Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Por Josie Conti

Nós podemos priorizar pessoas em situações de emergência. Podemos exercer o altruísmo e darmos mais do que recebemos quando é possível fazê-lo. Podemos também ser gentis e receptivos socialmente, entretanto, na rotina dos relacionamentos, priorizar constantemente quem nos deixa sempre em segundo plano não costuma ser uma atitude que traz real satisfação pessoal.

Quando percebemos que isso é uma realidade em nossas vidas é necessário olhar com atenção e entender se o que está acontecendo é algo que faz parte da dinâmica do relacionamento onde, em alguns momentos, um dos pares está mais disponível que o outro ou se estamos falando de uma constante relação de submissão e busca por um retorno profissional ou afetivo que não tem grandes chances de mudança- ou que talvez não tenha os melhores resultados através desse tipo de posicionamento pessoal.

Podemos pensar em alguém com uma estima baixa como, por exemplo, uma pessoa que não se sentiu amada na infância e que pode passar a vida esperando ser reconhecida justamente por aqueles que não a veem como alguém de valor. É como se as escolhas fossem exatamente direcionadas para aqueles que só podem lhe oferecer migalhas de afeto e atenção. Quando a atenção é plena e total é mais provável que surja mais o desinteresse do que propriamente a felicidade. Afinal, como alguém “realmente interessante e desejável” poderia querer alguém com ela? Esse tipo de situação não é incomum em amores platônicos por pessoas hierarquicamente superiores no trabalho ou mesmo por pessoas que não estão disponíveis para amar e realmente se entregar a uma relação.

Também não seria incomum esse comportamento em pessoas que tiveram uma infância muito rígida e disciplinada onde o afeto só acontecia mediante a entrega da perfeição. Pessoas que crescem nesse tipo de ambiente tendem a esconder suas próprias falhas, pois as supervalorizam. Tendem, ainda, a atribuir demasiado valor ao que vem de fora e sujeitam-se a receber menos, assim como acontecia com seus pais, mantém-se em posição secundária e subordinada.

Lembre-se que se existe um escravo na relação  é porque na outra extremidade dela existe um senhor. Entretando, muito do poder que esse “senhor” exerce pode ser fruto apenas do que você lhe atribui. Nesses casos, talvez seja a hora de rever o motivo de você estar sempre em segundo plano e trabalhar para libertar-se.

Imagem de capa: Anna Dittmann

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Das memórias não tidas

Das memórias não tidas

Algo que as próximas gerações não vão poder nem querer fazer: frequentar locadoras de filmes.

Eu, pessoalmente, acho meio triste. Longe de mim condenar a Netflix e o uTorrent, mas esse pessoal mais novo (ou o da minha própria geração que não o fez), acaba sendo privado de algumas boas memórias.

Nunca vão ter, por exemplo, a oportunidade adentrar aquele recinto e sentir o cheirinho do local (tem sim!), nem de sair satisfeito com três títulos em mãos. Nunca vão poder examinar título por título uma sessão de filmes à procura de algo interessante para assistir. Não vão também ter a frustração de não achar nada que interesse. Nunca serão mirados pelos olhos impacientes dos pais em seus dias mais apressados: “Já escolheu?”, nem prometerão assistir aqueles 5 filmes em único final de semana “porque todos parecem bons!”. Não vão ter que pedir uma indicação do dono ou funcionário do estabelecimento nas horas em que tudo parece chato. Não vão ter a emoção de chegar em casa e ir direto para sala assistir aquele que aparenta ser o melhor entre os filmes escolhidos. Nunca vão sentir o entusiasmo de saber que a continuação daquele filme que você tanto ama finalmente chegou em sua locadora, nem a decepção de descobrir que todas as fitas/DVD’s dele foram locadas. Também não vão ter que passar pelo desespero de perceber que perderam, quebraram ou arranharam uma fita ou DVD. Nunca vão fazer aquela maratona obrigatória, porque a data da entrega é no dia seguinte e por fim, não vão poder descobrir outros mundos a partir daquele mundinho que é aquele espaço cheio de histórias filmadas.

É, a verdade é que parte da minha empolgação com a chegada dos finais de semana se foi junto com a era das locadoras. A da Aprígio Nepomucemo que o diga. Não era a maior nem a melhor de Campina Grande, mas foi a que ficou no coração. Que descanse em paz.

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Disseram, certa feita, que podem tirar tudo de nós, menos o nosso conhecimento. A capacidade que o ser humano tem de refletir criticamente sobre a vida é o que determinada, em grande medida, a sua liberdade. Dito isso, caso o indivíduo esteja preso a círculos de pensamentos que não seus, isto é, seja tão somente um reprodutor de um discurso que lhe é passado, torna-se impossível ser livre e, consequentemente, será um escravo do sistema.

Na contemporaneidade, a escravidão não se dá nos moldes antigos, baseada na coerção e na força, como também no controle do pensamento, alienando o indivíduo e transformando-o em um autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos. Sendo assim, a classe dominante cria amarras invisíveis, a fim de que os indivíduos mantenham-se subjugados, sem que percebam a prisão que os envolve.

Essa cegueira se dá em virtude da falta de reflexão crítica que os indivíduos possuem, de modo que se torna muito fácil moldá-los à realidade que os dominantes julgam como necessária à manutenção do status quo. O enquadramento ao modus vivendus determinado pela classe dominante se dá através daquilo que George Orwell chama de controle da realidade ou duplipensar, que “[…] quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e aceitar ambas”.

Ou seja, a realidade é construída pelos detentores do poder, nas relações de força na sociedade, de maneira que esta é modificada e ajustada de acordo com os interesses do momento histórico. Os dominados, ou a “prole”, como Orwell prefere, apenas aceita a verdade imposta, ainda que esta seja contraditória e vise à manutenção das discrepâncias sociais.

Como não dá para aceitar duas crenças simultaneamente, os indivíduos confusos não conseguem entender a verdade por trás do que lhes passam como realidade, de modo que permanecem em uma ignorância contínua. Essa ignorância é apresentada como sinônimo de força pelo Partido, na obra 1984. Não é preciso dizer que o lema do Partido realmente produza força, mas apenas para os que detêm o monopólio da força nas microrrelações de poder no âmbito social.

Estendendo à nossa realidade, o Partido pode ser lido não somente como a classe política, mas como todos aqueles que se propõem subjugar as classes inferiores, a fim de manterem-se no poder. Para tanto, fazem de tudo para que sejamos massas de manobra em suas mãos, modelando-nos de acordo com os seus interesses. Somos despersonalizados, para que não consigamos exercer a capacidade reflexiva, o que levaria a questionar as mazelas sociais.

O pensamento, dessa forma, é controlado através de elementos como a mídia e a publicidade. Exerce-se, portanto, o poder da polícia do pensamento, como aparece no livro, mas sem o uso da coerção, como já foi dito. Utilizam-se outros elementos, como a sedução da sociedade de consumo, com as suas inúmeras fórmulas de felicidade e prazer, apresentadas nas propagandas.

Todavia, o controle do pensamento se dá do mesmo modo, sendo, inclusive, mais eficaz, visto que, inexistindo uma coerção física para os que se afastam da linha, há um trabalho muito mais forte de sedução, para que, voluntariamente, os indivíduos tornem-se servos e abdiquem do seu direito de pensar.

Assim, excetuando poucos indivíduos que ousam questionar o sistema e procuram exercer a sua capacidade reflexiva, a grande maioria está totalmente adequada ao sistema, vivendo feliz em sua ignorância. Vivendo vidas mecânicas, são incapazes de tirar as vendas que os dominantes, sob os seus consentimentos, colocam em seus olhos.

Ainda que as condições sejam difíceis, há a possibilidade de não se condicionar a esse sistema opressor. Todavia, cada vez mais facilmente as pessoas têm aceitado as crenças contraditórias da classe dominante, permanecendo imersas na sua pobreza e ignorância, mesmo que não percebam ou não queiram perceber.

Embora livres e pensativos, estamos condicionados a viver de forma servil, sendo oprimidos por um sistema que apenas visa ao bem estar de poucos. No entanto, se mudarmos as condições, podemos mudar as respostas e, assim, tomaremos as rédeas das nossas vidas, podendo pensar por nós mesmos e não sendo meros reprodutores de um discurso opressor e hierarquizante.

Quando aprendermos, como diz Orwell, que a verdade não é questão de estatística, seremos seres pensantes e, como indivíduos capazes de produzir o próprio conhecimento, seremos livres, pois deixaremos de ser condicionados e ignorantes, uma vez que:

“De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância.”

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.
Young couple in love outdoor

Tudo o que nos move tem que ser apaixonante, tem que ter envolvimento completo, verdadeiro e inteiro, entrega suada e isenta de incertezas. Daí necessitarmos da paixão como combustível de vida, como alimento dos anseios de nossa alma, para que nossa jornada se torne, sobretudo, limpa e transparente, pois assim nossas lembranças guardarão momentos mágicos, que nos ajudarão a nos despedirmos tranquilamente das pessoas e do mundo que perpetuarão o nosso legado.

É preciso muito cuidado ao determinarmos os objetos de nossos desejos, principalmente no que diz respeito ao que eles efetivamente nos acrescentarão, ao que embasa nossa busca por determinadas coisas. Caso estejamos pautando nossos sonhos por razões meramente materialistas ou buscando montar um mundinho de aparências hipócritas, nada agregaremos à construção de uma felicidade completa, a qual deve ser nosso norte, em todos os momentos de nossas vidas.

Quando nos cercamos somente de perfumaria, o que temos a oferecer é algo por demais volátil e incapaz de sustentar verdades duradouras. Dessa forma, poderemos até enriquecer nossa conta bancária e inflar nossos álbuns virtuais, no entanto, permaneceremos tão incompletos quanto o que éramos desde o início. Objetos, bens e fachadas suntuosas são incapazes de enriquecer os anseios de nossa essência, pois ela não se preenche materialmente, mas sim com sentimentos verdadeiros.

Nossas conquistas devem ter o sabor da verdade, do contentamento íntimo que maximize nossos sentimentos positivamente, enriquecendo-nos de dentro para fora e nunca o contrário. Estarmos certos quanto à necessidade de nos aprimorarmos enquanto pessoas é imprescindível a que nos lancemos a uma busca ética e corajosa em direção a metas que nos cerquem também de gente que nos ama e acredita em tudo o que somos. Amor recíproco nos liberta e nos resgata sempre que necessário.

Devemos também estar certos quanto ao tipo de pessoa com quem caminharemos ao longo de nossos dias e noites, pois a verdade alheia será extremamente necessária na consecução de nossos objetivos e no direcionamento que daremos às várias escolhas que enfrentaremos. Estruturarmos cumplicidade junto a pessoas éticas e sinceras nos aliviará o peso de todas as dores que nos afligirão durante nossa lida, bem como nos permitirá compartilhar prazeres e conquistas com gente do bem – e isso faz uma diferença imensa, quando chegar a hora do desfrutar, do rememorar, do descansar e partir.

Estaremos constantemente cercados pelos apelos sedutores do glamour inerente ao êxito financeiro e toda felicidade material que ele parece oportunizar, através das roupas de grife, das viagens internacionais, carros importados e praias do Caribe. Logicamente, o conforto material é importante em nossa qualidade de vida, porém, nenhuma quantia em dinheiro será capaz de nos confortar quando atravessarmos as tempestades emocionais que permearão o nosso caminho.

Quando somos amparados por quem nos ama de verdade, por quem conhece nosso melhor e nosso pior, por quem enfrentou o medo junto conosco e, apesar de tudo, jamais desistiu da gente, poderemos contar sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar, com a esperança que brilha frente aos nossos olhos e nos reacende os sonhos. Isso é amor verdadeiro. Isso é certeza de que sobreviveremos dignamente às nossas dores e desfrutaremos merecidamente o melhor que a vida sempre terá a nos oferecer.

 

Tem gente que tem talento!

Tem gente que tem talento!

Eu vou lhes confessar, nada é mais chato para mim do que intelectuais acadêmicos e anônimos criticando famosos com o argumento de que são ruins tecnicamente.

Canso de ler que o Paulo Coelho escreve mal, que o Romero Britto pinta mal, que o Dráuzio Varella é um médico medíocre e também, falando especificamente sobre a psicologia e a psiquiatria, sempre ouço e leio colegas criticando o Dr. Flávio Gicovate. Todos os profissionais que citei são muito famosos, muito bem remunerados e suas carreiras são de sucesso. São reconhecidos nacional e/ou mundialmente e têm uma característica em comum: levaram seu trabalho ao grande público, à grande massa.

Pessoas que talvez não conheçam nada sobre arte moderna certamente reconhecem com facilidade uma pintura assinada por Romero Britto. Acredito que há quem tenha lido apenas os livros de Paulo Coelho e estou certa que, em seus programas no Fantástico o Dr. Dráuzio levou informação a quem jamais teve a atenção de um médico. Sobre o Dr. Flávio – cuja carreira como médico psiquiatra e psicanalista é bem longa e sólida: ele ganhou ainda mais repercussão por atuar em um programa semanal em uma grande rádio e manter canais na internet muito acessados. Seus livros e vídeos são de fácil entendimento e levam conceitos importantes ao que chamamos de senso comum. Acredito que a importância do trabalho dele, tal qual da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, está exatamente em expandir o que antes ficava fechado dentro dos consultórios.

Em minha opinião todos eles têm algo chamado talento e o talento não consegue ficar preso às regras, normas e pré-requisitos acadêmicos de qualquer arte ou profissão. Já ouvi críticas horrorosas ao trabalho deles exatamente porque o talento os fez famosos e aqui deixo a minha reflexão, que vem da história de vida de um famoso maestro que compôs sua primeira obra aos quatro anos. Mozart nunca seguiu regras, era um gênio. Quando se tem uma pequena pitada de genialidade, isso se chama talento, e isso faz com que se saia do usual. Freud foi um gênio, e eu que – mesmo tendo tido formação behaviorista – li quase toda a obra dele, percebi sua genialidade quando percebi quem era aquele homem e o ambiente no qual ele cresceu e viveu. Quando se tem talento, se traça um caminho próprio mesmo que seja para reproduzir a obra de um grande gênio. Quando se é gênio, não existem regras.

Respeito muito e acho de extrema necessidade que o olhar acadêmico exista e permeie as ciências e as artes, porém, talvez tenhamos que pensar que são esses talentosos desobedientes e burladores dos dogmas acadêmicos que levam a muitas pessoas alguns respingos de arte e ciência que eles jamais conheceriam. Eu li alguns livros do Paulo Coelho e acho bem bacana o Alquimista, além de achar fantástica a história da moça que vive cada dia como se fosse o último em Verônika decide Morrer. Muita gente talvez tenha começado a ler através dele e estou certa de que Romero contribuiu para que brasileiros que não sabem nada sobre arte conheçam “sem conhecer” o cubismo. Dr. Dráuzio se dispõe a ensinar conceitos básicos de saúde, usando linguagem simples, coisa que poucos intitulados com pós-doutorado se dispõem a fazer.

Não entendo esse ódio acadêmico a eles, tal qual entendo menos ainda as razões de eu ser criticada ao optar por escrever artigos para o senso comum, sem comprometimento acadêmico algum e somente com a pretensão de promover a reflexão e contar como vejo a vida. Sim, eu daqui da minha confortável insignificância também já recebi críticas por não seguir as tais regras. Que regras? Quem sabe eu não tenho algum talento!

Desde quando eu atuava como psicoterapeuta, eu sou questionada por alguns comportamentos, principalmente por psicanalistas que acreditavam que eu, como behaviorista por formação desconhecesse os mecanismos de defesa e as fases do desenvolvimento descritas por Freud. Como se um caminho apenas levasse a “deus”, e como se a psicanálise fosse método sagrado e único de autoconhecimento e promoção da saúde mental. Dr. Flávio está aí para mostrar que se pode sim ser psicanalista e levar a teoria para fora do divã, para que muitos possam se beneficiar. Somos – enquanto psicoterapeutas, como muito bem disse o mais apedrejado discípulo do Dr. Freud: apenas uma alma humana a tocar outra alma humana. E cá lhes confesso que foi exatamente a terapia analítica de Carl Jung e a fenomenologia de Fritz Perls os meus maiores veículos de autodesenvolvimento durante os meus muitos anos de terapia. E poderia ter sido a psicanálise ou o próprio cognitivismo.

Desde que o mundo é mundo, os acadêmicos presos aos dogmas engessados tem gasto seu tempo criticando os indisciplinados talentosos e talvez a teoria de Freud sirva bem para quem se dispuser a analisar o que os leva a criticar quem optou por trabalhar liberto e tão benéfico quanto o bom e velho divã. No mais, se encanta e ajuda a tanta gente, qual o crime deles? Fizeram algum mal? O caminho pode ser aceitar as diferenças ou procurar a razão de tanta irritação – Dr. Freud explicaria.

 

Os cinco grupos de suicidas

Os cinco grupos de suicidas

De acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Sabe-se que cerca de 75% dos casos ocorre em países de rendas média e baixa.

Pessoas com idades entre 15 a 29 anos tem o suicídio como a segunda principal causa de mortes em todo o mundo, e, ao contrário do que se pensa, as taxas são maiores entre os que tem mais de 70 anos (percentualmente).

Andrew Solomon, em seu livro “O demônio do meio-dia” secciona os suicidas em quatro grupos. Oras, o título está errado então? Na verdade, não. Ao final do texto irei acrescer um grupo que – ao meu ver – é tão comum quanto os demais.

  • O impulsivo: Tal indivíduo comete o suicídio sem planejamento algum. Frequentemente um único evento desestabilizante (perda de emprego; término de relacionamento; morte de um ente querido) faz com que, sem pensar no que está fazendo, a pessoa tire a própria vida. Uma característica importante deste grupo é que o ato ocorre de forma repentina, sendo muito mais imprevisível do que em qualquer outro.
  • O apaixonado pela morte: Aqui, o foco principal não é fugir de nenhuma circunstância dolorosa, mas sim correr em direção à morte. A morte não é o meio, mas sim o fim. “O desejo não é alívio, mas sim destruição!”
  • O que não vê outra saída: Este grupo comete o suicídio por uma lógica falha, na qual a morte parece ser a única saída para as circunstâncias às quais vem vivendo. O indivíduo costuma planejar todos os detalhes e avaliar a melhor forma de regressar ao estado inorgânico. Aqui existe uma quantia razoável de indícios, sendo eles: Melhora significativa do humor (como se houvesse se livrado de um imenso peso em suas costas); Reconciliações repentinas com familiares e/ou outras pessoas de convívio próximo; Organização de questões burocráticas (pagamento de dívidas; planejamentos referentes à herança); dentre outros. A crença primordial aqui é de que a morte irá melhorar sua condição, assim como a de seus familiares, que se verão “livres de um fardo” (percepção distorcida, na grande parte dos casos).
  • O analista: Existe certa lógica racional por aqui. Tal pessoa – devido a doenças de prognósticos ruins; instabilidade mental; ou até mesmo por mudanças nas circunstâncias econômicas e sociais – realiza uma análise das dores e prazeres que a vida poderá lhe proporcionar neste novo momento. Ao final, chega-se à conclusão de que dar continuidade à existência não tem um custo x benefício que valha a pena.
  • O que utiliza o suicídio enquanto ataque: Em alguns casos o suicídio não ocorre com a finalidade do autoextermínio, mas sim visando destruir alguém que permanece em vida. Frequente em adolescentes (principalmente homossexuais), o ato funciona como uma arma que fere por meio da “culpa”. Pais que rejeitam a condição de seus filhos e os oprimem em excesso costumam ser foco de tais ataques (a culpa pela rejeição). Também é comum em términos de relacionamentos extensos e/ou abusivos, tendo como finalidade a geração da “culpa pelo abandono”. Os danos causados por este grupo são maiores, visto que a desestruturação familiar é muito mais intensa devido à responsabilização que decai sobre um indivíduo em especial. É comum deixar pequenos escritos em locais estratégicos (como pequenos bilhetes, espelhos e etc) que indicam o possível “responsável”.

Imagem de capa:Reprodução

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer

Por Josie Conti

A citação utilizada como título é da  professora de Comportamento Organizacional da London Business School, Tamara Erickson que, em entrevista recente à Época Negócios, abordou essa questão relacionando-a ao mundo dos negócios. Trago-a para nosso espaço, contudo, com um olhar mais generalista no que se refere ao comportamento humano.

Leiam a afirmativa abaixo:

“Cada pessoa traz em si seu universo único e é fruto de sua história e escolhas.”

Normalmente não discordamos da afirmativa acima, entretanto agimos de maneira contrária a sua compreensão real cada vez que supomos que as pessoas ao nosso redor deveriam ter visões de mundo e opiniões iguais ou semelhantes as nossas. Tomamos como reais e universais perspectivas particulares, cremos que nossas escolhas são as mais corretas e verdadeiras, julgamo-nos mais espertos e sagazes que os nossos vizinhos de casa ou de bate-papo. E, querem saber? Estamos errados.

O erro, todavia, não consiste em estarmos mais corretos e sim em não nos colocarmos no lugar do outro para entender que o correto de um é o erro do outro, que o início de um é o meio do outro, que o que foi fácil para um é complexo para o outro. Mesmo filhos dos mesmos pais vivem histórias e realidades diferentes. Imaginem então pessoas de núcleos familiares, classes sociais e tantas outras experiências diversas que a vida proporciona. Não seria muita ousadia nossa achar que as concepções e percepções de realidade devem ser iguais?

Uma dinânica que eu costumava usar em grupos era mostrar uma imagem da Mona Lisa de Leonardo da Vinci e pedir que as pessoas dissessem qual a opinião que tinham sobre ela. Era um momento descontraído, onde eu dizia algo assim: Não quero que pensem em quem a pintou, se ela é famosa ou sobre a técnica. O que eu pergunto é “Se hoje essa senhora entrasse com vocês em um elevador, vocês me diriam que ela tem cara de quê?” E, antes de responder, as pessoas deveriam apenas pensar. Quando, entretanto, começavam a dizer sobre o que tinham pensado, todas as respostas possíveis e imagináveis surgiam. Para cada um a Mona Lisa era uma pessoa diferente, com um estado de humor diverso, em uma situação oposta. Assim é também a nossa realidade, mas no cotidiano que nos circunda somos nós as “Mona Lisas” que cruzam pelos elevadores e preenchem as realidades e cenários da vida.

É por isso que para pessoas de bom senso a dúvida é bem-vinda. É por isso que devemos dar uma oportunidade ao diferente. É por isso que aprender a coloca-se no lugar do outro até entender um pouco sobre a sua visão é uma das características mais nobres do relacionamento humano.

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer. Você não tem que mudar o que quer, mas o outro merece respeito e entendimento por pensar diferente.

Quem encontra maneiras de mediar comportamentos para uma convivência harmoniosa ou se afasta de maneira consciente não precisa falar mal e nem precisa de rancor.

Na próxima vez que se olhar no espelho lembre-se que você e seus pensamentos são a Mona Lisa de alguém. Toda verdade é questionável. As decisões, entretanto, são suas.

Boa sorte no elevador.

O amor é para os atrevidos. Deixe de coisa e vá buscar o seu!

O amor é para os atrevidos. Deixe de coisa e vá buscar o seu!

Então fica assim. Para o bem de todos os amantes, para a saúde de todo ser amado, quem quiser um amor verdadeiro vai ter de ir buscar. Esse negócio de esperar no sofá, a TV ligada, o olhar perdido, a vida em estado de suspensão por longos fios de baba enquanto a pessoa perfeita não vem, tudo isso fica revogado até segunda ordem. Desista que do céu não vai cair.

Quer amor? Levante e vá buscá-lo. Não tem delivery, compra por catálogo, encomenda, disque-pizza. Não se pode pedir pela Internet. Faça por merecer!

Aos distraídos de boca aberta, os encalhados na correnteza, os pesos mortos e os zumbis sentimentaloides só chegam moscas, mariposas, lesmas, vermes e outros pequenos bichos. O amor é para quem sabe o que quer e, sobretudo, para quem sabe o que oferecer.

É para quem se atreve, se arrisca e se lança. Para os que ousam devolver o prato mal feito e o que mais não serve, para os insubordinados e os insatisfeitos, aqueles que procuram e procuram sem fim. Procuram até achar. E quando encontram, cuidam! Se acaso perdem de novo, retomam a busca sem frescura.

Amar é coisa de quem tem coragem de dizer “não”, “sim” e “talvez” quando e como achar que deve. Para os que têm medo, também o amor lhes cabe. Porque só os poços de perfeição, os impecáveis e os soberbos acreditam mesmo que coragem é a ausência do medo. Nós, os imperfeitos confessos, não nos vexamos em borrar as calças de pavor antes de o encarar com coragem. Porque fingir que o medo não existe não é valentia nenhuma. É burrice mesmo.

Se fosse fácil, teria outro nome. Amor dá trabalho. Então deixemos de tanta conjectura, ora essa, e sigamos logo ao que interessa!

Assim seremos, você e eu e todo mundo, como a moça que na infância estremecia quando sua avó a pegava fazendo careta no espelho, “menina, o galo canta, um anjo diz amém e você fica assim para sempre”. Mal sabia ela o que a vida lhe arrumaria. Atrevida, andou de amores por pessoa boa, sorrindo sem mais o quê, quando um arcanjo passou voando baixo, esbarrou no galo e deu-se a profecia da avó: a moça sorrindo de amor ficou assim para sempre. Amém!

Dizem que a experiência faz o mestre… Será?

Dizem que a experiência faz o mestre… Será?

O tempo tem a indiscutível missão de operar transformações em nós. Mesmo a mais teimosa das pessoas, mais dia menos dia, acaba se rendendo às areias do tempo. A passagem dos minutos; das horas; dos dias; dos anos; das vidas, vão modulando dentro de nós a nossa maneira de vermos o mundo, de nos vermos e de entender a maneira do mundo de nos ver.

Quem será que faz os ponteiros dispararem durante o tempo que dura um beijo apaixonado, um fim de tarde morno na praia, um amanhecer azul de inverno visto do topo de uma montanha, a primeira noite de amor, o primeiro colo que oferecemos ao filho recém-nascido, o último abraço de conforto que entregamos ao pai?

Quem terá o poder de fazer emperrar o relógio e impedir que os minutos escoem nas situações dolorosas a que somos submetidos; nas noites insones; nas enfermidades que roubam de nós o brilho da vida; nas experiências de perda que ninguém pode passar por nós.

O tempo que passa é mensurável, real e físico. O que fazemos dele, é tão subjetivo quanto a interpretação de um poema ou a capacidade que temos para descrever o sabor de um beijo. São as experiências vividas que determinam o quanto fomos espertos, lentos ou refratários diante das oportunidades infinitas de aprendizagem às quais somos apresentados a cada dor suportada, a cada prazer sorvido aos poucos ou apressadamente.

A sabedoria que tanto almejamos alcançar tem muito menos a ver com o tempo do que com a nossa disposição em nos entregarmos de corpo inteiro e alma desarmada. É a coragem de aceitar que é inevitável sangrar às vezes, esperar que cicatrize para só então, tentar entender o propósito de nossa passagem por esse planeta tão confuso e belo, ao mesmo tempo, que fará de nós um pouco mais humanos e menos intolerantes.

E, se tivermos alguma paciência, seremos presenteados com lições de rara beleza que nos permitirão avançar alguns passinhos para longe de nossa pretenciosa ambição de controle e poder. E, liberados da ansiedade pelo brilho das glórias, seremos aprendizes eternos. Haverá sempre alguma lição mal compreendida ou pouco aprofundada esperando que abandonemos o conforto das coisas conhecidas a fim de nos aventurarmos por caminhos mais estreitos e pouco iluminados.

A nossa vida aqui neste tempo presente não pode ser aceita simplesmente como a consequência direta de nossas ações e escolhas pregressas; seria simplificar demais acreditar em tão descomplicada explicação. Somos o que fazemos de nós a cada instante. Somos os “sins” e “nãos” que proferimos; somos a mão que estendemos ou o abraço que negamos; somos o alimento que partilhamos ou a sede que infringimos; somos a chuva mansa que acaricia ou a tempestade que arruína.

E o futuro, o que nos espera lá na frente é um mistério insondável, tão assustador quanto belo. A nossa vida no tempo que ainda virá é também a somatória de missões assumidas, desejos projetados e vaidades abandonadas. Para sermos mestres é necessário e indispensável que nos encharquemos de humildade diante daquilo que não podemos modificar. Seremos mestres quando finalmente compreendermos que saber algo ou muita coisa isoladamente, ignorando a necessidade ou contribuição do nosso irmão, é optar pela arma que mutila gerada pela mesma ideia que fez germinar a ferramenta que cura.

Um brinde às taças que se quebram

Um brinde às taças que se quebram

Quando me mudei, depois de morar por doze anos na mesma casa, eu me dei conta de quanto usamos pouco certas coisas por achar que são restritas ao uso em certas datas especiais. Ao abrir a cristaleira e me deparar com aquelas taças todas, eu me lembrei de que elas viviam ali empoeiradas há anos e que algumas delas nunca tinham sido usadas. As taças foram então embaladas, vieram junto da mudança e continuaram morando na mesma cristaleira, só que em uma casa diferente. Nunca tive a ideia de usa-las para tomar suco, água ou para comer morangos com chantilly no dia a dia. Sabe-se lá porque, me ensinaram que as taças de cristal são sós para bebidas e datas especiais. Fui ensinada a separar a roupa “de missa”, o sapato de usar em casa e o de sair. Tenho quarenta e um anos e quem é “da minha época” vai entender.

Em abril de 2014 eu fui salva “pelo gongo” e muita coisa mudou aqui dentro. Se eu tivesse morrido de septicemia naquele três de abril quando a diverticulite que eu nem sabia ter perfurou e evoluiu para uma peritonite, as taças ficariam aqui e junto delas, tudo que dizem serem os meus bens materiais.

Lembro-me de um conto bem famoso no qual o marido contava que sua esposa guardara uma linda camisola por toda a vida esperando usa-la em uma data especial; ela então morre e o marido pede que a vistam com a roupa que ela então finalmente usaria. A morte chegou antes da tal data especial – se é que essa data existe. Uma parábola perfeita para lembrar-nos que só existe o hoje.

No dia vinte e quatro de dezembro de 2015 as minhas taças saíram da cristaleira e foram – junto de toda a porcelana – usadas em uma deliciosa ceia de natal que reuniu a minha família e a do meu marido. Foi aí que eu percebi que o maior valor delas está em ser usada – e se quebrar, quebrou! Uma eu quebrei quando a lavava, livrando-a do pó e do abandono, ela morreu feliz, coitadinha. A outra se quebrou lindamente quando uma das crianças esbarrou nela, correndo em direção ao Papai Noel que chegava com os presentes. Uma terceira, de champanhe, acabou se quebrando no dia seguinte porque eu a esqueci na mesa quando, já depois da festa, decidi tomar “mais uma” com o meu marido. Estávamos embriagados demais para cuidar das taças e felizes por termos passado o natal com nossos pais, com nosso filho, com os irmãos, primos, tios…

As taças também servem para serem quebradas. Não deve ser justo que vivam mais do que nós. As coisas servem para serem usadas e por isso devemos ter apenas o que realmente usamos. Cem pares de sapatos para um par de pés parece não fazer sentido, mas se você os tem, use todos eles. Não guarde nada para uma ocasião especial porque todos os dias são especiais. Tome água numa manhã de segunda-feira difícil naquela taça de cristal. Vá trabalhar com sua melhor roupa quando sentir vontade. Não deixe nada para amanhã porque ele pode não chegar.

Usar tudo que se tem e ter somente o que se usa pode nos ajudar a acumular menos e a ter menor necessidade de comprar mais do que se precisa. Relatos de colegas que trabalham atendendo pacientes acumuladores me ensinaram que uma das características deles é quase nunca usar o que adquirem.

Não deve ser saudável comprar o que não se vai usar. Nem comprar para “guardar”, nem para usar quando houver uma oportunidade. Compre e use, use o que comprou. Não se apegue às coisas, nem lamente quando as louças ou os cristais se quebrarem. Comemore porque foram usados – é para isso que servem.

A vida é traiçoeira conosco. Tive tanto apego aos meus CDs e hoje olho para eles e não consigo conter o riso de pensar que todas aquelas músicas cabem em uma geringonça menor do que a palma da minha mão. Parece que o fim de todas as coisas é não ter valor algum. Mesmo as que estão nos museus, às vezes me dão “gastura”. Quando estive em Liverpool e vi, daquela distância segura, o piano branco do John, dentro do museu The Beatles Story, pensei na hora: “O que vale ver esse piano agora, mudo?”. Chorei é claro, mas queria John vivo tocando em qualquer piano.

Quero levantar um brinde a todas as minhas taças quebradas, às que ainda restam na cristaleira e que quero usar e quebrar ao longo da minha vida. Quero comemorar por estar viva para usar as roupas lindas que compro até que fiquem velhas e também pelos sapatos e as botas que já gastei e que ainda quero gastar andando pelo mundo. Quero agradecer pelo tecido do meu sofá todo manchado pelas estripulias do meu filho e também por todos os enfeites que ele quebrou e que não me fazem a menor falta. Sou feliz por todos os tecidos da minha casa que meus gatos rasgaram ao longo desses anos todos porque uma casa com tudo intacto e no seu devido lugar é uma casa sem vida e a mais linda taça de cristal não vale nada se não for usada.

 

Fique com alguém que te faça agradecer por não ter dado certo com ninguém antes

Fique com alguém que te faça agradecer por não ter dado certo com ninguém antes

Título original:  Fique com alguém que não tenha dúvidas

Por Marina Barbieri, via Deuruim

Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana. A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele. A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não. A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda. Amor que é luta é ego. Amor que rebaixa é dor. E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não orna, não serve.

Fique com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não tenha meias palavras. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples. Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora.

Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros.

Fique com alguém que não deixe existir zonas nebulosas. Que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem. Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa.

(…)

Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais.

Fique com alguém que te transborde. Que te faça sentir que você vai explodir de tanto amor. Que te faça sentir a pessoa mais especial do universo. Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados.

Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for. Que planeje com você um casamento na praia, uma casa no campo e um labrador no quintal. Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você.

Fique com alguém que não se esconda. Que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça. Fique com alguém cujas palavras complementam suas ações.

Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade. Fique com alguém que acredite que você é capaz de tudo aquilo que queira.

Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas. Fique com alguém que te olhe da cabeça aos pés e saiba, sem hesitar, que é você e só você.

Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.

Éramos grandes

Éramos grandes
Quando eu tinha meus 8/9 de idade anos costumava brincar por horas com meus primos e irmãos no terraço da minha vó.  Me sentia gigantemente pequena ali. Aquele terraço parecia ter o super-poder de diminuir as crianças, como minha vó tinha o super-poder de dar falta de uma única folha de qualquer uma de suas plantas. Assustador. Nossas bolas e raquetes que o digam.
Independente de qualquer medo ou roubada que entrassemos por destruir uma das plantas da minha vó, naquela época éramos felizes. Lá, o que importava era se divertir, independente do mundo lá fora.

Em meio aquele aquele terraço, que fazia parte daquele casarão fixo em uma rua, que estava em um bairro qualquer, que era um pedaço de uma cidade, que se encontrava em um estado que era apenas um dos 24 que formam um país, país este que é só um pedacinho de um planeta que se localiza nesse lugar chamado universo que dizem ser infinito, nós éramos, digo novamente, infinitamente felizes. 

Arrisco dizer que a inocência, de certa forma, nos engrandece. É imperceptível, mas me parece verdade. 

Inevitavelmente crescemos e com isso damos conta dos outros. A maioria das vezes, sem dar conta de nossa pequenez. Damos conta do terraço alheio, do universo alheio. Começam as comparações. Ah, malditas comparações! Nos perdemos tentando ser ‘grandes’ como os outros.

Saímos ganhando algo com esse negócio de crescer? Esquecemos como fomos felizes em nossos próprios terraços da vida e começamos a correr atrás de algo, muitas, vezes inalcançável. Continuamos infinitamente pequenos.

Não duvido que se nos dessemos conta do quão pequenos somos, seriamos capazes de melhor aproveitar nossa estadia nesse universo.

Mal sabíamos nós, mas mesmo naquele terraço enorme onde nos sentíamos tão pequenos, fomos grandes naquele tempo. No mínimo, interessante.

Como pensam as pessoas que optam por permanecerem solteiras

Como pensam as pessoas que optam por permanecerem solteiras

O que significa estar solteiro (a)?

Dizer que alguém está “solteiro” é uma maneira popular de definir as pessoas que não estão vivendo um relacionamento estável, seja ele um namoro, morar junto ou a instituição do casamento propriamente dita.

Por que muitas pessoas estão solteiras?

Inúmeros fatores podem influenciar para que uma pessoa esteja sozinha. Todos envolvem a história pessoal de cada um, mas alguns pontos que poderiam ser pensados são:

– Existem as pessoas que estão solteiras, mas que buscam frequentemente mudar essa situação. São aquelas que estão abertas e procurando uma relação;

– Existem pessoas que não se julgam merecedoras de amor e mantém uma estima tão baixa que nem percebem que não criam oportunidades para que um “outro alguém” as perceba como um potencial parceiro (a) amoroso (a);

– Existem pessoas que saíram de outros relacionamentos anteriores e que ainda não se julgam aptas para iniciar um novo ciclo, pois ainda estão organizando em si o fechamento emocional dos ciclos anteriores;

– Existem ainda outras pessoas que têm intenção de se relacionar mais seriamente, mas estão em momentos de suas vidas em que priorizam sua energia para estudos, estabilização financeira e trabalho.

Quais os fatores que interferem em manter ou não uma relação?

Atualmente já não existe a exigência cultural tão marcada para que as pessoas mantenham relacionamentos convencionais.

Tanto homens quanto mulheres costumam trabalhar e possuem capacidade para batalhar pelo seu próprio sustento. Possuem também planos individuais de vida e trabalho que podem não necessariamente envolver uma relação afetiva estável.

Sabemos que, mesmo assim, ainda não existe um total encorajamento social para que as pessoas mantenham-se por conta própria. Mas essa realidade não é mais vista como uma aberração como já foi vista no passado.

Como pensam as pessoas que realmente optam por ficarem solteiras?

“Solidão é ausência do outro; solitude é sua própria presença.” Osho

– Elas aprenderam que não precisam escolher um par por mera convenção social e que hoje podem se sustentar, frequentar lugares como restaurantes e cinemas mesmo estando sozinhas sem que isso seja considerado algo descontextualizado ou pejorativo.

– Elas entenderam que, depois de um longo tempo de relacionamento, podem estar interessadas em uma nova forma de se relacionar com o mundo. Com a possibilidade dos divórcios, por exemplo, não são raras as pessoas que saem de relações longas. Mesmo assim, optam por uma realidade sem vínculos mais próximos;

– Elas conhecem o valor da própria companhia. Possuem hobbies pessoais, respeitam melhor a própria individualidade, aprenderam a ter prazer na solidão e em seus próprios pensamentos e sonhos sem que isso as torne amargas ou seja motivo de vergonha. Elas falam sem nenhuma inibição que optaram por isso.

contioutra.com - Como pensam as pessoas que optam por permanecerem solteiras
Natalia Bryliova 1984 Belarus

– Elas reconhecem o lado bom de estar com alguém e não são avessas a companhia, entretanto também não veem no outro a solução para alcançar a felicidade, pois sabem que a felicidade não será encontrada no outro como uma fórmula mágica ou enredo de conto de fadas.

– Elas podem investir mais em outras relações familiares assim como podem nutrir relações de amizades mais íntimas e profundas;

– Encontram também, como descrito pela escritora Sara Maitland ,

“…o desenvolvimento de gostos pessoais, da originalidade, da gestão do tempo e da independência de pensamento e ação. Suspeito que aumenta a autoestima, além do senso de competência e capacidade. Na verdade, acaba por ser muito boa para a saúde, pois reduz o estresse e, portanto, a frequência cardíaca e a pressão arterial. Dormir sozinho melhora a qualidade do sono e dos sonhos. Mas a maior surpresa é a descoberta de que sozinho você é, de fato, uma pessoa interessante, com muitos recursos inesperados.”

Ou seja…

As pessoas que são solteiras por opção sabem que em um momento ou outro podem entrar em um relacionamento, pois reconhecem que a questão mais importante não é estarem sozinhas ou com alguém e sim estarem bem consigo mesmas.

Imagem de capa: Women in Painting, by Xi Pan

18 Gifs para apaixonados por Charles Chaplin

18 Gifs para apaixonados por Charles Chaplin

Charles Chaplin (1889 – 1977) foi um ator e diretor inglês, também conhecido por Carlitos no Brasil. Sua presença no cinema mudo foi revolucionária trazendo emoção, crítica social e humor através de seus olhos e expressões corporais.

Abaixo, uma selação de 18 gifs animados para os amantes desse grande astro.

Os gifs não estão organizados por data ou filme, mas trazem uma amostra da grandiosidade de seu trabalho.

“Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.” Charles Chaplin

Todos os gifs via GIPHY

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