Aprendendo a ouvir e a filtrar

Aprendendo a ouvir e a filtrar

 

“A gente ama não é quem fala bonito, é quem escuta bonito.” – Rubem Alves

Por Luciana Barbosa

 

Eu verdadeiramente gosto de um bom conselho, seja ele profissional ou de cunho pessoal. Acho válido quando alguém enxerga o que não conseguimos enxergar e nos chama para uma boa conversa. O duro é aguentar quem gosta de falar apenas por falar.

Para essas horas aprendi a filtrar; ouço, balanço a cabeça positivamente e sigo meu caminho. Não me irrito, não penso sobre, apenas descarto. E tenho feito muito isso nos últimos meses. O que ouvimos de conselhos vazios foi impressionante. Vazios porque não nos coube, vazios porque quem os deu não nos conhece e isso para nós significa muito, nos conhecer.

Preocuparam-se tanto com a casa, com nossos empregos, com os filhos (meus no caso e adultos por sinal) e até com Clarice (nossa cachorrinha). Caríssimos, para nós o lar é emocional, não físico, nós o constituímos e onde estivermos reunidos (tipo igreja sabe?) é onde está nosso lar. Empregos, serão os mesmos, temos a tecnologia e home office é o canal. Filhos adultos, cuidam cada qual da sua vida, nunca sem nosso suporte, nunca sem nosso amor e possuem o livro arbítrio de nos acompanharem se quiserem. Aprendi depois de muita porrada que mesmo antes de ser mãe, era indivíduo e para realizar e não me frustar diante da vida eu teria sempre que me lembrar disso e a cachorra gente, por favor!! É nossa, nos acompanha e vai amar os parques de São Paulo, já tivemos uma longa conversa sobre isso (risos).

Então se não nos conhece verdadeiramente não nos julgue e não nos ofereça conselhos vazios. Faça como nossos verdadeiros amigos de Minas e São Paulo, que já ofereceram desde festa para empacotamento do lado de cá até pouso no sofá do lado de lá se houvesse a necessidade, que pegaram carro em um Domingo (salve Helena) e verificaram se onde pensamos em morar seria bom, que devastaram a internet (salve Irleidy) buscando informações para nos ajudar, que no nosso bate volta de São Paulo (Salve Antonio), tiveram a delicadeza de nos ligar e  oferecer ajuda até com a chata da burocracia dos infinitos papéis. Isso é amor que transborda e nos dá a certeza que estamos indo na direção certa e para isso amados, não existe filtro, existe apenas a alegria de sabermos que temos a coragem e que o que buscamos é apenas viver, afinal não é para isso que estamos nesta terra?

Texto original no Aos 44

Atendimento humanizado à saúde: Você sabe reconhecer?

Atendimento humanizado à saúde: Você sabe reconhecer?

 Por Marcela Alice Bianco

Qualquer situação de saúde e doença que nos torne vulnerável diante da vida se configura como um momento de crise existencial. É como se a nossa relação entre passado, presente e futuro se modificasse a partir do início de um sintoma, do resultado de um exame, de um acidente ou outro acontecimento que nos torna física e/ou mentalmente vulneráveis. Muito do que conhecíamos sobre nós ou esperávamos para o futuro deixa de ser e dá lugar a tudo que permeia a nova condição existencial.

Mesmo quando o quadro parece ser somente de natureza orgânica, tudo que acontece impacta nosso ser integralmente trazendo consequências emocionais, sociais, espirituais e econômicas em maior ou menor grau.

Assim, quando adoecemos vivemos as mais variadas emoções, experienciamos diversos sentimentos e situações novas e inesperadas, para as quais nem sempre temos os recursos internos para lidar.

Quando em tratamento, nossa adesão e confiança dependerão da nossa segurança na equipe que cuida da gente. E, neste aspecto, muitos estudos mostram que a relação paciente-família e equipe é tão importante quanto a qualidade do tratamento técnico que nos é oferecido.

Mas, como saber se estamos recebendo um atendimento que nos humaniza em nossa condição e que favorece o nosso cuidado e recuperação?

Um atendimento humanizado é aquele que considera a integralidade da “unidade de cuidado”, ou seja, ele pressupõe a união entre a qualidade do tratamento técnico e a qualidade do relacionamento que se desenvolve entre paciente, familiares e equipe.

Estamos recebendo um atendimento humanizado quando:

  • O tratamento baseado na ética profissional.
  • O tratamento é individualizado, ou seja, considera a pessoa como um todo e não a classifica de maneira generalista em função do seu diagnóstico ou quadro geral.
  • O cuidado é realizado com empatia, atenção e acolhimento integral ao paciente e sua família/ acompanhante.
  • Existe uma escuta atenta e diferenciada, com a presença de um olhar sensível para as questões humanas.
  • Há respeito a intimidade e as diferenças.
  • A comunicação é eficiente e permite a troca de informações levando em consideração o estado emocional do paciente e da família.
  • O atendimento transmite confiança, segurança e apoio.
  • A estrutura física atende às necessidades de cuidado e tratamento.

Mas, nem sempre é fácil identificar se os itens acima listados estão realmente acontecendo na relação estabelecida entre quem cuida e é cuidado. Por isso, também é importante que saibamos reconhecer há a desumanização.

Assim, alguns comportamentos podem ser indicativos da falta de humanização no tratamento:

  • Frieza e indiferença diante da situação do paciente e/ou família.
  • O profissional não chama o paciente pelo nome, o infantiliza ou mantém sua atenção somente no diagnóstico ou procedimento, sem considerar o paciente como um todo ou os sentimentos envolvidos na situação.
  • A expressão dos sentimentos, medos e ansiedades não são acolhidos ou são desvalorizados.
  • Frases prontas, como “você tem que ser forte”, “não chore por isso”, tem situações muito piores que a sua”, etc. surgem no lugar de atitudes empáticas e acolhedoras.
  • O espaço e a estrutura de onde o atendimento ocorre é inadequada, ou precária ou expõe a saúde física e emocional da unidade de cuidado.
  • Não há o fornecimento das informações necessárias ou as dúvidas não são esclarecidas.
  • O paciente e/ou sua família se sentem inibidos ou com medo de perguntar ou se posicionar diante de uma situação.
  • A opinião e o que paciente e/ou família têm a dizer não são levados em consideração, não é escutado ou valorizado.
  • O paciente ou sua família é rotulado em função do seu diagnóstico ou algum comportamento característico.
  • Evita-se os “olhos nos olhos”.
  • O atendimento é demasiadamente rápido.
  • A intimidade física ou emocional do paciente e/ou família fica exposta desnecessariamente.
  • As crenças pessoais não são levadas em conta ou não são respeitadas.
  • Não há inclusão da família na atenção oferecida.
  • Há situações em que “falam sobre mim como se eu não estivesse presente”.

Vale ressaltar que nem sempre a questão é responsabilidade do (s) profissional (is) que nos atende (m). Muitas questões, como a estrutura física do local onde o tratamento é realizado, por exemplo, faz parte do funcionamento de uma instituição e, por vezes, a própria equipe também está exposta de maneira desumana e insalubre. Neste caso, é preciso que saibamos identificar de onde vem o problema para acionar os meios corretos e tentar solucioná-lo.

Investir na formação básica do ser humano e especialmente numa formação profissional que forneça os alicerces para um atendimento humanizado é a chave para que situações de descaso e descuido deixem de acontecer.

Como diz Leonardo Boff, “o que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”.

É o tão falado “olhos nos olhos” que humaniza o tratamento. É ele que permite a troca, o cuidado e o crescimento mútuo entre quem cuida e quem é cuidado. Em um atendimento humanizado todos saem ganhando independente do resultado final, porque nele o amor ao humano prevalece em sua mais nobre essência.

Você não escolhe quem ama, mas pode escolher quem vai deixar de amar.

Você não escolhe quem ama, mas pode escolher quem vai deixar de amar.

A verdade é que o amor vem de não sei onde, sem por quê, veloz ou sorrateiro e se instala, muitas vezes sem nos darmos conta. Parece que não temos controle sobre as razões do coração, tampouco escolhemos as direções do poder de atração de certas pessoas sobre nós. Mesmo assim, após experenciarmos a forma como o outro entra em nossas vidas, bem como o que ganhamos ou perdemos a partir desse encontro, deveremos estar prontos para agir acertadamente em relação à manutenção ou não desse alguém junto de nós.

De início, quando a paixão parece minar qualquer controle sobre nosso discernimento frente ao que o outro traz junto com ele, acabamos por supervalorizar suas qualidades, as quais se sobrepõem às falhas, àquilo que no parceiro nos incomoda. E assim vamos tentando, de novo e mais um pouco, pois temos esperança de que receberemos em troca o tanto que nos doamos, torcendo para que dê certo.

Difícil é perceber quando já tentamos demais, quando nada mais parece surtir resultado, quando os erros se repetem além da conta. Difícil é encarar de frente tudo o que se fez ou se deixou de fazer, tudo o que se disse ou se calou, tudo o que foi exposto, aniquilado, roubado, usado, todas as mentiras, os fingimentos, os silêncios ensurdecedores. Porque dói a constatação de que tudo o que sonhamos e construímos não tem mais futuro.

Ninguém quer dar errado na vida, seja no trabalho, na família, nas amizades. Queremos ser alguém que deu certo, que venceu e conquistou o que queria. Muitos de nós vemos a falência amorosa como a pior de todas as decepções que podemos carregar, uma vez que a separação leva junto com quem se foi muito de nossa força e de nossa autoestima. O que resta, de início, é tristeza, desalento e uma sensação amarga de derrota.

Além disso, ponderarmos sobre o relacionamento que estamos mantendo, sobre as perdas e ganhos que ele vem trazendo às nossas vidas, não depende somente do que realmente queremos, pois, à nossa volta, deparamo-nos com as opiniões e os julgamentos dos familiares, dos amigos, da sociedade enfim, o que pesa muito nessa questão. Mantermos a lucidez nesses momentos requer que nos desvencilhemos de todas as cargas afetivas que nos amarram e nos vinculam ao parceiro. Trata-se de uma tomada de decisão solitária e cruel.

Estaremos sempre sujeitos aos términos indesejáveis dos relacionamentos em nossa vida, haja vista que o para sempre pode, sim, acabar um dia ou outro. É preciso, pois, que estejamos dispostos ao enfrentamento de tudo o que não deu certo em nossa caminhada, de modo a nos libertarmos daquilo que se tornou peso inútil, desenterrando diariamente os sonhos e ideais que se perderam por entre as algemas de um cotidiano frio e desarmônico.

E, no final das contas, ninguém há de negar que, por mais que doa, desistirmos de qualquer pessoa, de qualquer situação, de qualquer amarra afetiva, em favor de quem somos e de nossa felicidade, será sempre a melhor decisão a ser tomada. Porque desistirmos de nós mesmos seria condenarmo-nos à morte em vida e viver será sempre a nossa maior vitória. Sempre.

Uma mania? De limpeza

Uma mania? De limpeza

No final da noite, em uma reunião na casa de uma amiga, lhe pergunto se eu poderia recolher os copos e lavá-los no intuito de ajudá-la. Foi uma noite muito agradável, éramos quatro casais e seis crianças. Havia toda a louça utilizada sobre a mesa e aquela característica cena dos brinquedos espalhados pela sala. Já era tarde e como eu era a única além dela que não tinha um filho mais novo, me prontifiquei a ajudar. Nossos filhos mais velhos estavam com quatro anos e haviam feito, ainda de fraldas, o primeiro ano da educação infantil juntos. O turbilhão de emoções ao deixar nossas crianças de menos de dois anos na escola acabou nos unindo e lá estávamos nós, dois anos depois nos revendo e dividindo nossas experiências.

A resposta da minha amiga à pergunta sobre recolher e lavar os copos foi: “Não se preocupe, eu lavo tudo quando vocês forem embora e ainda vou lavar todo o chão da cozinha”. Diante daquela frase, nós três nos rebelamos dizendo não ser necessário fazer isso, ela poderia deixar para o dia seguinte, já passava de meia noite e ela ainda teria que colocar a filha para dormir. Ela então nos diz que jamais conseguiria dormir estando o chão da cozinha “daquele jeito”.

Se você também não dorme se o chão da cozinha ou o banheiro estiverem sujos, ou se a pia estiver cheia de louça para lavar, precisamos refletir sobre a “mania de limpeza”.

Já ouvi relatos de pacientes que deixavam de lado qualquer convite para um cinema ou qualquer tipo de lazer porque tinham que limpar a casa. Lembro-me de uma mulher que me disse que: um dia antes da vinda da faxineira ela costumava limpar tudo para “facilitar as coisas e para que a faxineira não pensasse que a casa dela era uma casa suja”. Vejo dois problemas aí: a preocupação excessiva com o que o outro possa pensar e; o aprisionamento ao comportamento de limpar a casa – muitas vezes associado ao limpar tudo que esteja a sua volta.

A mana de limpeza pode estar ligada ao Transtorno Obsessivo Compulsivo. Se existem rituais de limpeza ou checagem em frequência diária, é importante procurar ajuda psiquiátrica com urgência. Porém, mesmo que este comportamento ocorra sem que exista o diagnóstico da doença, é bom observar. A mania de limpeza é muito vista em mulheres e parece estar ligada a algum tipo de fuga ou à necessidade de descarregar alguma energia acumulada. É comum observar nas mulheres muito preocupadas, atentas e incomodadas com a limpeza; um padrão de comportamentos rígidos, tensos e uma irritabilidade constante.

Mulheres com mania de limpeza parecem pouco felizes e vivem presas a um círculo vicioso – o de limpar tudo, sempre. Limpar é uma tarefa sem fim. O natural é não apresentar prazer à maioria das mulheres. Limpamos nossas casas por fatores ligados à higiene e para o nosso conforto, porém quando o comportamento de limpar passa a ser prazeroso ou quando escraviza a ponto de não nos deixar dormir; é hora de acender o alarme vermelho e procurar as razões disso.

Então talvez vocês me perguntem: “Por quê? Isso não é normal?” A resposta é: Isso não é natural.

Dizem algumas linhas do pensamento psicológico – e eu aqui não vou citar e nem entrar pelos labirínticos túneis da psicanálise cavados por tantos teóricos importantes – que a mania de limpeza pode estar ligada á repressão sexual. Acredito que seja porque o sexo foi conceituado como sujo e pecaminoso pela igreja. Fazer sexo dentro dos padrões do cristianismo servia apenas para a procriação e não era digno de quem almejava o reino dos céus se deliciar com qualquer tipo de relação sexual, principalmente se você fosse mulher. O impulso sexual faz parte da nossa espécie, é natural e saudável, porém, uma vez tendo que reprimir essa nossa necessidade, mesmo que secundária, é provável que algumas mulheres possam ter canalizado esta energia toda no aprimoramento da técnica de limpar a casa, ou as roupas ou qualquer coisa que esteja disponível para ser limpa.

Assim como existe o prazer sexual, existem outros prazeres naturais disponíveis para que possamos descarregar nossa energia. Eu, particularmente acredito que limpar a casa seja pouco (ou nada) prazeroso e que é, de fato, o deslocamento de uma vontade reprimida ou uma forma de simplesmente esvaziar-se do que está preso e não consegue sair, de limpar seus próprios canos entupidos. A mania de limpeza, estando ou não ligada ao TOC, não parece ser normal na medida em que escraviza e afasta dos prazeres naturais na vida, disponíveis a todos. A arte, a leitura, a atividade física, o cultivo de plantas, o convívio social e, claro, o sexo; são alternativas mais interessantes. Experimente dormir sem lavar o chão da cozinha ou aceitar o convite para sair deixando a casa “suja” – pode ser um bom começo.

 

Às vezes é preciso ir para poder ficar

Às vezes é preciso ir para poder ficar

Escrevi um adeus em um papel e o assinei. Não me alonguei como geralmente costumo fazer em sua presença. Preferi ser breve.

Finquei o escrito no portão da sua vida.  Eu sei, não avisei quando cheguei, mas senti uma vontade incontrolável de anunciar que agora me vou.

Vou porque é tempo de ir. É tempo de seguir a minha natureza de partir. De guardar bonito o que vivemos. De guardar as memórias partilhadas, as histórias dedilhadas, os dias que nos acolheram em horas de longas conversas e admiração.

Preciso dizer que finquei o papel de forma displicente, e o fiz para que, com sorte, o vento o leve e o meu adeus fique no silêncio, se valendo apenas da tua percepção em sentir que já não estou mais.

O mundo anda rápido hoje. Pessoas muitas vezes são substituídas como a última coleção outono/inverno abrindo espaço para novos modelos primavera/verão. Pessoas são, comumente, liquidadas, bem baratinho, em algum saldão da vida.

Esse tipo de coisa entristece, esse tipo de comportamento desalinha o ânimo mais exultante. Espero que eu valha pra ti mais que o teu all star velho (e eu sei que você tem um certo apreço por ele).  Espero, lá no fundo, que você reserve um lugar especial para mim em seu coração.

Rezo que em algumas horas, ao passar de táxi em frente a sua casa, quiçá pela última vez, eu não me encontre, em restos, sendo ofertada em uma inesperada venda de garagem.

Os nossos discos, os nossos sonhos, os nossos segredos. Guarde-os carinhoso na estante dos teus mais bonitos sentimentos. Permita que um dia, ao acaso, eu possa lhe assaltar as memórias e voltar serena para junto de você. Permita que um dia eu possa me aninhar em seu corpo e afirmar que é muito bom ir, mas que é ainda melhor poder voltar.

Eu sei, é estranho, contudo às vezes é preciso ir para poder ficar. É preciso ir para, depois de tudo, regressar e quem sabe dividir um maço de cigarro barato, como se o tempo não tivesse passado. É preciso ir para saber aqueles que são de verdade.

Então se nada mudar, depois de um longo tempo de distância, se nada mudar depois que novamente nos tocarmos, eu saberei que sempre morei em você, que teu coração me abrigou carinhoso no tempo em que fiquei fora. Saberei que a gente vai ser pra sempre, mesmo que de vez em quando um dos dois resolva simplesmente ir.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Se console, mas não se conforme

Se console, mas não se conforme

Das tantas e tantas inquietudes e inconformidades que experimentamos na vida, jamais conseguiremos resolvê-las na totalidade. É praticamente impossível almejar esse resultado, levando em conta todas as variáveis envolvidas: As outras partes, o humor do momento, a palavra usada, a palavra calada, a palavra ouvida, a decisão de ir ou de ficar, a obediência ou a falta dela, os recursos, as carências…

Para algumas situações conseguimos conforto, consolo. Em abraços amados, em ombros queridos, em palavras amigas, lágrimas escondidas, mensagens nunca enviadas. Um alívio para a famosa e dolorosa pressão no peito, o escape da panela de pressão que atormentava a tempos com seu chiado constante. Na verdade, se não houver consolo, não haverá contrapartida e só conseguiremos enxergar a perda, o prejuízo. Mas consolo não é solução. É analgésico, é gelo na torção, é lenço de papel, é um sorriso confiável para seguirmos em frente.

Não há parada permanente no consolo de uma dor. Isso é ilusão.

Depois do consolo há o entendimento, a contagem dos danos, a reparação dos erros, o perdão dos malfeitos alheios, o pedido de perdão pelos próprios malfeitos, a nova tentativa, a forte e inalienável experiência conquistada a duras e dolorosas penas.

E, se o que queremos é seguir adiante, partimos mais fortes e mais corajosos a cada queda, no começo mancando, patinando, derrapando. A atitude definirá a porção de medo que terá permissão para nos acompanhar.

E, sem aviso ou qualquer dica, em algum momento estaremos inteiros novamente, lutando ainda com mais força e destemor, pois se há um reconhecimento positivo em todas as perdas e dores da vida, é essa saudável inconformismo que nos impede de ficar estagnados nas almofadas fofas e suaves dos breves consolos da vida.

Viver requer muito mais do que essa frágil troca.

Há uma infinidade de combinações e possibilidades de caminho. E que haja sempre um gelo e um lenço de papel oferecido por mãos amigas para enfrentarmos os tropeços desses tantos caminhos.

Consolar-se sim, faz bem, mas passa. conformar-se, nunca!

 

 

 

Quem perdeu foi quem te deixou

Quem perdeu foi quem te deixou

Ninguém consegue lidar direito com a rejeição, quando se é largado, quando se é preterido e trocado por outra pessoa. Talvez seja porque, nessas situações, acabamos por acreditar que não somos dignos do amor de ninguém, o que fere ainda mais a nossa autoestima, estendendo o nosso luto sentimental além da conta. Já não basta a dor da perda, somos levados a também ficar tentando encontrar os nossos erros, o que fizemos ou deixamos de fazer para que o relacionamento ruísse.

Infelizmente, quando somos deixados para trás, num primeiro momento parece que negamos todas as dificuldades e dissabores que contaminavam há tempos o relacionamento e enxergamos somente o que houve de bom no parceiro e naquilo que se viveu junto. E, se quem nos deixou era alguém com tantas qualidades como pensamos, logicamente o erro somente pode ter partido de nós mesmos, ou seja, a culpa fatalmente recairá sobre nossas cabeças.

Da mesma forma, tendemos a supervalorizar os momentos bons que passamos juntos com o ex, como se eles fossem capazes de compensar todas as dores, todo o desgaste, todas as falhas e mentiras que minaram, a pouco e pouco, aquela relação. E, assim, as músicas, os filmes, objetos, lugares, viagens, tudo parece evocar em nós os momentos idos, lembrando-nos que estaremos sozinhos de agora em diante. E nos martirizamos ainda mais, achando que não conseguiremos suportar, que não conseguiremos prosseguir sozinhos.

É comum tentarmos procurar, de início, em nós mesmos os motivos que levaram ao fim de um relacionamento, como se toda a responsabilidade fosse nossa. Frente ao avassalamento sentimental em que somos jogados enquanto o outro vai embora, acabamos nos sentindo vazios de tudo, inclusive de qualidades que possam nos tornar alguém interessante, alguém por quem valha a pena se apaixonar. Com isso, vamos carregando em nossos ombros os focos causadores da separação, enquanto a imagem do parceiro se torna leve e isenta de qualquer responsabilidade sobre nossa dor.

Por mais que seja difícil, deveremos manter nossos pensamentos em ordem, agarrando-nos ao entendimento lúcido das causas do rompimento, bem como visualizando as suas consequências com um olhar mais otimista, para que consigamos respirar sozinhos. É preciso que tenhamos em mente a noção exata de que existem duas pessoas num relacionamento amoroso e ambas são responsáveis pela manutenção do amor, ambas necessitam guiar-se pela verdade e ambas possuem sua parcela de culpa para que não tenha dado certo.

Quando nossas vidas se pautam por vivermos aquilo em que acreditamos, em sermos o que somos e em sentirmos o que temos verdadeiramente dentro de nós, jamais estaremos oferecendo menos do que poderíamos, ou seja, teremos a certeza de que fizemos o nosso melhor e nos doamos com sinceridade e entrega honesta, transparente. E, se tudo isso não foi suficiente para que o outro permanecesse ao nosso lado, não foi por culpa nossa, mas sim porque ele é que não estava preparado para dividir e compartilhar sonhos e verdades. Não temos nada a ver com os medos, com as inseguranças ou com as covardias alheias.

Enfim, se o sofrimento da separação é inevitável, mantenhamos sempre aqui dentro de nós o nosso melhor, tudo aquilo que sustenta nossas verdades, que alimenta os nossos sonhos, pois assim estaremos menos enfraquecidos para enfrentar o mundo e abrir as portas que se encontram à nossa frente, todos os dias, enquanto durar a intensidade da força que move nossa busca incansável pela felicidade.

A culpa nossa de cada dia

A culpa nossa de cada dia

 

“A opinião pública é uma tirana débil, se comparada à opinião que temos de nós mesmos”.

(Thoreau)

Para cada ação, milhões de juízes.

A expressão de opiniões parece ter pulado a cerca do bom senso; ou as redes sociais trouxeram isso à tona, ou libertaram de vez o “direito a inquisidor” de cada um de nós.

Outro dia me peguei adivinhando os “donos das postagens” no Facebook, apenas pela postagem em si, consegui isso dez vezes seguidas e fiquei meio perplexa. As coisas têm se tornado obvias demais. As pessoas têm sido previsíveis e se me permitem, pouco pensantes.

Culpa de quem?

Pronto, agora posso começar o meu texto!

Já se perguntou o que a “culpa” tem feito na sua vida?

Pois eu respondo:

-Um estrago!

Vivo rezando “…mas livrai-me da autocrítica, amém”.

Por quê?

Porque estamos todos presos em um círculo vicioso na busca de culpados para tudo, enquanto que, dialeticamente vivemos paralisados, feito estátuas catatônicas, adoecendo simplesmente por errar, e ao errar, enfrentar a aterrorizante pergunta:

“O que os outros vão pensar, dizer, achar?”

Julgamos, culpamos e condenamos sem dó, enquanto morremos de medo por achar ou saber que farão o mesmo conosco.

Criamos a prisão perfeita para nós mesmos.

Se Deus castiga, imagina o vizinho da frente?

O colega de trabalho?

O “irmão” da igreja?

Olhares retalhadores, com poder de provocar dor, medo, angústia e “morte”. Fuxicos, acusações e penas implacáveis.

Somos lobos em pele de cordeiro, inimigos em papel de amigos, falando nisso:

-Quer saber quem são seus amigos?

-Cometa um erro!

…pois a maioria irá te responsabilizar de alguma forma, irá ter pena talvez, e se afastar.

Ser humano não sabe lidar com frustração, nem com nada que tenha dado errado. Quando isso acontece, corre para encontrar um culpado, e então fica em paz, achando-se seguro.

Querem ver?

-Fulano está com câncer.

-Ah, mas ele fumava, (ou bebia, ou foi uma pessoa ruim…).

-Meu amigo bateu o carro!

-Ah não presta atenção no transito (ou corre demais, ou andava distraído…).

-Pai, minha amiga brigou comigo.

-Alguma coisa errada você fez!

-Meu irmão perdeu o emprego.

-É inveja, é muita inveja…

 

-O meu filho não dormiu bem à noite.

-Botaram “quebrante” nele.

Maravilha!  Explicações encontradas… E SÓ!

Já experimentaram parar de dar respostas confortáveis e perguntar o que podem fazer para ajudar?

Culpa nunca foi cura, nem muito menos solução para nada nessa vida, nem sei se ajuda em algo, pois já temos nosso próprio superego para fazer o “trabalho sujo”.

Ando me deparando com gente que viciou tanto em julgar e condenar os outros que perdeu a noção de si mesmo, do mal que propaga, aos outros e a si próprio.

Vamos julgar menos o peso, as roupas, o carro, a religião, a opção sexual, a forma de viver dos outros, afinal de contas, somos todos livres e vivendo numa sucessão de ensaios e erros.

Ninguém tem a fórmula.

Ninguém sabe o que está do lado de lá.

O mundo é um pouco mais do que enxergamos por nossa janela (real ou virtual) e, cá entre nós, a sua opinião é só a sua opinião, e essa minha que você lê agora também.

Me diz: Onde e quando nos deram o direito de julgar alguém?

É tão bom ter amigos, é tão bom ter com quem contar. Melhor ainda é ser você mesmo e saber que o afeto pode ser propagado sem culpa. É bom saber que sua família te ama, independente do que você seja e de quais sejam as suas escolhas.

Enquanto postam o tal “dance como se ninguém estivesse olhando”, lembre-se de não olharem a forma como os outros dançam.

Amem, incondicionalmente.

Respeitem, para que possam ser respeitados.

Libertem-se para serem libertados…

Amor Antigo

Amor Antigo

Há alguns anos reencontrei Túlio no Rio. Ele havia descoberto algo que queria me mostrar. Ali, no bairro do Peixoto, chegamos à porta de um antigo prédio – Suba! Ela está nos esperando – estava – Você veio aqui para ouvir a história, não é?- perguntou  a velha senhora de sorriso lento e doce.

Contou-me que, em seus últimos anos de vida, Pedro, seu marido, passou a cumprir um ritual. Acordava assoviando, tomava banho demorado, fazia a barba, se perfumava e saía. Dia após dia, todos os dias. Ela, que não era das mais ciumentas, começou a desconfiar e decidiu seguir o safardana. Lerdo, caminhou até uma praça, onde esperou por alguém que não veio. Escreveu ali mesmo um bilhete demorado, que deitou sobre o banco. Uma carta pra outra.

– Leia você mesmo – disse Anália mostrando-me uma caixa de madeira ao lado do sofá. “Querida, desculpe-me trazê-la tão longe. Venho aqui todos os dias para te encontrar, porque, depois de tantos anos naquela casa, eu nos vejo em cada detalhe, mas tenho medo de não estar mais te enxergando direito. Mesmo com minha visão curta, ainda percebo você acordando todas as manhãs, um pouco antes de mim, para se arrumar no espelho. Você sabe que a minha memória está indo embora, como as montanhas sob a neblina. Mas ainda me lembro da primeira vez que senti o seu cheiro de outono e do seu riso, ficando mais baixo, ano após ano. Eu sei também que você mentiu quando nos conhecemos ao dizer que havia lido Drummond. Você nunca o leu, mas eu posso ler pra você com a visão e os anos que me restam. É por você que eu espero, Anália, desde sempre. Com amor, Pedro”.

Pedro ainda leu para Anália por sete anos. Seu poema preferido de Drummond dizia “‘Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante”. O amor antigo carrega aquela paz sublime como uma canção conhecida, da qual se conhece todas as variações e notas, mas com a qual sempre se emociona e se reencanta novamente. Anália ensinou-me isso. Agora, é ela quem espera por ele.

Quer que algo dê certo? Não conte a ninguém!

Quer que algo dê certo? Não conte a ninguém!

Nada melhor para retornar das férias do que trabalhar um tema que costuma interessar a todos: a superstição!

Tão antiga quanto a própria civilização humana, a superstição nasceu com a finalidade de reduzir as angústias ante ao desconhecido (dando a impressão de existir algum controle ou conhecimento sobre coisas que até então eram – ou ainda são – incontroláveis e incompreensíveis), além de é claro, servir para controlar o comportamento de outrem por intermédio do medo e da culpa.

Obviamente não conseguiremos trabalhar todas as superstições existentes, portanto, para início selecionei uma muito frequente e interessante cuja análise poderá ser utilizada para a compreensão de outras às quais a função é similar (tenho algumas outras em mente, porém, o texto ficou exaustivamente longo e resolvi seccionar). Lembrando também que a intenção não é afrontar nenhum grupo religioso ou cultural, apenas apresentar uma proposta alternativa para a mesma circunstância!

Agora vamos ao trabalho: Quer que algo dê certo? Não conte a ninguém!

Quantas vezes já não ouvi isso (principalmente pela boca da minha mãe)! De acordo com a crença, não se deve contar sobre planos a ninguém, pois a inveja das pessoas virá a interferir nas probabilidades de êxito. Se pararmos e pensarmos, de fato parece ser real (haja visto que todos já viram seus desejos frustrados após contar às pessoas sobre estes). Porém, apesar de tudo indicar a eficácia de tal crença, terei de apontar o que de fato ocorre.

Quando passo por uma entrevista de emprego em uma grande empresa e tenho a impressão de ter sido exitoso, ou seja, contratação certa, corro o risco de contar às pessoas que consegui um excelente emprego. Contar para as pessoas não altera em nada as possibilidades de contratação, mas em contrapartida afeta as consequências possíveis.

Se me enganei, e na verdade não me saí tão bem na entrevista – ou de repente alguém se saiu melhor do que eu, irei frustrar-me por não ter conseguido o emprego e ponto. Porém, ao ter contado para outras pessoas, as consequências da não contratação terão uma ampliação dos carácteres aversivos (serei cobrado por elas; me sentirei constrangido ao ter de contar que fracassei; tirarão sarro de mim e etc.). Moral da história: percebemos com mais frequência as situações nas quais fracassamos após ter contado nossos planos para outrem, não por conta de isso ser altamente frequente, mas sim porque ter contado amplifica as consequências aversivas, fazendo com que tais circunstâncias sejam percebidas com maior intensidade do que naquelas nas quais mantivemos o “segredo”.

Conclusão: Não contar sobre seus planos por conta de possíveis interferências da inveja alheia não é lá muito racional, porém, deixar de comentar é uma excelente forma de esquivar-se de todos os incômodos trazidos pela cobrança dos ouvintes!

Gratidão é uma coisa cara que faz da vida o maior barato.

Gratidão é uma coisa cara que faz da vida o maior barato.

Olha, eu não sei se você acredita nessas coisas. Eu acredito. Comigo dá certo sempre e com você não há de ser diferente. É que eu rezo, sabe? Rezo de manhãzinha. Depois, várias vezes durante o dia até a noite eu agradeço. Agradeço mesmo. Assim, no duro! Agradeço a Deus! Aperto os olhos e penso comigo: “Obrigado, Meu Deus! Muito obrigado!”

Levo a maior fé nas coisas divinas, nas altas esferas, nas razões do imponderável. Tanto que vou rezar por você, pessoa amiga que anda assim, macambúzia, abatida, apertada de angústia. Não precisa se preocupar, não vai custar nada. Descanse. Essa história de tristeza vai passar e depois você e eu e a turma vamos rir disso tudo. Eu acredito.

Dia desses encontrei uma pessoa boa, amiga antiga, moça que conhece você também. Ali, em nossa conversa de calçada, coisa breve, repassamos a vida inteira. “Lembra de fulano? Que fim deu? E o beltrano, ah, era tão engraçado! A sicrana eu vejo de vez em quando. Diz que anda feliz!” Falamos tanto e o mundo passando. Lembramos os velhos, acolhemos os novos. E falamos de você. Ahh… nós falamos tanto de você!

Eu não tenho muito, sabe? Nunca tive. Assim, na ponta do lápis, somo duas calças compridas, meia dúzia de camisetas, essa jaqueta surrada como a sexta-feira, uma camisa de botão, pequenas porções de comida, dois tostões aqui e ali. É que eu também acredito que assim, levando tudo aos pouquinhos, fica mais fácil seguir em frente. Sobra mais espaço para o que importa mesmo. E o que importa mesmo começa e termina no afeto da nossa gente.

Agradeço, eu agradeço a Deus por você e eu termos nascido desse povo que agradece. Nessa vida o que vem é lucro. Estamos vivos, ué! Gratidão faz bem! Quando a gente agradece, o céu escancara uma porta enorme e deságua sobre nós um mundo de sorte. Agradecer é o jeito mais simples de renovar o nosso visto de permanência aqui embaixo. Quer ficar? Tem de merecer. E você merece, você merece muito. Não repare, não. Mas eu dei de pensar nos amigos com gratidão.

Você me desculpe se pareço assim meio aborrecido, mas é que hoje eu acordei com uma vontade honesta de pedir por você. Peço mesmo, peço descaradamente que o Senhor lá no Céu conserve a sua saúde forte e franca aqui embaixo. E agradeço de novo. Agradeço por estarmos vivos num mesmo tempo e quase no mesmo espaço. Perto um do outro apesar das distâncias. Ter você entre essa gente que me é tão cara, acredite, é o maior barato. E isso não é pouco. Isso não é pouco, não.

“Para onde vai com tanta pressa?”

“Para onde vai com tanta pressa?”

Imagine-se sendo um carro, cujo motor pode fazer o veículo chegar a 240 km/h. Dizem os especialistas no assunto que, se um carro anda o tempo todo em sua velocidade máxima, diminui em muito a durabilidade do motor – não que a lentidão extrema seja adequada – acredito eu que seja também maléfica, por outro lado, carros que são utilizados em sua velocidade média, tendem a “viver mais”. Assim somos nós, seres em busca constante por equilíbrio, buscando controlar nossa própria velocidade em tempos nos quais vivemos correndo, para onde, nem eu sei.

Desacelerar é o caminho para se passar pela vida sem que se perca o melhor dela. Já experimentaram olhar pela janela de um veículo que anda a mais de 200 km/h? O que se vê? As coisas passando como borrões, quase nada se ouve, e nada se sente. A vida não é o destino final, a vida é a viagem. Ande com mais calma, seu corpo e sua mente agradecerão.

-Divida seu dia em três partes de oito horas. Use uma delas para o trabalho, outra para dormir/descansar e a terceira para cuidar de si (comer, tomar banho, cuidar da saúde, da beleza e exercitar um hobby).

-Tenha uma agenda. Não use sua mente para memorizar pequenos compromissos ou lembretes que podem ser anotados. Faça uma coisa por vez, ao anotar você consegue vislumbrar melhor seus horários e deixa de assumir mais compromissos do que consegue cumprir.

-Utilize o tempo em trânsito, seja de carro ou qualquer outro meio de transporte para relaxar a mente. Se não estiver dirigindo, observe o mundo, ou distraia-se com um livro, uma revista, ou mesmo pensando na vida. No caso dos motoristas, ouça música.

-Organize-se para conviver com amigos e conversar, seja em um almoço, ou happy hour. Somos uma espécie que precisa do convívio social. Faça novos amigos sempre que puder.

-Faça uma atividade física e sempre relaxe os músculos ao final dela. Ouvir as batidas do coração e observar a própria respiração traz de volta a consciência do nosso corpo.

-Tome banho antes de dormir. Isso ajuda a desacelerar e a não levar os problemas para a cama. Outros bons aliados são as bebidas à base de camomila, erva cidreira e maracujá. Evite alimentos à base de cafeína, eles aceleram o metabolismo e a mente. Desligue a TV – ela impede a mente de relaxar.

-Deixe os problemas do trabalho no trabalho – e os da vida pessoal em casa.

-Tire férias uma vez por ano e descanse nos finais de semana. Se não precisássemos dessas pausas, elas não existiriam.

-Tome cuidado para não se tornar centralizador. Sabe aquele tipo de gente que não sabe dizer não para nada nem para ninguém e que quer supervisionar tudo? Então, eis uma prática perigosa. Acumular compromissos, funções e tarefas demais nos obrigam a acelerar o ritmo, e isso sobrecarrega uma bomba que se encontra do lado esquerdo do seu peito – se ela explodir ou apresentar qualquer defeito, as coisas se complicam bastante.

-Procure focar-se sempre no presente, no agora, esse é um exercício a ser feito diariamente. Somos treinados de forma errada a olhar para o passado ou para o futuro, deixando assim, passar a única coisa que temos na vida: o hoje, o agora. Não deixe de aproveitar a sua vida em razão do que já foi ou ainda pelo que pode vir a ser. Garantias? Não temos – de nada. Viver é arriscar-se, é confiar e acima de tudo, improvisar. As pessoas se queixam que o tempo está passando muito rápido, não é o tempo que passa rápido, é você quem passa por ele sem perceber.

 

Não faça tempestade quando é dia de praia!

Não faça tempestade quando é dia de praia!

Logicamente, aquilo que sentimos na pele nos é bem mais pungente e dolorido, no entanto, tendemos a superdimensionar nossos reveses e as situações desconfortáveis por que passamos, muitas vezes enxergando os problemas de uma forma exagerada. Preocuparmo-nos com o que nos incomoda é normal, porém, desesperar-se tão somente nos tolhe a capacidade de buscar as soluções acertadas.

Cada pessoa reage de forma distinta frente aos acontecimentos, uma vez que cada um de nós possui bagagens próprias e carregamos as impressões que ficaram marcadas de forma singular dentro de nós. Ninguém sai igual de experiências semelhantes, pois os sentimentos são pessoais e intransferíveis, ou seja, cada pessoa reagirá de acordo com o que possui, de acordo com o que tem para lutar e digerir o mundo à sua volta.

Mesmo assim, é preciso tentar manter um mínimo de lucidez e de equilíbrio nos momentos de tempestade, em que tudo parece ruir, quando o mundo se volta contra você, ou então as nuvens engolirão o seu respirar, obstruindo as saídas que sempre existirão, por menos que estejam visíveis. Os problemas costumam ter o tamanho de seus medos, nada menos e nada mais do que isso.

A maneira como reagimos às vicissitudes da vida determinará, também, o tanto de dificuldades que se interporão entre nós e as possíveis soluções aos reveses. Da mesma forma, as pessoas que caminham conosco ficarão mais seguras e capazes de nos dar as mãos, quanto menos desesperados e descrentes estivermos. Nosso desespero infelizmente puxa a tudo e a todos para dentro de sua escuridão paralisante.

Como se vê, precisamos tentar nos distanciar da situação que nos aflige para, de fora, enxergá-la em sua real dimensão, a fim de que nos mantenhamos suficientemente conscientes do real que existe e das possibilidades de superá-lo. Lamentos, lamúrias e autopiedade não nos servirão de nada nesses momentos, muito pelo contrário, apenas paralisarão nosso potencial de nos reerguermos com dignidade depois de cada tombo, de cada decepção, de cada ventania emocional.

Você não é mais infeliz do que ninguém, suas dores não são as piores, seus problemas não são insolúveis, suas lágrimas não são as mais sentidas de todas. Cada um de nós passa pelas tempestades que são próprias à jornada pessoal, ou seja, não adianta querermos nos comparar com ninguém, afinal, a dor dói para todo mundo. Cabe-nos o enfrentamento corajoso das atribulações que nos aguardam diariamente, mantendo a mente limpa e o coração em sintonia com o bem, pois, quando afastamos o mal de nossas vidas, poderemos sempre contar com as ajudas necessárias para caminharmos em direção à felicidade com que sonhamos, desde e para sempre.

 

 

 

Com 3 músicas novas podemos amar de novo.

Com 3 músicas novas podemos amar de novo.

Existe uma lenda sobre o amor em Tocantins. E por ser sobre o amor, gera todo tipo de reação. Alguns querem ouvi-la e saber se é verdade mesmo. Outros arrepiam de medo ou de descrença. “Que negócio de amor, vai trabalhar que passa.” É o que costumam aconselhar nas esquinas das cidades, quem já perdeu uma parte do coração na trabalheira de amar alguém.

A lenda é curtinha. Existiram duas pessoas em Tocantins, elas se conheceram. Nos primeiros encontros as roupas eram minimamente escolhidas. Os cabelos penteados de forma estratégica. Mas dormiram sem explicação e acordaram juntas. O sono desmontou todos os enfeites. Uma pode ver a cara de natureza selvagem da outra. Aconteceu, então, o que muita gente quer evitar. A paixão mais rural, com seus cavalos no estômago e galos cantando romantismos nos ouvidos,   pegou bem.

Porque a gente monta o espetáculo urbano, acendemos as luzes, encenamos textos maravilhosos e cheios de sabedoria e sedução, somos surpreendidos. É  só quando o show acaba, ao descer do palco e subir na mesma caminha de todos os dias que o Singular começa a aparecer.

contioutra.com - Com 3 músicas novas podemos amar de novo.

“É tão singular / O jeito que me observa acordar / E meu cabelo não parece te assustar/ Você, incrivelmente, não se importa.” ( Singular, AnaVitória. )

Até chegar o Singular, nos aventuramos nessas coisas plurais. As dúvidas, as incertezas, os medos. Sempre que alguém me pede conselho sobre se declarar ou não, eu chuto e digo que sim. É a minha forma de gritar; Deixa disso e singularize! Poder dizer o que se sente é essencial.  Diga. Fale tudo, transborde. Depois volta, com a sensação de tarefa cumprida, de ter ido com coragem e não se rendido às preguiças do coração.

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Hoje mais cedo pensei em ligar/ Dizer que é bom escutar sua voz/ Mas a verdade é que posso jurar/ Nunca te ouvi/ Que coração preguiçoso esse teu/ Fica esperando sem nunca insistir. ( Deixa, Ana. )

Essa confusão toda de sentimentos, existe de canto a canto no Brasil. Saiba que você não é a única alma no mundo se enrolando e desenrolando. Estamos todos no mesmo barco. Na mesma malinha de mão, com receios de transpassar e ser transpassado. Há sempre uma hora da vida em que cerramos os dentes de tanta vontade de se enamorar.

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A gente fica mordido, não fica?/ Dente, lábio, teu jeito de olhar / Me lembro do beijo em teu pescoço / Do meu toque grosso, com medo de te transpassar. ( Zero, Liniker.)

E se tá tudo meio estranho demais, ou se tá tudo tranquilo e favorável aos bons destinos, existem de toda forma canções que nos permitem experimentar novas histórias.  Cante, quem canta novos amares encontra.

 

*Abaixo as músicas citadas no texto.

Singular, ANAVITÓRIA.

 

Deixa, ANA.

https://www.youtube.com/watch?v=qFL-ecpOgdI

Zero, LINIKER

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