10 Fatos extraordinários sobre os sonhos

10 Fatos extraordinários sobre os sonhos

10. Os cegos também sonham
Pessoas que ficam cegas depois do nascimento podem ver imagens durante os sonhos. As pessoas que nascem cegas não enxergam nada, mas possuem sonhos igualmente vívidos envolvendo seus outros sentidos: audição, olfato, tato e suas emoções. É difícil para pessoas que enxergam imaginar, mas o a necessidade dos sonhos para o corpo é tão forte que os cegos podem virtualmente manipular todas as situações com as quais sonham.

9. Você esquece 90% dos seus sonhos
Depois de cinco minutos acordados a metade do sonho já foi esquecido. Em 10m, 90% já se foi. O famoso poeta Samuel Taylor Coleridge acordou uma manhã depois de ter um fantástico sonho (possivelmente induzido pelo ópio) e começou a descrever seu “visão em um sonho”, que é um dos poemas ingleses mais famosos: Kubla Khan. Depois de haver escrito 54 linhas ele foi interrompido por um visitante indesejado. Samuel retornou ao seu poema, mas não pode lembrar o resto de seu sonho. O poema nunca foi concluído.

Curiosamente o autor Robert Stecenson inventou a história do Doutor Jeckyll e Sr. Hyde enquanto estava dormindo. Frankenstein, de Mary Shelley, também foi filho de um sonho da autora.

8. Todo mundo sonha
Com exceção de algumas pessoas com distúrbios psicológicos extremos todo o restante de nós sonha. Homens tendem a sonhar mais com outros homens, enquanto a mulher tende a sonhar igualmente com pessoas de ambos sexos. Ambos experimentam reações físicas aos seus sonhos não importando se ele tenha ou não natureza sexual; homens têm ereções e nas mulheres aumenta o fluxo sanguíneo vaginal.

7. Os sonhos previnem psicose
Em um estudo recente sobre o sono, estudantes que foram acordados no início de cada sonho, mas mesmo assim puderam dormir suas oito horas de sono. Todos experimentaram dificuldades de concentração, irritabilidade, alucinações e sinais de psicose depois de apenas três dias. Quando eles finalmente foram autorizados a dormir durante o sono REM (Rapid Eyes Movement em inglês ou movimento rápido dos olhos; é o sinal fisiológico de que começamos a sonhar durante o sono), seus cérebros compensaram o tempo perdido aumentando muito o percentual de sono realizado no estagio REM.

6. Nós sonhamos apenas sobre o que conhecemos
Nossos sonhos são frequentemente cheios de pessoas estranhas que desenpenham certos papéis. Você sabia que a sua mente não está inventando estas faces? Elas são rostos reais de pessoas que você viu durante a sua vida, mas pode não se recordar. O algoz de seu último pesadelo pode ter sido o caixa da padaria em que o seu pai comprava pão quando você era criança. Como todos vemos centenas de milhares de rostos por dia é possível que tenhamos um suprimento infindável de personagens que nossa mente por utilizar durante os sonhos.

Existe uma ciência que afirma que os sonhos são manipulados em realidade pelo próprio espírito individual, como uma espécie de comunicação.

5. Nem todos sonham em cores
Existem pessoas com visão normal (12%) que sonham exclusivamente em preto e branco. O restante sonha em cores. Há também temas comuns para os sonhos, que são situações relacionadas à escola, ser perseguido, tentar correr e mesmo assim se mover vagarosamente, experiência sexuais, cair, atrasar-se, uma pessoa viva atualmente estar morta, dentes caindo, voar, reprovar em um exame ou acidente de carro. É desconhecido se o impacto de um sonho relacionado a violência ou morte é mais emocionalmente carregado para a pessoa que sonha em cores ou para as que sonham em preto e branco.

4. Os sonhos não são sobre o assunto que parecem tratar
Se você sonha sobre algum assunto em particular não é comum que o sonho seja realmente sobre isso. Os sonhos nos falam em uma linguagem profundamente simbólica. A mente consciente tenta comparar seu sonho a outra situação ou coisa similar. É como uma analogia em uma poesia que diz que as formigas são como máquinas que nunca param. Em um sonho você nunca compara algo com esse mesmo algo, assim como na poesia, por exemplo: “Aquele belo pôr-do-sol era como um belo pôr-do-sol”. Portanto seja qual for o símbolo que o seu sonho escolha é muito improvável que o propósito do sonho seja o símbolo em si.

3. Quem pára de fumar tem sonhos mais vívidos
Os tabagistas que fumaram por muito tempo e pararam reportaram mais sonhos vívidos do que eles normalmente teriam. Em adição, de acordo com a revista científica Journal of Abnormal Psychology “entre 293 fumantes que se abstiveram entre uma e quatro semanas, 33% disseram que tiveram ao menos um sonho sobre fumar. Na maioria dos sonhos as pessoas se flagravam fumando e sentiam fortes emoções negativas como pânico e culpa. Sonhos sobre fumar foram o resultado do fato da desistência ao cigarro, pois 97% dos voluntários não os tinham enquanto fumavam e sua ocorrência foi relacionada significativamente ao período de abstinência. Eles foram relatados como mais vívidos do que os sonhos normais e são tão comuns como os grandes sintomas de abstinência ao tabaco”.

2. Estímulos externos invadem nossos sonhos
Isso é chamado de Incorporação ao Sonho e é a experiência em que a maioria de nós tem um som do mundo real ouvido em nosso sonho e incorporada de alguma maneira. Um exemplo similar ocorre quando você sente sede ou vontade de urinar no mundo real enquanto dorme e isto é transportado para o sonho. A maioria das crianças, já grandes, urinam na cama por causa de incorporação: estão com a bexiga cheia, sonham que estão apertados e urinam no sonho ao mesmo tempo em que molham a cama. Pessoas com sede durante o sono relataram tomar copos de água dentro do sonho para, minutos depois, ficar com sede e tomar outro copo. O ciclo se repete até o momento que este que a pessoa acorda.

A famosa pintura acima de Salvador Dali explica exatamente este conceito. O seu nome é “Sonho Causado Pelo Vôo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar”.

1. Você está paralisado durante o sonho
Acredite ou não o seu corpo está virtualmente paralisado durante o sono. Isso ocorre possivelmente para preveni-lo de atuar aspectos dos seus sonhos. Durante o sono há glândulas que secretam um hormônio que ajuda a induzir o sono e os neurônios enviam sinais à coluna vertebral que causam o relaxamento do corpo e em seguida a pessoa fica essencialmente paralisada.

Bônus: Fatos extras

* Você não sonha enquanto ronca.
* As crianças não sonham sobre si mesmas até aproximadamente os três anos. À partir desta idade as crianças tem muito mais pesadelos do que os adultos até completar 7 ou 8 anos.
* Se você for acordado durante o sono REM você tem mais chances de lembrar seu sonho mais vividamente do que quando você acorda pela manhã.
* Não existe evidência científica que confirme o mito de que acordar um sonâmbulo possa matá-lo.
* Há pessoas que sofrem de sonhos recorrentes. É um sonho que surge repetidamente durante longos períodos de tempo, até anos. Geralmente possui aspectos de pesadelo e pode ser causado por estresse pós-traumático.

Fontes: Listverse, Wikipedia– Via Site de Curiosidades

O eu que vai dentro de mim

O eu que vai dentro de mim

“Traçamos caminhos de tropeços e curvas sem fim daquilo que somos. Resumi em metades de um sonho a experiência humana.”

Alguém me disse essa frase quando eu era bem nova, e eu nunca consegui esquecer… e nem saber de quem é. Mas ela sempre me trouxe um sentido único: de que nunca fugimos à nossa essência. Nem para o mal e nem para o bem. Se esta existência é real, ou apenas o devaneio de um deus brincalhão, temos que passar por ela com a forma que nos cabe e a alma que alimentamos. É o que podemos… assim eu pensava.
Mais adiante outra frase se somou a esta, me fazendo quase estabelecer uma certeza:

“Todo dia, quando acordamos, temos sempre que lembrar quem somos.”

David Cronenberg por ocasião do lançamento de seu filme Marcas da violência.
Dessa vez eu sei de quem. E o quando, desde que eu vi o filme em 2005 (e ela sempre me volta… me dá a volta).
A lembrança recorrente e cotidiana dessa nossa essência é algo que por vezes não damos conta, mas que em geral nos acompanha em momentos que queríamos ou não… E, em verdade, está todo dia na cabeceira ao abrirmos os olhos.
Ninguém é só o que parece…

O que eu acho intrigante é que, na maioria das vezes, somos mais. E bem melhores. Quase todo mundo opta por sublimar a imensidão que vai no peito, não a deixa emergir… Ora por timidez, ora para ter sossego, aqui por excesso de autocrítica, ali só para se preservar, acolá para tentar ser mais do que se crê… Nada errado em querer calar aquela vozinha supostamente indesejada, e que já causou constrangimento. Só não devemos sufocá-la, nunca!
É aí que entram as frases. É aí que tudo faz sentido. Saber o que somos é vital.

Toda manhã quando nos olhamos no espelho, a nossa essência nos olha de volta, só que alguns a disfarçam tão bem e tão fundo, que nem a reconhecem mais… Problema nenhum, não fossem também o reflexo dela. Mas o pior é o fato de estarem perdendo a chance de conviver com o que tem de mais autêntico. E isso não tem preço, mas tem paga!

Sabe aquele brilho no olho de alguém, aquela energia boa, uma confiança desmedida, o astral que contagia? É só o que vai dentro transbordando. E isso é percebido a quilômetros de distância. E é encantador. E volta na forma de alimento ao ser. Energia é coisa que circula.

No nosso dia a dia, tudo costuma ser menos dramático do que no cinema, ou será que não. Certa vez eu estava numa oficina para criação de roteiro pra cinema, e a proposta era escrever um curta com a história de alguém conhecido, próximo. Comecei a observar mais amiúde as vidas dos que me eram chegados… E todas, absolutamente todas dariam filmes fantásticos! E sem muita necessidade de perspectiva no olhar. Vida do jeito que é.

Só que na correria cotidiana, a gente não se dá conta do quanto é único. Com o acúmulo de tarefas e de labutas e de cobranças – impostas ou absorvidas, muitas vezes podemos nos perder do nosso eu essencial. Temos que ter sempre a consciência das suas vontades urgentes, das suas verdades concretas, dos seus planos longos, dos seus sonhos! De amor, de valsa ou de padaria… Tudo vale, desde que tragam os nossos desejos reais. E junto o estímulo, e junto a esperança, e o gosto e a cor. Sem isso a vida fica ligada num automático que corre… e passa na janela, e voa. E desperdiçamos justo as asas que nos levariam mais alto.

Fecho com uma frase de uma das minhas poetas de toda hora e de todo onde, Hilda Hilst:
“Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento.”
Olhemo-nos sempre! Com menos sensatez. E mais fundo.

::: O filme Marcas da Violência (spoilers leves – quem ainda não assistiu, pare a leitura por aqui!) fala de um homem que a certa altura é obrigado a revisitar seu passado, e com ele remexer instintos enterrados e tentar entender quem é de verdade ou quem gostaria de ser. Mostra como as aparências podem ser suficientes, mas tem a fragilidade de uma mentira cristalina. Trata de questões sobre como até que ponto, para se preservar a identidade humana, é preciso que se distancie da natureza em estado bruto. E como as escolhas podem ser ao mesmo tempo certas e perversas. Ação que faz pensar. :::

Aceito a responsabilidade de mudar o que aí está. A culpa, não, obrigado.

Aceito a responsabilidade de mudar o que aí está. A culpa, não, obrigado.

Olha, só. Eu cansei de ler aqui e ali que a CULPA pela situação calamitosa da corrupção escancarada na política brasileira é NOSSA. Cansei. Porque NÃO é justo. A pouquíssima ou nenhuma vergonha na cara dos políticos de todos os partidos brasileiros – sim, porque há canalhas, escroques, vagabundos dissimulados em todas as legendas – é deles. Não é nossa, não. Não é mesmo!

O raciocínio de, por extensão, culpar os eleitores que votaram nesse ou naquele candidato é nada senão uma falsa simetria. O eleitor votou nesse ou naquele aspirante a um cargo público porque cumpriu seu direito e seu dever de cidadão. Foi lá e votou. Acreditando ou não nas propostas de alguém, votou. Depois, o eleito entrou em qualquer esquema, descumpriu o que prometera, desviou dinheiro público, mentiu. E a culpa é dele, o político ladrão. Não do cara que nele votou. Eu me recuso a acreditar que alguém vote num sujeito desejando que ele incendeie o circo, tome-lhe o emprego, a saúde, destrua sua família, leve embora a sua esperança. Não dá. Guardadas todas as proporções, culpar o eleitor pelos crimes de seus eleitos é mais ou menos como alegar que a responsável por um estupro é a própria vítima. Um absurdo!

A culpa do que aí está NÃO É NOSSA! Nossa é a responsabilidade por mudar tudo isso. Indo às ruas? Sim. Fazendo depois a lição de casa? Principalmente. Mobilização popular se faz com mudança de comportamento! Joguemos fora essa culpa baratíssima que nos tentam imputar e assumamos a nossa mais cara responsabilidade. Não há solução mágica. A corrupção, essa espécie de encosto, de entidade do mal que se apodera dos políticos no poder e dos cidadãos comuns não vai fugir correndo, apavorada, quando o povo nas ruas gritar BÚ!

Houvesse um Flautista de Hamelin, seria mais simples. Ele sopraria sua flauta mágica e todo tipo de vigarista o seguiria hipnotizado, multidões de canalhas o acompanhariam encantados, descendo a pé a serra do mar, até se lançarem ao oceano para nunca mais voltar. E o mundo se veria livre da roubalheira. Ahh… como seria mais fácil. Mas não é assim. Nunca vai ser.

Corrupção é bicho tinhoso. Vive e cresce dentro de cada um que não tem valores suficientemente fortes para recusar qualquer favorecimento ilícito. Seja o político que desvia dinheiro público para o seu bolso, seja o motorista com a carteira vencida que aceitar pagar o guarda para não ter o carro apreendido, o estudante que assina a lista de presença para os colegas ausentes, o casal amigo que fura a fila no cinema e essas aberrações que a gente se acostumou a achar normais.

Sem uma mudança de comportamento geral e irrestrita que comece e se fortaleça em cada um de nós, não vai ter jeito. Podemos ir todos para a rua, quantas vezes quisermos. Exceto uma encenação aqui e ali, nada vai acontecer. Tudo vai seguir na mesma! Trocam-se os atores, continua o espetáculo de mal gosto.

Você e eu não temos culpa do rebosteio que aí está, mas temos a responsabilidade de limpá-lo, sim. Fazer o quê? Só nos resta trabalhar juntos! Pensar em casa com os nossos, nas empresas, escolas, igrejas, clubes, confrarias e em qualquer outro ponto de encontro. Reunir nossas dúvidas em grupos organizados de estudo. Dividir livros, teses, artigos e ensaios com visões diversas sobre os nossos problemas, nossas aflições, ampliar nossos pontos de vista, compreender de fato a nossa complexa estrutura política. Tomar consciência do quanto somos enganados há tanto tempo.

Você e eu não temos culpa se o meu ou o seu candidato nos enganou. Mas é nossa a responsabilidade de romper com velhas choramingações, corrigir antigos defeitos de cada um, trocar velhas respostas prontas por novas perguntas e reaprender a pensar em grupo.

O que nos falta é “consciência global”, uma base forte de seres críticos, informados, de bom caráter, movidos por boas intenções, dispostos a fazer história.

Faltam novas formas de agremiação política, não novos partidos com nomes bonitos como Solidariedade, povoados de velhos pensamentos tacanhos, novas roupas para velhos acomodados, mas novos grupos dispostos a bancar atitudes transformadoras. Faltam milhões de pessoas dispostas a aderir imediatamente a esse novo jeito de cuidar do que é nosso. A partir dessa grande e poderosa confraria sob a forma de um partido político, teremos, um por um, milhões de votos, ocuparemos cargos importantes. E aí vai ser só questão de tempo. A cada nova eleição, profundas limpezas nas urnas vão extirpar do poder velhas parasitas, arrancando gordos carrapatos cinzentos das veias de nossas vacas magras, livrando suas tetas tristes dos canalhas desmaiados de tanto sugar-lhe o leite.

Aos poucos, os novos políticos serão tão somente boas e novas pessoas repletas de valores e vontade real de ajudar, e eles se multiplicarão, fortes e prontos a realizar o imponderável. Com trabalho e sorte, em meia dúzia de décadas mudaremos a Constituição, corrigiremos distorções, extinguiremos os velhos cargos de confiança, reduziremos o número de vereadores, deputados, senadores e, por fim, aprovaremos em votações incomuns na Câmara e no Senado a extinção de seus salários. Afinal, política não tem de ser profissão. Políticos devem ser doadores. Gente com outras atividades remuneradas que só entraram na vida pública para servir o povo e tornar o seu país um lugar melhor.

É claro que tudo isso vai levar muito tempo. É certo que os primeiros representantes dessa revolução não viverão para ver o resultado de sua luta. Mas os seus filhos e os filhos dos filhos dos seus filhos, sim. A vida há de melhorar e as nossas conquistas vão inspirar gerações e gerações em todo o mundo. Para sempre.

A humanidade enfim há de se dar conta de que romper com velhos sistemas políticos continua possível, embora dê tanto trabalho. E mais nenhum país no mundo irá gastar mais do que arrecada. Vai usar todo o dinheiro que perdia com antigas sanguessugas para reconstruir a saúde, a educação, a segurança, a cultura, as artes, reduzir as cargas tributárias, valorizar a moeda, incentivar as exportações e essas coisas importantes.

O povo então terá reaprendido a viver e a trabalhar com amor, empenho e tranquilidade. Sem a corda no pescoço.

E aí, você sabe, todos viveremos melhor do que hoje.

É preciso, mais do que nunca, o atrevimento do sonho! Porque a culpa do que aí está não é sua e não é minha. Mas a responsabilidade pelo que virá, sim. Essa sempre foi nossa.

Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveis

Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveis

Mulheres escritoras são inspiradoras e muitas delas, para nosso deleite, foram parar nas telas dos cinemas. Segue abaixo uma deliciosa e inédita lista com 14 filmes que tratam da vida de grandes mulheres que marcaram época através de seus escritos. Elaborei, além dessa, uma outra lista com outros 14 filmes biográficos acerca de mulheres escritoras e poetisas.

Quem tiver interesse pode acessá-la aqui.

1- Julia de Fred Zinnemann, EUA, 1977

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisBaseado em relatos autobiográficos do livro “Pentimento” de Lillian Hellman, “Julia” é um elegante drama de época à moda antiga, narrado em tempos diferentes para acompanhar a amizade entre duas mulheres que tomaram rumos diferentes na vida. Nos anos 30 a rica e idealista Julia (Vanessa Redgrave) vai estudar em Viena enquanto a amiga Lillian Hellman (Jane Fonda) se torna escritora com a ajuda de Dashiell Hammett (Jason Robards). Quando Lillian alcança fama é convidada para ir a União Soviética e Julia, que vive na Europa, lhe pede que contrabandeie dinheiro através da Alemanha para ajudar as vítimas do nazismo.

2- Nunca Te Vi, Sempre te Amei, de David Hugh Jones, EUA, 1987

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisEsse filme biográfico retrata os vinte anos nos quais a escritora americana Helene Hanff (Anne Bancroft), se correspondeu com Frank Doel (Anthony Hopkins), o gerente de uma livraria especializada em edições raras e esgotadas. Tudo começou pelo fato de Helene adorar livros raros, difíceis de serem encontrados em Nova York. Para deleite da escritora, uma primeira carta, para uma pequena livraria em Londres, daria início a uma troca de correspondências afetuosas com Frank por muitos anos. Neste período uma amizade muito especial surgiu entre os dois, contudo tudo indica que esse romance, apesar de picante, permaneceu apenas na esfera literária.

3- George e Frederic, de James Lapine, EUA – França, 1990

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisEsse filme retrata Amandine Dupin, uma escritora que no século XIX usava o nome de George Sand, se vestia como os homens e fumava em público – o que era um escândalo. Além de sua atitude e suas obras, ela também ficou famosa por seus romances com artistas de renome, como Delacroix, De Musset, Franz Liszt e Frederic Chopin. O filme se desenrola numa casa de campo onde vários artistas estão reunidos durante um fim de semana e onde acontece uma ciranda de flertes, ciúmes e romances.

4- Um Anjo em Minha Mesa, de Jane Campion, Reino Unido – Austrália – Nova Zelândia, EUA, 1990

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisFilme baseado no relato autobiográfico da escritora Janet Frame. O filme conta a história dela, uma jovem ruiva e tímida, que é diagnosticada como esquizofrênica e passa oito anos sendo tratada com eletrochoques em um sanatório. Janet se tornou uma das mais aclamadas escritoras da Nova Zelândia e por pouco não foi submetida a uma lobotomia. O que a salvou nesse caso foi o fato de seu livro “The Lagoon and Other Stories”, ter recebido um importante prêmio literário. O filme retrata um percurso desconcertante de uma mulher sensível que aceitou a sua vida trágica tal como ela era. Uma história de esperança, sofrimento e triunfo. Premiadíssimo filme da mesma diretora de O Piano.

5- O Amante, de Jean-Jacques Annaud, Reino Unido, França, Vietnã, 1992

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisEsse filme é baseado em um livro autobiográfico, de mesmo título do filme, da escritora Marguerite Duras, que teve um romance com um homem chinês, causando um escândalo, na época. Em 1929, em uma colônia francesa no Vietnã, uma menina francesa, cuja família passa por dificuldades monetárias, retorna de um colégio interno. Ela está no porto, tentando pegar um transporte público quando um homem de negócios chinês oferece uma carona em sua carruagem. Os dois sentem uma atração incontrolável um pelo outro e ambos acabam tendo um envolvimento sentimental.

6- Sob o Sol da Toscana / De: Audrey Wells, EUA – Itália, 2004

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisFrances Mayes, interpretada por Diane Lane, é uma escritora que vive em São Francisco até se divorciar. Ela recebe como presente de amigas um pacote turístico para a Itália. Durante a excursão, Frances passa pela Toscana e num momento mágico resolve comprar uma casa com mais de 300 anos. Enquanto ela cuida de sua nova casa acaba conhecendo muitas pessoas, aprende a viver à moda italiana e se apaixona pela vida. O filme foi inspirado no livro “Sob o Sol da Toscana – Em casa na Itália” escrito por Frances. Baseado em fatos reais, mas não é fiel à história de vida da escritora.

7- Os Amantes do Café Flore, de Ilan Duran Cohen, 2006

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisEsse filme retrata a época em que Simone de Beauvoir se envolve com o filósofo Jean Paul-Sartre. Simone nunca quis ser feita por marido nenhum. Quis fazer a si mesma. No processo dessa recriação de si, encontra Sartre. De algum modo juntos eles ocupam-se da criação do que ficou chamado de existencialismo. O filme se passa em Sorbonne, Paris em 1929. Simone de Beauvoir se apaixona por Jean Paul-Sartre e juntos eles embarcam numa viagem erótica e emocional. Quem tiver interesse em leituras sobre essa relação pode ler os livros de memória de Simone, especialmente “A força da Idade”, ou o livro “Beauvoir Apaixonada” de Irène Frain.

8- Julie & Julia, EUA, 2009

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisJulia Child (Meryl Streep) é uma americana que passou a morar em Paris devido ao trabalho de seu marido, Paul (Stanley Tucci). Em busca de algo para se ocupar, ela se interessou por culinária e passou a apresentar um programa de TV sobre o assunto. Cinquenta anos depois, Julie Powell (Amy Adams) está prestes a completar 30 anos e está frustrada com a vida que leva. Em busca de um objetivo, ela resolve passar um ano cozinhando as 524 receitas do livro de Julia Child, “Mastering the Art of French Cooking”. Ao longo deste período Julie escreve para um blog, onde relata suas experiências. Depois disso Julie seguiu a vida se dedicando à escrita.

9- Comer, Rezar, Amar / De: Ryan Murphy, EUA, 2010

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisImpossível falar de mulheres fortes e maduras, sem se lembrar desse filme. Julia Roberts está espetacular interpretando a escritora norte-americana Elisabeth Gilbert que resolve se divorciar e largar tudo, seguindo para a Itália, Índia e Bali. Em sua última parada conhece um brasileiro que faz seu coração bater mais forte. O filme é uma biografia encantadora da escritora e tem motivado mulheres do mundo todo.

10- Magia além das palavras, de Paul A. Kaufman, EUA – Canadá, 2011

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisEssa cinebiografia não foi autorizada por Joanne Rowling, mas vale a pena para quem tem interesse em saber mais sobre a atmosfera na qual a escritora compôs sua famosa série de livros juvenis sobre Harry Potter. A criação da estória do bruxo mirim, no entanto, permanece em segundo plano nessa narrativa, uma vez que o filme é focado em aspectos até então pouco conhecidos da vida da escritora como seu primeiro casamento em Portugal, o conturbado relacionamento com seu pai e o período de pobreza e depressão que viveu antes de seu primeiro romance ser publicado.

11- Walt Disney nos bastidores de Mary Poppins, de John Lee Hancock, EUA – Reino Unido – Austrália, 2014

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisDurante 20 anos, Walt Disney (Tom Hanks) tentou adquirir os direitos de Mary Poppins da escritora australiana P.L. Travers (Emma Thompson), que sempre se recusou a vendê-los para a Disney. Entretanto, uma crise financeira fez com que ela mudasse de ideia. Desta forma, Travers viajou até os Estados Unidos e passou a trabalhar juntamente com a equipe de Walt Disney para produzir o filme baseado em Mary Poppins. Minuciosa e exigente, a escritora deu trabalho à Walt Disney, no entanto, independente dos percalços, o filme foi concluído.

12- Violette, de Martin Provost, França – Bélgica, 2014

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No início dos anos XX, a escritora Violette Leduc (Emmanuelle Devos) encontrou a filósofa Simone de Beauvoir (Sandrine Kiberlain) e daí nasceu entre as duas uma intensa amizade que durou por toda a vida. Dessa forma Simone encorajou Violette a escrever mais, expondo suas dúvidas e medos, abordando em seus escritos todos os detalhes da intimidade feminina.

13- Rainha do deserto, EUA – Marrocos, 2015

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisGertrude Bell (Nicole Kidman) nasceu na Inglaterra, mas fez fama devido ao seu trabalho no Oriente Médio. Escritora, arqueóloga, cartógrafa e exploradora, ela passa também a trabalhar para o governo britânico como representante na região. Logo faz amizade com T.E. Lawrence (Robert Pattinson). Com o tempo, Gertrude acaba participando da criação dos estados da Jordânia e do Iraque. O filme enxerga Gertrude pela visão do outro, como esposa, filha e amante. A direção abraça a premissa de um romance em estilo literário, com diversos personagens e amores que se fazem e desfazem ao longo de muitos anos.

14- O castelo de vidro, EUA, 2017

contioutra.com - Mulheres escritoras em outros 14 filmes biográficos e sensíveisBaseado no livro Castelo de Vidro”, da jornalista Jeanette Walls, a trama retrata a infância da escritora, criada com os irmãos no seio de uma família desequilibrada, bastante humilde e nômade. Apesar da situação crítica vivida pela escritora quando ao lado dos pais, esse filme mostra os progenitores de forma amorosa, como pessoas livres em busca de uma vida fora do convencional. Na teoria, o pai alcoólatra e impulsivo se coloca como cerne da família e a leva com ele em suas estranhas empreitadas.

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Eu nunca quis um marido, eu sempre quis um companheiro

Eu nunca quis um marido, eu sempre quis um companheiro

Por BRUNA STAMATO

Eu nunca fiz questão de festa de casamento, de vestido de noiva e de um anel caríssimo de brilhantes. Não é isso que faz a minha cabeça. Eu não preciso de um papel assinado para provar que sou sua mulher, faz-me sentir que sou a tua mulher, faz-me tua! E eu serei, sempre.

Tu podes colocar uma aliança de bambu no meu dedo, desde que seja com VERDADE, que ela não seja somente para mostrar o nosso compromisso ao mundo, que eu ficarei feliz se ela não tiver ouro mas tiver AMOR. E se tu a usares com felicidade e não por mera formalidade.

Eu tampouco quero exigir-te fidelidade pois creio que fidelidade e amor ninguém obriga nem agradece; Quando existe um destes sentimentos muito forte, o outro complementa espontaneamente, sem obrigações, sem cobranças. A lealdade é fruto desta união e é isso que me interessa.

Eu dispenso a festa, se for para mostrar aos nossos amigos como estou feliz, quem me conhece não precisa disso e quem não me conhece não me importa… os meus amigos sabem que eu encontrei o amor, só pelo brilho nos meus olhos; Nunca quis um marido para a cerimônia, sempre quis um companheiro que fizesse da nossa rotina uma grande alegria e da nossa cama uma festa. Não me dês presentes caros, dá-me sorrisos!

Eu nunca quis um MARIDO para me acompanhar nos rituais natalícios e reuniões de família, sem a menor vontade, só porque PRECISA estar ali; Eu sempre quis um parceiro, que mesmo no final do campeonato de futebol, com a sua equipa em campo me dissesse “Vamos! Eu assisto ao jogo com os teus primos – adversários!”. Percebes a diferença? Parceria pode ser absolutamente oposta ao casamento, mesmo que não devesse nunca ser assim. Eu nunca quis passar o ano todo planeando um roteiro para os 7 dias corridos de férias no final do ano, porque eu não preciso passar o ano novo em Cancun, eu sempre quis um companheiro que me fosse pegar mais cedo no trabalho numa quinta-feira e que subíssemos a serra para passarmos 24 horas juntos…

Eu nunca quis um MARIDO que levasse a minha família para jantar no meu aniversário e me desse uma bolsa qualquer de presente, porque isso é o correto a se fazer; Eu quero um companheiro que me deixe um bombom debaixo do travesseiro para quando eu chegar… que ligue para a minha família e diga “Venham aqui para casa!”, que não me faça declarações com um helicóptero mas que me diga, todos os dias, baixinho ao pé do ouvido, o quanto eu sou importante.

Eu não quero um marido para posar comigo nas fotos, para me levar nos eventos da firma; Eu quero um companheiro para produzirmos boas lembranças, para ser, um dia, aquela foto que dá saudade, de um momento rotineiro na varanda… um companheiro para depois do evento da firma perguntar “E agora, vamos esticar-nos aonde?”.

Eu não quero um marido que só fique à minha espera na sala do pronto socorro, eu sempre quis um companheiro que me fizesse um chá quando eu estivesse com gripe. Isso é cuidado, zelo, e casamento, infelizmente, às vezes é outra coisa. Portanto, não te cases comigo apenas, mais do que isso: VIVE ao meu lado.
Eu não quero um marido para cumprir os protocolos; Eu quero um companheiro, para quebrarmos todos eles!

Eu não quero um marido para envelhecer comigo; Eu quero um COMPANHEIRO que me ajude a manter o meu espírito sempre jovem. Um companheiro que envelheça junto comigo e que ria dos meus cabelos brancos…

Eu nunca quis um marido para ter que fazer sexo 3 vezes por semana, eu sempre quis um companheiro que me levasse para a cama quando eu adormecesse no sofá.
Eu nunca quis um marido só para brindar; Eu sempre quis um companheiro para abrir uma garrafa quando o dia tiver sido péssimo.
Eu nunca quis um marido para procriar. Para revezar as trocas de fraldas noturnas. Eu sempre quis um companheiro que entendesse o meu cansaço e que me oferecesse o ombro para descansar.

Não precisas fazer massagens tântricas nos meus pés, apenas deixa-me esticar as pernas por cima das tuas…
Eu nunca quis um MA-RI-DO para pagar todas as minhas contas. Eu sempre quis um companheiro para crescermos juntos. Nunca quis um marido que me levasse para conhecer o mundo, apenas quis um companheiro para conquistarmos o mundo, para construirmos um mundo nosso. Para nos bastarmos num dia chuvoso. Para sermos felizes a comer macarrão com ovo! Para rirmos quando o dinheiro apertar… e para querer dividir não só o carro e a conta bancária, mas a alma, a vida e os medos quando a noite chegar; Os abraços, o céu, as estrelas, no nosso espaço e por todas as galáxias… que me deixe ser o astro no seu sistema solar!

Mas não precisa ser eterno. Eu só quero que seja verdadeiro enquanto durar. E que esse durar, seja leve, enquanto eu respirar.

Fonte indicada: Papo Sincero

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O Pequeno Príncipe: sobre ser um sonhador

O Pequeno Príncipe: sobre ser um sonhador

O que fazemos da nossa vida é o que nos define. Dessa forma, devemos vivê-la de uma maneira que faça jus ao que somos. Acredito, inclusive, que, quando fazemos o que gostamos, deixamos um pouquinho de nós em cada ação e, assim, temos uma chance maior de sermos felizes. Entretanto, somos desencorajados a seguir os sonhos. Tratam, logo cedo, de nos puxar para baixo e fazer com que aprendamos a olhar com os olhos racionais.

Essa lição, pois é assim que a vejo, é apresentada por Saint-Exupéry, quando conta que frustraram o seu sonho de ser um pintor.

“As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.”

A atitude tomada pelos adultos, à época, é a mesma que os adultos de hoje tomam. Embora acreditem que enxergam melhor que as crianças, em verdade, são cegos que não possuem o mínimo de sensibilidade. Contemporaneamente, a situação talvez tenha até piorado, uma vez que devemos nos dedicar a atividades que nos garantam uma boa remuneração, logo, ser um pintor, como no caso de Saint-Exupéry, não faz parte do jogo.

A falta de sensibilidade das pessoas não lhes permite entenderem que alguém possa não querer fazer parte de um mundo pragmático e chato, em que a única preocupação é ganhar dinheiro. Muitas pessoas são movidas por paixões muito maiores que isso.

Determinar o que uma pessoa deve fazer é querer criar um exército de pessoas completamente iguais, é retirar todo o colorido da vida, é determinar o certo, o normal, é criar um padrão. Mas quem disse que precisamos nos enquadrar a um estilo de vida que se guia pela idiotice própria?

Diante da falta de sensibilidade dos outros – os quais não conseguem ver nada além das “coisas sérias” e, portanto, tentarão frustrar seus sonhos –, é preciso coragem para explorar as suas potencialidades. Ainda que não receba apoio ou que o vejam como louco, é necessário entender que não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude.

A bem da verdade, não é fácil contrapor-se ao sistema, mas, ainda assim, é a única forma de presentear o mundo e a si mesmo com o seu talento . Talvez, muitos não entendam, mas a arte, para os artistas, é algo visceral, vem de dentro e precisa ser colocada para fora. E precisamos da arte para abrilhantar o mundo, ou para não morrer da verdade, como dizia Nietzsche.

Em um mundo que faz apologia à liberdade, é paradoxal o comportamento das “pessoas grandes”, pois, como disse, é extremamente difícil decidir seguir um determinado caminho sem apoio, isto é, saber que nadará contra a correnteza sozinho.

O resultado dessa falta de apoio é a formação de pessoas tristes, as quais se sentem desencaixadas no mundo ou culpadas em relação ao que são e gostam de fazer; sentem-se culpadas por não serem burocratas. Contudo, sem as pessoas com alma de artista, sem o lúdico, a vida perde a graça, perde o brilho, perde o riso.

Nem toda pessoa precisa de muito dinheiro para ser feliz, algumas pessoas vão além disso. No entanto, as “pessoas grandes” são incapazes de entender isso; para elas, se, por exemplo, um jovem pretende seguir uma carreira que não se enquadra naquelas determinadas como de sucesso pela sociedade, logo acabarão com o seu sonho e o incentivarão a cursar Direito ou Medicina, que são carreiras de verdade.

Dessa forma, provavelmente teremos um bom jurista ou médico, mas perderemos a oportunidade de ter um excelente profissional em outras áreas, que, através da sua arte, encantaria multidões.

Precisamos aceitar que cada indivíduo possui suas peculiaridades, que somos movidos por coisas diferentes e que o pragmatismo com que levamos a vida tira todo o seu encanto e a torna repetitiva, cansativa e chata.

Estamos enganados ao achar que as “pessoas grandes” tratam de coisas sérias; longe disso, estão cegas pelo orgulho e adestradas como burros que não conseguem olhar para o lado. O sucesso da vida não está em ganhar dinheiro, mas em fazer o que alegre e leve alegria para quem está ao seu redor e, para isso, faz-se necessário que encorajemos aqueles que, como Saint-Exupéry, desenham jiboias engolindo elefantes e, o mais importante, tenhamos sensibilidade para diferenciar jiboias engolindo elefantes de chapéus. Mas isso é só para quem ainda sabe sonhar.

Amar não é garimpo, é jardinagem

Amar não é garimpo, é jardinagem

Ouço com frequência amigos falarem quanto, ao final de um relacionamento, “batalharam” para salvar a relação. Pensei em quantas vezes me disse a mesma coisa e quanto é libertador entender que quando num relacionamento a gente atinge o ponto em que devemos “tentar de tudo” ou “lutar” para estar com alguém, significa que chegamos no começo do fim.

É falso afirmar que NUNCA devemos desistir de alguém que amamos. Nunca devemos desistir é de nós mesmos.

Quando entramos numa guerra interna para salvar um relacionamento, mergulhamos num paradoxo absurdo no qual passamos a oferecer um “amor” incansável que sequer somos capazes de dar a nós mesmos.

Não há luta, não há renúncias dolorosas, não há “fazer de tudo” quando se está diante da pessoa certa. A vida flui com a pessoa certa, aquela que olha com a gente na mesma direção e até discordar dela pode ser um momento de descontração.

Quando para estar com alguém nos sentimos cansados, esvaziados, testados, amedrontados, negociando a própria dignidade e acessando desesperadamente cada um de nossos recursos, como quem luta para manter vivo um filho com uma doença terminal, significa que esse alguém é qualquer coisa, menos a pessoa com quem envelheceremos de forma serena e feliz.

Como já disse em outra ocasião, amar não é garimpo, no qual se arrisca a vida no escuro, respira-se um ar saturado, suja-se ao ponto de ficar irreconhecível para, quem sabe, encontrar uma pedra preciosa que, depois de lapidada (e dá-lhe mais trabalho!), transformará sua vida para sempre. Garimpo é isso, amor não.

Amor é jardinagem nos fundos de sua casa. Ali, à luz do dia e respirando ao ar livre, você não põe sacrifício, você põe seu carinho, sua dedicação, seu tempo e seu conhecimento de que cada planta requer um cuidado específico porque nenhuma é igual. Ao invés de trabalho, você se depara com uma poderosa terapia que envolve adubar, irrigar, dar espaço para o crescimento de cada espécie e esperar o tempo certo de florir. E vai florir, trazendo a reconfortante sensação de cada uma traz sua própria beleza, sem, no entanto, requerer sua intervenção, seu cálculo, sua exaustão, seu sacrifício.

Conclusão: Envenenamento por frustrações

Conclusão: Envenenamento por frustrações

Esse é um texto diferente, meio verídico, meio confissão, um pouco triste, bastante reflexivo, algo de esperançoso, já que vamos falar de descobertas. E quando se descobre ou se revela uma coisa ruim, o mínimo de parte boa que se obtém é a própria descoberta em si, o afastamento da ignorância. Então é momento de agir e mudar o que ainda é passível de mudança.

Pois bem, sem muitos detalhes enjoativos, precisei fazer uma endoscopia e, apesar de ser um exame chato, tem aquela parte em que você dorme e, quando acorda, parece que veio diretamente da terra do nunca para a cadeira do repouso. E o acompanhante que se vire e se envergonhe com a quantidade de besteiras que se fala depois de um exame como esse.

E chegou o dia do exame, depois de cumprir um mal humorado jejum, lá vamos nós para a clínica, exalando tranquilidade e ansiedade, tudo junto, para o coquetel de tranquilizantes que aguardava. E tudo correu m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-m-e-n-t-e bem, o despertar foi melhor que beijo de príncipe, a sensação de “que mundo é esse” se fez presente, intensa e engraçada.

O que acontece na verdade, é que nada correu tão bem quanto meus desvarios analgésicos acreditavam. Eu dei trabalho. Muito trabalho. Uma equipe inteira tentando me domar. E lá se foram 240 mg de sei lá o que, que finalmente me derrubou… por 20 minutos.

Vergonha é pouco para o que eu senti e ainda sinto quando penso nisso, mas se é para frente que se anda, hoje fui ver a médica que realizou o exame, com os resultados em mãos. Sim, estou bem, nada sério, ela disse.

Uma notícia ótima, mas, muito inquieta, toquei no assunto do dia do exame e todo o corre-corre que provoquei. E ela, pequena, calma e simpática me disse:

– Você deve ser uma pessoa que guarda muito para si, que não expressa suas emoções com frequência, e, portanto, quando entrou em outro estado, liberou toda a tensão que estava guardada.

Em outras palavras, lutei e relutei contra um inimigo que eu mesma criei e alimentei. Levei para as forças do corpo a batalha que é da cabeça, me mostrei reativa e não colaborativa como provavelmente tenho sido com vários sentimentos pela vida afora.

Saí de lá com uma receita e uma lição. É ruim, mas é bom.

De hoje em diante, a tarefa primordial é desintoxicar a vida e reabilitar a alma.

O nosso lugar- Claudia Penteado

O nosso lugar- Claudia Penteado

A vida me fez de vez em quando pertencer,

como se fosse para me dar a medida

do que eu perco não pertencendo.

E então eu soube: pertencer é viver.

(Clarice Lispector)

Uma amiga confessou outro dia sua sensação de completo deslocamento no mundo. Depois que infartou, embora tenha se recuperado físicamente, não conseguiu reconectar-se à vida que levava, como se não tivesse mais direito a ela. Como se estivesse prestes a ir embora e tenha ganho uma sobrevida “de lambuja”. Passou a sentir um entorpecimento permanente e achou mais simples passar a deixar as pessoas decidirem seus próximos passos – o marido, a filha, os amigos. Ficou com a sensação de que “desencarnou” da sua própria história e busca, de alguma maneira, a reencarnação. A notícia recente de que seus exames médicos não estavam lá essas coisas piorou a sensação de vulnerabilidade. De repente, via-se postergando planos, pensando: “e se eu não estiver viva até lá?”…

Isso me fez pensar que os sentimentos da minha amiga “desencarnada” em vida são, na verdade, os mesmos de muitos de nós em pleno século XXI: uma espécie de não pertencimento e a sensação de constante vulnerabilidade. Ou ainda: angústia, por acreditar que é preciso pertencer a algum grupo ou lugar a qualquer preço, sob pena de flutuar no limbo. Quem já se sentiu ou tem se sentido assim ultimamente?

Em uma entrevista recente, o filósofo Zygmunt Bauman afirmou que hoje em dia trocamos de identidade várias vezes ao longo de uma existência e que isso pode ser extremamente angustiante. Antigamente, vivia-se “uma vida só”: nascia-se, fazia-se uma única escolha profissional, trocava-se talvez de esposa/marido uma vez no máximo (ou não), envelhecia-se com tranquilidade e calma, o tempo passava de uma forma que talvez pareça até monótona, mas o fato é que havia a possibilidade e a perspectiva de se viver uma vida só. Uma vida inteira sem grandes transformações ou mudanças de rumo. Sem que isso causasse, necessariamente, frustração ou angústia.

O mundo de hoje nos mostra, o tempo todo, que há muitas vidas a serem vividas. A vida virtual, claro, é uma delas. E há várias vidas virtuais possíveis, dependendo das rede sociais em que se está. Em algumas você brinca de intelectual, em outras é mais pessoal e sedutor, em outras inventa um personagem inteiramente novo ou pode viver, por exemplo, taras inconfessáveis. Se por um lado é divertido viver tantas personas, por outro a sensação de não pertencer a lugar algum de verdade pode gerar uma eterna insatisfação.

Na vida virtual, mais do que na real, há uma sensação de que é preciso fazer, o tempo todo, algo novo. Algo que surpreenda, mostre o quanto se é interessante, bacana, alguém que vale a pena “seguir” ou ser amiga. Que foto incrivelmente bela ou sexy vou inserir na minha linha do tempo? Que frase vou “postar” hoje nas redes sociais para angariar elogios e comentários? Que foto ou piada fará as pessoas me acharem incrivelmente engraçado? Que estilo de vida vou defender?

Na vida real, mais angústias. Dependendo da sua profissão, se você não tem um smartphone, não responde seus e-mails rapidamente, não tem uma conta no Facebook, nunca leu um livro digital ou não tem intimidade com um iPad, torna-se uma alma penada e sofre olhares de pena de seus pares. O estereótipo do “velhinho antenado”, que mexe com tecnologia com o pé nas costas – sim, ele existe, me garantem -, é amplamente explorado pela mídia e deixa um monte de gente… no buraco negro do não pertencimento. E que profissão vou escolher depois dos 40, já que virou tendência tornar-se escritor, músico, intelectual, consutor, terapeuta ou iogue na segunda metade da existência, depois de comprovado que todas as escolhas foram equivocadas?

E, repare, as mudanças de profissão podem acontecer várias vezes ao longo da vida pós-moderna. Apurando uma matéria sobre aprimoramento profissional, ouvi de diretores de Recursos Humanos de grandes empresas que os “jovens de hoje” têm imensa facilidade de mudar de profissão repentinamente, se algo lhes parecer mais atraente. Mantê-los nas empresas é um desafio imenso e o que seduz não é só dinheiro ou um bom “plano de carreira”: é uma espécie de estado contínuo de excitação e empolgação no ambiente de trabalho. Sem tesão não há solução, já dizia Roberto Freire. Nunca isso foi mais verdadeiro. Isso deve gerar um bocado de ansiedade. Chego a ficar cansada de pensar nisso.

E quando é o momento certo de separar do parceiro para viver uma outra história afetiva, que tenha mais a ver com a pessoa em que me transformei? Com quem viverei novos sonhos ou quem sabe velhos sonhos de juventude que ficaram escondidos e empoeirados e finalmente me permito viver? Posso ter outro filho perto dos 60 anos ou adotar um bebê…E, porque não, passar uns meses na Índia ou fazer o caminho de Santiago para rever toda a minha existência. Sabe-se lá que outras tantas opções isso trará ao meu destino? A impermanência virou um estado natural. A grama do(s) vizinho(s) – que nunca foram tantos – jamais esteve mais verde do que agora.

Impossível pensar em continuar simplesmente fazendo a mesma coisa, todos os dias, e ser feliz com isso. Isso nos torna monótonos, sem perspectivas, sem graça, sem brilho. É preciso se reinventar, inovar, incorporar o bordão pós-moderno.

É claro que ter tantas opções diante de nós e mudar pode ser saudável, divertido e maravilhoso. Esta não é uma apologia à não mudança! Meu ponto é que a cobrança social pela mudança pode angustiar e frustrar, quando não nos sentimos verdadeiramente conectados às nossas escolhas. Quando não mudamos porque realmente queremos. Não mudar é também uma escolha e não deve ser um fator condenatório ou sepultador. Não é fácil, no mundo de hoje, conquistar o direito de não mudar o tempo todo e ser feliz com isso.

Demanda muita honestidade consigo mesmo escolher a própria vida – independente do que corre ao redor – e sentir-se confortável nela, como numa cadeira mole do Sergio Rodrigues.

Ultimamente, eu realmente acredito que no lugar de pensar tanto e olhar excessivamente em volta, o que necessitamos é simplesmente mergulhar no doce e autêntico sabor das nossas escolhas, olhando para dentro, e não para fora. Pensando menos no futuro e mais no presente – um clichê que nos libera, como descreve Lispector numa crônica, da sensação de estar no deserto, sôfrego, bebendo os últimos goles de água de um cantil. Porque o mundo de hoje pode, mesmo, nos dar esta sensação.

Relações simbióticas: o que são.

Relações simbióticas: o que são.

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir*

Bem cantou Chico Buarque em sua canção “Eu Te Amo” como pode ser uma falsa relação de amor, vulgo simbiótica, entre dois apaixonados que não se desgrudam para nada. Que efetivamente vivem um para o outro. Que se jogaram de cabeça em um querer alucinado onde as trocas, comuns em todo tipo de relacionamento, deixaram de ser escolhas para, com o tempo, se tornarem obrigações.

Um dos primeiros a tratar da complexa relação simbiótica entre duas pessoas foi Erich Fromm, psicanalista alemão, filósofo e sociólogo, que atribuiu o termo simbiose incestuosa para esse tipo de relação onde geralmente um incorpora o papel de manipulador e o outro de manipulado, com possíveis inversões.

Um amor simbiótico começa com um ideal bonito de amor romântico, onde um supre todas as necessidades do outro. Contudo acaba se moldando gradativamente até se tornar um tipo de troca custosa, com altas exigências, quase sempre relacionadas ao fim de qualquer tipo de iniciativa individual. Com o tempo vai faltando a esse casal qualquer tipo de autonomia e independência.

Podemos denominar autonomia como a capacidade de realizar atividades por conta própria e independência como o poder de ter iniciativa por conta própria. Sem elas, sem essas duas características, a individualidade do casal lentamente se dissipa e os dois viram um todo uniforme no qual não se distingue mais quem é quem.

Então, essa relação deixa de se dar em função do desenvolvimento dos dois apaixonados, mas sim pela sobrevivência dos dois. Um não pode mais sobreviver sem o outro. Nenhum dos dois se lembra mais de quem efetivamente é.

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu*

Mas como a vida é infinita em suas possibilidades e quase sempre cobra mudanças, esse relacionamento tende a se desequilibrar no instante em que um dos envolvidos se sente sufocado, levando o outro à insegurança. Esses papéis passam a se alternar então, ora um assumindo o papel do inseguro, demonstrando crises de ciúmes e a vontade de impedir o outro de socializar, ora o outro assumindo o papel de quem não suporta mais qualquer tipo de controle e vigilância.

Esse “sentir-se sufocado” quase sempre nasce da vontade de novas experiências de um dos lados, vontades essas que podem ser bastante corriqueiras. Então tomar um sorvete na esquina, sem avisos prévios, pode levar esse relacionamento a uma crise, mas eu diria que essa é uma boa crise. Nesse ponto ou o relacionamento continua sem a simbiose ou ele efetivamente termina.

E terminar um relacionamento desses não é nem de longe fácil, tão pouco lutar pela manutenção dele sem cair em velhas armadilhas.

Depois de um longo tempo dentro de uma relação simbiótica é difícil lembrarmos de quem efetivamente somos. Quase sempre, por mais insatisfeita que uma pessoa esteja, ela não se recorda do que efetivamente apreciava fazer, falar, ouvir e comer antes dessa relação castradora e isso gera uma imensa insegurança.

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir*

Em grande parte das vezes uma pessoa precisa estar madura emocionalmente para conseguir dar um basta a essa simbiose comportamental, para não voltar a ela pelo medo do desconhecido, da solidão e de enfrentar fraquezas e tormentos interiores, velados por tantos anos.

É preciso saber enfrentar a angústia do fim com muita honestidade, coragem, disposição e diálogo para poder virar a página de um capítulo deveras longo e cheio de sacrifícios pessoais que quase sempre não levaram a lugar algum.

Um relacionamento só é saudável, quando não precisamos do outro para nossa sobrevivência. Todo casal precisa manter uma certa distinção entre um e outro, garantindo que a personalidade de cada um seja preservada. O amor verdadeiro soma, engrandece, corrige para a melhoria, norteia, aponta para as boas possibilidades, perdoa e aceita. Um casal saudável colabora um com o outro de forma respeitosa e juntos constroem projetos comuns que podem trazer felicidade para ambos e não só para uma das partes.

Aceitar uma relação simbiótica, tanto no papel de manipulador, nesse caso desconhecendo qualquer resquício do que é efetivamente o amor, ou de manipulado, recebendo ordens quase sempre contrárias ao ímpeto pessoal, é se deixar morrer vivo, é aceitar vagar pelo mundo como um zumbi que sorri ao falar de amor, mas que desconhece a felicidade trazida por ele.

Todos merecemos o amor verdadeiro e todas as suas maravilhosas possibilidades. E absolutamente todos nós corremos o risco de um dia nos equivocarmos quanto a ele. Cabe somente a nós, ao notarmos um caminho torto, nunca nos entregarmos rendidos a ele.

Sempre é tempo de reparar uma relação e se preciso recomeçar. Enquanto vivermos sempre haverá em nossa frente um leque de possibilidades. Escolher não é fácil, mas é imprescindível quando desejamos viver plenamente e não apenas sobreviver de forma apática e descontente por aí.

*_ Trecho da música “Eu Te Amo” de Chico Buarque.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Os outros não lhe ofendem, você se ofende

Os outros não lhe ofendem, você se ofende

 

Os pensamentos dos outros são apenas pensamentos dos outros. Se eu acreditar neles, permitirei que me afetem ou que me ofendam.

Portanto, sou eu mesmo, através do meu diálogo interno sobre a realidade, quem provoca sofrimento. Não são os outros que me ofendem, eu me ofendo quando acredito no que os outros pensam sobre mim.

Receba as críticas com tranquilidade e não permita que elas causem sofrimento ou desconforto.

Nós não podemos controlar ou alterar o que acontece “lá fora”, mas podemos mudar a forma como interpretamos os fatos. Se tenho esse poder, posso dizer que sou o dono das minhas emoções. Eu controlo as minhas emoções, não são elas que me controlam.

Muitos vão achar que isso é conformar-se com a situação. É injusto ser criticado por algo que você não é ou pelo que não fez. Bem vindo ao mundo e à vida! Ambos são injustos por definição, mas em contrapartida nos oferecem muitas coisas boas.

Como mudar os pensamentos e encarar as críticas com tranquilidade?
– O mais importante é se conhecer, amar e aceitar a si mesmo incondicionalmente. Se você se conhece profundamente e se aceita como realmente é, não importa o que os outros dizem. Isso não vai afetá-lo.

– Entenda que o outro tem o direito de pensar, criticar, julgar e avaliar. Por mais que isso nos incomode não podemos mudar essa situação. O que os outros pensam a seu respeito não é um problema seu; é um problema deles.

Não temos como controlar ou influenciar o que os outros pensam a nosso respeito. Portanto, é inútil reagir negativamente; isso pode gerar mais críticas.

Ouça todas as críticas. Às vezes, elas nos trazem muitos ensinamentos e nos ajudam a crescer.

Responda às críticas com serenidade, tanto a nível verbal como não verbal. Não responda com sarcasmo, com ar de superioridade ou com “cara amarrada”. Isso enviará para a outra pessoa a mensagem de que você se preocupa mais com o que ela pensa a seu respeito do que com o que você pensa sobre si mesmo.

Olhe nos olhos do outro com tranquilidade, mas sem desafiá-lo. Mantenha uma postura relaxada e segura e diga-lhe que tem o direito de pensar o que quiser a seu respeito, mesmo que não concorde e sua opinião seja diferente.

A chave não é aceitar e discutir, mas aceitar sem concordar, o que é muito diferente.

É fácil agir dessa forma? Não! Não aprendemos a ser racionais e nem aceitar incondicionalmente a opinião alheia. Muitas vezes agimos contra a nossa vontade, simplesmente para não sermos julgados e criticados.

Mas de qualquer maneira, podemos tentar encarar as críticas com mais tranquilidade. Pratique com afinco as nossas sugestões, até que possa dizer a si mesmo: o que os outros pensam de mim são apenas seus pensamentos.

Fragmentos do original:  O que você pensa sobre mim são apenas seus pensamentos

Imagem de capa: Natacha Cortêz

10 ensinamentos de Shakespeare para viver o amor todos os dias

10 ensinamentos de Shakespeare para viver o amor todos os dias

Por Luis Batista Gonçalves

Atemporal e assertivo, o poeta e dramaturgo britânico imortalizou máximas que são verdadeiras lições de vida para os relacionamentos contemporâneos.

É o sentimento que mais emoções desperta. «De todas as questões que preocupam o ser humano, nenhuma tem tanta importância como o amor», considera mesmo Allan Percy, coaching e autor de livros de desenvolvimento pessoal. Em «Como sabes que é amor?», publicado em Portugal pela Marcador Editora, apresenta 72 ensinamentos de Shakespeare que mostram como viver o amor todos os dias. Abaixo foram separados 10 deles:

1. «Se não se lembra de uma pequena loucura que cometeu por amor, não amou»

A paixão, pelos benefícios que nos traz, «é um bálsamo», assegura Allan Percy. Estar apaixonado gera um reforço da autoestima «pelo simples fato de nos sentirmos amados, admirados e valorizados», refere. Esse estado de graça promove um aumento da criatividade. «Porque não queremos deixar de surpreender o outro», garante o coach.

2. «Na amizade e no amor somos mais felizes com a ignorância do que com o saber»

O que não sabemos não nos pode magoar e, por vezes, o excesso de informação e a vontade de querer saber tudo acaba por ter um efeito prejudicial. «O sentimento romântico é um ser delicado que pode morrer se for dissecado», considera o especialista.

3. «Para celebrar os rituais amorosos, os amantes só precisam da luz da própria beleza e, como o amor é cego, a noite é o melhor para eles»

Estas palavas de Julieta no terceiro ato do grande drama romântico de Shakespeare «Romeu e Julieta» devem ser levadas muito a sério. Para estimular a libido do casal, Allan Percy sugere a relação ocasional de um jantar afrodisíaco que deverá incluir ostras, vinho, champanhe, chocolate, mel e cravo-da-índia, alimentos e ingredientes com reconhecidos poderes afrodisíacos.

4. «O curso do amor verdadeiro nunca decorreu sem percalços»

As histórias de amor felizes só existem nos livros e no cinema. Nas relações do cotidiano, há todo um processo de concessões e de adaptações a fazer diariamente. «A paixão é, com frequência, uma miragem que fabricamos, pois alguém que passa despercebido a qualquer outra pessoa converte-se aos nossos olhos num modelo de virtudes e encantos», sugere Allan Percy.

Na reta final de «Como sabes que é amor?», o especialista cita M. Scott Peck, autor do livro «O caminho menos percorrido. «Para Peck, o amor verdadeiro, o que ultrapassa o desejo sexual e o medo da solidão, é aquele que nos leva a comprometermo-nos a longo prazo (…) Esse é o AMOR em maiúsculas», assegura.

5. «As nossas dúvidas são traidoras que muitas vezes nos fazem perder o bem que podíamos ganhar»

Manter uma relação amorosa nos dias que correm nem sempre é fácil, sobretudo para os mais ciumentos e para os mais inseguros. «No terreno do amor a dois, as dúvidas são minas explosivas que, mais cedo ou mais tarde, corremos o risco de pisar», escreve o autor. Uma situação que gera «um claro desequilíbrio no casal», adverte.

6. «É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que com a ponta da espada»

Esta frase do poeta e dramaturgo britânico tem uma versão popular portuguesa, que muitas pessoas hoje ainda utilizam e que diz que «não é com vinagre que se apanham moscas». «Na arte da sedução, não contam apenas as palavras (…) O sorriso é a cola natural de qualquer relação humana e, sobretudo, das relações amorosas», afiança Allan Percy.

7. «Não suje a fonte onde afogou a sua sede»

É uma verdade inquestionável. «Todas as relações começam bem, mas algumas acabam mal. A vida em casal pode ser um paraíso, mas também se pode converter num campo de batalha, onde os adversários tentam tornar a vida do outro impossível», escreve o coach de desenvolvimento pessoal.

Para contrariar esta tendência, o especialista sugere que se recupere «de forma periódica hábitos e rituais da etapa inicial do casal», incluindo «sessões de cinema, jantares em restaurantes românticos, sair para dançar…» e uma (re)aproximação através do diálogo. «Partilhar com o companheiro problemas e desejos individuais, mesmo que não sejam fáceis de resolver», sugere Allan Percy.

8. «Se dois cavalgam um cavalo, um deve ir atrás»

Numa relação a dois, há papéis a desempenhar que não podem (nem devem) ser confundidos, mas também há contas que não podem ser feitas. «Pode acontecer que no início do romance um dos membros do casal esteja mais apaixonado do que o outro e, um ano depois suceda o contrário (…) Em todo o caso, não é importante quem dá mais à relação, sempre que a assimetria não seja demasiado grande», refere o autor.

9. «O nosso destino não está nas estrelas mas em nós próprios»

Nos dias de hoje, estar sozinho e abatido em frente ao computador ou com o telemóvel nas mãos é uma realidade para muita gente. «As redes sociais converteram-se no grande ponto de encontro dos corações que desejam amar», sublinha o escritor, que considera que essa pode, contudo, ser a solução para muitos solitários. «Pensar que este tipo de relações não pode ser intensa e duradoura é um preconceito», diz.

10. «Um homem que não se alimenta dos seus sonhos envelhece rapidamente»

O sonho comanda a vida e William Shakespeare sabia-o. «O amor move montanhas e os nossos maiores êxitos, tanto os individuais como os coletivos, são impulsionados pelo amor por um sonho», considera também Allan Percy.

Fonte indicada: Sapo-Saber Viver

Carta aberta a quem sofre de esperança.

Carta aberta a quem sofre de esperança.

Ah… pessoa amiga! Bom ver você aqui. Andei longe, enfiado em caminhos por onde se encontra tudo menos gente como você, correta, valente, cheia de vida. Andei por baixo, mirando os desenhos e as ranhuras do chão, varrendo as calçadas com os olhos. Parti ladeira abaixo buscando sei lá o quê, fugindo já não sei de quem.

Arrastei a alma vazia no asfalto, feito saco plástico levado pelo vento, e caí em tantos buracos quanto os passos que dei, passos maiores que as pernas tomadas de câimbras e ansiedade. Você decerto não sabe o que é isso, e eu espero honestamente que jamais descubra, mas eu reconhecia as pessoas pelos pés, sabia quantas lajotas formavam uma tal calçada e desprezava uma multidão de moedas perdidas que encontrava em cantos tristes da rua. O sol queimava minha nuca e fazia da sombra do meu corpo um interlocutor persistente e dedicado, o único, caminhando comigo, perdido como eu.

Porque eu me perdi, sim, me perdi de tanto seguir. Fui andando, apertei o passo, caminhei para longe e me afastei demais. De lá, da lonjura a que fui chegar, o que eu gritava ninguém podia ouvir. Você também não podia ter ouvido. Minha voz não existia senão para mim mesmo. Já não passava de um murmúrio teimoso, exibindo a resistência inútil das árvores que despencam de tão velhas, os troncos apodrecidos, os galhos estalando secos, esbravejando na queda.

Fomos longe demais, me dizia a sombra aqui embaixo. Ela estava certa. Não fosse meu periscópio de segunda mão que achei no baú onde guardo os sonhos frustrados, os bilhetes de loteria perdidos, os números de telefone que não existem mais e os ossos que ainda não dei aos cachorros, meu contato com o mundo, que já era tão pouco, teria sido nenhum. Eu me afastei. Para longe, para o fundo.

E você? Andando por quais caminhos? Me conta! Eu parti e cheguei até onde não se sabe mais o rumo de volta. Mas voltei. Mais velho, mais cheio de novos medos, voltei. E na volta encontrei você como um bom presságio. Uma música linda, um sentimento de paz de domingo à tarde, depois do almoço, invade meu mundo por todos os poros. É uma canção quatro por quatro, batendo mansa, ventando tranquila, enchendo a casa, untando as formas de bolo do próximo aniversário. Um pensamento de tamanha limpeza percorre os corredores longos e os quartos largos das minhas lembranças, e uma ternura tão humana e tão sutil abre a janela e fica ali, apanhando vento na cara, os cabelos voando, a vida suando na pele, sob o calor generoso do sol. Você está aqui e é testemunha de que hoje um homem voltou a olhar para a frente, para o alto.

Sigo caminhando, em busca. Mas caminho com uma nova esperança. A esperança viveu de novo. Ela é sempre a primeira que vive. Não parto mais ladeira abaixo. Faço as malas e avanço para o mundo. Agarrado ao presente incalculável de existir. Feliz um dia ou outro, tristonho de quando em vez. Mas vivo, agradecido, correndo para a vida em sua devastadora, infinita e espantosa beleza.

Manipuladores cavam a própria cova. Deixemos que trabalhem em paz.

Manipuladores cavam a própria cova. Deixemos que trabalhem em paz.

Característica básica de quem se acha muito esperto é subestimar a inteligência do outro ou mesmo subvalorizar sua bondade.

Eis que chega o manipulador- que não se entende como tal- e com seus tentáculos de pseudo simpatia e afeto envolve a possível vítima que pretende sujeitar a seus desejos.

Invejoso e ressentido com o sucesso ou alguma outra característica alheia, ele se faz de amigo. Impõe sua presença mesmo sem ser convidado  e esforça-se para ludibriar as percepções de quem perto dele está e já percebe- a gente sente- que o carinho e interesse demonstrados não são positivos.

O manipulador, entretanto, não se satisfaz com a proximidade do “objeto de desejo. Ele não consegue ver na companhia adquirida uma forma de crescimento por aprendizagem e, a cada dia, mais incomodado fica. Ele quer mais, ele quer tudo. Olhar diariamente para um espelho do que não tem alimenta sua cobiça destrutiva e por isso ele sabota, ele fala mal, ele cria redes de intriga com outras pessoas próximas.

O “mal” dificilmente é assumido. O manipulador é bonzinho. É o pior de todos os bonzinhos: é o falso bonzinho.

Ele não é aquele que dirá que está com ciúmes, que tem inveja ou raiva; ele dirá que está preocupado com você para despertar em uma terceira vítima o interesse pelo assunto.

Ele não reconhecerá seus próprios erros e vacilos publicamente; ele procurará características que considera falhas no objeto de desejo. É triste, mas o manipulador é aquele que exalta a cristaleira para depois quebrar o prato.

O manipulador parece perspicaz e faz grandes estragos, mas no fundo é um ingênuo. Ele não percebe que o outro trilhou seus próprios caminhos e compara seu começo com meio ou o fim do outro. Gasta suas habilidades sociais na destruição, direciona toda uma energia que poderia construir para isso e, sim, isso é um caso patológico.

Todos nós caímos em suas garras e, muitas vezes, fazemos seus gostos apenas para nos livrarmos de seu assédio. Mas a lei do retorno deve ter sido criada inspirada nesse “tipo” de comportamento:

Os manipuladores não cansam só você, não invejam só você, não falam mal só de você.

O manipuladores cavam a sua própria cova. Deixemos que trabalhem em paz.

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