Relações sem afeto e sem carinho: o medo de se entregar

Venho percebendo que os casais modernos não são afeitos a carinhos e afetos, a sensação que tenho é que há uma certa indiferença no ar com relação ao outro, barreiras invisíveis ou apenas um nova forma de se relacionar. Não sei.

Vejo casais mudos, outros que não se tocam, não andam de mãos dadas, nem trocam beijos em público, nem pequenos gestos de carinho, talvez seja vergonha, sim, não há necessidade, eles dizem, é, mas, talvez eu esteja errado, sim, quero muito estar errado, mas também penso nas minhas relações.

Há um medo de se entregar ao outro, somos inseguros, não queremos demonstrar sentimentos, preferimos o distanciamento, criar barreiras, falar pouco, sentir menos ainda, sufocar, prender, tudo com medo de sofrer, não confiamos no outro, em mais ninguém, temos medo de doer, sentir, gostar,  querer.

Sim, sou mole, piegas, romântico, chato, idiota, sensível, mas não quero fazer parte dessa nova roupagem, de nova forma de conviver.

Não pode ser meloso, o outro não gosta, não pode mandar flores, ela não gosta, não pode chamar de amor, é brega, não pode nada, não pode ser romântico, não pode nem gostar, é tudo artificial e maquinal.

Só podemos fazer uso do corpo, beija bem, transa legal, tem pegada, faz gostoso, isso agora justifica as nossas escolhas, mas e depois?

Depois do beijo, da transa, da pegada, do gostoso, o que fica de nós, pra nós, em nós?

As pessoas tendem a gostar de quem não gosta delas, é estranha é essa forma de sentir e perceber a vida, as relações.

Se você é indiferente, a pessoa se apega, se você tenta ser carinhoso e sensível, ela abusa de você, já escutei isso de uma ex-namorada, que afirmou que o meu problema foi gostar demais, pode isso? Sério? Cansei.

Desculpem, ainda erro e vou continuar errando por ser intenso, por sentir e demonstrar, por escrever bilhetes e mandar flores, por fazer surpresas e comprar chocolate, se alguém não gosta, pode escolher algo diferente, se alguém preferi, seremos felizes, não mudar a minha essência, coisas boas e eternas, amar e mudar as coisas, isso me interessam mais.







Ronaldo Magella é da Paraíba, Santa Luzia, professor, jornalista, radialista, cronista, poeta, já publicou três livros de crônicas e tem participação em outras cinco antologias literárias. Formado em Jornalismo e Letras pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB. Solitário e tomador de café, gosta da vida pelo improviso, se cansa da monotonia, e brinca com o tédio escrevendo.