Pequenos gestos podem mudar o mundo de alguém

Sempre gostei de piano. Quando eu tinha uns dez anos, a moda era órgão eletrônico, com pedais e dois teclados sobrepostos. Então, eu comecei a fazer aulas. Peguei gosto por aqueles recursos digitais e ganhei um órgão de meus pais. Estudei por quase dez anos. Mas o piano ficava sempre dentro de mim.

Quando obtive bolsa de iniciação científica na faculdade, ajudei meus pais a comprarem um piano para mim. Pude comprar um de cordas retas, que chamam de piano de estudos. Estudei por anos e assim foi. Porém, eu sempre sonhei com um piano de cordas cruzadas, eu sempre tive a certeza de que ele iria chegar. Estudar literatura me fez ficar ainda mais apaixonado pelo piano clássico. Encontro de artes.

Meu plano era comprar um, assim que me aposentasse de um dos meus cargos. Inclusive eu teria mais tempo de retomar os treinos. Mas a vida nos surpreende maravilhosamente. Algumas pessoas também. Uma amiga querida, cujo filho havia comprado um piano digital, então me presenteou com o piano alemão que tinha sido de seu filho. Um dos melhores presentes que eu já ganhei nessa vida.

Em tempos de tanta desesperança, como os atuais, momentos como esse fazem toda a diferença. É muito bom receber algo especial, ouvir palavras de alento, são bombas de esperança. Por mais desanimador que o quadro atual seja, vivenciar gestos de delicadeza, olhares de empatia, sorrisos verdadeiros, não tem preço. Porque os momentos mais lindos da vida são aqueles em que nos sentimos lotados de alegria e de luz.

Você pode ser o remédio de alguém, você pode despertar o melhor de alguém, você pode retirar a escuridão de alguém, às vezes com um simples bom dia sorridente. Tente enxergar o melhor das pessoas, acolhendo-as com olhos de amor, com vibrações positivas, com empatia e esperança. Lembre-se: pequenos gestos são capazes de mudar o mundo de uma pessoa que precisa tão somente de uma mão estendida. O mundo fica melhor desse jeito. Não tem outro jeito.

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Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo

Photo by Diana Parkhouse on Unsplash







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.