Quem visita qualquer drogaria brasileira já esbarrou nele: o comprimido de nimesulida, famoso entre quem busca alívio rápido para dor, febre ou inflamação.
No ano passado, foram mais de 102 milhões de caixas vendidas, número que coloca a substância atrás apenas de losartana e metformina no ranking nacional de medicamentos mais comercializados.
Essa popularidade, no entanto, contrasta com o cenário internacional, onde a nimesulida foi barrada em boa parte do mapa-múndi por colocar em risco principalmente o fígado.

Do outro lado do Atlântico, órgãos como a Agência Reguladora de Medicamentos do Reino Unido jamais chegaram a liberar a venda. Estados Unidos, Canadá, Japão, Espanha e Irlanda retiraram o produto das prateleiras depois de associarem seu uso a casos de hepatite fulminante e transplante hepático.
Mais recentemente, a Índia proibiu a formulação destinada a animais — a substância também se mostrou fatal para abutres que ingeriam carcaças contaminadas — e recomendou restrições severas para humanos abaixo de 18 anos ou acima de 60.

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Por que tanta gente recorre à nimesulida?
Analgesia certeira e preço acessível formam a dupla que seduz o consumidor brasileiro. Em boa parte das farmácias, o comprimido de 100 mg custa menos que um cafezinho, e a bula autoriza o tratamento por até cinco dias.
Essa combinação faz muita gente estender o período de uso ou duplicar as doses por conta própria, ignorando que o remédio nunca foi pensado para controle crônico de dor.
Como a substância funciona no organismo
A nimesulida pertence ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) de segunda geração. Ela inibe a enzima ciclooxigenase tipo 2 (COX-2), freando a produção de prostaglandinas — mensageiros químicos que amplificam dor, inflamação e, em certa medida, febre.
Daí sua ação tripla: anti-inflamatória, analgésica e antipirética. O problema surge porque o fígado metaboliza quase todo o princípio ativo; quando há sobrecarga, células hepáticas entram em colapso e o órgão pode falhar em poucos dias.
Pesquisas já apontaram lesões nos rins, maior risco de infarto em grupos suscetíveis e impactos ambientais. Estudos feitos na costa paulista detectaram traços do medicamento em amostras de água do mar — sinal de descarte inadequado e tratamento de esgoto insuficiente.

O que dizem as autoridades brasileiras sobre o anti-inflamatório
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a nimesulida liberada, mas determina dose máxima de 200 mg por dia, uso por até cinco dias e contraindicação para crianças menores de 12 anos, gestantes no último trimestre e pacientes com histórico de problemas hepáticos.
Mesmo assim, especialistas recomendam procurar orientação médica antes de engolir o comprimido — principalmente quem faz tratamento prolongado, bebe álcool com frequência ou já toma outros AINEs.
Alternativas mais seguras? Para dor leve ou febre, paracetamol e dipirona continuam sendo as opções de primeira escolha, desde que respeitadas as doses.
Quadros inflamatórios moderados costumam responder bem a ibuprofeno ou naproxeno, que apresentam histórico de segurança mais consolidado quando usados corretamente.
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