Onde já se viu isso de dizer que ama e – por qualquer discordância momentânea, vir e jogar na cara o que alguém fez ou deixou de fazer? Esse morde e assopra não é amor. O nome disso é distrato emocional. E cansa. Cansa tanto que nem vale a pena insistir. Para qualquer nível de relacionamento, existe uma dose de dignidade que deve ser respeitada.
O amor não confere o direito de cobranças. Não é um acerto de contas no qual você apresenta os seus sacrifícios – feitos exclusivamente através de escolhas próprias, para depois obrigar a mesma disposição doada. Se o amor é sentimento altruísta, em que ponto ele foi transformado numa balança de entregas? Relacionamento algum consegue sobreviver com essa indiferença. Reciprocidade é completamente diferente dessas rasteiras comportamentais. O recíproco é construído em interesse mútuo. Já o tal do jogar na cara, é unicamente um reflexo destrutivo e egoísta de quem o defende. É querer encarar a cumplicidade como peças de tabuleiro a serem encaixadas perfeitamente, conforme o gosto pessoal de um.
É nessas horas que o diálogo torna-se fundamental. Mas é conversar de verdade. Para disputar no grito, na prepotência do certo e errado, melhor nem se dar ao trabalho. Não existirá tempo que aguente e sentimento que supere. Permitir tamanho descaso é inaceitável. Não é orgulho ou medo das críticas, longe disso. Só que expressar amor não pode significar atravessar a coisa mais importante de todos os relacionamentos, o direito de não fazer nada imposto.
Está infeliz no seu relacionamento e não encontra mais jeito de acertar e entrar em sintonia? Vá embora. Afasta-se. Siga em frente. Faça o que for preciso para ter paz e o descanso merecido. Mas não cobre. Não desminta o amor ou o chantageie para contar pontos. A satisfação de jogar na cara, você que carregue pra bem longe. Para dizer que ama, não cabe nutrir tantos resquícios de covardia.
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