Respeite seu tempo, sua jornada, seu amor

Por mais que nos aconselhem a não comparar a nossa vida com a de outrem, a gente compara. Compara a grama do vizinho, o diploma do colega, o carro do primo, o relacionamento do fulano. E faz mal, não há de se negar.

Primeiramente, não temos acesso à vida particular de ninguém, ou seja, vemos apenas superficialidades e vernizes que não correspondem a tudo o que há por trás do que se enxerga. Não temos noção do que ocorre realmente entre as quatro paredes do casal. Não temos ideia do tanto de renúncias que o proprietário do carro zero teve para comprar o automóvel. Nem imaginamos os esforços e noites em claro que compõem a jornada de cada pessoa ao alcance de seus sonhos.

Em segundo lugar, cada pessoa é única, tanto por fora, quanto pelo que carrega dentro de si. Existe quem se contente com uma moto, existe quem seja ávido por um carro novo. Existe quem esteja feliz pagando aluguel, existe quem queira, a todo custo, uma casa própria. Existe quem priorize um diploma universitário, existe quem priorize trabalhar depois do Ensino Médio. Há quem queira casar e ter filhos, há quem queira viver sozinho. E está tudo bem.

Sonhos são pessoais, fazem parte da essência de cada um. Sonho a gente não transfere, não obriga, não explica. Sonho tem que ser vivido. Por isso é que vemos tantos pais infelizes querendo que seus filhos sigam o que eles queriam. Por isso é que vemos relacionamentos se desfazendo porque os sonhos de cada um não são afins. Ou a gente soma nossos quereres aos do parceiro, ou um dos dois acabará frustrado.

Isso não quer dizer que deveremos apenas olhar para nós mesmos e esquecer o mundo lá fora. Nossas vidas envolvem vidas outras, que também fazem parte de nossas prioridades. Às vezes, teremos que adormecer por um tempo um plano, por conta de algo inesperado que surge no caminho, inclusive no caminho de quem amamos. Mas adormecer não significa enterrar, afinal, temos todo o tempo que nos resta para realizar nossas metas, para viver e satisfazer os nossos sonhos.

Nunca é tarde. Eu só tive coragem de escrever publicamente aos 44 anos. Eu só fui fazer mestrado aos 30 anos. Mas eu me casei com 24 anos e fui pai com 26 anos. Não foi nada cedo ou tarde demais, tudo foi no tempo certo. No meu tempo, priorizei o amor. Enfim, respeite sua jornada, seu tempo, seu amor.

***
Texto publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

Photo by Kaspars Eglitis on Unsplash







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.