Se você passar um dia inteiro sem comer, o corpo não “desliga”: ele troca de combustível, reorganiza prioridades e liga rotinas internas de manutenção.
Abaixo, um passo a passo — em linguagem de relógio — do que tende a acontecer ao longo de 24 horas sem ingestão calórica. Cenário padrão: pessoa saudável, hidratada, sem treino intenso nesse período e com bebidas sem açúcar liberadas (água, café, chá).
0–4 horas: pós-refeição em desaceleração
Terminada a última refeição, a liberação de insulina começa a cair. Enquanto os nutrientes ainda circulam, o organismo segue usando glicose como principal energia. A fome some por um tempo e o corpo conclui a “faxina” da digestão.

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4–8 horas: abre-se o cofrinho rápido
Com menos glicose disponível, o fígado quebra glicogênio (a reserva rápida de carboidrato) para manter açúcar suficiente no sangue. É comum sentir o primeiro “vale” de energia — ghrelina (o hormônio da fome) costuma subir em horários em que você costuma comer.
8–12 horas: modo econômico ligado
As reservas de glicogênio vão minguando, e o corpo começa a produzir um pouco mais de glicose “caseira” via gliconeogênese (a partir de lactato, glicerol e alguns aminoácidos). Essa transição pode deixar algumas pessoas mais alertas e outras mais lentas — variação individual é a regra aqui.
12–16 horas: sinal de troca de combustível
Com o glicogênio perto do fim, cresce a geração de corpos cetônicos a partir da gordura. É uma cetose leve, que poupa glicose para tecidos que realmente precisam. O cérebro passa a aceitar parte desse “novo” combustível. Sensações típicas: hálito diferente, foco um pouco mais estável, e ondas de fome que vêm e vão.

16–24 horas: manutenção interna ganha espaço
Marcas celulares de reciclagem (autofagia) ficam mais evidentes. É o processo em que a célula identifica e reaproveita peças desgastadas, ajudando a limpar proteínas danificadas e organelas envelhecidas. Em muitas pessoas saudáveis, sinais desse mecanismo aumentam a partir desse intervalo e tendem a ficar mais robustos entre 24 e 48 horas. Paralelamente, o corpo segue queimando gordura para sustentar a produção de cetonas.
O que isso pode significar na prática
- Sensibilidade à insulina: costuma melhorar temporariamente após um dia sem calorias, o que ajuda o corpo a lidar melhor com glicose na próxima refeição.
- Inflamação: alguns marcadores podem cair em pessoas com excesso de peso ou resistência à insulina, mas a resposta não é igual para todo mundo.
- Cabeça e humor: parte das pessoas relata clareza mental; outras, irritação. Hidratação e sono na véspera pesam muito no resultado.
- Performance física: levantar grandes cargas ou fazer treinos muito intensos tende a render menos; caminhadas leves funcionam bem para muitos.
Dores de cabeça, tontura e mau hálito entram no pacote?
Podem aparecer, principalmente se a hidratação for ruim, se houver queda rápida de cafeína ou se sua alimentação habitual for muito rica em carboidratos simples. Caldo sem calorias não existe, então eletrólitos sem açúcar (como bebidas isotônicas sem caloria) podem ajudar quem costuma ter câimbras ou dor de cabeça — desde que não haja restrições médicas.
Importante antes de testar
Jejum prolongado não é para todo mundo. Evite se você tem diabetes em uso de medicamentos que podem causar hipoglicemia, histórico de transtornos alimentares, estiver grávida ou amamentando, tiver IMC muito baixo, doenças renais/hepáticas, for idoso frágil ou precisar de remédios junto com comida. Em caso de dúvida, converse com um profissional de saúde que conheça seu histórico e rotina.
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