Insatisfação profissional? E agora?

A vida profissional possui grande importância na vida da maioria das pessoas. Gera recompensas como reconhecimento, status social, retorno financeiro, satisfação e realização pessoal. Escolher uma profissão é uma tarefa delicada e, em alguns casos, angustiante. Como é possível escolher algo para o resto da vida? Esse é um questionamento comum entre adolescentes que estão ingressando em uma nova realidade. É o início, mas também, o término de um ciclo. O encerramento da infância para o ingresso na vida adulta. O momento de descobertas, conquistas e de independência.

Esse tema parece, à primeira vista, um assunto relacionado exclusivamente ao público juvenil, porém é cada vez mais comum que adultos, já estabelecidos na vida profissional, com anos de experiência em determinada área, decidam mudar, trocar de profissão e retornar às salas de aula.

São diversos os fatores que podem levar uma pessoa a se decepcionar com a carreira e despertar o desejo da mudança. Porém, antes de tomar uma decisão como essa é importante que se compreenda os reais motivos que levam a essa insatisfação, para que tal mudança não seja uma forma inconsciente de boicote e que, no futuro, possa gerar culpa e arrependimento.

A difícil tarefa de tornar-se adulto

Existem pessoas que não conseguem dar continuidade aos seus projetos profissionais por medo do fracasso ou das críticas, que são inerentes a uma atuação longa dentro de uma mesma área. Essas dificuldades podem vir a prejudicar a carreira do profissional. Com isso, após alguns anos de trabalho, no momento em que deveriam se sentir estabelecidos e, consequentemente, ocupar cargos mais importantes com maiores responsabilidades, se sentem desestimulados e insatisfeitos.

Há também aqueles que possuem dificuldade de crescimento e amadurecimento. São pessoas que tendem a se ver de forma mais infantilizada. A solidificação de uma carreira profissional promove um amadurecimento, independência financeira e liberdade, mas também gera responsabilidades, riscos e desafios. Enquanto estudantes ou recém-formados pode-se ter a falsa sensação de que as críticas ou fracassos recorrentes desse processo são aceitáveis e, portanto, não muitos assustadores.

A vontade de mudar nesses casos pode acobertar uma fuga dos riscos que uma carreira sólida gera. Quando se é confrontado em situações de insegurança e medo, tende-se a evitá-las. É uma forma inconsciente de se defender do perigo seja real ou imaginário. Com isso, sem que se dê conta desse processo, são criadas justificativas bastante convincentes para realizar a mudança. Porém, depois que a nova carreira se torna algo corriqueiro e o profissional se vê novamente estabelecido, provavelmente a sensação de insatisfação retornará, junto com a vontade de trocar de área novamente. Em algumas situações mais sérias, entra-se em um ciclo de constante troca de cursos e áreas de trabalho, não conseguindo se estabelecer em nenhuma delas.

Refletir para mudar

É importante que aqueles que demandam trocar de profissão como uma forma de fuga busquem um autoconhecimento para aprender a lidar com os seus medos a fim de construir estratégias eficientes para a obtenção do que realmente deseja.

Há também pessoas que, apesar de se esforçarem, não possuem afinidades com a sua área de atuação. Como não gostam do que fazem, sentem-se constantemente insatisfeitos e frustrados. Tais situações pedem que o profissional repense quais são as profissões que o agradam mais para, assim, tentar realizar uma mudança. O teste vocacional, aplicado por um psicólogo habilitado, pode ser um grande aliado nesse processo.

A satisfação pessoal e a identificação do profissional com a sua área são fundamentais para uma realização profissional a longo prazo. Muitas vezes a escolha feita na época da adolescência foi equivocada, uma vez que o jovem não possuía informações ou mesmo maturidade suficientes para uma escolha como essa. Perceber que errou e que não está feliz na escolha não é sinal de fracasso e, muito menos, motivo de vergonha. É sinal de que houve um amadurecimento e autoconhecimento, fatores fundamentais para a escolha de algo que o acompanhará ao longo de muitos anos da vida.

Enquanto há desejo de melhorar e de ser feliz, há possibilidade de mudanças. O que é verdadeiro para todas as áreas da vida, inclusive a profissional! Para isso é importante refletir e conhecer de verdade as suas motivações e desejos, isentos de censuras ou críticas.







Psicóloga Clínica, Psicanalista em Formação pela SPCRJ e Especialista em Terapia de Casal e Família pela PUC-RIO. CRP 05/41087. - Consultório particular em Copacabana, R.J. e online via Skype.- Atendimento a adolescentes, adultos e terceira idade. -Terapia de casal e familiar. Trabalhos realizados sobre infertilidade e as repercussões na conjugalidade. Dificuldades de relacionamentos afetivos. - Terapia perinatal: Acolhimento e suporte emocional à grávidas e puérperas. - Suporte psicológico a pessoas que moram fora do Brasil.