A incrível máquina de abraços

A incrível máquina de abraços

Recentemente fui a uma exposição no centro da cidade e uma das instalações, a de um artista oriental, perguntava aos visitantes “Se você pudesse inventar uma máquina que resolvesse um problema da sua vida, que máquina seria?”, entre os milhares de papeizinhos coloridos, um chamou minha atenção. Nele dizia: uma máquina de abraços. A genialidade daquela pessoa que eu jamais conheceria na vida me tocou profundamente. Uma máquina de abraços.

E eu queria enviá-la programada com um abraço meu para minha mãe em seus dias tristes ou em todas as manhãs em que sinto sua falta, conversando pela casa. Mandaria outra para meu amigo de coração partido que liga chorando de madrugada. A vontade mesmo era atravessar a linha e agarrá-lo forte, acalmando o medo do seu coração, ao ritmo do meu. Como não posso, abraçaria minha máquina de abraços daqui e ele receberia de lá, bem apertado e demorado, do jeito que é só nosso de abraçar.

Enviaria algumas tantas de presente para as pessoas que já amei na vida, e o abraço, seria cheio de saudade e gratidão. E haveria uma máquina de abraços num cantinho da casa da minha melhor amiga para abraçá-la só pelo tempo de eu pegar um avião e ir me preencher da existência linda dela.

Haveria uma máquina dessas em cada estação de metrô ou de ônibus para garotas que choram sozinhas no meio da rua. Eu nunca sei se posso me aproximar ou se aquele choro é um pedido para permanecer calada, em sua dor. Então, eu só entregaria uma fichinha, um vale-abraço na máquina de abraços mais próxima. Faria isso na esperança de que ela ignorasse a ficha e me abraçasse, em carne, osso e dor. Abraçasse um estranho que sentiu a solidão dela dentro daquele vagão.

E a incrível máquina de abraços iria aonde eu não posso ir, estaria onde eu não posso estar em corpo, mas estou sempre por perto em afeto, saudade e amor, medidas que a distância desconhece. A saudade foi algo que alguém um dia inventou pra que a gente se lembre sempre daqueles abraços que nos levam de volta pra casa.

Um em cada três casos de Alzheimer pode ser evitado

Um em cada três casos de Alzheimer pode ser evitado

Um em três casos de Alzheimer no mundo pode ser evitado segundo um novo estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Num artigo publicado na revista especializada “The Lancet Neurology”, a equipa de cientistas britânicos relata que analisou dados baseados em censos populacionais para descobrir os sete principais fatores de risco no desenvolvimento da doença.

Esses fatores são a diabetes, hipertensão na meia-idade, obesidade na meia-idade, sedentarismo, depressão, fumo e baixo nível de escolaridade.

Segundo os investigadores, um terço dos casos de Alzheimer podem estar ligados a fatores relacionados com o estilo de vida dos pacientes e que podem ser modificados, como a falta de exercício e o tabagismo.

Com base nesta premissa, os investigadores analisaram como a redução destes fatores pode afetar o número dos casos da doença no futuro. Partindo desta proposta de análise, descobriram que, ao reduzir cada fator de risco em 10%, quase nove milhões de casos de Alzheimer poderiam ser evitados até 2050.

As atuais estimativas sugerem que mais de 106 milhões de pessoas no mundo viverão com a doença em 2050, mais de três vezes o número de afetados em 2010.

Fonte indicada: Move Notícias

Segundas e infinitas intenções

Segundas e infinitas intenções

Desprender de certas coisas é minha maior necessidade. Começo pelo espiritual, com o que me comove dentro de mim, sempre. É lá que estão todas as minhas malas secretas guardadas, algumas, sequer abri para olhar o que há dentro delas. Gosto mesmo é de me esvaziar e sentir como se não existisse nada dentro de mim, como se estivesse pronta para uma nova construção, não interessa o tamanho, contanto que me dê ritmo, respiração, musicalidade. Adiar essa construção é um ato de egoísmo.

Existem ruídos também que me incomodam como sinos intercalados em sincronismos estridentes. Às vezes nem nos damos conta que esses barulhos tiram muito da nossa capacidade de observar as coisas mais silenciosas e fascinantes que estão tão próximas como o vento que roça devagar nossa face. É como um ato despercebido que pode vir de qualquer pessoa, como um milagre, algo que jamais poderia acontecer diante da nossa racionalidade.

Não, acho que não necessito dela – dessa racionalidade que impede de viver qualquer experiência que vá a fundo em nossa percepção, como uma experimentação particular do cálice sagrado. Preciso muito mais da loucura perto de mim. É ela que me traz cores e alegrias fora do comum! Não me importo com julgamentos, eles estão aí, por toda parte nos iludindo com falsas acusações.

Um livro aberto, mas cheio de segundas e infinitas intenções, é como me dispo para os olhares que fingem entender os atos humanos nas suas mais sublimes transformações. É minha metamorfose necessária, por assim dizer. Mas nem sempre me vejo como gostaria que fosse, é como algo que permanece mudo, mas ecoa por quarteirões inteiros. É muito mais como gostaria de me ver em todos os detalhes, perfeitamente e completamente. E que espécie de perfeição é essa? Não teria como saber, pois é mutável e violenta, só experimentando seus momentos provocativos para me convencer de como ela realmente é.

Muito mais que ser e sentir, é sobretudo se abandonar e se entregar para a vida, é voltar a ser a novidade inquieta que necessita olhar ao redor e tecer romances e fantasias, ainda que nunca aconteçam na realidade, mas estão ali fervilhando como uma pessoa prestes a sair de uma prisão. E a maior prisão só pode existir dentro da gente.

O melhor disso tudo é que tantas vezes ainda temos tempo para tomar nossa liberdade nas mãos, pegá-la como num roubo, furtivamente, com todo o desejo de possessão que aguça o mais excêntrico dos mortais, como a beleza narcísica que se instala numa pessoa e não cansa um momento sequer de cobiçar a si mesma. A isso chamo de minha forma de me pertencer.

Pauliceia Literária – de 24 a 26 de setembro

Pauliceia Literária – de 24 a 26 de setembro

O “Pauliceia Literária”, é o Festival Internacional de Literatura organizado pela Associação dos Advogados do Estado de São Paulo. Seu objetivo é promover o debate sobre a literatura e os temas que se relacionam com ela, bem como fomentá-la por meio de mesas literárias e grupos de leitura.

O evento torna-se um espaço importante para debates e troca de ideias. Em 2015, por três dias, transformará o centro da cidade de São Paulo e arredores em ponto de encontro do público com autores e profissionais das áreas de literatura e artes, representando o Brasil e países da Europa e das Américas.

As mesas de debate, deste ano, serão compostas de:

contioutra.com - Pauliceia Literária - de 24 a 26 de setembro

Quando: de 24 a 26 de setembro de 2015.

Onde: Associação dos Advogados do Estado de São Paulo

Endereço: Rua Álvares Penteado, 151 – Centro. São Paulo.

Telefones: Capital e região metropolitana de São Paulo: (11) 3291 9200

Outras localidades: 0800 777 5656

Horário de atendimento: das 8h30 às 18 h.

Faça sua incrição pelo site: http://www.pauliceialiteraria.com.br/programacao

São todos iguais! Mas, diferentes…

São todos iguais! Mas, diferentes…

Depois de algum tempo levando pancadas seguidas dos acontecimentos da vida, tendemos a estabelecer generalizações muito nocivas à expansão das nossas experiências. Corações partidos vivem cantarolando amargamente por aí que homens, ou mulheres “são todos iguais”. Um, dois, três, muitos relacionamentos que não deram certo. Muitos que nem começaram. Uma noite por semanas de desilusão. Anos de investimento e esperança minados por um acontecimento, por um escorregão, por um fora ou um tempo que nunca retornou.

A repetição da percepção de que o comportamento das pessoas é sempre o mesmo, de que suas ações são previsíveis, de que o que elas querem é a mesma coisa, acaba por nos fechar para todo o resto, como se não houvesse no mundo uma multiplicidade de possibilidades para novos acontecimentos. O que não se percebe nestes casos, é que ao nos colocarmos nessa posição, há apenas duas possibilidades de interpretação. Uma é narcísica: “todos são iguais, mas eu sou diferente”; a outra é constrangedora: “todos são iguais, inclusive eu”.

Fica latente outra possibilidade: a de voltar atrás, engolir a amargura dos “maus amores” e admitir que “não, não são todos iguais”. É verdade que somos muito condicionados, mesmo quando não percebemos, e acabamos por ter formas padronizadas de agir em determinadas situações. Temos muito oráculos para nos ensinar a “prever” o futuro e as pessoas: signos, conceitos pseudopsicológicos, testes de personalidade, e por aí vai. Há muito tentam nos ensinar a prever as atitudes alheias, e até as nossas, mas muito pouco nos alertam sobre como lidar com o imprevisto.

Dessa forma, não seria uma possibilidade para essa impressão de que todos são iguais, apenas um sintoma que desenvolvemos ao começarmos a olhar para os outros, buscando neles essas “coisas” previsíveis que aprendemos a enxergar? E então, naquele momento em que tudo dá errado e ficamos mais sensíveis à montanha-russa da vida, buscamos a fácil resposta e o mau consolo de colocar todos no mesmo saco, e nos fecharmos em nossa redoma de perfeição auto piedosa?

Há certos momentos da vida que nos fazem pensar que existe uma conspiração do universo contra nós (como se fôssemos tão preciosos, que o universo se ocupasse em conspirar contra nós, ou a nosso favor, sem o nosso consentimento e trabalho em cima disso), que realmente tudo parece acontecer de forma igual. As pessoas realmente parecem agir de forma igual. A impressão é empírica. O outro lado da moeda, é que em todas essas situações nós também agimos de forma igual, todavia, essa é a parte da história que preferimos ignorar.

Mas, ao nos depararmos com essa consciência, não adianta forçar a barra e nos caricaturarmos achando que tudo vai mudar da noite para o dia ou em qualquer situação. Este aparente infortúnio, por sinal, pode ser uma espécie de salvação – a que nos salva de nos agarrarmos, no desespero, à uma solução vazia, enquanto poderíamos estar a um passo de um acontecimento legítimo. Essa insustentável impaciência de ser no tempo da vida.

Creio que o amor nasça da diferença: quando duas pessoas se tocam de fato, acessam o íntimo uma da outra. Elas se tornam diferentes. Diferentes uma para o outra. Para todas as outras, que nunca se tocam, todos continuam iguais.

Eu envelheci

Eu envelheci

Um dia desses, uma jovem me perguntou como eu me sentia sobre ser velha. Levei um susto, porque eu não me vejo como uma velha. Ao notar minha reação, a garota ficou embaraçada, mas eu expliquei que era uma pergunta interessante, que pensaria a respeito e depois voltaria a falar com ela. Pensei e concluí: a velhice é um presente. Eu sou agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser.

Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos. E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha mãe), mas não sofro muito com isso.

Não trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, e o carinho de minha família por menos cabelo branco , uma barriga mais lisa ou um bumbum mais durinho.

Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica das minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico me censurando se quero comer um bolinho-de-chuva a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama, ou se compro um anãozinho de cimento que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim. Conquistei o direito de matar minhas vontades, de ser bagunceira, de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar paciência no computador até às 4 da manhã e depois só acordar ao meio-dia?

Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo!
Andarei pela praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulharei nas ondas e darei pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Eles também, se conseguirem, envelhecerão.

Sei que ando esquecendo muita coisa, o que é bom para se poder perdoar. Mas, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. E das coisas importantes, eu me recordo frequentemente. Ao longo dos anos meu coração sofreu muito.

Como não sofrer se você perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito.

Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los a meu bel prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados.

Conforme envelhecemos fica mais fácil ser positivo. E ligar menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações. Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: “Eu gosto de ser velha”. Libertei-me!

Texto de autoria desconhecida

Fonte indicada: 50 e mais

10 livros essenciais para a biblioteca do seu filho

10 livros essenciais para a biblioteca do seu filho

É através do exemplo e do estímulo que desenvolvemos nas crianças um dos melhores hábitos que elas podem ter: o da leitura.

Seja através de momentos compartilhados como a leitura antes de domir, de visitas à bibliotecas, do “ler” perto da criança ou mesmo da disponibilização de conteúdos de qualidade com fácil acesso dentro de cada. Gradativamente a criança perceberá que nas folhas de papel escondem-se outros mundos para explorar e que o universo de um leitor pode ser infinitamente mais encantado.

Abaixo, uma seleção que a Livraria Cultura disponibilizou. Nela, encontramos 10 dos livros mais indicados para uma biblioteca infantil.

O Pequeno Príncipe para Crianças

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Nesta edição especial, um dos clássicos juvenis mais lidos de todos os tempos ganha uma versão voltada para os leitores mais novos, em um formato mais apropriado para essa faixa etária e com menos páginas. Preservando as aquarelas do autor e os aspectos mais importantes da narrativa original, ‘O Pequeno Príncipe para crianças’ é a forma ideal de apresentar esta história inesquecível às novas gerações. Encontre aqui.

Menina bonita do laço de fita

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O coelhinho branco quer ter uma filha pretinha como aquela menina do laço de fita. Mas ele não sabe como a menina herdou aquela cor. Encontre aqui.

Chapeuzinho amarelo

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Chapeuzinho é uma bela menina que sofre de um mal terrível – sente medo do medo. Enfrentando o desconhecido, ‘o lobo’, ela supera medos, inseguranças e descobre a alegria de viver. Com sensibilidade, Chico Buarque, compositor e escritor, constrói um texto em que a linguagem é um grande jogo. Encontre aqui.

Até as princesas soltam pum

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Esta obra conta a história do dia em que o pai de Laura pegou o livro secreto das princesas e contou para a filha algo que ninguém sabia. O livro convida os pequenos leitores a descobrirem que segredo é este. Encontre aqui.

A primavera da lagarta

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Bem no meio da clareira, debaixo da bananeira, os bichos da floresta resolveram fazer uma festa. Mas, na verdade, a festa era um comício do sr. camaleão. Todos protestavam contra a feiura da lagarta. Só não contavam com a sabedoria da mãe-natureza que na primavera espalha sua beleza. Encontre aqui.

Festa no céu

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O assunto em alta era a festa no céu, na qual só entrariam os animais que voassem. Os outros bichos ficaram revoltados, especialmente o jabuti. Ele não desistiu – foi de carona com a garça. Não tendo como voltar, entrou escondido na viola do urubu que, em pleno vôo, se livrou do peso do intruso. O jabuti se esborrachou nas pedras. Cada pedaço do casco foi colado pelos anjos. E não houve mais festa no céu. Encontre aqui.

A colcha de retalhos

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Felipe gostava muito de ir à casa da vovó. Além dos bolos e doces deliciosos que preparava, ela era uma ótima contadora de histórias. Um belo dia, enquanto o neto a ajudava a fazer uma nova colcha, em meio a retalhos coloridos, desenhados e cheios de história, os dois foram reunindo e costurando lembranças juntos. A partir desse dia, Felipe passou a compreender algo até então desconhecido para ele- o sentido da saudade. Encontre aqui. 

Onde vivem os monstros

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O garoto Max, vestido com sua fantasia de lobo, faz tamanha malcriação que é mandado para o quarto sem jantar. Lá, ele se transporta para uma floresta, embarca em um miniveleiro, navega pelo oceano, por dias, semanas, meses, até chegar na ilha onde vivem os monstros. Max, então, fica livre para mandar e desmandar, longe de regras ou restrições. Mas, quando a saudade de casa e daqueles que realmente o amam começa a apertar o peito, Max fica em dúvida sobre suas escolhas. No livro de Sendak, os conflitos entre obediência e rebeldia são personificados em monstros enormes e cativantes. Trata-se de uma bela obra sobre a infância e a eterna luta entre a liberdade almejada pelas crianças e a autoridade dos pais. O autor reconstruiu, de forma imaginativa e sensível, os sentimentos e as emoções silenciados na infância. Em ‘Onde vivem os monstros’ podemos observar a relação que estabelece entre a realidade e o mundo imaginário dos monstros ao ver que as ilustrações aumentam e diminuem à medida em que Max – e o leitor – vão se embrenhando no lugar onde vivem os monstros. Encontre aqui.


Reinações de Narizinho

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‘Reinações de Narizinho’ reúne histórias escritas por Monteiro Lobato em 1920.  O livro narra as aventuras que acontecem no Sítio do Picapau Amarelo e apresenta Emília, Tia Nastácia, Dona Benta e sua neta Lúcia. Lúcia, mais conhecida como Narizinho, é quem deve transportar o leitor a viagens pelo mundo da fantasia. Tudo começa com uma inesperada visita da neta de Dona Benta ao Reino das Águas Claras e com a chegada de seu primo, Pedrinho, ao Sítio do Picapau Amarelo para mais uma temporada de férias. Depois do passeio pelo Reino das Águas Claras, as reinações de Narizinho ficam ainda melhores. As crianças se divertem fazendo o Visconde com um sabugo de milho e planejando o casamento de Emília com o leitão Rabicó. Emília, Narizinho e Pedrinho recebem a visita de personagens como Cinderela, Branca de Neve e Pequeno Polegar. Também chega ao Sítio o Peninha, garoto invisível que trouxe no bolso algo que mudou a rotina dos netos de Dona Benta, o incrível pó de pirlimpimpim. Com esse pó mágico a turma do Sítio viaja para o Mundo das Maravilhas. Lá eles podem conhecer os fabulistas Esopo e La Fontaine e resgatar o Burro Falante, que vai morar no Sítio. Encontre aqui.

A bolsa amarela

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A Bolsa Amarela já se tornou um ‘clássico’ da literatura infantojuvenil. É o romance de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela)- a vontade de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação- po si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio ‘criança não tem vontade’- essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Encontre aqui.

Dica de livro: O Diário de Helga

Dica de livro: O Diário de Helga

Informações técnicas:

Título: O Diário de Helga – O relato de uma menina sobre a vida em um capo de concentração.

Título Original: Helga’s diary – A Young Girl’s Account of Life in a Concentration Camp

Autor(a): Helga Weiss

Editora: Intrínseca

Ano: 2013

Edição: 1

Páginas: 256

“Das 15.000 crianças que foram para o campo de concentração de Terezin, calcula-se que apenas 100 estavam vivas no final da guerra. Helga Heiss foi uma delas. Seu diário inédito, escrito entre 1938 e 1945, revela como uma menina conseguiu sobreviver ao Holocausto”.

contioutra.com - Dica de livro: O Diário de HelgaA respeitada artista plástica Helga Weiss é autora de um dos mais comoventes testemunhos do Holocausto. Aos 83 anos, ela vive em Praga, no mesmo apartamento em que morou com os pais antes da deportação. Em 1938, por ocasião da ocupação nazista em seu país, a menina de 8 anos, filha de um bancário e uma costureira, começou a escrever e a desenhar suas impressões sobre tudo que aconteceu com sua família. Em um caderno, Helga narra a segregação dos judeus ainda em Praga, a desumana rotina de privações e doenças de Terezín e sua peregrinação ao lado da mãe por campos de extermínio como Auschwitz, onde escapou por pouco da câmara de gás.

Um livro sobre a capacidade humana de superação e resiliência diante de uma condição humana extrema e do poder avassalador do mal.

Uma história comovente de uma menina que sobreviveu aos horrores dos campos de concentração na Segunda Guerra.

A indicação de leitura é de nossa página parceira Psique em Equilíbrio

Encontro no livro pelas links abaixo:

Saraiva

Submarino

Cultura

Americanas

Leandro Karnal – ” As pessoas felizes no Brasil”

Leandro Karnal – ” As pessoas felizes no Brasil”

Trecho da Palesta de Karnal sobre Hamlet (Clássicos do Cotidiano) da CPFL Cultura – Café Filosófico, gravada em 24 de abril de 2015.

Hamlet é aquele personagem capaz de refletir sobre si próprio, na interação com os outros e, a partir daí, modifica sua maneira de pensar e de agir. Hamlet expõe um conjunto de valores marcado pela ironia e pela inteligência apaixonada e nos lança num simulacro de dilemas sobre o que somos.

Leandro Karnal é historiador e professor na Unicamp. Conferencista e autor de diversos títulos, entre os quais, Pecar e Perdoar; Teatro da Fé; Conversas com um jovem professor. Foi curador de exposições e tem sido colaborador frequente em O Estado de São Paulo e na Tv Cultura.

14 frases de O Pequeno Príncipe que só os adultos entenderão

14 frases de O Pequeno Príncipe que só os adultos entenderão


O Pequeno Príncipe chegou ao meu mundo no Natal de 1992, quando eu tinha oito anos. Foi presente de uma amiga do meu pai, veio numa caixa vermelha e com um cartão que dizia assim: “Para que você veja além dos seus olhos!”
Achei bonito, mas obviamente não entendi o que aquilo queria dizer. Nem dei importância ao cartão (desculpe, Gildete, mas eu era uma criança…) e passei um dia inteiro conhecendo os planetas pelos quais o Pequeno Príncipe havia passado…

Longe de ser um livro infantil, só vim entender essa e outras mensagens na vida adulta, quando o reli sabe-se lá quantas vezes.
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1 – “Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.”

É engraçado como, muitas vezes, não nos permitimos viver coisas legais – e aparentemente impossíveis – simplesmente porque “parecem coisas de criança” e “não são mais para a nossa idade”.
Há quem perca grandes oportunidades de realizar sonhos quando estabelece não mais viajar para Disney, não mais comprar uma revista em quadrinhos, não mais se deixar sujar o cantinbo da boca (ou a boca inteira, no meu caso) ao tomar um sorvete ou não mais andar de bicicleta na chuva…
Olhe para você e lembre-se de quem você é de verdade! Adultos são apenas crianças que aumentaram de tamanho. Os sonhos, lá no fundo, permanecem mágicos!

2 – “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe.”

Nossas maiores conquistas são alcançadas quando exploramos outras direções além das que nos colocam na nossa zona de conforto. Muitas vezes, faz-se necessário recomeçar a trajetória, pois não nos demos conta de coisas valiosas naquele caminho…

3 – “Elas [as pessoas grandes] adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é. […] Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai? Somente assim é que elas julgam conhecê-lo.”

Vivemos numa sociedade na qual as pessoas valorizam mais o “ter” do que o “ser”. Apresentamos namorados/amigos/parentes “advogados”, “médicos”, “empresários”, mas nunca “gentis”, “carinhosos”, “pacientes”, “tolerantes”.
Números atraem, mas sozinhos não dizem nada, nem nas expressões matemáticas. Pensem nisso!
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4 – “Nem todo mundo tem amigo.”

Para mim, uma das frases mais célebres do livro. Amigo é algo valioso, que só se consegue por mérito, paciência, gentileza e respeito. Amigo é quem tem a nobreza de aceitar o outro do jeito que ele é. Parar, prestar atenção e perceber que a “verdade” do outro” também faz sentido. Se não for na sua vida, fará na dele.
Há quem tenha a sorte de ter vários! Há quem, no entanto, desconheça a existência de algum…

5 – “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”

Você certamente não se lembra, mas para ficar de pé no seu calçado favorito precisou engatinhar, segurar em paredes, centros e sofás, ensaiar passos – muitas vezes frustrados – para, finalmente, caminhar pela casa.
Foram necessários esforços e abdicações, erros e tentativas, pois crescer é isso! É preciso sair e enfrentar os medos, as angústias, os tropeços. Eles fazem parte da vida e da paisagem linda que ela te dá quando composta pelas borboletas.

6 – “Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito mais simples. Todos os homens são súditos.”

O cenário está longe de ser exclusivo de uma monarquia e o meu post está longe de ser uma reflexão partidária. No entanto, para quem tem – ou almeja – o poder nas mãos, o resto é subserviência. Na verdade, os “reis” precisam bem mais dos seus “súditos” que os “súditos” dele…

7 – “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.”

Não exija dos outros aquilo que eles nunca prometeram lhe dar, nem se obrigue a oferecer algo que não lhe pertence. Um amor, uma amizade, um carinho, um abraço, um reconhecimento, um pedido de desculpas, tudo acontece naturalmente e só tem valor quando é entregue sem cobranças.

8 – “O essencial é invisível aos olhos, e só se vê bem com o coração.”

Uma das frases mais conhecidas de Antoine de Saint-Exupery e talvez, a mais verdadeira. O melhor de um amor, de uma viagem, de um encontro ou de um presente não é o que transmite aos outros, mas o quanto nos toca o coração.
Amores não se tornam mais verdadeiros quando atestados em contratos; Viagens não são mais incríveis pela quantidade de fotos que foram tiradas. Amizades não são mais honestas quando os envolvidos se falam todos os dias.
O essencial a gente sente e, ao sentir, a gente sabe.

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9 – “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros.”

Muitos sabem que olhar para dentro dói e, se é para machucar alguém, melhor que seja o outro…

10 – “A gente só conhece bem as coisas que cativou.”

Essa frase é engraçada porque define muito bem o que a gente sente no decorrer da construção de uma relação, seja ela de que tipo for. No começo, o outro parece longe, você mal sabe seus gostos e preferências. Mal sente a sua falta.
Depois, é como se tudo ficasse mais próximo e a pessoa se fizesse necessária na sua vida. Daí você para e pensa: “Mas eu nunca imaginei. Era algo tão distante…”
Era, mas criou laços, cativou!

11 – “É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer.”
Porque amigos verdadeiros nunca, nunca morrem! ♥

12 – “Os homens embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram.”

O imediatismo social no qual vivemos nos proporciona viagens que, muitas vezes, nem desejamos fazer.
Jovens de dezessete anos, ou seja, no primeiro quarto da vida, são pressionados a estabelecer uma profissão para uma vida inteira. Mulheres são pressionadas a casar antes dos 25, ter filhos antes dos 30 e, não bastasse, ser bem sucedida antes dos 35. Homens precisam sair da casa dos pais, ter uma carreira promissora, o carro do ano e nunca, jamais, recusar sexo.
Como diria Mafalda, “isso não é vida, é um fluxograma!”

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13 – “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar.”

Um pouco? A gente chora é muito! E chora pelas conquistas, pelas derrotas, pela saudade, pelos abraços que consolam, pelas palavras que incentivam… E, claro, pela confiança quebrada.
Criar laços é iluminar os olhos, nos dois sentidos.

14 – “E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância!”
Nenhuma 🙂

Fonte indicada:Deixe-me contar

10 coisas que sua mãe nunca te contou

10 coisas que sua mãe nunca te contou

1. Você a fez chorar… muito.

Ela chorou quando descobriu que estava grávida. Ela chorou quando te deu à luz. Ela chorou quando te segurou pela primeira vez. Ela chorou de felicidade. Ela chorou de medo. Ela chorou de preocupação. Ela chorou porque se preocupa profundamente com você. Ela sentiu suas dores e suas alegrias e ela as compartilhou com você, mesmo que você não tenha percebido.

2. Ela queria aquele último pedaço de bolo.

Mas, quando te viu com aqueles olhões, lambendo a boca, não tinha como comê-lo. Ela sabia que ficaria muito mais feliz vendo a sua barriguinha cheia, em vez da dela.

3. Doeu.

Doeu quando você puxou o cabelo dela; doeu quando você a agarrou com aquelas unhas afiadas, impossíveis de cortar; doeu quando você mordeu o peito dela enquanto mamava. Você machucou as costelas dela quando chutava ainda dentro da barriga; esticou a barriga dela por nove meses; fez o corpo dela se contrair de dor quando veio ao mundo.
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4. Ela sempre teve medo.

Desde o momento em que você foi concebido, ela fez tudo para te proteger. Ela virou sua mamãe-urso. Ela é aquela mulher que queria dizer não quando a menininha da rua pedia para te segurar e que fez careta quando você estava nos braços dela. Na cabeça dela, ninguém seria capaz de te dar tanta segurança. O coração dela bateu mais rápido quando você deu seus primeiros passos. Ela ficou acordada até mais tarde para ter certeza de que você tinha chegado em casa são e salvo, e acordou cedo para te levar para a escola. Ela estava por perto a cada topada ou tropeção; estava pronta pra te abraçar quando você acordava com pesadelos ou febre. Ela estava lá pra garantir que você estaria OK.

5. Ela sabe que não é perfeita.

Ela é a maior crítica dela mesma. Sabe de todas as deficiências que tem e às vezes se odeia por causa delas. Mas é ainda mais dura consigo mesma quando se trata de você. Ela queria ser a mãe perfeita – mas, como é humana, cometeu erros. Ela provavelmente ainda está tentando se perdoar. Mais que tudo, ela gostaria de voltar no tempo e fazer as coisas de outro jeito, mas isso é impossível, então seja gentil e saiba que ela fez todo o possível.

6. Ela te observou dormindo.

Às vezes ela ficava acordada até as 3h, rezando para você finalmente pegar no sono. Ela mal conseguia ficar de olhos abertos enquanto cantava para você, implorando: “Por favor, por favor pegue no sono”. E aí, quando você finalmente dormia, ela te colocava no berço e todo o cansaço desaparecia por um segundo. Ela ficava ali, olhando sua cara angelical e perfeita, sentindo mais amor do que achasse ser possível, apesar dos braços cansados e dos olhos doloridos.

7. Ela te carregou por muito mais que nove meses.

Você precisava. Então ela te carregou. Ela aprendeu a te segurar enquanto fazia limpeza, enquanto comia, até mesmo enquanto dormia: não tinha outra alternativa. Os braços estavam cansados, as costas doíam, mas ela te segurava pra ter você bem perto. Ela te agarrou, te amou. Você se sentia seguro nos braços dela; sabia que era amado nos braços dela. Por isso ela te segurou o quanto fosse necessário.

8. Seu choro cortava o coração dela.

Não havia som mais triste que seu choro, imagem mais horrível que lágrimas escorrendo do seu rosto perfeito. Ela fez tudo o que era possível para que você não chorasse e, quando não podia impedir suas lágrimas, o coração dela se partia em um milhão de pedacinhos.

9. Ela te colocou em primeiro lugar.

Ela ficou sem comer, sem tomar banho e sem dormir. Ela sempre colocou suas necessidades na frente das dela. Ela passava o dia inteiro cuidando de você e, no fim do dia, não sobrava energia para ela mesma. Mas, no dia seguinte, ela acordava e fazia tudo de novo.
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10. Ela faria tudo de novo.

Ser mãe é um dos trabalhos mais difíceis do mundo, um trabalho que às vezes te leva ao limite. Você chora, você sofre, você tenta, você erra, você trabalha e você aprende. Mas você também sente mais alegria do que achava ser possível e mais amor do que seu coração comporta. Apesar de tudo o que sua mãe passou por sua causa, ela faria tudo de novo, porque você vale a pena. Então, da próxima vez que a vir, diga obrigado. Diga que a ama. Nunca vai ser demais.

Fonte indicada: Awebic traduzido do inglês

A menina que não sabia escrever

A menina que não sabia escrever

Amelinha tinha doze anos. Estudava desde os cinco e era bastante dedicada à cartilha, mas não aprendia a escrever. Lia algumas sílabas, mas escrita, nada.

A escola onde estudava era situada na zona rural de Boi no pasto – cidade pequena nutrida pela pecuária dos grandes criadores – e contava com apenas uma professora já quase aposentada. Eram cinco turmas em uma só. Alunos aprendendo a cobrir as vogais, misturados àqueles que já liam sílabas, porque, daquela escola, não saiam alunos com palavras inteiras,  levavam somente pedaços delas.

A Amelinha, restava a dificuldade no desenhar das letras, e ela bem que tentava: riscava o chão com pedaços de pau, rabiscava com carvão as paredes da casa. Um dia, pegou o único batom da mãe e grafou linhas tortas no espelho da cama, no quadro pequeno com a imagem de Jesus Cristo e no espelho onde o pai se olhava enquanto fazia a barba. Era um emaranhado de traços avermelhados que se cruzavam, ora de aproximavam, ora eram distantes… Da tentativa de aprendizagem, só a surra que levou da mãe e o resto do dia para limpar todo aquele trabalho em carmim.

Mas o que aquela menina mais aspirava era aprender a escrever seu nome. Quando a professora o entregava para que o cobrisse, ficava encantada: A M E L I N H A… delineava devagarmente, sentindo as curvas e o subir e descer do lápis em cada letra. Depois ficava passando o dedo sobre a escrita para tentar levar na lembrança e reproduzir em casa, no chão ou a carvão.

O tempo foi passando e o alfabeto não vinha às mãos da menina. Um final de manhã, quando voltava da escola, sentou-se à sombra de uma árvore, pegou um galho fino e começou a riscar o solo. Riscava, nada saia, apagava, outra tentativa, e mais outra… Uma hora depois, a menina pula feliz e rodopia; está extasiada com seu feito, conseguiu escrever sua primeira letra: um A, com sua curva e haste unindo as pontas.

Saiu saltitante. Sentia-se vitoriosa. Chegando em casa, escreveu vários As pelas paredes, pelo chão, e chamou a mãe para dividir essa alegria. As duas dançavam em um giro. Era a descoberta de um novo planeta.

Amelinha nunca aprendeu a escrever seu nome inteiro, apenas o A, então decidiu que, dali em diante, se chamaria A, assinaria seu nome nos papéis e acordos da sua vida somente com o A. Quando lhe perguntavam seu nome, dizia orgulhosa: “me chamo A, pode chamar assim que atendo, é meu nome de letra”.

Recentemente, A conheceu L e talharam suas iniciais no tronco da árvore onde a menina aprendeu a escrever. Mas não está escrito A e L, somente AL, pois o e já é uma letra que deve nomear outra gente do mesmo lugar e o casal que não quer, e não sabe, roubar alcunha de ninguém.

Como se desperta o pior que há em nós

Como se desperta o pior que há em nós

Por Paul Verhaeghe Tradução Eduardo Sukys

Via Outras palavras

Temos a tendência de enxergar nossas identidades como estáveis e muito separadas das forças externas. Porém, décadas de pesquisa e prática terapêutica convenceram-me de que as mudanças econômicas estão afetando profundamente não apenas nossos valores, mas também nossas personalidades. Trinta anos de neoliberalismo, forças de livre mercado e privatizações cobraram seu preço, já que a pressão implacável por conquistas tornou-se o padrão. Se você estiver lendo isto de forma cética, gostaria de afirmar algo simples: o neoliberalismo meritocrático favorece certos traços de personalidade e reprime outros.

Há algumas características ideais para a construção de uma carreira hoje em dia. A primeira é expressividade, cujo objetivo é conquistar o máximo de pessoas possível. O contato pode ser superficial, mas como isso acontece com a maioria das interações sociais atuais, ninguém vai perceber. É importante exagerar suas próprias capacidades tanto quanto possível – você afirma conhecer muitas pessoas, ter bastante experiência e ter concluído há pouco um projeto importante. Mais tarde, as pessoas descobrirão que grande parte disso era papo furado, mas o fato de terem sido inicialmente enganadas nos remete a outro traço de personalidade: você consegue mentir de forma convincente e quase não sentir culpa. É por isso que você nunca assume a responsabilidade por seu próprio comportamento.

Além de tudo isso, você é flexível e impulsivo, sempre buscando novos estímulos e desafios. Na prática, isso gera um comportamento de risco, mas nem se preocupe: não será você que recolherá os pedaços. Qual a fonte de inspiração para essa lista? A relação de psicopatologias de Robert Hare, o especialista mais conhecido em psicopatologia atualmente.

Esta descrição é, obviamente, uma caricatura exagerada. Contudo, a crise financeira ilustrou em um nível macrossocial (por exemplo, nos conflitos entre os países da zona do euro) o que uma meritocracia neoliberal pode fazer com as pessoas. A solidariedade torna-se um bem muito caro e luxuoso e abre espaço para as alianças temporárias, cuja principal preocupação é sempre extrair mais lucro de uma dada situação que seu concorrente. Os laços sociais com os colegas se enfraquecem, assim como o comprometimento emocional com a empresa ou organização

Bullying era algo restrito às escolas; agora é uma característica comum do local de trabalho. Esse é um sintoma típico do impotente que descarrega sua frustração no mais fraco. Na psicologia, isso é conhecido como agressão deslocada. Há uma sensação velada de medo, que pode variar de ansiedade por desempenho até um medo social mais amplo da outra pessoa, considerada uma ameaça.

Avaliações constantes no trabalho causam uma queda na autonomia e uma dependência cada vez maior de normas externas e em constante mudança. O resultado disso é o que o sociólogo Richard Sennett descreveu com aptidão como a “infantilização dos trabalhadores”. Adultos com explosões infantis de temperamento e ciúme de banalidades (“Ela ganhou uma nova cadeira para o escritório e eu não”), contando mentirinhas, recorrendo a fraudes, rogozijando-se da queda dos outros e cultivando sentimentos mesquinhos de vingança. Essa é a consequência de um sistema que impede as pessoas de pensar de forma independente e que é incapaz de tratar os empregados como adultos.

Porém, o mais importante é o dano à autoestima das pessoas. O autorrespeito depende amplamente do reconhecimento que recebemos das outras pessoas, como mostraram pensadores desde Hegel a Lacan. Sennett chega a uma conclusão parecida quando percebe que a questão principal dos funcionários hoje em dia é “Quem precisa de mim?” Para um grupo cada vez maior de pessoas, a resposta é: ninguém.

Nossa sociedade proclama constantemente que qualquer pessoa pode “chegar lá” caso se esforce o suficiente. Isso reforça os privilégios e coloca cada vez mais pressão nos ombros dos cidadãos já sobrecarregados e esgotados. Um número crescente de pessoas fracassa, gerando sentimentos de humilhação, culpa e vergonha. Sempre ouvimos que até hoje nunca tivemos tanta liberdade para escolher o curso de nossas vidas, mas a liberdade de escolher algo fora da narrativa de sucesso é limitada. Além disso, aqueles que fracassam são considerados perdedores ou bicões, levando vantagem sobre nosso sistema de seguridade social.

Uma meritocracia neoliberal quer nos fazer acreditar que o sucesso depende do esforço e do talento das pessoas, ou seja, a responsabilidade é toda da pessoa, e as autoridades devem dar às pessoas o máximo de liberdade possível para que elas alcancem essa meta. Para aqueles que acreditam no conto das escolhas irrestritas, autonomia e autogestão são as mensagens políticas mais notáveis, especialmente quando parece que prometem liberdade. Junto com a ideia do individuo perfeito, a liberdade que acreditamos ter no Ocidente é a grande mentira dos dias atuais e de nossa época.

O sociólogo Zygmunt Bauman resume perfeitamente o paradoxo de nossa era como: “Nunca fomos tão livres. Nunca nos sentimos tão incapacitados.” Realmente somos mais livres do que antes no sentido de podermos criticar a religião, aproveitar a nova atitude laissez-fairecom relação ao sexo e apoiar qualquer movimento político que quisermos. Podemos fazer tudo isso porque essas coisas não têm mais qualquer importância – uma liberdade desse tipo é movida pela indiferença. Por outro lado, nossas vidas diárias transformaram-se em uma batalha constante contra uma burocracia que faria Kafka tremer. Há regulamentos para tudo, desde a quantidade de sal no pão até a criação de aves na cidade.

Nossa suposta liberdade está ligada a uma condição central: precisamos ser bem-sucedidos – ou seja, “ser” alguém na vida. Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos. Uma pessoa muito bem qualificada que decide colocar a criação de seus filhos à frente da carreira certamente receberá críticas. Uma pessoa com um bom trabalho, que recusa uma promoção para investir mais tempo em outras coisas é vista com louca – a menos que essas outras coisas garantam o sucesso. Uma jovem que deseja ser uma professora de primário ouve de seus pais que ela deveria começar obtendo um mestrado em economia. Uma professora de primário, o que será que ela está pensando?

Há lamentos constantes com relação à chamada perda de normas e valores em nossa cultura. Ainda assim, nossas normas e valores compõem uma parte integral e essencial de nossa identidade. Portanto, não é possível perdê-las, apenas mudá-las. E é exatamente isso que aconteceu: uma mudança de economia reflete uma mudança de ética e gera uma mudança de identidade. O sistema econômico atual está revelando nossa pior faceta.

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Paul Verhaeghe, é PhD e professor sênior da Universidade de Ghent. Ocupa a cadeira do departamento de psicanálise e aconselhamento psicológico. Já publicou oito livros, com cinco traduzido para o Inglês. Sua mais recente, What About Me? A luta pela identidade em uma sociedade baseada no mercado.

Amigo de verdade é melhor do que bolo de chocolate

Amigo de verdade é melhor do que bolo de chocolate

Amigo de verdade é para toda hora, de qualquer jeito, para sempre um pouco mais. É mesmo, não coloquemos dúvida onde não existe espaço.

Amigo de verdade vira comadre e compadre, vira tia e tio dos nossos filhos, hospeda nosso cachorro quando a gente viaja,  bebe até fazer vexame na nossa casa, na frente dos vizinhos, faz declaração de amor pra gente na rua, pega o que quiser na geladeira e se mete na nossa vida como quiser. Oi? Também isso?

Então esse é um daqueles momentos em que a gente analisa o que é esse tal legado de um amigo de verdade.

Pode um amigo de verdade pedir que você sofra uma dor que é dele? Pode, porque embora o pedido geralmente seja mal feito, o que ele quer é que você o ampare, esteja por perto, e porque com pedidos ou não, não importa em que grau nem por quanto tempo, você já estará fazendo isso, junto com ele.

Pode um amigo de verdade ser tão diferente de você a ponto de discutirem acaloradamente sobre opiniões políticas, gosto musical, time de futebol, questões polêmicas e amenidades? Pode, porque é exatamente desse jeito que se cresce e se ajuda a crescer. Todos juntos partilhando das mesmas certezas, além de ser chato, não é produtivo nem emocionante. E emocionante é ver um amigo bravo com você no dia em que você deixou de ir ao futebol com ele para assistir um filme que ele odeia e, no dia seguinte, surpreendê-lo com pão quentinho na hora do café da manhã. Claro que para aborrecê-lo durante o café, você pode contar o filme inteiro. E pedir para seu amigo te escutar também pode.

Pode um amigo entrar de uma forma tão intensa na sua vida, dar conselhos, ser mediador nas questões que você não consegue resolver, chamar a atenção dos seus filhos quando os vir fazendo algo reprovável, criticar seu cabelo, sua falta de vaidade, mandar você voltar para o quarto e vestir uma roupa decente para saírem juntos? Pode sim, pode e deve. Pode desde o momento em que foi por nós denominado um amigo de verdade. Precisamos aprender a ouvir críticas, a receber suporte quando não estamos dando conta, precisamos deixar que os amigos sejam realmente aquela família escolhida que tanto alardeamos nas redes sociais, precisamos e temos o dever de não fazer restrições aos nossos amigos de verdade. Eles são muitas vezes as primeiras pessoas em que pensamos quando acordamos, não por seus rostinhos lindos, mas pela importância que conquistaram nas nossas vidas.

E enfim, que coisas não devemos pedir aos nossos amigos? Nunca devemos pedir que se afastem por qualquer motivo, nem que nos deixem sozinhos para pensar, nem mesmo que não se importem conosco porque “já vai passar”. Não devemos jamais usar qualquer desculpa com um amigo de verdade. Se há uma coisa garantida em se tratando de uma verdadeira amizade , é que a verdade anda de mãozinhas dadas com a intensidade do sentimento de ambos.

Obrigada a todos os meus amigos.

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