Youtuber de beleza surpreende e emociona seguidores ao revelar ser tetraplégica

Youtuber de beleza surpreende e emociona seguidores ao revelar ser tetraplégica

A limitação e os desafios que cada pessoa enfrenta possuem um significado e variância absolutamente individuais. Tudo depende do contexto em que a pessoa está inserida. A diferença sempre será a maneira encontrada para superar cada pequeno ou grande obstáculo que a vida lança. Grandes incidentes podem deixar uma pessoa completamente desorientada sobre seu sentido de vida e sua autoestima. O caminho trilhado para reencontrar a própria liberdade para viver pode ser um trabalho árduo e vagaroso de reconstrução.

Assim aconteceu com a Youtuber de beleza  inglesa Jordan Bone. Como muitas outras meninas, ela ensina tutoriais de maquiagem em seu canal no Youtube e possui fãs que seguem suas dicas ao pé da letra. A diferença de seus vídeos para os realizados por outras blogueiras, é que Jordan sempre usou um enquadramento muito fechado em seu rosto e nem suas mãos apareciam inteiramente. Por isso muitas pessoas deixavam comentários perguntando coisas como: “O que há de errado com suas mãos?”. Mas Jordan nunca respondeu, até poucos dias atrás quando resolveu revelar sua história completa.

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Em um vídeo intitulado “My beautiful struggle”(“Minha bela luta”, em tradução livre) ela explica: “Quando publico um vídeo, a maioria das vezes há perguntas sobre minhas mãos. A verdade é que não posso mexê-las, abri-las e nem fechá-las e isso porque há 10 anos fiquei tetraplégica por causa de um acidente de carro. Então, ser capaz de fazer uma maquiagem boa o bastante para mostrar a vocês foi uma grande conquista para mim”, explica.

No vídeo ela aparece sem maquiagem e conta como precisou lutar contra a depressão e buscar níveis mínimos de autonomia e independência para voltar a ser ela mesma e não apenas uma garota tetraplégica. Como suas mãos não funcionavam mais como antes do acidente, ela precisou reaprender a usá-las até conseguir se maquiar com perfeição. “Não posso me vestir sozinha e nem me pentear, então ser capaz de fazer minha própria maquiagem é o que eu tenho de meu”, conta.

Fica claro para nós que o uso de seu canal no Youtube como um espelho de si e da evolução da sua maquiagem foram as peças que lhe permitiram o reencontro com sua beleza. No caso de Jordan Bone, para muito além da superficialidade estética, conseguir se ver novamente como bela e receber o reconhecimento de milhares de fãs lhe deram coragem de assumir sua condição atual e deixar de ser alguém que se escondia para poder dizer claramente que ela era alguém com limitações sim, mas que era capaz de gradativamente superá-las com adaptação.

Um depoimento muito emocionante e digno de respeito.

Assista ao vídeo (em inglês):

Com informações do Catraca Livre.

Conteúdo sugerido por nossa página parceria Psique em Equilibrio.

A sensibilidade afetiva nos obras da ilustradora israelense Ofra Amit

A sensibilidade afetiva nos obras da ilustradora israelense Ofra Amit

Ofra Amit é uma ilustradora altamente premiada  que vive e trabalha em Tel Aviv. Seus trabalhos são elegantes e destacam-se pela profunda reação emocional que transmitem a quem os observa.

Sua obra já possui projeção internacional e foi exibido na Europa, Norte e América do Sul, Sudeste da Ásia , Irã e Israel além de ser encontrado em livros de todo o mundo.

Usa principalmente tintas acrílicas sobre papel ou cartão e, por vezes, termina a sua produção usando colagem.

Amit diz que não tenta evocar uma emoção particular quando pinta – ela simplesmente acontece . ” Tudo o que faço é tentar transmitir a minha visão , e na maioria das vezes o resultado é diferente da minha intenção original.”, diz a ilustradora

“Quando eu desenho, apenas sigo minha intuição . “

No Brasil encontramos um dos livros que possui suas ilustrações: “Asas.

Ofra Amit no Facebook

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Islândia ignora governo e um terço do país se oferece para abrigar sírios

Islândia ignora governo e um terço do país se oferece para abrigar sírios

Na contramão dos protestos e ataques contra centros de acolhida de refugiados, as iniciativas populares para acolher migrantes que fogem da pobreza e da guerra têm se multiplicado na Alemanha, na Islândia e na Espanha nos últimos dias.

Na Islândia, o menor país dos três, o governo liberou a entrada de somente 50 imigrantes sírios. A iniciativa revoltou a população, que decidiu ir além.

A escritora Bryndis Bjorgvinsdottir criou um grupo no Facebook e lançou uma carta aberta ao ministro do Bem-Estar do país, Eygló Harðardóttir, pedindo permissão para as pessoas que estivessem dispostas a acolher os refugiados pudessem colaborar. Mais de 11 mil famílias responderam ao apelo e ofereceram suas casas para acolher refugiados sírios, de acordo com o jornal The Independent. A mobilização no país é maciça e cerca de 30% da pequena população de 323 mil pessoas querem que o país faça mais sobre o assunto.

Na carta, Bjorgvinsdottir disse que gostaria de mostrar a simpatia da opinião pública para promover a acolhida dos refugiados. Ela ainda lembra que os imigrantes representam “recursos humanos” com experiência e habilidades que poderiam ajudar a todos os islandeses.

“Eles são os nossos futuros cônjuges, melhores amigos, a próxima alma gêmea, um baterista para a banda dos nossos filhos, o próximo colega, Miss Islândia 2022, o carpinteiro que finalmente termina o banheiro, o cozinheiro na lanchonete, um bombeiro e o apresentador de televisão “, escreveu, segundo o jornal.

Após o amplo apoio popular da medida, o primeiro-ministro do país anunciou a formação de um comitê para reavaliar o número de pessoas que poderão ser acolhidas. A Europa lida com o influxo incessante de pessoas oriundas do Oriente Médio, da Ásia e da África, que chegam fugindo de guerras, da perseguição e da pobreza.

Também acerca da mobilização internacional de auxílio a refugiados, leia:
Bilionário turco vai doar metade de sua fortuna para ajudar refugiados

Faça a sua parte e conte pra nós!

Fonte indicada: Yahoo Notícias

Dica de livro: O sofrimento como vício

Dica de livro: O sofrimento como vício

Vocês já repararam que algumas pessoas estão tão envolvidas em seu próprio sofrimento que perdem a noção de novas perspectivas?

Acredite…ninguém está livre de se perder em si mesmo.

Quantos de nós vivemos sem a experiência do sofrimento? Sofrer faz parte da vida, faz parte da condição humana, mas, não significa, necessariamente, ser infeliz.

É fundamental discernir entre o sofrimento comum, que acomete a todos, e o sofrimento como vício. Nesta obra, Dirce Fátima Vieira e Maria Luiza Pires, psicoterapeutas e estudiosas das questões humanas nos mostram como o sofrimento como vício pode se manifestar por meio de comportamentos compulsivos e impedir o indivíduo de ter uma vida em equilíbrio, com relações afetivas e emocionais gratificantes, e sucesso como realização.

Há quem padeça do sofrimento como vício, sem se dar conta. A predisposição psicológica expressa por uma atitude de sofrimento perante a vida, a insegurança, a autoestima prejudicada, a ansiedade, entre outras características, definem o viciado em sofrimento.

Enconte nas livrarias:

Saraiva

Submarino

Americanas

Cultura

Bilionário turco vai doar metade de sua fortuna para ajudar refugiados

Bilionário turco vai doar metade de sua fortuna para ajudar refugiados

Com o assunto sobre os refugiados que buscam abrigo na Europa mais em pauta do que nunca, o bilionário turco Hamdi Ulukaya, fundador da Chobani – marca líder no mercado de iogurte grego nos Estados Unidos – decidiu aderir ao The Giving Pledge, a iniciativa criada por Bill Gates e Warren Buffett e que reúne ricaços do mundo inteiro dispostos a doarem uma parte ou suas fortunas inteiras em vida.

Ulukaya, que é dono de um patrimônio estimado em US$ 1,41 bilhão (R$ 5,44 bilhões), entra para o grupo com a missão de investir pelo menos metade desta cifra em ações que auxiliem refugiados em todo o mundo. No ano passado ele já havia doado US$ 2 milhões (R$ 7,72 milhões) à Agência da ONU para Refugiados, e recentemente também criou uma fundação, a Tent, cujo foco está na mesma causa.

Também acerca da mobilização internacional de auxílio aos refugiados, leia:
Islândia ignora governo e um terço do país se oferece para abrigar sírios

Faça a sua parte e conte pra nós!

Por Anderson Antunes
Fonte: Glamurama

E no meio de tanta guerra, salve-se quem puder amar.

E no meio de tanta guerra, salve-se quem puder amar.

Vem, vamos sair daqui. Vamos para longe da fumaça e do barulho, das conversas magras e dos olhos gordos. Vamos lá fora apanhar vento. Quem sabe caia uma estrela agora e nos conceda um pedido louco?

Eu peço uma sacola de dinheiro, você pede outra. Juntamos as duas e construímos uma casa em outro lugar, o pé direito alto, as janelas grandes, um quintal de jabuticabas e pitangas, cachorros e gatos, tartarugas e coelhos e um milhão de tatus-bola sob as pedras no caminho de nossas crianças voando baixo como passarinhos descarados. Na frente, uma porta sempre aberta a quem vier em paz. Vem, vamos para longe daqui.

Diz que tem um trem por esses lados, aqui bem perto, locomotiva de vagões antigos que passa lambendo as casas na beira da estrada de ferro, encosta bafejando na estação de pilares barrocos, pisos de tábua, velhos relógios de teto marcando o tempo em números romanos, e leva todo mundo embora.

Vamos juntos de trem até o fim da linha. Lá, do outro lado, há de existir uma cidadela mansa, varrida pela brisa, beijada pelo sol, abraçada pela noite. Lá onde a gente vive para muito além dos cem anos, as crianças brincam na rua até tarde, as comadres se dão e se adoram nas calçadas à tardinha em cadeiras de fórmica, dando jeito no mundo e em sua gente.

Passou da hora. Vamos à forra, ao largo, em frente, a fundo, a sério. Vamos embora daqui, vamos para lá, tapar o sol com a peneira das árvores, pensar na vida sob as copas unidas de um pomarzinho. Nossos honestos pés de fruta nos guardarão de mãos dadas, conspirando para nosso remanso sua sombra franca atravessada por diamantes de sol.

Montados em nossa esperança, seguiremos até a terra que é nossa, com gente de todos os cantos, credos, cores e uma só disposição para o trabalho.

E todos os dias, depois da lida, voltaremos para casa pedalando nossas bicicletas, enquanto moços de noventa anos pulam corda com os mais jovens, casais de todos os sexos caminham de mãos dadas, cachorros conduzem o passeio de seus donos, guardas de trânsito apitam gentilezas, bandos alegres brincam na rua, desenham com giz na calçada, jogam bola e conversa fora nas praças.

Vamos para lá. Façamos as malas que o trem está apitando. Vamos que há lugar para nós e os nossos. Quando chegarmos, centenas de árvores racharão o concreto das calçadas em festa, indicando nosso caminho para a labuta. Nossas desavenças todas vão estourar em milhares de pêssegos carnudos, saborosos, recendendo no ar um perfume de fruta lasciva, assanhada, inundando nossas angústias de um caldo espesso e doce, enchendo nossos corações de paz, povoando o mundo de amor.

Assim as portas todas se abrirão ao refúgio inocente dos que lutam pela vida. E os que brigam e subjugam e matam e aprisionam por dinheiro, por orgulho ou por maldade morrerão de vergonha, cairão sobre os joelhos, os rostos em chamas, vencidos pela força de um amor que é o único caminho para longe da barbárie. Vamos embora dessa guerra. Salvemo-nos uns aos outros. Salve-se quem puder amar.

Troquei a capa pesada por um vestido soltinho

Troquei a capa pesada por um vestido soltinho

Cansei de tentar ter um argumento para tudo. Cansei de explicar e me explicar coisas que não se explicam, que não tenho capacidade de entender, coisas que muitas vezes me geraram muito trabalho e pouco ou nenhum proveito. Cansei de arrumar explicação para os tropeços alheios, desculpas para não sentir raiva, argumentos psicológicos para proteger imagens e mitos.

Me dei conta que esse universo de argumentos prontinhos é uma capa pesadona, cheia de bolsos, internos, externos, secretos… Com ela, realmente me sentia agasalhada e protegida, mas andava lenta, sem mobilidade, vasculhando como louca todos os bolsos, tentando achar as explicações perdidas no meio dos infinitos bolsos. E chegou um tempo que não sabia mais como tirar a capa, pois os zíperes emperraram, e, com má vontade tentei uma, duas vezes, e então desisti. – Sou assim mesmo – decretei.

Claro que agora não é questão invalidar os argumentos. Afinal, me custaram muito tempo e miolos para realizar algumas conclusões e alguns deles eu vaidosamente considero brilhantes. E é óbvio que são essenciais para dar sentido às discussões. Mas, reconheço que, se por um lado muitos deles são totalmente válidos, uma parcela gigantesca pode muito bem ser dispensada do acervo, liberando peso e espaço. Os mais antigos, os que não se aplicam mais, os que levam às desculpas tolas, os que não me dizem respeito mas que eu achei um jeito de me inserir…

Decidi não ousar mais tentar ter ou ser resposta para tudo e todos. Não quero ser lembrada ou reconhecida como conselheira, razoável, mediadora, nada disso. Quero ter o direito de uso do ponto de interrogação; Quero me proporcionar a liberdade de dizer: – Não sei – quantas vezes tiver vontade; Quero não me ocupar de entender o que não faço questão de entender.

Decidi portanto, arrancar e rasgar a capa pesada e com manchas do tempo e trocar por um vestidinho de alça, solto, leve e cheirando a novo. Acho até que posso vir a sentir frio, mas para poder me proteger, vou tentar um xalezinho, um esfregar de mãos, um abraço. Ou tudo isso junto ao mesmo tempo. Afinal, frio mesmo a gente só sente quando está só, isolado por certezas. Na dúvida, tem sempre alguém por perto, sentindo o mesmo.

Onde quer que você esteja, estou te mandando amor

Onde quer que você esteja, estou te mandando amor

Ano passado, assistindo pela primeira vez ao filme “Her”, prestei específica atenção e dediquei algumas posteriores reflexões a uma cena em que Theodore, o personagem principal, destina as seguintes palavras para aquela com quem já teve um relacionamento amoroso: “Seja lá quem você se tornou, onde quer que você esteja no mundo, estou te mandando amor.”

Mandar amor. Existe evidência mais forte de que alguém preencheu de forma bonita a nossa alma e a nossa história – ainda que não caminhe mais ao nosso lado, pelo motivo que for, e que os trajetos separados o tenham transformado em alguém que já não mais sentimos conhecer – que o amor que emanamos quando ele visita nosso pensamento? Que o desejo que grita – daquele que coloca sorriso nos olhos e lágrima no rosto – de que ele e sua incontável coleção de detalhes carregados de pureza, que um dia já soubemos de cor, nunca deixem de estar bem?

Ainda que não exista mais a proximidade que antes permitia ser o abraço nas horas difíceis, é desejar que nunca lhe falte o amparo necessário para que a dureza da vida traga discernimento e amadurecimento, mas jamais caleje a inocência do seu sorriso.

Mesmo que as metas já não sejam mais rabiscadas no mesmo papel, é alegrar-se pelo sucesso do outro como se ele fosse também nosso; é vibrar pelos passos daquele que é dono da dedicação meio torta, mas cheia de vontade de ser feliz, daquele cujas lágrimas de medo e tentativas frustradas ainda evaporam de nossas camisetas.

É desejar que ele encontre os filmes e as músicas que o toquem e jogos novos que o divirtam; para que não dê problema no carro e sobre um dinheirinho no final do mês; para que, principalmente, sua vida sempre esteja permeada com a serenidade e coragem suficiente para sentir e aprender com as diferentes cores do mundo.

É carregar a paz que é, sem esforço algum, ser capaz de – genuinamente e com uma força absurda- mandar amor para uma vida, simplesmente pela certeza de que, independente do tipo ou do tempo de relação, foi exatamente a beleza dele que ali existiu, afinal, ainda que não se brinque mais da sincronia dos passos, haverá eternamente muito daquele que amamos impresso em nosso caminhar.

Encontre o filme “Her” aqui.

E de repente vem a vida e te passa uma rasteira!

E de repente vem a vida e te passa uma rasteira!

Sobre a capacidade humana de enfrentamento e resiliência

Você tinha planos, sonhos, expectativas, desejos por realizar. Tudo corria aparentemente bem até que de repente algo dá errado: um imprevisto, um esquecimento, uma má notícia, uma reviravolta de qualquer tipo… enfim, você toma uma verdadeira rasteira da vida!

Todos nós já vivemos algo assim em determinado momento das nossas histórias, não é mesmo?

É com os tropeços que aprendemos a levantar. É com as quedas que adquirimos experiência. É com as lições da vida, muitas vezes duras de digerir, que passamos a prestar mais atenção no nosso caminho, a entender qual deve ser o andar e como devemos recuperar o equilíbrio.

Mas, é evidente que cada um de nós lida de uma maneira diferente frente a esses desafios de adaptação. Percebemos que existem pessoas que, quando tomam uma rasteira, ficam lá, verdadeiramente estateladas no chão, em choque, não conseguem reagir. Às vezes demoram muito tempo para conseguir esboçar qualquer reação. Por outro lado, há aquele que rapidamente encontra uma saída, reage com força e estabilidade e, como diz a música de Paulo Vanzolini, reconhecida na voz de Beth Carvalho “reconhece a queda e não desanima… levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.

O que faz com que alguns hajam de uma maneira e outros não? O que acontece no momento em que sofremos a perda, nos frustramos ou nos desiludimos? Como adquirir uma capacidade maior de enfrentamento nessas ocasiões?

Independente da rasteira que levamos, elas se configuram um período de crise em nossa existência, e exigirão de nós uma resposta adaptativa frente ao inesperado. Nosso corpo e psique reagirão ao acontecimento. Uma série de processos neuroquímicos irão se iniciar para responder ao estresse desencadeado pela situação. Nossa psique também reagirá da mesma forma, produzindo respostas diferentes dependendo da nossa história de vida, do nosso padrão de funcionamento psicodinâmico, da nossa personalidade, dos nossos esquemas de memória armazenados no cérebro, dos recursos egóicos e das nossas defesas disponíveis. Pode-se imaginar como todo esse quadro é muito complexo e variável.

Porém, do mesmo modo que nosso corpo oferece algumas respostas previsíveis e que fazem parte da evolução da nossa espécie, nossa psique também parece reagir de maneira semelhante aos traumas e às perdas. Assim, é comum que a surpresa inicial da rasteira que levamos seja vivenciada com uma sensação de choque! Ele faz parte do exato momento em que a situação estressante acontece e você poderá identificá-lo facilmente através de uma sensação nítida de que não acredita que aquilo está acontecendo. Você poderá sentir o seu corpo gelar, sua mente desligar e não conseguir processar as informações do ambiente. O choque nos mostra que a situação é muito maior do que o nosso Ego consegue integrar na realidade psíquica daquele instante. E ele pode dar lugar a uma resposta de enfrentamento da situação ou nos conduzir a um estado de negação intelectual ou emocional sobre o que está acontecendo.

A negação nos mostra que não temos recursos internos para lidar com o fato doloroso e, portanto, tentamos fingir para nós mesmos que nada está acontecendo, porque estamos com muito medo, ansiosos e frágeis. Neste momento precisaremos encontrar proteção e suporte para, aos poucos, encontrar as forças que existem dento de nós.

Quando o choque e a negação passam, costuma surgir uma verdadeira avalanche de emoções. O medo, a frustração, a raiva, a dor, a irritação, o sofrimento, tudo vêm à tona, fazendo-se necessária a expressividade emocional. É preciso “por pra fora”! Quando não fazemos isso e bloqueamos a reação emocional, também não permitimos a descarga da resposta corporal devida. É como se estivéssemos frente à frente com um leão e não pudéssemos lutar ou fugir. Nosso corpo entende que seremos devorados e então paralisa!

A expressividade emocional pode acontecer pelas vias da palavra, mas também da arte, da dança e do corpo. Só precisaremos ter cuidado para não extravasar através da agressão contra si e ou contra o ambiente, pois se assim ocorrer só nos trará ainda mais consequências dolorosas a suportar.

A partir do momento que vamos expressando nossos sentimentos, vamos dando contorno ao que nos aconteceu, assimilando a realidade, compreendendo as circunstâncias e aceitando-as. E então, conseguimos alcançar uma serenidade que nos permite pensar nas possíveis estratégias de resolução do problema e concentrar nossas forças para dar a volta por cima e seguir à diante.

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Um quesito fundamental nesse processo é nos conscientizamos de que há em nós recursos e capacidades que nos ajudarão a superar a situação, isto é, que temos autoeficácia! Se acreditarmos que nada podemos fazer, pois tudo depende do que acontece fora de nós, então ficaremos inundados pela passividade e realmente não seremos capazes de agir em direção a mudança. Uma baixa autoestima, uma descrença em relação a si próprio e a falta de reconhecimento dos próprios recursos internos são os piores venenos quando levamos uma rasteira da vida.

Por outro lado, aqueles que se mostram mais positivos e resilientes, tendem a enfrentar os obstáculos com mais facilidade e flexibilidade.

Segundo as pesquisas sobre resiliência, há pessoas que tem mais habilidade em resignificar uma experiência negativa e revertê-la ao seu favor com confiança e ação na realidade. Isso não quer dizer que pessoas resilientes não sofram, mas que possuem dentro de si maior tolerância e uma força que as levam a digerir e elaborar suas dores e sentimentos com mais facilidade e rapidez, encontrando recursos de autoconhecimento e autocuidado para contornar a situação negativa com criatividade.

Portanto, se você levou um rasteira da vida e precisa enfrentar a situação, dê o tempo necessário para assimilar o fato e expressar suas emoções e, então busque dentro de si seus potenciais para transformar essa realidade de maneira criativa. Conte com a ajuda de quem está ao seu lado ou de pessoas especialistas no seu problema. Busque segurança, confie na vida e seja otimista!

Afinal, podemos fazer de todas as rasteiras que levamos motivos de derrota na vida ou oportunidades de amadurecimento, fortalecimento e mudança na trajetória da vida rumo ao bem-estar e à individuação.

A tal da química

A tal da química

Inquietante! É o que falamos quando algo transforma nosso interior, mas não sabemos como, nem por quê. No caso de uma atração inexplicável por outra pessoa, aí nos deparamos com a pergunta: será mesmo que é a tal da química, metamorfoseada dentro da gente e passando para mais um estágio de vida?

A questão é que sabemos muito pouco do nosso interior, do nosso que que avança e quase sempre nos perturba sem nos dar quase nada ou nenhum entendimento que nos arraste para a suposta compreensão do que se passa com o mundo que criamos a cada ato vindo do inexplicável.

É como se levássemos várias capas para onde vamos: de formatos e cores diferenciadas, elásticas no tempo. Temos os tipos certos para todas as ocasiões, contato que não descubram quem ou o que somos, pois residimos no mistério, e ainda esperamos olhares, risos e ruídos curiosos a nosso respeito. Se não há mistérios, não tem graça. Toda a graça está exatamente no ponto alto da composição preparada para o outro, o que chamamos de alquimia. A esta altura, a química que envolve o outro em nossa rede de ficções.

Não passa de química, tem que ter a tal dessa química que tanto acreditamos. E isso serve para tudo na vida, pois gostamos mesmo do prazer que há até nas minúsculas coisas. Da atração pelo inusitado que nos envolve. Se não tem química, não rola.

E quando nos falta esse ponto de harmonia perfeita em relação a outra pessoa, essa química que já virou nossa maior necessidade? Nos humanos, os opostos não se atraem, sempre existe um elo que os fazem querer a mesma coisa: estarem juntos e ter a companhia para dividirem suas experiências, embora às vezes pensem em polos opostos, o que, para alguns, são atraídos cada vez mais por esse desnível louco que reside no outro; é o que os faz avançar no ritmo frenético da vida.

O melhor mesmo é sabermos que temos um universo de infinitos caminhos que levam às situações e a alguém que, com química ou não, podemos descobrir novos ângulos para enxergarmos a vida com mais cores e novos sentidos. Assim, podemos escolher a melhor bagagem, a mais leve, a que se fantasiará em nosso palco particular e arrancará aplausos de qualquer transeunte escondido por trás da cortina. No fundo, é nossa química individual que escolhe a melhor parceria com o outro.

Nota: A imagem de capa é uma homenagem ao filme “Meia noite em Paris”, um dos maiores sucesso de bilheteria de Woody Allen

Permita-se o tempo do amor, a vida ainda pede uma coisa de cada vez.

Permita-se o tempo do amor, a vida ainda pede uma coisa de cada vez.

É tudo uma questão de tempo. É na permanência que se estabelecem os vínculos, que se encontram as afinidades e que nos deparamos com os limites da convivência e de nosso próprio bem estar.

O jornalista Malcolm Gladwell desenvolveu uma teoria que diz que precisamos de 10.000 horas de prática para nos tornarmos especialistas no que quer que façamos tecnicamente. E, por que com o amor seria diferente?

Não é raro encontrar pessoas que, ao falar de seus relacionamentos, ainda se baseiam na experiência que tiveram na época da paixão. Mas, a própria paixão tem tempo de vida e, após um período, precisa acabar para que as pessoas voltem a dividir seu tempo com mais atividades, ver a pessoa com que se relacionam de maneira mais realista e, aí sim, permanecer em uma relação de amor ou terminar, pois, paixão sempre vem acompanhada de mais fantasia do que realidade.

Existe um ciclo para o apaixonar-se, para desenvolver intimidade e para construir uma relação verdadeira. É dentro e no cumprimento desse ciclo que duas pessoas que se relacionam, conhecem suas qualidades e defeitos e escolhem permanecer juntas ou não. Entretanto, investimento, conexão e reconexão são trabalhos contínuos.

Recentemente viralizou na internet um questionário com 36 perguntas que seria responsável por desencadear paixões, quando duas pessoas fizessem as perguntas nele contidas umas para as outras. Mas, o segredo desse “apaixonar-se” estaria nas perguntas em si ou no contato afetivo estabelecido durante o tal interrogatório que criava uma intimidade mínima e por um período de tempo considerável até que um interesse genuíno pudesse surgir?

Um outro vídeo apresentou um experimento em que, por 4 minutos, duas pessoas que já tinham um relacionamento mantinham um contato visual. Durante o processo, ficava claro o real aumento da proximidade afetiva que acontecia durante esses poucos minutos. Do desconforto inicial, as pessoas evoluíam para um reencantar-se amoroso que chegava até a emocionar os participantes. Um casal de idosos, inclusive, fala após ter passado pela experiência, que nunca tinha se olhado dessa maneira em mais de 50 anos de relação.

O Pequeno Príncipe em uma de suas falas mais memoráveis nos diz:

Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”

Pessoalmente, lembro-me de um dos relacionamentos mais sérios que eu tive e que durou vários anos. Quando eu ligava para ele, por mais ocupado que estivesse, ele atendia o telefone em um tom de voz mais suave e dava toda a atenção ao que eu tinha para falar. A relação acabou, mas, disso nunca me esqueci.

O amor acontece em todas as esferas que envolvem a nossa vida…

Nunca nos esquecemos daquela consulta em que o médico nos olha nos olhos e responde a todas as nossas inseguranças e dúvidas ao esclarecer ou mesmo ao investigar o que pode estar acontecendo conosco, afinal, é da nossa vida que estamos tratando.

Um filho não esquece da mãe, do pai, dos tios e avós que abandonam por alguns minutos suas tarefas momentâneas e brincam com eles, respondem a sua sede de vida.

Um amigo reconhece eternamente, quando dedicamos um tempo sincero para alimentar a cumplicidade da relação.

E nós, mesmo sabendo disso consciente ou inconscientemente, pois, todo mundo sabe porque sente a diferença, na maioria das vezes não paramos, não olhamos nos olhos, não conversamos e nem estamos verdadeiramente presentes em nossas relações.

Fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, não é uma fórmula para eficiência e sim, para a desatenção, para o erro e para o afastamento afetivo. Nossa atenção é uma só e ela é incapaz de ser dividida mantendo 100% de foco em cada atividade. Logo, quanto mais coisas eu faço e pessoas eu atendo ou me relaciono, mais divididos esses 100% da atenção ficam. E aí vem o erro, e aí vem o retrabalho, e aí vem o afastamento afetivo que mina qualquer relação.

Quanto de atenção eu destino à pessoa que está na minha frente, se eu mexer no celular ao mesmo tempo? Quanto da minha atenção eu ofereço a alguém, se eu ler algo e ao mesmo tempo tentar ouvir a sua fala? Qual a porcentagem da sua atenção destinada ao trabalho que você faz, se você está escrevendo algo e quer usar um chat ao mesmo tempo? Você se lembra de responder aos e-mails que viu e deixou para responder depois? O que você realmente está priorizando é o mais importante e necessário a ser feito?

Engana-se muito quem acha que isso é eficiência, ao menos que a pessoa realmente não se importe com o resultado do trabalho ou com o seu interlocutor. Muitos chefes e administradores de empresa também precisariam saber disso.

O foco individual para cada atividade e pessoa parece ser o caminho encontrado pelas pessoas que se mantêm em relações saudáveis, e baseadas no que seria o verdadeiro amor por quem está perto e pelo trabalho que se faz.

É preciso tempo para apaixonar-se, tempo para desapaixonar-se, tempo para aprender a amar e tempo para manter a eterna construção do amor e do reencantar-se, seja através de uma comunicação real e atenciosa, como nas perguntas da pesquisa indicaram, em uma profunda ligação promovida pelo olhar para quem amamos ou até mesmo com um cliente que atendemos.

Preste 100% de atenção no que eu digo agora: Permita-se o tempo do amor, apesar de todos os compromissos e tecnologia, a vida ainda pede uma coisa de cada vez.

As fronteiras estão na mente. O mundo é de todos que aqui estão.

As fronteiras estão na mente. O mundo é de todos que aqui estão.

Advogados, engenheiros, fisioterapeutas, psicólogos, músicos, escritores, médicos: tantas pessoas talentosas penando pra poderem, simplesmente, exercer suas funções em paz.

Seja em que área for, existe sempre uma panelinha. Como um forte apache, meia dúzia de soldadinhos se protegem. Se armam até os dentes para defende-lo de qualquer “intruso”, um talento em ascensão, ou simplesmente, alguém querendo exercer seu dom, da melhor maneira que sabe e pode.

No também restrito meio da fama, esta realidade é muito óbvia. Reconhecemos todas as vozes e rostos da mídia e são sempre os mesmos por anos a fio. Quando surge alguém novo, com certeza, com raras exceções, partilha da mesma genética ou meio social dos que já estávamos familiarizados. Tem sido assim há séculos.

Um dom é uma sabedoria nata. Como uma semente, ele cresce, cria asas e, se ninguém atrapalhar, um dia vai querer voar e todos se beneficiarão com isto mas, infelizmente, não é assim que muita gente enxerga.

Apesar de, em muitos países, a competição ser quase uma regra pra se “vencer” na vida, a meu ver, apesar de ser aceitável pela maioria de nós, é uma anomalia desumana.

Grande parte das pessoas se apavora ao ver alguém abrir as asas pra decolar. Se sentem ameaçadas, com medo de perder o espaço, o controle, a atenção.

Se tem conhecimento de um bom contato, um emprego ou um caminho que ajude, queira se sentar, elas nunca dirão. Mas o que choca mais, é que muitas vezes, pessoas que nem da sua área são, apesar de terem conhecimento que facilitaria seu caminho, se recusam a fornecer. Essa é a verdadeira mesquinharia !

Onde há medo, não há espaço para o amor, generosidade ou compaixão.

Uma amiga de toda vida, depois de passar quase vinte anos trabalhando em empresas, recentemente desempregada, resgatou com enorme alegria a profissão que nasceu pra exercer. Porém, esta semana recebeu um convite para uma entrevista.

Como a autonomia gerou uma natural insegurança, resolveu ir, mas antes, lembrou-se de outra pessoa que tinha trabalhado com ela, e atualmente se encontra na mesma situação, feliz em sua nova opção profissional, mas ainda lidando os apertos financeiros.

Ela nem pensou duas vezes. Se armou com os dois currículos e foi checar a oportunidade.
Quando a entrevista estava por terminar, viu o momento de mencionar mais uma pessoa. Apresentou o currículo da colega experiente e talentosa no caso de precisarem, uma vez que estavam em busca de preencher varias vagas.

A mulher ficou pasma, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. Ficou muda. Como alguém, precisando trabalhar, em sua sã consciência, ofereceria outro currículo podendo correr o risco de perder a vaga ?

Ela não sabe se foi boa ou má a impressão que causou, mas, com certeza o impacto de sua generosidade deve ter sido profundo.

É mesmo uma pena que muita gente ainda não compreenda que todos têm algo a acrescentar. Há espaço para cada um de nós neste mundo. Se perder o seu, ou não era bom o suficiente ou este não era seu caminho.

Não sejamos hipócritas. Queremos receber os Syrios, mas hostilizamos um conhecido que está tentando chegar a algum lugar? Nunca sabemos a quem estamos hostilizando. Este é exatamente o tipo de medo que sofrem as nações que abominam refugiados e refugiados somos todos. O mundo é de refugiados da fome, da guerra, da tristeza, da solidão.

Um dia fomos refugiados de alguma coisa ou questão. Hoje somos as pessoas que fabricam as roupas que você veste, que limpam suas calçadas, que ensinam seus filhos, que abriram empresas, geraram empregos. São artistas, engenheiros, arquitetos, nobel da paz, da literatura, da ciência, da vida. São os médicos que um dia salvaram suas vidas ou de alguém com quem se importam.

As fronteiras estão na mente. O mundo é de todos que aqui estão.

Sebastião Salgado fala sobre o drama silencioso da fotografia

Sebastião Salgado fala sobre o drama silencioso da fotografia

Sebastião Salgado é, seguramente, um dos fotógrafos mais conhecidos em todo o mundo. Nesta pequena palestra, ele fala um pouco de sua vida, revelando que assumiu a fotografia quando tinha mais de 30 anos e que tal atividade, contudo, tornou-se uma obsessão.

Um visionário, ativista de esquerda, idealista, norteou sua arte a serviço de seu ideário. Seus projetos capturam de modo singular a dor humana, a morte, o abandono, a desolação, a ruína moral de povos inteiros.

Aqui, ele conta uma passagem emocionante de como a arte, levada às últimas consequências, quase o levou à morte. Apresenta, ainda, imagens incríveis de seu trabalho mais recente: “Genesis”, no qual documenta um mundo de pessoas e lugares esquecidos.

Postagem indicada pela página parceira Psique em Equilíbrio.

Saiba mais sobre a biografia e outros livros de Sebastião Salgado aqui.

O chove não molha do amor líquido

O chove não molha do amor líquido

Chegamos a um momento em que não sabemos o que somos. Sabemos que não somos modernos, pois a razão não é tão poderosa quanto outrora, mas também ainda não sabemos em que estágio estamos. Assim, a contemporaneidade é chamada de pós-moderna, ou, como prefere o sociólogo Polonês Zygmunt Bauman, Modernidade Líquida.

Nesse universo, tudo é fluído e muda com extrema rapidez; não há espaço para coisas sólidas, já que, em tempos líquidos, tudo o que é sólido desmancha no ar. Dessa maneira, o amor também assume uma nova face diante de todas essas mudanças, assumindo uma forma líquida.

Como dito, o mundo pós-moderno é marcado pela extrema fluidez e velocidade que as relações possuem, de tal modo que a facilidade em desconectar-se é o principal elemento das relações. Uma relação que nos prende e finca raízes e que, por conseguinte, não permite desconectar com tanta facilidade é um fardo que o homem contemporâneo parece não querer carregar.

Assim, como se estivessem numa grande feira, os indivíduos compram, trocam e vendem relacionamentos. Tudo isso, graças à facilidade de desconectar-se. Acreditam que, com as suas inúmeras experiências, tornam-se experts no amor. Entretanto, o que adquirem é apenas a

“Habilidade de terminar rapidamente e começar do início.”

Ou seja, muitos relacionamentos não significam necessariamente mais amor. A rapidez com que se troca de parceiros e se descartam os relacionamentos não permite conhecer o outro a ponto se relacionar verdadeiramente. Em verdade, essa fluidez chega a ser um contrassenso à ideia de relacionamento, uma vez que relacionar-se significa levar consigo, e portar alguém está fora do cardápio pós-moderno.

“É tentador afirmar que o efeito dessa aparente aquisição de habilidades tende a ser, como no caso de Don Giovanni, o desaparecimento do amor – uma exercitada incapacidade para amar.”

Estamos presos ao nosso próprio eu, o que se tornou ainda mais viável com o desenvolvimento dos aparelhos tecnológicos e com a internet. Não queremos nos dar o trabalho de investir numa relação, tudo é uma questão de custo-benefício. Os relacionamentos transformaram-se em meras mercadorias, de forma que o que se busca é sempre lucrar com o produto final.

Não há tempo para a semeadura, a qual, além de levar tempo, é desgastante. Queremos tão somente usufruir do produto acabado e, quando este já não nos serve, trocamos por outro, afinal, essa é a lógica do mercado e o amor, nesse contexto, também se encontra na vitrine.

“E assim é numa cultura consumista como a nossa que favorece o produto pronto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução de dinheiro.”

Os relacionamentos, assim, são vistos como investimentos comerciais. Não há tempo a perder, é preciso estar atento ao mercado, pois, quando este acenar com possibilidades melhores, tenho que estar pronto para me desfazer dos relacionamentos que possuo e usufruir de outros melhores.

“Para o parceiro, você é a ação a ser vendida ou o prejuízo a ser eliminado – e ninguém consulta as ações antes de devolvê-las ao mercado, nem os prejuízos antes de cortá-los.”

O amor líquido é a transformação dos homens em mercadorias, é a solidão de uma sociedade individualista que busca relacionar-se, mas sem se envolver, como se as pessoas fossem descartáveis. A insegurança impede que raízes sejam fincadas, que o produto acabado transforme-se em produto construído, que alguém esteja dentro de mim. No máximo, o que são permitidos são os “relacionamentos de bolso”, os quais você guarda no bolso, de modo a poder lançar mãos deles quando for preciso.

Amar significa perder tempo, ter dor de cabeça, estar pronto a arriscar, pois nada é um produto acabado, mas, antes, uma construção perene. É impossível saber se está certo ou errado, pois ainda não se chegou ao fim do caminho. E amar é investir na semeadura, mesmo antes de saber se os frutos nascerão. É preciso esforçar-se numa relação, estar pronto em alguns momentos a abdicar do seu eu, colocar-se no lugar do outro, o que em

“Uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma rara conquista.”

Vivemos numa sociedade hedonista, em que tudo o que retarda a satisfação é visto de forma inadequada, e o amor, que precisa de tempo, encontra-se nessa inadequação. Dessa forma, os relacionamentos de bolso escondem a insegurança e o medo de as pessoas se envolverem, assim como a incapacidade de saírem da zona de conforto e perder tempo com algo. Queremos um amor que nos satisfaça e que, por algum momento, afaste-nos a solidão, mas não queremos ter o trabalho de, nem por um momento, ter um peso que nos impeça de flutuar, afinal,

“Vivemos em tempos líquidos. Nada é para durar.”

O amor é feito pelos amantes a todo o momento, é um ato criativo que apenas no envolvimento dos amantes é capaz de se manifestar. É apenas para os corajosos, que não têm medo de se arriscar e que sabem que há mágicas que apenas o inesperado possui. Assim,

“Não é ansiado por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas o estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.”

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