Se arrependimento matasse

Se arrependimento matasse

“Não posso desfazer a história e tampouco apagar os erros. A única coisa possível é continuar apontado o lápis para escrever o restante que ainda falta.”

(Ita Portugal)

A verdade é que se arrependimento matasse mesmo eu já estaria morta, junto de toda a humanidade. Acho impossível encontrar quem nunca tenha se arrependido. Hoje trago a vocês uma das mais complexas reflexões da existência humana: o arrependimento.

Uma das formas mais concretas de exemplificar e entender como e porque nos arrependemos é observar fotos antigas. Quando olhamos para uma foto tirada há alguns anos e nos deparamos com as roupas que usávamos ou com o corte dos nossos cabelos, a pergunta mais comum que se faz é: “Como eu pude usar isso”?

Nas situações de arrependimento funciona da mesma forma e as perguntas a nós mesmos são: “Como eu pude agir assim”?

A resposta é uma só: Não importa! Naquele momento aquilo fez sentido – por mais estranho que pareça; e se só agora você percebe que não faria aquilo de novo, é porque você mudou, evoluiu, aprendeu.

A aprendizagem acontece quando tomamos consciência de que houve algo de inadequado na forma como nos comportamos e de que poderíamos ter agido de maneira diferente. Para todo comportamento há uma consequência e o arrependimento nasce quando observamos que as consequências dos nossos atos foram ou se tornaram negativas.

Uma das melhores formas de não sofrer é aceitar. A aceitação neutraliza a força danosa do arrependimento. Tudo na vida pode ser aprendizado, é só querer.  Construímos o livro da nossa história não somente com capítulos bonitos e perfeitos. É muito fácil perceber que poderíamos ter agido de forma diferente depois que tudo deu errado, porém, algumas pessoas sofrem em demasia por se arrependerem e acabam adoecendo e não conseguindo seguir – seria o mesmo que perder noites de sono por ter um dia tido a coragem de usar uma roupa ou um cabelo muito bregas, por ter “pago um mico” numa festa, por não ter aceitado uma proposta de emprego ou mesmo por ter namorado alguém de quem hoje você não chegaria nem perto. Como dizem por aí: “quem nunca?” Lembre-se, naquele momento fez sentido.

Vamos entender algumas regras básicas do jogo da vida que vão nos ajudar a superar os arrependimentos:

Viver é arriscar-se.

Arriscar-se poderá dar certo ou não.

Se der errado você terá que aceitar e seguir mesmo assim.

Ao longo do caminho, você acumulará erros e acertos.

Os acertos vão te dar prazer e os erros vão ser o seu aprendizado.

Quanto mais se aprende, menos se erra.

Não paramos de errar nunca.

Só existe uma receita para lidar com o arrependimento e seguir a vida, e essa receita é: perdoar-se! Mais importante do que a perdão do outro, é o perdão que vem de nós mesmos, porque quem não se perdoa não acredita e nem entende que o outro o perdoou. É muito comum utilizarmo-nos do mecanismo da negação para não enfrentar certas realidades, muitas vezes o medo de olhar e se arrepender impede de seguir. O arrependimento se torna um problema quando não conseguimos ultrapassar a barreira do perdão e chegar ao aprendizado e à aceitação – quando “encalhamos” no caminho. Na grande maioria das vezes, tentamos em vão voltar para consertar o erro, ou nos negamos aceitá-lo. Nada disso adianta, então: andemos!

“Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…” Adriana Britto

“Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…” Adriana Britto
h

Certezas

Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.

Adriana Britto

Nota: Texto publicado inicialmente de forma anônima, sendo muitas vezes erroneamente atribuído a Mário Quintana. Também surge com o título “Não Quero”.

Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Histórias reais quase sempre emocionam e quando elas dizem de escritoras e poetisas, as quais admiramos, parece que o fascínio se torna ainda maior. Em comum nessa lista de 14 filmes biográficos estão grandes mulheres que com poesia e prosa mudaram o mundo.

Cada filme, com sua peculiaridade, é capaz de despertar em nós interesse, fascinação e até mesmo desapontamento, pois como leitores não cansamos de idealizar aquelas que um dia nos sussurraram aos ouvidos as mais belas palavras. Espero que gostem da seleção!

1. As Irmãs Brontë / De André Techiné, França, 1979

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme é o quarto do diretor Techiné e inesperadamente foi relançado em 2014 em DVD no Brasil. O enredo se passa em Yorkshire, na Inglaterra do século XIX, e fala da vida das três irmãs escritoras Brontë, Charlotte (Marie-France Pisier), Emily (Isabelle Adjani) e Anne (Isabelle Huppert), que apesar de terem morrido jovens e de terem vivido bastante reclusas, se tornaram ícones da literatura mundial. No filme também aparece o irmão pintor das escritoras, que possivelmente serviu de inspiração para elas em muitos momentos.

2. Entre Dois Amores / De Sydney Pollack, EUA, 1985

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Com uma interpretação maravilhosa de Meryl Streep e de Robert Redford e com uma fotografia e enredo primorosos, é um achado na Netflix. Baseado na história real da escritora dinamarquesa Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke, o filme se passa no começo do século vinte e retrata uma mulher muito à frente de seu tempo que por causa de um casamento por conveniência parte para a África e lá encontra o verdadeiro amor. O livro da escritora intitulado Out Of Africa, deu embasamento para o filme. No Brasil podemos encontrar o livro Sombras na Relva, de Dinesen, no qual ela conta sobre a vida, amores e a fazenda no Quênia.

3. Henry & June – Delírios Eróticos / De Philip Kaufman, Reino Unido, 1990

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme é tremendamente erótico, sedutor e com ótimas interpretações, com destaque para a atriz Maria de Medeiros que interpreta Anaïs Nin. O enredo é tecido tendo como base os escritos de Anaïs em extensos diários bastante detalhados – podemos encontrar o livro da autora, intituladoHenry & June, disponível no Brasil. Recheado de erotismo, o diretor Philip Kaufman conseguiu traduzir cenas sensuais e sexuais sem deixá-las vulgares, pelo contrário. O filme se passa em Paris, no início da década de 30, época na qual o escritor Henry Miller (Fred Word) forma um triângulo amoroso com sua mulher June (Uma Thurman) e com Anaïs Nin (Maria de Medeiros). Anaïs se envolve tanto com o escritor quanto com a esposa dele, enquanto vive uma relação desinteressada com o marido.

4. O Círculo do Vício / De Alan Rudolph, EUA, 1994

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme se passa em meados de 1920 e conta a história da escritora e poetisa norte-americana Dorothy Parker (Jennifer Jason Leigh). Com um físico pequeno, Dorothy não levava desaforos para casa. Com suas frases ácidas e ar destemido se tornou uma das figuras mais importantes, espirituosas e comentadas da América entre os anos 20 e 30. No filme a escritora relembra os tempos em que pertencia ao grupo Algonquin Round Table, formado por amigos escritores de Nova York. Entre festas, romances e amizades com os escritores, Dorothy passa por alcoolismo, comportamento autodestrutivo e tentativa de suicídio. Destaque para a atuação elogiada de Jennifer Jason Leigh e para os diversos atores famosos que aparecem em pontas. No Brasil há um único livro da escritora lançado; uma coletânea de contos intitulada Big Loira.

5. Iris / De Richard Eyre, EUA – Reino Unido, 2001

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

A história de amor entre a escritora inglesa Iris Murdoch e seu marido, John Bailey, também escritor e professor de literatura inglesa, com quem viveu quase 50 anos, é contada em duas épocas distintas: na juventude, quando eles se conheceram, e na velhice, quando Iris sofre do mal de Alzheimer. O filme é interpretado por Kate Winslet (na fase jovem de Iris) e Judi Dench (nos derradeiros dias da escritora). Baseado em dois livros de Bailey (A Memoir e Elegy for Iris), o filme acompanha a agonia de Iris a partir da descoberta acidental da doença, pouco antes dela concluir o seu último romance em 1995. No Brasil podemos encontrar o livro da escritora intitulado A Soberania do Bem, dentre outros.

6. As Horas / De Stephen Daldry

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro “Mrs. Dalloway”. Em 1923 vive a escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e idéias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo. O filme é inspirado em um livro de mesmo nome escrito por Michael Cunningham e é muito bem dirigido por Daldry. Amado e odiado, a película divide opiniões, mas é uma ótima oportunidade para se deliciar com a interpretação de Nicole Kidman como Virginia Woolf.

7. Sylvia – Paixão Além das Palavras / De: Christine Jeffs, Reino Unido, 2003

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme é uma biografia encantadora da poetisa, romancista e contista norte-americana Sylvia Plath. Interpretada com maestria por Gwyneth Paltrow, a personagem mostra uma Sylvia sensível e loucamente apaixonada por Ted Hughes, poeta de quem foi esposa e com quem teve dois filhos. Um passado conturbado, um presente incerto e um futuro nebuloso marcaram a história dessa mulher apaixonada e sensível. Um filme memorável que mostra um belo panorama da vida conjugal de Sylvia e de como o ciúme, a infidelidade e inúmeras incertezas minaram as expectativas dela com relação à vida. Pode ser encontrado na internet em espanhol, contudo com a possibilidade de legendas em português.

8. Miss Potter / De Chris Noonan, EUA – Reino Unido, 2006

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Beatrix Potter foi um verdadeiro fenômeno da literatura no início do século XX. Ela criou uma série de livros e personagens infantis que são amados até os dias atuais. Peter Rabbit é um ótimo exemplo disso. No filme Beatrix é interpretada por Renée Zellweger, antes da plástica facial. Há flashbacks da infância, registros da aristocracia inglesa que definiram a personalidade introspectiva de Beatrix, mas o filme é concentrado no início e no rápido ápice da vida literária da escritora. O foco principal de Noonan não é alimentar conflitos, mas embelezar a arte de Beatrix com muita doçura. Para isso o diretor mesclou a filmagem tradicional com a animação dos desenhos da escritora. Um filme para toda a família que pode ser encontrado facilmente na internet.

9. Amor e Inocência / De Julian Jarrold, EUA – Reino Unido, 2007

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme lindo e delicado conta a história da escritora Jane Austen. Na sociedade inglesa de 1795, os pais de Austen querem casa-la com um rico sobrinho. Mas Jane (Anne Hathaway) quer se casar por amor. E é nesse momento que ela conhece o irlandês Tom Lefroy (James McAvoy), um estudante de direito em visita ao campo. O elenco de atores ingleses é excelente, o figurino, fotografia e trilha sonora também se destacam. E o final é belíssimo. O filme pode ser encontrado facilmente na internet e Netflix.

10. Miss Austen Regrets / De Jeremy Lovering, Reino Unido, 2008

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Esse filme tem como foco os últimos anos da vida de Jane Austen que morreu em 1817, aos 41 anos, e nos apresenta um período da vida da autora diferente daquele do filme Amor e Inocência. O roteiro, baseado nas correspondências entre Jane, sua irmã Cassandra e sua sobrinha Fanny, fala sobre a decisão de Austen de permanecer solteira, as chances que teve de se casar e de como ajudou sua sobrinha Fanny a encontrar um marido. Também vemos nele um pouco sobre a luta para conseguir publicar seus livros e a oposição sofrida dentro da família. A produção do filme é ótima e a fotografia é maravilhosa o que resulta em cenas belíssimas. No Brasil o filme foi lançado pela BBC em um pack juntamente com o filme Razão e Sensibilidade.

11. Enid / De James Hawes, Reino Unido – Irlanda, 2009

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Ainda criança, na era Eduardiana na Inglaterra, a escritora Enid Blyton começa a contar estórias para seus irmãos. Após a I Guerra Mundial, enquanto estudava para ser professora, ela manda seus escritos para vários editores e um deles, Hugh Pollock, não só os aceita, como se casa com ela. Enquanto milhares de crianças a adoram, ela é uma mãe e esposa extremamente fria e manipuladora. Com a separação do primeiro marido ela se casa com Kenneth Waters. Após a II Guerra Mundial, ela é uma escritora popular, amada pelas crianças, contudo muito diferente do que qualquer uma delas pode sequer imaginar. Em 43 anos de trabalho Enid Blyton escreveu mais de 700 livros, tendo vendido até hoje mais de 600 milhões de cópias. Morreu em 1968 com demência. Helena Bonham Carter é quem interpreta Enid Blyton no filme e está primorosa no papel. O filme Enid pode ser encontrado facilmente na internet e seus livros são vendidos no mundo todo ainda hoje, inclusive no Brasil.

12. Borboletas Negras / De Paula von der Oest, Alemanha, Africa do Sul, Holanda, 2011

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Borboletas Negras, dirigido por Paula von der Oest, conta a história de Ingrid Jonker (interpretada por Carice van Houten), escritora sul-africana que viveu na época do Apartheid. Tornou-se conhecida quando Nelson Mandela leu o poema “A Criança que foi Assassinada pelos Soldados de Nyanga”, no seu primeiro discurso como presidente da África do Sul. Ingrid Jonker nasceu em 19 de setembro de 1933, e residia na cidade do Cabo. A vida da poetisa foi marcada pela difícil relação com o pai, Abraham Jonker, que não reconhecia o talento literário dela e a rejeitava. Casou-se, em 1956, com Pieter Venter, e teve uma filha chamada Simone. Porém, logo se divorciou e passou a se envolver com outros homens. Dentre eles, os escritores Jack Cope e André P. Brink. O primeiro é mostrado, no filme, como o grande amor da vida da poetisa. Jonker começou a escrever poemas aos seis anos de idade e o fazia no idioma Afrikaans. O filme é de uma densidade e intensidade incrível e mostra como uma alma sensível pode ser abalada irremediavelmente pelas agruras da vida. Pode ser encontrado na internet.

13. Flores Raras / De Bruno Barreto, Brasil, 2012

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

Eu preciso confessar que esse filme foi uma boa surpresa que me caiu no colo durante uma viagem daquelas nas quais a TV só sintoniza alguns poucos canais. Ambientado no Brasil dos anos 50, o filme conta a história do relacionamento entre a poetisa norte‐americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Extremamente rico e, ao mesmo tempo, bastante conturbado, esse relacionamento rendeu bons frutos: o auge da poesia de Bishop e a construção do Aterro do Flamengo, obra arquitetônica mundialmente conhecida de Lota. O filme é de uma delicadeza sem fim e os créditos vão para a interpretação de Glória Pires como a arquiteta brasileira, com um inglês fluente e atuação bastante convincente.

14. Florbela / De Vicente Alves do Ó, Portugal, 2012

contioutra.com - Grandes mulheres da literatura em 14 filmes especiais

A famosa poetisa Florbela Espanca (1894 – 1930) vive em Portugal na época do fim da Primeira República. Depois de uma separação traumática, ela aceita se casar para encontrar estabilidade e ter paz para escrever. Mas ela logo fica entediada e, após receber uma carta do irmão, vai correndo encontrá-lo em Lisboa, procurando inspiração e proximidade do círculo literário da capital. Ela vive com intensidade o estilo de vida urbano e embora o marido tente trazê-la de volta, e o irmão seja obrigado a partir, Florbela sente que encontrou seu lugar. Na cidade surge a inspiração para os seus maiores poemas. Tendo um pai que não a reconheceu em vida, um amor exacerbado pelo irmão, três casamentos, dois abortos e três tentativas de suicídio, sua história por si só é perturbadora. Um filme amado e detestado na mesma medida, contudo válido, com uma atuação convincente de Dalila Carmo como Florbela. O filme pode ser facilmente encontrado na internet.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Porque a pausa é tão importante como o caminho

Porque a pausa é tão importante como o caminho

Parar.

Descontinuar, desacelerar, pausar.

Porque para dar continuidade, é preciso pausar, senão o fio enrosca, a tinta seca, o elástico arrebenta, a energia finda, o amor se cansa.

O tempo nunca para, mas também não sente, não muda o ritmo, não desiste.

Nós, pessoas que vivemos dentro da dança do tempo, precisamos sim de pausas e descansos para retomar a marcha que sai do planejado. De vez em quando fugimos do prumo, da rota, perdemos a bússola e deixamos a vida à deriva. Não encontramos a motivação, sentimos medo, sofremos temendo que será definitivo, que por fim fomos rendidos pela exaustão. Mas não. A vida só está exigindo uma pausa.

Pausa para retomar as forças. Encher os pulmões e o peito de coragem.

Pausa para encadear os pensamentos. Renovar o que vale, descartar o lixo.

Pausa para sentir saudades de um afeto. E para fazer falta também.

Pausa para estar só e sentir-se só. E estar a sós para refletir.

Pausa para descansar, para relaxar, para delirar, contemplar, descomplicar.

Pausa para entender que as pausas são a reposição do fôlego perdido nas perdas, sejam elas de tempo, energia, dinheiro, esperanças, ilusões, confiança, fé, inspiração.

As pausas renovam e curam. O ritmo se reestabelece, as cores voltam, e com elas, a motivação para encarar o novo. Sim, porque o novo só chega após uma pausa. Porque uma emenda dificilmente se sustenta, porque um remendo será sempre a parte mais frágil de um todo. Porque é preciso romper para recomeçar, findar os ciclos, finalizar pendências, zerar o relógio e fechar a boca por alguns instantes. Deixar o silencio formular as respostas que ainda não temos em palavras nem atitudes.

Pausa não é adeus. É tchau, vou ali em outra sintonia encontrar comigo a sós e então volto com respostas e planos para o futuro.

Dica de livro: Anticâncer, de David Servan-Schreiber

Dica de livro: Anticâncer, de David Servan-Schreiber

O livro sobre câncer mais vendido em todo o mundo.

Em 1992, no decurso de uma experiência realizada no seu laboratório de investigação, um psiquiatra francês, então com 31 anos, descobriu que tinha um tumor maligno no cérebro. David Servan-Schreiber aceitou combater a doença aliando o tratamento médico tradicional (cirurgia, radioterapia e quimioterapia) com uma filosofia e postura proactiva, que abrangia as terapias alternativas, e o que posteriormente veio a confirmar-se o essencial: um estilo alimentar auto-regenerador, eliminando da sua dieta alimentos que faziam mal a si e à sua doença. Assim, David travou o alastramento de uma doença grave durante vinte anos. Ao longo deste período o doutor publicou dezenas de artigos sobre câncer, depressão, EMDR, etc., em revistas científicas, enquanto dividia o seu tempo a proferir várias conferências internacionais.

Nas páginas de “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais”, que se tornou um verdadeiro ‘best-seller’ mundial, traduzido para mais de 40 línguas, o autor dá exemplos do que inibe e activa as células imunitárias, ou seja, o que trava e alastra as células cancerígenas. Com propriedades benéficas para o sistema imunitário de pacientes com cancro David nomeia, por exemplo, seguirem uma dieta mediterrânica (que em Dezembro de 2013 foi inscrita na lista do Património Imaterial da UNESCO), potenciarem sentimentos de alegria e serenidade, terem apoio da família e amigos e fazerem actividade física com regularidade. No capítulo 6 intitulado ‘O câncer alimenta-se de açúcar’ o autor escreve um texto bastante interessante advertindo a quem sofre da doença sobre o perigo da ingestão de glucose em demasia. Acrescenta que «o câncer apenas surge se as células cancerosas encontrarem terreno “fértil” para proliferar.» ‘Alimentos Anticâncer’ intitula-se, talvez, o mais esperado capítulo deste livro. São aproximadamente 45 páginas em que o autor aconselha alimentos que evitam a angiogénese (crescimento de um tumor), como os ácidos graxos ómega-3, o chá verde, açafrão-das-índias, etc. Preciosos testemunhos e dicas alimentares que o próprio confirmou serem benéficas, podem ser lidas ao longo das cerca de 400 páginas deste livro. O livro além das reflexões de Servan tem citações de vários e notáveis cientistas. As notas bibliográficas com referência aos textos que o autor cita estão disponíveis na última parte do livro, para que não haja margens para cepticismo, por parte de leitores mais reticentes. Nesta obra, que segundo o ‘New York Times’ «Em muitas casas, este livro vai provavelmente tornar-se uma Bíblia», o autor de ‘Curar’ e ‘Antes de Dizer Adeus’, falecido em 2011, apresenta métodos naturais para cuidar da saúde, que podem contribuir para evitar o desenvolvimento do câncer. Quem, a meu entender, é o público-alvo de ‘Anticâncer’? Quem tem câncer e quem não tem.

Trechos:

«As nossas células imunitárias também são sensíveis às nossas emoções. Reagem positivamente a estados emocionais caracterizados por uma sensação de bem-estar e sentimentos de união com aqueles que nos rodeiam.» (p. 81)

«Existe uma causa para a superprodução de substâncias inflamatórias que raramente é mencionada quando se fala em cancro: o sentimento persistente de desamparo, de um desespero que não dá tréguas.» (p. 91)

A indicação de leitura é do nosso blog parceiro Silêncios Que Falam (Site; Facebook)

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas.

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas.

Por Josie Conti

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas. 

Mesmo após crescermos e nos tornarmos adultos,  nossa história de vida e essência de valores e memórias nos acompanha.

Crianças mimadas podem manter traços mais egoístas na vida adulta uma vez que não treinaram e nem perceberam no momento certo como acontecem as trocas afetivas e as vantagens sociais e emocionais decorrentes de realizá-las. Da mesma forma, pessoas que passaram por restrições e carências emocionais e/ou financeiras podem, mesmo depois de teoricamente sanadas suas necessidades, manter um sentimento forte de vazio e falta que pode prolongra-se indefinidamente.

A colunista da Folha, Mirian Goldenberg, explanou no artigo Tortura emocional sobre como ao longo de sua carreira vem entrevistando pessoas que, mesmo após constituírem famílias e firmarem carreiras de sucesso, permanecem se definindo como “mendigos emocionais” ou mesmo “pessoas farsantes”, pois sabem que mostram uma realidade ao mundo exterior, mas sentem-se sempre como artistas encenando vidas que não são as suas. São exemplos os maridos que não conseguiram lidar com a divisão da atenção do amor da esposa quando nasceram os filhos, pessoas que, mesmo com mais de 60 anos e já com os pais mortos, ainda remoem sobre o carinho e amor que não receberam na infância.

Temos também os avarentos que, mesmo vivendo em meio a riqueza, não são capazes de usufruir dos benefícios do dinheiro. Não conseguem vislumbrar a possibilidade do conforto ou mesmo do prazer de poder dar e receber.

Outro dia ouvi de um “possível avarento” que ele não gostava de ganhar presentes no aniversário, pois depois tinha que retribuir. Outro, não menos egoísta, queria saber o valor do presente que ia ganhar, para não gastar mais com seu presente do que com o que ganharia.

A miséria subjetiva dos exemplos acima são a cobertura de muitos bolos que vemos por aí e que chegam até nós disfarçados de carros de luxo e roupas de grife. Quantas vezes uma estima lastimável não é a real motivação para pessoa ter que se destacar em tudo e aparecer em público com coisas que considera superiores ao que os outros usam?

Quanto maior a armadura criada, mais frágil o seu conteúdo.

Amadurecer envolve a percepção desses mecanismos adaptativos falhos que vão sendo utilizados ao longo da vida para sanar carências e outras deficiências afetivas. Temos que ter em mente que cada pessoa usará os meios que conseguiu para sobreviver, mas quando acontece a percepção de que as escolhas que foram feitas até o momento não trazem real satisfação ou mesmo que elas, mesmo sem ser boas, repetem-se ao longo da vida, é o momento de rever suas origens. Por isso psicólogos e psicanalistas falam da infância e buscam os momentos onde essas fendas começaram a se formar. Afinal, o autoconhecimento precisa respeitar a história e os ciclos de toda uma vida.

David Servan-Schreiber

David Servan-Schreiber

David Servan-Schreiber formou-se em Neuropsiquiatria pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos da América. Venceu o câncer por duas vezes, combinando a medicina tradicional com um estilo alimentar estimulante e auto-regenerador. Esta sua nova filosofia de estar travou o alastramento de uma doença grave durante vinte anos. O médico e cientista francês faleceu em 2011 e deixou um importante legado no que respeita a formas naturais de combater o câncer, doença causadora de cerca de 13% de todas as mortes no mundo.

Nascido em França em 1961 David Servan-Schreiber iniciou os seus estudos superiores na Faculdade de Medicina Necker-Enfants, em Paris, tinha então 17 anos de idade. Concluiu o curso em 1984, no Canadá. Exerceu a profissão de médico e pesquisador na área das neurociências, dedicou-se à investigação em cibernética e criou em 1988 com Jonathan Cohen um laboratório de neurociências cognitivas. Foi professor de Psiquiatria na

contioutra.com - David Servan-Schreiber

Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh onde leccionou entre 1993 e 1996, e onde criou e dirigiu o Centro de Medicina Complementar. Foi um dos fundadores da delegação dos Médicos sem Fronteiras nos Estados Unidos. Em 1992, David Servan-Schreiber tinha 31 anos quando foi-lhe diagnosticado um tumor no cérebro. Em 1997 o tumor reincidiu-lhe e foi nessa altura que David percebeu que tinha de procurar uma nova maneira de viver sem se submeter à quimioterapia e radioterapia. A sua postura proativa, levou-o a se interessar pelas terapias alternativas e a fazer uma triagem dos alimentos que faziam mal a si e à sua doença. Exerceu a sua profissão de psiquatra até 2002, ano em que foi eleito o melhor psiquiatra clínico da Pensilvânia. Além de ter publicado dezenas de artigos em revistas científicas, David dividiu o seu tempo a proferir várias conferências internacionais. Regressou a França, onde se dedicou à psicoterapia por integração neuro-emocional através dos movimentos oculares: EMDR Eye Movement Desensitization and Reprocessing (este método de cura promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, e está descrito no livro ‘Curar: o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise’, que o médico escreveu em 2003). David Servan-Schreiber acabou, no entanto, por falecer em Julho de 2011, em França, aos 50 anos, na decorrência do reaparecimento do câncer que lhe foi diagnosticado em 1992, deixando a mulher Gwenaëlle e três filhos. Antes da partida David disse: «Ter a possibilidade de preparar a partida é, na verdade, um grande privilégio», e foi por isso que escreveu o que é descrito como o seu livro de despedida: ‘Antes de Dizer Adeus’.

Além dos dois livros já mencionados David Servan-Schreiber escreveu «o livro sobre cancro mais vendido no mundo», “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais” , publicado no Brasil pela Editora Objetiva, que se tornou um verdadeiro ‘best-seller’ mundial, já traduzido para mais de 40 línguas. Na obra, que segundo o ‘New York Times’ «Em muitas casas, este livro vai provavelmente tornar-se uma Bíblia», o autor fala da sua própria experiência com um câncer cerebral, complementando o tratamento convencional – cirurgia, quimioterapia e radioterapia – através da modelação das defesas naturais por controlo emocional e seguindo uma dieta específica.

Visita o nosso blog parceiro Silêncios Que Falam (Site; Facebook)

Quem ama comete loucuras

Quem ama comete loucuras

O amor arrebata e eleva a intensidade de tudo o que sentimos, exagerando-nos os sentidos, intensificando os prazeres que fazem parte do nosso caminhar, tornando-nos mais felizes e realizados. E isso nos faz tão bem, que não nos furtamos de ousar, arriscar e de quebrar paradigmas em nome da manutenção daquilo tudo em nossas vidas. Há que se perder a razão pelo amor, salvando-se logicamente a dignidade, mas chegando às raias do impossível, pois amor não tem limites, a não ser a manutenção da integridade do amor próprio.

Quem ama respira ares tranquilos, fica de bem com a vida, não se importando com as opiniões de gente negativa e sugadora de energia. O escudo amoroso é imune à inveja, à maledicência e ao mau-humor, pois absorve sempre o lado bom de tudo o que está ali ao seu redor. As coisas tornam-se mais claras quanto à sua importância ou não, ou seja, o amor é filtro do bem, pois reflete nada menos do que a felicidade pura.

Quem ama perde medos bobos, sem fundamento, desprendendo-se de convenções e normas que não se sustentam. Os limites não mais se prendem a preceitos sociais duvidosos, mas se formam a partir da real possibilidade de avançar sem se machucar ou machucar alguém. Caso não haja aviltamentos ou extrapolação de convicções morais próprias, permite-se a libertação das amarras que atravancam a luta pela felicidade.

Quem ama faz o que jamais faria, sonha o que nunca sonharia, age como não agiria, pois avança, transforma-se, renova-se, acordando tudo aquilo que dormia em seu íntimo, clamando por uma saída. Quando vivemos o que nos torna melhores, mudamos nossas perspectivas, percebendo com mais clareza o que realmente vale a pena manter conosco e o que não é digno de atenção. O amor não perde tempo, não se irrita com o que é irrelevante, não gasta energia com o que é inútil.

Quem ama se entrega por inteiro, doa-se sem reticências, sem hesitações, pois não teme a aceleração das batidas do coração, o suor que molha as têmporas, o frio que percorre o corpo, cedendo às necessidades de seus desejos, de corpo e alma. E, por isso mesmo, recebe em troca a inteireza da reciprocidade amorosa, sentindo-se realmente importante na vida do outro, pela profundidade dos olhares que se voltam em sua direção, desnudando-lhe a alma.

Amar é preciso, porque viver é preciso. Vivemos melhor e mais felizes quando amamos, quando compartilhamos sonhos, sentimentos e bagagem com quem é sincero e admira tudo o que temos, somos e queremos. Tornamo-nos mais reais e seguros quando estamos certos de que alguém está ali do nosso lado, torcendo por nós e pronto para amparar as nossas quedas.

O amor nos torna ousados, destemidos, pois se mune de transparência e nos humaniza, equilibrando a luz e a escuridão que todos carregamos, trazendo a dor e o prazer que nos faz viver o que merecemos, na medida exata do que fizemos por merecer.

O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Em comum em todos os filmes listados abaixo está o amor maduro, despido dos delírios românticos da juventude, mas tão belo e tocante quanto. Esse é um amor que acontece na vida enquanto andamos por ela, muitas vezes ligeiramente distraídos. Como cada um de nós lida com ele? Isso depende de tudo que somos. O amor não escolhe seu paradeiro, ele só escolhe ser. Tomei o cuidado de escolher filmes cujas personagens femininas são preponderantes. Em grande parte dos casos o enredo gira, principalmente, em torno delas.

Espero que gostem!

1. Entre Dois Amores / De: Sydney Pollack, EUA, 1985

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Entre Dois Amores é um daqueles filmes que marcam época e emocionam.  Com uma interpretação maravilhosa de Meryl Streep e de Robert Redford e com uma fotografia e enredo primorosos, é um achado na Netflix. Baseado na história real da escritora dinamarquesa Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke, o filme se passa no começo do século vinte e retrata uma mulher muito à frente de seu tempo que por causa de um casamento por conveniência parte para a África e encontra lá o seu verdadeiro amor. Preparem os lencinhos, pois esse filme emociona.

2. As Pontes de Madison / De: Clint Eastwood, EUA, 1995

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

O filme adaptado da obra homônima de Robert James Waller se passa em 1965 e relata a história de Francesca (Meryl Streep), uma solitária dona de casa italiana residente em Iowa, que enquanto o marido e filhos se encontram fora, conhece e se apaixona pelo fotógrafo Robert Kincaid (Clint Eastwood), que chegou ao condado de Madison para fotografar as pontes do local. O filme é inesquecível e está disponível na internet mediante pagamento, mas vale a pena perguntar a um amigo cinéfilo se pode emprestá-lo. Impossível não se emocionar com um dos mais românticos filmes da década de 90.

3. O Encantador de Cavalos / De: Robert Redford, EUA, 1998

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Encantador de Cavalos é um filme inspirado em um livro de Nicholas Evans. O roteiro gira em torno da história de recuperação de uma adolescente interpretada por Scarlett Johansson que junto da mãe (Kristin Scott Thomas) parte com um cavalo, em busca de um treinador talentoso e recluso (Robert Redford) que ensinará a elas muito sobre a vida e o amor ao mesmo tempo em que recupera o animal. Um amor maduro dedilha o coração do treinador e da mãe da adolescente. Imperdível para quem ama filmes cheios de muito romance e de lições de vida.

4. Sylvia – Paixão Além das Palavras / De: Christine Jeffs, Reino Unido, 2003

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Esse filme é uma biografia encantadora da poetisa, romancista e contista norte-americana Sylvia Plath. Interpretada com maestria por Gwyneth Paltrow, a personagem mostra uma Sylvia sensível e loucamente apaixonada por Ted Hughes, poeta de quem foi esposa e com quem teve dois filhos. Um passado conturbado, um presente incerto e um futuro nebuloso marcaram a história dessa mulher apaixonada e sensível. Um filme memorável que mostra um belo panorama da vida conjugal de Sylvia e de como o ciúme, a infidelidade e inúmeras incertezas minaram as expectativas dela com relação à vida.

5. Sob o Sol da Toscana / De: Audrey Wells, EUA – Itália, 2004

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Frances Mayes, interpretada por Diane Lane, é uma escritora que vive em São Francisco até se divorciar. Ela recebe como presente de amigas um pacote turístico para a Itália. Durante a excursão, Frances passa pela Toscana e num momento mágico resolve comprar uma casa com mais de 300 anos. Enquanto ela cuida de sua nova casa acaba conhecendo muitas pessoas e se apaixona. Uma ótima pedida para quem gosta de filmes com personagens maduras e fortes que conseguem dar a volta por cima.

6. Apenas uma Vez / De: John Carney, Irlanda, 2006

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Esse filme é encantador. Uma mulher casada que vende rosas nas ruas se encontra com um músico compositor e a magia simplesmente acontece. A admiração mútua entre ambos faz florir um repertório musical único cheio de muita parceria. É o amor que brota em meio às intempéries, justamente quando não pode ser. Nesse caso a personagem feminina tem tanto peso quanto a masculina e a beleza do enredo está, para mim, no fato de que a vida é retratada justamente como ela é. Além do enredo, a trilha sonora é inesquecível.

7. Meus Dias no Cairo / De: Ruba Nadda, Canadá-Irlanda, 2009

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Esse filme é uma pérola de uma delicadeza sem fim. Fala sim do choque cultural entre ocidente e oriente, mas tem como foco principal um amor maduro, que nasce do desejo e da admiração. Que brota entre as restrições. Um filme extremamente íntimo e pessoal. Juliette (Patricia Clarkson) trabalha como editora de uma revista no Canadá. Ela e seu marido (Tom McCamus), um funcionário da ONU, resolvem se encontrar no Cairo durante as férias, contudo, tendo tido um contratempo, o marido pede para Tareq (Alexander Siddig), um amigo seu, que faça companhia para sua esposa.

8. Comer, Rezar, Amar / De: Ryan Murphy, EUA, 2010

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Impossível falar de mulheres fortes e maduras, sem se lembrar desse filme. Julia Roberts está espetacular interpretando a escritora norte-americana Elisabeth Gilbert que resolve se divorciar e largar tudo, seguindo para a Itália, Índia e Bali. Em sua última parada conhece um brasileiro que faz seu coração bater mais forte. O filme é uma biografia encantadora da escritora e tem motivado mulheres do mundo todo.

9. A Chave de Sarah / De: Gilles Paquet-Brenner, França, 2010

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Esse filme é bastante impactante e diferente dos outros aqui listados, pois não trata do amor romântico. Morando em Paris com o marido francês, Bertrand, e uma filha adolescente a repórter Julia Jarmond (Kristin Scott Thomas) está prestes a se mudar para um pequeno apartamento, pertencente à família do marido, quando descobre que o local guarda uma ligação com a história de Sarah, uma menina judia, vítima da ocupação nazista na França em 1942. Julia busca descobrir a verdade sobre Sarah e sobre sua própria vida, reavaliando suas decisões em um momento delicado no casamento, onde sua vontade pode determinar o fim dele e o começo de uma nova fase.

10. W.E. – O Romance do Século / De: Madonna, Inglaterra, 2011

contioutra.com - O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

A história real de Wallis e Edward – o título do filme vem das duas iniciais – é uma trama extraordinária. Em meados dos anos 1930, o mundo está às vésperas da segunda guerra mundial, e Edward, o herdeiro do trono da Inglaterra e do Império Britânico, apaixona-se perdidamente por uma mulher plebeia, não britânica, casada, já divorciada uma vez e americana chamada Wallis Simpson. Nesse filme, assim como em “A Chave de Sarah”, a trama é contada em dois planos. Um deles diz do passado e da história de Wallis e Edward, o outro fala de Wally, uma mulher infeliz no casamento que admira a história do casal. Novamente temos aqui os holofotes voltados para as duas figuras femininas do filme: Wallis e Wally. Lindo, vale muito a pena.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Por Josie Conti

Nós podemos priorizar pessoas em situações de emergência. Podemos exercer o altruísmo e darmos mais do que recebemos quando é possível fazê-lo. Podemos também ser gentis e receptivos socialmente, entretanto, na rotina dos relacionamentos, priorizar constantemente quem nos deixa sempre em segundo plano não costuma ser uma atitude que traz real satisfação pessoal.

Quando percebemos que isso é uma realidade em nossas vidas é necessário olhar com atenção e entender se o que está acontecendo é algo que faz parte da dinâmica do relacionamento onde, em alguns momentos, um dos pares está mais disponível que o outro ou se estamos falando de uma constante relação de submissão e busca por um retorno profissional ou afetivo que não tem grandes chances de mudança- ou que talvez não tenha os melhores resultados através desse tipo de posicionamento pessoal.

Podemos pensar em alguém com uma estima baixa como, por exemplo, uma pessoa que não se sentiu amada na infância e que pode passar a vida esperando ser reconhecida justamente por aqueles que não a veem como alguém de valor. É como se as escolhas fossem exatamente direcionadas para aqueles que só podem lhe oferecer migalhas de afeto e atenção. Quando a atenção é plena e total é mais provável que surja mais o desinteresse do que propriamente a felicidade. Afinal, como alguém “realmente interessante e desejável” poderia querer alguém com ela? Esse tipo de situação não é incomum em amores platônicos por pessoas hierarquicamente superiores no trabalho ou mesmo por pessoas que não estão disponíveis para amar e realmente se entregar a uma relação.

Também não seria incomum esse comportamento em pessoas que tiveram uma infância muito rígida e disciplinada onde o afeto só acontecia mediante a entrega da perfeição. Pessoas que crescem nesse tipo de ambiente tendem a esconder suas próprias falhas, pois as supervalorizam. Tendem, ainda, a atribuir demasiado valor ao que vem de fora e sujeitam-se a receber menos, assim como acontecia com seus pais, mantém-se em posição secundária e subordinada.

Lembre-se que se existe um escravo na relação  é porque na outra extremidade dela existe um senhor. Entretando, muito do poder que esse “senhor” exerce pode ser fruto apenas do que você lhe atribui. Nesses casos, talvez seja a hora de rever o motivo de você estar sempre em segundo plano e trabalhar para libertar-se.

Imagem de capa: Anna Dittmann

Quer saber mais sobre a psicóloga Josie Conti? Acesse https://www.josieconti.com.br/

Das memórias não tidas

Das memórias não tidas

Algo que as próximas gerações não vão poder nem querer fazer: frequentar locadoras de filmes.

Eu, pessoalmente, acho meio triste. Longe de mim condenar a Netflix e o uTorrent, mas esse pessoal mais novo (ou o da minha própria geração que não o fez), acaba sendo privado de algumas boas memórias.

Nunca vão ter, por exemplo, a oportunidade adentrar aquele recinto e sentir o cheirinho do local (tem sim!), nem de sair satisfeito com três títulos em mãos. Nunca vão poder examinar título por título uma sessão de filmes à procura de algo interessante para assistir. Não vão também ter a frustração de não achar nada que interesse. Nunca serão mirados pelos olhos impacientes dos pais em seus dias mais apressados: “Já escolheu?”, nem prometerão assistir aqueles 5 filmes em único final de semana “porque todos parecem bons!”. Não vão ter que pedir uma indicação do dono ou funcionário do estabelecimento nas horas em que tudo parece chato. Não vão ter a emoção de chegar em casa e ir direto para sala assistir aquele que aparenta ser o melhor entre os filmes escolhidos. Nunca vão sentir o entusiasmo de saber que a continuação daquele filme que você tanto ama finalmente chegou em sua locadora, nem a decepção de descobrir que todas as fitas/DVD’s dele foram locadas. Também não vão ter que passar pelo desespero de perceber que perderam, quebraram ou arranharam uma fita ou DVD. Nunca vão fazer aquela maratona obrigatória, porque a data da entrega é no dia seguinte e por fim, não vão poder descobrir outros mundos a partir daquele mundinho que é aquele espaço cheio de histórias filmadas.

É, a verdade é que parte da minha empolgação com a chegada dos finais de semana se foi junto com a era das locadoras. A da Aprígio Nepomucemo que o diga. Não era a maior nem a melhor de Campina Grande, mas foi a que ficou no coração. Que descanse em paz.

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Disseram, certa feita, que podem tirar tudo de nós, menos o nosso conhecimento. A capacidade que o ser humano tem de refletir criticamente sobre a vida é o que determinada, em grande medida, a sua liberdade. Dito isso, caso o indivíduo esteja preso a círculos de pensamentos que não seus, isto é, seja tão somente um reprodutor de um discurso que lhe é passado, torna-se impossível ser livre e, consequentemente, será um escravo do sistema.

Na contemporaneidade, a escravidão não se dá nos moldes antigos, baseada na coerção e na força, como também no controle do pensamento, alienando o indivíduo e transformando-o em um autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos. Sendo assim, a classe dominante cria amarras invisíveis, a fim de que os indivíduos mantenham-se subjugados, sem que percebam a prisão que os envolve.

Essa cegueira se dá em virtude da falta de reflexão crítica que os indivíduos possuem, de modo que se torna muito fácil moldá-los à realidade que os dominantes julgam como necessária à manutenção do status quo. O enquadramento ao modus vivendus determinado pela classe dominante se dá através daquilo que George Orwell chama de controle da realidade ou duplipensar, que “[…] quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e aceitar ambas”.

Ou seja, a realidade é construída pelos detentores do poder, nas relações de força na sociedade, de maneira que esta é modificada e ajustada de acordo com os interesses do momento histórico. Os dominados, ou a “prole”, como Orwell prefere, apenas aceita a verdade imposta, ainda que esta seja contraditória e vise à manutenção das discrepâncias sociais.

Como não dá para aceitar duas crenças simultaneamente, os indivíduos confusos não conseguem entender a verdade por trás do que lhes passam como realidade, de modo que permanecem em uma ignorância contínua. Essa ignorância é apresentada como sinônimo de força pelo Partido, na obra 1984. Não é preciso dizer que o lema do Partido realmente produza força, mas apenas para os que detêm o monopólio da força nas microrrelações de poder no âmbito social.

Estendendo à nossa realidade, o Partido pode ser lido não somente como a classe política, mas como todos aqueles que se propõem subjugar as classes inferiores, a fim de manterem-se no poder. Para tanto, fazem de tudo para que sejamos massas de manobra em suas mãos, modelando-nos de acordo com os seus interesses. Somos despersonalizados, para que não consigamos exercer a capacidade reflexiva, o que levaria a questionar as mazelas sociais.

O pensamento, dessa forma, é controlado através de elementos como a mídia e a publicidade. Exerce-se, portanto, o poder da polícia do pensamento, como aparece no livro, mas sem o uso da coerção, como já foi dito. Utilizam-se outros elementos, como a sedução da sociedade de consumo, com as suas inúmeras fórmulas de felicidade e prazer, apresentadas nas propagandas.

Todavia, o controle do pensamento se dá do mesmo modo, sendo, inclusive, mais eficaz, visto que, inexistindo uma coerção física para os que se afastam da linha, há um trabalho muito mais forte de sedução, para que, voluntariamente, os indivíduos tornem-se servos e abdiquem do seu direito de pensar.

Assim, excetuando poucos indivíduos que ousam questionar o sistema e procuram exercer a sua capacidade reflexiva, a grande maioria está totalmente adequada ao sistema, vivendo feliz em sua ignorância. Vivendo vidas mecânicas, são incapazes de tirar as vendas que os dominantes, sob os seus consentimentos, colocam em seus olhos.

Ainda que as condições sejam difíceis, há a possibilidade de não se condicionar a esse sistema opressor. Todavia, cada vez mais facilmente as pessoas têm aceitado as crenças contraditórias da classe dominante, permanecendo imersas na sua pobreza e ignorância, mesmo que não percebam ou não queiram perceber.

Embora livres e pensativos, estamos condicionados a viver de forma servil, sendo oprimidos por um sistema que apenas visa ao bem estar de poucos. No entanto, se mudarmos as condições, podemos mudar as respostas e, assim, tomaremos as rédeas das nossas vidas, podendo pensar por nós mesmos e não sendo meros reprodutores de um discurso opressor e hierarquizante.

Quando aprendermos, como diz Orwell, que a verdade não é questão de estatística, seremos seres pensantes e, como indivíduos capazes de produzir o próprio conhecimento, seremos livres, pois deixaremos de ser condicionados e ignorantes, uma vez que:

“De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância.”

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.
Young couple in love outdoor

Tudo o que nos move tem que ser apaixonante, tem que ter envolvimento completo, verdadeiro e inteiro, entrega suada e isenta de incertezas. Daí necessitarmos da paixão como combustível de vida, como alimento dos anseios de nossa alma, para que nossa jornada se torne, sobretudo, limpa e transparente, pois assim nossas lembranças guardarão momentos mágicos, que nos ajudarão a nos despedirmos tranquilamente das pessoas e do mundo que perpetuarão o nosso legado.

É preciso muito cuidado ao determinarmos os objetos de nossos desejos, principalmente no que diz respeito ao que eles efetivamente nos acrescentarão, ao que embasa nossa busca por determinadas coisas. Caso estejamos pautando nossos sonhos por razões meramente materialistas ou buscando montar um mundinho de aparências hipócritas, nada agregaremos à construção de uma felicidade completa, a qual deve ser nosso norte, em todos os momentos de nossas vidas.

Quando nos cercamos somente de perfumaria, o que temos a oferecer é algo por demais volátil e incapaz de sustentar verdades duradouras. Dessa forma, poderemos até enriquecer nossa conta bancária e inflar nossos álbuns virtuais, no entanto, permaneceremos tão incompletos quanto o que éramos desde o início. Objetos, bens e fachadas suntuosas são incapazes de enriquecer os anseios de nossa essência, pois ela não se preenche materialmente, mas sim com sentimentos verdadeiros.

Nossas conquistas devem ter o sabor da verdade, do contentamento íntimo que maximize nossos sentimentos positivamente, enriquecendo-nos de dentro para fora e nunca o contrário. Estarmos certos quanto à necessidade de nos aprimorarmos enquanto pessoas é imprescindível a que nos lancemos a uma busca ética e corajosa em direção a metas que nos cerquem também de gente que nos ama e acredita em tudo o que somos. Amor recíproco nos liberta e nos resgata sempre que necessário.

Devemos também estar certos quanto ao tipo de pessoa com quem caminharemos ao longo de nossos dias e noites, pois a verdade alheia será extremamente necessária na consecução de nossos objetivos e no direcionamento que daremos às várias escolhas que enfrentaremos. Estruturarmos cumplicidade junto a pessoas éticas e sinceras nos aliviará o peso de todas as dores que nos afligirão durante nossa lida, bem como nos permitirá compartilhar prazeres e conquistas com gente do bem – e isso faz uma diferença imensa, quando chegar a hora do desfrutar, do rememorar, do descansar e partir.

Estaremos constantemente cercados pelos apelos sedutores do glamour inerente ao êxito financeiro e toda felicidade material que ele parece oportunizar, através das roupas de grife, das viagens internacionais, carros importados e praias do Caribe. Logicamente, o conforto material é importante em nossa qualidade de vida, porém, nenhuma quantia em dinheiro será capaz de nos confortar quando atravessarmos as tempestades emocionais que permearão o nosso caminho.

Quando somos amparados por quem nos ama de verdade, por quem conhece nosso melhor e nosso pior, por quem enfrentou o medo junto conosco e, apesar de tudo, jamais desistiu da gente, poderemos contar sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar, com a esperança que brilha frente aos nossos olhos e nos reacende os sonhos. Isso é amor verdadeiro. Isso é certeza de que sobreviveremos dignamente às nossas dores e desfrutaremos merecidamente o melhor que a vida sempre terá a nos oferecer.

 

Tem gente que tem talento!

Tem gente que tem talento!

Eu vou lhes confessar, nada é mais chato para mim do que intelectuais acadêmicos e anônimos criticando famosos com o argumento de que são ruins tecnicamente.

Canso de ler que o Paulo Coelho escreve mal, que o Romero Britto pinta mal, que o Dráuzio Varella é um médico medíocre e também, falando especificamente sobre a psicologia e a psiquiatria, sempre ouço e leio colegas criticando o Dr. Flávio Gicovate. Todos os profissionais que citei são muito famosos, muito bem remunerados e suas carreiras são de sucesso. São reconhecidos nacional e/ou mundialmente e têm uma característica em comum: levaram seu trabalho ao grande público, à grande massa.

Pessoas que talvez não conheçam nada sobre arte moderna certamente reconhecem com facilidade uma pintura assinada por Romero Britto. Acredito que há quem tenha lido apenas os livros de Paulo Coelho e estou certa que, em seus programas no Fantástico o Dr. Dráuzio levou informação a quem jamais teve a atenção de um médico. Sobre o Dr. Flávio – cuja carreira como médico psiquiatra e psicanalista é bem longa e sólida: ele ganhou ainda mais repercussão por atuar em um programa semanal em uma grande rádio e manter canais na internet muito acessados. Seus livros e vídeos são de fácil entendimento e levam conceitos importantes ao que chamamos de senso comum. Acredito que a importância do trabalho dele, tal qual da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, está exatamente em expandir o que antes ficava fechado dentro dos consultórios.

Em minha opinião todos eles têm algo chamado talento e o talento não consegue ficar preso às regras, normas e pré-requisitos acadêmicos de qualquer arte ou profissão. Já ouvi críticas horrorosas ao trabalho deles exatamente porque o talento os fez famosos e aqui deixo a minha reflexão, que vem da história de vida de um famoso maestro que compôs sua primeira obra aos quatro anos. Mozart nunca seguiu regras, era um gênio. Quando se tem uma pequena pitada de genialidade, isso se chama talento, e isso faz com que se saia do usual. Freud foi um gênio, e eu que – mesmo tendo tido formação behaviorista – li quase toda a obra dele, percebi sua genialidade quando percebi quem era aquele homem e o ambiente no qual ele cresceu e viveu. Quando se tem talento, se traça um caminho próprio mesmo que seja para reproduzir a obra de um grande gênio. Quando se é gênio, não existem regras.

Respeito muito e acho de extrema necessidade que o olhar acadêmico exista e permeie as ciências e as artes, porém, talvez tenhamos que pensar que são esses talentosos desobedientes e burladores dos dogmas acadêmicos que levam a muitas pessoas alguns respingos de arte e ciência que eles jamais conheceriam. Eu li alguns livros do Paulo Coelho e acho bem bacana o Alquimista, além de achar fantástica a história da moça que vive cada dia como se fosse o último em Verônika decide Morrer. Muita gente talvez tenha começado a ler através dele e estou certa de que Romero contribuiu para que brasileiros que não sabem nada sobre arte conheçam “sem conhecer” o cubismo. Dr. Dráuzio se dispõe a ensinar conceitos básicos de saúde, usando linguagem simples, coisa que poucos intitulados com pós-doutorado se dispõem a fazer.

Não entendo esse ódio acadêmico a eles, tal qual entendo menos ainda as razões de eu ser criticada ao optar por escrever artigos para o senso comum, sem comprometimento acadêmico algum e somente com a pretensão de promover a reflexão e contar como vejo a vida. Sim, eu daqui da minha confortável insignificância também já recebi críticas por não seguir as tais regras. Que regras? Quem sabe eu não tenho algum talento!

Desde quando eu atuava como psicoterapeuta, eu sou questionada por alguns comportamentos, principalmente por psicanalistas que acreditavam que eu, como behaviorista por formação desconhecesse os mecanismos de defesa e as fases do desenvolvimento descritas por Freud. Como se um caminho apenas levasse a “deus”, e como se a psicanálise fosse método sagrado e único de autoconhecimento e promoção da saúde mental. Dr. Flávio está aí para mostrar que se pode sim ser psicanalista e levar a teoria para fora do divã, para que muitos possam se beneficiar. Somos – enquanto psicoterapeutas, como muito bem disse o mais apedrejado discípulo do Dr. Freud: apenas uma alma humana a tocar outra alma humana. E cá lhes confesso que foi exatamente a terapia analítica de Carl Jung e a fenomenologia de Fritz Perls os meus maiores veículos de autodesenvolvimento durante os meus muitos anos de terapia. E poderia ter sido a psicanálise ou o próprio cognitivismo.

Desde que o mundo é mundo, os acadêmicos presos aos dogmas engessados tem gasto seu tempo criticando os indisciplinados talentosos e talvez a teoria de Freud sirva bem para quem se dispuser a analisar o que os leva a criticar quem optou por trabalhar liberto e tão benéfico quanto o bom e velho divã. No mais, se encanta e ajuda a tanta gente, qual o crime deles? Fizeram algum mal? O caminho pode ser aceitar as diferenças ou procurar a razão de tanta irritação – Dr. Freud explicaria.

 

INDICADOS