Sociedade, por gentileza,  permita-me ser espontânea.

De vez em quando, precisamos quebrar protocolos e dar voz ao que pulsa dentro dos nossos corações. Não é possível dar vazão à criatividade se vivermos em função desse “encaixotamento” em que a sociedade nos coloca. São tantas regras, tantos “não convém isso”, “não convém aquilo”…são tantos “copiar e colar”. Tudo indica que a espontaneidade está prestes a entrar em extinção nesse planeta.

Afinal de contas, o que nos é permitido nessa vida? Não temos liberdade nem mesmo para escolher o que vestimos. Não…eu não estou dizendo nenhum absurdo. Calma aí, você se esquece de que em algum lugar alguém decidiu o que seria moda na estação atual? As cores, os cortes, as tendências e sei lá mais o quê. Livres mesmo, são aquelas senhorinhas do interior que você encontra na fila do banco para receber a aposentadoria. Elas estão lá com seus lencinhos coloridos na cabeça, uma saia floral com uma blusa colorida com outra estampa, uma composição que, se fosse usada por uma mulher moderna, faria qualquer “guru” da moda surtar.

Parece absurdo, e é absurdo mesmo. Todos nós, principalmente as mulheres, usamos uniformes. Ah, para ilustrar o que digo aqui: não sei aí na sua cidade, mas aqui em Brasília, o uniforme do momento são peças que mostrem os ombros, virou febre, todas nós com as mesmas roupas. Nos vestimos iguais para nos sentirmos “antenadas” com a moda. Sabe como é, né?

Um dia desses, um rapaz fez uma observação, em tom de crítica, a meu respeito que, embora eu compreenda que ele estivesse bem intencionado, me fez repensar de novo sobre esse aniquilamento da espontaneidade. Ele me disse que não era “normal” eu postar sete textos por dia no meu blog. Fiquei pensando naquela fala dele e me perguntei: mas afinal, o que seria normal mesmo nesse quesito? Onde está escrito o que deve ser considerado normal ou anormal em termos de quantidade de textos para um blog? Talvez não seja comum o meu número de postagens de textos, mas é normal, sim. Por favor, não diagnostique como patológica a minha paixão com o meu projeto. Eu sou apaixonada pelo o que faço e não quero copiar ninguém, quero seguir aquilo que acredito e se eu tiver que moderar algo, isso será uma percepção que terei naturalmente.

Vivemos numa sociedade tão engessada, que, quando aparece alguém eufórico e motivado com algo, ele é tachado de esquisito, inadequado ou mesmo portador de algum transtorno psiquiátrico. Parece que o normal é empurrar tudo com a barriga e sair copiando tudo. Ser normal, para a nossa sociedade, é não esboçar encantamento com nada. É viver de forma mecânica. Eu tenho relutado em não viver dessa forma tão apática. Eu não sou um robô. Luto pelo direito de me emocionar, de gargalhar, de me entusiasmar, de pagar mico e de ser eu mesma. Eu só tenho essa vida para externar a minha essência.
Imagina quantas oportunidades as pessoas perdem de construir grandes projetos e revolucionar, simplesmente, porque não escutam aquilo que pulsa na alma delas. É tanta preocupação com o politicamente correto, é tanta necessidade de aprovação e de ser visto como normal que acabam seguindo um bando, como gados dentro de um rebanho sendo conduzidos pelo som de um berrante.

Por fim, faço aqui um apelo: evite desapontar alguém que esteja encantado com algo. Aquilo pode significar a cura dele. Aquilo pode simbolizar um recomeço de vida. Aquilo, talvez, seja o substituto de um monte de medicamentos tarja preta que ele esteja ou estivesse usando por falta de endorfina no organismo. Gratidão e entusiasmo são a senha para uma vida de verdade.

Imagem de capa: sun ok/shutterstock







Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.