Sobre o dia 24/03/2020

Eu vou interromper sim as minhas publicações para falar disso. Se vão todos debandar, eu sinceramente não ligo mais.

Há muitas vidas em jogo para qualquer pessoa minimamente esclarecida de equilíbrio e empatia ficar calada e sem se posicionar. O pronunciamento  pelo “presidente” no último dia 24-03-2020 é mais um infeliz e criminoso marco histórico não só do Brasil, mas do mundo.

É lamentável constatar que poder o dado para pessoas assim, totalmente desprovidas de qualquer sensibilidade, seja real. Até mesmo os governantes eleitos com o seu apoio estão incrédulos com a política sendo feita num momento absolutamente indefensável para discussão de bandeiras e partidos.

A sociopatia do Messias dá medo, assim como das pessoas que conscientemente ainda tentam argumentar em sua defesa. O mal que tanto criticamos em outras partes do mundo, está plantado dentro das casas de muitas pessoas. Terror é o mínimo que esse cidadão pratica.

O seu abuso e manipulação emocional não possuem um limite, mesmo com todas as barreiras e tabus da sociedade hipócrita brasileira. Eu temo pelo amanhã, pelas pessoas que eu amo e pelo todo também. Até pelos idiotas. Até pelos que usam constantemente esse véu de absurdos, achando tudo normal ou tradicional. Conceitos estão sendo usados como ferramentas de genocídio.

O conservadorismo parece não ter fim e muito menos uma cura. São tempos difíceis para ser humano. Eu fico pensando no que eu diria sendo pai, e tenho pesadelos só de pensar em ter que explicar o quanto o mundo caminha para um abismo.

Eu choro às vezes de madrugada e até acordo falando sozinho sobre isso. É assustador.

Para quem sofre de depressão, anda muito complicado enxergar cores em palavras e atitudes cada vez mais cinzentas.

Eu até sinto raiva às vezes. E eu me culpo por ter esse sentimento tão ruim dentro de mim. Mas é que tá foda. Tá foda demais. É por essas e outras que eu não acredito em mais nada além das nossas escolhas.

Nenhuma entidade benevolente deveria ver o outro sofrer e nada fazer. Em troca de quê? Aprendizado? Não. Ver o sofrimento alheio e cruzar os braços e olhar para o lado é puramente conivência. Talvez os deuses realmente sejam astronautas de uma outra galáxia.

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Imagem de Daniel Reche por Pixabay