Às vezes, a gente só aprende mesmo depois de quebrar a cara

 

Nossos pais e professores bem que tentam nos ensinar, alertando-nos sobre as consequências daquilo que fazemos ou dizemos, para que moldemos o nosso caráter e possamos ser mais felizes. Infelizmente, a gente costuma não dar muita importância a certas coisas, até que soframos na pele a dor que aquilo possa acarretar.

É fato que não poderemos dar demasiada importância a tudo o que vierem nos aconselhar ou alertar, uma vez que o medo não pode ser a única tônica a mover a nossa vida. Precisaremos ousar e passar por cima de muitos temores, caso queiramos ir além, caso tenhamos ambições maiores do que o nosso limitado horizonte nos apresenta, pois, como dizem, o medo costuma roubar sonhos, tolhendo-nos, muitas vezes, do tanto que se encontra à nossa frente.

 

Além dos alertas de terceiros, nosso próprio coração também costuma nos mandar sinais de que algo não vai bem, de que é melhor dar um tempo, baixar a bola. Mas a gente, às vezes, não quer ouvir ninguém, tampouco a nós mesmos, e seguimos adiante, acreditando na mudança que o outro nunca demonstrou, nas palavras ditas somente da boca para fora, na possibilidade de uma promoção que nunca sequer passou por perto. Porque a gente quer dar certo e quer que as coisas deem certo.

Não raro, a gente acaba se decepcionando com alguém que já tinha mostrado não ser confiável. A gente se vê traído por alguém que já teve de ser perdoado. A gente é deixado de lado por um amigo que nuca soube o que é amizade de fato. Às vezes, a gente só aprende depois de quebrar a cara. A gente só percebe que nunca teve quando perde de vez.

Na maioria das vezes, a gente só vai aprender o porquê do que aconteceu depois de ter chorado e sofrido muito. É assim com todo mundo. E, quando a gente aprende, tudo fica melhor: conseguimos agradecer pelos ensinamentos que as pessoas maldosas e falsas nos transmitem. Conseguimos até agradecer ao ex, por ter nos ensinado o que não é amor. Seja por amor, que seja pela dor, pelo menos a gente tem que aprender. Depois disso tudo, só não aprende quem não quiser.

Imagem de capa: Pavel Ryabushkin/shutterstock







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.