Tudo o que engolimos durante o dia se torna a insônia da madrugada

Estamos cansados de saber que silenciar sentimentos faz mal e adoece. No entanto, nem todo mundo consegue expor o que sente, falar o que incomoda a quem precisa ouvir, pois muitos fatores compõem a personalidade de cada pessoa. Além disso, existe uma diferença entre ser sincero e ser agressivo, o que intimida ainda mais alguns indivíduos, que temem magoar o outro.

Inúmeros artigos, livros e vídeos comportamentais nos alertam para a necessidade de falarmos o que pensamos, de nos colocarmos diante de quem agride, de chorarmos quando estivermos tristes, enfim, a regra é clara: em certas ocasiões, ou superamos o silêncio, ou o silêncio nos engole. Nem tudo cabe dentro de nós, nem todos os sentimentos irão se acomodar confortavelmente em nosso íntimo, por isso é que a atitude de expressar-se e deixar bem claro os próprios limites é tão providencial.

Tudo o que vai se acumulando dentro de nós acaba por pesar, por incomodar, pois ninguém consegue simplesmente enterrar o que incomoda, em segredo. Não se colocar, não falar o que pensa equivale a anular-se, a se tornar alguém invisível – e ninguém presta atenção em quem não parece existir. Dessa forma, seremos alvos daqueles que necessitam humilhar e agredir o próximo, para fugir ao enfrentamento de si mesmo.

Vale lembrar que tão importante quanto dizermos o que incomoda é a forma como o fazemos. Caso sejamos destemperados e agressivos, provavelmente nos arrependeremos mais tarde e de nada terá adiantado nos expressarmos, pois carregaremos um novo sentimento de culpa. Além disso, é preciso escolher a quem poderemos expor nossos sentimentos, para que não os usem contra nós mesmos, da pior forma possível.

Uma coisa é certa: todos os sentimentos amargos que engolimos durante o dia acabam não sendo digeridos e se tornarão problemas, que deverão ser encarados lá na frente. O melhor sempre será tentarmos resolver as pendências o quanto antes, sejam elas da vida, sejam emocionais, porque postergar as soluções equivale a postergar a felicidade. E a felicidade é urgente e necessária, todos os dias, todas as noites, para dormirmos profundamente e acordarmos renovados.

Imagem de capa: Stock-Asso/shutterstock







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.