A correspondente da Globo em Roma, Ilze Scamparini, comentou nesta quinta-feira (8), no Jornal Hoje, a surpreendente escolha do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo papa da Igreja Católica. Assumindo o nome de Leão XIV, a eleição de Prevost contrariou as principais apostas do conclave, já que ele era considerado parte de uma segunda linha de candidatos.
“Foi uma surpresa grande”, afirmou Scamparini, especialista em assuntos do Vaticano. A jornalista destacou que, embora seu nome já circulasse entre os possíveis papáveis, poucos esperavam sua eleição nesta rodada.
Um dos pontos mais simbólicos da escolha foi o nome adotado por Prevost. Leão XIV rompe com um desejo manifestado pelo papa Francisco, que, em ao menos duas ocasiões, expressou esperança de que seu sucessor escolhesse o nome João XXIV — uma homenagem direta ao pontífice que convocou o Concílio Vaticano II. A decisão de Prevost, segundo Scamparini, sinaliza independência, mas não necessariamente ruptura.
Durante seu discurso de posse, o novo papa enfatizou a palavra “sinodal”, conceito central do pontificado de Francisco e que remete a uma Igreja mais participativa e aberta ao diálogo. Para a correspondente, isso indica que Leão XIV deve manter, ao menos em parte, a linha reformista de seu antecessor.
A escolha de um papa americano também foi motivo de surpresa. Em meio a um histórico recente de tensões entre o Vaticano e os Estados Unidos, a eleição de Prevost pode abrir caminho para uma nova fase de diálogo. “Ele pode ser um elo importante entre a Santa Sé, a Itália e os EUA”, afirmou Scamparini.
A jornalista ainda ressaltou o perfil comunicativo do novo papa, elogiando sua relação com os romanos e seu domínio do idioma italiano. Outro ponto de destaque foi sua postura inclusiva. “Ele é muito aberto, inclusive com relação às comunidades gays. Por isso, deve seguir adiante com as reformas iniciadas por Francisco, muitas delas feitas sob fortes críticas e resistência”, concluiu.
A nomeação de Leão XIV marca, assim, um momento de transição que equilibra surpresa, expectativa e a continuidade de um projeto de Igreja mais aberta e sinodal.
