Dica de livro: A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown

Dica de livro: A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown

A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown

Viver é experimentar incertezas, riscos e se expor emocionalmente. Mas isso não precisa ser ruim. Como mostra a Dra. Brené Brown, que durante 12 anos desenvolveu uma pesquisa pioneira sobre vulnerabilidade, essa condição não é uma medida de fraqueza, mas a melhor definição de coragem.

Quando fugimos de emoções como medo, mágoa e decepção, também nos fechamos para o amor, a aceitação, a empatia e a criatividade. Por isso, as pessoas que se defendem a todo custo do erro e do fracasso se distanciam das experiências marcantes que dão significado à vida e acabam se sentindo frustradas.

Por outro lado, aquelas que mais se expõem e se abrem para coisas novas são as mais autênticas e realizadas, ainda que se tornem alvo de críticas e de sentimentos como inveja e ciúme. É preciso lidar muito bem com os dois lados da moeda a fim de alcançar a felicidade de realizar todo o seu potencial.

contioutra.com - Dica de livro: A coragem de ser imperfeito, de Brené BrownEm uma sociedade em que predomina a cultura do perfeccionismo, é comum recorrer a máscaras para minimizar o desconforto e as dores de não ser bom o bastante. Brené Brown descobriu que todos nós fazemos uso de um verdadeiro arsenal contra essas sensações e explica em que consiste cada escudo e quais estratégias devem ser usadas nesse “desarmamento”. Ela também combate os mitos que afirmam que ser vulnerável é o mesmo que ser fraco.

Depois de estudar a vergonha e a empatia durante seis anos e colher centenas de depoimentos, a autora chegou à conclusão de que compreender e combater a vergonha de errar e de se expor é fundamental para o sucesso. Ninguém consegue se destacar se ficar o tempo todo com medo do que os outros podem pensar.

Mostrar-se vulnerável pode parecer uma atitude subversiva, mas ter a coragem de ousar e nos mostrar como somos de verdade é a única forma de aproveitar todas as oportunidades que a vida tem a oferecer.

Encontre nas livrarias Saraiva, Submarino, Cultura, Americanas, Amazon entre outras.

Sim, é pessoal, lamento.

Sim, é pessoal, lamento.

Desculpe mas não é nada pessoal. Eu falaria isso para qualquer pessoa, eu negaria aquilo para qualquer pessoa…

Quantas vezes escutamos algo parecido? Quantas  vezes já o dissemos para alguém? Eu nunca disse porque acho que tudo sempre é pessoal. São características, hábitos, trejeitos, inflexões, respostas que nos fazem rejeitar uma pessoa ou que vem dela para nós. Isso nas situações de relações, onde o que o outro sente faz alguma diferença para nós. Não nas negativas comerciais, empresariais, institucionais e todos os ais onde o verniz social é capaz de achatar uma criatura até ela deixar mesmo de ser pessoa e virar qualquer coisa que não seja pessoal.

Mas, voltemos ao bordão quando usado entre conhecidos, parentes,  amigos, amores, outra qualquer forma de relação, qual será a razão para nos acovardarmos e não falarmos a verdade, já que temos esse direito e, se formos suficientemente gentis e educados, nenhum dano causaremos? Por que achamos que repetir que não é pessoal faz o outro se sentir melhor? Não faz, isto é óbvio! No máximo faz a criatura perceber que nem sequer possui algo de individual para ser comparado e então rejeitado. Façamos a prova em nós mesmos, no espelho:

– Desculpe, não é nada pessoal, eu sou desse jeito mesmo, então acho melhor ficarmos por aqui. (Desculpe= me tire a culpa; não é nada pessoal= você não é uma pessoa; eu sou desse jeito mesmo = covarde; então acho melhor pararmos por aqui= era o que eu queria dizer mas não tive coragem, não quero estar mais com você, preciso ir).

O mais louco é que geralmente começa: Desculpe… Já de cara pede-se desculpas, ou seja, que lhe tire a culpa por dar uma baita desculpa.

Aí gente, quando for pessoal, quando for dedicado àquela pessoa – sim, e isso é extremamente pessoal – vamos combinar de não dizer a tal frase, vamos nos esforçar para contar o que pessoalmente nos desagrada, nos afasta, nos impele a dizer não, que nos obriga a cortar laços e nós. Nós que agora vamos virar eu e você, nenhum de nós merecemos dar nem receber nada que não seja pessoal.

Como perceber o mundo pelo olhar de um artista

Como perceber o mundo pelo olhar de um artista

Há um tempo eu tenho ouvido falar sobre a profissão de coolhunter. Esses profissionais passam a vida procurando referências para juntar tudo e descobrir qual vai ser a nova tendência que vai encher os olhos de todo mundo. É uma mistura de marketing, comportamento do consumidor, arte e MUITA pesquisa. Talvez essa seja a profissão mais legal do mundo. Imagina, ficar o dia inteiro descobrindo coisas! Mas não é tão simples assim, né? Claro que nem sempre ele vai criar alguma coisa, mas vai dar o caminho, para que as empresas lancem seu novo produto, ou façam uma nova campanha. A questão é que dá para ter o espírito coolhunter de várias formas, até mesmo para os seus projetos pessoais. O importante é ter um olhar crítico e perceber que tudo tem um potencial. O coolhunter foi só uma especificação pra uma profissão que PRECISA estar ligada o tempo inteiro, mas, para olhar o mundo como um artista, para criar algo novo e relevante, é preciso ser um caçador de tudo.

As coisas podem parecer inanimadas, mas tudo é vivo. Tudo tem um sentido que pode ser criado por você e é por isso que tudo tem uma magia por trás. Uma folha caída no chão pode servir de inspiração, talvez seja a peça chave da sua ideia. Anote tudo e preste atenção em tudo. Prestar atenção não significa apenas saber tudo que está acontecendo ao redor, mas olhar fixo para cada coisa. O degradê da natureza é uma das coisas mais incríveis que existem. Já parou para observar? O céu é uma pintura que muda a todo instante e nunca fica igual. Uma maçã é amarela e vermelha e essa combinação de cores parece completamente perfeita ali. A areia tem milhões de tons, as pessoas têm milhões de tons. Esse tal de Deus, se existir, deve ser um artista plástico bem indeciso. Sorte a nossa que ele tem essa indecisão toda e não deixa nada monótono.

Para ser original, é preciso repetir padrões, até chegar à sua ideia brilhante e até conseguir criar algo que realmente faça a diferença, como uma tendência, por exemplo, que influencia uma sociedade inteira. O legal é criar algo que realmente faça diferença na vida das pessoas, que questione, instigue, puxe as pessoas para cima.

Nenhuma ideia surge do nada, então, tenha referências, pesquise, procure. A notícia boa é que tudo pode servir como referência. Os melhores criadores de tendência são aqueles que percebem essa referência nas coisas comuns que ninguém vê. Uma folha seca, uma garrafa de água, o jeito que um livro cai no chão e faz determinado som. Tudo é experiência, tudo serve na hora da criação, por isso, é preciso estar atento e anotar tudo. Registre TUDO que pareça interessante de uma forma interessante. Não importa o jeito que ela vai ser registrada, mas registre. Tenha um espaço para guardar suas referências. Você vai precisar de todas algum dia. Não invente que vai lembrar depois, porque você sabe que não vai. Nunca descarte uma ideia. Às vezes, ela não é boa agora, mas, no futuro, vai servir ara outra coisa que você nem imaginava. Pare de procurar a resposta. Descubra quais são as perguntas certas.

Ouça mais do que fale. Todas as pessoas são interessantes. Se você não viu nada, é porque não olhou direito. Todo mundo tem histórias para contar e todo mundo conta uma história de um jeito único. Anote as histórias, interprete as feições e os sentimentos. Tente descobrir o que está por trás de cada palavra, cada gesto. Nada deve ser descartado, quando se trata de gente. Elas são o foco de qualquer criação.

Faça associações, padronizações, conexões e invente. Cruze uma árvore com um raio-x, um peixe com um smartphone, um ônibus com uma vaca e fios elétricos. Perceba o movimento das coisas, que você vai começar a perceber um padrão em tudo e as associações vão aparecer normalmente. Nunca descarte uma ideia maluca que você acha que não tem nada a ver. Elas podem fazer sentido em algum lugar, em algum espaço, em alguma história ou em algum desenho. Cruze linhas, observe o abstrato, dê uma segunda chance, sempre.

Tenha um espaço para pensar. Hoje em dia, a gente tem pouco tempo para ficar de bobeira e isso é ótimo se a gente não der espaço para pensar bobagem. É incrível saber o que as pessoas estão fazendo e como elas veem o mundo, mas pensar sozinho deve ser um exercício diário. É preciso ter um espaço no seu dia, para pensar sem influência de nada. É hora de reorganizar o que você descobriu. Pensar nas suas conquistas, no que você fez, tentar se descobrir sozinho, conhecer sua companhia. Encontre o equilíbrio entre os outros e você. Você sempre vai precisar das pessoas, então, cuide delas. Cuide de você. Você é o personagem principal da sua vida, por isso, pense bem em como você quer que ele seja. Aceite suas limitações, mas sempre sabendo que é possível vencê-las. E, às vezes, não precisa vencer nada. Aceite que você não gosta de acordar cedo. Vá correr à noite. Crie alternativas para os problemas diários que o afligem. Mude a rotina, se for preciso. Você pode ser o que quiser.

Mude rotas. A gente tem o costume de sempre ir pelo mesmo caminho aos lugares. Tente descobrir novas formas de ir. Pare em algum lugar por onde você sempre passa, mas nunca se dá a chance de conhecer as pessoas dali. Procure a origem das coisas, as raízes de tudo. Elas são um bom fio condutor de uma história. Observe a luminosidade do dia. Minha hora preferida é às 16 horas. A luz reflete nas coisas de um jeito diferente em cada momento do dia, por isso, uma rua passa a ser várias ruas diferentes em cada momento do dia. Descubra sua hora preferida e aprecie esse momento, sempre que puder. É o seu momento.

Incorpore e aceite que tudo é inconstante. Nada está finalizado e você tem a oportunidade de vivenciar isso. Viver é isso. Todos os dias, você tem a oportunidade de ver o processo de transformação das coisas. Sua criação já tem todas as ferramentas necessárias e está tudo ao seu alcance. Olhe de novo, se achar que não viu nada. Dialogue com o ambiente à sua volta. Crie um modo de fazer isso, não interessa como. Eu ainda estou tentando descobrir o meu.

Pare de procurar o sentido em tudo. O sentido está em volta de você. O tempo inteiro.

O despertar da Deusa interna- por Isabela Barbosa

O despertar da Deusa interna- por Isabela Barbosa

Todas as mulheres possuem uma conexão muito forte com a Natureza. Ao estimular essa conexão, amplia-se a verdadeira essência da Deusa interna existente em cada mulher. Como dizia Jung, “há um Deus ou uma Deusa no âmago de todo complexo”.

Baseada nessa premissa e para recuperar a visão transcendente do grande poder Feminino, a fotógrafa paulistana Isabela Barbosa inspirou-se para o projeto O despertar da Deusa interna”

Por meio de estudos de autores que investigam os temas Sagrado Feminino e a Mitologia grega, a série fotográfica reuni cinco mulheres Deusas envolvidas com os elementos da natureza.

A produção deste ensaio contou com a inspiração natural de cada mulher, que interagiram com diálogos durante as sessões de fotos expondo suas intuições, suas feminilidades, respirando ar puro dos ambientes fotografados. Algumas realizaram a prática de meditações antes e durante as fotos. O que possibilitou um resultado de corpo, alma e espírito no trabalho final.

Abaixo, uma amostra dos resultados:

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“Para apreciar, basta sentir o cheiro do contraste. O gosto de uma foto sépia. O som de cada cor e a fome da nostalgia. Congele esse momento para estabelecer a Miragem fotográfica.” Isabela Barbosa

Todas as imagens são da fotógrafa Isabela Barbosa.

Para saber mais sobre acesse seu SITE OFICIAL e sua Página no Facebook.

Deseja profundamente. Vontade rasa não realiza nada.

Deseja profundamente. Vontade rasa não realiza nada.

Tu sabes. Tu sabes tanto que até te cansas de saber. Reclamar é inútil. Quanto mais tu lamentas, mais tu te afundas. Contestar é atirar longe o tempo precioso que te resta. Deixa de senões. Abandona tuas queixas e vai em frente. Se tu queres muito, tu fazes mais.

Querer pouco é nada senão uma afronta ao que desejas realizar. Quem quer mesmo, quer muito. Almeja em vontade profunda. O objeto de teus quereres há de se ofender de morte com desejos irrisórios e te dar as costas em partida. Se tu queres, queira em extraordinária abundância.

Há aqueles que perdem tempo desejando pessoas como nacos de carne num açougue fétido. Tal e qual um verme que se arrasta no chão frio de um banheiro úmido, esses detêm os mais rasteiros interesses, ridículos pedintes equivocados em sua sanha de possuir o outro. A eles aguarda ansioso o vasto e eterno limbo da burrice.

Existem ainda os que entregam os anos a guardar dinheiro e só. Pobres detentores de fortunas duvidosas, comprando com dinheiro uma vida pior. Sem viagens, sem amigos, sem amores mas com posses, provas medíocres de poder confuso. Mal percebem, mas fazem pouco mais que apinhar moedas em cofrinhos de plástico.

Enquanto isso, há os que mantêm o mundo em correto funcionamento. São os que investem a vida a ter além e não alguém. Esses não esperam possuir, deter, acumular. Mas se inclinam a realizar. A eles se juntam as melhores pessoas. Não para serem posses, mas para desejar em grupo, as mãos na terra, os olhos à frente e a alma no alto.

Tu és assim. Da cepa dos que querem adiante. Porque, tu sabes, querer em conjunto é atitude grandiosa. Esperança coletiva. Em grupo se cava mais fundo e se chega mais longe. Então vai e faz tua parte, ajuda o outro. Enriquece-te a ti e aos teus para além do dinheiro. E deseja profundo, que desejo raso realiza nada.

Escuta cá uma coisa. Ninguém, ninguém há de te ajudar até que tu mesmo te ajudes. Para além daqueles a quem tu haverás de se unir, há um mundo de gente com os olhos gordos de querer as mesmas coisas que tu almejas. E não tem para todo mundo, não. Nem todos cabem no sucesso que desejas com tanta força. Ou tu queres mesmo e incendeia tua alma em busca ou será aquele que nunca chegou lá.

Deseja. Constrói. Realiza em profundidade. Mas nunca, jamais, em nenhum momento e em tempo algum perde seu tempo desejando o que não será teu. Tu saberás o quê. Acredita. Na hora certa saberás do que te falo.

Adultos são crianças que se perderam- Ana Macarini

Adultos são crianças que se perderam- Ana Macarini
A couple celebrating.

Ninguém gosta de levar tombo. Assim que se concretiza a queda, a reação imediata é olhar em volta; pior que cair só cair com testemunhas. O tombo dói moralmente. Mas, dói fisicamente também. Até que cheguemos à calejada idade adulta, devemos ter ralado os joelhos dezenas de vezes. E dói! Somos crianças, levamos tombos por inexperiência ou ousadia; e o adulto que nos assiste declara solenemente “Não foi NADA!”. Se pudéssemos reagir à tamanha falta de empatia… Mas não podemos! Somos menores, mais fracos, dependentes e estamos no chão. E permaneceremos no chão cada vez que nossa dor, vergonha, medo, habilidade ou dificuldade for reduzida a NADA.

Levar um tombo é apenas uma das milhares de agruras enfrentadas com regularidade por cada um de nós na elaborada tarefa de crescer. Quando somos crianças, é natural que a nossa curiosidade e atração pela aventura, sejam infinitamente superiores à prudência ou avaliação do risco. Somos movidos pelo impulso, somos atrevidos, inventivos, criativos e vorazes. Queremos tudo, queremos muito e queremos agora. Somos capazes de perceber o mundo sob uma ótica incompreensível para os adultos. O nosso filtro é uma peneira rústica, tão diferente do sofisticado filtro dos adultos, capaz de separar o que é real do que é fantasia. Somos um mistério para os adultos. E, por isso, eles ficam desconfortáveis na nossa presença. Reagem de formas estranhas à nossa inata capacidade de fuçar, questionar e inventar. Os adultos não são capazes de enxergar nossas fraturas internas. Eles entendem o que estiver aparente, externo, exposto.

As fraturas internas nos pertencem. Nascemos assim, quebrados, desconstruídos, desencaixados. Somos felizes assim; e poderíamos sê-lo eternamente caso fosse possível ser criança pra sempre. Mas não é! Precisamos descobrir a fórmula que resulta no crescimento, que nos leva a aprender, amadurecer e entender o mundo sob a ótica desses complicados adultos. Entretanto, eles (os adultos) já sabem a fórmula; eles a criaram e manipularam de tal forma que precisamos deles para conseguirmos utilizá-la.

Ocorre que os adultos não são muito afeitos a essa coisa de compartilhar e cooperar. É uma dificuldade lidar com isso pra eles. Portanto estamos diante de um enigma, cujo guardião não fala a nossa língua. Os adultos são crianças que se perderam. Não são capazes de resgatar o que já foram; não estão aptos a acolher aqueles que ainda estão lá, naquele lugar onde não é possível voltar. E alguns deles decidem, inadvertidamente, gerar crianças; crianças perdidas trazendo ao mundo crianças recém-nascidas. Vejam só! Há que se procurar um jeito de encontrar o caminho: uma bússola, um mapa, uma pista, as estrelas. Mas como ler estrelas, quando não se tem tempo de olhar pro céu; quando se optou por viver num lugar cujo céu não tem mais estrelas?

Ao serem expostas ao convívio com adultos distantes de suas necessidades de afeto, cuidados e orientação, as crianças acabam sendo afetadas e têm a formação de seu caráter cognitivo, social e afetivo, deformada. Pais extremamente permissivos são tão prejudiciais ao desenvolvimento das crianças, quanto aqueles demasiado intolerantes. Os laços e relacionamentos criados pela afetividade não são baseados apenas em sentimentos; mas também em atitudes. Isso significa que em uma relação existem várias atitudes que precisam ser cultivadas, para que a troca entre todos os envolvidos prospere e seja saudável. Os adultos abraçam uma missão bastante complexa quando tomam a decisão de ter filhos; essas crianças dependerão de seus cuidados, de sua proteção, orientação e afeto por muito tempo. Esses adultos precisam estar preparados para assumir uma tarefa árdua de aprender a ser o ponto de segurança e autoridade e, ao mesmo tempo, a fonte do amor incondicional.

Afetividade e cognição não são funções exteriores uma à outra. Ao reaparecer como atividade predominante, uma incorpora as conquistas da anterior. Somos cíclicos e complexos, sentimos e pensamos, pensamos e sentimos. As emoções modulam nossa capacidade de aprender; a capacidade de aprender nos emociona.

O desejo interminável e belo pelo conhecimento e pelo afeto nos impulsiona sempre à procura de incríveis aventuras e viagens por lugares e situações ainda não experimentadas. Vamos nos construindo e transformando a cada instante, em nosso íntimo e com o outro. Voltamos a ser as crianças recém-nascidas a cada nova situação desafiadora e desconhecida. Os terrenos acidentados nos encantam e seduzem. Os tombos são inevitáveis. Então, que nossas fraturas internas sejam percebidas, aceitas e curadas em qualquer circunstância.

Ana Macarini

Um tanto universais

Um tanto universais

Poucas palavras bastam para sabermos que somos um tanto quanto universais. Paixão, amor, solidão, ilusão, fantasia e todos os reinos povoados desses sentimentos que nos atravessam por dentro e são sempre nossos, inteiros, com muita força e graça, sem dó nem piedade. É o infinito de todas essas composições que nos joga em qualquer palco, em busca do entendimento de nós mesmos, numa viagem ininterrupta, na contramão da coisa.

Existem culturas e culturas, memórias, hábitos, costumes e tudo o que se configure na alma do lugar, nas características essenciais. O que mais surpreende, como num filme de suspense é que, ao passo que temos mais acesso ao mundo, sua multiplicidade e cumplicidade, mostras de todo sadismo, despudor, liberdade, invenções, ainda parece que estamos vivendo como nossos pais, como diz a letra de Belchior: “Minha dor é perceber/ Que apesar de termos/ Feito tudo, tudo/ Tudo o que fizemos/ Nós ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Como os nossos pais…”.

A dor continua, tão insistente como quando começou, e o que mais se tinha medo “Ainda somos os mesmos, e vivemos como nosso pais” é tão real que não se pode nem mesmo virar a cara como num estalo de pudor, é o que somos. Talvez nem sejamos ainda tão liberais nos costumes e ainda guardemos um saudosismo pelas pessoas e lugares que conhecemos, mas não sabemos quando será a próxima viagem.

Ouvi de um amigo outro dia “somos transuniversais”. Mas o que é isso? Pensei, na verdade, o que ele quis dizer com aquela convicção que apareceu em seu rosto ao pronunciar tal frase. Ou ele teve muita certeza de si ou nenhuma noção do que disse, mas fluiu com um tirânico sentido. Como se pudéssemos driblar qualquer barreira de cultura, língua, etnia, condição social, religião.

Talvez nem sejamos muito universais ou transuniversais, mas sabemos a carga dos sentimentos que compartilhamos ou damos a alguém num ato de altruísmo; às vezes desejamos a recompensa, um pouco da retribuição para nos sentirmos conectados e seguros na teia que nos une como seres humanos, sem distinções.

A mente criativa – Flávio Gikovate

A mente criativa – Flávio Gikovate

A mente criativa não está necessariamente associada a uma inteligência excepcional, mas à capacidade de detectar suas principais aptidões e se dedicar obstinadamente a elas.

A observação, a objetividade, a disciplina, a coragem e até mesmo a sorte são alguns dos fatores presentes nos espíritos criativos.

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Esse blog possui a autorização de Flávio Gikovate para reprodução deste material.

Mais livros de Flávio Gikovate

Poema do Milho- Cora Coralina

Poema do Milho- Cora Coralina

Poema do Milho

Milho . ..
Punhado plantado nos quintais.
Talhões fechados pelas roças.
Entremeado nas lavouras,
Baliza marcante nas divisas.
Milho verde. Milho seco .
Bem granado, cor de ouro.
Alvo. às vezes vareia,
– espiga roxa, vermelha, salpintada.

Milho virado, maduro, onde o feijão enrama
Milho quebrado, debulhado
na festa das colheitas anuais.

Bandeira de milho levada para os montes
largada pelas roças:
Bandeiras esquecidas na fartura.
Respiga descuidada
dos pássaros e dos bichos.

Milho empaiolado .
abastança tranqüila
do rato,
do caruncho.
do cupim.
Palha de milho para o colchão.
Jogada pelos pastos.
Mascada pelo gado.
Trançada em fundos de cadeiras.

Queimada nas coivaras.
Leve mortalha de cigarros.
Balaio de milho trocado com o vizinho
no tempo da planta.
“- Não se planta, nos sítios, semente da mcsma terra”.

Ventos rondando, redemoinhando.
Ventos de outubro.

Tempo mudado. Revôo de saúva.
Trovão surdo, tropeiro.
Na vazante do brejo, no lameiro,
o sapo-fole, o sapo-ferreiro, o sapo-cachorro.
Acauã de rnadrugada
marcando o tempo, chamando chuva.
Roça nova encoivarada,
começo de brotação.
Roça velha destocada.
Palhada batida, riscada de arado.
Barrufo de chuva.
Cheiro de terra; cheiro de mato,
Terra molhada, Terra saroia.
Noite chuvada, relampeada.
Dia sombrio. Tempo mudado, dando sinais.
Observatório: lua virada. Lua pendida . . .
Circo amarelo, distanciado,
marcando chuva.
Calendário, Astronomia do lavrador.

planta de milho na lua-nova.
Sistema velho colonial.
Planta de enxada.
Seis grãos na cova,
quatro na regra, dois de quebra.
Terra arrastada com o pé ,
pisada, incalcada, mode os bichos.

Lanceado certo-cabo-da-enxada..
Vai, vem . . . sobe, desce . . .
terra molhada, terra saroia . . .
Seis grãos na cova; quatro na regra, dois de quebra
Sobe. Desce . , .
Camisa de riscado, calça de mescla
Vai, vem . . .
golpeando a terra, o plantador.

Na sombra da moita,
na volta do toco – o ancorote d’água:

Cavador de milho, que está fazendo?
A que milênios vem você plantando.
Capanga de grãos dourados a tiracolo.
Crente da Terra, Sacerdote da terra.
Pai da terra.
Filho da terra.
Ascendente da terra.
Descendente da terra.
Ele; mesmo; terra.

Planta com fé religiosa.
Planta sozinho, silencioso.
Cava e planta.
Gestos pretéritos, imemoriais..
Oferta remota; patriarcal.
Liturgia milenária.
Ritual de paz.
Em qualquer parte da Terra
um homem estará sempre plantando ,
recriando a Vida.
Recomeçando o Mundo.

Milho plantado; dormimdo no chão, aconchegados
seis grãos na cova.
Quatro na regra, dois de quebra.
Vida inerte que a terra vai multiplicar

Evém a perseguìção:
o bichinho anônimo que espia, pressente.
A formiga-cortadeira – quenquém.
A ratinha do chão, exploradeira.
A rosca vigilante na rodilha,
O passo-preto vagabundo, galhofeiro,
vaiando, sorrindo . . .
aos gritos arrancando, mal aponta.
O cupim clandestino
roendo, minando,
só de ruindade.

E o miho realiza o milagre genético de nascer:
Germina. Vence os inimigos,
Aponta aos milhares.
– Seis grãos na cova.
– Quatro na regra, dois de quebra,
Um canudinho enrolado.
Amarelo-pálido,
frágil, dourado, se levanta.
Cria sustância.
Passa a verde.
Liberta-se. Enraíza,
Abre folhas espaldeiradas.
Encorpa. Encana. Disciplina,
com os poderes de Deus.

Jesus e São João
desceram de noite na roça ,
botaram a bênção no milho,
E veio com eles
uma chuva maneira, criadeira, fininha,
uma chuva velhinha,
de cabelos brancos,
abençoando
a infância do milho.

O mato vem vindo junto,
Sementeira.

As pragas todas, conluiadas.
Carrapicho. Amargoso. Picão.
Marianinha. Caruru-de-espinho.
Pé-de-galinha. Colchão.
Alcança, não alcança.
Competição.
Pac . . . Pac . . . Pac . . .
a enxada canta.
Bota o mato abaixo.
arrasta uma terrinha para o pé da planta.
“…- Carpa bem feita vale por duas . . .”
Quando pode. Quando não… sarobeia.
Chega terra O milho avoa.

Cresce na vista dos olhos.
Aumenta de dia. Pula de noite.
Verde Entonado, disciplinado, sadio.

Agora …
A lagarta da folha,
lagarta rendeira . . .
Quem é que vê ?
Faz a renda da folha no quieto da noite.
Dorme de dia no olho da planta,
Gorda; Barriguda. Cheia.
Expurgo : . . nada . . . força da lua . . ,
Chovendo acaba – a Deus querê.

” O mio tá bonito … ”
“-Vai sê bão o tempo pras lavoras todas . ”
“- O mio tá marcando . . . ”
Condieionando o futuro:
“- O roçado de seu Féli tá qui fais gosto …
Um refrigério ”
“- O mio lá tá verde qui chega a s’tar azur…”
– Conversam vizinhos e compadres.

Milho crescendo, garfando,
esporando nas defesas…

Milho embandeirado.
Embalado pelo vento.

“Do chão ao pendão, 60 dias vão”.

Passou aguaceiro, pé-de-vento.
” – O milho acamou . . . ” “- Perdido?” . . . Nada…
Ele arriba com os poderes de Deus .. . ”
E arribou mesmo; garboso, empertigado, vertical

No cenário vegetal
um engraçado boneco de frangalhos
sobreleva, vigilante.
Alegria verde dos periquitos gritadores . . .
Bandos em sequência . . . Evolução . . .
Pouso . . . retrocesso.

Manobras em conjunto.
Desfeita formação.
Roedores grazinando, se fartando,
foliando, vaiando
os ingênuos espantalhos.

“Jesus e São João
andaram de noite passeando na lavoura
e botaram a bênção no milho” .
Fala assim gente de roça e fala certo.
Pois não está lá na taipa do rancho
o quadro deles, passeando dentro dos trigais?
Analogias . . . Coerências.

Milho embandeirado
bonecando em gestação.
– Senhor! . . . Como a roça cheira bem !
Flor de milho, travessa e festiva.
Flor feminina, esvoaçante, faceira.
Flor masculina – lúbrica, desgraciosa.

Bonecas de milho túrgidas,
negaceando, se mostrando vaidosas.
Túnicas, sobretúnicas . . .
saias, sobre-saias . . .
Anáguas . . . camisas verdes.
Cabelos verdes . . .
~Cabeleiras soltas, lavadas, despenteadas. . .
– O milharal é desfile de beleza vegetal.

Cabeleiras vermelhas, bastas, onduladas.
Cabelos prateados, verde-gaio.
Cabelos roxos, lisos, encrespados.
Destrançados.
Cabelos compridos, curtos,
queimados, despenteados .
Xampu de chuvas . . .
Flagrâncias novas no milharal.
– Senhor, como a roça cheira bem! . . .

As bandeiras altaneiras
vão se abrindo em formação.
Pendões ao vento.
Extravasão da libido vegetal.
procissão fálica, pagã.
Um sentido genésico domina o milharal.
Flor masculina erótica, libidinosa,
polinizando, fecundando
a florada adolescente das bonecas:

Boneca de milho, vestida de palha . . .
Sete cenários defendem o grão
Gordas, esguias, delgadas; alongadas
Cheias, fecundadas.
Cabelos soltos excitantes.
Vestidas de palha.
Sete cenários defendem o grão,
Bonecas verdes, vestidas de noiva
Afrodisíacas, nupciais . . .

De permeio algumas virgens loucas . . .
Descuidadas. Desprovidas.
Espigas falhadas. Fanadas. Macheadas.

Cabelos verdes. Cabelos brancos.
Vermelho-amarelo-roxo, requeimado . , ,
E o pólen dos pendões fertilizando .. .
Uma fragrância quente, sexual
invade num espasmo o milharal.
A boneca fecundada vira espiga.
Amortece a grande exaltação.
Já não importam as verdes cabeleiras rebeladas
A espiga cheia salta da haste.
O pendão fálico vira ressecado, esmorecido,
No sagrado rito da fecundação.

Tons maduros de amarelo.
Tudo se volta para a terra-mãe.
O tronco seco é um suporte, agora,
onde o feijão verde trança, enrama, enflora.

Montes de milho novo, esquecidos,
marcando claros no verde que domina a roça.
Bandeiras perdidas na fartura das colheitas.
Bandeiras largadas, restolhadas.
E os bandos de passo-pretos galhofeiros
gritam e cantam na respiga das palhadas.

“Não andeis a respigar” – diz o preceito bíblico
O grão que cai é o direito da terra.
A espiga perdida – pertence às aves
que têm seus ninhos e filhotes a cuidar.
Basta para ti, lavrador,
o monte alto e a tulha cheia.
Deixa a respiga para os que não plantam nem colhem
– O pobrezinho que passa.
– Os bichos da terra e os pássaros do céu.

Cora Coralina

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Uma história real que vale a pena ser lida

Uma história real que vale a pena ser lida

Uma manhã, quando desci as escadas, cai exatamente nesta cena: a minha filha de 17 anos deitada seminua com um estranho em nosso sofá de família. Esta foi claramente uma noite de “trabalho duro” para ambos. Eu fui calmamente fazer café e fui até dizer à minha esposa, ao meu filho e à minha outra filha mais nova para não fazerem barulho, porque ainda havia pessoas que dormiam.

A nossa mesa estava à frente do sofá, a cerca de 6-7 metros do sofá. Quando a família se pôs à mesa para tomar o pequeno almoço, eu disse secamente: “JOVEM!” Eu nunca vi ninguém levantar-se tão rapidamente na minha vida. Este jovem tinha passado da posição horizontal para a posição vertical numa fracção de segundo. “O pequeno almoço está pronto”, disse eu puxando a cadeira ao meu lado. “Vamos senta-te.”

Ele levantou-se, tentando esconder a sua bossa matinal nas cuecas. Uma bossa bastante impressionante devo admitir. A minha esposa e minha filha mais nova também ficaram com os olhos em bico!

Depois de se vestir, ele percorreu os poucos metros entre o sofá e a mesa de jantar e foram certamente os metros mais difícil da sua vida. Olhei-os nos olhos, com a minha voz mais grave, e disse-lhe: “Tenho uma pergunta para ti … a resposta é muito importante … PARA TI!” Naquele momento, era evidente que ele estava a suar. Tinha gotas de suor que se formavam na testa … “Gostas de gatos?”, Acrescentei.

Ele era um menino muito bom e muito amigável. Claramente pouco educado, mas não estúpido. A minha filha assegurou-me que ele era muito bom e bastante atencioso. Ela conhecia-o há cerca de um mês, mas ele nunca tinha passado a noite aqui.

Ele vinha buscá-la pela manhã para ir à escola com a sua bicicletacontioutra.com - Uma história real que vale a pena ser lida, e trazia-a à noite. Ele cuidava dela quando ela estava doente. Ele assegurava-se que ela fazia os deveres. Ele investiu muito tempo e esforço perto da minha filha. Ele tinha até uma paciência de santo quando ela estava naquele momento do mês …

Ele disse que não tinha família, não tinha educação, nem emprego estável. Ela adorava-o. Ele adorava-a. Quem era eu para impedi-los de aprender com os seus próprios erros?

8 meses depois de o conhecer, o meu filho veio-me perguntar se eu sabia mais sobre este jovem. É que ele era um sem-abrigo, o seu pai era abusivo e cometeu suicídio. A mãe, também se suicidou quando ele tinha apenas 15 anos de idade. Ele passou a viver na rua, durante 3 anos. Ele dormia em parques, abrigos para os sem-abrigo, etc. Ele fazia pequenos trabalhos de construção para se dar ao luxo de comer.

Mas tudo isso não importava porque o que eu via agora era um jovem de 18 anos, sempre educado e prestativo, que chegava a casa com um sorriso e saia de casa com um sorriso. Ele ajudou-nos … e mais importante de tudo, ele fez a minha filha feliz.

Às vezes, ele não aparecia durante alguns dias, porque tinha um trabalho de construção fora da cidade, então eu ficava com saudades dele. A minha filha mais nova confiava nele e sabia que ele nunca faria mal à sua irmã mais velha, a minha esposa tinha desenvolvido um instinto maternal por ele e meu filho também gostava dele. Eu? Eu preocupava-me com ele, eu queria que ele fosse feliz.

Quando falei com a minha esposa e com a minha filha mais nova, fiquei furioso que minha filha mais nova já soubesse tudo isso sobre ele, e não me ter dito nada. A irmã tinha lhe dito tudo, ela sabia tudo, mas não disse nada! Ela apreciava-o mas deixava-o ir-se todas as noites, para onde?

No dia seguinte, dei-lhe uma chave da casa, eu disse-lhe que o esperava em casa todas as noites. Nas semanas que se seguiram, renovamos o quarto de hóspedes e compramos móveis. Ele era muito bom para construir coisas e disse-me que queria ser o seu próprio patrão, ele gostava de construir coisas.

Isso foi em 2000. Hoje, 15 anos depois, a minha filha e o meu genro deram-me três netos maravilhosos, eles têm uma empresa lucrativa e amam-se mais do que qualquer coisa no mundo.

Se te estás a perguntar porque te estou a contar tudo isto, é simples: não deixes que a primeira impressão que tens de alguém estrague uma vida.

Autor desconhecido

O amor manda cartas

O amor manda cartas

Um entregador dos Correios chega à casa de Maria, às nove da manhã. Ela está tomando café e se assusta com uma correspondência tão cedo. Recebe o rapaz que lhe entrega uma carta em um envelope perfumado. Ela agradece, fecha a porta e rasga a carta enquanto termina sua caneca de café. No envelope, não há um remetente, só seu nome enquanto destinatária da mensagem. Em uma letra quase que desenhada, dispõem-se as seguintes palavras:

“Querida Maria, meu amor por ti é um continente onde não há miséria e todos  as pessoas se cumprimentam ao amanhecer e ajudam umas as outras a manter suas próprias vidas.

Caso deixes, serei a fenda da tua janela por onde o amor te acordará todas as manhãs, jogando um facho de luz sobre teus olhos. Unidos, seremos a igualdade de uma existência individual desigual. Juntos, poderemos abrir as janelas do mundo, sem que seja preciso fechar nenhuma porta. Caminharemos sempre de mãos dadas até que nossos pés se cansem e abandonem o mundo físico.

Quero participar de cada passo teu, de cada gesto e da tua insônia, caso a tenhas. Quero viver tua saúde e cuidar da tua doença. Quero provar do teu doce e comer do teu sal.

Case-se comigo, Maria. Quero-te já, quero-te ontem. Nasci para conhecer a luz dos teus olhos, nem que depois, eu cegue. Amo-te como um faminto em busca de pão. Desejo-te; és minha respiração.”

Maria se encanta pelas palavras, toca-as, cheira-as. Está inebriada pela declaração, mas não tem como mandar respostas, pois o remetente não lhe enviou nome e endereço.

E quase todos os dias ela recebia cartas com o mesmo teor, atiçando ainda mais sua curiosidade. Uma manhã, ela olha bem o moço que entrega as correspondências. Ele ri para ele e em sua testa está escrito “Me chamo Daniel, moro na rua da paixão, bairro dos apaixonados”. Ela o abraça e sente que já o ama. Daniel continua entregando-lhe as cartas todos os dias, mas agora, espera que a moça abra e leia enquanto tomam café da manhã entre abraços duradouros e beijos ardentes.

Hoje, domingo, cinco meses depois da primeira carta,  Maria e Daniel se casam na Igreja Matriz e mudam-se, apaixonados, para a Rua dos Apaixonados.

O filho único dela morreu aos 21 anos, vítima de um tumor cerebral

O filho único dela morreu aos 21 anos, vítima de um tumor cerebral

Quando eu recebi a mensagem da psicóloga Alana Mendes, de 55 anos, mostrando interesse em compartilhar sua história no blog, foi dessa forma que ela se apresentou:

“Olá,

Gostaria de contar a história da perda do meu único filho, quando ele tinha 21 anos, vítima de um tumor cerebral inoperável, extremamente agressivo e maligno. Quem sabe assim poderei ajudar a outras mães que passaram por essa dolorosa experiência.

Abraços,
Alana Mendes”

Na hora, pensei como deveria ter sido difícil para Alana enfrentar o que acabara de relatar, mas fiquei muito contente ao saber que alguém, por meio do blog, tinha o interesse de compartilhar sua história com o intuito de ajudar outras pessoas.

Alana conta que a morte de seu filho, o estudante de biologia Pedro, aconteceu em fevereiro de 2007, quando ele estava em viagem, realizando um de seus sonhos: passar seis meses em intercâmbio na Austrália.

Perto do fim da viagem, Pedro telefonou para a mãe queixando-se de muita dor de cabeça. Ele viajava para o Chile, foi internado em Santiago, onde foi dado o diagnóstico: glioblastoma multiforme, um tumor cerebral maligno, de alta agressividade e letalidade, localizado numa área inoperável.

“Um tsunami me pegou”, conta Alana. Ela foi para a capital chilena para acompanhar o filho. Voltaram para o Brasília no dia seguinte, a bordo de uma UTI aérea. Seguiram até São Paulo, em busca de especialistas renomeados. “Nada mudou. Internação, coma e morte. Meu filho se foi.”

A psicóloga relata que, apesar da tristeza (“a perda de um filho é uma dor inominável), não se desesperou. “Minha crença no Espiritismo, minha família e amigos foram o suporte para a travessia do período de luto. Meu marido foi, e continua sendo, o companheiro cuidadoso e amoroso de todas as horas, e um dos motivos da minha superação. Sei que nada nem ninguém irá preencher o vazio que o meu amado filhote deixou. Mas a vida continua, e eu tenho muitos motivos para prosseguir.”

“A aceitação daquilo que não podemos mudar é fundamental para que possamos refazer os nossos planos e retomar a caminhada. Não é fácil e é bastante doloroso, mas pode tornar-se cada vez mais difícil e insuportável se não tivermos fé nos desígnios de Deus, não aceitarmos ajuda e não nos esforçarmos para romper a couraça da dor”, diz.

E qual é o sentido da vida para Alana?

“Aprender a ser uma pessoa melhor com as experiências que ela nos proporciona”

Ela fez questão de ressaltar que sua intenção, ao relatar sua experiência, “é mostrar aos pais que perderam seus filhos que é possível sobreviver, quando aprendemos a conviver com a ausência do filho amado.”

Bom, já está dito pela Alana, mas reforço aqui a intenção dela e minha: caso conheçam alguém que tenha passado pela mesma situação, acho que pode ser bacana enviar a história dela! Quem sabe assim podemos ajudar outras pessoas?

Segue abaixo o relato da Alana:

“Tenho nome de princesa, Alana Maria Teresa Alves Dias Mendes. Sou psicóloga e tenho 55 anos. Sou a primogênita de um jovem casal que teve quatro filhos. O sobrenome Mendes é da família do meu marido.

Estou casada há 30 anos com o amor da minha vida. Nos conhecemos em João Pessoa, quando éramos universitários. Ele cursava engenharia mecânica, tinha 23 anos e veio transferido da Universidade de Brasília, cidade onde sua família residia. Eu estava com 20 anos, cursava psicologia e minha família morava em Campina Grande, a pouco mais de 100 quilômetros de João Pessoa.

Namoramos durante quatro anos e oito meses, casamos e tivemos o nosso único filho. Em 1987, mudamos para Brasília, onde moramos até hoje. A família do meu marido também mora em Brasília e temos amigos muito queridos.

Trabalho numa escola da Rede Pública de Ensino do Governo do Distrito Federal. Gosto muito da minha profissão e do trabalho com crianças.

Sou do tipo “falante”! Gosto de conversar, rir, dançar, sair com amigos e comemorar “tudo”. Amo viajar! Troco qualquer coisa por uma viagem. Mas, também amo voltar para a minha casa. Sinto saudade da minha cama, dos meus travesseiros, enfim, do meu “cantinho”. Sinto uma energia especial no meu apartamento. É o meu abrigo. Graças a Deus tenho um “Lar” onde me sinto segura e feliz com o meu amado companheiro.

Amo música, livros, filmes e minha coleção de São Francisco (tenho mais de 60). Estive em Assis e senti uma emoção indescritível.

O ‘tsunami’

A partida prematura do meu amado filhote, Pedro Victor Dias Mendes, ocorreu no dia 13 de fevereiro de 2007. E teve o efeito devastador de um tsunami.

Meu filho tinha apenas 21 anos. Estudava biologia na Universidade de Brasília. Era garoto alegre, extrovertido, com muitos amigos, inteligente, bonito e um filho maravilhoso. Pedro amava a vida e queria ser biólogo marinho.

Pedro tinha trancado a matrícula no quinto semestre do curso, para fazer intercâmbio na Austrália. O curso de inglês seria na cidade de Brisbane. Assim, em agosto de 2006, meu filho seguiu para realizar um de seus sonhos: passar seis meses na Austrália.

O retorno para o Brasília seria em fevereiro de 2007.

No dia 28 de janeiro, data do meu aniversário de casamento, recebi um telefonema do meu filho, em pratos, queixando-se de muita dor de cabeça. Ele estava na Nova Zelândia e viajaria para o Chile no dia seguinte.

Recomendamos a ida ao médico. Na ocasião, imaginávamos que seria uma enxaqueca. Oito jovens fazendo “mochilão” não se preocupam em se alimentar bem, muito menos dormir.

Ao chegar no Chile, Pedro apresentou sinais de confusão mental, continuou tendo dores de cabeça e vômito, apesar de medicado. Os seus queridos amigos o levaram para uma clínica, onde ele foi internado para a realização de exames.

Voei de São Paulo para Santiago, acompanhada da minha cunhada e de uma amiga querida, cujos filhos estavam com o meu menino. O diagnóstico já havia sido comunicado ao meu marido, mas eu o desconhecia. Me disseram que havia um “edema cerebral”, mas que estavam pesquisando a causa.

Meu alarme interno havia sido disparado!

Meu marido estava em Curitiba, a trabalho, seu passaporte estava vencido há poucos dias e seu RG tinha mais de 10 anos. Então, ele estava impedido de buscar nosso filho no Chile. Quando o médico me comunicou o diagnóstico, glioblastoma multiforme, um tumor cerebral maligno, de alta agressividade e letalidade, localizado numa área inoperável, um tsunami me pegou!

Voltamos para o Brasil no dia seguinte, a bordo de uma UTI aérea, acompanhados de dois médicos. Uma ambulância, equipe médica e um pai ansioso para ver o filho nos esperavam no aeroporto de Brasília.

Após dois dias de internação para mais exames, o diagnóstico inicial se confirmava, acompanhado da previsão de três meses de vida.

Seguimos até São Paulo em busca de especialistas renomeados. Nada mudou. Internação, coma e morte. Meu filho se foi.

‘Pedaço de mim’
13 de fevereiro de 2007, dia da partida do meu filho. A letra da canção “Pedaço de Mim”, do Chico Buarque, é a definição mais próxima do que senti.

“…..Oh, pedaço de mim

Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi…”

Uma tristeza dolorosa tomou conta de mim. Perdi meu pai quando eu tinha apenas 19 anos. Foi muito doloroso. Mas a perda de um filho é uma dor inominável.

Não me desesperei e não questionei os desígnios de Deus. Minha crença no Espiritismo, minha família e amigos foram o suporte para a travessia do período de luto. Meu marido foi, e continua sendo, o companheiro cuidadoso e amoroso de todas as horas, e um dos motivos da minha superação.

Sei que nada nem ninguém irá preencher o vazio que o meu amado filhote deixou. Mas a vida continua, e eu tenho muitos motivos para prosseguir.

 

Os ‘anjos’

Deus me mandou vários anjos para me conduzirem durante a “grande tempestade”. Fiz terapia, sou acompanhada por psiquiatra, continuo trabalhando e fazendo tudo que gosto.

Nunca esqueço que minha terapeuta me fez refletir sobre quem eu era antes de ser mãe e me fez ver que a maternidade não era o único papel que eu desempenhava na vida. A mulher, a esposa, a profissional, a filha, a irmã, a amiga e tantos outros, permaneciam comigo.

Lembro de ter dito ao meu marido que eu havia perdido um dos maiores “brilhos da vida”, mas que ainda restavam muitos.

Em um dos muitos livros que li, estava escrito que “quando os nossos pais morrem, perdemos o passado, mas quando um filho morre, perdemos o futuro”.

Com a partida do meu único filho se foram muitos dos meus sonhos. Não vi a sua formatura, seu primeiro emprego, seu casamento, sua esposa e seus netos. Mas, como diz a canção belíssima de Milton Nascimento: “É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre…”

A aceitação daquilo que não podemos mudar é fundamental para que possamos refazer os nossos planos e retomar a caminhada. Não é fácil e é bastante doloroso, mas pode tornar-se cada vez mais difícil e insuportável se não tivermos fé nos desígnios de Deus, não aceitarmos ajuda e não nos esforçarmos para romper a couraça da dor.

Minha intenção, ao relatar minha experiência, é mostrar aos pais que perderam seus filhos que é possível sobreviver, quando aprendemos a conviver com a ausência do filho amado.

Qual o sentido da vida?

Aprender a ser uma pessoa melhor com as experiências que ela nos proporciona.”

Socorro, não consigo mais ler livros

Socorro, não consigo mais ler livros

Não consigo mais ler livros.
Não que eu não queira. Simplesmente não consigo.

Sou um leitor, desde que me entendo por gente.

Sempre li muito. E continuo lendo.

Mas de uns anos para cá, me alimentar compulsivamente de internet tem causado um efeito colateral que ainda não consigo explicar muito bem.

Só sei que agora, toda vez que pego um livro nas mãos, não consigo ler, canso rápido. Se o texto não “embala” logo, preciso de muito esforço para continuar com a leitura.

E não é só com o livro de papel. A mesma coisa acontece com o livro digital. Não tem nada a ver com o tipo de apoio.

Tem a ver com a extensão do texto.

Essa situção tem me deixado agustiado.

Será que desaprendi a ler? Será que fiquei preguiçoso?

Será que agora só consigo ler coisas curtinhas e, de preferência, com uns links?
Acho que não.

Na verdade, nunca li tanto como agora. Passo o dia inteiro lendo. Mas leio cacos, fragmentos.
Sim, o efeito é conhecido e foi previsto anos atrás.

Sai o disco, entra a música.

Sai o filme, entra a série.

Sai a série, entra o curta do Youtube.

Sai a mesa de bar, entra o Facebook.

Sai o livro, entra o post, o artigo.

Tudo o que era consumido em pacote-família, em tabletão, agora é consumido em formato M&M’s.

A gente já sabia que isso acontecer, faz tempo. Mas o que eu ainda não tinha sentido na pele é que esse fenômeno do snack culture iria me TIRAR algo e me IMPEDIR de ler textos longos.

Porque uma coisa é você perceber que existe uma nova maneira de ler (circular e não linear) e passar a usá-la.

Outra coisa é você perder sua capacidade de concentração.

Eu queria adicionar o jeito novo, mas não queria perder o jeito velho.

A internet causou em mim, e talvez em você, uma diminuição na atenção, um efeito similar ao do Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH). Não que essa dificuldade de concentração seja um TDAH (que é neurobiológico e tem causas genéticas), mas tem essa característica em comum. Aliás, os próprios parâmetros de diagnóstico de TDAH tem sido frequentemente revistos justamente por conta dessa alteração de comportamento, especialmente em escolas.

Já tentei de tudo, busquei aquelas ficções bacanas, cheias de escapismo, com viagens para lugares distantes, coisas que eu devorava durante a adolescência…mas 10 minutos depois o que escapa é minha atenção mesmo.

Fico voltando para o começo do parágrafo, sabe? Nem a biografia do Steve Jobs eu consegui terminar.

Fico repetindo para o autor “vai, já entendi, conta logo, pára de enrolar”.

Esse é outro sintoma: fiquei mais factual e perco fácil a paciência com aquela fase de contextualização e envolvimento com os personagens.

Meu kindle tem, neste exato momento, a ridícula marca de 18 livros iniciados.

Estou fazendo com eles a mesma coisa que faço com as músicas no meu iPhone, que fatalmente acabam tomando uma “skipada” depois de alguns segundos (tirando as do Zappa, que felizmente ainda ouço cada nota com prazer até o fim). Pô, eu ouvia aqueles álbuns inteiros do Pink Floyd… agora isso seria inimaginável.

Sei que isso tudo soa como algo ruim, mas nem isso eu tenho certeza.

A civilização humana já passou por isso muito antes da internet, por exemplo quando passamos da comunicação exclusivamente oral e acrescentamos a escrita. Colocar conteúdo por escrito livrou nossa memória e permitiu textos bem mais longos e precisos. Agora estamos de volta aos conteúdos curtos, mas ainda mais precisos. E, se um dia desenvolvermos a telepatia, certamente as palavras vão nos parecer ineficientes demais. Formas diferentes de trocar conteúdos, histórias.

Enfim, um post pouco conclusivo, mais desabafo mesmo, para ver se tem mais gente nesse barco.
Estou assustado por não conseguir mais ler um livro inteiro.

Texto de WAGNER BRENNER
Fonte:Update or Die

Dica de livro: Foco, de Daniel Goleman

Respira e não pira!

Respira e não pira!

É incrível como o ser humano consegue evoluir materialmente, com tecnologias fantásticas. O homem foi à lua, planeja pisar em outros planetas, faz viagens extraordinárias de forma externa. Agora, os Estados Unidos fabricaram um equipamento aéreo com raio laser, de dar inveja aos produtores de Star Wars, com inimaginável capacidade de destruição para nós, reles mortais. Há pessoas planejando viajar a Marte, a passeio, mesmo que sem volta. Outros escalam o Everest muitas vezes, mergulham nos misteriosos mares e conhecem criaturas incríveis nas profundezas. No entanto, o homem não costuma viajar para seu mundo interno e desconhece até mesmo a superfície de suas mais primitivas emoções. É incapaz de controlar suas reações e não tem claramente a percepção do significado das palavras paz e guerra.

Numa abordagem mais otimista, podemos citar, agradecidos, a existência de muitos seres de sabedoria, mestres de grande bondade, vindos de uma cultura contemplativa, que se aventuraram no universo interno e que hoje, abrem para a ciência as janelas desse mundo não menos incrível. A sabedoria dos seres que vivem no silêncio das grandes montanhas nevadas chega ao ocidente e possibilita provar os benefícios da contemplação, do olhar cuidadoso para as próprias emoções e sinais internos, das práticas da introspecção e da solitude.

O monge francês Mathieu Ricard, considerado, após exaustivos testes científicos, o homem mais feliz do mundo, escreveu em seu livro “Felicidade”: “Se uma emoção fortalece a nossa paz interior e nos ajuda a buscar o bem dos outros, ela é positiva ou construtiva; se ela destrói a nossa serenidade, perturba a nossa mente e fere os outros, ela é negativa ou perturbadora”. Os contemplativos propõem sairmos da confusão mental e emocional, criando um observador interno e estando vigilantes ao que ocorre dentro de nós. Na Bíblia, temos o ensinamento: “Orai e vigiai”. Não é para vigiarmos a vida do outro. É para observarmos nossas emoções perturbadoras. A propósito, demorei a entender que “Não matar”, um dos Dez Mandamentos, não significa não matar o outro ser humano. Mas não matar nenhum ser e não matar nada. O objetivo é sempre a felicidade.

Felizmente, há muitas práticas contemplativas, muitas técnicas de meditação disponíveis numa simples pesquisa no Google. E este pode ser um bom modo de vida, independente de religião. Sua Santidade o 14º Dalai Lama, um dos seres mais inspiradores da contemporaneidade, ensina de forma muito simples esse modo de viver. “Minha religião é a bondade”, diz. Há alguns anos, conheci o Lama Padma Samten, outro mestre inspirador. Ele me ensinou a meditar de forma detalhada e disponibiliza ensinamentos na internet, para quem quiser. “O controle de qualidade da prática é o seu próprio bem-estar”, diz. Ele alerta para o percentual de brilho no olho, com muito humor: “Brilho a 100% é muito, vocês podem ser considerados loucos. Mantenham a 60 ou 70%”, brinca.

A prática de sentar

Para quem quiser experimentar essa aventura interna, cheia de descobertas incríveis, lá vai a dica. Começamos sentados, em um lugar calmo. Deixamos a coluna ereta, de uma forma confortável e fazemos o voto de ficar imóveis por determinado tempo. Podemos começar com 5 minutos. Então levamos nossa atenção à respiração e seus movimentos. Ficamos atentos, e quando a mente se distrair, voltamos a atenção à respiração. Então começa a viagem, os embates com o corpo (talvez venha um mosquito e temos o voto de imobilidade); aquele problema que nos perturba vem à tona e precisamos deixá-lo ir… Inspira e expira, e só.
Deixo aqui meus votos de que todos os seres possam se beneficiar com as práticas de meditação. Ao longo da caminhada em busca da compreensão da verdade, não vejo outra atividade mais pacificadora do que esse olhar honesto para nosso universo interno, essa viagem pela mente, a caminho da lucidez, do bom senso e do desejo pelo bem dos seres. O caminho é longo e a ignorância é o nosso principal obstáculo. Mas tenho convicção de que vale a pena seguir. Afinal, é algo simples e nem custa dinheiro: cultivar o silêncio e a pacificação, a calma interior.

Como ouvimos por aí: inspira, expira e não pira!

Indicação de livro A Revolução do Altruismo- Mathieu Ricard

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