A gente ama o que sente, não o que vê

A gente ama o que sente, não o que vê

Não existe por do sol bonito apreciado por olhos infelizes.

A gente ama o que sente num lugar. A gente ama o que sente na presença de outra gente. A gente ama o que sente num olhar.

A gente não ama o belo nem o agradável só aos olhos. A gente ama a beleza que emana do outro. E tudo fica belo e perfeito.
Os olhos são os radares, mas não ousam a posição de sensores. A beleza encanta.

Mas o que a gente ama, é de outro modo que a gente vê. É um modo único, particular, reservado. A lente que fotografa as memórias mais caras, perpetua o que a gente vê e também o que sente, aspira, suspira, eterniza.

Olhar por olhar é só apreciar. É um instantâneo agradável. É belo, mas passa. A polaroid que apaga com o tempo.

Apreciar um filhote dormindo, nosso ou de qualquer outra espécie, desperta amor. A gente vê a beleza através desse amor. Enrugadinho, careteiro, bochechudo, não importa, quem enxerga é o amor. E nessa lógica tudo se enquadra e se encaixa… Imperfeições, assimetrias, diferenças, pouco que sobra, muito que falta, o amor enxerga com gentileza e generosidade.

O que a gente vê aguça, instiga. É bom.
O que a gente ama, aninha, conforta, dá colo, faz o por do sol aparecer a qualquer hora e em qualquer lugar.

Olhar faz bem, admirar, ainda mais.
Mas amar, amar faz a gente enxergar grandes e deliciosas belezas, que a olho nu jamais se revelariam.

A gente ama o que sente, não o que vê.

Insatisfação profissional? E agora?

Insatisfação profissional? E agora?

A vida profissional possui grande importância na vida da maioria das pessoas. Gera recompensas como reconhecimento, status social, retorno financeiro, satisfação e realização pessoal. Escolher uma profissão é uma tarefa delicada e, em alguns casos, angustiante. Como é possível escolher algo para o resto da vida? Esse é um questionamento comum entre adolescentes que estão ingressando em uma nova realidade. É o início, mas também, o término de um ciclo. O encerramento da infância para o ingresso na vida adulta. O momento de descobertas, conquistas e de independência.

Esse tema parece, à primeira vista, um assunto relacionado exclusivamente ao público juvenil, porém é cada vez mais comum que adultos, já estabelecidos na vida profissional, com anos de experiência em determinada área, decidam mudar, trocar de profissão e retornar às salas de aula.

São diversos os fatores que podem levar uma pessoa a se decepcionar com a carreira e despertar o desejo da mudança. Porém, antes de tomar uma decisão como essa é importante que se compreenda os reais motivos que levam a essa insatisfação, para que tal mudança não seja uma forma inconsciente de boicote e que, no futuro, possa gerar culpa e arrependimento.

A difícil tarefa de tornar-se adulto

Existem pessoas que não conseguem dar continuidade aos seus projetos profissionais por medo do fracasso ou das críticas, que são inerentes a uma atuação longa dentro de uma mesma área. Essas dificuldades podem vir a prejudicar a carreira do profissional. Com isso, após alguns anos de trabalho, no momento em que deveriam se sentir estabelecidos e, consequentemente, ocupar cargos mais importantes com maiores responsabilidades, se sentem desestimulados e insatisfeitos.

Há também aqueles que possuem dificuldade de crescimento e amadurecimento. São pessoas que tendem a se ver de forma mais infantilizada. A solidificação de uma carreira profissional promove um amadurecimento, independência financeira e liberdade, mas também gera responsabilidades, riscos e desafios. Enquanto estudantes ou recém-formados pode-se ter a falsa sensação de que as críticas ou fracassos recorrentes desse processo são aceitáveis e, portanto, não muitos assustadores.

A vontade de mudar nesses casos pode acobertar uma fuga dos riscos que uma carreira sólida gera. Quando se é confrontado em situações de insegurança e medo, tende-se a evitá-las. É uma forma inconsciente de se defender do perigo seja real ou imaginário. Com isso, sem que se dê conta desse processo, são criadas justificativas bastante convincentes para realizar a mudança. Porém, depois que a nova carreira se torna algo corriqueiro e o profissional se vê novamente estabelecido, provavelmente a sensação de insatisfação retornará, junto com a vontade de trocar de área novamente. Em algumas situações mais sérias, entra-se em um ciclo de constante troca de cursos e áreas de trabalho, não conseguindo se estabelecer em nenhuma delas.

Refletir para mudar

É importante que aqueles que demandam trocar de profissão como uma forma de fuga busquem um autoconhecimento para aprender a lidar com os seus medos a fim de construir estratégias eficientes para a obtenção do que realmente deseja.

Há também pessoas que, apesar de se esforçarem, não possuem afinidades com a sua área de atuação. Como não gostam do que fazem, sentem-se constantemente insatisfeitos e frustrados. Tais situações pedem que o profissional repense quais são as profissões que o agradam mais para, assim, tentar realizar uma mudança. O teste vocacional, aplicado por um psicólogo habilitado, pode ser um grande aliado nesse processo.

A satisfação pessoal e a identificação do profissional com a sua área são fundamentais para uma realização profissional a longo prazo. Muitas vezes a escolha feita na época da adolescência foi equivocada, uma vez que o jovem não possuía informações ou mesmo maturidade suficientes para uma escolha como essa. Perceber que errou e que não está feliz na escolha não é sinal de fracasso e, muito menos, motivo de vergonha. É sinal de que houve um amadurecimento e autoconhecimento, fatores fundamentais para a escolha de algo que o acompanhará ao longo de muitos anos da vida.

Enquanto há desejo de melhorar e de ser feliz, há possibilidade de mudanças. O que é verdadeiro para todas as áreas da vida, inclusive a profissional! Para isso é importante refletir e conhecer de verdade as suas motivações e desejos, isentos de censuras ou críticas.

Viajar em busca de respostas

Viajar em busca de respostas

Organizando gavetas, faço uma longa pausa ao examinar as folhas de meus velhos passaportes. Quem, diante de uma perda, seja ela financeira ou pessoal, de um amor acabado, um projeto frustrado, um sonho que se tornou pesadelo, uma estrada mal escolhida ou uma mera insatisfação pessoal, nunca pensou em largar tudo e viajar pelo mundo, na tentativa de encontrar respostas; na esperança de encontrar a si mesmo?

Nessa mesma busca, perdi as contas de quantas vezes já coloquei uma dúzia de peças de roupas na mala e caí no mundão. Meu luto viajava comigo e, entre uma decolagem e outra, ou ao subir num trem que me daria uma noite inteira de reflexão até adentrar mais uma fronteira, certamente, encontrei respostas surpreendentes dentro de mim. Algumas assustadoras, outras dolorosas, mas quase sempre libertadoras.

Andar pelo mundo sem hora para voltar é realmente uma experiência extraordinária e, é claro, minha natureza nômade e uma busca incessante por respostas, que me persegue desde a infância, me pedem, constantemente, o levantar de novos voos.

Ocorre que tenho me perguntado, com frequência, se uma viagem é mesmo capaz de realizar a proeza de trazer as respostas que desvendariam, finalmente, os mistérios da vida, das emoções e de quem realmente somos, ou se seria possível chegar a elas, igualmente, na paz da minha casa?

Me pergunto se não estamos dispostos a fazer a volta ao mundo apenas porque não queremos encarar o mais distante dos destinos: a viagem para dentro de nós mesmos.

Tomada por esse pensamento, por coincidência ou vibração, me deparo com dizeres do escritor italiano Tiziano Terzani que me dão a resposta na justa medida de minhas inquietações:

“O que está fora, também está dentro. O que não está dentro, não está em lugar nenhum. Viajar não adianta. Se uma pessoa não tem nada dentro, nunca encontrará nada fora. É inútil ir procurar no mundo o que não consegue encontrar dentro de si.”

Então, para você que, como eu, busca respostas, saiba que o mundo é lindo e que vale a pena o deslumbre de conhecê-lo, mas que não importa se você está aqui ou em Marrakesh, as respostas que possibilitam uma existência plena, assim como todos almejamos, devem ser encontradas, invariavelmente, dentro de cada um de nós.

Os 10 filmes mais cheios de significado que eu vi na Netflix

Os 10  filmes mais cheios de significado que eu vi na Netflix

Existem filmes que permanecem em nós.

São eles aqueles que ecoam em nossos sentimentos e que dão formas aos nossos sonhos. São eles que nos fazem pensar, que nos desestabilizam, que nos emocionam e nos tocam de uma maneira que, muitas vezes, nunca pensamos ser tocados.

A lista abaixo apresenta uma sequência de filmes com os quais eu, particularmente, tenho forte ligação afetiva. Selecionei-os da listagem do catálogo da Netflix para que pudessem ser facilmente encontrados, resgatados ou mesmo redescobertos.

Eles não são fruto de uma escolha baseada em critérios tecnicos. Entretanto, penso que são mais que isso pois são fruto do meu afeto e do conteúdo que eu conheço e posso indicar.

Se algum deles chegar a tocar alguém e despertar um momento de profunda sensibilidade e encanto…era somente esse o meu objetivo!

Aproveitem as dicas!

Nota: é sempre importante verificar se os filmes mencionados ainda estão presentes no catálogo da Netflix, uma vez que eles entram e saem de tempos em tempos.

1- A dama dourada

Título original: Woman in Gold

Ano: 2015

Nacionalidade:  Reino Unido, EUA

Direção:   Simon Curtis

Sinopse Oficial: Década de 1980. Maria Altmann (Helen Mirren) é uma judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide processar o governo austríaco para recuperar o quadro “Woman in Gold”, de Gustav Klimt – retrato de sua tia que foi roubado pelos nazistas durante a ocupação. Ela conta com a ajuda de um jovem advogado, inexperiente e idealista (Ryan Reynolds).

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2- O Fabuloso Destino de Amelie Poulain

Título original: Le Fabuleux destin d’Amélie Poulain

Ano: 2001

Nacionalidade: França

Direção: Jean-Pierre Jeunet

Sinopse Oficial: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.

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3- A vida é bela

Título original: La vita e bella

Ano: 1998

Nacionalidade: Itália

Direção: Roberto Benigni

Sinopse Oficial: Durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido (Roberto Benigni) e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele tem que usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam.

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4- A vida dos outros

Título original:Das Leben der Anderen

Ano: 2006

Nacionalidade: Alemanha

Direção: Florian Henckel von Donnersmarck

Sinopse Oficial: Georg Dreyman (Sebastian Koch) é o maior dramaturgo da Alemanha Oriental, sendo por muitos considerado o modelo perfeito de cidadão para o país, já que não contesta o governo nem seu regime político. Apesar disto o ministro Bruno Hempf (Thomas Thieme) acha por bem acompanhar seus passos, para descobrir se Dreyman tem algo a esconder. Ele passa esta tarefa para Anton Grubitz (Ulrich Tukur), que a princípio não vê nada de errado com Dreyman mas é alertado por Gerd Wiesler (Ulrich Mühe), seu subordinado, de que ele deveria ser vigiado. Grubitz passa a tarefa a Wiesler, que monta uma estrutura em que Dreyman e sua namorada, a atriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck), são vigiados 24 horas. Simultaneamente o ministro Hempf se interessa por Christa-Maria, passando a chantageá-la em troca de favores sexuais.

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5- Letters to father Jacob

Título original: Letters to father Jacob

Ano:  2009

Nacionalidade: Finlândia

Direção:  Klaus Härö

Sinopse Oficial: Com poucas opções de trabalho após ter sido perdoada por uma condenação, Leila concorda em servir como assistente de um pastor cego. O padre Jacob passa seus dias respondendo às cartas do necessitados, o que Leila acha insensato. Mas quando as cartas param, o pastor sente-se devastado e Leila se vê diante de uma nova tarefa.

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5- Meia noite em Paris

Título original: Midnight in Paris

Ano:  2011

Nacionalidade: EUA

Direção:  Woody Allen

Sinopse Oficial: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e sonhou ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que fez com que fosse muito bem remunerado, mas que também lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir a Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.

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6- O sol é para todos

Título original: To Kill a Mockingbird

Ano:  1963

Nacionalidade: EUA

Direção:   Robert Mulligan

Sinopse Oficial: Jean Louise Finch (Mary Badham) recorda que em 1932, quando tinha seis anos, Macomb, no Alabama, já era um lugarejo velho. Nesta época Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro, foi acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Seu pai, Atticus Finch (Gregory Peck), um advogado extremamente íntegro, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu.

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7- Hotel Ruanda

Título original: Hotel Rwanda

Ano: 2004

Nacionalidade:  Reino Unido , África do Sul , Itália

Direção:   Terry George

Sinopse Oficial: Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.

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8- Perfume de mulher

Título original: Scent of a Woman

Ano: 1992

Nacionalidade:  EUA

Direção:   Martin Brest

Sinopse Oficial: Frank Slade (Al Pacino), um tenente-coronel cego, viaja para Nova York com Charlie Simms (Chris O’Donnell), um jovem acompanhante, com quem resolve ter um final de semana inesquecível antes de morrer. Porém, na viagem ele começa a se interessar pelos problemas do jovem, esquecendo um pouco sua amarga infelicidade.

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9- Elsa e Fred

Título original: Elsa & Fred

Ano: 2014

Nacionalidade:  EUA

Direção:   Michael Radford

Sinopse Oficial: Elsa (Shirley MacLaine) é uma mulher de idade que vive sozinha. Um dia, ela comete uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden), a filha de seu novo vizinho, Fred (Christopher Plummer). Revoltada com o ocorrido, Lydia exige que Elsa pague o conserto. O filho de Elsa (Scott Bakula) aceita cobrir os danos mas, ao entregar o cheque a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que acaba convencendo-o a recusar o valor. Com o tempo, Elsa e Fred se aproximam cada vez mais, apesar do temperamento bastante diferente. Enquanto ela é cheia de vida, ele é rabugento e mal quer sair de casa.

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10- Minhas Tardes com Margueritte

Título original: La Tête en friche

Ano: 2010

Nacionalidade: França

Direção: Jean Becker

Sinopse Oficial: Imagine o encontro de duas forças. De um lado, mais de 100 quilos de pura ignorância e do outro menos de 50, carregados de ternura. Entre eles, uma diferença de décadas de idade e em comum, o encanto pelos livros. Esta é a história de um cinquentão pobre com as palavras e uma idosa inversamente rica com elas.

Leia mais sobre o filme em O poder da literatura em “Minhas Tardes com Margueritte”

Nota da página: Aparentemente o filme recentemente saiu do catálogo da Netflix, mesmo assim, merece ser procurado e visto por outras vias.

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DICA EXTRA…MAS NÃO MENOS RELEVANTE!!!

O segredo dos teus olhos

Título original: El Secreto de Sus Ojos

Ano: 2009

Nacionalidade: Espanha, Argentina

Direção:   Juan José Campanella

Sinopse Oficial: Benjamin Esposito (Ricardo Darín) se aposentou recentemente do cargo de oficial de justiça de um tribunal penal. Com bastante tempo livre, ele agora se dedica a escrever um livro. Benjamin usa sua experiência para contar uma história trágica, a qual foi testemunha em 1974. Na época o Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar o estupro e consequente assassinato de uma bela jovem. É desta forma que Benjamin conhece Ricardo Morales (Pablo Rago), marido da falecida, a quem promete ajudar a encontrar o culpado. Para tanto ele conta com a ajuda de Pablo Sandoval (Guillermo Francella), seu grande amigo, e com Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe imediata, por quem nutre uma paixão secreta.

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As legendas oficiais são provenientes do site Adoro Cinema.

Notas da página:

Os amigos da página, nos comentários, ainda falaram muito do filme “Intocáveis“.

Na minha lista inicial eu também havia anotado “O mordomo do presidente“.

Temos ainda as biografias “Piaf” , “Frida” e “Coco antes de Chanel que também são excelentes!!!

Em um estilo um pouco diferente, um filme extremamente forte, mas muito bom é “Beasts of No Nation”

Era uma vez…

Era uma vez…

Os contos de fadas, as lendas, fábulas e outras formas de narrativas populares possuem um papel importante na formação, fortalecimento e empoderamento do nosso senso crítico. Apesar de fictícios, muitas vezes as narrativas populares atuam em nossa mente racional através de projeções e espelhamentos. Elas trazem ainda, questionamentos que todos nós compartilhamos como dúvidas, angústias, dificuldades e desejos de felicidade.

Nos contos encontramos personagens imperfeitos que trazem à tona situações e conflitos que vivenciamos na realidade. Podemos encontrá-los através de uma mãe ou madrasta que odeia ou inveja sua filha ou enteada, a morte através da perda dos provedores e entes queridos, o sentimento de vulnerabilidade e solidão e ainda o encontro com aqueles que nos aconselham e auxiliam a cumprir nossas missões.

Nas histórias, ao contrário da realidade, existe uma separação nítida entre o bem e mal, essas forças são polarizadas, e isso também nos ajuda a afinar o olhar e aprender a diferenciar pessoas e atitudes saudáveis e que nos fazem bem, das que nos fazem mal. Durante a fantasia então, podemos descobrir novas possibilidades de desfechos para situações que vivenciamos na realidade e recriá-los em nossas vidas.

Dentro da visão da Gestalt-terapia, podemos dizer que as histórias espelham projeções e situações por nós idealizadas e assim podem nos ajudar a viver um “awareness”, o momento do “dar-se conta” dos fatos como eles são. Muitas vezes não percebemos que a maioria das vezes usamos narrativas na vida real que são feitas com tempos verbais que excluem o tempo presente. Porém, a Gestalt-terapia nos convida à viver no “aqui agora”, à lidar apenas com aquilo que “damos conta” no momento, pois não é construtivo imaginar situações futuras com os recursos que temos no presente.

Dessa forma, qualquer fala que não inclua o “aqui agora” é uma fala que não nos ajuda a sair dos nossos padrões de comportamentos e ciclos viciosos. Vivemos de fantasia quando utilizamos tempos verbais como o futuro do pretérito (gostaria, desejaria) ou situações hipotéticas como “e se” ou “quando”.  Pois, quem gostaria, não gosta. Quando eu for feliz, eu não sou feliz. Se eu fizer isso, eu ainda não fiz. Assim, nenhuma dessas falas nos conduz à ação, elas são falas fantasiosas que apenas nos mantém paralisados, imaginando, idealizando, revivendo situações e possibilidades irreais.

Para a Gestalt tudo “é o que é”, e é importante que façamos um exercício de aceitar as coisas e as pessoas como elas são, sem fantasias ou idealizações. Além disso, os contos trazem fortalecimento de alma, pois atuam espelhando situações e desfechos que muitas vezes não temos coragem de buscar para nós mesmos e assim podemos ver como, seguindo um passo de cada vez em uma jordana, o herói ouve o chamado, ouve conselhos, cumpre tarefas e é bem sucedido naquilo que se propõe a fazer. Quando trazemos para a nossa realidade as possibilidades levantadas durante a fantasia, temos a oportunidade de fazer diferente, de não repetir e de viver de forma mais saudável e criativa.

Fora isso, os heróis trazem questionamentos e dúvidas que nós também temos, e apesar disso, seguem adiante para cumprir suas missões. O livre-arbítrio está presente na vida do herói, ele tem escolhas, ele faz escolhas e sofre consequências por suas escolhas. O herói sabe que é responsável pelo seu próprio destino. Na vida real isso também é válido, mas muitas vezes nos esquecemos.

Mais ainda, o final feliz de uma história, representado pelo “felizes para sempre”, espelha um desejo que todos nós compartilhamos: encontrar paz e harmonia. Essa é uma busca real instintiva de todo e qualquer ser. E dentro da abordagem gestáltica o final feliz pode também representar nossa ânsia por fechamentos de Gestalts que não foram fechadas e, portanto, nos causam dor, inquietação, ansiedade e descontentamento. A alma só encontra paz através da verdade, por isso muitas vezes passamos uma vida toda, sem nos darmos conta, buscando a verdade e fechamentos mais felizes para nossas histórias infelizes.

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As histórias também atuam em nossa ânsia por justiça e, se na vida real nem sempre conseguimos dar fechamentos que consideramos justos para nossos conflitos, nas histórias, vilão e mocinho são personagens que desempenham papéis de fácil distinção, a justiça é frequente e o bem prevalece diante do mal. Mas, ao contrário da ficção, a vida não é violino e rosas, justiça na vida real é algo muito mais complexo, além de ser um conceito criado pelo homem, muitas vezes embasado em fortes valores morais e culturais, que mudam conforme as gerações.

Portanto, a justiça é um fechamento tão relativo e individual, que muitas vezes não agrada ao coletivo. Mesmo assim, o senso de justiça é algo muito latente em nós seres racionais e, se na vida real nem sempre podemos ter o final justo que desejamos, através da ficção, as histórias podem sim trazer justiça e apaziguamento para nossos corações.

E finalmente, é importante lembrar que as fantasias e projeções podem ser de grande ajuda no nosso caminho quando conseguimos transitar livremente entre a fantasia e a realidade. E, se tivermos sabedoria, podemos viver a vida real no presente e deixar para imaginar e idealizar um paralelo na fantasia. Pois, na vida real, não é o “felizes para sempre” que importa, mas sim o feliz no aqui e no agora.

Por favor, não confunda “direito a se indignar” com “licença para ser indigno”.

Por favor, não confunda “direito a se indignar” com “licença para ser indigno”.

Todos estamos indignados. Todos. Quem vai às ruas contra a corrupção e a favor do impeachment da presidenta, quem se manifesta em defesa da democracia e contra o golpe, quem discute política em casa, na escola, no trabalho, no bar. Até quem fica em casa reclamando transpira indignação. De uma vez por todas, ninguém é a favor da corrupção, da roubalheira ou de qualquer bandidagem do gênero. Logo, todos estamos indignados.

Você e eu e todo mundo temos não só o direito mas o dever de sentir indignação quando tomamos conhecimento de algo que nos revolta. Quando os nossos valores culturais ou os nossos conceitos morais são atacados, sentimos indignação. É assim com toda gente. E não faltam motivos para nos sentirmos, todos, indignados.

Agora, a nossa indignação não nos dá o direito de cometer indignidades aqui e ali. Sim, porque tem gente por aí aplaudindo o quebra-quebra nas ruas, cruzando os braços e decretando: “quem causou essa violência toda foi o governo que nos violentou primeiro”. E deixemos o pau quebrar! Aqui entre nós, deixar o pau quebrar, quebrar o pau na prática ou incentivar de alguma forma a violência, inclusive fingindo que ela não existe, é uma tremenda e descarada indigência. Não pode. Não pode porque aí nos tornamos indignos. Indignos até do próprio direito à indignação.

Quem se diz revoltado com o governo que aí está e aprova que “os de lá” e “os de cá” se ataquem, aplaudindo o equivocadíssimo raciocínio do “nós contra eles”, arrebenta a linha clara que separa “indignação” e “indignidade”.

Indignidade é ausência de decência. É o nome que o mundo civilizado deu a qualquer ação ou conduta cruel, desonrosa, desumana. Seja roubar dinheiro público ou investir contra quem pensa diferente de você para insultar-lhe, enfiar-lhe a porrada ou coisa pior.

Indignação é sentir repulsa por um abuso. Indignidade é cometer o abuso.

Quando sentimos lá dentro que algo vai muito errado e fazemos qualquer coisa para mudar o que não achamos certo, estamos indignados. Mas quando o que fazemos para mudar o que não achamos certo é justamente o algo “errado”, nos tornamos indignos. Impróprios, indevidos. A briga agora devia acontecer é dentro de cada um de nós. Todo cidadão decente tem a obrigação de cuidar para não fazer exatamente o que critica nos outros. Porque por aí já tem muita gente “indignada” descambando na indignidade.

Sim, é impróprio nos atacarmos uns aos outros. É indevido julgarmos “o outro lado” pura e simplesmente, reproduzindo sem qualquer exame crítico posições raivosas como surrupiar uma lista de artistas, escritores, intelectuais que assinaram um manifesto a favor da democracia e gritar aos quatro cantos que “estes são os inimigos do povo” ou coisa parecida, incitando as pessoas a não comprarem seus livros, não assistirem às suas peças e outros absurdos. No pior estilo macartista, voltamos quase um século no quesito intolerância política. Real e descarada indignidade.

É isso mesmo, minha gente? Será que é isso mesmo o que nos tornamos? É isso mesmo o que queremos para nós? Alguém já se perguntou o que há de vir depois dessa fase? Ou para onde é que essa ilusão de bem contra o mal vai nos levar?

Deixemos de coisa. Indignação sem valores, sem inteligência, tolerância, respeito, cidadania, união, vergonha na cara e, sobretudo, sem amor ao próximo nos impede de pensar. Arranca de nós a capacidade de compreender o outro. E vira indignidade. Pura e simples indecência. Sejamos atentos, fortes e dignos, pois. É o mínimo.

Quando descobri que Nelson Rodrigues foi mulher

Quando descobri que Nelson Rodrigues foi mulher

“Você deseja saber quem é Myrna. E fará a si mesma perguntas como estas: “É loira? Morena? Nasceu no Cairo? Em Alexandria? Adivinha o futuro? É velha ou moça? Respondo: Myrna sou eu. Dê seu primeiro nome e o primeiro nome de seu namorado, noivo ou marido. A data de nascimento de ambos. E conte seu romance. Eu lhe direi a verdade, só a verdade, presente e futura. E se quiser saber quem é Myrna responderei: – Apenas uma mulher”.

Em meados da década de 40 Nelson Rodrigues era um dos autores nacionais mais comentados quando o assunto era teatro. A peça escrita por ele Vestido de Noiva era um estrondoso sucesso, contudo o escritor tinha sucesso, mas não dinheiro.

Nessa época muitos jornais passaram a publicar estórias sentimentais que visavam aumentar as vendas e consequentemente os lucros. Tornaram-se populares então os ditos folhetins.

Convidado para trabalhar nos Diários Associados de Assis Chateaubriand, Nelson Rodrigues convenceu o diretor do jornal que poderia escrever muito bem esse tal folhetim. Para publicar, no entanto, Nelson escolheu o pseudônimo de Suzana Flag. Sim, Nelson encarnou uma mulher para escrever e fez dela famosíssima. Todos amavam ler as estórias de Suzana, a ponto de o escritor lançar livros como se tivessem sido escritos por ela, inclusive uma autobiografia de Suzana intitulada Minha Vida.

Envolta em uma aura de mistério a famosa escritora fantasma foi amada e idolatrada, contudo Nelson se cansou dela e foi escrever para o Diários da Noite, criando nesse jornal um outro pseudônimo feminino, o de Myrna, uma conselheira sentimental.

E foi nesse ponto que conheci Nelson transvestido de mulher, quando, atualmente, um conhecido, de forma despretensiosa, citou-me uma das frases largamente difundidas nos conselhos sentimentais de Myrna: “Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo”.

Nelson escreveu estórias bastante fantasiosas, sempre prendendo a atenção dos leitores e com a coluna de Myrna não foi diferente.

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Curiosa, fui atrás para saber mais sobre Myrna e lendo um livro coletânea “dela” que tem como título a frase emblemática “Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo”, não me foi difícil perceber que Nelson guardava em seus conselhos um conservadorismo típico de seu tempo. Muitos conselhos de Myrna giravam em torno da importância das mulheres fazerem os maridos felizes, contudo, muito diferente do que vemos hoje, os conselhos dela eram bastante emblemáticos, quase pontuais. Tinham uma ousadia latente, conferida, provavelmente, pelo fato dessa mulher ser um pseudônimo.

Para explicar a afirmação acerca de amor e felicidade Myrna comenta: “Você sabe qual é o tremendo erro da maioria absoluta das mulheres? Ei-lo – achar que o fato de amar implica, obrigatoriamente, a felicidade. Quem ama pensa que vai ser felicíssimo e estranha qualquer espécie de sofrimento. É exato que os amores têm seus êxtases, deslumbramentos, momentos perfeitos, musicais etc., etc., mas eu disse momentos e não 24 horas de cada dia“…

Sobre a dúvida de uma leitora sobre se casar com um homem sem posses: “Imaginem se todos nós fôssemos, em amor, bastante lúcidos. Então pensaríamos minuciosamente em tudo, no preço do feijão, do arroz, no custo de vida cada vez mais elevado, no colégio das crianças“. Depois lembra-se de uma conhecida que não queria filhos para não pegarem coqueluche e complementa, “Mas não é com estes raciocínios que se faz vida, que se perpetua a espécie humana! Daí porque na hora do amor precisamos ser um pouco irresponsáveis“.

Respondendo para a mulher que ama o marido na ausência, mas em sua presença se desencanta: “Se a presença do meu amado não me empolga, nem nada, apelo para sua ausência. Sob sua presença, eu o vejo como ele é, na realidade. Na ausência tudo muda. Vejo-o não como ele é, mas como eu quero! (…) “Deve ver o menos possível o seu namorado. É a única solução para o seu caso“.

Sobre as exigências de uma leitora ao marido: (…) “em amor, ninguém tem direito de exigir nada. O único direito que se tem é o de aceitar aquilo que a outra pessoa dá de todo coração e com um máximo de espontaneidade“…

Sobre a leitora que diz gostar de um homem feio: “Bonito é o homem de quem a gente gosta“.

Para a leitora que teme não gostar mais do marido: “Acredite, Elvira. O amor é eterno. Só acaba quando não era amor“.

Para a leitora que não se sente amada: “Ah! Minha filha! Se os homens só namorassem a criatura amada, só namorassem em caso de amor, haveria no mundo uma meia dúzia de namorados“.

contioutra.com - Quando descobri que Nelson Rodrigues foi mulher

Para uma leitora que teme a solidão após os trinta anos: “Concebo o inferno como uma sala, confortável, tranquila e moderna, e, dentro dela, sentados, um homem e uma mulher, que não se gostam, e estão condenados a viver, perpetuamente, juntos“.

Para a leitora cujo noivo sente ciúmes de sua excessiva atenção a uma ave, a qual beija na boca: “Aceite meu conselho: deixe o pintainho no galinheiro; e quando ele se transformar em galinha, faça uma boa canja e ofereça ao seu noivo, em uma tocante e simbólica homenagem (…) este ato quererá dizer que jamais deixará que, entre vocês dois, se interponha qualquer espécie de pinto“.

A coluna de Myrna se tornou um sucesso em oito meses, fazendo com que a escritora publicasse um romance em folhetim intitulado A mulher que amou demais, que foi outro grande sucesso.

Nesse ponto podemos afirmar que os pseudônimos de Nelson se tornaram heterônimos, pois passaram a ter vida quase própria, a ponto de ofuscarem um pouco o brilho do próprio criador em certos períodos.

Em 1954 no jornal A Última Hora Nelson ressuscitou Suzana Flag que passou a fazer consultas sentimentais, assim como Myrna. Nesse ponto as duas foram quase idênticas em suas citações.

No fim das contas era Nelson a escrever as colunas sentimentais, a se deixar tocar pelas histórias das cartas e a usá-las como matéria prima para sua escrita.

Nelson Rodrigues foi Nelson Rodrigues, mesmo quando decidiu ser mulher. E para a paz das pessoas que lhe consultaram, ele nunca admitiu ser ele por trás de Suzana e de Myrna.

Felizmente, pois imaginem que espantoso seria saber que não eram mulheres duas figuras que se fizeram afirmando, antes de mais nada, serem mulheres e verdadeiras?

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

O que eu quero ser quando eu crescer

O que eu quero ser quando eu crescer

Somos inspiração em estado de graça e apreensão… do ar que nos cerca. E do mundo que nos move. E o que se inspira é o que mantém vivo e faz seguir, mas também o que pode apontar um novo rumo. E a vida pulsa!

É por aí que a gente descobre que o melhor são as pequenas inspirações nossas de todo dia. Com a espinha ereta, o coração tranquilo, mas a mente bem aberta! Porque algumas passam discretas, mas estão ali para serem sorvidas por um olhar. É!

De repente percebemos que conseguimos respirar com os olhos e provar o sabor do som ou sentir o toque da luz… E é nessa dança dos sentidos, que mora o germe de uma nova idéia. Não se sabe ao certo o momento em que ela se apodera da alma. Cada dom a seu tempo, cada esforço a seu chão. Ora num primeiro assalto, ora num ataque final.

E não tem mais jeito, somos despertados para uma dimensão até então desconhecida, em forma e cor e função. Assim, num dia qualquer de uma semana comum, um fato corriqueiro nos dá o poder da visão além do alcance do nosso óbvio. E faz-se o entendimento, que vai motivar as futuras ações e todos os desafios que estarão por vir. Transformador. Como todo achado deve ser.

Parte deste texto escrito até aqui foi feito há alguns anos e me relembrado por esses dias. Eu me dirigia a uma turma de alunos formandos, e falava com eles a respeito de como os supostos dons por vezes são frutos de um processo de construção pessoal, que pode ser desencadeado pelos fatos mais improváveis.

Coincidências que não existem, também por esses dias, aconteceu de passar um dos meus filmes eternos, O Fabuloso Destino de Amélie Poulin… Nelson Rodrigues falava que devemos “…ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los…” Penso que com os filmes e com todas as artes, seja a mesma coisa. Amélie é um dos meus filmes totais. E acho que já me salvou algumas vezes. Ele fala justo das descobertas singelas e fundamentais que fazemos ao longo da nossa caminhada. De como o exercício da observação do entorno associado a uma boa dose de criatividade, que pode ser trabalhada, consegue despertar uma nova perspectiva sobre tudo. E sobre nós.

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A história de Amélie, uma pessoa sabe voar e se impõe um dever, nos ensina que achar um sentido real e nobre pra vida é o mesmo que encontrar um tesouro valioso. Que tão importante quanto um talento natural, são os movimentos criados e exercidos a partir de uma escolha. Por vezes parece difícil a gente descobrir para que serve e porque veio… de verdade.

Mas talvez seja só uma questão de prestar a atenção no impacto dos nossos atos nas vidas dos que nos cercam. O que mais os deixarem felizes, talvez seja o que fazemos de melhor. E não é a isso que chamam de dom? Ao se doar tempo, energia e atenção para um ofício que pode ser modificador ou feliz para alguém, instala-se uma nova ordem interna. Se é o universo conspirando ou se tudo é só matemática, física ou qualquer outra coisa bem exata, o fato é que o que vem tem volta… E vamos ficando cada vez melhores no trato daquele exercício.

Então é preciso sempre olhar largo, ou bem pertinho. Inspirar fundo, expirar longe e ter a sensibilidade de saber que o coração pensa e a mente ama e os passos de quem se doa brilham, marcando a trilha que materializa o sonho. Compreender que o empenho pesa mais que a sorte e a ousadia irmana com o êxito, que irmana com o ponto onde se quer chegar. Onde se quer chegar? O certo é que todo dia a gente cresce e ainda pode querer e ser. Vamos, enquanto somos os senhores da nossa fantasia, do nosso agora e da nossa fé. Resta encontrar o tesouro no fim do arco-íris, que quase sempre está enterrado em nosso quintal.
.música incidental – over the rainbow.

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::: As cores e os grandes olhos negros de Amélie Poulin foram inspirados nas obras do artista plástico brasileiro, Juarez Machado. Vermelho, verde e amarelo saltam da tela, nos conduzindo em amor, esperança e luz… Logo de início (spoilers leves – quem ainda não teve a experiência que é voar com Amélie, pare a leitura por aqui!), ela descobre um novo objetivo para a vida: levar a felicidade através de pequenos gestos. E segue feliz com a felicidade alheia que produz… até que o amor a encontra e começa outra jornada pessoal. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain tem direção de Jean Pierre Jeunet, Bruno DelBonnel como diretor de uma fotografia impecável, é estrelado por Audrey Tautou e é um filme francês de 2001. Um ode ao amor entre as pessoas, entre os amantes e a si mesmo. Só vendo… :::

Clóvis de Barros Filho oferece curso online gratuito sobre Ciência Política

Clóvis de Barros Filho oferece curso online gratuito sobre Ciência Política

Vídeoaulas podem ser acompanhadas pela plataforma online de educação superior no Brasil: Veduca

​A internet é uma ferramenta poderosa, que vai muito além das redes sociais. Ela pode ser utilizada para estudos a fim de garantir conhecimento, com várias alternativas interessantes e, muitas vezes, gratuitas.

Uma boa possibilidade para quem gosta de aprender de forma online é o Curso Ciência Política oferecido pelo Veduca, plataforma online de educação superior no Brasil, que reúne mais de 300.000 estudantes. O curso, totalmente gratuito, é ministrado pelo Clóvis de Barros Filho, da Escola e Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Ciência política é o estudo dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos.

Envolve o estudo da estrutura e dos processos de governo, ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Abrange diversos campos, como filosofia, economia, geopolítica, administração, entre outros.

O curso tem duração de 60 horas e é composto por vídeos: um introdutório e 9 videoaulas, divididas em partes e acrescidas de quizzes para melhor fixação do conteúdo. São abordados tópicos introdutivos, o que é Política, política na Prática, política e Teoria dos Sistemas, opinião pública, partidos políticos – parte 1, partidos políticos – parte 2, a Constituição Brasileira, o Poder Constituinte.

Para garantir maior interação com o conteúdo e com outros estudantes na plataforma, o Veduca disponibiliza algumas ferramentas, como um caderno virtual para anotações pessoais, e o fórum de discussão.

Qualquer pessoa pode realizar o curso, pois não é exigida nenhuma formação específica. Além disso, todo conteúdo é aberto e gratuito.

Quem quiser receber um certificado do professor, atestando que domina o assunto abordado, poderá optar por fazer uma prova presencial.

Com informações do Veduca e do Jornal de Franca.

Clóvis de Barros Filho também oferece curso online gratuito sobre Ética

Idosos revelam o que gostariam de fazer antes de morrer

Idosos revelam o que gostariam de fazer antes de morrer

Por Mirelle Pinheiro

O que você quer fazer antes de morrer? O animador Ângelo Valente e a gerontologista Sofia Nunes fizeram essa pegunta para um grupo de idosos que moram no centro comunitário da Gafanha do Carmo, em Aveiro, Portugal.

A iniciativa teve inspiração no projeto artístico Before I die. As respostas dos idosos foram surpreendentes. Alguns revelaram que queriam voltar a enxergar, outros sonhavam em dirigir um carro novamente ou simplesmente em mudar a cor do cabelo.

Confira alguns desejos. No final há uma linda surpresa!!!

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E aqui fica a melhor parte: a iniciativa já teve tanto sucesso que vários idosos já conseguiram realizar os seus pedidos!

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Fontes: MetrópolesTá feito

Precisamos todos sair do armário.

Precisamos todos sair do armário.

Porque há muito além da sexualidade que precisamos assumir.

Há alguns imperativos perigosos por aí, disfarçados de liberdade, mas ressonando discursos tão semelhantes aos que criticam. Qualquer um que da vida já tenha experimentado os caldos, dos mais saborosos aos mais amargos, sabe que liberdade mesmo, libertar-se, é não seguir nenhum padrão que não tenha origem na vontade própria, e dar conta disso sem atropelar vontade alheia, ainda que tais padrões tenham sido pintados pelos romances revolucionários.

Ser livre é andar na corda bamba – há de se conhecer o peso do próprio corpo, o peso de ser si mesmo. Não há liberdade alguma em fazer coisas consideradas subversivas simplesmente porque assim o disseram. Ser subversivo é agir com autenticidade, e isso sempre traz críticas, tanto da parte dos considerados conservadores quanto da parte dos que se consideram liberais.

Percebo com certo asco alguns discursos que certa vez foram inovadores, mas que agora não passam de repetição sem sentido. Não há, talvez, melhor exemplo para isso do que o posicionamento das pessoas em relação à sexualidade. Não consigo pensar em algo mais íntimo e natural de ser escolhido conforme as inclinações próprias de cada indivíduo do que a vida sexual de uma pessoa, desde que, é claro, ela não prejudique a escolha nenhum outro, inclusive daqueles que não estão aptos a fazer escolha alguma. Liberdade é uma atividade de exploração continua de território conhecidos e desconhecidos, de procurar espaços onde ela possa ser vivida com semelhantes, com afins. Não é nada parecido com o que se impõe com violência, seja esta física ou moral – a isto conheço como tirania.

E o que há de tirania tentando se passar por ideal libertador! Se, por um lado, temos uma explícita a aversão à experiência sexual livre de moralismos, fielmente representada pelos fanatismos religiosos, pelos posicionamentos hostis que tentam atribuir à opinião coletiva algo é que intrinsecamente individual, há, por outro lado, um oposto irônico e tão hipócrita quanto o primeiro – os que tentam impor uma fórmula de sexualidade livre conforme a vontade do interlocutor.

Mascaradamente investidos em saciar os desejos próprios, imaturos de mais para lidar com a recusa alheia em seguir a sua linha de anseios, criticam aqueles que, por alguma razão que só diz respeito aos próprios, não desejam viver certas experiências, ainda que se considerem e sejam pessoas livres de fato – fazem o que querem fazer, aceitam os convites que desejam aceitar, transam sim – quando querem, com quem querem, como querem, quando assim é possível.

Mas há uma certa imposição completamente distorcida, de que para que uma pessoa seja considerada livre e interessante, ela precisa viver o inverso da caduquice pseudocelibatária monogâmica conservadora. Ela ou ele precisam “comer” ou “dar” para quem que assim os queiram. Não, ninguém precisa. E isso não faz de ninguém absolutamente mais nada do que alguém que gere a si mesmo. Ninguém precisa beijar todas as bocas para ser livre, nem transar com ninguém só para não perder a oportunidade, nem tirar a roupa quando não se sente à vontade, nem participar de orgias, nem, muito menos, quem o faz porque assim convém ao seu desejo, deveria ser julgado réu por isso.

Se cada um desse conta e aceitasse que o outro – adulto, também dá conta de lidar com a própria libido, com o próprio corpo, com a própria genitália, é possível que, no que diz respeito aos interesses realmente coletivos, porque pela natureza assim o são – o dinheiro público, por exemplo -, as pessoas estivessem mais ligadas, mais racionais e esclarecidas quanto aos verdadeiros interesses e destinos do que afeta a todos e não a um ou dois ou meia dúzia.

O mesmo serve para as experiências místicas ou toxicas, para os gostos musicais, para os lugares frequentados, para as aventuras. Podemos dizer do que pensamos da vida, podemos sugerir alternativas, podemos fazer convites, podemos desejar, e, a quem arrisca, pode-se até dar conselho. O que não faz sentido é tentar impor a própria opção de vida para ninguém, quem quer que seja. É isso o que em primeiro lugar define o que é “separar as coisas”. Separar o que é meu do que é nosso. Deixar que as pessoas enlouqueçam no tempo delas.

É certo que ninguém é obrigado, também, a ser amigo de ninguém. Mas, vamos ser honestos, essa coisa de dizer que “tudo bem, quero só ser seu amigo”, mas que vira a cara quando o sexo é colocado em questão como algo que não será consumado nessa relação amistosa, é fruto da mesma hipocrisia de quem vira a cara para o outro por ter uma vida sexual considerada “libertina”. Virar a cara para alguém porque não topa experimentar a sua viagem, é da mesma natureza de quem vira a cara para uma pessoa porque é viajante em terras moralmente subjugadas. E por aí vai.

Esses são apenas os exemplos mais corriqueiros. Dessa mesma natureza de atitudes, há quem atire pedras em alguém que tem comportamentos e ideais semelhantes ao seu, mas que por ventura lhe atinge, como quando a “amiga” acaba atraída pelo mesmo objeto de afeto, ou pior, lhe atrai a atenção – é quando, para fins de ilustração, a garota revolucionária que pega geral vira a puta que pegou o “boy” da outra (sem que nesta quadrilha algum compromisso consumado entrasse na roda).

Cair na real: há muito mais de uma forma de desprezar a diferença.

Falar de hipocrisia virou regra, e só por isso já se torna um discurso hipócrita. É que para não ser hipócrita é preciso refletir um pouco a mais que o normal sobre os próprios posicionamentos. É preciso empatia o suficiente para se imaginar no lugar do outro. É preciso trabalhar sobre si, para se dar conta de que aquilo que defendemos, para o bem ou para o mal, não é apenas uma ideia abstrata, mas uma condição que a qualquer momento pode nos tocar. Deveríamos ser um pouco mais honestos nos nossos discursos. Está interessado em quê? Saber o que quer pode ser mais difícil do que parece. Que possamos dispor do “não sei” e viver a vida sem nos esconder por trás de palavras apaixonadas, mas falsas.

Precisamos sair do armário para viver nossas vilezas e virtudes assumidamente – sem excessos de modéstia ou condescendência. Para assumir que às vezes somos superficiais e interesseiros. Para assumir a nossa humanidade, que sempre será falha, e nos perdoarmos por, de tempos em tempos, sermos contraditórios e decepcionarmos a nós mesmos – e aos outros. Precisamos sair do armário para não cair no discurso de libertação que tenta impor comportamentos. Sair do armário é ser e deixar ser, cada qual no seu tempo, cada qual do seu jeito, e só.

Para acordar o coração

Para acordar o coração

Comecei a pensar nisso no dia em que vi Túlio penando pra cortar o próprio bife – Desde quando você é canhoto, menino? – me sentindo o pior amigo do mundo por nunca ter notado – Eu não sou. Eu estou. Existem estudos que dizem que se você faz algo muito rotineiro de uma forma completamente diferente, isso funciona como um acordar para o cérebro. Neuróbica – explicou enquanto um pedaço de carne voava pra fora da mesa. Não tinha como não pensar mesmo, assim como estimulamos nosso cérebro forçando novas possibilidades, também não conseguiríamos acordar o coração da gente?

Troque as mãos quando for perdoar. Tire-se do lugar de sempre correto e ponha-se no lugar de quem sofre, de quem é agressivo ou desagradável porque se defende. Vire um canhoto da aceitação do próximo. Use uma venda no olhar e caminhe como se fosse cego para as imperfeições do outro. E se só por um dia a gente não atacar, não diminuir quem a gente ama, será que perceberemos o quanto estamos tristemente acostumados a fazer isso o tempo todo?

Tome um caminho novo. E se ao invés de duvidar primeiro, você logo de cara acreditar, mesmo que seja um convite glorioso para quebrar a cara? Os feitos mais doces partiram de corações que não duvidavam. E se você mudar seu relógio para o pulso não costumeiro, será que terá mais tempo para apreciar a companhia dos mais velhos? Terá mais paciência para amá-los mesmo quando os assuntos não forem exatamente do seu interesse do mesmo jeito que eles fizeram por tanto tempo com você? Ótimo exercício.

Que tal andar de costas? E prestar atenção nas pessoas que você deixou pra trás pela falta de tempo, pela mudança de rota, pela mágoa, por orgulho roxo? Sempre haverá tempo pra resgatar alguém que nos ama, mas não está mais em nossa predileção. Ativador máster de corações. Monte quebra-cabeças listando tudo o que ainda o torna incompleto e vá se completar. Há uma viagem para ser feita, um sabor que ficou na infância, uma meta desacreditada. Se ainda não pode realizar seus sonhos, ajude alguém a realizar o próprio. Acorde seu coração, tire-o da normose, coloque-o pra palpitar, alto e forte. Vai que a alma da gente se expande? Dizem que ao lado do coração, a felicidade acorda depois de um tempão dormindo abraçados.

Precisamos falar sobre a vaidade na vida acadêmica

Precisamos falar sobre a vaidade na vida acadêmica

Por Rosana Pinheiro-Machado

A vaidade intelectual marca a vida acadêmica. Por trás do ego inflado, há uma máquina nefasta, marcada por brigas de núcleos, seitas, grosserias, humilhações, assédios, concursos e seleções fraudulentas. Mas em que medida nós mesmos não estamos perpetuando esse modus operandi para sobreviver no sistema? Poderíamos começar esse exercício auto reflexivo nos perguntando: estamos dividindo nossos colegas entre os “fracos” (ou os medíocres) e os “fodas” (“o cara é bom”).

As fronteiras entre fracos e ‘fodas’ começam nas bolsas de iniciação científica da graduação. No novo status de bolsista, o aluno começa a mudar a sua linguagem. Sem discernimento, brigas de orientadores são reproduzidas. Há brigas de todos os tipos: pessoais (aquele casal que se pegava nos anos 1970 e até hoje briga nos corredores), teóricas (marxistas para cá; weberianos para lá) e disciplinares (antropólogos que acham sociólogos rasos generalistas, na mesma proporção em que sociólogos acham antropólogos bichos estranhos que falam de si mesmos).

A entrada no mestrado, no doutorado e a volta do doutorado sanduíches vão demarcando novos status, o que se alia a uma fase da vida em que mudar o mundo já não é tão importante quanto publicar um artigo em revista qualis A1 (que quase ninguém vai ler).

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dizíamos que quando alguém entrava no mestrado, trocava a mochila por pasta de couro. A linguagem, a vestimenta e oethos mudam gradualmente. E essa mudança pode ser positiva, desde que acompanhada por maior crítica ao sistema e maior autocrítica – e não o contrário.

A formação de um acadêmico passa por uma verdadeira batalha interna em que ele precisa ser um gênio. As consequências dessa postura podem ser trágicas, desdobrando-se em dois possíveis cenários igualmente predadores: a destruição do colega e a destruição de si próprio.

O primeiro cenário engloba vários tipos de pessoas (1) aqueles que migraram para uma área completamente diferente na pós-graduação; (2) os que retornaram à academia depois de um longo tempo; (3) os alunos de origem menos privilegiada; (4) ou que têm a autoestima baixa ou são tímidos. Há uma grande chance destas pessoas serem trituradas por não dominarem o ethos local e tachadas de “fracos”.

Os seminários e as exposições orais são marcados pela performance: coloca-se a mão no queixo, descabela-se um pouco, olha-se para cima, faz-se um silêncio charmoso acompanhado por um impactante “ãaaahhh”, que geralmente termina com um “enfim” (que não era, de fato, um “enfim”). Muitos alunos se sentem oprimidos nesse contexto de pouca objetividade da sala de aula. Eles acreditam na genialidade daqueles alunos que dominaram a técnica da exposição de conceitos.

Hoje, como professora, tenho preocupações mais sérias como estes alunos que acreditam que os colegas são brilhantes. Muitos deles desenvolvem depressão, acreditam em sua inferioridade, abandonam o curso e não é raro a tentativa de suicídio como resultado de um ego anulado e destruído em um ambiente de pressão, que deveria ser construtivo e não destrutivo.

Mas o opressor, o “foda”, também sofre. Todo aquele que se acha “bom” sabe que, bem lá no fundo, não é bem assim. Isso pode ser igualmente destrutivo. É comum que uma pessoa que sustentou seu personagem por muitos anos, chegue na hora de escrever e bloqueie.

Imagine a pressão de alguém que acreditou a vida toda que era foda e agora se encontra frente a frente com seu maior inimigo: a folha em branco do Word. É “a hora do vâmo vê”. O aluno não consegue escrever, entra em depressão, o que pode resultar no abandono da tese. Esse aluno também é vítima de um sistema que reproduziu sem saber; é vítima de seu próprio personagem que lhe impõe uma pressão interna brutal.

No fim das contas, não é raro que o “fraco” seja o cavalinho que saiu atrasado e faça seu trabalho com modéstia e sucesso, ao passo que o “foda” não termine o trabalho. Ademais, se lermos o TCC, dissertação ou tese do “fraco” e do “foda”, chegaremos à conclusão de que eles são muito parecidos.

A gradação entre alunos é muito menor do que se imagina. Gênios são raros. Enroladores se multiplicam. Soar inteligente é fácil (é apenas uma técnica e não uma capacidade inata), difícil é ter algo objetivo e relevante socialmente a dizer.

Ser simples e objetivo nem sempre é fácil em uma tradição “inspirada” (para não dizer colonizada) na erudição francesa que, na conjuntura da França, faz todo o sentido, mas não necessariamente no Brasil, onde somos um país composto majoritariamente por pessoas despossuídas de capitais diversos.

É preciso barrar imediatamente este sistema. A função da universidade não é anular egos, mas construí-los. Se não dermos um basta a esse modelo a continuidade desta carreira só piora. Criam-se anti-professores que humilham alunos em sala de aula, reunião de pesquisa e bancas. Anti-professores coagem para serem citados e abusam moral (e até sexualmente) de seus subalternos.

Anti-professores não estimulam o pensamento criativo: por que não Marx e Weber? Anti-professores acreditam em lattes e têm prazer com a possibilidade de dar um parecer anônimo, onde a covardia pode rolar às soltas.

O dono do Foucault

Uma vez, na graduação, aos 19 anos, eu passei dias lendo um texto de Foucault e me arrisquei a fazer comparações. Um professor, que era o dono do Foucault, me disse: “não é assim para citar Foucault”.

Sua atitude antipedagógica, anti-autônoma e anti-criativa, me fez deixar esse autor de lado por muitos anos até o dia em que eu tive que assumir a lecture “Foucault” em meu atual emprego. Corrigindo um ensaio, eu quase disse a um aluno, que fazia um uso superficial do conceito de discurso, “não é bem assim…”.

Seria automático reproduzir os mecanismos que me podaram. É a vingança do oprimido. A única forma de cortamos isso é por meio da autocrítica constante. É preciso apontar superficialidade, mas isso deve ser um convite ao aprofundamento. Esquece-se facilmente que, em uma universidade, o compromisso primordial do professor é pedagógico com seus alunos, e não narcisista consigo mesmo.

Quais os valores que imperam na academia? Precisamos menos de enrolação, frases de efeitos, jogo de palavras, textos longos e desconexos, frases imensas, “donos de Foucault”. Se quisermos que o conhecimento seja um caminho à autonomia, precisamos de mais liberdade, criatividade, objetividade, simplicidade, solidariedade e humildade.

O dia em que eu entendi que a vida acadêmica é composta por trabalho duro e não genialidade, eu tirei um peso imenso de mim. Aprendi a me levar menos a sério. Meus artigos rejeitados e concursos que fiquei entre as últimas colocações não me doem nem um pouquinho. Quando o valor que impera é a genialidade, cria-se uma “ilusão autobiográfica” linear e coerente, em que o fracasso é colocado embaixo do tapete. É preciso desconstruir o tabu que existe em torno da rejeição.

Como professora, posso afirmar que o número de alunos que choraram em meu escritório é maior do que os que se dizem felizes. A vida acadêmica não precisa ser essa máquina trituradora de pressões múltiplas. Ela pode ser simples, mas isso só acontece quando abandonamos o mito da genialidade, cortamos as seitas acadêmicas e construímos alianças colaborativas.

Nós mesmos criamos a nossa trajetória. Em um mundo em que invejas andam às soltas em um sistema de aparências, é preciso acreditar na honestidade e na seriedade que reside em nossas pesquisas.

Transformação

Tudo depende em quem queremos nos espelhar. A perversidade dos pequenos poderes é apenas uma parte da história. Minha própria trajetória como aluna foi marcada por orientadoras e orientadores generosos que me deram liberdade única e nunca me pediram nada em troca.

Assim como conheci muitos colegas que se tornaram pessoas amargas (e eternamente em busca da fama entre meia dúzia), também tive muitos colegas que hoje possuem uma atitude generosa, engajada e encorajadora em relação aos seus alunos.

Vaidade pessoal, casos de fraude em concursos e seleções de mestrado e doutorado são apenas uma parte da história da academia brasileira. Tem outra parte que versa sobre criatividade e liberdade que nenhum outro lugar do mundo tem igual. E essa criatividade, somada à colaboração, que precisa ser explorada, e não podada.

Hoje, o Brasil tem um dos cenários mais animadores do mundo. Há uma nova geração de cotistas ou bolsistas Prouni e Fies, que veem a universidade com olhos críticos, que desafiam a supremacia das camadas médias brancas que se perpetuavam nas universidades e desconstroem os paradigmas da meritocracia.

Soma-se a isso o frescor político dos corredores das universidades no pós-junho e o movimento feminista que só cresce. Uma geração questionadora da autoridade, cansada dos velhos paradigmas. É para esta geração que eu deixo um apelo: não troquem o sonho de mudar o mundo pela pasta de couro em cima do muro.

Fonte indicada: Carta Capital

Somos feito pedra sabão

Somos feito pedra sabão

A gente acha que é feito de pedra dura, que tem armadura, mas a gente é feito de matéria mole, a gente é frágil feito escultura de areia, a gente é feito pedra sabão.

A gente acha que pode perdoar tudo, suportar tudo, superar tudo e sair ileso pelo vão da janela dos fundos.

A gente acredita que amor cura qualquer doença, que é feito emplastro, feito poção de arnica, feito morfina. Que cura qualquer dor.

A gente acha que ama feito música do Ivan Lins. Que nosso amor vai fazer coisas que até mesmo Deus duvida, que vá juntar pedaços e vá curar feridas.

A gente pensa que o nosso amor ama pelos dois, que o nosso amor vai vencer as olimpíadas, a copa do mundo, as eleições. Que vai arrebentar os muros que o outro construiu.

A gente acha que é fênix, que vai renascer das cinzas. A gente acha que é gato de sete vidas, que amor tudo supera, tudo suporta… tudo balela.

Um dia a gente acorda e descobre que carrega as marcas da insistência, da resignação; descobre que o nosso amor foi coisa conveniente e que amar foi em vão.

Um dia a gente resolve olhar para as cicatrizes e se descobre toda remendada.

Um dia a gente vê que foi útil para tapar buracos descobertos por outros santos, para curar feridas causadas por outros carrascos. Percebe que ter rostinho bonito e corpão gostoso serviu de troféu, de pomada antinflamatória para ego doente, para autoestima baixa.

Um dia a gente finalmente tem sentidos para perceber que nem o amor da gente e nem a gente mesmo tem valor algum que não seja o uso e a posse que demos ao outro, acreditando que o amor nos blindaria o corpo e a alma.

Um dia a gente acorda e o nosso corpo adoeceu. A alma suporta, mas o corpo é fraco, é feito pedra sabão que poderia ter sido lindamente esculpida se o artista que nos tomasse nas mãos fosse um grande escultor, mas não, ele não era o que os nossos olhos enxergavam. Nossos olhos eram impregnados de amor – assim como o resto todo de nós. E o amor enxerga mal, o amor tem vista turva e uma mania de ver beleza em adagas prontas para nos furar a barriga.

Um dia a gente olha para a nossa barriga furada e vê o estrago ainda sem acreditar que o ser amado tenha feito isso, por mais que carregue a lista de cortes, punhaladas, tapas e da pior das dores: a da indiferença, a gente acha que o amor vai vencer. E a gente segue, insistindo, amando, perseverando abraçada em qualquer livro da Nora Roberts, em qualquer música, mesmo que não seja do Ivan Lins, em qualquer poema do Olavo Bilac.

A gente segue pensando-se triunfante por ter conseguido sobreviver aos naufrágios, por ter conseguido suportar, por ter perdoado, por ter se sacrificado para que o outro sobreviva e então, a gente morre.

A gente morre do corpo adoecido.

A gente morre da doença que não mata a alma, mas vence o corpo que é fraco feito galho seco.

A gente morre do coração estilhaçado, cansado de tanto bater forte por uns dias e quase parar em outros.

A gente morre com a pele e com a boca seca, com o cérebro atrofiado, com os rins e o fígado cansados das batalhas.

A gente fracassa e se arrepende de não ter ouvido Shakespeare, de não ter prestado atenção em Tolstoi, de não ter ouvido direito Chico quando cantava o Samba do Grande Amor.

A gente percebe que amor não tem espaço nesse mundo e que tem gente que talvez não perceba o mal que faz aos outros e cujo ego não hesita em fazer maldades.

A gente morre, mas não morre como vítima, morre como gente teimosa e insistente, que ficou ali amando e apanhando até morrer, feito certo rouxinol que a gente conheceu há tempos quando o mundo nos enviou Oscar Wilde, e a gente também não entendeu o recado dele que também morreu doente e sozinho dentro de um quarto em Paris.

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