Quando o amor fez as malas

Na alegria que não vingou, no olhar negado, no desejo ausente, o amor chorou…

Ele olhou as paredes, os móveis, o chão e o teto e sentiu que não estava mais ali. Não queriam mais que estivesse. A moça o trocou por alguém que veio de longe sem mala nenhuma.

Chorou os anos que desfrutaram a mesma cama. Chorou o orgasmo e o beijo quente. Chorou as mãos que um dia teimaram em se grudar. Chorou o filme triste que se tornou. Chorou…

Abriu o guarda-roupa e suas camisas se agarraram aos vestidos e saias. Foi tamanha teima em não sair dali, que rasgaram o vestido vermelho que o amor havia presenteado à amada em data especial.

O amor pegou seus panos, perfumes, sapatos e saiu com seus danos, em um dia de sol escaldante. Saiu com sua dor, seu ciúme, seu medo e sua fome à procura de um nome que receba suas malas e o faça se reconhecer no teto, na parede, nos móveis…







É professora de Língua Portuguesa, mora em Patos, PB e escreve poemas, contos, crônicas…