Deus, o Grande Urubu, estabelecera que carniça é o manjar divino. Urubu, por natureza e por vontade divina, tem de comer carniça. Chupar mel é contra a natureza. Urubu que chupa mel de flor está em pecado mortal. Ter­minou dizendo que eu iria para o inferno se não mudasse meus hábitos alimentares. E me deu, como penitência, participar de cinco churrascos.

Saí de lá me sentindo o mais miserável dos pecadores. Mas o medo não foi capaz de mudar o meu amor pelas flores. Não cumpri a penitência. Meus pais me mandaram, então, para um psicanalista que cobrava R$120,00 por sessão. Todos os sacrifícios são válidos para fazer o filho ficar normal. A análise durou vários anos. Ao final, fui informado que eu gostava de mel porque odiava meu pai, a quem eu queria matar, para ficar sozinho com a minha mãe. Aí, além de pecador, passei a sofrer a maldição de Édipo. Continuei a gostar do mel da flores. Por isso estou aqui, no seu jardim”.

Houve um momento de silêncio e eu vi o que nunca havia visto: um urubu chorando. Notei que sua lágrimas não eram diferentes das minhas. Aí ele continuou:

Gosto das flores. Não quero gostar de carniça. Não quero ficar igual aos outros. Só tenho um desejo: gostaria de não ter vergonha, gostaria que não zombassem de mim, chamando-me de ‘beija flor’, eu não sou beija-flor. Sou um urubu. Eu gostaria de ter amigos…

O que me dói não é a minha preferência alimentar, pois não fui eu quem me fiz assim. O que me dói é minha solidão. Gosto de flores por culpa do DNA. Mas a minha solidão é por culpa dos outros urubus, que poderiam ser meus amigos”. Ditas essas palavras, ele se despediu e voou par uma alamanda do jardim vizinho.

E eu fiquei a pensar que o mundo seria mais feliz se todos pudessem se alimentar do que gostam, sem ter de se esconder ou se explicar. Afinal ninguém é culpado por aquilo que a natureza faz ou deixou de fazer.

Rubem Alves, no livro “A grande arte de ser feliz”

Indicação de nossos parceiros  Psique em Equilíbrio Psicologia Clínica no Facebook 

Conheçam o Instituto Rubem Alves e participem de seus projetos.

Dica de livro: Sete Vezes Rubem (Fruto do trabalho de uma década, esta obra reúne sete livros de Rubem Alves publicados pela Papirus entre 1996 e 2005.)

“Dia desses, ainda viro mar”

“Dia desses, ainda viro mar”

Por Josie Conti

“Há uma santidade nas lágrimas. Não são marcas de fraqueza, mas de força. São mensageiras da dor incontrolável e de amor indescritível.” Washington Irving

Daqui, ando com um choro pouco religioso. Meu choro é calado, mora apertado no peito. Tem momentos que eu o sinto revirando-se desajeitado, procurando um lugar mais confortável para ficar. Porém não escorre. É choro acrobata, conhece a complexidade da vida, contorce-se, mas não fica onde deveria estar e não encontra o caminho do rio onde as lágrimas vão de encontro ao sol.

Somos amigos antigos e ele se lembra de cada dia em que a vida o fez pulsar e aumentar seu volume. Ele é sensível, é poeta que rima dentro de mim.

Às vezes luto para que ele se vá, encontre as portas do olhar que lhe abrirão horizontes, mas meu choro é confuso, teme o abismo da liberdade que a expressão do sentimento proporciona.

Ah, choro carente, não percebe que sua gota é semente, que seu sal é força e que sua queda pode ser voo?

Mas hei de me programar e guia de um choro perdido serei. E chorarei. Por três dias e três noites em tempestade e calmaria. Até que a pressão termine, até que o coração se acalme, até que a vida se lembre que ser sensível para fora também é uma opção.

Um dia desses, ainda viro mar.

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Quero ser bonita? Não, quero ser forte!

Quero ser bonita? Não, quero ser forte!

…Eu não quero ser bonita, quero ser forte. Mesmo que todo o meu mundo desmorone, que eu possa encontrar em mim a força para seguir adiante. Quero chamar a atenção por ser extrovertida. Quero que me sigam porque sou uma boa líder. Que se recordem de mim por eu ser espirituosa, por ser independente. Que quando eu me vá, que se recordem do que eu disse, do que eu fiz bem feito, de como eu me movia. Não apenas por ser bonita, mas por ser quem eu realmente sou.

Que se lembrem de mim não pelas coisas que acumulei, mas por eu ter defendido as minhas ideias, os meus valores , minha integridade . Que, apesar de todas as minhas quedas , lembrem-se que eu sempre achei um caminho de volta para retomar o meu voo.

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Para que suas filhas aprendessem desde pequenas e passassem intocáveis por um mundo cheio de preconceitos e críticas, Kate T. Parker, um fotógrafa profissional começou a retratá-las em seus momentos de alegria e diversão eternizando sua infância para o  futuro. Assim elas poderiam se lembram do quanto a vida é bela quando os sorrisos não estão ocultos: ensinando-as a serem elas mesmas como única forma de se destacar e se sentir bem.

São imagens que inspiram força dentro da desordem, das imperfeições.

“Creio que é sumamente importante fazer com que nossas filhas e outras mulheres percebam que a beleza não são poses em que aparentam ser perfeitas e sim que a beleza aparece na celebração da vida, em lidar com os golpes, as contusões, as imperfeições. Todos recebemos mensagens da mídia que nos dizem que temos que ser bonitas, eu quero ensinar as mulhres e minhas filhas que o mais bonito é ser você mesma.” Kate T. Parker

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A série de fotografia se chama, “Strong is the New Pretty” ( Força é a nova beleza) e nelas vemos as filhas de Parker, de 6 e 9 anos divertindo-se com suas amigas. Entre bolas de basquete, piscinas ou mesmo dançando na chuva com a boca aberta, elas mostram como é possível sentir cada dia como novo e cheio de possibilidades. Eternamente crianças.

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Referências: MyModernMetToday – Cultura Colectiva

Decisão poética: Índia proibe encarceramento de pássaros

Decisão poética: Índia proibe encarceramento de pássaros

“Tenho claro em minha mente que todos os pássaros têm os direitos fundamentais de voar nos céus e que os seres humanos não têm o direito de mantê-los presos em gaiolas para satisfazer os seus propósitos egoístas ou o que quer que seja”, declarou o Juiz Manmohan Singh.

A decisão foi tomada em relação a um caso no qual diversos pássaros foram resgatados de um homem chamado Md Mohazzim, que afirmava ser tutor dos animais mas a ONG People for Animals indicou que ele mantinha-os em pequenas gaiolas e vendia-os para obter lucro. Após as aves terem sido capturadas, o tribunal de primeira instância devolveu os pássaros para Mohazzim, levando a ONG a apelar da decisão em uma instância superior.

O outro tribunal emitiu a decisão, comentando que “esta corte tem a opinião de que realizar o comércio de pássaros é uma violação aos seus direitos. Eles merecem compaixão. Ninguém está se importando se eles foram vítimas de crueldade ou não, apesar de uma lei que diz que as aves têm o direito fundamental de voar e não podem ser engaiolados, e terão de ser soltos no céu. Pássaros têm direitos fundamentais que incluem o direito de viver com dignidade e não podem ser submetidos à crueldade por ninguém, incluindo a reivindicação feita pelo respondente (Mohazzim)”.

As autoridades de Nova Delhi, bem como Mohazzim, foram notificados sobre a decisão do tribunal e a sua resposta é solicitada até dia 28 de maio.

Esta não é a primeira vez que a Índia age no sentido de reconhecer os animais como seres sencientes com direitos fundamentais. O tribunal superior do país baniu os shows com golfinhos cativos em 2013, argumentando que eles têm um alto nível de inteligência que possibilita considerá-los “pessoas não humanas”. A produção de cosméticos testados em animais, o sacrifício de animais em rituais religiosos, o foie gras e as rinhas de cães também são proibidos no país, a fim de proteger os direitos básicos dos animais.

 

Fonte: Criciuma News

Assim é

Assim é

Por Tatiana Nicz

Ok aqui vai uma grande verdade sobre sentimentos: sentimento não é algo que apenas brota, assim do nada. Sentimento não responde aos comandos da racionalidade. Psicólogos, psiquiatras e estudiosos tentam por séculos (em vão) entender o que motiva, inspira, move um ser humano; quais são as razões por trás do amor; por que gostamos de quem gostamos; ou ainda, por que não gostamos de quem não gostamos. Mas não dá para ficar explicando o que sentimos.

Eu acho que a turma do “politicamente correto” e os ensinamentos de Jesus, Buda, Lamas e afins criaram um monte de gente frustrada com esse papo de amar o próximo e ter compaixão. Sim, tudo isso é muito lindo, em teoria. Seria bom se pudéssemos amar todo mundo, mas sério, sinto em desapontar as Madres (e Padres) Teresas de plantão, não dá. E aliás, retiro o que disse, não seria bom não, o mundo seria um saco. E acho um saco também tentar plagiar, fingir, bloquear ou fabricar sentimentos, seja através de remédios, mentiras e falsidades. Não adianta, sentimento não se fabrica, nem pirateia e arriscaria em dizer que também não se compra (apesar de alguns acreditarem que sim).

Tem gente que a gente não consegue gostar, pode ser por coisas banais, tipo o perfume, o jeito de falar, ou pode ser por motivos mais compreensíveis. E o contrário também existe, existem pessoas que a gente ama, simplesmente porque ama. E existem aqueles amores que transcendem as intempéries do tempo, da distância e de qualquer racionalização e que mesmo que a gente não queira mais amar, ainda assim amamos. E não se engane, não tem como amar igual pessoas diferentes, cada pessoa amamos ou odiamos, ou amamos e odiamos de um só jeito.

Um dos filmes que mais gosto é o “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, eu, assim como muitos, também coleciono histórias de amor que gostaria de esquecer. Por muito tempo achei que seria bom se existisse mesmo um procedimento onde pudéssemos apertar a tecla “delete” assim como fazemos online. Mas um dia finalmente entendi que sentimentos não brotam e também não morrem.Eles se transformam, transmutam, expandem ou encolhem, mas não desaparecem simplesmente assim como os amigos no mundo virtual. Bloqueie, delete, apague. Eles permanecem vivos. Portanto é preciso senti-los. Inclusive os “ruins”.

Então aprendi a aceitá-los. As brigas e mal entendidos, dramas e corações partidos que colecionei; os amores mal acabados, as histórias de amor que não tiveram um bom desfecho, as boas e más escolhas, os encontros e desencontros, aquela história mal resolvida e que não adianta, não terá resolução (tudo bem, fica para uma próxima vida…). Talvez nem todos os finais sejam felizes como nos contos de fadas, mas isso também vai depender da leitura que fazemos deles.

Nesse tempo aprendi também a respeitar aqueles que não me querem bem, não faz mal, as pessoas têm esse direito, afinal é um mundo livre (é o que dizem). Aprendi a aceitar também que nem todos vão gostar de mim e não gostarão, mesmo que eu mude de perfume ou o tom de voz. Assim como eu também não gosto de alguns (pô, foi mal aí Jesus!).

Pois é, sentimentos não brotam, por mais que você se esforce, assim como, nem com o maior esforço do mundo, alguns não morrem. Portanto a única solução é senti-los. E se tem uma coisa que aprendi nesses anos de vida é que para o que sentimos não tem bloqueio, nem tecla “delete”, não tem “desfazer amizade (sentimento)”. Sentiu? Sinta.

Por mais que tentemos apagar o passado ou esquecer alguém, tem lembranças que permanecem latentes, nos assombrando, esperando um momento de descuido para entrar por entre as frestas daquela porta que chaveamos com toda a nossa vontade. Pelas gavetas empoeiradas as lembranças surgem, seja numa música que invade os nossos ouvidos, ou em uma frase, talvez naquele álbum antigo de fotos, em uma carta perdida em meio aos livros, quem sabe em um sonho. Elas vêm assim mesmo, de repente, sem avisar.

E é mesmo nessa pequena fração de tempo do “de repente” que vivemos a eternidade que habita no que muito sentimos. Nessa hora, quando a saudade bate, quando as lembranças vêm, a única saída é sentir, sentir muito, sentir até o fim; sentir enquanto elas insistem em serem sentidas. Mesmo que doa nos ossos, na carne, no peito. O medo, a raiva, a tristeza, a alegria, o amor existem para serem sentidos.

Então mesmo que pareça “errado” gostar ou não gostar de alguém, ainda assim, permita-se. Então sinta. Sinta muito. Isso é algo somente teu, não diz respeito à mais ninguém (nem mesmo à pessoa por quem sentimos). Porque as dores nos fazem mais fortes e os amores nos fazem melhores.

Um dia li uma frase que me marcou muito, uma boa reflexão para a vida: “as pessoas vão esquecer o que você fez, as pessoas vão esquecer o que você disse, mas elas nunca esquecerão como você as fez sentir”.

Por bem ou por mal, sinto muito, mas assim é.

13 coisas para se lembrar se você ama uma pessoa com problemas de ansiedade

13 coisas para se lembrar se você ama uma pessoa com problemas de ansiedade

Dizemos que a ansiedade é adoecedora quando ela atrapalha a rotina e as relações sociais de uma pessoa de maneira frequente e significativa como, por exemplo, se a pessoa deixa de fazer coisas de que gostava muito, porque se perde com os planejamentos ou mesmo com pensamentos deturpados sobre possíveis acontecimentos tentando prevenir o futuro de maneira exagerada e podendo chegar até a paralisação por imaginar possibilidades trágicas. Quando as coisas chegam a esse ponto, é necessária, inclusive, a intervenção de profissionais especializados como psicólogos e/ou psiquiatras.

Abaixo, uma tradução adaptada de um texto bastante relevante sobre maneiras de lidar com pessoas amadas que sofrem de ansiedade. Vale conferir.

13 coisas para se lembrar se você ama uma pessoa com problemas de ansiedade

Por Jake MacSpirit

Lidar com a ansiedade é algo realmente difícil, você não acha? E essa dificuldade não acontece apenas com as pessoas que a possuem em uma quantidade exagerada, mas para todos os que convivem com ela.

Conviver com extremos é emocionalmente desgastante para todos os envolvidos e, quem está física e emocionalmente ligado a uma pessoa muito ansiosa, com certeza terá muito de sua atenção e energia desviadas para as demandas criadas por antecipação.

Mudanças de planos, evitações em diversas situações, planejamentos exagerados, necessidades emocionais que variam conforme se intensifica a ansiedade. Sendo que, se a ansiedade sair do controle, a administração da convivência pode se tornar complexa.

Para lidar com isso de maneira mais consciente, redigi 13 coisas para você se lembrar na convivência com alguém que você ama, mas que é muito ansioso.

1. Eles são mais do que apenas a sua ansiedade

Ninguém gosta de ser definido por um único atributo de si mesmo. Se você realmente quiser ser solidário com alguém com ansiedade, lembre-o de que você aprecia o indivíduo por trás da ansiedade. Reconheça que ele é mais do que apenas a sua ansiedade.

2. Eles podem se cansar facilmente

A ansiedade é desgastante. Parece que, de maneira geral, as únicas pessoas que entendem realmente o quanto a ansiedade pode ser cansativa são pessoas que também sofrem de ansiedade. A ansiedade faz com que as pessoas vivam em estado de alerta, estejam sempre tensas. O corpo está sempre preparado para reações rápidas, como se algo fosse acontecer e esse estado de constante alerta causa fadiga. (Sabe quando brincamos e dizemos que parece que um trem nos atropelou?)

Pense em uma semana em que você esteve realmente sobrecarregado e estressado. Naqueles dias em que você já acorda pensando quando terá uma pausa. Pois é, assim são os dias das pessoas muito ansiosas.

3. Eles podem ficar facilmente sobrecarregados

Seguindo na linha de raciocínio do tópico anterior,  a pessoa que permanece em estado de alerta constante pode se sentir totalmente devastados por causa disso. Eles estão atentos a tudo o que está acontecendo ao seu redor. Cada ruído, cada ação, cada cheiro, cada luz, cada pessoa, cada objeto. Para alguém que vive num estado de hiper-alerta, uma situação que não parece grave (por exemplo, várias pessoas falando em um mesmo quarto) pode fazer sua cabeça a girar.

Quando você pensar em incentivar alguém com ansiedade para ir a algum lugar, basta ter em mente que os estímulos que você gosta podem facilmente ser esmagadores para eles. Certifique-se de que eles sabem que podem sair e que são capazes de fazê-lo a qualquer momento.

4. Eles são bem conscientes de que sua ansiedade é muitas vezes irracional

Estar consciente da irracionalidade dos próprios pensamentos não impede que eles aconteçam.

Uma das piores coisas sobre a ansiedade é o quão consciente sua própria irracionalidade pode ser. Lembrar que os pensamentos são irracionais não ajuda – quem sofre com a ansiedade já sabe disso. O que qualquer pessoa doente precisa  é de compaixão, compreensão e apoio – muito raramente eles precisam de conselhos sobre o quão irracional e sem sentido é sua ansiedade.

5. Eles podem falar sobre como se sentem (basta que você ouça)

Sofrer com sintomas patológicos da ansiedade não impede a pessoa de se expressar ou comunicar. (A menos que eles estejam em uma crise de pânico.)

6. Eles não precisam de alguém constantemente perguntando “Você está bem?”, principalmente se for um caso em que a pessoa apresente sintomas de pânico

Pense comigo, quando você vê alguém em pânico e você sabe que essa pessoa sofre com ansiedade, você realmente precisa perguntar: “você está bem?”

Você já sabe a resposta. Seu coração está batendo um milhão de milhas por hora, suas mãos estão suando, sentem aperto no peito, seus membros estão vibrando de toda a adrenalina e sua mente acaba afundado “luta ou fuga” resposta do sistema límbico (área responsável pelas emoções no cérebro). Honestamente? Parte deles provavelmente acha que eles está morrendo. Então, ao invés de perguntar “Você está bem?” Tente algo um pouco mais útil e construtivo. Bons exemplos seriam:

“Lembre-se de sua respiração”
“Lembre-se <inserir qualquer técnica que já ajudou antes antes>”
“Você gostaria de que eu o ajudasse a ir a algum lugar mais silencioso / seguro / mais calmo?”
“Eu estou aqui se precisar de mim.”
“Você está entrando em pânico, isso não vai durar. Você já passou por isso antes e acabou. Logo vai acabar de novo.”
E, se eles pedirem para que você os deixe sozinhos, deixe-os. Eles são experientes em lidar com sua ansiedade; deixá-los passar por isso sozinhos pode ser uma opção pessoal.

7. Eles apreciam que você se mantenha próximo,

Quem sofre com sintomas ansiosos sabe o quanto a convivência com sua própria pessoa pode ser difícil e, quando bem vindo, seu apoio não passará desapercebido.

8. Eles podem achar que é difícil “deixar para lá”

Em um ansioso, mais do que em pessoas com uma ansiedade bem regulada, o cérebro normalmente se esforça para fazer ligações entre uma lembrança traumática e a situação atual  e é isso que os deixa hiper-alertas.

Quando o cérebro fica preso neste ciclo em uma ansiedade prolongada, deixando de lado praticamente qualquer coisa pode ser uma tarefa difícil. Pessoas com ansiedade nem sempre conseguem  “deixar para lá”, seu cérebro não vai deixá-las, por isso, a luta é sempre tão grande para mudar de foco.

9. Eles podem encontrar muita dificuldade para conseguir mudanças (mesmo que esperem por elas)

Todo mundo tem uma zona de conforto, ansiosos ou não. Sair de sua zona de conforto pode ser difícil para qualquer um, por isso, para as pessoas com ansiedade isso pode ser ainda mais desafiador.

Apenas lembre-se de ter um pouco mais de paciência e compreensão para aqueles com ansiedade. Eles estão tentando, eles realmente são.

10. Eles não estão (sempre) te ignorando intencionalmente

Parte de gerenciamento de ansiedade está no controle do monólogo interior que vem com ela. Às vezes, isso pode ser um ato que demanda muita atenção. As coisas mais banais podem desencadear padrões de pensamentos obscuros para aqueles que lidam com a ansiedade. Se de repente eles se desligam da conversa, há uma boa chance de que estejam pensando sobre algo que acabou de ser dito ou mesmo que eles eles estejam tentando acalmar seus pensamentos. Ambos demandam imensa concentração.

Eles não estão ignorando você intencionalmente. Eles estão apenas tentando não ter um colapso mental na sua frente. Você não precisa perguntar “você está bem?” E você, especialmente, não precisa perguntar  sobre o que você acabou de dizer. Se é importante, tente gentilmente trazê-lo de volta ao assunto quando ele estiver mais atento.

Sua mente pode ser uma zona de guerra, às vezes. Eles vão cair fora das conversas inesperadamente e eles vão se sentir mal para fazê-lo se perceberem. Tranquilize-os de que você compreende e garanta que eles já entendeu a essência do que foi discutido, especialmente se o assunto envolver lidar com alguma responsabilidade ou compromisso.

11. Eles não estão sempre presentes

Como mencionado no ponto anterior, eles não são sempre presente em uma conversa, mas não são só conversas que podem desencadear essa reação. Eventos diários podem fazer com que a pessoa se perca em contemplação em algum ponto ou outro, mas para aqueles com ansiedade quase tudo pode servir como um gatilho contemplativo. Eles vão recuar para as profundezas de sua mente com bastante regularidade e provavelmente você vai notar a expressão vaga em seu rosto.

Gentilmente incentive-os a voltar à realidade regularmente. Lembre-os sobre onde eles estão e sobre o que estão fazendo (não literalmente, eles estão ansiosos – eles não têm perda de memória de curto prazo).

12. Eles nem sempre veem a ansiedade como uma limitação (nem devem!)

Não há problema em ser uma pessoa ansiosa. A ansiedade é uma característica humana relacionada a nosso direcionamento de atenção, energia e segurança.

Lembre-se que parte de sua personalidade é a ansiedade.

13. Eles são incríveis!

Assim como todas as pessoas na Terra, eles são incríveis! (É por isso que você os ama, certo?) É muito fácil ficar focado na desgraça e tristeza de qualquer problema, especialmente os que envolvem a saúde mental, mas parte da superação é lembrar da grandiosidade que veio antes e virá após a remissão do excesso dos sintomas.

Mantenha isso em mente e toda a sua experiência pode ser muito mais fácil – em seguida, novamente, não pode ser qualquer um. Nós somos seres humanos únicos. O que funciona para um pode não funcionar para outro, mas há uma coisa que sempre funciona: compaixão amorosa. Se você não aproveitar nada do presente artigo, apenas lembre-se do que sente pela pessoa querida que sofre e tenha compaixão.

Por Jake MacSpirit

Do original: 13 Things to Remember If You Love A Person With Anxiety

Traduzido e adaptado por Josie Conti exclusivamente para o CONTI outra.

“A vida não faz o menor sentido”, diz haitiano que vivenciou terremoto

“A vida não faz o menor sentido”, diz haitiano que vivenciou terremoto

Por Gabriela Gasparin

Quando encontrei o haitiano Jean Fritznel Pétcion, de 40 anos, na calçada da Avenida Paulista, ele havia se mudado para São Paulo há dois anos para estudar e trabalhar, após seu país ser devastado pelo terremoto em 2010 que deixou mais de 200 mil mortos. O motivo era óbvio: ele me disse que as condições no Haiti seguiam muito difíceis, mesmo após a ajuda financeira de vários países.

Eu o abordei sem saber de sua história, ao sair para comprar um livro. Jean também tinha ido à livraria e saía do local quando resolvi abordá-lo aleatoriamente para perguntar o sentido da vida, como costumo fazer às vezes.

Quando Jean me disse que era haitiano, eu logo lembrei do terremoto que destruiu aquele país. Ele contou que, por sorte, não perdeu nenhum familiar ou amigo na tragédia. Recordou que trabalhava em seu cibercafé na hora do incidente e saiu correndo. Sua esposa estava na escola que dava aulas, mas também não foi ferida. Ele revelou, contudo, que o cibercafé ficou completamente destruído.

contioutra.com - “A vida não faz o menor sentido”, diz haitiano que vivenciou terremoto
“Por que todo mundo vem ao mundo e depois de um tempo todo mundo vai embora?”

“A vida está muito difícil lá, mas não falta dinheiro. Depois do terremoto, o país recebeu bastante dinheiro da mão de muitos países como o Canadá, Estados Unidos, da França, do Brasil também. Só que o Haiti tem um problema de governo, as pessoas só querem saber de entrar dinheiro, tem gente que ganha muito dinheiro no Haiti e tem gente que ganha muito pouco”, explicou.

Sua esposa e sua filha de 10 anos ainda vivem lá. Os planos dele é trazê-las para o Brasil, mas não pretende viver para sempre em solo brasileiro. “Estou num programa de residência para entrar no Canadá com minha família. O Brasil é bom, mas o Canadá é melhor que o Brasil.” Na opinião dele, apesar de o Brasil estar entre as maiores economias do mundo, as condições de vida e de trabalho são melhores no Canadá. Jean me disse que sente muita falta da esposa e da filha e não vê a hora de viver com elas novamente.

Em São Paulo, ele estuda Tecnologia em Redes e dá aulas de inglês e francês. “O governo do Brasil me deu visto permanente para eu vir aqui. Quando eu cheguei, o governo me deu uma bolsa para fazer Tecnologia em Redes, eu fiz Ciências da Computação no Haiti por quatro anos.”

‘A vida não tem sentido’

Quando perguntei a ele o sentido da vida, recebi uma resposta rara: ele disse que pensa muito sobre isso e até agora não chegou a conclusão alguma:

“Muitas vezes eu me pego pensando, ‘por que estou aqui no mundo?’ Eu nasci, depois de um tempo eu vou morrer, então a vida para mim não tem sentido. Eu é que pergunto a você, por que eu vim no mundo? É muito complicado!”

E continuou: “para mim, a vida não tem sentido. Por que todo mundo vem ao mundo e depois de um tempo todo mundo vai embora?”, afirmou. “Estou aqui e depois de 20 anos, 25, 30, 40 anos, eu posso não existir mais.”

Por conta desses pensamentos, disse que tem buscado melhorar suas condições de vida. “Tem gente que não pensa nisso. Estou pensando para melhorar a minha vida, com Jesus Cristo, com as pessoas, porque estou aqui hoje e depois de 40 anos eu não tenho certeza se vou estar.”

Vidaria é um projeto parceiro Conti outra.

Leia mais histórias como essa em Qual o sentido da vida?

Uma visão espiritual da não maternidade

Uma visão espiritual da não maternidade

Por Adriana Abraham

Há algumas semanas, estávamos eu e uma colega de trabalho conversando sobre a minha experiência da não maternidade e eis que surge uma frase que, mesmo sem intenção, manifestou em mim a vontade de escrever o presente depoimento.

– Não é a mesma coisa. Amor de mãe é diferente.

A frase acima foi dita em resposta a minha afirmação de que a maternidade poderia ser exercida em favor dos sobrinhos, dos filhos de amigos, namorados, maridos e até mesmo em favor dos filhos de completos desconhecidos.

Ora, se não é a mesma coisa então o que é? Seria um sentimento inferior, produzido a partir da frustração de não estar cumprindo o papel que a natureza determinou a nós mulheres? Os nossos sentimentos seriam diferentes dos sentimentos das outras mulheres?

Se fossemos uma classe distinta de mulheres, como no sistema de castas da Índia, seríamos as “Párias”. Segmento que se encontra fora do sistema de castas. Essas seriam as mulheres que, em algum momento de suas vidas, contrairiam ou não matrimônio, união estável ou qualquer outro tipo de relacionamento íntimo, não tendo gerado filhos dessas relações. Assim, as párias se dedicariam aos filhos dos outros, nutrindo até sentimentos profundos, em busca de um substituto para a sua não maternidade.

Em nossa sociedade a mulher se sente pressionada a justificar a ausência de uma prole, especialmente se já tem uma idade avançada. A expressão de surpresa no rosto das pessoas quando afirmo que não tive filhos me intriga. Avançamos em tantos aspectos, mas ainda hoje discriminamos nossas colegas, amigas, parentes, como se fosse ilegal não ter tido filhos.

Existem tantas circunstâncias que podem levar uma mulher a não ter filhos, como por exemplo: opção pela não maternidade, questões financeiras, emocionais ou até físicas.

Poderíamos então, retomando a reflexão quanto ao amor de mãe, partir da seguinte premissa: Estar biologicamente programada para a maternidade não garante amar incondicionalmente seu (s) filho(s).

Isso me levou a pensar em todas as escolhas que realizei durante meus quarenta e cinco anos que de alguma forma me conduziram a não maternidade. Mesmo que em algumas ocasiões não intencionalmente.

Eu sempre tive uma curiosidade enorme por conhecer outras culturas, viajar, morar em outros países, ser livre para mudar meu destino a qualquer momento, sem maiores consequências. Lembro claramente de optar pela não maternidade aos vinte e poucos anos por não querer interromper um fluxo criativo que me impelia a me movimentar em direção ao desconhecido.

Por volta dos trinta e poucos anos, apesar de ainda sentir esse chamado para o desconhecido, busquei relacionamentos que me possibilitariam exercer a maternidade da forma tradicional. Era fácil abrir mão da maternidade aos vinte e poucos quando a estrada da vida estava só começando. Só que nessa época senti uma inesperada urgência que muitas vezes me levou a estabelecer relacionamentos inadequados para mim, porém perfeitos para o projeto maternidade.

Aos quarenta e poucos anos, em face da aproximação do limite biológico do meu corpo, cheguei a considerar uma produção independente ou mesmo uma adoção como muitas mulheres fazem. Porém, eu sabia que essa não era exatamente a minha vontade. Queria fazer esse projeto junto com alguém especial. Um companheiro com o qual compartilharia as alegrias e também os desafios de trazer um filho ao mundo.

Então, algo inesperado aconteceu. Na verdade não tão inesperado, pois esse processo já tinha se iniciado alguns anos antes, fruto de uma profunda reflexão originada da frustração em não ter conseguido realizar a maternidade da forma como eu concebia ideal.

Estou falando de uma mudança de visão acerca da maternidade. Uma visão que acredito ser espiritual. O exercício da maternidade pode ser muito mais amplo do que a maioria das mulheres percebem. O amor incondicional de uma mãe por seu filho pode ser perfeitamente experimentado por uma mulher que não tenha gerado a criança no seu sentido biológico. Pensem nas mulheres que adotam seus filhos. O amor que uma mãe adotiva sente por seu filho seria diverso do que sente uma mãe biológica?

Pensemos na representação do amor maternal nos relatos bíblicos. Não seria Maria a mãe de todos? Ou só de Jesus? Porque não podemos amar como as demais mães, mesmo que por um breve momento. Um olhar doce para uma criança abandonada na rua, apenas uma palavra carinhosa trocada com o filho de um amigo, um abraço forte nas sobrinhas e puff! Eis que surge o amor incondicional desvinculado da ligação exclusivamente maternal.

Se eu desisti de ser mãe? Não. Apenas descobri, após sofrer muito, que já venho exercendo a maternidade de uma forma mais ampla. Não espero mais ter um filho para, a partir daí, descobrir o que é o amor de mãe.

Quem acredita ser esse sentimento apenas o destinado aos seus filhos, ainda não experimentou o amor maternal. Que é incondicional. Não se trata apenas de compaixão pelo próximo. É AMOR no seu sentido pleno.

Amor de mãe é realmente diferente, agora eu sei.

Amar- Marília Pêra recitando Carlos Drummond de Andrade

Amar- Marília Pêra recitando Carlos Drummond de Andrade

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade

Marília Pêra em uma produção do Instituto Moreira Salles_ IMS

Necrológio dos desiludidos do amor- Fernanda Torres recita Drummond

Necrológio dos desiludidos do amor- Fernanda Torres recita Drummond

Necrológio dos Desiludidos do Amor
Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.

Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia…

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e de segunda classe).

Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.

Carlos Drummond de Andrade, in ‘Brejo das Almas’

*Participação da atriz Fernanda Torres no vídeo do Instituto Moreira Salles em homenagem ao Carlos Drummond de Andrade.

As palavras não ditas e seu efeito nos relacionamentos afetivos

As palavras não ditas e seu efeito nos relacionamentos afetivos

Por Adriana Abraham

As palavras não ditas nos acompanham indefinidamente, como uma melodia desarmônica, causando sofrimento a todos os que se aproximam de nós.

O “diálogo” inacabado com alguém que já não faz mais parte do nosso convívio dificulta que sejam estabelecidas relações saudáveis com os demais. Como ouvir quem está diante de nós se constantemente estamos ocupados conversando com outra pessoa que não está presente fisicamente, mas permanece em nossos pensamentos de forma obsessiva?

Quando não temos a oportunidade de expressar a nossa verdade no momento desejado, seja por qualquer motivo, nos tornamos reféns de um diálogo inacabado. Tal fato ocorre com frequência nos relacionamentos afetivos. Saímos de uma discussão ou até mesmo de uma simples conversa com o parceiro e já engatamos num monólogo que nos acompanhará, em algumas infelizes circunstâncias, por toda a vida. Algumas vezes não dá nem tempo de chegar ao elevador. Muitas vezes a discussão ou conversa nem foi devidamente processada.

Em tempo de comunicações instantâneas perdemos a habilidade de nos comunicar com clareza. Preferimos, então, guardar as “palavras ditas” para quando não estivermos na presença do parceiro. Em algumas circunstâncias por acreditar que não seremos ouvidos, respeitados ou até mesmo acolhidos em nossas colocações.

Caminhamos para uma sociedade na qual os casais se expressarão claramente sobre suas necessidades mais íntimas somente quando estão sozinhos, com os amigos ou com o terapeuta.

Aqueles que ousarem desafiar essa regra serão chamados, no mínimo, de carentes. Ter liberdade suficiente para se expressar dentro de um relacionamento, não pode ser confundida com dependência emocional. Isso não significa dizer tudo o que pensa ou até mesmo omitir a verdade com a intenção de manipular ou ferir o parceiro. Isso é crueldade na sua forma mais bruta.

É fato que desde o nascimento buscamos formas hábeis de nos comunicarmos com quem nos cerca. Descobrimos o choro como forma primária de obter o que desejamos. Nesse sentido, negligenciar nossa necessidade básica de comunicação em nome da manutenção de um relacionamento íntimo, mesmo que esse nos cause sofrimento intenso, nada acrescenta ao futuro da relação, tampouco ao crescimento individual de cada parceiro.

O medo de se expor perante o parceiro, de confiar sua fragilidade ao outro, entra na equação como um componente vertiginoso. Ninguém quer sair de um relacionamento “por baixo”.

Preferimos engolir o que é impossível de digerir e depois sofrer os efeitos físicos, psíquicos e principalmente espirituais dessa decisão.

Se a verdade nos libertará, nas palavras do mestre Jesus, o que temos a temer? Uma relação construída sobre bases reais não esmorece diante do primeiro conflito.

Lya Luft, em seu livro “O silêncio dos amantes”, descreve um casal no qual “(…) as coisas não ditas haviam crescido como cogumelos venenosos”. Então, se as palavras que deveríamos ter dito, no momento em que deveríamos ter dito, não forem devidamente expressas, elas apodrecerão lentamente dentro de nós.

Assim, que tenhamos coragem de expressar nossa verdade, de forma digna e no momento adequado, de tal sorte que as palavras ditas simplesmente transcendam, ou seja, que não pertençam mais ao parceiro que as proferiu e sim ao relacionamento de ambos. Que essas palavras posam ajudar a tornar a relação mais consistente, transparente e real. Que não sirvam para outro fim além de transformar a escuridão em luz.

Mantra:

“Que as minhas palavras sejam ouvidas, respeitadas e acolhidas”.

Publicado originalmente em http://www.nowmaste.com.br/

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