Filhos do Paraíso e a maravilhosa cumplicidade entre irmãos

Filhos do Paraíso e a maravilhosa cumplicidade entre irmãos

O premiado filme iraniano “Filhos do Paraíso”, dirigido por Majid Majidi, nos conta a história de dois irmãos, Ali e Zahra, provenientes de uma família humilde de Teerã.

Ali, um garoto de nove anos, numa atuação cativante de Amir Farrokh Hashemian, leva ao sapateiro o velho  par de sapatos da sua irmã mais nova Zahra para reparos, mas o perde no caminho de casa. O detalhe: o sapatinho perdido é o único de Zahra.

O que falar para a sua irmã de seis anos que espera de meias o seu único par de sapatos? O que falar para os seus pais que não podem comprar outro? Assim começa a saga de Ali e Zahra.

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Na tentativa de escapar da punição do pai e, ainda, preocupado com a situação de Zahra, Ali traça um plano com a irmã: eles vão revezar, sem contar a ninguém, o único par de sapatos disponível: o tênis sujo e muito velho de Ali.

A cumplicidade das duas crianças é evidente no filme, pois mesmo muito chateada Zahra aceita a proposta de Ali. Ela ama e confia no irmão.

Então, Zahra passa a usar o tênis de manhã e o devolve ao meio dia para que Ali possa ir às aulas a tarde. A partir daí, os irmãos passam por diversas aventuras. Tudo na tentativa de não revelar a verdade aos seus pais e professores, assistir às aulas e cumprir suas tarefas como se nada tivesse ocorrido.

Durante todo o filme, vemos um Ali triste, preocupado e angustiado, que não segura as lágrimas diante das suas limitações, mas que também não perde a determinação em solucionar o problema sem ter que envolver o pai.

Zahra mantém vivo o seu lado infantil. Em alguns momentos, despreocupada e sonhadora, ela acredita num final feliz. É a única que faz o irmão rir. Através dos seus olhos, o diretor Majid Majidi nos mostra a esperança.

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Já o patriarca da família é mostrado como um homem bastante religioso e honesto, o que fica evidente em vários momentos do filme. Apesar de rude, também é nítida a preocupação dele com a esposa e os filhos.

A história mostra um lar com muito amor, respeito, disciplina e honestidade, o que nos faz entender que os valores familiares foram repassados para as crianças desde cedo.

A valorização da honestidade, independente das dificuldades, é destacada na película.

E assim, sem o pai desconfiar de nada, surge uma oportunidade para Ali solucionar o problema. Uma competição entre escolas em que o prêmio para o terceiro lugar é um par de sapatos.

Mesmo com o tênis velho, que não proporciona a Ali condições de competir de igual com as outras crianças, ele consegue se inscrever na corrida.  E quando chega o dia, ele corre, corre e corre…

Durante a corrida, cansado e com dores, Ali busca em sua memória lembranças do amor e companheirismo da irmã. Ele está empenhado em conseguir o terceiro lugar e, consequentemente, o tão sonhado prêmio: um novo par de sapatos para Zahra.

A cena da corrida é muito emocionante, mas não é o final do filme, nem o desfecho é tão previsível assim.

Se Ali ganha a corrida ou não, consegue o par de sapatos ou não, é o que menos importa nesse filme, porque, quando os créditos sobem na tela, descobrimos que os premiados somos nós, os espectadores, pela oportunidade de assistir um dos filmes mais belos do cinema.

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Em “Filhos do Paraíso” podemos ver claramente, em seus personagens, o amor e a cumplicidade. E neste ponto o filme chama a atenção e nos faz refletir.

O que seria do amor sem a cumplicidade? Saint-Exupéry afirmava: “Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção”.

A cumplicidade é essencial para fortalecer as relações, mas envolve esforço, confiança, companheirismo e apoio nas decisões a serem tomadas. Quando existe entre irmãos é algo extraordinário, simplesmente porque são almas que coexistem desde a idade mais tenra.

Nem toda relação entre irmãos é de cumplicidade, nem toda relação entre irmãos é de amor, mas ao escrever sobre “Filhos do Paraíso” só há espaço para falar daqueles irmãos que são unidos por sentimentos de amizade, de amor, de carinho, de cuidado e de proteção.

Os irmãos que crescem juntos, tornam-se testemunhas da vida um do outro. Não há como esconder o passado de um irmão, nem as dores do crescimento, nem as alegrias, nem os sonhos que um dia existiram.

Quem tem irmão sempre terá alguém para lembrar a criança que um dia fomos.

Segundo a escritora Tati Bernardi: “Ter um irmão é ter, para sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração…”

As experiências compartilhadas tornam possível para um irmão desvendar o adulto que o outro se tornou. Quando compreendemos uma pessoa é mais fácil lidarmos com ela. É mais fácil entender suas atitudes, perdoar suas falhas e torcer por seus sonhos. Esse é o papel que todo irmão deveria desempenhar na vida do outro.

contioutra.com - Filhos do Paraíso e a maravilhosa cumplicidade entre irmãosEm “Filhos do Paraíso” observamos que as palavras são desnecessárias, pois a simples troca de olhares basta para que os irmãos se entendam.

Felizes os que dividem tal cumplicidade, pois se tornam companheiros de uma vida inteira.

No filme Zahra poderia simplesmente contar aos pais que Ali perdeu o seu par de sapatos, mas não o fez. Optou pelo caminho mais difícil naquele momento, mas ganhou no final: fortaleceu sua ligação de amor, confiança e companheirismo com o irmão.

E assim é na vida, muitas vezes precisamos escolher o caminho mais difícil para fortalecer os laços com quem amamos.
Para quem ficou curioso. Que tal um trechinho do filme?

6 traços de imaturidade emocional

6 traços de imaturidade emocional

Você é uma pessoa inteligente emocionalmente? Considera-se uma pessoa de opinião forte e  decidida…Ou nunca consegue decidir nada sozinho?
A sua inteligência emocional está madura o suficiente para enfrentar todas as questões do mundo? Ser mais velho significa ser mais maduro?

Assista ao vídeo do psicólogo clínico Frederico Mattos e entenda um pouco mais sobre o que acontece com você.

Ah, e depois de um vídeo como esse…recomendo que tire uns minutos para pensar.

O Dia em que o Whatsapp me fez sofrer

O Dia em que o Whatsapp me fez sofrer

Eu estou dirigindo por uma das tantas avenidas lotadas e congestionadas da capital. Agora deram para limitar a velocidade máxima para cinquenta por hora – como se fosse possível andar a mais de quarenta nessa avenida estreita e cheia de semáforos. Todos os dias os aviões passam sobre a minha cabeça e então eu me lembro de uma foto ilustrativa que vi uma vez sobre como é o tráfego aéreo diário no céu do nosso planeta. Aquele era apenas um avião entre os milhares que passam próximos e barulhentos nas regiões dos aeroportos. Talvez a confusão lá em cima seja bem parecida com a provocada pelos carros nas avenidas das grandes capitais.

Enquanto eu devaneio sobre a quantidade de aviões voando em todo o mundo naquele exato segundo, ouço o conhecido toque que alerta para o recebimento de mensagem no Whatsapp. Então os aviões tornam-se poucos quando eu imagino a quantidade de mensagens que, naquele exato segundo, chega e sai dos aparelhos smarthphones de todo o mundo. Imagino milhões de papelzinhos dobrados voando de origens para destinos, contendo “bom dias” das mães para os seus filhos e “ois” que podem fazer corações dispararem.

Naquele exato segundos as mães mandam mensagens e se enraivecem porque ninguém as respondeu imediatamente. Os “ois” chegam para marcar encontros, desencontros ou reencontros. Os grupos de amigas movimentam-se, o assunto do dia é sobre os filhos que estudam na mesma classe, as fofocas correm nos subgrupos e sempre uma mulher é pega para “cristo”. Vídeos eróticos empesteiam os grupos masculinos e alguns políticos se esquecem da vida assistindo-os enquanto o país desaba. Piadas em foto e vídeo carregam as memórias (e delas eu confesso que gosto bastante). Demissões são feitas e relacionamentos afetivos são terminados. Casais trocam informações sobre o dia a dia e programam os horários. Viajantes dividem através das fotos os locais que visitam; recém-nascidos são apresentados enquanto muitas roupas, sapatos e acessórios femininos são vendidos.

Temos ainda as correntes do livro, salmos da bíblia, campanhas pró ou contra qualquer coisa. Acusações políticas, informações “úteis”, muitas mentiras e vírus também são comuns. Fotos expõem mulheres em momentos íntimos por vingança ou por puro machismo. Um verdadeiro buraco negro, um poço sem fundo recebendo milhões de pedacinhos de papéis virtuais em um único segundo.

E nessa constatação do quanto é insignificante aquela mensagem que eu recebi e ainda nem vi eu percebo que as relações humanas estão acontecendo ali e junto delas estão as dores, as alegrias e toda a emoção que em outros tempos seria falada ou trazida em um pedaço de papel.

Viajo no tempo e percebo que, tal qual já vivemos sem os aviões, já vivemos também sem mensagem alguma a apitar e a nos levar para um universo paralelo no qual nos tornamos surdos para vozes reais e cegos para o que está fora daquela pequena tela. Diferente do que acontecia quando Dr. Freud atendia seus pacientes, hoje as pessoas trazem aos nossos consultórios resquícios do que muitas vezes aconteceu através daquele canal tão restrito e tão propenso a má interpretação. O Whatsapp, bem como todas as ferramentas de comunicação via internet, parece ser hipócrita na medida em que nos afasta e nos aproxima ao mesmo tempo.

Eu desejo então viver em outros tempos. Quero sentir o coração disparar ao abrir um bilhetinho escrito à mão em um papel real. Quero nunca ter visto nada que não sejam pássaros voando no céu azul. Quero receber uma serenata e não uma música enviada em um arquivo midi. Quero que os acordos políticos sejam fechados com a chegada do mensageiro que viajou semanas com um pergaminho em punho. Quero nunca ter chegado nem perto da internet. Quero conhecer apenas as pessoas do vilarejo, visto que, quem nós temos que encontrar está sempre nas redondezas.

Assim, a resposta para as perguntas que me faço sobre as razões pelas quais nos transformamos numa sociedade rasa de relações volúveis e sem raízes está ali na minha cara. Não somos mais a mesma espécie que éramos e talvez tenhamos passado do limite. Estamos bloqueando, deletando e excluindo tudo com muita facilidade, imaginando que reiniciar a vida é como reiniciar o aparelho “quando dá pau”. Tudo se tornou descartável. Não construímos mais relações, apenas as consumimos e depois partimos em busca de outras.

Sofremos ou nos alegramos com aquelas pequenas mensagens jogadas aos milhões todos os dias, em todas as línguas, das mais variadas origens aos mais variados destinos. Quantas emoções em um único dia? Quantos desvios da atenção e da concentração? Quantas conversas cara a cara interrompidas?

 

A angústia e a total consciência de que não há mais saída me traz as palavras de um grande mestre:

“O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo – numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior.” (Albert Einstein).

 

Alunos à Prova

Alunos à Prova

Física. Essa é a matéria que a professora Elika Takimoto, do CEFET/RJ, ensina para seus alunos. Mas será que eles aprendem?

Para avaliar como esses jovens pensadores estão se saindo e aproveitando o centenário da publicação da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, Elika usou de mais uma de suas estratégias criativas de ensino: em vez de avaliar os estudantes por suas respostas, pediu que eles formulassem perguntas sobre o tema.

O resultado foi tão interessante que viralizou na internet quando a postagem explicando o processo e as respostas foram exibidos.

Na sequência, surgiram entrevistas e a publicação da história na revista Galileu. Para nós da CONTI outra que a acompanhamos como colunista e conhecemos sua constante avaliação crítica e saídas criativas e inteligentes para o ensino tradicional, essa foi só mais uma grata surpresa que nos encheu de orgulho e que merece ser compartilhada.

Segue a descrição do processo e resultados pelas palavras da própria professora Elika. Os estudantes que responderam têm, em média, 17 anos:

“Este ano eu resolvi virar a mesa e as carteiras. Tudo começou quando desatei a pensar sobre o assunto. Narrei parte desses devaneios em dois textos: “Tô iluminado pra poder cegar, Tô ficando cego pra poder guiar” e Sobre a Educação e a Pobreza no Mundo. Daí, fui tomando coragem para sair da caixa. A primeira experiência foi descrita no texto Fé na Humanidade e a segunda, narro aqui hoje.

Apliquei uma prova de física (sobre Relatividade) diferente onde os alunos não tinham que responder nada e sim elaborar perguntas.

Eles podiam usar celular, internet, WhatsApp… Só pedi para não conversar entre eles para não atrapalhar a concentração do colega. A prova teve três folhas com um texto meu sobre o tema. Nem precisava de gúgol para obter mais informações sobre o assunto, mas se eles não gostassem do meu texto e quisessem ler outro, estava tudo liberado.

Tudo isso me ocorreu porque ando levantando a bandeira contra o sistema tradicional de ensino e lutando por uma escola que ensine os alunos a perguntar, a questionar, a pesquisar e a debater e não a responder.

“Professora, eu tenho que saber a resposta da minha pergunta?”, foi uma dúvida que surgiu na hora da prova. Preferencialmente, nem eu devo saber. Respondi.

Como disse Einstein: “a imaginação é mais importante que o conhecimento”. E não é que parece que ele está certo? Segue, para o vosso testemunho, algumas respostas (quer dizer, perguntas…) que li ontem.

Nunca me diverti tanto corrigindo prova. Vamos de Marx ao sentido do Amor Eterno passando pelo questionamento do que vem a ser a matemática e o livre-arbítrio! Li perguntas que grandes filósofos da ciência já fizeram em outros contextos. Fala sério!!!

Só orgulho dessa garotada. Só orgulho!!! E ainda ganho para isso…

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PROPOSTA DA AVALIAÇÃO DA PROFESSORA ELIKA
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Tia Elika, qual foi a maior diferença que aconteceu depois que você começou a aplicar a Teoria da Relatividade na sua vida?
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É necessário haver teorias que hoje nos parecem absurdas para que teorias aceitáveis surjam?
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Quais seriam as consequências de se abstrair isso para o campo das ciências humanas? Se a realidade funciona de maneira diferente para cada observador, não haveria uma verdade só, mas diferentes verdades dependendo do observador. Como se debater política sem que se adote uma base materialista, sem que se aceite uma só realidade como sendo verdadeira?
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…tudo não passa do nível das ideias?
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A criação de realidades alternativas faz sentido científico?
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Sempre imaginei o tempo como sendo um rio, sempre em frente. Com base na Relatividade, posso associá-lo a quê?
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Podemos confiar nas equações matemáticas só porque elas têm lógica? Será que a matemática está mesmo presente na natureza fazendo com que os fenômenos físicos sejam equacionados ou será tudo uma lógica criada pelo homem? Existe um limite para fatos e descobertas?
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Se não se pode ultrapassar a velocidade da luz, o infinito temporal não existe?
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O que dilata o tempo é a luz?
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Estamos presos no passado?
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A pessoa irá para o tempo infinito e se perderá no espaço-tempo?!!!
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A imortalidade poderia existir se pudéssemos viajar na velocidade da luz? De acordo com Einstein, se um objeto estivesse próximo a velocidade da luz poderia desaparecer. Por que e como isso é possível?
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… temos que aceitar que diversas coisas em nosso ambiente de vivência estão em tempos diferentes…?
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Sentindo-me confusa sobre a vida. Se as coisas no espaço-tempo formam curvaturas ao seu redor e quando um outro corpo entra nessa curvatura fica preso… a que o Universo está preso?
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É concebível a ideia de tempo negativo?
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Se a distinção entre passado, presente e futuro é uma ilusão, significa que tudo o que eu fizer “agora” já estaria pré-determinado?
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O Universo está se expandindo e acelerando só no espaço? Só no tempo? Para onde?
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Adorei essa aqui: Tenho uma prova de física para fazer e preciso de mais tempo. Eu poderia entrar em uma avião que voa a uma velocidade bem alta se afastando da Terra e fazer a prova lá e deixar a Elika esperando na Terra, já que quanto maior a velocidade, mais devagar o tempo passa? Será que funciona? Mas se tudo der errado e, na verdade, o meu avião estiver parado e a Terra estiver se mexendo muito rápido? Como eu vou saber? Eu posso estragar tudo e ter ainda menos tempo para fazer a prova?
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Extinguindo-s e a ideia de passado, presente e futuro e sabendo que o que vivemos agora pode não ser simultâneo em outro referencial, como entendemos o “destino” e o “livre-arbítrio”?
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Um astronauta da Nasa se atrasou para sua viagem. Mas seus superiores não brigaram nem descontaram seu salário. Por quê? Einstein provou que o tempo absoluto não é absoluto, logo, em algum referencial o astronauta não estava atrasado. Os seus superiores não tem motivo para puni-lo.
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É possível amor eterno? Acredito que sim. Com uma resposta simples. Leve um casal que se ama para o planeta da primeira questão, onde a gravidade tende ao infinito e o tempo tende a estar parado. Do referencial do casal o amor será eterno.

Do seu jeito.

Do seu jeito.

Ninguém devia se importar com seu corte de cabelo, sua roupa justa, sua fé em pêndulos, seu desejo por morangos azedos, sua boca suja de palavrões inteiros, sua bota da estação passada, suas unhas sujas da terra que você plantou.

Ninguém devia se importar com seu riso alto, sua voz que quase não fala quando não há o que dizer, sua preferência por séries, muitas vezes mais sensatas que pessoas, seu amor por um pet, pelos livros que você não sentiu o mínimo tesão de ler.

Ninguém devia se importar com as delícias que decidiram morar em você. Ninguém devia ligar a mínima para seus óculos extravagantes, sua bolsa gigante, seus brincos de diamantes que você nem pode pagar.

Ninguém devia ligar se a namorada nova do Miguel não conhece tão bem outros verbos além de beijar, amar e abraçar. Ninguém devia se importar com quem gasta dois terços do salário com jogos e outro terço com comida congelada pra não ter que perder tempo com o que não lhe importa.

Ninguém devia ligar para os casais que nem mesmo respeitam o período de carência dos convênios pra casar – Eu adoro seu jeito de rir. Vem morar comigo? – e amou aquele riso desconhecido por muitos anos ainda. Ninguém devia se importar com nada isso.

Ninguém devia ligar para as pessoas que dançam, que bebem demais, que dizem que amam sem nem conhecer. Nem com a chuva que invade o meio do dia, nem com os garotos de doze anos que andam de salto melhor que você.

Ninguém devia ligar para a ausência de proteína no prato dos veganos, para a ausência de cabelos, para o banquete de unhas, para a falta de jeito de quem não sabe gargalhar sem roncar. Ninguém devia ligar pra quem ama o funk e acha que Roberto Carlos é mais nu dos reis nus.

Ninguém devia ligar, já que a vida é um tempo tão curtinho e sedento, que voa na pressa do tempo, sem perdoar as nossas distrações. Ninguém devia se importar com as tentativas dos outros de serem felizes do seu jeito. Ninguém devia ligar, mas somente tentar, fazer ao menos uma coisa na vida, como jamais foi feito.

 

Diego Engenho Novo

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Ganhos secundários: linhas invisíveis que definem o nosso comportamento

Ganhos secundários: linhas invisíveis que definem o nosso comportamento

Os ganhos secundários são as consequências que acompanham situações nas quais nos sentimos mal ou simulamos um sentimento negativo. E que além disso, paradoxalmente, possuem algo de positivo para a pessoa que os obtém.

Este “algo positivo” pode se converter em algo muito perigoso, já que é um estimulante ou um prêmio que vai incentivar que voltemos a nos colocar na situação desagradável.

Por exemplo, uma doença pode supor uma reação dos outros com a pessoa doente, de cuidados, de atenção, de demonstrações de afeto e de condescendência. Além disso, pode existir o ganho secundário de não ter que ir trabalhar, ou de melhores condições trabalhistas adaptadas à doença, ajudas governamentais, etc.

São tantas coisas boas que alguém poderia pensar. Por que vou investir em me curar se, em troca de uma dor mais ou menos suportável, obtenho um monte de coisas positivas?

Como descobrir os ganhos secundários?

Os ganhos secundários podem ser muito sutis e encobertos, de tal forma que a pessoa que os recebe talvez não seja consciente do benefício que está recebendo.

A pessoa que sofre de mal-estar por uma doença ou emoções que a oprimem, na verdade é uma pessoa infeliz, e com frequência se queixa da sua situação.

Contudo, ela reconhece que a sua situação poderia ser pior, já que, apesar do sofrimento, o ocorrido lhe concede alguns privilégios, como ter por perto as pessoas que gosta, ficar sem trabalhar, conseguir mudanças nas pessoas próximas já que estas farão o possível para que melhore o estado e a dor da pessoa que está mal, etc…

Como os ganhos secundários afetam as relações?

Os ganhos secundários são um benefício, dentro do mal-estar, para a pessoa que os recebe, mas são um desgaste grande para aquelas pessoas com as quais convive, já que sofrem como se fosse seu o mal-estar da pessoa doente.

Os familiares, o cônjuge, amigos próximos ou seres queridos são quem sofrem as piores consequências, já que podem acreditar que a pessoa doente se recuperar ou melhorar é algo que depende do seu comportamento.

Esta carga termina se transformando em uma dependência para ambas pessoas, já que a pessoa que sofre o seu processo dependerá daquelas que cuidam dela.

A chantagem emocional

Portanto, dentro dessa dependência que se forma da pessoa doente em relação às pessoas que lhe facilitam os ganhos secundários, é muito fácil se deixar levar pela chantagem emocional. Isto é, a pessoa doente pode acabar culpando, exigindo ou carregando a pessoa que cuida com o desenrolar da sua doença ou estado de saúde, na tentativa de conseguir o que espera.

Podemos ver um exemplo disto naquelas pessoas que têm um estado ultrapassado de irritação, ira ou fúria, etc… Elas costumam culpar as outras pessoas pela sua reação e mal-estar. Além disso, esperam que a outra pessoa mude, peça desculpas ou reconheça o erro, mantendo a irritação, a ira, etc… por um longo período de tempo. Mantêm a sua postura como medida de pressão: esperando sentir-se melhor apenas quando o outro mostrar algum tipo de mudança na direção que elas pretendem.

Assim, dessa forma, a pessoa culpada tenderá a ceder para evitar o conflito ou o mal-estar que a pessoa emocionalmente afetada lhe provoca.

Resistência à mudança

As pessoas que obtêm algum tipo de ganho secundário evitam as mudanças terapêuticas, já que, apesar do mal-estar, a recompensa obtida com este estado é maior.

Contudo, por se tratar de um processo inconsciente, tanto nos ganhos quanto na resistência, quando a pessoa se torna consciente disto, costuma trabalhar mais profundamente a sua mudança de atitude e, consequentemente, a sua melhora de saúde física e psicológica.

Texto original em espanhol de: Dolores Rizo

Fonte indicada: A mente é maravilhosa

A era descartável

A era descartável

Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar.” A frase do sociólogo polonês Zygmunt Bauman resume com brilhantismo a vida do homem na pós-modernidade ou, como ele mesmo prefere, modernidade líquida, uma vez que a fluidez das relações exige que estejamos em constante mudança.

Sendo assim, vivemos sob a égide da velocidade, ou seja, toda relação que se proponha a durar não possui espaço no mundo líquido. Em outras palavras, o sucesso está relacionado à capacidade de rotatividade nos relacionamentos, isto é, à capacidade de trocar de relacionamentos no menor espaço de tempo possível.

Essa característica do homem contemporâneo é o que determina o seu sucesso, segundo Bauman. Para ele, o sucesso do “homo consumens” não se caracteriza pelo acúmulo de bens (sejam materiais ou humanos), mas pela maior capacidade em desfazer-se deles.

“É a rotatividade, não o volume de compras, que mede o sucesso na vida do homo consumens.”

Posto isso, há de se considerar que a incapacidade em manter relações que apresentamos faz com que não consigamos acumular o menor volume de compras e, assim, transformamos a vida em uma grande rede descartável.

Como não consigo ter um relacionamento que me traga satisfação, tento preenchê-lo com inúmeros relacionamentos efêmeros. Esse vazio também é preenchido com bens materiais, entretanto, como o sucesso é medido pela rotatividade, faz-se necessário que se troque constantemente de bens, a fim de que mantenha o vazio “preenchido”.

Dessa forma, não existem laços que prendem as pessoas, de tal maneira que, a todo tempo, pessoas se desfazem de pessoas, como se estas fossem tão importantes quanto um copo descartável. Aliás, uma pessoa e um copo descartável exercem a mesma função. Em um primeiro momento, são úteis para atender a uma necessidade imediata, mas, logo em seguida, perdem o valor e ambos são amassados e jogados fora.

Na era descartável, quanto maior for a capacidade de desfazer-se, maior é o sucesso do indivíduo. As relações humanas, assim, caracterizam-se por uma imensa fragilidade, em que o valor dos relacionamentos está ligado a um prazo de validade.

Pessoas entram e saem da nossas vidas sem que possamos, de fato, conhecê-las. Habituamo-nos a não criar laços, não fincar raízes. Temos necessidade de relacionamentos que sejam levados pelo vento, pois só o tempo permite que criemos raízes, as quais parecem inadequadas aos nossos tempos.

Quanto maior a raiz, mais profundo um relacionamento fica e, por conseguinte, torna-se mais difícil arrancá-lo. Assim sendo, o valor que o outro nos atribui varia conforme a sua necessidade. Podemos ser essenciais em determinado momento e, noutro, sermos estranhos.

Esse intervalo entre ser essencial e ser um estranho vem diminuindo com o passar do tempo, uma vez que, como nada é feito para durar, nossas necessidades também mudam constantemente e, por conseguinte, deixamos de ter importância para o outro, pois essa importância é condicionada à necessidade que tínhamos.

O homem contemporâneo parece não gostar de raízes e busca relacionamentos baseados na facilidade de desconectar e de jogar fora. Não passamos de meras mercadorias, como qualquer outra; estamos ficando mais sozinhos e com relacionamentos frágeis. A era descartável é silenciosa e fugaz: quando menos esperamos, somos jogados fora, dado que nossa utilidade chegou ao fim.

Na modernidade líquida, a velocidade assume o controle e, portanto, não existe tempo para refletir, apenas fazemos e deixamos de fazer, somos importantes e deixamos de ser importantes, sem a menor capacidade de reflexão. A única capacidade que temos é a de desfazer-se, sendo que qualquer um pode tê-la.

Qualquer um pode tê-la, porque é fácil e a facilidade é uma jovem sedutora. Livrar-se do outro quando se quiser é sempre mais fácil; o grande problema é que, com o passar do tempo, as opções vão diminuindo, até que todos sejam descartados e você esteja sozinho. Mas, talvez não haja tanta diferença, afinal, em tempos líquidos ou descartáveis,

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.”

Na capa: Escultura de gelo de Nele Azevedo

Sobre ler pensamentos, por Diego Caroli Orcajo

Sobre ler pensamentos, por Diego Caroli Orcajo

As pessoas acreditam que ter a capacidade de ler mentes lhes traria uma vida muito mais feliz do que andam tendo, visto que alguns dos maiores temores do indivíduo pós-moderno são os de ser enganado, traído e abandonado.

Já ouvi diversas vezes alguém dizendo que seria interessante ler os pensamentos das pessoas na balada, visto que se saberia com as quais deveria iniciar interações. Também ouvi em referência a entrevistas de emprego, já que poderia alterar comportamentos não muito bem recebidos pelo entrevistador, ampliando as chances de contratação. Enfim, situações específicas e hipotéticas, nas quais posso dizer que eu também adoraria dominar tal arte.

Agora voltemos ao mundo real. Será mesmo que ler pensamentos seria interessante? Se houvesse um botão liga e desliga de repente sim, afinal mataríamos algumas curiosidades, porém e se ocorresse em um contínuo?

Certa vez Bertrand Russell disse: “Se a todos fosse dado o poder mágico de ler os pensamentos dos outros, suponho que o primeiro resultado seria o desaparecimento de toda a amizade”. E é dessa direção que partiremos.

Você acabou de ser retirado da barriga de sua mãe. O trabalho de parto foi um pouco longo, atrasando o término do expediente dos profissionais envolvidos. Então, logo de início, seria exposto a pensamentos não muito sutis por parte daqueles os quais atrasou o passeio de sábado à noite.

Posteriormente, quando estivesse nos braços de seus pais, veria se passar pela mente deles tudo aquilo que houveram idealizado e comparando com o que de fato você o é. Além do mais, ter um filho frequentemente gera algumas crises existenciais episódicas, nas quais teria de “saber” coisas como: “Tive que parar x projetos por conta dessa gestação”; “Essa criança só dá trabalho”, e daí por diante.

Todo amor anda de mãos dadas com boas doses de ódio, que em nossa sociedade têm suas manifestações suprimidas, gerando sentimentos de culpa constantes naquele que os sente. Em suma, todo relacionamento humano é e sempre será ambivalente, porém, de repente não estejamos prontos para ter consciência dos aspectos hostis existentes em nossas interações.

Sou da opinião de que não é nada provável que a humanidade possa existir na ausência de grandes ilusões, dentre as quais sem sombras de dúvidas cabe incluir a ilusão do amor incondicional.

Segundo Nietzsche: “A verdadeira questão é: quanta verdade consigo suportar”. E aí, você se considera forte o bastante para saber tudo que pensam a seu respeito?

Diego Caroli Orcajo. Águas de Lindóia – SP.

[email protected]

História em quadrinho explica a rotina de quem lida com ansiedade e depressão

História em quadrinho explica a rotina de quem lida com ansiedade e depressão

Ansiedade e depressão são problemas que afetam diretamente e significativamente a vida das pessoas.

Os quadrinhos são o trabalho do artista Nick Seluk que resolveu ilustrar o depoimento que uma das suas leitoras, Sarah Flanigan, compartilhou com ela. O resultado ficou genial.

Confira!

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A depressão e a ansiedade são sérias,portanto é necessário que possamos dar maior atenção ao que perturba tantas pessoas.

Publicado originalmente em Bored Panda, traduzido por ‘Taedai?’

Por que pessoas sozinhas permanecem sozinhas?

Por que pessoas sozinhas permanecem sozinhas?

A solidão não é apenas algo que pode fazer alguém se sentir mal psicologicamente. De acordo com pesquisas, a solidão aumenta o risco de mortalidade de uma pessoa em até 26% – um risco comparável ao da obesidade.

Então faz sentido que a ciência se preocupe em investigar o que, exatamente, faz com que uma pessoa sozinha permaneça solitária. Existe algo que provoca esse comportamento? Uma teoria popular é que pessoas solitárias possuem um trato social menor e, por ficarem sozinhas, isso se transforma em uma bola de neve: as poucas habilidades sociais vão diminuindo.

Mas novas pesquisas indicam que esse não é o caso: na demonstração de conhecimentos sobre habilidades sociais e convivência, solitários tiveram notas maiores do que pessoas com a vida social agitada. Então não é uma falta de compreensão que impede os solitários de conviver bem em grupo. É que, durante situações em que o conhecimento deles sobre hábitos sociais precisa ser demonstrado, eles não conseguem colocá-lo em prática. Pense assim: eles entendem como agir em um grupo mas, quando estão no meio desse grupo, ficam nervosos e não agem.

Um novo estudo mostra, justamente, essa paralisia em situações sociais. Na pesquisa, publicada no periódico Personality and Social Psychology Bulletin, professores da faculdade Franklin & Marshall fizeram quatro pesquisas para demonstrar essa tendência. No primeiro, 86 estudantes preencheram formulários para que os cientistas tivessem uma noção de sua vida social.

Depois, os pesquisadores testaram as habilidades sociais deles mostrando a eles 24 faces em uma tela. Os voluntários deveriam listar quais eram as emoções mostradas em cada rosto: raiva, medo, felicidade ou tristeza. Normalmente os voluntários solitários tiravam as notas maiores. Mas aí entra a reviravolta: quando os cientistas explicavam que se tratava de um teste de habilidades sociais, os solitários tiravam as piores notas.

E o que é possível concluir disso? Estudos anteriores já haviam sugerido que os solitários são melhores em ler expressões faciais e decodificar tons de voz. Basicamente, eles prestam mais atenção nas outras pessoas por ansiar a conexão interpessoal. Mas eles ficam nervosos. Então, assim como um jogador habilidoso em frente a um pênalti decisivo, estar extremamente focado e sentir uma pressão interior enorme pode levar a um erro que eles saberiam evitar na teoria.

E é possível reduzir essa pressão? Nessa nova pesquisa, os cientistas acharam um atalho. Eles ofereceram aos estudantes solitários uma bebida energética e falaram que a ansiedade que eles estavam sentindo diante da experiência social era culpa da ingestão da cafeína. Em outras palavras, deram aos solitários algo em que colocar a culpa de sua ansiedade que não eles mesmos. E então as notas deles nos testes voltaram a subir, mesmo que eles soubessem que se tratava de um experimento social.

Caso você seja um solitário, pode ser extremamente difícil ‘se enganar’ e deixar de ficar nervoso ao tentar deixar uma boa pressão. Mas uma forma de tentar é a sugestão dessa pesquisa de Harvard: ao ‘transformar’ o nervosismo em empolgação, participantes foram capazes de realizar tranquilamente tarefas bizarras como cantar em público. Não é fácil ou automático, mas vale a tentativa.

Do original Science of Us, Via Galileu 

O dia em que a lealdade sufocou o perdão.

O dia em que a lealdade sufocou o perdão.

Houve um dia em que a coisa mais importante e necessária a fazer era perdoar. Era fechar o assunto e partir para outro, destruir diferenças, esquecer a mágoa e acordar e reviver o afeto.

Houve esse dia embora não lembremos cada um do seu, quando lançamos mão erradamente de uma virtude que, linda em sua essência, mas castradora quando mal interpretada.

Nesse dia o perdão gritou por socorro, mas a lealdade estava servindo a outros senhores, e o sufocou.

Nesse dia, a lealdade teve os mais variados comandos. Lealdade ao orgulho ferido; lealdade à vaidade cega; lealdade aos paradigmas, às relações de poder, aos interesses mesquinhos… lealdade à justiça de uma só via.

E, por fim, abateu o perdão.

Pobre lealdade,  sequer se deu conta do que fez. Foi usada como arma, como argumento, como escudo, como desculpa.

Quem de nós não viveu essa estorinha ao menos uma vez na vida? Pediu perdão e não obteve, pois alguém alegou lealdade às suas crenças e certezas? Ou, ouviu um pedido de perdão e negou, preferindo ser leal ao orgulho ressentido?

Lealdade não é para ser citada como parceira nem cúmplice. Lealdade é respeito e compromisso, mas não pode impedir um ato de reconciliação, de entendimento, de restabelecimento da paz.

Um gesto de perdão liberta ambas as partes, deixa fluir rios de mal entendidos e rancores. Um pedido de perdão entorta o mais rígido dos orgulhos, acerta diretamente o sujeito da ação, enche de coragem quem o faz. O perdão não pode e não deve se submeter a condições, deve ser concedido por vontade e generosidade.

Dentre as lealdades que carrego na vida, todos os dias digo a mim mesma: Na dúvida, escolha o que liberta, não o que te aprisiona. Seja leal à sua paz de espírito e não submeta ninguém aos seus padrões e julgamentos.

 

Pequeno dicionário de neologismos para sentimentos sem nome.

Pequeno dicionário de neologismos para sentimentos sem nome.

Quem nunca sentiu que faltam palavras para expressar um sentimento?

Quem nunca sentiu o peito cheio de vontades e emoções e não encontrouum verbo para nomear tudo aquilo?

 

Quem nunca se expressou amparando-se no silêncio, na linguagem dos olhos, das as mãos, nas entonações da respiração?

 

Quem nunca falou um texto todo dando voltas em frases e períodospara tentar descrever uma sensação, um sentimento que uma ou poucas palavras não davam conta de traduzir?

 

A linguagem humana, apesar de tão rica, às vezes é limitada para expressar, nomear ou definir.

 

A poesia e outras expressões artísticas tocam nesses espaços sem nome, nesses sentimentos sem verbete de dicionário, encontram e rompem conceitos cristalizados fazendo emergir significados ocultos por trás da dureza e da linearidade das palavras cotidianas. Acredito que por isso a poesia surpreende, desperta, instiga.

 

Nessa falta de nomes ideais para expressar sentimentos, sensações e experiências, alguns escritores criam neologismos que são expressões novas formadas no interior da língua. Palavras justapostas, aglutinadas, estrangeirismos, arcaísmos, onomatopeias entram na constituição desses vocábulos. Os professores de gramática e literatura sabem explicar tudo isso muito melhor que eu.

Mas, me amparando na liberdade poética, e pela vontade de nomear sentimentos que ainda não têm nomes (ou pelo menos eu desconheço), quis me aventurar na criação de alguns neologismo que definem o que já vi e senti.

Assim, compartilho aqui com vocês alguns verbetes do meu pequeno dicionário de neologismos para sentimentos sem nome. 

É no mínimo divertido!

Ao final, me digam se vocês também já tentaram expressar esses sentimentos. E, quem sabe, sugiram novos vocábulos ou sentimentos que ainda não têm nome.

Segue o dicionário:

 

Alucilúcido – sobriedade que surge num momento de loucura.

 

Besteirohoólic – pessoa viciada em falar besteira.

 

Dejamar – reencontrar alguém que não se conhecia.

 

Desbramimvar– descobrir um lado em si mesmo desconhecido.

 

Desexistir– desistir de existir em uma sentimento ou sensação.

 

Desprendicto–aquele que é apegado em ser desapegado.

 

Embatuamar–aquele sentimento mal cozido, emplastado que saiu errado e não caiu bem.

 

Estraninho– sentimento de estranheza em seu próprio ninho.

 

Familigeiro – pessoa que se sente familiar em um ambiente estrangeiro.

 

Felicinada – asensação de tristeza ou de vazio num momento de alegria.

 

Imagitalgia – aquela sensação de saudade de algo que nunca aconteceu, que apenas se imaginou.

 

Interceptamor – quando se interrompe um amorbem no auge do sentimento.

 

Ordinusitado – o inusitado que surge de ações ou sensações cotidianas.

 

Pathossídio– quando se assassina uma paixão dentro de si.

 

Polisolidão – é sentir a amplitude de ser num momento de solidão.

 

Risadoterapia – lavar a alma de tanto rir.

 

Sentimefação – quando sentimentos apodrecem de tão maduros.

 

Silenciser– necessidade de ficar em silêncio e apenas ser.

 

Subjetivometro – quando o olhar e o coração dão os pesos e as medidas a uma coisa ou pessoa.

 

Visionagem– A linguagem dos olhos

 

 

Estas foram algumas amostras desse meu pequeno dicionário. Espero que tenham se empatigostado! 😉

 

 

 

 

 

O cérebro de pessoas solitárias funciona de forma diferente

O cérebro de pessoas solitárias funciona de forma diferente

Recentemente, falamos sobre o espiral negativo pelo qual muitas pessoas solitárias passam. Em Por que pessoas sozinhas permanecem sozinhas? explicamos que, ao contrário do que muita gente pensa, os solitários não têm menos conhecimentos sobre habilidades de convívio social – é o nervosismo que os torna mais propensos a se comportar de forma diferente. As pessoas ficam isoladas e começam a temer experiências sociais, o que as impede de aproveitá-las.

Agora um artigo na Science of Us nos mostra que isso faz com que o cérebro dos solitários se comportem de forma diferente. Sem um grupo de apoio por trás de nós, entramos em um ‘modo de alerta’, ficando especialmente nervosos em relação a ameaças.

Estudos mostram que, quando pessoas solitárias assistem a uma cena de convívio social em vídeo, eles passam mais tempo do que a média procurando sinais de ameaça social – como pessoas isoladas no vídeo, ou sendo ignoradas. Ou seja, o cérebro delas capta mais rapidamente sinais de rejeição.

Uma pesquisa mais recente, feita pela Universidade de Chicago, revela de forma mais específica como solitários entram nesse modo de ‘alerta’. Os cientistas recrutaram 38 pessoas muito solitárias e 32 pessoas que não se sentiam sozinhas (vale ressaltar que a solidão não foi calculada pelo número de amigos e familiares de cada pessoa, mas pelo sentimento de isolamento). Sensores foram colocados nas cabeças dos participantes dos estudos, o que permitiu que suas ondas cerebrais fossem gravadas e a atividade cerebral quantificada.

Enquanto usavam os sensores, os voluntários deveriam olhar para várias palavras exibidas em uma tela e indicar, com um teclado, em que cores elas estavam escritas. A ideia era que os participantes não se concentrassem na palavra em si, mas sim nas cores. A influência que o significado da palavra tem é considerada automática e subconsciente.

Algumas das palavras exibidas eram consideradas positivas (pertencimento e festa), algumas negativas (sozinho ou solitário), outras eram emocionalmente positivas, mas não sociais (alegria) e outras eram emocionalmente negativas, mas também não sociais (tristeza).

Durante o primeiro quarto de segundo (280 milisegundos) depois de uma palavra ser mostrada, o cérebro de pessoas solitárias entrava em uma série de microestados que era idêntico mesmo se a palavra negativa era social ou não. Mas depois desse ponto o cérebro passava a reagir diferente com as palavras negativas sociais, com uma mudança de atividade em áreas envolvidas no controle, sugerindo qeu eles entravam em um modo vigilante. Já os não solitários permaneciam com os primeiros microestados durante 480 milisegundos. A diferença parece pequena, mas na prática significa que a mente das pessoas solitárias está treinada para captar ameaças sociais mais rápido do que o ‘normal’.

Pesquisadores afirmam que, pela resposta diferenciada ser tão rápida, solitários não estão conscientes dela. Afinal, em teoria, os voluntários não deveriam nem estar prestando atenção no significado da palavra.

E isso é preocupante – afinal, significa que os solitários estão mais ligados em emoções negativas do que nas positivas, o que pode fazer um sentido evolutivo (já que nossos ancestrais pré-históricos precisavam ficar mais alertas ao estarem sozinhos), mas não é benéfico atualmente. Afinal, contribui para o ciclo de negatividade do qual falamos lá em cima – e pode explicar o motivo pelo qual os solitários têm mais problemas de saúde e vidas mais curtas.

Do original Science of Us, via Galileu

Encontrado em Equilíbrio em Vida

Milhões de mulheres ignoram estes sintomas de distúrbio da tireoide. Você conhece os sinais?

Milhões de mulheres ignoram estes sintomas de distúrbio da tireoide. Você conhece os sinais?

A tireoide é uma pequena glândula localizada no pescoço de homens e mulheres.

Tem o formato de uma borboleta e é responsável por um monte de coisas em nosso corpo: metabolismo, temperatura e batimentos cardíacos.

Este órgão importantíssimo produz um hormônio, o TH, e qualquer desequilíbrio na produção dele pode causar uma verdadeira bagunça em nosso organismo – assim como provocar doenças.

Com a correria do dia-a-dia, nós mulheres tendemos a ignorar os sinais que nosso corpo nos manda.

Pode ser apenas cansaço, ou uma alergia… Mas pode não ser.

Portanto, fique atenta aos sintomas abaixo e procure um médico. Uma tireoide saudável proporciona uma melhora incrível na qualidade de vida!

Mas como é a tireoide?

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Ela é esse órgão vermelho representado na figura acima. Quando a tireoide produz muito hormônio, diz-se que a pessoa tem hipertireoidismo ; quando produz pouco hormônio, é o hipotireoidismo.

Sintoma 1 – Tristeza ou Depressão

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Seja trabalhando demais – ou de menos, a tireoide afeta o humor quando não funciona adequadamente. Pouco hormônio da tireoide afeta os níveis de serotonina – um outro hormônio responsável pelo nosso humor. Nesse caso, a pessoa se sente repentinamente triste ou deprimida.

Por outro lado, muito TH pode causar ansiedade, inquietação e irritabilidade.

Sintoma 2 – Constipação

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Se seu intestino ficou preguiçoso e nada que você tenha tentado resolveu, pode ser a tireoide. Na verdade, segundo os médicos, este é um dos sintomas mais comuns.

Sintoma 3 – Dormir demais

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Se sair da cama parece impossível e você se sente como uma tartaruga durante todo o dia, ir ao médico pode ser uma boa ideia. A culpa, provavelmente, é de uma tireoide preguiçosa.

Sintoma 4 – Pele seca e queda de cabelo

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Pele seca mesmo no verão? Cabelos caindo e unhas quebradiças? Mais uma vez, a tireoide preguiçosa pode ser a culpada. Neste caso, o metabolismo fica mais lento alterando a hidratação natural do corpo e interrompendo o ciclo de crescimento dos cabelos.

Sintoma 5 – Ganho repentino de peso

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Aumento de peso muito repentino, sem mudanças na alimentação e mesmo praticando exercícios pode ser motivo de preocupação.

Sintoma 6 – Queda no desejo sexual

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Pouco hormônio da tireoide no organismo significa pouco desejo sexual. Isso, associado aos outros sintomas citados também podem causar a queda da libido.

Sintoma 7 – Dor muscular e fisgadas

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Dores durante um novo exercício físico, por exemplo, são normais. Mas se você sente dor muscular repentina e “fisgadas” nos músculos sem motivo aparente, pode ser a tireoide preguiçosa atacando novamente. A falta do TH afeta os nervos que enviam os sinais de dor para o cérebro.

Sintoma 8 – Palpitações no coração

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Sabe aquela sensação de que o coração “pula” batidas? É disso que estamos falando. Dá inclusive para perceber medindo o pulso em pontos diferentes do corpo. É o excesso de hormônio da tireoide correndo nas veias.

Sintoma 9 – Confusão mental

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Falta de concentração repentina, lentidão para pensar, esquecimentos… não é apenas a idade que causa esses sintomas. Pode ser tireoide também, principalmente se os sintomas surgem repentinamente.

Sintoma 10 – Pressão alta

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Pressão alta e nenhum remédio parece resolver, mesmo com alimentação saudável e exercícios? Peça a seu médico para examinar a tireoide. Quando a glândula trabalha pouco, os níveis do mau colesterol no sangue sobem, podendo elevar a pressão sanguínea.

Sintoma 11 – Aumento de apetite e mudança nos gostos alimentares

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A comida mudou de gosto de repente? Pode ser tireoide preguiçosa. Por outro lado, o hipertireoidismo causa aumento de apetite – e não importa o quanto você coma, não há ganho de peso. E você não consegue parar de comer. Pode ser o sonho de muita gente comer sem engordar, mas nesse caso, é bom procurar um médico.

Sintoma 12 – Desconforto no pescoço e garganta

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Como a tireoide fica no pescoço, dor nessa região pode significar problemas com a glândula. Mudanças no tom de voz e até bócio podem ter sua causa na tireoide.

Examine seu pescoço em busca de qualquer alteração ou inchaço no pescoço. Experimente jogar a cabeça para trás e engolir um gole de água enquanto põe a mão no pescoço: se você sentir alguma saliência ou inchaço, procure o médico.

Prestar atenção ao seu próprio corpo é fundamental para uma vida saudável!

Do original: littlethings.com.

Fonte indicada: Awebic

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