Não há inteligência profunda sem bondade

Não há inteligência profunda sem bondade

Por  SÍLVIA MARQUES

O tema da inteligência me fascina. Sempre que posso, leio a respeito. Não só a inteligência me interessa. Gosto de tudo relacionado ao comportamento humano; como o nosso cérebro reage às mais variadas situações desafiadoras do dia a dia e como cada pessoa lê a realidade.

O que para uns é erótico, para outros é pornográfico. O que para uns é espontâneo, para outros é espalhafatoso. Os limites entre a ponderação e a chatice; a determinação e a teimosia; a sensualidade e a vulgaridade também são tênues. Depende do nosso ponto de vista. Depende dos nossos referenciais familiares. Do nosso nível de instrução. Das nossas habilidades e limitações. Depende dos livros que lemos, dos filmes que assistimos, dos professores que tivemos, da escola que frequentamos, da fé e valores que nos foram ensinados e de que forma foram ensinados. Depende da nossa própria natureza; daquela nossa porção que não dependeu de nada nem de ninguém.

O que define a inteligência? O que caracteriza alguém realmente inteligente? Em meu tempo de menina, a inteligência estava muito associada à lógica, ao bom raciocínio matemático. Inteligente era quem se dava bem com os números. Este pensamento está equivocado? Não e sim. Lidar bem com os números é realmente um indício de inteligência, mas muitas outras habilidades denotam inteligência, como por exemplo ter bom ouvido musical, se expressar bem e ter noção de espaço.

Hoje sabemos que existem vários tipos de inteligência, entre eles: Linguística e Lógica ( as mais comuns), Motora, Espacial, Musical, Interpessoal e Intrapessoal.

Linguística: apresenta este tipo de inteligência as pessoas que lidam bem com as palavras. São pessoas que escrevem e falam bem e que têm maior facilidade para entender pontos de vista diferentes.

Lógica: apresenta este tipo de inteligência pessoas com facilidade em Matemática e Lógica. Normalmente têm boa memória e bom nível de disciplina e organização.

Motora: apresenta este tipo de inteligência as pessoas com ótima coordenação motora, alto controle sobre o corpo e facilidade para a expressão corporal.

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A inteligência motora é muito associada a esportistas e dançarinos. Mas muitas outras profissões dependem da boa coordenação motora e/ou de uma eficaz expressão corporal como cirurgiões, costureiros, cozinheiros e atores. A simples facilidade de ler expressões faciais e gestos denota uma habilidade motora.

Espacial: Pessoas com este tipo de inteligência possuem muita facilidade para criar e desenhar imagens 2 e 3D. São criativas. Possuem bom senso de direção e apresentam facilidade para ler mapas e gráficos.

Musical: Tipo raro de inteligência e muito criativo como a espacial. As pessoas que apresentam este tipo de inteligência têm facilidade para ouvir sons de forma diferenciada, deduzindo novos padrões musicais e muitas vezes aprendem a tocar algum instrumento sozinhas.

Interpessoal: raríssimo tipo de inteligência que está associada à capacidade de liderança e persuasão. Pessoas com este tipo de inteligência, normalmente, sabem extrair o que há de melhor em cada um, levando-as a ação.

Intrapessoal: tipo mais raro de inteligência. Está associada à capacidade de liderança também, porém, de forma mais indireta, influenciando as pessoas por meio de ideias. Apresentam profundo autoconhecimento. Normalmente, quem apresenta este tipo de inteligência é carismático.

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Bons professores, normalmente, apresentam inteligência intrapessoal. Podemos encontrá-la também em missionários, líderes religiosos, pensadores de um modo geral. A interpessoal já está mais presente em bons líderes corporativos, publicitários , diretores de teatro/cinema/TV. Porém, vale ressaltar que, uma mesma profissão pode exigir mais de um tipo. Um escritor de auto ajuda, por exemplo. Ele combina a Linguística e a Intrapessoal.

Enfim, o resumo acima é bem rudimentar, mas nos proporciona uma ideia geral do quanto o tema é vasto e complexo. Repito a pergunta: O que define se uma pessoa é inteligente ou não? Existe algum tipo de inteligência mais importante do que as outras? É mais inteligente aquele que apresenta um número maior de tipos de inteligência? Não sei a resposta, embora a procure de forma persistente.

Para mim, em minha opinião parcial e pouco fundamentada de leiga, encaro como mais inteligente não aquele que sabe fazer mais coisas, mas sim aquele que pode se conhecer melhor e viver de forma mais harmônica com ele mesmo e as outras pessoas.

Aquele que conhece melhor seus pontos fortes e limitações. Aquele que aprende mais com as experiências negativas, extraindo lições importantes. Aquele que sabe usufruir melhor do conhecimento alheio, aprendendo com todas as pessoas.

Aquele que consegue se reconciliar mais facilmente com o seu passado. Aquele que consegue detectar os falsos amigos e partir para outra sem remoer o assunto por meses. Aquele que aceita as diferenças e respeita o espaço alheio.

Aquele que sabe viver em comunidade. Aquele que conhece onde termina a sua liberdade e começa a do outro. Aquele que sabe perdoar e compartilhar. Aquele que entende a própria limitação humana e não se sente superior em relação àqueles que apresentam menos habilidades, menos atratividade, menos poder aquisitivo etc.

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Aquele que sabe extrair prazer das pequenas conquistas diárias. Aquele que sabe admitir e se desculpar quando erra. Aquele que ama o que tem. Aquele que sabe lutar e perder. Aquele capaz de reconhecer com humor que às vezes é muito bobo.

Em minha opinião, não existe inteligência verdadeira e profunda sem bondade. Todo aquele que usa as habilidades e a facilidade de aprendizado para oprimir, humilhar, tirar proveito das pessoas, planejar vinganças, se sentir superior, se destacar socialmente usando a cabeça dos outros como degrau é no máximo um ser habilidoso e esperto, com raciocínio rápido e coerente.

Para mim, a inteligência superior vai além. Ela engloba caracteres de sociabilidade, ternura , empatia e compaixão. Somos seres cooperativos. E para mim, quem entende melhor esta rede de interinfluências e exercita mais a cooperação, se adapta melhor às leis essenciais da vida.

Fonte indicada: Obvious

Documentário francês retrata a trajetória de Simone de Beauvoir

Documentário francês retrata a trajetória de Simone de Beauvoir

Uma das pensadoras mais importantes do século XX, Simone de Beauvoir (1908-1986) é retratada em um documentário francês para TV lançado em 2008. Com pouco mais de 50 minutos, a produção está disponível em um canal no YouTube (assista no player abaixo).

Intitulado “Simone de Beauvoir – “Uma Mulher Atual”, o filme revela sua trajetória intensa, focando o período de sua vida no pós-guerra, durante a guerra na Argélia, sua ida aos EUA – além da publicação do seu livro mais conhecido, “O Segundo Sexo”, e da autobiografia escrita em vários volumes. O filme é dirigido pela documentarista Dominique Gros.

Nascida em Paris, em 1908, Simone de Beauvoir foi uma famosa feminista, escritora e filósofa existencialista.  Foi também companheira de outro grande nome do pensamento contemporâneo: Jean-Paul Sartre. Publicou 21 livros ao longo de sua vida, entre romances, ensaios e biografias.

Fonte indicada: Cultura em Casa

Como adultos reagem frente ao bullying

Como adultos reagem frente ao bullying

Por Marcela Alice Bianco

Um vídeo tocante que nos mostra como adultos reagem frente ao comportamento de bullying que duas meninas fazem à uma garota mais nova num ponto de ônibus.  Esse foi o experimento social realizado pela UP TV e que nos refletir mais uma vez sobre esse tema.

O comportamento de bullying nos chama para a dinâmica inconsciente do bode expiatório. Quem executa a ação destrutiva contra o outro, projeta nele suas próprias imperfeições, defeitos e inseguranças pessoais, como forma de afastar o olhar negativo sobre si e deixando os holofotes mirados para àqueles que considera mais frágeis, inferiores ou indefesos.

A questão relaciona-se diretamente com a autoestima, seja de quem promove ou de quem sofre o bullying, bem como a construção da ética e da capacidade empática do ser humano.

Veja:

A situação colocada no vídeo é a seguinte: duas meninas, por serem mais velhas e por estarem em maior número, sentem-se à vontade para constranger e zombar da menina que, por sua vez, não encontra apoio social em seus pares naquele dado momento e não consegue reagir às críticas e ofensivas dirigidas a ela, reagindo passivamente.

A intenção é avaliar como os adultos reagem a isso, seja com relação as praticantes das ofensas, ou em relação a jovem vítima. Estes, logo que percebem o que está acontecendo, usam os recursos adquiridos com a maturidade para manejarem a situação.

No caso, percebe-se dois mecanismos atuantes: a tentativa de conscientização das garotas que estão praticando o ato ofensivo; e a ação protetiva dirigida à vítima. Na primeira atitude, os adultos tentam impedir a continuidade da ação e argumentam com a dupla mostrando-lhes a inadequação de seus comportamentos, pautando-se na ótica da empatia e da ética. Na segunda, as pessoas buscam por um comportamento de proteção, chamando a menina para sentar junto, elogiando a sua mochila, procurando valoriza-la, consola-la e diverti-la.

Nas duas reações o que vemos é uma conduta amorosa, respeitosa e firme no manejo do comportamento de bullying e que efetivamente interrompe a ação destrutiva das meninas, desarmando-as. Uma bela demonstração de como podemos reagir quando presenciarmos uma situação semelhante!

21 problemas de ser uma ‘alma antiga’ presa num corpo jovem

21 problemas de ser uma ‘alma antiga’ presa num corpo jovem

De Alena Hall

Imagem de capa: : Kl Petro, Shutterstock

“Almas antigas” desse mundo, vocês sabem quem são. E é provável que você saiba desde que era bem jovem, quando seus pais lhe diziam que sua perspectiva de vida era única em comparação com a dos seus pares. Você sabe o que é ser considerado estranho e meio quieto demais – e ser rejeitado por causa dessas diferenças.

Mas tudo bem, porque a sabedoria além da idade traz muitas vantagens: uma maturidade que vai te servir a vida inteira, uma consciência afiada do que você gosta (e não gosta), um belo senso de como abordar o mundo com a cabeça aberta e uma força de vontade poderosa que te mantém com os pés plantados em suas próprias convicções.

Como todo outro traço dominante que nos distingue dos outros, há (frequentes) ocasiões em que esse tipo de existência parece uma verdadeira luta. Pedimos que a comunidade do HuffPost Lifestyle no Facebook encontrasse as partes mais difíceis de ser uma “alma antiga” num corpo jovem. Eis 21 coisas que foram compartilhadas:

1. “As pessoas da minha idade me acham chata.”Karla Retana, usuária do Facebook

2. “Acho que a parte mais difícil é encontrar pessoas que consigam te entender. É uma espécie de solidão.”Rox Aimee, usuária do Facebook

3. “Eu não me encaixo com pessoas da minha idade. Eles acham que eu sou chata. Mas as pessoas mais velhas SÓ enxergam minha idade e me colocam no mesmo saco das pessoas imaturas ou inexperientes. Eu tendo a namorar homens (de 10 a 15 anos) mais velhos, o que, na minha experiência, ainda não deu muito certo… Sempre considero essa coisa de “alma antiga” um elogio, mas não tenho certeza de que as pessoas realmente querem dizer isso.” Jessica Lee, usuária do Facebook

4. “Desde sempre, você sente que é um pássaro diferente do resto do bando. O que deixa os outros felizes ou tristes não tem o mesmo efeito em você. Mas, por outro lado, eu não gostaria de ser de outro jeito.”Rima Harb Bou Ayash, usuária do Facebook

5. “Encontrar um parceiro que te entenda e que tenha uma idade apropriada/seja jovem.”Zara Zara, usuária do Facebook

6. “A parte mais difícil é não ser levada a sério quando se é jovem.”Sarah Jane Wells, usuária do Facebook

7. “Deixar isso claro para alguém que não é ‘alma antiga’, e às vezes a frustração de querer ser parte de círculos mais populares, mas ao chegar lá descobrir que você sempre estará do lado de fora… e de alguma maneira não se importar com isso, mesmo que esteja sozinha.”Jo Pollard Hamilton Britt, usuária do Facebook

8. “Tenho dificuldade em abrir mão e ser tola porque aquela voz velha na minha cabeça me faz me sentir estúpida quando isso acontece. Além disso, intuitivamente, percebo quando algo é uma má idéia, o que pode ser incrível, mas também me faz uma estraga-prazeres entre meus pares.”Amy Schulte, usuária do Facebook

9. “Para mim, a parte mais difícil é não deixar minha mentalidade ser afetada pelas palavras dos outros. Parece irônico, porque uma alma antiga deveria ser capaz de diferenciar entre palavras e verdade, mas às vezes pode ser desgastante ouvir a palavra ‘antiga’ tantas vezes.” Kristi Kurtz, usuária do Facebook

10. “A parte mais difícil é como é frustrante ver almas jovens lutarem tanto com coisas que são patentemente, obviamente verdadeiras e claras. Elas não aprenderam a fluir, o segredo da vida. Eles estão sempre nadando contra a corrente, lutando, lutando.” Tracy Finklang, usuária do Facebook

11. “A sensação de que você realmente não pertence a lugar nenhum, e não entender como algumas pessoas podem ser tão insípidas, superficiais e fracas.”Dawn Johnson-Deal, usuária do Facebook

12. “As pessoas não entendem que não preciso me divertir o tempo todo. Eu estou bem sozinha em casa.”Amy Rauton DeLoach, usuária do Facebook

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Foto: Difusión

13. “Para mim, é difícil compreender as motivações das pessoas da minha idade, tais como seus objetivos e as prioridades que afetam suas decisões. Fico muito presa na minha cabeça, porque, enquanto meus amigos estão OK com a ideia de viver sem preocupações, sempre me seguro e olho para o plano potencial de longo prazo e para minhas alternativas se as coisas não derem certo na primeira vez.” — Rachel Lucht, usuária do Facebook

14. “Me sinto mentalmente superior. É um elogio.” — Alison Faye, usuária do Facebook

15. “Ninguém acredita em mim quando digo: ‘Eu sei’.” — Sarah Gentry

16. “Ser uma alma antiga me fez extremamente sensível, o que causa ansiedade. Não posso compartilhar meus pensamentos mais profundos com a maioria das pessoas, porque eles não ‘entendem’, e isso pode ser difícil.” – Allison Chrun, usuária do Facebook

17. “Me sinto meio responsável. E isso me faz sentir a necessidade de ser mais madura. Realmente gostaria que as pessoas achassem que eu sou adulta, mas é um ato de responsabilidade.” — Meenu Aswad, usuária do Facebook

18. “Encontrar pessoas parecidas, ser considerada amarga, porque você pode enxerga a imagem inteira e as coisas nem sempre são o conto de fada em que as pessoas querem acreditar, decepcionar-se regularmente com seus pares, porque eles ainda são muito infantis.” — Meg Ash, usuária do Facebook

19. “Muito do que a sociedade dominante se esforça para conseguir parece bobo.” — Carolyn Dougharty, usuária do Facebook

20. “Estar cercada de gente (tanto pessoas queridas e aquelas de quem não gosto muito) que simplesmente não enxerga o outro lado de qualquer situação, ou se recusa a fazê-lo. Sinto que estou falando uma língua estrangeira… Ser lógico e compreensivo poder ser solitário.” — Felice Ford, usuária do Facebook

21. “As pessoas me procuram para conselhos sábios e aí decidem não colocá-lo em prática… Não ser levada a sério é desanimador.” — Cassie Stef, usuária do Facebook

Fonte indicada: Brasil Post

Os nós, os laços e as nossas escolhas

Os nós, os laços e as nossas escolhas

Basta fechar os olhos e evocar uma lembrança afetiva. Uma manhã morna num parque cercado de eucaliptos úmidos, cujas folhas agulhadas ainda retêm gotículas da chuva da noite. O toque da água fria do mar na pele aquecida pelo sol; os pés pisando o chão de areia granulada, a onda quebrando contra o corpo, o mergulho. A sensação de calor e deleite de estar envolvido pelos braços de alguém a quem amamos; o calor do encontro entre os corpos, o perfume reconhecido, o ritmo dos batimentos dentro do peito. Somos seres sensoriais, uma mistura de cheiros, sons, imagens e texturas. E uma pergunta nos inquieta: tudo o que vemos, ouvimos e sentimos existe de verdade? Ou é a nossa interpretação do mundo que cria a realidade?

Segundo Lacan, o real, o simbólico e o imaginário, estão de tal forma entrelaçados em nossa estrutura psíquica que se um deles deixa de exercer força sobre os outros dois, há um nó que se desmancha, os elos ficam soltos e caem apartados, deixando-nos desestruturados, porém libertos. O real é o que já existia antes de nós o interpretarmos; ele não depende de ninguém para se manifestar. O campo do real é o campo da “coisa”; daquilo que é nomeável e escapa à simbolização. Isto é, pode ser descrito por palavras. “Aconteça o que acontecer, amanhece”. O real existe por si mesmo, escapa ao nosso desejo e ao nosso poder. Queira ou não, o sol se põe e nasce. O instinto de sobrevivência pertence ao real. Diante do perigo iminente reagimos, ficamos em alerta, prontos para enfrentar ou fugir. O real, do ponto de vista da Psicanálise, é um conceito que produz uma significação diferente do que denominamos realidade. Real não é a mesma coisa que realidade. A realidade precisa dos três campos ou dimensões para existir. O real não precisa dos outros campos, pois ele basta a si mesmo.

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O imaginário é o real subvertido à nossa ordem, ambição ou desejo. Por volta dos seis meses de idade, a criança consegue olhar sua imagem num espelho e reconhecer-se como aquele que a contempla do outro lado. Essa visão infantil de si mesmo é o nosso imaginário desenhando à nossa frente uma reprodução de nós mesmos. Uma ideia perturbadora é a de considerar que a imagem que vemos no espelho pode ser absolutamente diversa da imagem que o outro vê quando olha pra nós. Nunca saberemos como somos fisicamente, de fato, aos olhos do outro. A coisa fica ainda mais complicada quando descobrimos que cada um também nos vê de acordo com a sua simbologia ou perspectiva. Louco, né? Ainda bem que é! Afinal, aquelas sardas que nos incomodam tanto podem ser o nosso ponto de atração para o outro. A boca que achamos grande demais para o nosso rosto pode ser vista como atraente, voluptuosa, sensual… Vai saber! Por isso é tão comum implicarmos com a nossa imagem estampada numa foto. Quando você se olha no espelho, e você faz isso com frequência, aquele ser ali do outro lado já é meio familiar para você. Você já se acostumou com suas imperfeições e assimetrias. Só que, no espelho, você vê a sua imagem invertida; e, na foto, você vê o que os outros veem. Sim, está ficando cada vez mais difícil! Mas, não se desespere… É assim para todo mundo; até para a Giselle Bündchen que, inclusive, decidiu se aposentar!

Não menos desconcertante é a percepção da sua voz! A voz é real certo? Mais ou menos. Quem nunca ficou impressionado ao ouvir sua própria voz numa gravação? Aquela sensação de “Credo! Não acredito que minha voz é assim!”. Então, acontece que é! A voz que ouvimos quando falamos, não é a mesma voz que aquele (coitado ou abençoado!), que conversa conosco, ouve! O som pode chegar aos nossos ouvidos de duas maneiras diferentes: conduzido pelo ar ou pelos ossos. Na condução pelos ossos, a transmissão do som vai das nossas cordas vocais para a cóclea, estrutura em forma de caracol, localizada nas profundezas de nosso ouvido e responsável pela captação do som. A frequência desses sons enviados por nossas cordas vocais é diminuída ao longo do caminho e é por isso que nossa voz, quando gravada, nos parece mais aguda, porque a ouvimos com a frequência de sons normais, pois são enviados pelo ar. E é por isso que, de acordo com o professor de psicologia da Universidade de Glasgow, pesquisador de percepções vocais, Pascal Belin, “nós nunca ouvimos nossas vozes como as outras pessoas ouvem, por isso nossa surpresa ao ouvir uma gravação”. A otorrinolaringologista Chris Chang, de Virgínia, EUA, endossa a teoria do professor Belin e explica que quando ouvimos nossa voz gravada o processo de recepção do som não tem mais a ver com a cóclea, mas com o ar. A voz que ouvimos gravada é a voz que todas as outras pessoas ouvem. Portanto, se você se diverte muito cantando no chuveiro é melhor não gravar a cantoria e conservar a diversão.

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Ainda na esfera do imaginário, nascem nossas demandas e, como consequência, nossas frustrações. O anseio por carinho, afeto, reconhecimento e aceitação são demandas essenciais que constituem a nossa natureza humana. Quando nossas demandas são contempladas, somos felizes. A privação da demanda nos faz sentir tristeza, dor e abandono. Esse caldo de satisfações e frustrações vai constituindo a nossa maneira de ler, interpretar e interagir com o mundo e com as pessoas nele inseridas. É por meio do simbólico que construímos nossas relações. O simbólico é o campo da linguagem, das palavras, dos sons, conceitos e ruídos que vão se transformando em símbolos à medida que os interpretamos. O ser humano socializado aprende a adiar o desejo ou impedir a sua realização. O processo de socialização baseia-se na castração do desejo para a realização da convivência. No terreno do simbólico os desejos humanos incluem a realização como pessoa e como profissional; além do desejo de descobrir, inventar, criar, tomar iniciativa, participar, amar, compartilhar. A realização dos desejos exige trabalho, persistência, perseverança, esperança, motivação; é um processo, não acontece por magia ou milagre. Sua realização dependerá da atuação em equipe das nossas potencialidades reais, mais a ousadia do imaginário, a criatividade do simbólico e a plasticidade da perspectiva.

Cada um de nós hierarquiza as três dimensões (real, imaginário e simbólico) de forma diversa. Aquele que apresenta predominância do campo real será mais bem sucedido em atividades que envolvam curar, construir, reparar. Essas pessoas têm um mecanismo de funcionamento mais técnico, racional e objetivo. Se, entretanto, a pessoa tiver predomínio de registros do campo imaginário, sua atuação será extremamente eficiente em atividades voltadas para harmonização e equilíbrio, quer seja do indivíduo ou do ambiente. Essas pessoas são mais afetuosas e disponíveis emocionalmente. Se por outro lado, o campo do simbólico predominar na estrutura psíquica do indivíduo, ele se voltará para atender a sociedade no sentido de promover crescimento, realizações e terá ampliada a capacidade para criar.

O real, o imaginário, o simbólico. Faces de nós mesmos que se alternam a depender do quanto estamos aptos para atender e entender nossas próprias demandas em conexão com as demandas do outro. Voltando a Lacan, temos um nó formado por três elos que se apoiam e se conectam para que sejamos capazes de mixar nossos registros e fazer uma interface, na constituição de uma teia complexa de relação com o mundo. Somos algo semelhante àqueles globinhos recobertos por retalhinhos de espelho. A cada sombra ou luz projetada, exibiremos uma nova versão de nós mesmos que pode nos parecer estranha, mas profundamente familiar ao outro e vice-versa. O fato é que nunca saberemos o que somos na realidade aos olhos de quem convive conosco. A saída é olhar com generosa atenção para o tipo de reação que provocamos. Talvez aí esteja a chave. Não para resolver esse dilema. Mas para nos tornarmos menos distorcidos e sedimentados. Afinal, generosidade é dar mais do que se espera de nós; é ir além da expectativa do outro; é nos comprometermos por transformar esse nó em laço. Afinal, independentemente da perspectiva, os laços são muito mais interessantes e transformadores do que os nós.

Unicórnio de Porcelana: curta-metragem de 3 minutos que te emocionará.

Unicórnio de Porcelana: curta-metragem de 3 minutos que te emocionará.

“Menino alemão encontra criança judia escondida em um armário. Suas histórias são traçadas pela presença de um unicórnio de porcelana.”

Filme vencedor em 2010 do prêmio Phillips tell it your way competition, de melhor curta-metragem

Tem a duração máxima de três minutos e um mínimo de diálogos. Entretanto, a força da mensagem é sem tamanho.

5 frases típicas de um chefe fraco e inseguro

5 frases típicas de um chefe fraco e inseguro

1 – “Aqui, quem manda sou eu”

Essa é clássica e muito presente na vida de uma equipe aos cuidados de um chefe fraco e inseguro. É uma das mais rudimentares formas de autoafirmação, bradadas por chefes sem moral em busca de intimidar suas equipes a fim de conquistar uma migalha de atenção. Se você tem um chefe desses, só lamento. Tomara que você também não seja tão fraco como ele e escolha viver se sujeitando a levar essa na cara todos os dias. Sugestão: chefes fracos, quando percebem que você não se intimida (mas, ao contrário, respeitosamente, olha em seus olhos durante uma conversa franca), logo desiste de esbravejar e lhe escuta. Em alguns casos, ficará muito clara a fraqueza dele, pois diante do confronto respeitoso não sabe o que dizer, sua olheira escurece, gagueja, treme e quase baba na gravata.

2 – “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”

Essa é uma das principais diferenças entre um chefe e um líder. O líder lidera pelo exemplo, enquanto o chefe acha que só será respeitado e honrado pelo poder hierárquico. Geralmente, chefes assim estão acomodados e odeiam seu trabalho, não são nem um pouco comprometidos com a empresa e logo deverão ser substituídos. Caso contrário, representam uma excelente oportunidade para você mostrar seu trabalho e sua competência. Destacar-se com chefes acomodados é bem simples, pois seus resultados logo serão percebidos e esse chefe acomodado sairá de seu caminho.

3 – “Não está satisfeito, a porta de saída fica bem ali”

De novo, é um perfil que aposta que na intimidação conseguirá chicotear a sua equipe para atingir suas metas. No fundo, morre de medo de sua equipe ir embora, pois, se isso acontecer, ficará em maus lençóis com seus superiores. No fundo, é fraco, preguiçoso e usa essa estratégia medíocre por considerar ser o caminho mais fácil para que ele alcance seus objetivos. Minha sugestão é, mais uma vez, de forma sempre respeitosa, olhar no olho, sem se intimidar, e ter uma conversa franca. É impressionante como chefes fracos podem ser facilmente liderados por seus subordinados.

4 – “Você não é pago para pensar. Você é pago para fazer o que eu mando”

Esse perfil é geralmente centralizador. Não gosta de novas ideias porque é inseguro, tem medo de perder seu espaço e preguiça para sair de sua zona de conforto, onde domina todos os processos. Talvez esse seja um dos perfis mais danosos para um jovem promissor, pois corta na raiz sua chance de ser mais criativo e o coloca dentro de uma caixa hermeticamente fechada. Minha sugestão é que você procure outra empresa para trabalhar ou então assuma o risco de desenvolver processos diferentes que alcancem maiores resultados e assim ganhe a confiança dele. Mas, de novo, é um risco, pois isso não significa que isso vai agradá-lo e você ainda fica exposto a uma demissão por insubordinação.

5 – “Estou aqui há mais de 10 anos fazendo isso e você vem com novas ideias pra reinventar a roda?”

Esse é o chefe limitado. Ele sequer tem vergonha de dizer que está há 10 anos fazendo a mesma coisa. Essa frase, no entanto, não expressa intimidação. Por isso, ele pode ser mais flexível a ser convencido a implantar seu projeto. Chefes limitados geralmente são muito gente boa. Investir num contato mais próximo a fim de conquistar a sua confiança pode ser a melhor estratégia para introduzir novas práticas sugeridas por você. E ele fará questão de divulgar que a ideia foi sua.

Feliz é aquele que encontra em seu caminho um líder. Alguém que estimula sua criatividade, que antes de tudo dá exemplo e através dele extrai o melhor de sua equipe. O líder entende que sua missão é prover sua equipe de inspiração, visão macro da organização e sabe que não adianta usar de subterfúgios mentirosos para motivar os integrantes de seu time. O líder aplaude a equipe pelas vitórias e assume a responsabilidade pela derrota. Ele tem prazer na vitória de seus alunos e, com isso, alcança maiores resultados para a companhia.

Nunca encontrou um líder em seu caminho? Então seja você esse líder!

Artigo publicado originalmente no Geração de Valor e cedido gentilmente ao Administradores.com.

Fonte indicada: Administradores.

Você pode substituir um amor superficial por coragem, por exemplo.

Você pode substituir um amor superficial por coragem, por exemplo.

Estou na era da “pegação”. Não vou pagar de moralista. Dizer que tudo está errado e que essas pessoas são todas rasas, esta seria uma análise, ironicamente, rasa. Abriu-se a possibilidade de nos conhecermos uns aos outros e isto é formidável. Posso me deparar com diversas formas de pensamento, várias maneiras de enxergar a vida, num curto espaço de tempo e em diversos ambientes. Baladas, livrarias, aplicativos… Há vastas opções, com uma boa organização, certeza, todo mundo ama.

O problema, eu cogito, é que variedade e organização são dois objetos difíceis de combinar nesta época. Temos muito, demais, tanto que sabemos por onde começar, mas tão complicado acertar aonde parar. Você se abre e conhece uma infinidade de novas companhias, porém quais delas durarão?

Não há resposta. Gente que era certo que iria nos abraçar pra sempre, de repente some. Outras, nem imaginávamos que pudessem ficar, permanecem e se alicerçam. Entre esses dois tipos de pessoas, é fácil nos confundirmos e gastarmos mais tempo com quem não valorizará nossas horas.

Podemos tranquilamente, cair nas garras do amor superficial. Porque ele é bom. Faz bem. Está disponível no momento exato. Nada quente, nem frio você fica, ali, acomoda-se. A relação superficial é sempre mais confortável e menos saciável. É nítida a sensação de que mais tarde será o fim, vamos adiando pra depois do aniversário, depois do natal, depois do ano novo… E assim vai, é o famoso “final mais ou menos feliz.”

Como estamos numa época da “pegação”, é bem possível ter vários amores superficiais. Começa, começa outro sem acabar com o primeiro, inicia o terceiro sem concluir tudo com o segundo e assim vai… A lista das pessoas “ficantes” se alonga, mas das conhecidas se encurta.

Bom ter ousadia pra iniciar aquela paquera, chamar pra sair, testar os flertes no momento oportuno. Mas que não nos falte coragem de falarmos sobre a necessidade de nossos lábios. Eles às vezes pedem por beijo, e tantas outras vezes pedem por conversa leve e coração aberto. Felicidade é o que, no fim, realmente interessa.

Egos obesos e mentes anoréxicas

Egos obesos e mentes anoréxicas

As esquinas de qualquer lugar desse mundo estão repletas de uma curiosa e abjeta espécie em ascensão: especialistas em quase tudo, que sabem um pouco de alguma coisa, acreditam que são gênios da atualidade e não tem noção de quase nada. Se você acha que não conhece alguém assim, não caia na tentação de “cantar vitória” antes do tempo; essa espécie além de ser bastante popular, sobrevive em qualquer ambiente e se alimenta de qualquer coisa, desde que engorde seu ego obeso sem danificar sua consciência anoréxica.

O conhecimento é o bem mais valioso no mercado. Sempre foi. Mas, em uma sociedade que tem à sua disposição inúmeras ferramentas de acesso à informação, o conhecimento é o que define nossa capacidade de interpretar o mundo, por meio da análise, avaliação, validação ou rejeição da informação apresentada. É o conhecimento que oferece o único caminho de cura para a prática de comportamentos arraigados de preconceito e reprodução de modelos já ultrapassados e, muitas vezes, até fossilizados.

A ignorância é, assim, a irmã antagônica do conhecimento. Essa donzela tirânica mantém intactas crenças superficiais e pouco reflexivas que se perpetuam por exigir de seus adeptos pouca ou nenhuma postura crítica. A ignorância alimenta a falsa convicção de que ter acesso à formação acadêmica confere aos poucos que têm a chance ou a raça para chegar aos mestrados, doutadorados e pós-doutorados, a hegemonia sobre o destino do saber.

Contamos com uma legião de indivíduos que escolhem enxergar-se através de lentes capazes de superfaturar suas opiniões, posicionamentos e julgamentos acerca do que quer que seja. Tudo é passível de análise na tosca avaliação desses “intelectualóides de plantão”. Protegidos por muros muito bem construídos de arrogância, eles se isolam em saltos altos de saberes maniqueístas, incapazes de fazer contato com outros pontos de vista, resumindo o conhecimento a rótulos pré-fabricados de verdades absolutas.

O conhecimento mantém sua natureza primária ligada à importante tarefa de libertar. Enquanto aqueles que tiverem acesso a ele, continuarem usando-o como propriedade particular, não há esperança para a constituição de uma sociedade mais lúcida, equilibrada e menos egoísta.

Com enorme pesar, deparamo-nos cada vez com maior frequência com indivíduos cujas personalidades sofreram deformações advindas de seus infinitos sonhos de poder e popularidade. Afogados em seus próprios umbigos, sucumbem à própria vaidade, transformando-se em estrelas artificiais cuja luz não se sustenta, posto que se alimenta da volátil energia falsa que reside numa ilusória imagem de sabedoria.

Tal disposição para isolar-se em ilhas povoadas de seres cognitivamente superiores, pode revelar um curioso distúrbio de personalidade: o transtorno de personalidade histriônica. Esses indivíduos fazem uso de discursos impressionistas, têm necessidade de desempenhar papéis nos quais sintam que possuem algum poder sobre situações ou pessoas. Apresentam alterações de afeto, como alta reatividade emocional, sobretudo quando são questionados em suas condutas. Incapazes de receber críticas ou opiniões; sofrem de ansiedade oriunda da falta de habilidade para reconhecer o outro como capaz de ver além de sua avaliação do mundo.

Segundo Beck, Freeman & Davis (2005), o TPH compreende o único transtorno da personalidade relacionado com a aparência física. Pesquisas indicam que mulheres com TPH apresentam o juízo crítico prejudicado e imagens deturpadas de si mesmas, quando comparadas aos homens com a mesma psicopatologia. Trata-se de uma categoria de pessoas inseguras e que necessitam de constante atenção e aprovação externa. Por isso, a partir do momento em que a utilização de tentativas mais sutis de chamar a atenção não surtirem efeito, estes indivíduos poderão recorrer a medidas extremas, como ataques de raiva e comportamentos que visem humilhar e constranger aqueles que os contrariem.

Nesse exato momento da leitura, tenho uma notícia para dar a você: essa pessoa cuja fisionomia se desenhou em sua mente enquanto você lia, certamente faz parte daquela espécie lá do início do texto. Mas, tenha calma. Não há necessidade de falsos alarmes. É possível ficar à salvo do efeito sanguessuga dessa gente. Respire umas três vezes, antes de reagir às inevitáveis investidas e provocações. Mantenha distância afetiva. Não entre na mesma frequência de disputa pela razão, seria uma luta sem fim. E, o mais importante de todos os cuidados: deixe-a mergulhar sozinha em sua insana certeza de ter sempre razão. Afinal, um umbigo é um lugar demasiadamente apertado para um só, imagine para dois.

A alma só sossega com a verdade

A alma só sossega com a verdade

Baseado em fatos reais, o filme “A dama dourada” narra a luta de Maria Altmann (Helen Mirren) uma judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide processar o governo austríaco para recuperar o quadro “Woman in Gold” de Gustav Klimt. O retrato foi encomendado ao pintor pelo tio de Maria e é uma imagem da esposa dele Adele Bloch-Bauer, a tia de Maria. A pintura foi roubada pelos nazistas durante a ocupação da Austria, juntamente com muitas outras obras de arte que pertenciam às famílias judias na época.

A obra é um dos mais belos e conhecidos trabalhos do pintor simbolista austríaco e hoje, vencida a batalha histórica, está exposta na Neue Gallery em Nova Iorque. Em sua luta, Maria ainda conta com a ajuda de um jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds).

Mas, o que chama atenção no filme não é apenas a história do famoso quadro e sim a busca de duas pessoas para fazer as pazes com seus passados. “A alma só sossega com a verdade” é um pensamento da Gestalt-terapia, uma linha da psicologia que foi criada por um também judeu, porém alemão chamado Friederich Perls, conhecido como Fritz Perls. Fritz, assim como a protagonista do filme, buscou refúgio nos Estados Unidos e maneiras de tentar fazer as pazes com seu passado. Além disso, ele e sua esposa Laura dedicaram uma vida toda estudando o comportamento e a mente do ser humano.

Com duras criticas à psicanálise de Freud, Fritz e Laura procuraram formas mais simples e práticas de acalmar as agruras e sofrimentos que acometem a alma humana. A Gestalt-terapia de Fritz traz influências do Zen Budismo e de outras linhas da filosofia e psicologia como o existencialismo e a fenomenologia.

O filme é repleto de momentos de sentimentalismo e nostalgia que dão suporte à teoria de Fritz, que nossa alma só sossega quando encontra a verdade. Um ser humano que não fecha Gestalts, ou seja, que deixa processos importantes interrompidos e portanto não consegue fazer as pazes com sua história e seu passado é fadado a vagar pela vida repetindo padrões (destrutivos) de comportamento, sentindo-se vazio, incompleto e tentando em vão preencher esse vazio com as meias verdades e mentiras que nos contamos todos os dias na tentativa de evitar olhar e sentir a profundidade da dor e de nossas próprias feridas.

“Gestalt” é uma palavra alemã que não tem tradução exata no português, mas pode ser traduzida como “forma” ou “configuração”, no conceito de Fritz é fundamental o processo de fechar ciclos, de dar resoluções aos conflitos e traumas que vivemos e segundo ele, cada vez que deixamos “aberta” uma Gestalt, introduzimos mais caos em nossa vida, dando assim um passo contrário ao nosso desenvolvimento espiritual, contrário à possibilidade de nos tornarmos uma melhor versão de nós mesmos. No final do filme, ganhada a causa, Maria dá-se conta de que ganhar a causa não anula o fato de que ela teve que fugir de sua terra natal e deixar para trás seus pais, da falta que sente de todos que ama e se foram, da ferida que foi aberta nela quando os nazistas invadiram e saquearam a Áustria e mataram milhares de judeus, das feridas que nunca cicatrizaram, de suas dores do passado.

Quando ela se da conta de tudo isso o que resta são lágrimas e muita tristeza. O fechamento de uma Gestalt, o encontro com a verdade, na maioria das vezes não é um encontro feliz, por isso que fazemos de tudo para evitá-lo. Para Fritz, o momento do fechamento de uma Gestalt, do “dar-se conta”, que no inglês é chamado de “awareness”, é a chave da transformação do ser humano.

É nesse momento que entendemos que, por mais dolorosa que seja uma ferida, muitas vezes não podemos fechá-la, tampouco podemos evitar o desconforto e a frustração trazidos quando encaramos a verdade dos fatos como eles são. Portanto, o fechamento de uma Gestalt pode ser acompanhado de muita dor, raiva e sentimento de impotência, é quando entendemos que não é possível reparar os traumas do passado, resta então aprender a conviver com a inconveniência da verdade.

A boa notícia é que quando aceitamos o fato de que nossas histórias nem sempre possuem fechamentos felizes ou desejados, quando encontramos a verdade e com ela gritamos nossa raiva e choramos nossa dor, podemos enfim ficar em paz. E assim entendemos também que apesar de não ser possível mudar o nosso passado, é possível sim nos tornarmos seres humanos (um pouco) melhores para construir futuros melhores.

Filme conta a história do primeiro dia de aula de uma menina com paralisia cerebral

Filme conta a história do primeiro dia de aula de uma menina com paralisia cerebral

Em “Por que Heloísa?”, a autora Cristiana Soares se baseou numa história real para levar o espectador a repensar o conceito de deficiência.

O curta-metragem dá continuidade à trajetória de Heloísa, uma menina com paralisia cerebral, a partir do seu primeiro dia de aula em uma escola comum. Mostra também outros aspectos da primeira infância como suas relações  familiares.

O vídeo apresenta recursos acessíveis para pessoas com deficiências auditiva e visual.

Fonte indicada: Catraquinha

Só leia se estiver procurando um amor

Só leia se estiver procurando um amor

As duas amigas conversavam enquanto engoliam o sorvete; blasfemando sobre o pecado calórico que estavam cometendo. Elas eram bonitas e caberiam perfeitamente em qualquer calça jeans número trinta e oito. Tinham uns trinta e poucos anos.

— Eu não sei o que acontece com ela! A vida dela é toda perfeita! Ela nunca passou por nada de ruim na vida. Sempre foi a boazinha. Agora se casou, teve uma filhinha. Nunca sofreu, sempre namorou esse cara e agora vivem super felizes.

—Ai, eu queria um amor assim, que ódio! Ontem nem fui à academia para não ter que olhar para a cara daquele imundo. À noite, tomei duas doses de vodca para dormir.

— Ódio eu estou da minha chefe, gorda, desgraçada. Acha que eu sou estagiária. E meu pai ainda vem me dar lição de moral quando eu reclamo do trabalho. Só porque está me ajudando a pagar a pós. Preciso arrumar um homem urgente, amiga, para me tirar dessa vida…

— Eu também, tô muito carente, acho que hoje à noite vou chamar o…

— Não faça a burrada de sair com aquele Buda! Tá louca? Barrigudo, mala, metido a artista. Olha para você, toda linda! Um cara que sai de chinelo para a rua”, para mim não serve.

Se fossem ali questionadas, elas certamente diriam que procuram e querem um amor. Querem amar, querem ser amadas. E sabem qual a única razão pela qual não estão “superfelizes” como a “amiga” a que se referem? Por uma questão de espaço.

Dois corpos não ocupam o mesmo lugar, regra básica da física, que serve também para o amor. Não há amor, nem felicidade, nem paz onde se cultiva e se prolifera o ódio, a inveja e o preconceito. Sem demagogia, o discurso delas é comum e poderia ter sido de qualquer um de nós; todavia, o discurso vem do pensamento e o pensamento é que rege as nossas ações. E então vem a pergunta: como o amor pode chegar a elas?

Não há como amar, tampouco ser amado, quando as suas ações são regidas por sentimentos que o afastam o tempo todo. Um olhar de ódio para tudo e para todos leva a um vício: o de reclamar. Se nada for bonito, encantador, terno e apaixonante, a vida será sem graça, é óbvio. O amor precisa de espaço para entrar, para chegar. Precisa de portas abertas, de olhar calmo, de leveza, de paixão, de sorrisos e, se houver arte, se houver música, vai ser mais fácil.

Em meio à correria dos sorvetes engolidos sem “tesão” algum, num mundo onde as academias são os únicos lugares para que seres da espécie humana se entreolhem e se escolham, há pouco espaço para o amor. O ódio, a inveja e o narcisismo adoeceram a raça humana, que parece ter se esquecido dessa necessidade tão básica que temos do afeto.

Antes dos 18 anos, meninas riem das amigas “ainda” apaixonadas; elas buscam por curtidas, por comentários, xavecos virtuais e por serem desejadas, para que, aos 30, estejam como as protagonistas do início desse texto — cheias de ódio, de desesperança, impregnadas por uma incapacidade de deixar que algo bom saia de suas bocas. Reclamam o tempo todo, odeiam, invejam, xingam e acreditam piamente que, um dia, vão encantar alguém.

As pessoas estão perdendo o encanto e o tesão: pela vida, por nós mesmos e, claro, pelo outro. Sem amor, adoecemos — Buda, Cristo, a mitologia grega e a psiquiatria já provaram isso. Odiar é um vício que se alastra, é feito uma bactéria que se procria em todo o ser da espécie humana.

Talvez o amor seja a única salvação, talvez seja a única coisa que realmente valha a pena na vida, mas ele se tornou um estranho para muita gente. Uma grande parte das pessoas não o conhece, nunca o viu — tornou-se solo infértil para ele, parece criar um campo magnético de repulsa ao afeto, exatamente por estar impregnada pelo seu oposto — o ódio.

Da citação de coríntios ao dizer que “sem amor eu nada seria” até os Estúdios Disney terem finalmente mostrado que o beijo de amor pode ser até entre duas irmãs, a humanidade tem sido — o tempo todo — “avisada” sobre como proceder para ser feliz. O trânsito, a política, os seus pais e a sua chefe não seriam problema se houvesse mais amor e o tão sonhado amor para toda a vida seria uma realidade se simplesmente nos dispuséssemos a cultivá-lo. Há apenas um único obstáculo, o ódio, e ele pode estar atrapalhando. Vire a chave, experimente amar mais; se funcionar, escreva-me contando — eu adoro histórias de amor.

O que as outras pessoas pensam de você é a realidade delas e não a sua

O que as outras pessoas pensam de você é a realidade delas e não a sua

O que outras pessoas pensam de você é a realidade delas, e não a sua. Elas sabem o seu nome, mas não a sua história; elas não viveram em sua pele ou calçaram os seus sapatos. Tudo o que os outros sabem sobre você é o que você disse ou o que eles puderam adivinhar, mas eles não conhecem os seus anjos, nem os seus demônios.

Muitas vezes achamos difícil entender a nós mesmos, mas nos aventuramos a decifrar o código dos sentimentos alheios. Você não pode ter certeza do que os outros sentem. Da mesma forma, não pode saber o que viveram e o que aprenderam ou não.

Portanto, não devemos dar importância ao que os outros dizem sobre nós, pois suas palavras são derivadas de uma realidade ilusória que suas mentes criaram com o desejo de saber tudo.

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As pessoas que criticam

Há pessoas que dão opiniões sobre você, sobre sua vida e sobre suas decisões, mesmo que você não tenha pedido. Normalmente são opiniões maliciosas ou desprovidas de critério, cuja única finalidade é a de machucar, humilhar e desfrutar do pesar alheio.

Geralmente essas pessoas têm baixa autoestima, não se aceitam e, por isso, dificilmente poderão aceitar os outros. Essas pessoas colocam rótulos que refletem a realidade de como elas se sentem, projetando assim suas dificuldades emocionais.

Nós somos os únicos que podem mudar nosso caminho

“Viva a sua vida da maneira que quiser, não da maneira que os outros querem que você a viva”

É provável que, se nós pudéssemos entrar no corpo e na mente dos outros, não os julgássemos. Seria um teste real.

Fantasias à parte, temos que assumir como nossa única responsabilidade a ideia de nos valorizarmos e pararmos de nos condenar. O que os outros pensam de nós nos coloca um preço. Ou seja, assim como não deixamos que nos digam o que devemos vestir, não devemos permitir que outros escolham o nosso armário emocional.

Se vivermos de acordo com o que os outros pensam de nós, perderemos nosso estilo e nossa personalidade. Seremos obrigados a usar uma máscara e nossa imagem no espelho refletirá apenas a nossa insegurança e a nossa falta de autoestima.

Curar nossas partes magoadas pelas críticas

“As pessoas mais infelizes deste mundo são aquelas que se importam muito com o que os outros pensam”

Para curar as feridas emocionais causadas pelas críticas, temos que ter claro, em primeiro lugar, que somos pessoas únicas e excepcionais. Com essa mentalidade, perdemos o medo de sentir e de pensar por nós mesmos.

São os outros que estão julgando e criticando, não você. A crítica não construtiva deixa uma grande pobreza emocional no mundo interior de quem a pratica. Portanto, se a pessoa não parar, nestes momentos você deve ser emocionalmente egoísta e pensar em si próprio.

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Afaste-se da negatividade e pense que a sua vida é sempre muito mais fácil quando você não se mete na vida dos outros. A seguir, nós lhe daremos algumas dicas para que você possa fazer isto facilmente:

1. Como mencionado, a consequência direta de acreditar no que os outros pensam e dizem é nos tornarmos alguém que não somos. E, é claro, querer agradar aos outros as custas da nossa identidade não é nada saudável.

2. Você é uma boa mãe? Você é uma pessoa bem-sucedida? Você é inteligente? Você faz o seu trabalho bem? Você gosta dos outros? Perceba quanta energia você perde se preocupando com estas questões.

3. No entanto, os outros pensam sobre nós muito menos do que nós acreditamos. Isto é, muitas vezes nos sentimos o centro das atenções de outras pessoas, quando na verdade, o que fazemos pode não ser tão relevante para muitos dos que nos rodeiam.Esse medo é em grande parte um produto da sua imaginação.

4. Não importa o que você faz e como faz, sempre haverá alguém que interpretará seus atos de forma errada. Então tente viver e agir naturalmente. O que você faz, se estiver se acordo com os seus valores, sempre estará certo. Não tente se justificar, pois se sentirá falso se não sintonizado consigo mesmo.

“Não espere que os outros entendam sua jornada, principalmente se eles nunca andaram no mesmo caminho que você”

Fonte indicada: A mente é maravilhosa

Crianças pequenas e birras.

Crianças pequenas e birras.

Todos nós temos ouvido falar dos “terríveis dois anos”. Muitos pais com bebês pequenos se perguntam como irão agir quando seu bebê chegar ao segundo aniversário, e principalmente depois, quando chegar ao, infelizmente difamado, “terríveis dois”. Mas a boa notícia é que os pequenos dessa faixa etária estão trabalhando para alcançar alguns marcos importantes no seu desenvolvimento. Se pudermos compreendê-los e facilitar para eles, poderemos ajudar a estabelecer as bases para uma infância feliz e para adultos autoconfiantes.

O QUE SEU FILHO ESTÁ DESENVOLVENDO

Acredite ou não, uma das habilidades mais importantes em que uma criança de dois anos está trabalhando é a capacidade de dizer “não”! Até este momento, ela tinha sido quase totalmente dependente de sua mãe, ou de outros adultos que cuidavam dela. Então, de repente, ela descobriu que é separada da mãe. Ela percebe que pode realmente afirmar-se e ter uma vontade própria, e seu cronograma de desenvolvimento a empurra incansavelmente nessa direção.

Por isso, é muito importante para a criança que está dominando esta lição ter permissão para dizer “não”. Saber que ela pode dizer “não” se um estranho quiser fazer algo para ela que não a faz se sentir bem, é capacitar e protegê-la de um possível abuso sexual. Isso também irá ajudá-la a se tornar uma pessoa assertiva positivamente quando adulta.

Porém, muitas vezes a criança tem um monte de sentimentos confusos sobre sua nova capacidade de se afirmar. Parte dela quer se tornar independente e tomar suas próprias decisões, enquanto outra parte ainda quer ser dependente da mamãe e não quer desagradá-la de maneira nenhuma.

Se entendermos que as crianças pequenas são basicamente pequenos seres sociais que querem agradar seus pais, adquirimos uma boa base a partir da qual começar. Os problemas surgem quando há um choque entre o que agrada aos pais, e as tarefas de desenvolvimento nas quais a criança está trabalhando. Então ajuda muito entender como o cérebro da criança está funcionando neste momento, pois assim podemos ter uma ideia do quanto ela pode entender do que dizemos ou fazemos.

COMO O CÉREBRO DO SEU FILHO FUNCIONA

Com os bebês, o mais importante é atender suas necessidades básicas – como ser carregado, embalado, alimentado e amado, e o brincar de uma forma física. Isso ocorre porque as partes do cérebro do “sentimento” e do “pensar” ainda não estão totalmente desenvolvidas. No momento em que a criança tem dois anos de idade, a parte do cérebro do sentimento (o cérebro médio) já está mais desenvolvida, e a criança é literalmente inundada de sentimentos e emoções – de fato, durante este período, ela “é” seus sentimentos.

Crianças pequenas são diferentes de crianças mais velhas e de adultos. Nos adultos, a parte superior do nosso cérebro está totalmente desenvolvida, de modo que podemos “pensar” sobre nossos sentimentos e, se necessário, colocá-los de lado e expressá-los mais tarde. Aos dois anos de idade, a criança não pode fazer isso ainda – tudo o que elas podem fazer é expressar os sentimentos como eles ocorrem. Quando estão felizes, elas vão rir espontaneamente, quando estão tristes elas vão chorar, e quando elas estão frustradas ou chateadas, irão ter ataques de fúria. Estes comportamentos são todos saudáveis para crianças, incluindo, acredite ou não, as birras. O que precisamos fazer é criar um espaço seguro em que

A primeira indicação que os pais podem obter de que a criança chegou a esta fase, é quando ela diz “não” a quase tudo, e fica chateada se você diz “não” a qualquer coisa! Se seus ‘nãos’ não são permitidos, ou se ela recebe um monte de ‘nãos’ de você, ela pode começar a chorar. Essa situação pode facilmente transformar-se em uma batalha entre pai e filho, e pode acabar em um acesso de raiva explosivo. Isso pode levar os pais ao limite se eles não compreenderem o que está acontecendo. Eles podem não querer ser excessivamente rigorosos, mas temem estar sendo permissivos e acabarem criando uma criança irresponsável.

O que temos de ser capazes de fazer é limitar o “comportamento” quando necessário, mas sempre permitir e aceitar os “sentimentos”.

ENTENDENDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO

Porque seu filho necessita dessa permissão para dizer “não” e de ter seus sentimentos aceitos, é importante deixar que isso ocorra tão frequentemente quanto possível – em outras palavras, escolha suas batalhas, e guarde os “nãos” apenas para questões muito importantes. Além disso, existem muitas áreas da vida em que somos mais experientes e mais sábios, e temos que dizer não por razões práticas ou de segurança. Nesses momentos, ajuda a entender o que acontecerá em seguida: provavelmente ele vai ficar aborrecido e começar a chorar. Isso é um comportamento normal para uma criança diante de uma grande decepção. Ele não cresceu o suficiente para entender porque ele não pode correr para a estrada, ou comer o pacote de doces no supermercado, ou brincar com objetos perigosos. Ele só sente como é receber um “não” por algo que realmente quer fazer.

Como o cérebro “pensante” do seu filho ainda não está desenvolvido, não adianta dialogar com ele neste momento. Na verdade, ele provavelmente irá ficar frenético se você tentar, porque ele não vai se sentir ouvido ou compreendido. Quando temos que dizer “não”, e cumpri-lo, o que a criança mais precisa é que nós possamos ajudá-la a processar seus sentimentos de decepção e frustração, que inevitavelmente resultarão. Isso pode se transformar em uma experiência de crescimento para o pai e para a criança.

A primeira coisa que precisamos nessa situação é ter empatia. Se pudermos pensar em como nos sentiríamos se quiséssemos muito fazer algo mas alguém nos disse ‘não’, então estamos no nível dela e podemos ajudá-la com seus sentimentos. Se a criança chora ou faz uma birra, nos ajuda entender que esta é a válvula de segurança que seu corpo possui para descarregar seus sentimentos de frustração, e que é importante deixá-la fazer isso. Mais tarde, quando seu cérebro estiver mais desenvolvido, ela será capaz de controlar seus sentimentos e escolher quando e como expressá-los. Mas ela não pode fazer isso ainda. Sendo assim, a criança pode acabar dividida entre a necessidade de seu corpo descarregar os sentimentos frustrados e seu medo de fazer a mamãe ficar com raiva se ela expressá-los. Ela também pode sentir-se sobrecarregada pela força de seus próprios sentimentos, e precisar de alguma contenção para ajudá-la a se sentir segura.

O QUE FAZER DURANTE UM ATAQUE DE BIRRA

Existem algumas regras básicas que podemos utilizar para ajudar e apoiar uma criança chorando ou fazendo birra. Precisamos permitir que a criança expresse dor, raivas e outros sentimentos, e não temos que reprimi-los (o que pode levar a tensão do corpo e doenças relacionadas ao estresse mais tarde). Mas ela também precisa aprender que não pode machucar outras pessoas no processo. Não devemos permitir que uma criança, num ataque de birra, puxe nosso cabelo, nos morda, bata ou chute. Às vezes, a criança precisa ser fisicamente contida, mas ao mesmo tempo ela precisa ter liberdade de movimento. Portanto, se precisamos segurar a criança, é melhor segurá-la com firmeza ao redor do tronco, com as costas contra o nosso corpo, para que ela possa se agitar e chorar, mas não nos ferir. Se a criança estiver no chão, tudo o que precisamos fazer é ter certeza de que não existem superfícies duras ou outros objetos que possam feri-la nas proximidades.

Quando estabelecemos limites de maneira firme e saudável, as crianças aprendem que estão seguras. Quando nós respeitamos seus limites e somos compassivos para com os seus sentimentos, elas crescem aprendendo a ter respeito e compaixão pelos outros.

Porque ela está totalmente dominada por seu conflito interior, a primeira coisa que uma criança frustrada precisa, é a liberdade de chorar ou expressar quaisquer emoções que ela esteja sentindo. Até que isso aconteça, ela não será capaz de ouvir qualquer coisa que possamos querer comunicar a ela. Nós podemos ajudar, ficando nas proximidades ou, ocasionalmente, dizendo suavemente palavras simples como “está tudo bem, está tudo bem”, “já vai passar” para tranquiliza-la. Tudo o que ela precisa de nós é a presença amorosa.

Quando o choro começar a diminuir, ela provavelmente terá alcançado algum nível de resolução. Então, podemos validar seus sentimentos para que ela saiba que nós entendemos como ela se sente, que na verdade é o que ela está desesperadamente tentando fazer. Podemos dizer algo como: “Sei que você está se sentindo chateada. Você queria o pacote de doces, e mamãe disse ‘não’ “. É melhor não tentar dar uma explicação sobre “porquês” neste momento, uma vez que só confunde a criança. Seu cérebro não está preparado para raciocinar ainda. Isso virá mais tarde. É suficiente simplesmente afirmar (às vezes mais de uma vez) o que aconteceu. O importante é o fato de que nós a entendemos de uma forma simpática e a sensação que isto traz à criança.

Muitas vezes, a criança ficará muito aliviada que você compreende o que ela está sentindo. Depois que ela deu um grito alto e colocou todos os “maus” sentimentos para fora, ela pode querer vir te abraçar ou pedir colo pra se sentir segura. Ela vai chorar apenas o quanto seu corpo precisa e, em seguida, ela vai parar. Às vezes o tamanho da birra também parece estar totalmente fora de proporção com o que acaba de acontecer. Isso pode ser porque ela teve um dia frustrante, foi agredida por outra criança, está cansada, ou um número de fatores que podem causar acúmulo de tensão. Nem sempre é necessário que você entenda o que estes motivos são para que possa ajudá-la a resolvê-los. É suficiente dar a ela um espaço seguro para demonstrar seus sentimentos, e para que ela saiba que você reconhece como está se sentindo, e que está do seu lado.

COMO AS CRIANÇAS APRENDEM

Nessa idade, as crianças estão aprendendo com cada experiência que passam. Precisamos ter certeza de que o que eles estão aprendendo é o que queremos ensiná-los! Isto é onde a questão da consistência VS negociação aparece. Às vezes, uma criança vai continuar pedindo e implorando por algo, mesmo quando a mãe disse que “não” de maneira firme e suave várias vezes. Finalmente, a criança poderá começar a gritar e ter um acesso de birra. Se a mãe estiver cansada ou ocupada, para instaurar a paz, ela pode acabar cedendo por desespero no último momento. Mas como consequência ela poderá se sentir ressentida e manipulada, e a criança ficará confusa.

O que nós queremos que ela aprenda é que “Na vida temos algumas decepções, e que eu não posso ter sempre tudo o que eu quero. Mas quando eu estou chateada, minha mãe sabe como eu me sinto e me ajuda a lidar com a minha frustração. Mamãe me ama mesmo quando eu estou com raiva ou triste, e ela está do meu lado.” Saber que somos amados e aceitos em todos os momentos nos faz sentir seguros e protegidos no mundo.

RESUMINDO

Podemos ajudar as crianças a aprenderem que podem dizer “não”. Esta é uma boa maneira de prepará-los para serem assertivos como adultos, e serem vencedores na vida.

Podemos ajudar as crianças a aprenderem que a vida às vezes pode ser frustrante e nem sempre podemos ter o que queremos, mas podemos ter a expectativa de que nossos sentimentos serão ouvidos e respeitados. Isso estabelece a base para um bom relacionamento com outras pessoas.

Nós podemos ajudar as crianças a aprender que é certo expressar seus sentimentos (mesmo os chamados negativos) em vez de reprimi-los como tensão. Podemos ensinar-lhes isto, permitindo-lhes expressar a sua mágoa e sentimentos de raiva em um lugar seguro, enquanto recebe nosso amor e apoio.

Escrito por Pat Törngren © 2012. Fonte indicada: Pedagogia Waldorf

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