Sobre desabafar: cuidado! Existem curiosos disfarçados de solidários.

Toda a atenção se faz necessária quando estamos atravessando momentos difíceis. Isso porque, quando estamos fragilizados, ficamos vulneráveis e o nosso discernimento pode ficar comprometido. Nesse contexto podemos ser vítimas daquelas pessoas que não se importam conosco ou que nos desejam mal. A porta de entrada pode ser uma curiosidade disfarçada de interesse.

Isso mesmo, algumas pessoas nunca se interessam pelo nosso bem estar, entretanto, são tão dissimuladas que podem nos convencer do contrário, dependendo da situação. São verdadeiros mestres na arte de se passarem por “bons samaritanos”, quando, na verdade, estão apenas buscando uma forma de acessar a intimidade do outro para colher todas as informações possíveis e depois expor aquela vida.

Todo o cuidado é pouco sobre com quem falar a respeito dos nossos problemas. O que não falta é curiosidade disfarçada de ombro amigo ou lobo em pele de cordeiro. Sei bem da importância do desabafo, é maravilhoso ter com quem dividir as nossas dores, sei também que sofrer calado pode piorar, e muito, a situação de alguém. Entretanto, vale lembrar que, as consequências de expor os nossos problemas às pessoas erradas poderão ser muito mais graves do que as de sofrermos calados.

Quando estiver atribulado e sentir vontade de falar com alguém sobre isso, ou alguém perceber que você está abatido e se aproximar tentando investigar a respeito, não seja impulsivo(a), pense bem se vale a pena expor algo tão delicado. É preciso avaliar o grau de intimidade que você tem com essa pessoa, é preciso considerar se essa pessoa tem a devida maturidade para lidar com o sua questão. Se ficou em dúvida, não se exponha.

Às vezes o melhor a fazer é silenciar-se, fazer uma prece e focar na resolução do seu problema. Se é para buscar ajuda, busque-a em quem possa te oferecer algum recurso, pois falar apenas para desabafar poderá ser desastroso e as consequências, irreversíveis. Precisamos entender que nem tudo o que sofremos precisa chegar aos ouvidos alheios, isso é prudência, é zelo com a nossa privacidade. Precisamos treinar o nosso discernimento nos momentos de angústia, caso contrário, teremos que lidar com os nossos problemas e as consequências da exposição indevida deles.

Nossas aflições e dores precisam, no mínimo, da empatia do ouvinte que escolhemos compartilhar e, convenhamos, nos dias atuais, esse atributo tornou-se artigo raro. Felizmente, a capacidade de se colocar no lugar do outro ainda não foi extinta, entretanto, faz-se necessário um olhar microscópico para encontrar alguém que ainda possua tal capacidade. Como, sabiamente, diz o provérbio popular: “prudência e água benta não fazem mal a ninguém”.

Imagem de capa:r Antonio Guillem/shutterstock







Sou uma mulher apaixonada por tudo o que seja relacionado ao universo da literatura, poesia e psicologia. Escrevo por qualquer motivo: amor, tristeza, entusiasmo, tédio etc. A escrita é minha porta voz mais fiel.