Por favor, pare de comprar e entenda o que se passa com você

Você está caminhando no shopping center, vê uma camisa linda, em cinco minutos ela já está na sua sacola. Na loja em frente, um par de sapatos chama sua atenção: pronto, mais um item comprado. Ao fim do passeio, você chega em casa com uma porção de pacotes recheados dos mais variados itens, sentindo um misto de prazer e culpa por ter gastado mais do que devia e ter comprado coisas que você nem sabe se vai usar. Se você se reconheceu nesta cena e este comportamento for frequente, cuidado: você pode ser um comprador compulsivo.

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Muita gente imagina que os comportamentos compulsivos estão apenas associados a drogas como álcool, maconha, cocaína e nicotina, por exemplo. De fato, dependentes de droga manifestam esse tipo de comportamento, mas a compulsão não está relacionada exclusivamente com o uso de substâncias químicas. Pode estar ligada a outras situações que provocam prazer, como fazer compras ou passar horas em frente do computador. Quem não conhece pessoas que compram compulsivamente, estouram o limite do cartão de crédito, do cheque especial e a conta no banco de uma forma deletéria para si mesmas. Esses comportamentos, tanto quanto os relacionados com o uso de drogas, interferem com o mecanismo de prazer e podem adquirir características patológicas, de certa forma incontroláveis.

Uma pessoa que realmente sofre com o transtorno de comprar compulsivo dificilmente consegue se controlar. Ela pode até dizer que vai ao shopping apenas “olhar as vitrines” – do mesmo modo que um alcoolista diz que vai à uma festa e não vai beber – mas sempre acaba voltando pra casa com uma sacola (ou várias).

Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, coordenador de Ensino e Pesquisa do Ambulatório do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso (AMJO), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença.

Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO.

Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos.

A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer, explica a psicóloga Denise Gimenez Ramos, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP.

Os oneomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga.

Compradores compulsivos demoram a assumir seu problema

Assim como todos os dependentes, os compulsivos demoram a assumir seu problema. A idade média de início da doença é aos 18 anos, no entanto o comportamento só é percebido como problemático 10 anos mais tarde.

Uma pessoa pode passar anos comprando compulsivamente e adquirindo dívidas de até dez vezes a sua renda mensal, até perceber que sofre de uma doença. A ajuda só é procurada quando a situação financeira da pessoa e, na maioria das vezes, a de sua família, chega a uma condição insustentável.

Segundo especialistas, há tratamento para a oneomania, mas ainda não existe um remédio que combata o desejo compulsivo de comprar. Sabe-se que, atualmente, a melhor forma de se tratar pessoas com este problema é por meio da psicoterapia, além da necessidade de freqüentar grupos de auto-ajuda, como os Devedores Anônimos, concluem os especialistas.

Teste: como saber se você é um comprador compulsivo 

(Desenvolvido por coordenadores do Ambulatório de Jogos Patológicos e Outros Transtornos do Impulso (AMJO), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas)

1- Não resiste ao impulso de comprar?

2- Gasta mais que o planejado e se prejudica financeiramente?

3- Impede ou prejudica seus planos de vida e das pessoas à sua volta?

4- Precisa efetuar a compra de qualquer forma, independente do produto comprado?

5- Percebe que está comprando coisas que não usa ou usa muito pouco?

6- Assume dívidas acima de cinco vezes o valor de sua renda mensal?

Se a maioria de suas respostas foi SIM, você já aponta problemas com o hábito de comprar. No entanto, o diagnóstico exato só pode ser dado a partir de entrevistas com profissionais da área. Este teste é uma descrição dos sintomas mais comuns apresentados pelos compradores compulsivos e serve para indicar uma possível oniomania.

Devedores anônimos existem em São Paulo desde 1997 

O grupo está no Brasil há quatro anos. Ele foi criado em abril de 1997 e tem como base a proposta dos Devedores Anônimos norte-americano e europeu.

O grupo presta serviços em São Paulo (Grande São Paulo, Pirituba, Mococa), Paraná e Rio de Janeiro e deve chegar a Minas Gerais e Bahia no próximo ano. Os encontros são semanais e duram, em média, 2 horas.

Devedores Anônimos (DA)
Rua Santa Ifigênia, 30, Igreja Santa Ifigênia – Centro, São Paulo -SP
Fone: (011) 229-6706 ou 229-4066

Fontes:

Comportamentos Compulsivos

Você gosta de comprar ou é compulsivo?

6 dicas para você finalmente parar de gastar dinheiro à toa.

Endividado

Quando gastar se torna uma obsessão

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