Quando o ciúme prejudica as relações

O ciúme é um sentimento natural e está presente na vida de todos. Pode estar direcionado a um cônjuge, irmão, amigo, profissional no ambiente de trabalho. Ou seja, está presente em qualquer tipo de relacionamento. Por agora falaremos do ciúme presente na relação amorosa.

A vida a dois é muito desafiadora. Requer constante investimento, com carinho, confiança, atenção e afeto de ambas as partes. São duas pessoas diferentes, com histórias e experiências diferentes, mas que, por amor, desejo e, tantos outros sentimentos envolvidos, decidem compartilhar uma vida juntos.

Esse processo é delicado e, ao longo da convivência, são inúmeros os obstáculos que surgem e precisam ser superados. Certamente o ciúme é um deles! Trata-se de um sentimento forte que, dependendo da intensidade, pode se tornar destruidor de afetos e de relacionamentos.

É muito comum que o ciúme exagerado seja associado a um excesso de amor, ou até mesmo, como uma prova de amor. Expressões como: “Sinto muito ciúme de você porque eu te amo” são corriqueiras no nosso dia a dia. Mas, será que o ciúme realmente está relacionado com a quantidade de amor que se tem pelo outro? Então, a ausência dele significa falta de amor?

Por que sentimos ciúme exagerado?

O ciúme excessivo é uma emoção que está fortemente associada com a necessidade que uma pessoa tem de sentir-se incluída, ou seja, de pertencer a um relacionamento. Com isso, o medo de ser abandonado e a insegurança em relação ao afeto do outro se tornam reais e devastadores para o ciumento. E, movido por tais sentimentos, passa a controlar os passos do cônjuge com a certeza de que será traído ou desprezado a qualquer momento.

Essa insegurança tão intensa, comumente observada em casos de ciúme muito exagerado, pode ser decorrente de uma baixa autoestima. A pessoa se vê de forma distorcida da realidade. Ou seja, inferior, não merecedora do amor do outro, mais feia ou gorda, ou qualquer outra característica que seja importante para ela. Assim, mesmo que uma pessoa insegura tenha um relacionamento saudável com alguém que ela realmente goste, ela apresentará sérias dificuldades de acreditar que o seu cônjuge a ama de verdade. Com isso, passa a duvidar de tudo o que é dito e de qualquer pessoa que se aproxime dele.

É importante perceber que a possibilidade do abandono ou da exclusão, na maioria das vezes, é mais um fantasma imaginário que estimula a nossa insegurança do que algo real que tem motivos para ocorrer.

Em uma análise superficial da situação podemos pensar que o ciúme está sempre relacionado ao cônjuge, mas se pararmos para refletir mais cuidadosamente perceberemos que na realidade é algo associado quase que exclusivamente ao próprio ciumento, independentemente de quem for o seu cônjuge. O ciumento tende a repetir esse padrão de funcionamento psíquico em todos os seus relacionamentos. O que significa que o ciúme exagerado não está direcionado a uma pessoa em específico, mas sim à forma com que o ciumento tem de lidar com as suas relações afetivas.

A busca por um relacionamento mais saudável

Um pouco de insegurança pode ser considerada normal quando pensamos em um relacionamento conjugal. Afinal, o outro é alguém livre e diferente, capaz de tomar decisões a qualquer momento. Mas, perder o controle desse sentimento e tornar a vida a dois algo difícil e doloroso é gerar um sofrimento enorme e desnecessário na pessoa que você ama, mas principalmente em você mesmo!

Pare e reflita sobre os seus sentimentos e atitudes. Tente avaliar os reais motivos que o levam a exagerar quando se sente ameaçado em relação ao afeto do outro. Se você sentir necessidade de um autoconhecimento maior e mais profundo que o ajude a lidar com essas questões, procure a ajuda profissional de um psicólogo.

Buscar o equilíbrio entre nossas emoções é sempre a chave para que os nossos medos e inseguranças não nos dominem e destruam bonitas relações que poderíamos construir ao longo da vida. Confie em si mesmo e na sua capacidade de viver relacionamentos mais leves e plenos!

Imagem de capa: Daniel M Ernst/shutterstock







Psicóloga Clínica, Psicanalista em Formação pela SPCRJ e Especialista em Terapia de Casal e Família pela PUC-RIO. CRP 05/41087. - Consultório particular em Copacabana, R.J. e online via Skype.- Atendimento a adolescentes, adultos e terceira idade. -Terapia de casal e familiar. Trabalhos realizados sobre infertilidade e as repercussões na conjugalidade. Dificuldades de relacionamentos afetivos. - Terapia perinatal: Acolhimento e suporte emocional à grávidas e puérperas. - Suporte psicológico a pessoas que moram fora do Brasil.