Uma boa faxina de final de ano!

 

Mera formalidade, a vida e o tempo ignoram o calendário, mas gostamos de fechamentos e conclusões. Final do ano sempre sugere limpeza, descarte, reforma, mudança de ares e vibes.

A faxina da casa é a parte mais fácil. Descartamos aquelas coisas de cozinha que compramos prometendo uma inovadora utilidade e jamais usamos; jogamos fora revistas, jornais, etiquetas e notinhas fiscais; doamos livros, roupas, bibelôs e outras tranqueiras que, por final concluímos que só serviram para acumular poeira. O ambiente se renova, a casa fica mais aliviada, parece que tudo vai andar bem no novo formato e pensaremos duas vezes antes de comprar tudo de novo…

Então, chega o momento do check list das pendências, promessas, compromissos e sentimentos empoeirados e acumulados na estante pesada. Por onde se começa uma limpeza como essa? De onde retirar coisas, de modo que a estante não se desequilibre e tombe com tudo por completo?

Abolir o mais pesado pode parecer um grande alívio, mas, se por um segundo isso escorrega, o estrago será grande!

Melhor começar pelas poeirinhas que voam, aquelas que pensamos que já foram, mas que, quando viramos as costas, pousam novamente nos móveis e em nossas consciências.  As poeirinhas teimosas das implicâncias, desejos de revanche, invejas e ciúmes descabidos, tantas vezes sutis, mas que causam grandes e sofridos estragos.

Feito isso, uma boa ideia seria aspirar todas as palavras que não foram ditas, as brigas internas, as discussões ensaiadas e jamais travadas, os insultos e difamações cogitados em momentos mais tensos. Aspirar e liberar, esvaziar o coletor.

Por fim, para clarear e perfumar novamente o que já andava cinzento e sem vida, distribuir, mesmo que em pensamento, todos os votos possíveis de saúde e paz aos desafetos,  compreensão aos mais difíceis, paciência, entusiasmo, criatividade e muita vontade de viver a nós mesmos e a todos os que pudermos afetar com o nosso convívio.

E, com a faxina em progresso, já seremos capazes de olhar através das vidraças o amanhecer do próximo ano, que promete ser exatamente do jeito que lidarmos com ele. Que comece limpo e claro!







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.