O desinocência dos inocentes

O desinocência dos inocentes

“O inocente é o mais perigoso. Ele tem a raiva maior e age de forma mais destrutiva num relacionamento, porque acha que está com a razão. Perde o senso de medida. O culpado está sempre mais disposto a ceder e a reparar. Via de regra, a reconciliação fracassa não pelo lado do culpado, mas do inocente.”

– Bert Hellinger

Certa vez uma amiga me disse que escrevo em um nível que a maioria das pessoas nem chegou a contemplar, que tenho uma maneira romântica de olhar o mundo. Eu achei graça, mas não esqueci suas palavras, até porque ela não foi a única a achar que tenho uma maneira peculiar e deveras romântica de olhar o mundo. Na época entendi como se fosse um elogio, acredito que foi esse o intuito, mas hoje em minha concepção de mundo, já não considero um grande elogio.

A maneira como vejo o mundo, as exigências que me faço, o que sonho para mim e para aqueles que amo é muito diferente da realidade, eu sempre soube disso. Reconheço que possuo uma ingenuidade da qual muitas vezes tentei me libertar e nem sempre fui bem sucedida. Em desespero, resolvi apelar para os florais, o meu pedido para a “floraterapeuta” foi: “- quero ser mais cética, quero parar de sonhar com um mundo que não existe” (e sim, quero ser cética que ainda acredita em florais). Eu duvido que alguém já tenha pedido algo parecido e meu tom não era de vitimização, era apenas uma constatação de como quero libertar-me de uma espécie de inocência tola que não já não deve pertencer aos adultos.

Explico:

Com certeza é melhor acreditar demais nas pessoas do que viver desconfiada, mas ser cético é diferente de ser desconfiado e é também mais saudável. Além do mais, existe um tipo de inocência que cega, que não é natural dos adultos, que coloca o inocente em risco. As crianças nasceram inocentes, acreditando em palavras, confiando em todos. Ao longo do nosso percurso a maturidade deve nos presentear com uma boa dose de ceticismo e isso não é ruim, é bom desenvolver um olhar mais crítico daquele que aprende a observar. Esse é o processo orgânico do crescer, evoluir, amadurecer, o nosso cérebro é de certa maneira programado para tanto, ou então não existiria diferenciação entre ser criança e ser adulto.

Estive recentemente em um evento de literatura, o Pauliceia Literária, organizada pela AASP e dentre tanta coisa boa, uma das melhores mesas foi a de dois biógrafos e historiadores – Lira Neto e Mário Magalhães. A maneira entusiasmada com que eles falavam de seus trabalhos foi contagiante (até me deu vontade de escrever uma biografia). Um deles disse “o biógrafo deve ser cético, precisa buscar provas de fontes diversas e não parar enquanto não tiver prova suficientemente convincente. É preciso duvidar, sempre!”. E ouvindo isso cheguei a conclusão que no momento não vai dar para escrever uma biografia pelo simples fato de que eu ainda não desenvolvi esse ceticismo todo.

Recentemente vivi um conflito que me despertou para essa deficiência em mim. E engana-se quem acha que me senti a grande vítima da situação, os conflitos são ótimos para dosar nosso auto-conhecimento. Não, não tem nada de belo em ser inocente quando essa inocência pode te colocar em risco e te expor a dramas que você já não deseja mais viver. Lembrei-me da inocência da Chapeuzinho Vermelho que mesmo avisada pela mãe, distraída adentra a floresta, conversa com o Lobo Mau e mais tarde é devorada por ele. Não existe saúde alguma nesse tipo de inocência, é preciso desenvolver um olhar mais aguçado para evitar as (muitas) armadilhas que encontramos pelo caminho.

Ludibriar é um verbo transitivo direto, é uma ação que não acontece sem a relação sujeito-objeto, só ludibria quem tem alguém que se permite ludibriar. Acontece que em uma cultura que preza pela vitimização só leva a culpa o sujeito da ação, o lobo mau, o vilão. Mas no fim do dia, na vida real, na lida do eu-com-eu, onde não existe o julgamento do que a sociedade acha certo ou errado, tampouco existe vilão e mocinha, o que existem são apenas os fatos: enquanto um mente o outro acredita (ou finge que acredita, ou quer acreditar), mas não podemos nos enganar, só existe uma maneira de conhecer alguém de verdade e é sempre através das suas ações.

Seria bom viver em um mundo onde o que vale é a palavra, mas estamos muito longe disso. Os fatos da história, muitos dos políticos e tantos outros acontecimentos nos fazem recordar de que palavras muitas vezes são vazias e falham ao mostrar o caráter de um sujeito. É certo que incoerência existe em todas as partes, cada dia mais e a cada dia mais existem belos discursos de gente que não os coloca em pratica. E é verdade que ninguém consegue ser 100% coerente, mas aproximar o andar do falar é uma missão que todos nós deveríamos nos propor nessa existência. Mas, enquanto houver incoerência no mundo (e sempre haverá) e para evitar constrangimentos e dramas, é preciso ser cético.  Os fatos comprovam, as atitudes denotam e o que uma pessoa diz, é nada mais apenas o que ela diz.

Portanto livremo-nos das máscaras do bonzinho, da vítima que acreditou demasiadamente, da donzela indefesa, pois mentir pode ser ruim (e as pessoas mentem por diversos motivos), mas se deixar enganar por palavras também não é uma atitude muito salutar; e deixemos a inocência pura, de quem acredita demais, para as crianças, ou quem sabe para a maneira como contemplamos a natureza, para os tratamentos alternativos, para acreditar nas utopias. Enfim, tem muita coisa para crer com certa inocência, nenhuma delas inclui os relacionamentos inter-pessoais. Para os relacionamentos de qualquer tipo, é preciso ter perspicácia e esperteza; é preciso afinar o olhar, aprender a observar. É preciso adquirir um quê de São Tomé, aquele que vê para então crer.

Pois, repito, não importa o que alguém diga, as atitudes sempre, sempre terão mais força e veracidade do que as palavras.

Sem sonho a vida é um longo pesadelo.

Sem sonho a vida é um longo pesadelo.

Prepara-te. A qualquer instante, quando menos esperares, alguém fará pouco de teus sonhos. Virá de um canto insuspeitado, do seio de tua família, do campo de teus amigos, da sem somultidão de teus estranhos e fará coro com um bando descrente, rasteiro, numeroso e empenhado em manter a rasa normalidade das coisas.

Juntos, rirão de tuas ambições, teus desejos e intenções essenciais. Tentarão diligentes, aplicarão forças com empenho em seu intento brutal. Como quem laça nas ruas o pescoço de cachorros sem dono, sem raça, e os lança em jaulas frias de ferro e sangue, caçarão teus sonhos mais fundos até arrancá-los de tua alma.

Revela querer o mundo, vai, e dirão que a ti mal cabe o teu quintal. Confessa a tua busca por enxergar além de teu umbigo e caçoarão da tua cegueira. Defende a luz que te orienta e voltarão a ti um olhar de sombras. Experimenta celebrar a fantasia e julgarão tua loucura como a peste.

Sob tuas narinas ardendo com a fuligem de tanto sentimento baixo, arrastarão casa afora teus velhos propósitos de leveza que o tempo e os deveres de cada dia tornarão pesados como antigas cômodas e penteadeiras e aparadores. Olha ao redor. Tem gente levando teus sonhos embora.

Assim, escarnecendo do que tu queres, tentarão fazer-te desistir, fraquejar, esquecer que tens o tamanho de tua coragem, a gravidade de teus valores e a riqueza de teus sonhos roubados aqui e ali. Aos poucos, sorrateiros como os ratos e as cobras, levam-te o que tens de mais sublime. E tu nem percebes.

Quando te deres conta, serás só uma criatura miserável extorquida de tuas possibilidades, largada à rua da amargura, envolta nos trapos da rotina, racionando tua comida e teus anseios, mendigando atenção falsa.

Antes, defende teus sonhos. Os fáceis e os impossíveis. São eles que nos salvam das vidas cretinas e certezas burras, dos gênios arrogantes, da perfeição idiota, da paralisia barulhenta. É o sonho que nos mantém em movimento. Sonhando, cumprimos nossa vocação essencial de pessoas simples, seres perplexos, criaturas operosas olhando a vida com espanto e humildade.

Quando o amor fez as malas

Quando o amor fez as malas

Na alegria que não vingou, no olhar negado, no desejo ausente, o amor chorou…

Ele olhou as paredes, os móveis, o chão e o teto e sentiu que não estava mais ali. Não queriam mais que estivesse. A moça o trocou por alguém que veio de longe sem mala nenhuma.

Chorou os anos que desfrutaram a mesma cama. Chorou o orgasmo e o beijo quente. Chorou as mãos que um dia teimaram em se grudar. Chorou o filme triste que se tornou. Chorou…

Abriu o guarda-roupa e suas camisas se agarraram aos vestidos e saias. Foi tamanha teima em não sair dali, que rasgaram o vestido vermelho que o amor havia presenteado à amada em data especial.

O amor pegou seus panos, perfumes, sapatos e saiu com seus danos, em um dia de sol escaldante. Saiu com sua dor, seu ciúme, seu medo e sua fome à procura de um nome que receba suas malas e o faça se reconhecer no teto, na parede, nos móveis…

“A função da arte”, minuto sabedoria de Eduardo Galeano

“A função da arte”, minuto sabedoria de Eduardo Galeano

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

– Me ajuda a olhar!

Eduardo Galeano
Excerto retirado de “O livro dos abraços

“Nossas grandes transições”, por Flávio Gikovate

“Nossas grandes transições”, por Flávio Gikovate

Desconsidero aqui a primeira e maior das transições, que é a do nascer, assim como a da morte. Penso nas dificuldades que uma criança tem ao perceber que está prestes a se tornar adolescente; quando percebe a chegada dos primeiros sinais da puberdade, ansiada por um lado e temida por outro. Sim, porque mudar de condição, deixar de ser criança – com direito a uma boa dose de irresponsabilidade – provoca medo, já que não se sabe exatamente o que esperar, como se comportar, quais são as novas vantagens e desvantagens. Por outro lado, na atualidade, a chegada da adolescência é percebida, especialmente pelas meninas, como muito interessante, já que se preparam para o exercício da sensualidade desde os 7-8 anos de idade e sentem os primeiros gostos por atrair olhares de admiração. Quanto aos meninos, sentem menos pressa e talvez mais medo dessa evolução inexorável. De todo o modo, a verdade é que, em ambos os sexos, muitos expressam claramente o desgosto por crescer e que adorariam ser crianças para sempre.

A adolescência e os primeiros anos da vida adulta correspondem a um período extremamente gratificante para uns e um tanto sombrio para outros. Os mais populares, os que se dão bem com os eventuais parceiros sexuais e/ou sentimentais e gostam dos programas típicos dessa idade – baladas, bebedeiras, conversas de botequim, estudos levados de um jeito não tão sério… – curtem muito o período e gostariam que ele não terminasse jamais. De fato, muitos tentam estendê-lo por tempo indeterminado e são hoje chamados de “adultecentes”. Os mais tímidos, reservados, pouco afeitos às atividades sociais e mais dedicados aos estudos aproveitam menos essa fase, mas se encontram mais preparados para avançar, de modo que chegam à maturidade de uma forma mais natural.

A fase adulta é, sem dúvida, a de maiores responsabilidades e a mais desgastante. Corresponde ao período em que as pessoas costumam ter que se estabelecer profissionalmente, tentar consolidar alguma estabilidade financeira, casar, ter filhos, por vezes cuidar de pais mais idosos e necessitados… É claro que existem várias transições que acontecem ao longo dessa fase que dura três a quatro décadas: o próprio casamento aparece como cheio de tensões e medos para os noivos, as gestações provocam desconfortos que vão desde os ciúmes do novo membro da família até a preocupação com sua saúde; não são raros os que terão que enfrentar a dramática transição do divórcio e eventuais segundas e terceiras uniões, além dos dilemas com os filhos; a regra é que acompanhem doenças e morte dos parentes mais velhos e tenham que assumir responsabilidades crescentes. Enfim, tudo muito difícil; as crianças não estão tão equivocadas quando não querem crescer e os adolescentes que não querem amadurecer também têm suas boas razões!

Apesar de tudo, hoje vivemos o período em que a vida adulta e suas graças (eróticas, sentimentais, o consumismo, as viagens, os avanços profissionais…) estão em alta, de modo que muitos tentam adiar ao máximo a próxima transição, qual seja a do envelhecer. As cirurgias plásticas indicam exatamente esse desconforto das pessoas ao terem que conviver com a perda de viço de seus corpos, a diminuição da libido, com os cabelos brancos, a calvície. Da mesma forma, a aposentadoria aparece como grave ofensa à vaidade, já que o papel social se tornará menos prestigiado, o telefone tocará muito menos, a pessoa não mais se sentirá indispensável.

Em certos aspectos, e quando a saúde ajuda, essa terceira e última fase da vida se assemelha muito à da adolescência: as responsabilidades diminuem, os filhos já estão crescidos, já se sabe o que deu certo e o que deu errado (e essa é uma grande vantagem sobre os anos da juventude). É claro que um lado difícil dessa fase é a proximidade da morte, percebida como dramática e apavorante pela maioria. Assim, muitos tentam se manter ativos como se ainda fossem moços para parecer que o horizonte ainda é bem extenso. A própria diminuição do ritmo de trabalho, quando não bem entendida, pode ser sentida como ócio, desocupação que provoca o tédio, uma espécie peculiar de depressão na qual a pessoa não vê sentido algum para a vida.

A verdade é que a velhice, quando saudável, pode ser uma fase excelente, mais leve e gratificante. Isso se a pessoa conseguir se adaptar à nova condição, coisa nada fácil, já que a capacidade de mudar costuma diminuir com os anos e muitos são os idosos que “cristalizaram” suas convicções e formas de ser. Todas as transições exigem competência para adaptação e a velhice deixa de ser bem aproveitada por aqueles que não entenderam que a diminuição da mobilidade física não precisa vir acompanhada de igual rigidez psíquica!

Para mais informações sobre Flávio Gikovate

Site: www.flaviogikovate.com.br
Facebook: www.facebook.com/FGikovate
Twitter: www.twitter.com/flavio_gikovate
Livros: www.gikovatelojavirtual.com.br

Quem lê livros não só é mais inteligente como também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar

Quem lê livros não só é mais inteligente como também é o melhor tipo de pessoa para se apaixonar

Você provavelmente já conhece os inúmeros benefícios que a leitura pode trazer para sua vida.

Mas e se eu te falar que a experiência é tão significante que podemos até mesmo comprovar, com argumentos científicos, que as pessoas que leem são as melhores pessoas para se viver uma paixão?

Foi exatamente isso que a escritora norte-americana Lauren Martin fez ao publicar, no site do Elite Daily, o seu artigo “Why Readers, Scientifically, Are The Best People To Fall In Love With” (em português: “Por que os leitores, cientificamente, são as melhores pessoas para se apaixonar”).

Para te ajudar a entender o porquê dessa afirmação, separamos os melhores trechos do texto de Lauren. Confira.

“Você já leu um livro até o fim? Realmente até o fim? Capa a capa. Fechou-o com aquela sensação de voltar lentamente à realidade? Você suspira fundo e fica ali, sentado. Com o livro em suas mãos…”

“É como se apaixonar por um estranho que você nunca verá novamente. O desejo e a tristeza que sente por um caso de amor que acabou dói, mas ao mesmo tempo você se sente saciado, cheio pela experiência, a conexão, a variedade que surge após digerir outra alma. Você se sente alimentado, mesmo que por pouco tempo.”

É assim, comparando as emoções vividas em uma paixão com o processo de terminar um livro, que a autora começa a explicação para a sua afirmação. Mas a “teoria” também tem base científica.

De acordo com estudos de 2006 e 2009, publicados por Raymond Mar, psicólogo da Universidade de York, do Canadá, e por Keith Oatley, professor de psicologia cognitiva na Universidade de Toronto, quem é um profundo leitor de ficção possui maior capacidade de empatia e de desenvolver a chamada “teoria da mente”, que é a habilidade de aceitar outras opiniões, crenças e interesses, além de seus próprios.

Ou seja, os leitores são mais capazes de considerar outras ideias sem rejeitá-las e, mesmo assim, manter as suas próprias. Para ter essa característica pessoal, a autora acredita que é preciso ter uma boa “diversidade de experiências sociais” e a falta dela é provavelmente a razão para seu “último companheiro ser tão narcisista”.

A explicação para o leitor ser mais desenvolvido na “teoria da mente” é a de que ele vivencia experiências através de outros olhos, vendo o mundo de outra perspectiva e absorvendo sabedoria de cada uma delas.

“Eles aprenderam como é ser uma mulher, e um homem. Eles sabem como é ver alguém sofrer. Eles são maduros, sábios.”

Para reforçar a teoria, a autora ainda se baseia em um estudo de 2010, também de Raymond Mar, que diz que quanto mais histórias foram lidas para uma criança, mais aguçada é a “teoria da mente” dela. A criança torna-se mais sábia, adaptável e compreensiva.

“Porque ler é algo que molda você e aumenta o seu caráter. Cada triunfo, lição e momento crucial da vida do protagonista se tornam seu.”
“Eles não vão falar com você. Eles vão conversar com você.”

Segundo o artigo, os leitores escreverão cartas e versos. São eloquentes no bom sentido, não dão respostas simples, mas apresentam pensamentos profundos e teorias intensas, encantando com o conhecimento de palavras e ideias.

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“Faça um favor a si mesmo e namore alguém que realmente saiba como usar a língua.”

“Eles não apenas te entendem. Eles te compreendem.”

De acordo com o psicólogo David Comer Kidd, da New School for Social Research, “O que os autores fazem de maravilhoso é transformar você no escritor. Na literatura de ficção, a incompletude das personagens faz com que sua mente tente entender a mente de outros”. Com isso, os leitores desenvolvem a capacidade da empatia. Eles podem não concordar com você, mas vão tentar ver as coisas do seu ponto de vista.

“Você deveria se apaixonar apenas por alguém que consiga ver sua alma. Deve ser alguém que não apenas te conhece, mas que te compreenda completamente.”

“Eles não são apenas inteligentes. São sábios.”

“Ser inteligente demais pode ser desagradável, mas ser sábio é algo cativante.”

Quem é que não gosta de ter um bate-papo inteligente e sempre aprender alguma coisa? Se apaixonar por um leitor irá melhorar o nível das conversas. Os leitores profundos são mais inteligentes devido ao maior vocabulário, melhor memória e pela capacidade de detectar padrões.

“Se você namora alguém que lê, então você também viverá milhares de vidas diferentes.”

Espécie em extinção

Se você gostou dos argumentos e já não vê a hora de procurar sua paixão, é preciso se apressar, pois a autora acredita que os chamados “profundos leitores” estão acabando no mundo, já que as pessoas muitas vezes apenas “passam o olho” ao invés de realmente ler.

“Se você ainda procura por alguém que te complete, que preencha o vazio em seu coração solitário, procure por essa raça que está se extinguindo. Você os encontrará em cafeterias, parques e no metrô.”

“Você os verá com mochilas, bolsas e maletas. Eles serão curiosos e sensíveis, e você saberá nos primeiros minutos de conversa com eles.”

Fonte indicada: Awebic

“O mundo”, por Eduardo Galeano

“O mundo”, por Eduardo Galeano

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.

Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos mar de fogueirinhas.

– O mundo é isso – revelou. – Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.

Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

Eduardo Galeano
Texto extraído de “O livro dos abraços

“Gosto quando te calas”, um sublime poema de Pablo Neruda

“Gosto quando te calas”, um sublime poema de Pablo Neruda

Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda

Veja também:  “Neruda-Fugitivo” , filme relembra fuga e clandestinidade de Pablo Neruda em 1948.

“Todas as Vidas”, conheça o poema e o filme onde “as vidas” de Cora Coralina serão reveladas

“Todas as Vidas”, conheça o poema e o filme onde “as vidas” de Cora Coralina serão reveladas

Todas as vidas

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo…

Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem-feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem chiadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, Publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.

A poetisa será homenageada no filme “Cora Coralina – Todas as Vidas”, que estreará nos cinemas ainda este ano. O filme investiga, de forma poética, aspectos pouco conhecidos dessa que foi uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos.

Direção: Renato Barbieri.
Produção: Marcio Curi e Elizabeth Curi e Carmen Flora.
Trilha Sonora: Luiz Olivieri e Eduardo Canavezes.
Direção de Fotografia: Waldir de Pina.
Gênero: Ficção / Documentário.

Elenco: Walderez de Barros, Tereza Seiblitz, Beth Goulart, Zezé Motta, Maju Souza e Camila Márdila.

Trailer – Cora Coralina – Todas as Vidas [Legendado Ingles] from ASACINE Produções on Vimeo.

Quer saber mais sobre o filme? Leia: Primeiro longa sobre Cora Coralina será exibido em festival neste sábado

6 artigos que podem melhorar e até salvar seu relacionamento

6 artigos que podem melhorar e até salvar seu relacionamento

Às vezes o que parece simples e corriqueiro é o mais claro sinal de que precisamos parar e enxergar algumas realidades.

Abaixo, selecionamos algumas matérias que podem falar algo que nos faça pensar e, se possível, até mudar e viver melhor.

Os links contidos nos tópicos levarão o leitor para a página de origem de cada publicação.

1) Sete formas de manter o seu relacionamento interessante

Por acaso o amor tem prazo de validade?

É claro que não. A verdade é que os relacionamentos têm altos e baixos – e muitos realmente acabam. Mas enquanto alguns profissionais e estudos científicos pretendem mostrar a duração média de uma paixão, outros buscam entender o que pode ser feito para prolongar o romance. Veja a seguir sete maneiras de manter a chama acesa com o(a) parceiro(a), segundo Anita Chlipala, mestre em terapia familiar pela Universidade de San Diego, Califórnia.

O artigo é de Danilo Barba e pode ser encontrado pelo link Sete formas de manter o seu relacionamento interessante

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2) Frequência sexual e felicidade não são a mesma coisa.

É claro que precisamos do sexo. Ele acalma, une, faz bem para a saúde e nos deixa com uma deliciosa sensação de euforia. Só que o resto também é muito importante. Mas que resto é esse?

Leia o artigo de Carol Patrocinio pelo link O sexo não vai salvar o seu relacionamento.

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3) Nove maneiras de saber se o seu relacionamento tem futuro, segundo terapeutas

De repente, o barulho que ele ou ela faz para mastigar começa a incomodar…

Ele nunca faz a cama. Ela não está nem aí para a louça. O que era doce parece repentinamente ficar amargo. “Estes problemas são completamente normais ente casais, e não necessariamente indicam que o romance vai sobreviver ou não”

Leia o artigo de Danilo Barba pelo link Nove maneiras de saber se o seu relacionamento tem futuro, segundo terapeutas

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4) As pessoas não estão prontas para relações descomplicadas. Por que escolhem relações complicadas?

Leia o artigo de Carol Patrocinio pelo link Por que escolhemos relacionamentos complicados?

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5) Seis maneiras de evitar brigas no relacionamento

É completamente normal ter uma briguinha ou outra dentro de um relacionamento. Mas quando o casal está sempre brigando, discordando e provocando um ao outro, isso na verdade tende mais a separar do que manter a harmonia e felicidade entre o casal.

O artigo é de Danilo Barba e pode ser lido pelo link Seis maneiras de evitar brigas no relacionamento

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6- Três equívocos que podem arruinar sua vida amorosa

Existem alguns erros que, de tão sutis, estão devastando suas esperanças amorosas sem que você perceba. Depois de um tempo apostando no jogo do amor, seja com o sexo oposto ou não, você percebe que no fim das contas nenhuma relação virou um relacionamento.

Leia o artigo de Danilo Barba pelo link Três equívocos que podem arruinar sua vida amorosa

Essa é a nossa seleção. Esperamos que algumas digas possam ser valiosas em sua vida! 😉

O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser

O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser

Amar. Verbo difícil de ser conjugado. Difícil de aprender, mais difícil, ainda, de ensinar. Mas precisamos dele e, assim, não temos como deixá-lo de lado. Apesar de ser difícil entender tudo que ele faz conosco. Noites perdidas, choros, soluços e uma porção de coisas que não conseguimos nem definir. Tudo parece tão bonito quando se ama e, se é assim, por que não amar?

Eu digo. Porque amar traz dor de cabeça. Amar dá trabalho. E quem está disposto a se esforçar? Queremos um amor do tipo mala com rodas, daqueles que não nos demandam força. Talvez seja por isso que nos encontramos em relacionamentos tão vazios e sem vida.
Queremos alguém que se encaixe perfeitamente em nossas vidas. É como se estivéssemos em uma entrevista analisando o melhor currículo. Se o candidato aparenta algum problema, logo tratamos de dispensá-lo. Afinal, não queremos ficar com alguém que nos traga problemas. Queremos, como diz o povo, “uma árvore com sombra”.

Mas, e aí? O que isso garante? Um relacionamento estável? Uma troca de conveniências? Provavelmente, mas nada substitui o amor. Amor de verdade, não desse tipo. Daqueles que tiram o sono, que nos fazem renegar a vida sem o ser amado, que provocam choros e soluços. Pois o outro é cheio de defeitos e erros. E ainda assim o amamos.

Amamos, como diria Nietzsche, porque estamos habituados a amar. Mais que isso. Porque reconhecemos no outro as nossas fraquezas. Quem ama é humilde para reconhecer que possui inúmeros defeitos e, ao contrário do que pensam, para enxergar os pormenores dos defeitos do outro.

Enxerga e não se conforma com a situação. Pelo contrário, busca melhorar e se livrar dos vícios que o afastam do ser amado. Reconhece que tem defeitos e que o outro também os tem, mas não se dobra a eles. Tenta fazer deles seus escravos. Uma vez que a beleza do amor está em tornar-se alguém melhor para o ser amado. Isto é, extinguir todas as barreiras que o afastam do outro.

Não é prepotente para dizer me aceite como eu sou. Tem coragem para amar e estar ao lado do outro, como o melhor que pode ser. Portanto, esforça-se. Sem medo, mergulha em águas profundas, à procura da beleza que só o fundo do oceano pode ter.

Não tem medo de ligar de madrugada, se for para dizer eu te amo. Sabe que a cada dia pode melhorar e melhora. Não porque existe uma obrigação, mas porque a vida nos dá oportunidades e não é pela preguiça e pelo conformismo que devemos deixá-las passar. Deixar passar a oportunidade de ser importante para alguém de verdade e em cada suspiro ter o seu eu junto.

Amar é superar os obstáculos unidos. É saber caminhar de mãos dadas e, quando necessário, carregar o outro no colo. Amar não é ter alguém pronto ou perfeito. Amar é estar disposto a se tornar perfeito para o outro. É não ter orgulho para pedir desculpas e chorar, se for necessário. Amor é muito mais do que um contrato ou uma seleção.

Amor é para quem não tem medo de sustentar sua existência além de si mesmo. É para aqueles que gostam de mochilas sem rodas. É para que tem, no abraço do outro, um refúgio que livra de todos os medos. É para quem não tem medo de se envolver, de estar junto e lutar dia a dia, lado a lado. É para quem entende que o amor tem beleza própria, a qual nos faz belos.

Amar é um desafio, pelo qual nem todos conseguem passar. E, por isso, procuram opções mais fáceis, mais rápidas. Mas o amor é para quem tem paciência. É para quem tem coragem de ser a razão do sorriso do outro. É para quem se esforça para ganhar mais sorrisos, pois os sorrisos de um amor são como poemas na alma. É para operários que não têm medo de se sujar, pois

“O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.”

6 sinais de que seu casamento irá durar a vida inteira

6 sinais de que seu casamento irá durar a vida inteira

Por João Pedro Martins

Mignon McLaughlin, jornalista, uma vez afirmou que “um casamento de sucesso requer se apaixonar muitas vezes sempre pela mesma pessoa”, mas, como é que isso é possível? O que é que um casal pode fazer para manter inextinguível a chama do amor? Há seis pequenas palavras que são um sinal de que o seu casamento irá durar para toda a vida.

1. Companheirismo

Charles e Elizabeth Schmitz, psicoterapeutas e autores do livro “Building a Love that lasts” (Construindo um amor que dura), afirmam que “nos bons casais existe a tendência de ver o seu parceiro como o melhor amigo”.

A pessoa que amamos deve ser a primeira pessoa em quem pensamos quando desejamos partilhar algo, seja bom ou mau. Existe uma partilha que vai desde as questões mais íntimas até ao que aconteceu durante o dia de trabalho, mesmo os pequenos detalhes.

2. Interajuda

Na vida de um casal deve existir a interajuda. Apesar de a divisão de tarefas não ter de ser exatamente a meio, todos devem ajudar na lida da casa (ajudar nos deveres da escola dos filhos, lavar a louça, limpar, arrumar, lavar o carro, etc.). Charles Orlando, autor do livro “The problem with women… is men” (O problema da mulher… é o homem), afirmou que “manter uma relação em que ambos falam honestamente caso se sintam sobrecarregados e não apenas reclamar caso algo não seja feito, leva a um fortalecimento da vida do casal”.

Quando cada um faz a sua parte e ajuda o outro quando é necessário o companheirismo irá aumentar e, como bônus, ninguém irá estar demasiado cansado ou com falta de tempo para fazer algo que faz sempre falta a um casal – namorar.

3. Espontaneidade

Quem não gosta de ser surpreendido? Não há nada mais frustrante do que uma vida presa à mesma rotina, onde não existem surpresas. Shauna Springer, doutorada e autora do livro “Marriage, for equals” (Casamento, para parceiros), afirmou que “o excesso de familiaridade é o inimigo do romance e, por isso, é essencial continuar a apostar em alguma mudança e crescimento pessoal”, ou seja, depois de se casar devemos continuar a tentar surpreender quem amamos; por exemplo, o marido pode inscrever-se em aulas de dança para, um dia, surpreender a sua esposa com uma dança durante um jantar romântico.

Surpreender o parceiro também pode ser feito usando de pequenas coisas como bilhetinhos românticos deixados em locais especiais para a pessoa que amamos os ler, ou oferecer um buquê de flores sem ser numa ocasião especial.

4. Comunicação

De acordo com um pesquisa, casais que discutem os problemas, em vez de ignorá-los, apresentam um relacionamento mais forte do que casais que evitam discutir. Uma discussão não tem necessariamente de ser acesa e aos gritos, mas os problemas não devem ser ignorados.

Podemos comparar a uma panela de pressão que, para não explodir, é necessário manter uma válvula sempre aberta; com a vida de um casal é exatamente a mesma coisa – os problemas devem ser falados para se poder resolver e, mais importante, para a pessoa que amamos saber o que nos vai na alma e o que nos incomoda.

5. Paciência

Todos os casais passam por momentos bons e por momentos maus. Normalmente deixamos que sejam os momentos maus a definir o nosso futuro, mas, segundo uma pesquisa realizada em 2011, quando o casal acredita que a sua relação irá durar para sempre, independentemente do que possa acontecer, tem uma maior hipótese de sobreviver aos maus momentos do que um casal que não acredita que a sua relação pode durar para sempre.

Quando ambas as partes estão comprometidas a 100% pela felicidade da relação e, principalmente, focadas na felicidade da pessoa que amam, então encontrarão mais facilmente as forças para ultrapassar as dificuldades.

6. Inovação

Um estudo concluiu que casais que fazem coisas novas, e diferentes, juntos são mais felizes do que casais que se deixam cair na rotina. É normal ver jovens casais saindo, indo a um jantar a dois, passeando e até surpreendendo a pessoa que amam, mas, o que infelizmente acontece na generalidade dos casos, é que ao longo dos anos a rotina começa a ter mais força. O namoro deve continuar mesmo depois de décadas de casamento.

Ter uma noite por semana apenas para o casal, para que possam sair e se divertir, pode ser um primeiro passo para quebrar uma rotina. A inovação também pode passar por pequenas surpresas, como se falou no ponto 3. O que não se deve permitir é que a rotina se torne demasiado confortável.

Os sinais de que estão vivendo uma vida feliz a dois estão, então, resumidos nestas seis simples palavras: companheirismo, interajuda, espontaneidade, comunicação, paciência e na inovação. O segredo está em nós mesmos e também nas pequenas mudanças no dia a dia que, apesar de pequenas, elas podem fazer maravilhas no seu casamento.

João Martins é um biofísico com uma paixão pelo ensino e busca de conhecimento.

Website: http://minhaalmatempo.blogspot.pt/

Fonte indicada: Família

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Quando você se vendeu pela última vez?

Quando você se vendeu pela última vez?

E aqui é o momento em que você diz: “Eu nunca me vendi!”. Mas olha, eu nem me refiro às grandes liquidações, onde dá pra sair vendendo honra, consciência ou princípios, tudo isso de baciada. Afinal, essas grandes vendas com grandes impactos, sempre estiveram disponíveis só para uns poucos, aqueles que são colocados em uma posição em que podem comprovar que o poder corrompe. Ok, não são tão poucos assim, ainda mais se a gente traçar uma trajetória que vai desde Judas até o pessoal que ainda vai ser condenado na Lava-Jato (e também aqueles que não serão condenados no cartel do metrô em São Paulo). E vendas maiores que essas, aí só mesmo com grandes empresas, como a Volkswagen, que acabou de reconhecer que adulterou 11 milhões de carros em todo o mundo, vendendo a sua credibilidade por um corte nos custos.

Mas o que interessa aqui são as vendas pequenas no varejo, onde a gente passa a consciência para frente, só por uns trocados, como quando você vê alguém jogar lixo na rua, fica incomodado (só vale se incomodar mesmo, ok?) e não faz nada. Você está se vendendo pela sua segurança, pela sua tranquilidade ou mesmo pelo tempo que você não pode perder ali, naquele momento.

A gente também aprende logo cedo que não dá para lutar toda batalha no momento em que ela se apresenta. Às vezes, dá pra tentar adiar, para quando houver a certeza de que ela possa ser vencida. É uma forma de nos vendermos pela conveniência.

Ou podemos nos vender pela comodidade. Como, por exemplo, quando aquela vaga de cadeirante está ali, tão sozinha e tão desacompanhada, com toda cara de que não vai ser usada nos próximos cinco minutos, que é todo o tempo que você precisa, só cinco minutinhos, que mal pode fazer? Vai ser muito azar se chegar um cadeirante bem nessa hora, não vai? Bom, você estaciona seu carro e está de volta depois de cinco minutos (ou dez, quinze, talvez até vinte) e como realmente não apareceu nenhum cadeirante ou seu carro não foi guinchado, você diz pra si mesmo que agiu certo e até questiona a real utilidade dessas vagas, já que você nunca viu nenhuma sendo propriamente usada. E a vida segue, até a próxima vez em que for preciso estacionar, e o ciclo recomeça.

Quando estamos nesse processo de venda, tentamos nos enganar de todas as maneiras, para que não possamos assumir – em um nível consciente – que o negócio já foi fechado e estamos devidamente vendidos e bem ou mal pagos. É a hora de usar o melhor da criatividade e inventar desculpas & justificativas que sirvam pelo menos pra tentar convencer a nós próprios. O nosso nível de tolerância para essas desculpas & justificativas costuma ser bem alto nessas horas.

Para manter as engrenagens da vida social funcionando, é preciso se vender até pelo bem dos outros. Sabe quando você está naqueles almoços de família, pode ser Natal ou Páscoa, e toda a família começa a defender um ponto de vista completamente oposto ao seu ou um cunhado começa a fazer comentários não muito bacanas e você prefere ficar quieto, pra não criar um climão ali na hora? É uma venda que pode custar um pouco (ou muito) da sua paz de espírito, mas que é feita pela harmonia daquele momento, ainda que bem superficial, para que o peru ou o bacalhau possam ser digeridos sem muitos contratempos.

É a mesma coisa quando você está em uma roda de amigos e alguém diz alguma mentira, comete uma injustiça ou externa um preconceito que te incomoda profundamente, mas que você prefere relevar e não rebater, pra não criar caso. São aqueles momentos em que temos que optar entre defender cegamente o que acreditamos ou nos apegarmos a tal harmonia superficial, para seguir em frente com a vida em sociedade.

A gente se vende e isso faz parte da vida, só o nível da venda é que varia. Nem sempre é uma coisa ruim, às vezes é até uma necessidade. E claro que dá pra usar um conceito que não tenha um tom tão depreciativo, como “vender”. Podemos trocar por “ceder”, por exemplo. Mas ainda que se mude a palavra, não muda a realidade de que se trata de um procedimento que envolve uma troca e, mesmo que o lucro não seja trinta moedas ou uma propina milionária, alguma vantagem Maria leva.

Já que estamos vivendo um momento em que a indignação com a corrupção está espalhada pelas redes sociais, essa poderia ser a hora de levar para a vida esse sentimento e abandonar a indignação seletiva, que só vale para um lado da moeda, aquele com o qual não concordamos. Se essa indignação se ampliasse para todos os tipos de corrupção, incluindo aí as nossas, por menores que fossem, seria um ponto de mudança na História.

É uma ideia bem utópica, claro, ainda mais porque crescemos no país do jeitinho e da Lei de Gérson, mal dá pra dimensionar o quanto isso tudo está entranhado em nós. Mas encarar a situação de frente ajuda a entender um dos principais mecanismos da vida em sociedade. E se der para abrir mão do pacote de desculpas & justificativas, melhor ainda.

A Felicidade não é para poucos, é para qualquer um

A Felicidade não é para poucos, é para qualquer um

Ela é abordada em quase todas as conversas. É assunto de jornais, revistas, filmes, documentários, palestras, debates, conversas de botequim, novelas, livros, sites e outros meios de comunicação que se multiplicam de uma pessoa para a outra. É de Felicidade que todos querem falar e saber.  Mas o que falta para que todos possam senti-la?

Ela passa por uma antecipação do nosso ser, uma projeção no agora, e ao mesmo tempo por uma busca fragmentada, porque é como se quiséssemos criar e pegar o futuro com as mãos, mas estamos atolados e esvaziados no presente, procurando, buscando e em voltas – com o quê, nem sabemos.

A sensação de utilidade e praticidade invade qualquer mortal e tantas vezes nos rotulamos como pós-modernos para entendermos alguma coisa. É lá mesmo que pode estar nossa Felicidade, no pós-tudo, no que sempre esperamos a partir de agora? Não, pode ter certeza que está nesse presente do exato momento que vivemos. Talvez nos falte o senso desse agora que nos toma por completo.

E o que é a Felicidade? Teremos muitas respostas. Mas, por ora, é algo profundo e verdadeiro; é a graça que se sente além do corpo material. É mais que uma mansão luxuosa, roupas de grife, carro do ano, joias finas e outros bens materiais que trabalhamos tanto para conseguir. Algumas vezes, é como se essa Felicidade caísse aos nossos pés, como se estivesse à nossa procura, como nosso objeto maior de desejo e possessão. Mas isso tudo não é medida para a Felicidade.

Algumas mudanças, por mínimas que sejam em nossa rotina, ajudam muito nessa busca pela Felicidade, ainda que seja para sair do caos rotineiro com o mesmo cheiro de sempre, mas experimentar o diferente. Experimentar o outro, a convivência com a natureza, o estar no mundo e o sentir com toda capacidade – seria como experimentar um tempero novo que explode em nossa boca.

É chocante como atos e comportamentos aparentemente simples ainda exigem grandes doses de desprendimento e fuga de uma prisão inventada para fugir de muitas coisas, inclusive da nossa mania de colocar eternidade em qualquer acontecimento. Parece até que não temos noção da finitude. É, às vezes não temos, realmente.

E nossa fuga pode ser para qualquer lugar, mas o melhor deles está dentro de nós, é lá que podemos nos acalmar e nos conhecer melhor, como um vizinho que ainda é estranho e aos poucos vai adentrando e participando da vida do outro, como se aquele fosse um paraíso para ser conhecido, mas que exige grandes responsabilidades, porque cativar existe sempre uma entrega nem sempre pacífica.

A Felicidade não é para poucos, é para qualquer um. Está na capacidade de cada indivíduo desenvolver habilidades que não podem ser medidas com uma moeda de troca, mas vividas com toda intensidade do mundo. E aqui eu deixaria algumas dessas habilidades que costumo observar nas pessoas: amor, humildade, generosidade, ternura e tantos outros sentimentos altruístas. Não precisamos de uma lista muito extensa, basta praticarmos qualquer uma, aleatoriamente, para notarmos grandes diferenças em nossos dias. Ela também pode estar num sorriso aberto, num abraço apertado, num olhar profundo que diz mais que palavras organizadas.

O desenrolar disso tudo é bem visível – não ousaria dizer previsível -, mas é a sensação do que podemos ver não só com os olhos. Está além de olhares, conversas, toques. É preciso muito mais agir, abraçar o mundo como se fosse o último ato.

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