O amor que você recebe não é igual ao amor que você dá!

O amor que você recebe não é igual ao amor que você dá!

Por Rosana Braga

Que você e todo mundo quer ser feliz no amor, isso é óbvio! E até deveria ser óbvio também se sentir merecedor dessa felicidade na área afetiva. Mas, pelas mais diferentes e inimagináveis razões, muita gente, bem lá no fundo, não se sente merecedora!

E o maior problema, na verdade, talvez nem seja não se sentir. Porque para isso existe solução. O maior problema é a pessoa achar que merece, mas viver como se não merecesse. Ou seja, nem saber que está agindo como alguém que aceita migalhas, que implora amor, que não coloca limites para o outro, que não sabe dizer ‘não’, que desconsidera seus desejos, engole sapos atrás de sapos e está sempre se sentindo inferior, menos do que os outros.

É a típica pessoa insegura, com baixa autoestima, mas que veste uma máscara de forte, segura e confiante e vai vivendo aos trancos e barrancos. Só que sua aparência não é suficiente para que ela pare de se sentir sempre com uma dor no peito, com uma tristeza que faz doer a garganta, com uma sensação de que o melhor da vida está a uma distância impossível de alcançar.

Pois é, se você se sente assim, a questão é uma só: enquanto você não enxergar a si mesmo, incluindo suas qualidades e suas limitações, acolhendo, respeitando e amando quem você é, ninguém mais vai saber fazer isso. Simplesmente porque as pessoas nos tratam exatamente como a gente mesma se trata. É inconsciente e infalível!

Se você vive criticando, julgando e rotulando a si mesmo, com medo de falar o que pensa, de incomodar ou de se colocar e ser humilhado, é assim, exatamente assim, que a pessoa com quem você se relacionar tende a te tratar. Essa é a mensagem que ela recebe sem nem perceber. É isso que ela acaba vendo em você, apesar de sua aparência talvez forte e segura.

E, no final das contas, é para isso que servem os relacionamentos: para nos mostrar de que forma temos nos tratado. Porque a qualidade do amor que recebemos é exatamente a mesma qualidade do amor que damos a nós mesmos. Mas a maioria das pessoas ainda acredita que recebe o mesmo amor que dá aos outros. Não! A gente recebe o mesmo amor que dá a si mesma. Essa é a matemática. Essa é a fórmula.

Você pode tratar o outro super bem, ser uma pessoa carinhosa, atenciosa e fiel. Mas se você não se tratar bem, não é carinhosa, atenciosa e fiel a si mesma, aos seus sentimentos e desejos, ao que pensa e ao que quer, então o outro não saberá te tratar diferente disso.

E quer saber? Bem lá no fundo, você já sabia disso! Você sabe que quando se valoriza e se respeita, o outro fica a fim, admira quem você é e, se não rolar namoro, rola ao menos uma gratificante e prazerosa amizade! Daquelas que fazem o encontro valer a pena pelo simples fato de te mostrar que se não foi dessa vez, você está ainda mais e mais perto de viver o amor que deseja com quem tem absolutamente tudo a ver com você!

* Rosana Braga é consultora de relacionamento do ParPerfeito, psicóloga, palestrante, jornalista e escritora.

Petralhas x Coxinhas : o estado de ódio no Brasil pelos olhos de George Orwell

Petralhas x Coxinhas : o estado de ódio no Brasil pelos olhos de  George Orwell

Milton Santos costumava dizer que “a força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”. Sendo assim, para aqueles que detêm o monopólio da força, na manutenção do poder, é indispensável que busquem alimentar a fragilidade levantada por Milton, de modo que torne o povo alienado e subserviente aos seus interesses.

Essa alienação é construída no livro 1984 de Orwell, pelo “estado de ódio”, em que a sociedade é erigida sob pilares contrários à paz, fazendo com que os indivíduos sejam influenciados a viverem em constantes ódio e medo. Há uma série de atividades ligadas ao ódio, como os dois minutos de ódio, executados diariamente, e a semana do ódio.

Nessas ocasiões, de forma automatizada e repetitiva, os indivíduos são impelidos, pelo Partido, a exprimirem seu ódio pelos inimigos deste. O próprio protagonista da história, Winston Smith, que é contrário às ideias do Partido, em dada situação dos dois minutos do ódio, vê-se gritando de forma inflamada contra os opositores do Partido, comportando-se de acordo com a massa ou, como ele diz, “[…] fazer o que todo mundo fazia, era uma reação instintiva”.

Desse modo, através da ingerência da vida das pessoas e da repetição das suas artimanhas políticas, o Partido, em 1984, tornava os indivíduos facilmente alienados do seu discurso. Esse recurso é o mesmo utilizado no Admirável Mundo Novo de Huxley, em que, por meio da repetição, as pessoas internalizam as ideias que lhes são passadas como verdades, afinal, “sessenta e duas mil repetições formam uma verdade”.

Ao submeterem os indivíduos ao estado de ódio (ou estes se deixarem submeter), o Partido consegue fazer com que eles esgotem suas energias com o discurso alienante, de maneira que não consigam ter energia e tempo para perceber as correntes que os prendem. Assim, o Partido se mantém no poder com uma oposição muito débil, que pouco pode fazer para mudar a situação estabelecida.

O cenário político brasileiro atual comporta-se do mesmo modo que o Partido, em 1984. Alimenta-se o ódio por qualquer posição contrária a suas “ideologias”, fazendo com que haja uma ruptura dualista entre “petralhas” e “coxinhas”. Basta qualquer manifestação de pensamento, para que as brigas comecem e tomem horas a fio, sobretudo no Facebook. Até mesmo declarações sem cunho político-partidário geram comentários que apenas confirmam que vivemos no estado de ódio da distopia de Orwell.

Sem nos darmos conta (ou sem querer nos darmos) estabelecemos um maniqueísmo, fragmentando o povo entre bem e mal, sendo que o discurso que alimenta esse ódio é produzido tão somente por demônios, de tal forma que escolher um lado e defendê-lo como o lado do “bem” é, no mínimo, ingenuidade, para não dizer mau-caratismo mesmo. Enquanto o povo se divide, nessa guerra de ódio, os partidos revezam-se no poder, com pouquíssima mudança de ideologia e sem qualquer pensamento que privilegie a probidade e o bem comum.

Essa fragilidade nos laços que mantêm coesos o tecido social é essencial para que a classe política imunda que o Brasil possui continue no poder, uma vez que, como diz O’Brien, membro do Partido interno, a Winston, “o poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender”. Assim, ao darmos vazão para o discurso da classe política como um todo, estamos nos fragilizando enquanto povo e permitindo que a classe política despedace o nosso poder de crítica.

Para o Partido, no livro, ou para a classe política brasileira, seja situação ou oposição, de direita ou de esquerda (se isso quer dizer ainda alguma coisa), o poder se dá pela construção de “um mundo de medo, traição e tormento, um mundo de pisar ou ser pisado, um mundo que se tornará cada vez mais impiedoso, à medida que se refina”.

Dessa forma, devemos reconsiderar o modo como facilmente nos ludibriamos e, como disse Milton, tornamo-nos cegos que apenas identificam as diferenças que nos formam e esquecem que a soberania é popular, mas, se o povo está se digladiando em uma guerra de ódio, o poder passa a ser daqueles que conseguem fazer desse ódio a fonte da sua vitória.

Era só carência, por Rafael Magalhães

Era só carência, por Rafael Magalhães

Por Rafael Magalhães

O problema é quando você confunde carência com saudade. Quando acha que aquele aperto no peito tem destinatário certo. Quando tenta se convencer de que aquela página virada seria a solução para as suas angústias. Pode ser que não seja nada disso, sabe?

Talvez você só tenha tido um dia difícil. Talvez seu chefe estivesse especialmente chato naquela manhã, seu ciclo menstrual não esteja colaborando, sua vizinha tenha comprado o carro dos seus sonhos ou sei lá… Dias complicados acontecem com todos nós.

O perigo é quando junto com a tristeza vem a carência. Sim, ela mesma. A responsável por 96% das cagadas do mundo, especialmente quando se apresenta disfarçada de saudade.

É quando você lembra daquela pessoa que mora em outra cidade, do rapaz que te deu uns beijinhos e depois desapareceu ou do outrora falecido e por hora ressuscitado ex.

É bem nessa hora que a banana come o macaco. É que a malvada da carência tem aquele velho poder de apagar tudo de errado que determinada pessoa fez e ficar martelando os míseros momentos agradáveis.

Mas quer saber de uma coisa? Talvez você não precise daquele abraço específico, mas somente de um abraço. Um gesto de carinho, uma conversa amigável, uma dose de afeto, um sexo caprichado. Percebe? Você não precisa dele, você só precisa de alguém.

Tudo bem se você é uma moça criada na catequese e que só deu o primeiro beijo brincando de “verdade ou consequência” com 14 anos. Também não precisa sair catando o primeiro que passar na frente da sua casa, muito menos ligar ou mandar aquela mensagem desastrosa para o falecido. Foi justamente pensando na sua situação que alguns gênios inventaram a Nutella, o brigadeiro e o sorvete de flocos.

Foi pensando também em mulheres no seu estado que o cinema de Hollywood já gravou centenas de comédias românticas. É por isso que o Nicholas Sparks e o John Green estão ricos e o tal do Rafael Magalhães não para de ganhar leitoras.

Existe um mundo preparado para te abraçar, para te entender e para te acolher sem que faça uma grande merda antes dessa fase passar. A carência é como uma tempestade de verão. Chega sem avisar, faz o maior estrago e quando menos se espera vai embora.

Para tamanho dilúvio não existe guarda chuva que dê jeito. O que resta agora é se aconchegar no sofá da sala e esperar as trovoadas passarem. Amanhã é outro dia e logo cedo o Sol há de bater na sua janela. Lave o rosto, prenda os cabelos e saia lá fora para ver o céu. O azul é sempre mais intenso depois de um longo dia de chuva.

Para mais textos do autor acompanhe seu blog Precisava Escrever.

Mulher-maravilha

Mulher-maravilha

Quando fiquei gravida da Nara, fui avisar ao diretor da escola em que trabalhava na época a minha situação.
– … então, daí aconteceu que engravidei sem querer mas, claro, vou ter o bebê.
– Olha… – disse ele – Uma excelente maneira de acabar com uma excelente carreira é casando e tendo filhos… impressionante como vocês, mulheres, sabem estragar a vida de vocês.

Eu era quase vinte anos mais nova do que hoje. Era meu primeiro emprego e aquelas palavras me derrubaram. Os hormônios certamente ajudaram. Chorei como criança. Não porque achasse que minha vida seria estragada com filhos. Já tinha exemplos e espelhos a seguir. Sabia que daria conta do recado.

Fiquei arrasada por entender como esse mundo funciona. Por sentir na pele o que é ser mulher na sociedade em que vivemos. Estava apenas começando… entendi que não só teria que matar mais de um leão por dia como também teria que ter forças para carregar sempre um elefante nas costas.

E com o tempo eu entendi mais ainda o que é ser portadora dos cromossomos XX. Entrei para o mestrado. Engravidei do Yuki. Fiz o concurso para o cefet e passei. Escrevi a minha dissertação inúmeras vezes com ele mamando no meu peito e balançando o carrinho com o pé.

Com três filhos, trabalhando, fiz o doutorado, curso de italiano para ler minhas pesquisas acadêmicas, comecei as corridas de rua, não deixei de estar presente em todos os
momentos importantes dos meus filhos…

Hoje, separada, faço a gestão da casa sozinha. Meus três filhos não só moram comigo como contam com a minha presença para tudo. Assumi a coordenação de física no cefet, estou escrevendo meu décimo livro, estudando como nunca e me preparando para fazer um outro mestrado em antropologia e ao invés de cinco, correndo oito quilômetros três vezes na semana…

Enfim, uma excelente maneira de iniciar uma excelente carreira é apenas ter paixão e amor em tudo que faz. Meus filhos não atrapalharam em nada. Pelo contrário, fizeram essa caminhada muito mais divertida.

Faço questão de contar isso para que vocês, mulheres, entendam que para ser super homem precisa-se de capa e colocar cueca vermelha em cima da calça. Mas para ser mulher-maravilha… meninas, acreditem, para ser Mulher-maravilha, basta nascer mulher.

Quando a alma não é pequena

Quando a alma não é pequena

Por Alexandre Bonilha

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, imortal jargão de Fernando Pessoa, popularizado.

Nosso autor, acredito, não se chatearia se eu me utilizasse do trecho para enquadrar a alma em algum tipo de métrica, pretendendo-se descobrir, por acidente, o seu tamanho.

Povos indígenas, antigas civilizações, não por isso, acreditavam que a alma se imortalizava, ressurecta, mesmo após o fim da vida terrena. Como se a alma fosse digna ou estivesse autorizada a alugar outro corpo depois da morte, por exemplo.

Contemporâneos, talvez incrédulos de medida certa, exteriorizam a curiosidade e a convicção de que a dúvida acerca da alma não seria uma rodovia para percorrer.

Sequer provamos que existe ou contrampomos sua existência. Afinal, alma existe? A resposta é o gesto de fé, restando apenas o símbolo e a metáfora que buscamos neste texto, de que a alma pode ser medida. Mas isso não passa de uma intenção lúdica e de um ode à cultura.

Não pela regua dos deuses nem pela balança médica, não pela experiência do professor nem pela técnica do jogador, mas pelo nível de cultura que uma pessoa traz. Pela bagagem, pelo nível de reflexão. Por todos os pedaços, por todos os laços e fatias de vida que lhe compõem é que tornam a vida mais doce, leve e suave. Nós somos uma colcha de retalhos do conhecimento que trazemos.

Os olhos filtram o material imóvel e inanimado, enquanto o cérebro interpreta e remete às mais próximas lembranças. O olfato contextualiza o tempo e o espaço, sintonizando o ser às memórias passadas. A audição capta o dederredor e partilha da cognição. Nada diferente com o paladar, quando o churrasqueiro passou do ponto na carne salgada.

O mundo exterior, os lugares que você frequenta e os fatos que acontecem em sua vida são interpretados pela peneira dos teus sentidos, sabatinados por sua história e correspondidos por quem você é. Na memória de Sartre, “não importa o que a vida faz de você, mas sim o que você faz daquilo que a vida fez de você”

O dia de ontem frutificou o teu dia de hoje, assim como a tua sensibilidade norteia sua alma. E essa sensibilidade é produto de todo livro que foi lido, todo filme que foi assistido e todos os conselhos recebidos ou repassados.

Neste raciocínio, a cultura cumpre um papel significativo junto ao entendimento humano e figura como imperativo para satisfazer o indivíduo em seu devido lugar, grato por tudo e a todos. Afinal, não é ser feliz que faz grato, mas sim ser grato que te faz feliz.

Ainda que diante de eventos negativos, a cultura estabelece uma ponte entre as informações e estende um tapete vermelho entre números e letras, formas e contornos, propiciando um olhar diferente ao que ocorre.

Tudo, exatamente tudo, sempre vale a pena – ou até a galinha inteira. É, Fernando Pessoa. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E a alma só não é pequena quando o indivíduo é grande.

Alexandre Bonilha é advogado, poeta às vezes e filósofo – quase – sempre, aprecia o “CONTI outra” desde quando começou.

Você realmente quer o que quer?

Você realmente quer o que quer?

Quem viveu na década de 80 em algum momento certamente passou os olhos pelo seriado “A Ilha Da Fantasia”. Resumidamente a série falava de uma ilha paradisíaca onde qualquer desejo podia ser realizado. Um sonho, não? O anfitrião dessa ilha, o senhor Roarke, (Ricardo Montalban), juntamente com seu auxiliar (Hervé Villachaize), o pequeno Tattoo, realizavam as fantasias mais delirantes de pessoas comuns que chegavam até a ilha bastante animadas.

Ao adentrarem o reduto do lugar, a bordo de um avião planador, os hóspedes tinham suas histórias de vida contadas pelo misterioso anfitrião Roarke ao pequeno Tattoo e Roarke, que estava ali como um gênio da lâmpada, tornava real o que parecia impossível.

Quando pensamos no termo “fantasia”, nossa mente nos remete aos redutos quase proibidos do desejo. No dicionário “fantasia” se define como imaginação, capricho ou vestimenta que se usa no carnaval. A própria significância da palavra nos remete a ideia de que a “fantasia” é um adereço, é algo que nos foge no cotidiano, mas que um dia alimentamos alcançar ou gozar.

A Ilha da Fantasia era isso, um paraíso no qual nada era reprimido ou repreendido, no entanto, quem pedia o que pedia, tinha que arcar com todas as conseqüências do desejo realizado. Em grande parte dos episódios as pessoas chegavam empolgadas até o local, acreditando que tendo as fantasias realizadas iriam viver de forma plena, no entanto, a maior parte delas acabava sofrendo com desconfortos e decepções no decorrer dos dias. A realização das fantasias quase sempre não trazia a tão almejada felicidade.

E eu na minha meninice, ao assistir a série na época, me perguntava como podiam os adultos desejarem aquilo que não lhes fazia bem e ficava perplexa ao ver, em todos os capítulos, pedidos se mostrarem bastante equivocados.

Com o passar do tempo e, observando com atenção o mundo que me cerca, percebi que a Ilha da Fantasia é na verdade um pequeno lote de um mundo de aspirações que quase sempre não dão em nada. De aspirações que uma vez supridas se esvaziam por não terem um real embasamento, por não expressarem o que vem do coração.

Então não é difícil encontrar por ai pessoas desejando o status das coisas, sem perceberem que existe no êxito muito esforço aplicado. Não é raro ver, no cotidiano, aptidões tecidas não pelo gostar, mas pelo montante pago por determinada área. Então existem os que querem cantar, escrever, e atuar pela fama. Os que querem exercer uma profissão pelo que podem receber. Os que querem um relacionamento para suprir necessidades e caprichos pessoais. Os que desejam mostrar ao mundo que são o que não são.

Nesse ponto tocamos no delicado ponto em que as coisas se subvertem. Então muitos comemoram exaustivamente a entrada na faculdade e não a conclusão dela. Comemoram com fogos de artifício a abertura de um negócio e não o sucesso dele na languidez dos anos. Almejam a fama, mas deixam pra lá a ideia de que existe um esforço enorme por trás do reconhecimento do mérito. Casam-se fazendo festas milionárias, mas não se dão conta de que o casamento exige cumplicidade e empenho mútuo. Muitos querem confetes e serpentinas sempre, mas carnaval mesmo acontece só uma vez ao ano.

O que Roarke fazia na ilha era conceder o desejo realizado, mas orientava sobre seus sabores e dissabores. Então os hóspedes se esbaldavam com o deleite proporcionado pela fantasia realizada, mas não demorava muito para implorarem a normalidade das coisas.

Sim, pois desejar ser Beyoncé é uma coisa, ser Beyoncé é outra. Ela certamente tem fama e dinheiro, mas não pode andar sossegada pelas ruas da cidade onde vive e esse é um aspecto que não pode ser ignorado.

Tudo tem seu preço e o que faz com que o paguemos felizes é ter nossos desejos nascidos da emoção e não da razão das coisas. Só realmente amando ser e fazer o que nos propomos, podemos vestir a felicidade e usá-la por longos dias, sem lançá-la para o alto na primeira dificuldade que nos surja. A fantasia cheia de delírios e lantejoulas, que puxamos do baú uma vez por ano, é muito bonita, mas ela não deve ser adotada como vestimenta para o dia a dia, pois machuca, entristece e incomoda, haja visto que não é tecida pelo que verdadeiramente nos traduz.

Nos deixar tocar pelas coisas simples da vida pode nos parecer usual, mas é de extremo valor. É no coração que mora a verdade de cada um e essa verdade não exige explicações. O que os outros vão pensar sobre nossas escolhas, não nos cabe. Cabe a nós saber bem o que escolher, amar ser e fazer o que nos propusemos e entender que a felicidade é tímida e quase sempre não gosta de alardes.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Daquilo que se quer

Daquilo que se quer

Desde ontem, quando assisti a um filme sobre a vida da poetisa americana Sylvia Plath, que uma frase não me sai da cabeça: “meu predador das trevas”… Mais pela força da imagem que pela sonoridade do texto. Não. Por ambas. Acho que, principalmente, pelo significado em si.

O carrasco em questão seria seu futuro marido, o também poeta Ted Hughes, a quem ela nesse mesmo texto atribuía “um dia a culpa por sua morte”. O que realmente aconteceu. O que me encabula nessa história é o pressentimento… O faro de águia (não sei como é o faro da águia??? – fica a beleza da figura de linguagem). Para além da sensibilidade de escritora, o instinto. É fato que ele nos acomete. Por vezes não lhe damos ouvido ou atenção. Enfim, sabemos sempre o que nos amofina. E fato também, é que outras tantas vezes optamos deliberadamente pelo mal. Pelo que nos faz mal. Situações, pessoas, lugares…

Foi-nos dado o arbítrio. A nós cabe a responsabilidade de como as coisas nos atingem – descontando, é claro, as vezes em que somos alvo certo da neurose ou ressentimento de alguém; e olha que mesmo assim podemos dosar o que vamos absorver ou refletir. Somos permeáveis na mesma proporção que refratários, é só adotar a postura que convém.

Porque, então, não tiramos tudo de letra? Porque deixamos que tanta coisa nos toque? Basta pensar em qualquer relacionamento, seja mulher, amante, marido… É só ficar um pouquinho estável para o outro começar a nos mandar – e vice-versa. Mas nós delimitamos o quanto queremos ser mandados. E se cansarmos da mandança, acabamos com o privilégio do outro em relação a nós, e ponto. Simples. O vice-versa é que é o caso, porque é lógico que, jogo de interesse, na maioria das vezes obedecemos na proporção do que queremos mandar, ou de algum outro benefício que nos venha. A situação dos ex é curiosa nesse caso, pois se a um instante tinham o domínio do outro, no seguinte, o nada. Lidar com isso é notoriamente complicado.

Mas o ponto desse texto é mais doído do que poder mandar ou não em alguém. É quando, por vezes, alçamos vôos Kamikaze. É incrível como permitimos, e de vez em quando até escolhemos o caminho da dor. Quem em momentos de vasta alegria não sentiu falta da sua dor? Mesmo que nessas horas ela apareça disfarçada de uma angústia leve, um nó no peito, ou só um frio ligeiro que sobe num dia tranqüilo da base da espinha. Mas isso ainda é pouco. Temos a humana necessidade de ir mais fundo. Precisamos do lado sombrio. Da sensualidade do vampiro. Do lobo mau. Da ópera e do fantasma. Da fera a nos dominar de forma doce… Mesmo que só no campo da fantasia. Mesmo que em qualquer instância de domínio…

De volta ao início, o reconhecimento do algoz desde o primeiro instante, contudo, é fato raro. É para poucos. Por sorte, delicadeza e sabedoria, a antecipação do que irá nos acometer, permite premeditar o fim. (Mesmo que seja o fim do relacionamento em prol da nossa integridade.) Nos permite, na mesma proporção saborear – e se desejo for, expurgar – as dores, os medos, os fins.

Que eu seja a sentinela dos meus medos… Com a devida benção de Rilke à paráfrase, eu acho que encerra bem.Que tenhamos o domínio e a guarda (e digo isso em tom de prece solitária num momento comum) sobre a nossa vontade, as nossas dores, os nossos medos, os nossos algozes e – utopia minha – o nosso fi

::: Escrevi este texto na ocasião em que assisti ao filme “Sylvia – Paixão além das palavras” (Nunca entendi essa mania de darem títulos – e o que é pior subtítulos! – ridículos aos filmes. Se a gente não for persistente, insistir em ver o que tem por trás e sublimar, nem vê). Impressionou-me a força dessa mulher, mesmo com a Gwyneth Paltrow fazendo o papel, muito! Ontem, nas minhas noites de insônia assisti novamente e senti tudo de novo. As mesmas frases continuam rodando na minha cabeça e eu levantei e fui correndo pegar Ariel na estante – coisa que eu não tinha na época. :::

Gabriel García Márquez relata ter aprendido a ler pelo método Montessori

Gabriel García Márquez relata ter aprendido a ler pelo método Montessori

Aprender a Ler

Tive muita dificuldade em aprender a ler. Não me parecia lógico que a letra «m» se chamasse «éme» e, no entanto, com a vogal seguinte não se dissesse «éme» e sim «ma». Era-me impossível ler assim. Por fim, quando cheguei ao Montessori, a professora não me ensinou os nomes mas sim os sons das consoantes. Assim pude ler o primeiro livro que encontrei numa arca poeirenta da arrecadação da casa. Estava descosido e incompleto, mas absorveu-me de uma forma tão intensa que o namorado da Sara, ao passar, deixou cair uma premonição aterradora: «Caramba!, este menino vai ser escritor».

Dito por ele, que vivia de escrever, causou-me uma grande impressão. Passaram vários anos antes de saber que o livro era «As Mil e Uma Noites». O conto de que mais gostei – um dos mais curtos e o mais simples que li — continuou a parecer-me o melhor para o resto da minha vida, embora agora não esteja seguro de que fosse lá que o li nem ninguém me tenha podido esclarecer. O conto é este: um pescador prometeu a uma vizinha oferecer-lhe o primeiro peixe que pescasse se ela lhe emprestasse um chumbo para a sua rede e, quando a mulher abriu o peixe para o frigir, tinha dentro um diamante do tamanho de uma amêndoa.

Gabriel García Márquez, in ‘Viver para Contá-la’

Passei dos 25 e não fiz o que planejei. Fiz o que pude.

Passei dos 25 e não fiz o que planejei. Fiz o que pude.

Por Jean Peixoto

Não adquiri casa própria. Não comprei um automóvel. Não aprendi a dirigir. Não escrevi um livro. Não concluí a faculdade. Não conheci o exterior. Não encontrei a pessoa certa. Não me casei. Não tive filhos. Não fiquei rico. Não encontrei o emprego dos sonhos. Não me tornei chefe de nada. Não fui morar sozinho. E nada disso é, de fato, um problema, afinal de contas cada um tem o seu tempo.

Quando estava próximo de completar 16 anos entrei em uma paranoia. As pessoas sempre me diziam que os 15 anos eram a melhor fase da vida, que eu deveria aproveitar ao máximo, porque essa época jamais voltaria. Me sentia culpado porque os meus 15 anos, com toda certeza, não foram a melhor fase da minha vida. Era como se estivesse desperdiçando a tão valiosa e exclusiva oportunidade que a vida estava me oferecendo. Uma bobagem. Mais tarde, com 18 anos, outra crise. A maior parte dos meus colegas de aula estava aprendendo a dirigir, alguns ganhando automóveis dos pais, namorando, escolhendo a faculdade que queriam cursar e eu, nada.

O ritmo frenético de estudar no curso técnico pela manhã, trabalhar à tarde e frequentar as aulas à noite era realmente exaustivo, e se estendeu pelos 3 anos do Ensino Médio. Meu aproveitamento foi bem abaixo do esperado, mas tudo bem, eu estava fazendo o que tinha de ser feito. Concluí o Ensino Médio e passei alguns anos sem estudar. Uma decisão errada? Talvez. Ou não. Nem sei bem ao certo se foi uma escolha, afinal de contas, não estudei porque precisava trabalhar e andava muito cansado.

Ingressei na faculdade aos 21, idade em que boa parte das pessoas já está se formando (aqueles colegas lá do Ensino Médio, por exemplo). Próximo de completar 23 anos, uma nova paranoia. Ouvi em um programa de rádio algo sobre os grandes feitos da humanidade que seus autores realizaram até os 23 anos (com o tempo descobri que algumas informações daquela lista eram absolutamente irrelevantes e, outras, completamente incorretas). Me perguntava todos os dias se, caso eu viesse a morrer, qual seria o meu legado? O que eu deixaria de herança para o mundo? Desperdício de tempo e energia mental seria a minha resposta, hoje.

Ano passado completei 25 anos. As pessoas geralmente dizem que aparento ser mais jovem. Finjo crer que é pela aparência — o que é uma possibilidade — mas sei que o motivo mais provável talvez seja a sucessão de lacunas que minhas escolhas e as circunstâncias impostas deixaram no meu caminho, até aqui. Não adquiri casa própria. Não comprei um automóvel. Não aprendi a dirigir. Não escrevi um livro. Não concluí a faculdade. Não conheci o exterior. Não fiz uma tatuagem. Não encontrei a pessoa certa. Não me casei. Não tive filhos. Não fiquei rico. Não encontrei o emprego dos sonhos. Não me tornei chefe de nada. Não fui morar sozinho. E nada disso é, de fato, um problema, afinal de contas cada um tem o seu tempo.

contioutra.com - Passei dos 25 e não fiz o que planejei. Fiz o que pude.

Esse tempo que vivemos, em que tudo é instantâneo e efêmero, estabelece uma série de diretrizes normativas que nos conduzem a um comportamento de rebanho. Condicionados à essa constante avaliação qualitativa, mediada por likes, terminamos por nos esquecer das coisas que são realmente importantes nas nossas vidas. E quais são elas? Essa é uma pergunta que o inconsciente coletivo não pode responder, pois é estritamente subjetiva. No entanto, o que posso aferir é que estejamos todos priorizando nossas vidas a partir de modelos pré-estabelecidos que já não nos servem.

Nos últimos tempos, dificilmente encontro alguém com 20 e poucos anos que não esteja, senão completamente, ao menos, parcialmente insatisfeito com sua vida e suas escolhas. Afinal de contas, no universo da timeline, todas as outras pessoas estão completamente felizes, viajando, participando de festas e eventos badalados, comendo pratos maravilhosos, conhecendo celebridades, ganhando prêmios, trabalhando nas melhores empresas, namorando as melhores pessoas. No universo da timeline ninguém está triste. Ninguém está sem dinheiro. Ninguém está sozinho. Ninguém está se sentindo mal. Menos você, que no universo da timeline também está se sentindo completamente realizado para o resto do mundo, exceto para você mesmo.

O que nos falta é nos darmos a oportunidade de errar mais. Temos o hábito de nos cobrar demais e isso causa uma espécie de paralisia sensorial. Uma ansiedade despropositada. Sempre que nos permitimos errar, nos sentimos mais leves e menos suscetíveis ao erro. Em consequência, erramos menos. Somos pressionados diariamente a sermos pessoas perfeitas, pessoas que não erram, que não falham, porque falhar é coisa de derrotado, e derrotados não ganham likes.

Dia desses vi uma tirinha cruel, entretanto, absolutamente verdadeira.

contioutra.com - Passei dos 25 e não fiz o que planejei. Fiz o que pude.

Por mais que pareça um ponto de vista conformista ou desprovido de esperança, infelizmente é a mais pura realidade. Não importa que sejamos bombardeados diariamente com toneladas de mensagens positivistas que nos ditam uma infinidade de ideias desproporcionais que não correspondem ao factual. É claro que existem as exceções, mas assim como não precisamos ser regra, também não precisamos ser exceções — A menos que, ser exceção, seja o seu objetivo, é claro. Nos desprendermos da realidade é importante, sim. Flertar com a utopia é positivo, nos fortalece, nos recompõe, desde que saibamos delimitar a fronteira existente entre o real e o ideal. Não estou aqui para ditar novas regras, apenas acredito que precisamos romper com a zona de conforto, tentar coisas novas sempre que possível, mas também precisamos aceitar que algumas coisas não são possíveis para nós. E que isso não é ruim. Não somos obrigados a ser perfeitos, nem tampouco somos capazes disso. Não precisamos ter tudo o que nos dizem que devemos. Não precisamos seguir padrões definidos por outros. Só precisamos decidir.

Lendo Nietzsche é que pude, enfim, compreender que querer, definitivamente não é poder, querer é apenas ‘querer’. O querer é fruto da vontade de potência, e é ela que nos move. Precisamos conhecer as nossas limitações e transformá-las em força produtiva, seja através do trabalho, das nossas relações ou da arte. Precisamos aprender a rever nossa relação com o tempo. A forma como compreendemos o tempo diz muito sobre a forma como encaramos a vida. Não pretendo me estender nesse tema, mas a concepção Ocidental sobre o tempo é essencialmente linear: passado, presente e futuro. Início, meio e fim. Essa visão linear do tempo nos conduz a um pensamento niilista, pois reduz a vida a um mero caminho vago entre os 2 extremos. Contra essa linha de pensamento é que Nietzsche propõe a alegoria do eterno retorno, como uma alternativa a esse modo de viver o tempo.

No canto chamado “Da visão e enigma”, na terceira parte do Zaratustra, o personagem relata uma passagem em que se depara com um jovem pastor que, ao chão, se retorce de dor, pois uma enorme serpente negra havia se introduzido em sua garganta e o asfixiava lentamente. A serpente negra simboliza o niilismo. Zaratustra tentava, inutilmente, arrancar a serpente da garganta do pastor puxando-a, pois o niilismo, quase já completamente introduzido no homem, incorporado a ele, não pode ser vencido a não ser por aquele que dele padece. Por fim descobre-se que a serpente só poderia ser morta caso o pastor lhe mordesse a cabeça. Sua tormenta só se encerra quando decide fazer o que lhe é recomendado por Zaratustra aos gritos, ou seja, ‘a morde e a cospe’. Essa alegoria ensina que a superação do niilismo depende de uma decisão suprema da vontade, pela qual liberamos nossa existência do niilismo. Em suma, precisamos romper com o niilismo e para isso, só precisamos decidir arrancar a cabeça dessa serpente.

A comparação é um exercício importante, mas como todo e qualquer exercício, quando excedemos nossos limites ela se torna prejudicial. Sempre pensei nos meus ídolos como metas. Às vezes me pego pensando que com 20 anos Rimbaud já tinha escrito toda a sua obra literária e com a minha idade viajava pelo mundo. Penso que Bresson já tinha feito muitas viagens e produzido grandes peças de sua obra. Penso que Da Vinci já coordenava o próprio ateliê. Penso que James Dean já tinha chegado ao topo e já tinha morrido. Muitas vezes isso me motiva, mas na maioria das vezes, me faz cair no niilismo. Todos temos ídolos ou pessoas que admiramos e nos espelhamos. É normal. Mas é preciso relativizar as condições e relações que compõem a vida de cada indivíduo para entendermos que somos diferentes. Cada um tem suas aptidões, limitações, diferentes oportunidades e principalmente, o seu próprio tempo.

Estabelecer parâmetros e metas é fundamental, mas viver uma vida completamente calcada nesses moldes é encarcerante e provavelmente trará uma série de frustrações.Como escrevi anteriormente, é preciso aprender a lidar com as decepções e aceitar que nem sempre vencemos, mas precisamos, também, desacelerar o nosso nível de autocrítica. Só assim poderemos diminuir essa ansiedade que nos aflige diariamente. Essa sensação de dúvida, de que estamos fazendo alguma coisa de errado com o nosso presente, que irá comprometer o nosso futuro. Para pararmos de questionar o tempo todo sobre o que estamos fazendo com nossas vidas. A resposta para essa pergunta deve ser simples e objetiva: Estamos vivendo-a da melhor forma que podemos.

Fonte indicada: Obvious

contioutra.com - Passei dos 25 e não fiz o que planejei. Fiz o que pude.JEAN PEIXOTO

Um sujeito simples com diversos predicados. Estudante de Comunicação Social. Apaixonado por literatura, cinema e música. Fotografa tudo o que consegue. Escreve por vocação e desenha por teimosia. Já tentou ser músico, mas não se acostumou com os tomates. Espera, um dia, conhecer o Beetle Juice.. No Facebook Jean Peixoto.

Estavam tão felizes que não postavam nas redes sociais

Estavam tão felizes que não postavam nas redes sociais

O uso das redes sociais já faz parte da vida das pessoas. São muitos os que têm perfis no Facebook, Twitter, Instagram…

São, sem dúvida alguma, um mecanismo maravilhoso para compartilhar vivências, pensamentos, e, graças ao ambiente atual, também é possível acompanhar notícias e assuntos que nos fazem aprender.

É como se o mundo inteiro estivesse ao alcance das nossas mãos em somente um clique e, são elas, as redes sociais, que mais nos ajudam nessa característica tão básica do ser humano: a comunicação e a interação.

Mas, como tudo na vida, cada objeto, espaço ou mecanismo, desempenhará a função que cada um de nós dará de acordo com as nossas necessidades, personalidade e motivação.

Os psicólogos nos explicam que as redes sociais atuam como mecanismos de defesa para muitas de nossas carências, de nossas necessidades, essas das quais, muitas vezes, não temos consciência e que nós projetamos nesses espaços que vão muito além de uma simples interação social.

Quantas pessoas você conhece em seu círculo social que estão acostumadas a publicar seus estados de ânimo ou suas relações afetivas, no Facebook ou Twitter o tempo todo? Hoje vamos falar sobre os processos psicológicos mascarados nesses costumes.

O perfil saudável das redes sociais

Existe um comentário muito popular que é comumente dito nas redes sociais: “O mundo está cheio de mortos-vivos e a maioria deles se esconde no Facebook”.

O que isso quer dizer? A internet serve como uma ferramenta para muitas pessoas para ficar em evidência e aparentar ter uma vida que, na realidade, não possuem. 

No entanto, podemos dizer que grande parte dessas pessoas que usam as redes sociais faz isso de maneira saudável, pois dispõem de algumas características:

  • As redes sociais não são uma parte essencial e necessária em suas vidas. São um complemento e uma forma de comunicação para compartilhar experiências com pessoas que veem todos os dias, ou com as quais mantêm uma relação frequente e real.
  • O comportamento e a personalidade das pessoas que utilizam as redes sociais de forma saudável não mudam de meio para meio, ou seja, mantêm as mesmas atitudes, independente do meio em que se encontram. Portanto, são pessoas centradas que controlam adequadamente suas emoções e sabem expressá-las nos meios adequados.
  • Um exemplo? Quando se está aborrecido com algum companheiro de trabalho, não é através das redes sociais, enviando uma mensagem privada ou até publicando em seu mural para que todas as pessoas saibam da situação, a melhor maneira de comunicar-se. O correto é ser direto e conversar pessoalmente, sem a necessidade do conhecimento ou envolvimento de outras pessoas.
  • As pessoas saudáveis sabem quando “se desconectar”. Não são reféns dos seus telefones celulares e do que ocorre nas redes sociais. A vida real é muito mais apaixonante.
  • Publicam as boas notícias nas redes sociais somente pelo prazer de compartilhar com as amizades essas emoções positivas. Não possuem o desejo de “engrandecer-se” e não buscam ser prepotentes ou aparecer.
  • Também não sentem a necessidade de que todos os seus contatos (conhecidos ou não) saibam cada dia o que fazem ou deixam de fazer, o que pensam ou sentem. As pessoas que utilizam as redes sociais de modo saudável têm o conceito de “intimidade” muito bem definido.

Comportamentos pouco saudáveis nas redes sociais

A nossa vida e o nosso cotidiano não seriam o que são sem o apoio diário da internet. Ela é mais do que uma ferramenta de trabalho, podendo dizer também que torna nossas vidas mais fáceis, nos instruindo e enriquecendo de informações.

Entretanto, existem pessoas que, sem chegar a ser ofensivas, não utilizam de modo correto as redes sociais.

Convidamos você a conhecer alguns interessantes aspectos.

Em busca dos apoios psicológicos

Há pessoas que publicam estados ou fotografias em suas redes sociais devido à necessidade natural de encontrar um apoio. Esses “likes” são muito mais do que uma opção no Facebook ou um favorito no Twitter:

  • É obter uma gratificação.
  • É que alguém diga “que gosta” de uma fotografia postada, onde a pessoa aparece com um vestido ou um penteado novo. Com isso, aumenta a autoestima e, por sua vez, mostra aos outros “o quanto atrativa essa pessoa é em comparação as demais”.
  • Obter um apoio imediato e rápido. Não ter que esperar sair na rua para que as outras pessoas a vejam e digam algo. Em poucos segundos, obtém-se uma infinidades de apoios psicológicos.

As redes sociais são escudos protetores

  • A internet pode mostrar tal e como eu gostaria de ser. Posso ser mais atrevido, posso estabelecer relacionamentos afetivos nas redes sociais, pois nela me sinto mais seguro do que na vida real.
  • As redes sociais nos permitem, inclusive, criar uma personalidade nova e utilizar até mesmo uma imagem falsa de perfil. Tudo isso são, na verdade, comportamentos tão perigosos para as outras pessoas como destrutivos para nós mesmos.

Pensar que se não estamos nas redes sociais “não existimos”

Certamente já aconteceu isso alguma vez: você se encontra com alguém e pergunta, com tom irônico “Mas, quem é essa (e) em sua vida? Você já não posta mais nada no Facebook!”. Diante disso, geralmente olhamos à pessoa que fez essa pergunta e dizemos com tranquilidade: “Tenho uma vida além das redes sociais”.

Ou seja, há quem credita de que se você não publicar o que faz ou o que está vivenciando é como se, na realidade, nada estivesse acontecendo.

Toda experiência só adquire sentido no momento em que aparece no mural do Facebook e aparecem os likes e comentários. É só assim que você se sente aliviado, reconhecido e tranquilo.

Evitemos estes tipos de cosais. A vida é muito mais charmosa se sairmos para vivê-la, se guardamos as coisas para nós mesmos sem a necessidade de expor tudo a terceiros.

Pratiquemos no íntimo e no pessoal isso de “estavam tão felizes que não publicavam nas redes sociais”.

Fonte indicada: Melhor com Saúde

Arte de capa: Nidhi Chanani.

15 filmes que irão tocar sua alma

15 filmes que irão tocar sua alma

Por Psique em Equilíbrio

Uma das maiores dádivas do cinema é a capacidade de traduzir a beleza e a complexidade dos dramas humanos através de enredos que nos tocam a alma, nos ajudam a refletir e nos inundam os sentidos, trazendo à tona emoções que podem ter ação catalisadora em nossas vidas.

Separamos para vocês alguns filmes que nos tocaram e emocionaram nos últimos anos. É claro que a lista não está completa, pois são muitas tramas que nos evocam os mais diferentes sentimentos. Então fica o espaço para que vocês também possam contribuir e acrescentar nos comentários os filmes que também tocaram profundamente suas almas!

1.Sabor da vida

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Se fosse preciso definir Sabor da Vida com uma única palavra, esta seria delicadeza. É com esta poderosa arma, capaz de derrubar o mais sisudo espectador, que a diretora Naomi Kawase aborda temas tão importantes quanto preconceito e respeito, sem jamais deixar de lado a cultura e a história japonesa.

2. Nenhum a menos

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Quando o professor da escola primária de uma pequena aldeia rural em Shuiquan tem que se afastar do trabalho por um mês, a única pessoa que pode substituí-lo é Wei (WeiMinzhi), uma tímida jovem de 13 anos sem experiência alguma na arte de lecionar. Ela recebe a restrita ordem de que deve manter todos os alunos na escola e não deixar nenhum partir.
Teimosa, ela fará de tudo para cumprir o plano, algo prova ser mais difícil do que parece quando o pequeno Zhang (Zhang Huike) é obrigado a deixar a aldeia e ir para cidade a fim de arrumar um trabalho. Contando com o apoio de seus alunos, a determinada professora vai a pé atras de seu aluno perdido e não vai desistir até trazê-lo de volta.

3. A voz do coração

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Pierre Morhange (Jacques Perrin) é um famoso maestro que retorna à sua cidade-natal ao saber do falecimento de sua mãe. Lá ele encontra um diário mantido por seu antigo professor de música, ClémenteMathieu (Gérard Jugnot), através do qual passa a relembrar sua própria infância. Mais exatamente a década de 40, quando passou a participar de um coro organizado pelo professor, que terminou por revelar seus dotes musicais.

4. Philomena

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Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois.

5. A vida é bela

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Durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido (Roberto Benigni) e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele tem que usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam.

6. As pontes de Madison

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Após a morte de Francesca Johnson (Meryl Streep), uma proprietária rural do interior do Iowa, seus filhos descobrem, através de cartas que a mãe deixou, do forte envolvimento que ela teve com um fotógrafo (Clint Eastwood) da NationalGeographic, quando a família se ausentou de casa por quatro dias. Estas revelações fazem os filhos questionarem seus próprios casamentos.

7. A cor púrpura

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La couleur pourpre (The Color Purple), un film de Steven Spielberg (Etats-Unis, 1995)

Georgia, 1909. Em uma pequena cidade Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de procriar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a “Mister” (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira.
Grande parte da brutalidade de Mister provêm por alimentar uma forte paixão por ShugAvery (Margaret Avery), uma sensual cantora de blues. Celie fica muito solitária e compartilha sua tristeza em cartas (a única forma de manter a sanidade em um mundo onde poucos a ouvem), primeiramente com Deus e depois com a irmã Nettie (AkosuaBusia), missionária na África.
Mas quando Shug, aliada à forte Sofia (Oprah Winfrey), esposa de Harpo (Willard E. Pugh), filho de Mister, entram na sua vida, Celie revela seu espírito brilhante, ganhando consciência do seu valor e das possibilidades que o mundo lhe oferece.

8. O contador de histórias

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Anos 70. Aos 6 anos Roberto Carlos Ramos (Marco Ribeiro) foi escolhido por sua mãe (Jú Colombo) para ser interno em uma instituição oficial que, segundo apregoava a propaganda, visava a formação de crianças em médicos, advogados e engenheiros. Entretanto a realidade era bem diferente, o que fez com que Roberto aprendesse as regras de sobrevivência no local.
Pouco depois de completar 7 anos ele é transferido, passando a conviver com crianças até 14 anos. Aos 13 anos, ainda analfabeto, Roberto tem contato com as drogas e já acumula mais de 100 tentativas de fuga.
Considerado irrecuperável por muitos, Roberto recebe a visita da psicóloga francesa MargheritDuvas (Maria de Medeiros). Tratando-o com respeito, ela inicia o processo de recuperação e aprendizagem de Roberto.

9. Apenas uma vez (Once)

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Dublin, Irlanda. Um músico de rua (GlenHansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (MarkétaInglová), que tenta ainda se encontrar na cidade. Logo eles se aproximam e, ao reconhecer o talento um do outro, começam a ajudar-se mutuamente para que seus sonhos se tornem realidade.

10. Uma lição de amor

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Sam Dawson (Sean Penn) é um homem com deficiência mental que cria sua filha Lucy (Dakota Fanning) com uma grande ajuda de seus amigos. Porém, assim que faz 7 anos Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, e esta situação chama a atenção de uma assistente social que quer Lucy internada em um orfanato.
A partir de então Sam enfrenta um caso virtualmente impossível de ser vencido por ele, contando para isso com a ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), que aceita o caso como um desafio com seus colegas de profissão.

11. Sobrevivendo com os lobos

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A história se passa na capital belga Bruxelas, em 1942, quando a Segunda Guerra Mundial se intensifica e poderio alemão invade todos os territórios.
Nesse cenário conhecemos uma garota de apenas sete anos de idade, Misha, que tem dois objetivos: escapar dos nazistas e encontrar seus pais. É assim que ela se lança numa jornada em que experimenta, sozinha, o desespero da guerra.
Mas eis que a menina é adotada por uma família de lobos. Ainda que isso possa parecer impossível ou inimaginável, surge de fato um grande amor e sentido de proteção entre os animais e a garota. Nem tudo será fácil para Misha, mas graças aos lobos ela aprende a sobreviver para prosseguir com sua busca.

12. Habemus Papam

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Após a morte do Papa, o conclave do Vaticano se reúne para escolher seu sucessor. Após várias votações, enfim há um eleito. Os fiéis, amontoados na Praça de São Pedro, aguardam a primeira aparição do escolhido (Michel Piccoli), mas ele não vem a público por não suportar o peso da responsabilidade. Tentando resolver a crise, os demais cardeais resolvem chamar um psicanalista (Nanni Moretti) para tratar o novo Papa.

13.Minha vida de cachorro

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Comova-se com a história do menino Ingemar que, devido ao agravamento da saúde de sua mãe, é enviado para casa de parentes numa vila no interior da Suécia, nos anos 50. No início, Ingemar tem dificuldades de se adaptar à nova vida e superar as saudades da mãe e do irmão. Com o tempo, acaba por viver experiências que o marcarão pelo resto da vida.

14. Minhas tardes com Margueritte

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Imagine o encontro de duas forças. De um lado, mais de 100 quilos de pura ignorância e do outro menos de 50, carregados de ternura. Entre eles, uma diferença de décadas de idade e em comum, o encanto pelos livros. Esta é a história de um cinquentão pobre com as palavras e uma idosa inversamente rica com elas.

15. Em busca do céu (Stolen Summer)

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Em busca do céu narra a amizade de Pete O’Malley( Adi Stein) e Danny Jacobsen ( Michael Weinberg ). Enquanto a maioria dos alunos da terceira série passam seus verões jogar beisebol e brincando na piscina, Peteembarcar em uma missão divina de fazer o bem em sua comunidade em Chicago e provar seu valor para entrar no céu.

Sinopses: www.adorocinema.com e www.wikipedia.com

Bagagem emocional, por Rafael Magalhães

Bagagem emocional, por Rafael Magalhães

Por Rafael Magalhães

Talvez seja essa a grande vilã dos relacionamentos. A bagagem emocional. O resquício, o trauma, as mazelas, as lembranças. Tudo isso gera insegurança e medo do novo. O medo do “de novo”. O medo de se entregar, de acreditar, de se dedicar e de se decepcionar.

E tudo isso porque alguém, certa vez, teve a infeliz ideia de dizer que é normal errar uma vez, mas prosseguir no erro é indigno. Tolice, eu diria. Não existem erros iguais, apenas situações coincidentes. Ninguém erra duas vezes igual porque não existem nesta vida duas situações idênticas, e mesmo se existissem, a pessoa com quem você está lidando não é a mesma e, sobretudo e o mais importante no caso, é que você não será mais o mesmo.

A cada erro um aprendizado. Cada vez que você acredita que será diferente, realmente há de ser. Talvez novamente não haja o final que você espera, mas haverá um final que você ainda desconhece e que irá te transformar em uma pessoa mais preparada do que é hoje. E isso, por si só, já vale o risco.

A bagagem emocional te aprisiona e te faz ser injusto. Faz com que você jogue as decepções de um relacionamento passado na conta de uma pessoa que não tem nada a ver com isso. Faz você duvidar da sorte. Faz você afastar uma pessoa boa da sua vida com medo de se decepcionar com ela, ou de causar essa decepção.

É essa bagagem que faz surgirem clichês do tipo: “Todo homem não presta” ou “Toda mulher é interesseira”. Superficial e tolo como tantas outras conclusões que se ouvem por aí. Não é todo homem que não presta. Talvez o que não preste sejam os seus critérios de escolha, ou os lugares em que você tem procurado esses homens. Já pensou nisso? E nem toda mulher é interesseira e, sim, você que faz de tudo para atrair as que são, mostrando mais o que você tem do que o que você é.

Comportando-se assim, não restam dúvidas quanto ao tipo das pessoas que irão se aproximar de você. O passado não pode fechar portas para o futuro. Ele apenas te direciona sobre quais novas portas abrir. Pense nas suas decepções passadas. Veja quanto que você se tornou uma pessoa melhor depois delas. Não valeu a pena? De que outra forma você poderia alcançar a maturidade que tem agora? Foi dolorido? Com certeza! Mas ninguém te disse que seria fácil.

É também por conta dessa bagagem emocional que surgem as fórmulas prontas. Não ligue no dia seguinte, tente não demonstrar interesse, cuidado com as palavras fortes, demore um pouco para responder… Fórmulas que deram certo em momentos distintos e com pessoas totalmente diferentes de você.

O mundo seria um lugar melhor se as pessoas procurassem ser mais verdadeiras e ficassem menos na defensiva. Menos fórmula pronta, mais cara limpa. Você gosta? Então diga! Está com saudade? Procure! Quer conversar? Ligue! Sem medo, sem frescura, sem orgulho, sem receio. E você que está recebendo tal tratamento, não seja estúpido e trate essa pessoa com a atenção e a verdade que ela merece. Coragem e transparência são itens raros nos dias de hoje, e não faz sentido você que reclama tanto de não poder confiar nas pessoas, não saber valorizar quando aparece alguém que te trata com verdade.

As pessoas parecem estar perdendo o hábito de lidar com a verdade, por isso ela assusta tanto. Não tenha medo de ser feliz. Mais vale um mês de alegria do que um ano inteiro de solidão. Ninguém sabe quanto tempo vai durar. Um casamento, um namoro, um romance, uma amizade, um amor, a vida. Tudo é passageiro e incerto. Mas o medo de acabar não pode nunca te impedir de tentar.

É comum ouvir por aí alguém dizer: “Terminei meu namoro de três anos. Não deu certo!” Não deu certo? Como não? Em tempos de casamentos que duram meses você me diz que um relacionamento de três anos não deu certo? Deu muito certo, caso contrário não teria durado tanto. Foi verdadeiro? Foi intenso? Deixou boas recordações? Então deu certo sim e valeu a pena. Se houve dor e decepção no caminho, é o preço natural que se paga.

Que venham outros amores, outros amigos, outros lugares e outros momentos. Que a dor de um adeus não seja maior que a alegria de um recomeço. Que o medo de errar não seja maior que a vontade de acertar. A vida vai ser sempre essa roda gigante e, se você não aguentar o frio na barriga na hora da descida, não vai sentir o vento no rosto e a sensação única da subida. E, vai por mim, a vista lá de cima é incrível.

Para mais textos do autor acompanhe seu blog Precisava Escrever.

Procura-se amizade desaparecida

Procura-se amizade desaparecida

E se alguém viu ou ouviu falar, por gentileza não demore a avisar. Amizade que faz falta vale a pena procurar.
Porque amigo a gente procura, rastreia, fareja, caça, laça e enlaça, sem vergonha, sem frescura, sem escusa.

É preciso ao menos saber como anda um amigo. É necessário se inteirar, se fazer necessário se preciso. Se tornar presente, ainda no presente.
É essencial fazer parte da vida de um amigo, e, mostrar a ele qual é a pilastra de sustentação que tem seu nome gravado, dentro da nossa construção.

Para esse assunto não cabe orgulho, não cola desculpa, não vence a preguiça.
Amigo é coisa séria e se ele desaparece, algum motivo há de ter. E se não dá notícias, se é indolente, preguiçoso, relaxado, ocupado, e ainda assim é amigo, vale a pena procurá-lo.

Amigo é fortuna que não se conta em moedas, mas, se desaparece, nos deixa miseráveis.
Amigo é o espelho da própria vida, a régua que mede os avanços, o freio na hora de perigo, a água, o doce de leite, a confissão sincera, o ombro amigo, o beliscão merecido.

Quando um amigo desaparece, o jogo acaba, a bola fura, a luz queima, a bateria acaba.
Falar sozinho enlouquece, falar com o amigo cura.

Se há um esforço louvável, é o de procurar um amigo. Para lhe contar a falta que fez, a saudade que deixou, a novidade que ainda não sabe, pedir um conselho, uma bronca, um abraço ou somente um alô. Para lhe dizer que a vida é curta demais para se esconder, ou não querer ser encontrado.

Para a falta de tempo, mais organização.
Para a preguiça, determinação.
Para a vergonha, coragem!
Para o ciúme de outro amigo, torne-se amigo do outro amigo também. O círculo cresce e todo mundo ganha.

Torna-se amigo em um minuto. Leva-se um vida inteira para continuar amigo.
Se você é meu amigo, por favor, não desapareça. Se precisar ou tiver vontade de desaparecer, ainda assim vou te procurar.
E se eu desaparecer, me resgate, onde for, por favor.

Inseparáveis: idosa e sua gatinha morrem com horas de diferença

Inseparáveis: idosa e sua gatinha morrem com horas de diferença

“Minha avó e sua gatinha eram inseparáveis – na vida e na morte.” Jill Layton, do The Dodo, conta que quatro horas após Gabby, a gata, falecer aos 15 anos, sua avó também se foi.

A gatinha e a senhora moravam juntas em um complexo de apartamentos para idosos, como verdadeiras colegas de quarto. “Elas começam a reduzir o ritmo ao mesmo tempo, mas continuaram sendo idosas amáveis que gostavam da companhia uma da outra”, conta Jill.

Gabby começou a ficar mais reservada e a avó começou a comer cada vez menos e perder peso. As duas estavam chegando na hora de partir.

Durante uma última consulta ao veterinário, chegaram à conclusão de que seria melhor colocar Gabby para dormir. “Minha avó ficou ao lado dela confortando-a quando ela fechou os olhos pela última vez.”

Quando chegou em casa, a avó se deitou no sofá e não acordou mais.

“Talvez fosse apenas sua hora e uma estranha coincidência, talvez ela tenha falecido de um coração partido ou talvez suas almas não pudessem ser separadas”, conta Jill. “Gosto de pensar que o espirito de Gabby estava lá para confortar minha avó, da mesma forma como vovó fizera por ela algumas horas antes.”

E esse amor continua inseparável: as duas estão enterradas juntas.

Informações e foto do The Dodo, via Gatinho Branco

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