Quer me encher a paciência? Pega a senha e vai pro fim da fila!

Descobrir que é libertador mandar um chato se catar é dessas maravilhas da maturidade que nenhuma alma pouco vivida é capaz de compreender. Pois é… tem gente que é chata mesmo. Não é ruim. Não é mau-caráter. Não é sem-vergonha. Nada disso! É chata! Chata de galochas, de chinelos, de bota, descalça, de salto alto… É chata e pronto!

Acontece que durante uns bons anos de nossas vidas, achamos de verdade que a chatice é uma espécie de efeito colateral. O cara tem sempre uma história melhor que a nossa para contar, a dor dele é sempre mais lancinante, o problema é sempre mais grave, o sucesso nunca é proporcional ao seu espetacular talento e se a gente se der melhor que ele… foi sorte, NUNCA merecimento. O cara é chato! Mas a gente arranja desculpas para o infeliz. “Coitado, gente! Já viram como a família dele é um caos!”; “Ahhh, judiação! Mas ele tem o dedo podre para o amor!” E o chato, que já era chato de nascença, vai virando chato profissional.

Pior que um chato egocêntrico, só mesmo um chato com pena de si mesmo. Esse sujeito tem um poder de sucção muitas vezes superior a qualquer equipamento de última geração daqueles para fazer lipoaspiração nos gordinhos inconformados. A diferença é que esses trastes, em vez de chupar gorduras indesejáveis, chupam a sua energia, a sua alegria e a sua paz. Sim! Além de chatos são inúteis! E destrutivos!

Chatos com talento para “vítimas do destino” chegam de mansinho, ganham a sua confiança, pegam você bem naquele ponto mais vulnerável, seduzem sua alma de samaritano e te arrastam junto com ele para dentro do buraquinho particular de autocomiseração que a criatura cavou, graças ao apoio de outros trouxas que vieram antes de você.

E se você ainda não foi apresentado a um sanguessuga desses em forma de gente, ou você tem o corpo fechado ou – pasme, porque isso pode ser verdade -, você é que é o chato modelo vampiro disfarçado. Fazer o quê? Acontece… nas melhores e nas piores famílias, inclusive.
Ocorre que tem gente que parece ter um imã para atrair chatos de todas as categorias. O chato pode estar de férias no Acre, a pessoa mora num sítio bucólico no meio da Serra da Mantiqueira e é descoberta pelo tal do chato.

Eu confesso que ando meio sem paciência. Para não dizer que ando sem nenhuma. O chato suspira, já me arrepia os pelos da nuca, sabe como é?!

E é por isso que eu venho fazer um convite a você, meu estimado e querido leitor – desde que você não seja um chato, que fique bem claro, ok? Vamos nos unir em proteção contra a chateação. O método é simples: distribuição gratuita de senhas. E eu garanto que dá certo; porque se tem uma coisa que gente chata curte é achar que vai lucrar alguma coisa com você. O infeliz recebe a senha e fica crente de que está diante de uma oportunidade imperdível de ascensão.

Pois que peguem a senha e se acomodem lá no fim da fila. E se ficarem cansados de esperar a vez, ou se sentirem ofendidos pela espera… Tanto melhor! Que sumam, derretam, explodam ou simplesmente arranjem outro tonto para alugar, porque essa aqui, meu bem, encontra-se feito aqueles aparelhos celulares da década de 1990: DESLIGADA, OU FORA DA ÁREA DE COBERTURA!

Imagem de capa meramente ilustrativa:  “Minha mãe é uma peça 2!”







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"