Quer ser feliz? Pare de ser legal com todo mundo- Fe Neute

Quer ser feliz? Pare de ser legal com todo mundo- Fe Neute

Por Fe Neute, do blog Feliz com a vida Vida

Por toda a minha vida eu me considerei uma pessoa extrovertida.

Muita gente acha que extrovertidos são aqueles que têm a habilidade de conversar com todo mundo, enquanto introvertidos são tímidos. É um pouco isso, mas não é totalmente assim.

De forma bem simplista, introvertidos são aqueles que recarregam suas energias quando estão sozinhos. Ouvem mais do que falam e, mesmo os que não são tímidos (sim, existem introvertidos que não são tímidos), depois de um certo tempo interagindo com os outros se sentem esgotados e querem se isolar.

Extrovertidos são oposto disso. Eles se sentem “energizados” quando estão com outras pessoas. São os que gostam de conversar não importa o assunto. Mais falam do que ouvem o que os outros têm a dizer e se sentem mais felizes na companhia dos outros do que sozinhos.

Quando comecei a viajar e trabalhar sozinha, eu sentia muita falta das interações diárias com as pessoas, como eu costumava ter no meu antigo trabalho, por exemplo. Sentia falta de ter sempre a opção de encontrar uma amiga para conversar depois de um dia difícil ou apenas para bater perna no parque ou no shopping, sei lá.

Outra característica é que eu sempre fui muito ativa em relação às minhas amizades. Mandava mensagens regularmente para os amigos e estava sempre planejando encontros, festinhas, jantares nos fins de semana e raramente dizia não a um convite (já falei sobre o meu FOMO, ou medo de estar perdendo algo aqui).

Ao longo desse ano eu percebi que eu tenho agido e me sentido diferente. Não foi proposital, mas alguns fatores externos acabaram sendo responsáveis por isso, como:

Falar inglês = falar menos

Por morar fora do Brasil e passar 95% do meu tempo falando inglês, eu comecei a ouvir muito mais do que falar. Para ser capaz de entender tudo o que estava acontecendo e sendo dito eu precisava prestar mais atenção do que o normal e também pensar mais antes de dizer algo. Depois de um tempo eu percebi (MEL DELS) o quanto eu falava!

Quando falamos demais, pelos menos 30% do que falamos talvez não precisasse ser dito. Além disso, estamos tirando a oportunidade de outras pessoas no grupo (muitas vezes introvertidas) falarem também e isso pode nos privar de conversas e pontos de vista interessantes sobre algum assunto por não sabermos ouvir.

Sem emprego fixo = sem vida social

Minha primeira preocupação quando comecei a trabalhar como freelancer e viver como nômade digital foi: como eu faria novos amigos sem ter um trabalho ou uma razão específica para sair de casa todos os dias?

Isso é muito difícil! A gente não faz ideia do quando a nossa vida gira em torno do trabalho ou do quanto ele é importante para a nossa vida social até sairmos desse esquema “9h às 18h“.

Eu passo basicamente a semana toda trabalhando sozinha e precisava encontrar uma alternativa. Esse foi um dos principais motivos que me fez entrar para um grupo fechado de empreendedores que vivem esse mesmo estilo de vida.

Foi esse grupo que me trouxe, pela segunda vez, a um grande evento que eles fazem todos os anos em Bangkok e foi lá que eu cheguei a uma outra conclusão…

Menos tempo para socializar = dizer mais NÃO e ser mais seletiva

A primeira vez que eu participei desse evento no ano passado meu pensamento foi: preciso conversar com o maior número de pessoas possível, já que esta é minha grande oportunidade de fazer amigos e contatos profissionais não estando todos os dias em um ambiente corporativo.

Sem exagero, eu conversei com umas 100 pessoas de todas as partes do mundo em dois dias, sendo que metade do tempo era dedicado à palestras.

Como todo mundo, eu também tinha um discurso meio pronto que falava de onde eu era, o que eu fazia antes de pedir demissão e o que eu estava fazendo atualmente. Foi ótimo, fiz vários contatos!

Muitas dessas pessoas, eu encontrei de novo quando morei no Vietnã, Hong Kong, Medellín e outros lugares onde fiquei por menos tempo. Também é verdade que, quanto mais tempo eu passava nos lugares, mais estreitas ficavam essas relações e algumas renderam boas amizades e até uns trabalhinhos.

Este ano eu estive no evento mais uma vez. Muitas das pessoas que eu conheci no ano passado estavam aqui, mas tinha quase o dobro de gente. O que eu percebi foi que, em vez de me esforçar para conhecer novas pessoas, eu naturalmente estava muito mais interessada em elevar o nível da minha amizade com aqueles que eu já conheço, gosto e não tenho tantas oportunidades para encontrar durante o ano.

Isso me fez notar que o mesmo aconteceu com os meus amigos de São Paulo. Quando visito a cidade, tenho tão pouco tempo que preciso selecionar os lugares e com quem vou estar. Percebi que muitas pessoas só estavam presentes na minha vida porque era fácil, já que eu sempre tomava a iniciativa e falava com elas.

Com a distância, acabei perdendo o contato com alguns que eu considerava melhores amigos e fortalecendo a amizade com aqueles que realmente estavam dispostos a manter o diálogo mesmo que não tão frequente ou pessoalmente como antes.

Hoje, vejo que a distância e um certo isolamento forçado foram excelentes para que eu me tornasse uma pessoa menos ansiosa (embora eu ainda seja muito), para que eu aprendesse a dizer não para aquilo que não vai ser tão importante para mim, para que eu começasse a identificar quem são meus verdadeiros amigos e passasse um tempo de muito mais qualidade com essas pessoas, principalmente quando eu estou no Brasil ou em algum outro lugar onde eles estejam.

Para muitos, isso pode parecer um comportamento egoísta, mas eu prefiro chamar de prioridade. Quero dar o melhor de mim para aqueles que realmente vão apreciar isso e não simplesmente para ser a “legalzona” e acabar tendo de fazer várias coisas que eu não estou com tanta vontade, sabe como é?

Em outras palavras o meu grande aprendizado foi: não tente ser legal dizendo SIM a tudo aquilo que você já sabe que existe a chance de ser meia-boca. Ou é COM CERTEZA ou NÃO!

Para quem quiser ler mais textos como esses Feliz com a Vida

Nem tudo é Transtorno de Deficit de Atenção

Nem tudo é Transtorno de Deficit de Atenção

As observações parecem ser unânimes acerca do comportamento da criança. A família, a escola e todas as pessoas que fazem parte do seu círculo de convivência apontam para questões preocupantes, ilustradas por queixas e constatações: a criança parece não ouvir quando lhe falam diretamente; comete erros por falta de atenção; vive perdendo objetos, brinquedos e material escolar; evita tarefas que exijam maior tempo de dedicação; distrai-se facilmente com os menores estímulos do ambiente; interrompe o que está fazendo porque é sempre atraído por algo mais interessante; esquece compromissos; parece desinteressado e desmotivado das atribuições escolares; raramente termina o que começou, mesmo que seja uma brincadeira; aparenta desânimo, ansiedade e inquietação.

É compreensível que, diante de uma criança que apresente ao menos três desses sintomas, os adultos envolvidos sintam-se preocupados. Alguma coisa parece estar errada! Em geral, esses comportamentos já vinham sendo notados desde que a criança era ainda bem pequena. No entanto, é na escola que essas características desafiadoras tomam corpo e tornam-se mais observáveis.

A rotina escolar, em geral (mesmo nas séries iniciais da pré-escola) é organizada no formato de propostas que exigem que os pequenos passem muito tempo sentados; ou, ainda, que aprendam a guardar suas inúmeras perguntas até que o professor possa atender a todos. Esse formato, no qual é o professor o líder, o centro do saber e possuidor das respostas, vai contra a natural maneira mais solta e dinâmica de funcionamento das crianças. O ideal seria que o currículo das escolas fosse pensado de forma que meninos e meninas pudessem experimentar mais, trocar mais entre si, aprofundar conhecimentos e compartilhar saberes, tendo no professor mais um parceiro; talvez o parceiro mais preparado; mas, ainda assim, um parceiro. Em espaços educacionais que respeitam as fases de desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, a ocorrência de transtornos de aprendizagem cai significativamente, assim como diminuem os comportamentos agressivos e opositores.

Ocorre que nossas crianças estão sendo apresentadas à escola, cada vez mais cedo. Ocorre também, que a maioria das escolas não está preparada para assumir esse relacionamento precoce com esses seres tão misteriosos e complexos: as crianças. O resultado? Desencontros cada vez mais frequentes entre os pequenos, as instituições educacionais e as famílias.

As estatísticas apontam para um aumento em escala crescente e contínua, no número de crianças diagnosticadas com algum tipo de transtorno envolvendo o processo de aprendizagem e sua relação com o mundo organizado do saber. O equívoco já começa no horário estabelecido para o início das aulas. Há mais de duas décadas, pediatras, psicólogos, psicopedagogos, neurologistas e neurocientistas realizam pesquisas que comprovam que “ninguém deveria estar na escola às 7 horas da manhã”.

A interrupção do sono tem efeitos danosos ao funcionamento do organismo, como um todo, especialmente as funções neurológicas que envolvem a memória, a atenção e a manutenção de esforço. Isso pode explicar a incidência, cada vez maior de baixo rendimento escolar, irritação, inquietude, ansiedade e agressividade.

Dormir o suficiente para restabelecer o corpo e a mente do esforço empenhado ao longo de um dia inteiro de atividades, é crucial para a consolidação da memória de tudo a que se foi exposto; além de promover melhores condições cognitivas e emocionais para lidar com desafios e realização de tarefas, as mais diversas. Crianças cujas necessidades de sono são respeitadas e garantidas, são mais tranquilas, criativas, atentas e aptas para resolver problemas e enfrentar desafios. O mesmo fenômeno pode ainda ser observado entre jovens e adultos, mesmo que estes apresentem recursos mais desenvolvidos para lidar com situações desconfortáveis.

Outro vilão, não menos perigoso, é o excesso de estímulos a que se expõe os meninos e meninas, sob o pretexto de otimizar o aproveitamento escolar e garantir sucesso nas etapas futuras da vida. Perigoso equívoco! Numa sociedade em que a informação chega cada vez mais rápido em nossas mãos, o acúmulo de conteúdos inúteis oferecido pela maioria das escolas, beira a insanidade.

Há ainda, infelizmente, a prevalência de aulas pouco dinâmicas, exercícios pouco desafiadores e extremamente repetitivos. Além disso, em muitos casos, o conhecimento é tratado como algo descartável; apresentam-se uma série de conceitos, com pouca – ou nenhuma – oportunidade de reflexão e; uma vez avaliados, os conceitos são substituídos por outros que, frequentemente têm pouca – ou nenhuma – relação com o que foi ensinado anteriormente.

A grande maioria das escolas parece ignorar que num mundo onde os acontecimentos podem ser conhecidos em tempo real. É indiscutível o fato de que será mais bem-sucedido, não aquele que for capaz de armazenar mais informações; mas, sim, aquele que tiver oportunidade para refletir sobre os acontecimentos, suas causas, consequências e impacto na vida de todos. Aquele que pôde desenvolver habilidades que o tornem mais competente para compreender a informação, transformá-la em algo significativo e avaliar se ela é relevante ou não. E, ainda, aquele que estiver inserido num ambiente escolar que promova a prática de situações, por meio das quais se desenvolva a habilidade de saber ouvir, relacionar aprendizagens, argumentar com lucidez e priorizar o trabalho em equipe, mais que o destaque individual.

Os diagnósticos cada vez mais frequentes de TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO, merecem um olhar mais cuidadoso. Para que se feche um parecer preciso sobre um distúrbio tão impactante no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, é fundamental que sejam feitas avaliações por uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais gabaritados para tanto. É claro que, em muitos casos, o diagnóstico procede. E, sendo assim, cabe a todos os que estiverem envolvidos com o processo de desenvolvimento da criança, assumir a sua parte e fazer o possível para ajudar a vencer os eventuais obstáculos.

Uma vez diagnosticada, a criança precisa ter respeitada sua maneira de aprender e interagir com o mundo, com o conhecimento e com as outras pessoas. É preciso compreender que o transtorno de aprendizagem é apenas um elemento que constitui a forma da criança se relacionar com o saber; o transtorno é parte dela, mas não a define. É fundamental ter empatia por seu sentimento de inadequação, e apoiá-la no enfrentamento de  inúmeras situações aflitivas a que é exposta quando não consegue corresponder às expectativas que se projetam sobre ela. Ter a confirmação da ocorrência de TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO, constitui ferramenta indispensável para exercer a maravilhosa tarefa de acompanhar os pequenos em sua trajetória e inserção nos grupos sociais. As maiores lições que podemos oferecer aqui são: flexibilidade; coerência entre discurso e atitude; compaixão e respeito às infinitas possibilidades de interagir com os desafios da vida.

15 filmes românticos que não são água-com-açúcar

15 filmes românticos que não são água-com-açúcar

Por Juliana Varella redator(a), via Guia da Semana

Todo mundo gosta de um pouco de romance, mas ninguém é obrigado a aguentar os casais que se odeiam-e-se-amam das comédias românticas, nem as longuíssimas declarações de amor de Romeu e Julieta.

Se você é desses que detesta filmes melosos, mas tem um coração romântico por trás de toda essa valentia, então esta lista é para você. Confira 15 filmes românticos que não são água-com-açúcar:

1- Ela (2013)

Ele se apaixona por ela, os dois se conhecem, se deixam conhecer, algo dá errado. Uma história romântica comum, se não fosse pelo fato de que ela é um sistema de computador, e de que ninguém nesse filme sabe exatamente o que é o amor.

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Ela (Her, Spike Jonze, EUA, 2013)

2- O Lado Bom da Vida (2012)

Os dois já amaram muito, mas perderam seus queridos de uma forma ou de outra. Ambos desenvolvem comportamentos levemente enlouquecidos para superar a dor, e é justamente isso, contra todos os julgamentos, que os acaba aproximando.

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O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, David O. Russell, EUA, 2012) Divulgação

3- Weekend (2011)

Às vezes, um encontro qualquer numa boate pode causar marcas profundas em dois amantes – mesmo que seus caminhos não se cruzem por mais de um fim de semana.

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Weekend (Andrew Haigh, Reino Unido, 2011)

4- Namorados Para Sempre (2010)

Um casal está junto há muitos anos e sabe que seu amor já foi muito intenso, mas o tempo passou e trouxe mudanças. Ela cresceu e construiu uma carreira, enquanto ele parece ter continuado no mesmo lugar. Haverá um futuro possível?

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Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Derek Cianfrance, EUA, 2010)

5- Once (2006)

Do mesmo diretor de “Mesmo Se Nada Der Certo” (2014), “Once” mostra o encontro criativo entre dois músicos – apenas pessoas comuns, pouco especiais, que nem mesmo ganham nomes no filme. Sua relação passa por altos e baixos, mas sua parceria musical se fortalece.

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Once (John Carney, Irlanda, 2006)

6- O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004)

Todo casal passa por crises, mas este decide tomar providências mais radicais, apagando da memória tudo o que passaram juntos. O problema é que as lembranças ruins vêm junto com as boas, e o sentimento tenta persistir.

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O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Michel Gondry, EUA, 2004)

7- Closer – Perto Demais (2004)

Dois casais se conhecem e se entrelaçam, revelando sentimentos múltiplos de amor, paixão, prazer, cumplicidade e curiosidade, enquanto cada personagem mostra seus segredos e seu lado sujo.

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Closer (Mike Nichols, EUA/Reino Unido, 2004)

8- Encontros e Desencontros (2003)

Um ator americano está no Japão para gravar um comercial e, durante mais uma de suas noites em claro, conhece Charlotte, a esposa de um músico que também viaja a trabalho. Mais do que se conhecerem profundamente ou se apaixonarem, o que eles fazem é compartilhar a solidão, unindo forças para enfrentarem o caos de Tóquio.

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Encontros e Desencontros (Lost in Translation, Sofia Coppola, EUA/Japão, 2003)

9- Amor à Flor da Pele (2000)

Dois vizinhos se conhecem quando desconfiam que seus respectivos parceiros os estão traindo. Mesmo descobrindo que têm muito em comum, eles renunciam ao amor, determinados a não cometerem o mesmo erro.

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Amor à Flor da Pele (Fa yeung nin wa, Wong Kar Wai, Hong Kong/França, 2000)

10- Melhor é Impossível (1997)

Marvin é um homem difícil, cheio de manias, que só não é totalmente solitário graças a seu vizinho, a quem despreza, e à garçonete Carol, que o atende apesar de sua grosseria e por quem nutre um sentimento que não quer admitir.

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Melhor É Impossível (As Good As It Gets, James L. Brooks, EUA, 1997)

11- Jerry Maguire (1996)

Jerry Maguire é um verdadeiro predador, bem-sucedido em seu trabalho como assessor de atletas. O problema é que, quando ele decide fazer a coisa certa, tudo à sua volta começa a ruir: o emprego, o casamento, as amizades. Quem permanece ao seu lado é apenas a secretária, com um filho pequeno, e um único cliente fiel.

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Jerry Maguire (Cameron Crowe, EUA, 1996)

12- Antes do Amanhecer (1995)

Primeiro de uma trilogia que levaria 18 anos para ser completada, “Antes do Amanhecer” é um estudo sobre a afinidade de duas pessoas com caminhos muito diferentes. Ao longo de uma única tarde, Jesse e Celine se conhecem e conversam, trocando intimidades que nunca imaginariam trocar com um estranho.

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Antes do Amanhecer (Before Sunrise, Richard Linklater, EUA/Áustria/Suíça, 1995)

13- True Lies (1994)

Arnold Schwarzenegger pode não ser o mais romântico dos atores de Hollywood, mas “True Lies” é um filme sobre amor. Ele interpreta um agente secreto, que vai à loucura quando começa a suspeitar que sua esposa esteja tendo um caso.

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True Lies (James Cameron, EUA, 1994)

14- Maurice (1987)

Em meio à sociedade inglesa no início do século XX, dois homens declaram seu amor um ao outro. Para não abrir mão de sua posição social, um deles desiste do romance e decide se casar com uma mulher, enquanto o outro vai atrás de sua  felicidade.

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Maurice (James Ivory, Reino Unido, 1987)

15- A Primeira Noite de Um Homem (1967)

Ben acaba de se formar no colégio, quando conhece e é seduzido pela senhora Robinson, muitos anos mais velha e casada. Quando a euforia da aventura passa, ele descobre estar apaixonado pela filha dela.

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A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate, Mike Nichols, EUA, 1967)

Tenha um amor que ensine você a esperar.

Tenha um amor que ensine você a esperar.

Pois não é que no amor, assim como tudo na vida, nem tudo acontece do jeito que a gente quer, na hora em que se quer? Não tem jeito. É preciso saber esperar.

Mas Deus é bom, o amor é lindo e lá pelas tantas, no meio de uma briga de rua, no último instante tenso de uma prova cruel, na hora mais dura da angústia, num segundo triste do fim da tarde, numa noite de insônia, alguém lá em cima mexe os pauzinhos, um anjo tropeça no outro, a lua rodopia e aqui dentro da gente acende um sentimento franco de bem querença.

Começa mansinho como alívio sutil, sinal de melhora, boa notícia, alegria acenando de longe, fagulha de sonho. Então vai crescendo desaforado, impetuoso, desinibido, espalhando feito fogo no mato seco. E desemboca numa esperança honesta: o amor está de volta!

Ele sempre vem. Para os que respeitam o tempo sagrado da espera, o amor retorna melhor do que antes. Mais forte, mais bonito, mais maduro do que quando se foi sem mais.

Volta na forma de uma promessa atendida, um pedido realizado, uma lembrança boa, um convite insuspeitado. Assim, do nada, o amor ressurge na franqueza da primeira hora do fim de semana. Na sensação do dever cumprido, no suor do serviço bem feito. Na saudade de quem partiu um dia e um dia há de voltar. O amor recomeça para quem suporta sua espera.

Saber esperá-lo não é sentar e olhar o céu para sempre, aguardar as nuvens se abrirem e o ser amado surgir escorregando no arco-íris depois da chuva. Na espera laboriosa dos amantes vive uma disposição grandiosa para o trabalho, uma decisão inflexível de levar a vida adiante. Um ímpeto certeiro de que a espera também se faz de movimento.

Aos amantes, paciência nunca foi conformismo. É o exercício de andar no caminho do tempo. É a arte de se tornar digno de bons sentimentos. De aprender a gostar de si mesmo para estender esse amor ao outro quando tiver de ser. E aos que têm a paciência do amor, o que não for agora será depois. Definitivamente, amar é a arte da espera.

Não tenhamos pressa. Tenhamos fé. O amor tarda mas não falta a quem sabe esperá-lo, a quem se mantém no caminho. Porque o amor, ahh… o amor sempre volta e nos encontra no caminho.

Saiba o que fazer quando encontrar um filhote de passarinho fora do ninho

Saiba o que fazer quando encontrar um filhote de passarinho fora do ninho

 

Pensando nisso, vimos essa dica diretamente no Facebook do Fabio Nunes, mestre em Ecologia e Recursos Naturais, e resolvemos compartilhar aqui. Olha só as orientações que ele deixou:

– Não leve o filhote para longe do local onde o encontrou, é ali que os pais irão procurá-lo e, mesmo fora do ninho, continuarão lhe dando comida.

– Tire o filhote do chão para não ser atacado por formigas ou devorado por predadores, o ideal é devolver o filhote ao alcance dos pais, em alguma árvore próxima onde poderia estar seu ninho.

– Cuidado onde colocar o animal, pois se você colocar em um galho ele provavelmente voltará a cair. Veja a dica abaixo:

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Foto: Fabio Nunes

Você pode fazer uma improvisação do ninho com um recipiente forrado (furado embaixo para não acumular água) pendurado em uma árvore (escondido dos humanos), como mostra a foto abaixo. “Funciona muito bem e ele só sairá quando suas asas estiverem desenvolvidas”, explica.

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Foto: Fabio Nunes

Para garantir, observe de longe se os pais encontram o filhote, pois eles são atraídos pelo chamado dele.

Fonte indicada: Por acaso

Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas

Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas

Você já ouviu falar de pareidolia? É um fenômeno bastante curioso que nos permitem ver formas do cotidiano em objetos. Um dos exemplos mais claros é aquela formação rochosa em Marteque nos lembra um rosto. Outro, mais recente, que explicamos aqui, foi o rosto de Jesus que ‘apareceu’ no pescoço da Fernanda Souza durante o casamento da atriz. O que acontece é que o nosso cérebro, para compreender o mundo de forma mais rápida, é acostumado a fazer associações também rápidas com formas e coisas que costumamos ver em nosso cotidiano. O cérebro pega um ‘atalho’ e vemos rostos, aliens, etc.

E, agora, pesquisadores relacionaram esse fenômeno com o neuroticismo.

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UM ROSTO NA TOMADA? (FOTO: GRENDELKHAN / FLICKR / CREATIVE COMMONS)

Um novo estudo, realizado no Laboratório de Ciências da Comunicação NTT, em Tóquio, cientistas mostraram a um grupo de voluntários uma folha de papel cheia de pontos espalhados de aleatoriamente. Os participantes deveriam contar para os cientistas se, naqueles pontos, viam alguma figura. Depois os cientistas cruzaram essas dados com os traços de personalidade dos participantes – e os mais neuróticos eram os que mais encontravam rostos nos pontos, invariavelmente.

Para os pesquisadores, isso faz bastante sentido: pessoas mais neuróticas, que costumam ser mais tensas e emocionalmente instáveis, são mais predispostas à pareidolia como um mecanismo evolutivo. Basicamente, elas estão sempre alertas a ameaças, o que significa que podem achar que há perigo onde não existe. E o perigo pode ter a forma de um rosto.

Fonte indicada: Galileu

Que talmais alguns exemplos:contioutra.com - Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas contioutra.com - Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas contioutra.com - Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas contioutra.com - Pessoas neuróticas costumam ver rostos em coisas

Se as doenças mentais fossem monstros…

Se as doenças mentais fossem monstros…

Artista inglês inspira-se em sua própria ansiedade para dar formas aos transtornos mentais.

Em busca de uma catarse pessoal, ele criou essa série que da forma às doenças e permite que as pessoas vejam, de uma maneira mais concreta, um pouco do que sentem.

As traduções foram feitas pelo pessoal do site O verso do inverso.

Para saber mais sobre o artista veja Tobby Allen- página oficial

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Escolas ensinam a lidar com as emoções

Escolas ensinam a lidar com as emoções

No fim do ano, escolas não esperam que os alunos tenham aprendido só a fazer contas, interpretar um texto ou saber o nome dos Estados brasileiros.

Colégios particulares e da rede estadual de São Paulo estão adotando estratégias para que desenvolvam habilidades socioemocionais, como cooperação, empatia, senso crítico e curiosidade.

“Essas habilidades estão intimamente ligadas às cognitivas. São elas que potencializam e aprofundam o aprendizado. A escola que decide trabalhar o lado socioemocional precisa mudar a sua estrutura, suas aulas. Porque esse não é um trabalho intuitivo, ele precisa ser planejado”, observa Márcia Almirall, orientadora pedagógica do Colégio Santa Maria, na zona sul de São Paulo.

No ano passado, a escola capacitou os professores para que as práticas pedagógicas fossem alteradas em sala de aula. Para os alunos do fundamental 1 (do 1º ao 5º ano), as carteiras foram alteradas para facilitar o trabalho em grupo. Os docentes também são estimulados a darem aula em locais diferentes, como no pátio ou no jardim.

“Em todas as disciplinas é possível desenvolver as habilidades socioemocionais, se nos planejarmos. Então, nas aulas de matemática, todos trabalham em grupos. Em português, fazem rodas de conversa para discutir a disciplina. Em tudo dá para trabalhar, se soubermos estimular os alunos da maneira correta”, afirma Márcia.

O ensino socioemocional foi adotado em 2015, de forma experimental, em 17 escolas da rede estadual. Para este ano, o número subiu para 145, todas com período integral e ensino fundamental 1. “Estamos consolidando a ideia de que não é possível fazer um bom trabalho sem focar nessas habilidades (socioemocionais). Com o tempo, esse projeto vai ser ampliado para todas as unidades”, diz Ghisleine Trigo, coordenadora de gestão da Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação.

Suporte

A ideia ao desenvolver habilidades socioemocionais nas crianças é dar ferramentas para que consigam lidar da melhor forma em situações de conflito e assim reduzir a vulnerabilidade dos estudantes. A escola estadual Professora Irene Ribeiro, na Vila Carrão, zona leste, foi uma das que recebeu o projeto no ano passado. Todos os professores foram capacitados para o novo modelo, aplicado em todas as disciplinas.

Elaine Carapiá, que dá aula para o 3ºano, conta que as mudanças fizeram com que o professor se tornasse uma peça menos central na sala de aula e mais um mediador para que os alunos tivessem mais espaço para tirar dúvidas e aprender com os colegas. As aulas também falam sobre os sentimentos e como lidar com eles.

“Eles vivenciam situações muito difíceis em casa que podem impactar o aprendizado. Outro dia um estudante disse que os pais estavam brigando e jogaram as alianças no lixo. O menino, de 7 anos, começou a cantar e aconselhou os pais a se acalmarem. Ele aprendeu na escola que, quando se está nervoso, é importante respirar e disse isso para os pais em um momento de conflito”, relata Elaine.

Em todo início de aula, os alunos se sentam em uma roda para falar como estão se sentindo. Segundo ela, é importante estimular as crianças a se expressarem para ganhar confiança. “Mudamos muita coisa. Não temos mais apenas uma relação entre aluno e professor, mas entre seres humanos.”

Preconceito

No colégio Pio XII, na zona oeste, os adolescentes do ensino fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) têm uma vez por semana uma aula em que são estimulados a trabalhar com as emoções e a abordar temas em que podem ter preconceitos. A disciplina utiliza dinâmicas em grupo e exercícios em que a turma conta histórias ou assiste a filmes sobre temas como a morte ou as drogas.

“Percebemos que, quando eles entendem o que sentem nas mais diversas situações, se tornam mais tolerantes, prestativos, têm mais empatia com os colegas”, afirma a psicóloga e professora Patricia Prado.

Para ela, como as crianças passam a maior parte do tempo no colégio e desenvolvem as primeiras relações sociais no ambiente escolar, é responsabilidade dos colégios não só transmitir conhecimento, mas também valores morais e éticos. “Além disso, um aluno que possa ter problemas em casa ou em se relacionar com os colegas, e não sabe como lidar com essas situações, vai ter queda no rendimento escolar.”

No colégio Eduque, na zona sul da capital, estudantes do ensino fundamental 1 também contam com aulas voltadas para essas habilidades, uma vez por semana. Com livros e histórias, os professores desencadeiam discussões sobre as emoções.

“Com repertórios leves e lúdicos, ensinamos a entender o que é sentir raiva, tristeza, solidão, felicidade. Com esse conhecimento, eles se tornam mais respeitosos e compreensivos com os colegas”, observa a coordenadora pedagógica Lucelena Martins de Souza.

Ao abordar esses temas, Lucelena considera que os docentes abrem um canal de confiança e diálogo com os alunos. “Quando eles têm um problema, sabem que podem contar para nós, que vamos ajudar. Assim, ninguém fica excluído ou sem a atenção devida.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte indicada: Brasil Post

As vantagens de duvidar de si mesmo

As vantagens de duvidar de si mesmo

É costume viver um tanto quanto inconsciente de si mesmo. Os “porquês” vão nos deixando com a infância, quando somos curiosos e perguntamos sobre tudo à nossa volta. Mas, curioso mesmo é que, mesmo nesta época curiosa da vida, nos perguntamos mais sobre às coisas à nossa volta do que sobre as coisas de si.

Já parou para pensar em como você respira diferente em certas situações? Em quais são as imagens palavras e sensações que lhe arrancam suspiros? Sobre o que atrai o seu olhar e o que o repele? Quais são seus preconceitos e afinidades? Suas reações às ações que te cerceiam e às que te invadem? Suas incertezas que te travam e as certezas que te movem ou o contrário? E os limites que te decepcionam ou aliviam?

Podemos nos iludir com a ideia de que não se questionar nunca é se aceitar como é, mas, penso mais que não se questionar nunca é ignorar a si mesmo e tornar impossível a aceitação de si. O que somos se não estamos alguém que pode vir a ser mais ou menos diferente do que foi e do que é no momento?

“O senhor… Mire e veja: O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.”

Convite do personagem de Rosa à alegria de duvidar de si, de perceber-se interminado e sempre em movimento. Duvidar de si é se dar a oportunidade de retirar-se daquilo que a si não pertence, mas que carregamos por acidente, distraídos e inocentes das cargas que nos condicionam. Por que alguns adjetivos incomodam e outros adoçam nossa percepção ao ponto de sermos capazes de nos enganar e nos tornarmos manipuláveis pelos elogiadores?

Por vezes a vaidade é tanta que transforma os seus súditos em ovelhas, e lobos sabem elogiar… – Será que precisamos daquilo que achamos que precisamos? Qual a função das coisas que fazemos e como elas nos transformam ou alimentam? Das perguntas de si cada um sabe mais, do que perguntar para encontrar o que é eu e diferenciar do que está eu.

Ter consciência que se livrar de alguns incômodos, de algumas coisas nocivas que adotamos como parte de nós, pode ser tão doloroso e delicado como tirar um bicho de pé, que se infiltra no corpo de forma tão imperceptível, que só percebemos quando está grande o suficiente para incomodar. É fato que ele sempre nos tira um pouquinho do sangue e da carne, mas é sempre menos do que a dor faz parecer que é…Parasitas e pontiagudos invasivos, as vezes carregamos apenas pelo medo da dor de se livrar deles. Carregamos com dores pequenas que crescem. Carregamos inflamações e gangrenas. Quando se dá conta do estrago pode ser que já nos tenham consumido um tanto e percamos mais do que se tivéssemos encarado a dor a tempo. É que nessa substância nossa, de ser-estar, não é tão fácil encontrar os parasitas que, diferente do bichinho do mato ou dos objetos invasivos, não são visíveis.

De tudo que nos ensinam na vida, é corriqueiro não aprendermos a conversar com a alma, com os afetos, com o corpo invisível que nos habita. Nos ensinam a não chorar, a não sofrer, a ignorar – não lidar com a dor é carrega-la e permitir que nos consuma aos poucos. É como abrandar a febre com remédio e nunca descobrir a doença que a causa até o momento da urgência.

Nossas emoções que nos ensinam a reprimir são os sintomas do algo errado, os gritos do eu escondido entre os órgãos, às vezes manifestam-se até nos órgãos, insistem em avisar, mas nos ensinam mais a não sentir, que é feio manifestar dores invisíveis. Pelo descostume não aprendemos a enxergar ou a perceber para localizar os ferrões das angústias.

Às vezes há de se ter a impressão de que aquela dorzinha, aquele incômodo, ou aquela alegria descontrolada, estão é pra todo lado, tão grandes que vão do euzinho pro mundo todo. Pior, vezes outras deliramos com a ilusão de que eles vêm é de fora. Como se livrar do que não conhecemos? Como potencializar o que não nos damos conta que vem de nós e não de outro lugar?

Não somos um todo, não somos completos, não precisamos nos completar – somos cheios de espaços, espaços que se enchem e se esvaziam, espaços que se movimentam, espaços que nos movimentam. Não somos estáticos e quem presta atenção naquela coisa do tempo que muda a gente, sabe, não somos a não ser um pouco aquilo que escolhemos guardar e crescer em nós. Pode-se até virar ao avesso.

É dessa prática de questionar-se que vem o diálogo consigo mesmo, quando como se fôssemos crianças curiosas perguntamos para esse eu quase autônomo e despercebido do nosso ser porque ele é assim ou assado, porque age desse ou daquele jeito e tal. Nesses papos despretensiosos é que podemos descobrir, por exemplo, porque em certos momentos parecemos incapazes de receber o que a vida nos oferece de bom, ou até aquilo que lutamos para ter: aquele desejo desejoso que finalmente se aproxima, mas você se afasta porque o medo da coisa acontecendo é maior… aquela oportunidade que você nunca percebe a tempo… aquela pessoa nociva que você insiste em continuar a procurar e até sofre se rejeitado por ela… é tanto da incoerência e esquisitice do que nos causamos que podemos encontrar nesses diálogos interiores cheios de “?”.

Pode-se ainda encontrar certo deleite, e perguntar-se também sobre o que é bom, sobre o que somos de melhor, e tentar entender como isso funciona para cultivar em outros lugares, para usar transformado em outras situações. O que precisamos mesmo é nos gerir inteiros, para nos darmos ao luxo de deixar desgovernar sem acidentes fatais. Reencontrar nossa “metafísica”.

É certo que não se trata de um diálogo cheio de palavras compreensíveis e frases articuladas. Muitas das respostas que encontramos são silenciosas ou puras de imagens e ruídos incompreensíveis de início. Acabamos por descobrir que não sabemos falar a nossa própria língua. É só na insistência que se descobre.

Cabe desapegar-se da ordem que aprendemos de fora e conhecer o caos de si – organizar-se constante, mudar de lugar, traduzir e criar linguagens para na nossa própria compreensão. Conhecer-se para ser dono dos próprios afetos e desafetos. Há muito pouco o que se possa fazer contra um homem que conhece bem e atualizado as próprias fraquezas e potencialidades.

Estar consciente de si, dos seus seres e estares, é deixar de ser aquele a quem os outros fazem e a vida faz, para ser aquele que faz consigo e faz com a vida – governador de si, escolhe os próprios caminhos, constrói pontes e estradas, acaba chegando onde quer ou aceita que alguns lugares, é melhor mesmo que não sejam alcançados. Ter consciência de si é que é ser livre.

8 filmes sobre autoconhecimento

8 filmes sobre autoconhecimento

Por Teresa Gouvea

Via nossa página parceira Psicologias do Brasil

Um jeito de dar uma pausa, buscar aquela paz perdida não sabemos onde, sair do comando do relógio e refletir sobre o sentido do que nos dá sentido!

1-EU MAIOR:

Traz uma reflexão contemporânea sobre autoconhecimento e busca da felicidade, por meio de entrevistas com expoentes de diferentes áreas, incluindo líderes espirituais, intelectuais, artistas e esportistas. Um filme sobre questões essenciais e universais, numa época de grandes transformações e desafios, que pedem níveis mais altos de discernimento e consciência individual.

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2-LIVRE:

Depois de anos de comportamento inconsequente, o vício em heroína e a destruição de seu casamento, Strayed (Reese Witherspoon) decide mudar. Assombrada pela lembrança de sua mãe e sem nenhuma experiência, ela sai para trilhar os milhares de quilômetros do Pacific Crest Trail totalmente sozinha.

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3-NA NATUREZA SELVAGEM:

 

Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade. Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após 2 anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.

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4-DUAS VIDAS:

Se você tivesse a chance de encontrar consigo mesmo quando tinha 8 anos de idade, será que aquela feliz criança gostaria de ver o que você se tornou quando cresceu? Em se tratando de Russ Duritz, a resposta é um ressoante “Não!”. Russ (Bruce Willis) tem sua pacata vida como um profissional bem-sucedido virada de cabeça para baixo quando, de forma mágica e inesperada, encontra Rusty, ele mesmo com apenas 8 anos (Spencer Breslin). Rusty é um doce e ligeiramente gordo menino que não fica nada feliz ao ver seus sonhos de ser um piloto de avião irem por água abaixo após conhecer sua versão adulta. Porém, o convívio de ambos irá ajudar Russ a relembrar seus sonhos de infância, para que ele possa se tornar o adulto que sonhava ser quando criança.

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5-MINHA VIDA SEM MIM:

Tendo apenas 23 anos, Ann (Sarah Polley) é mãe de duas garotinhas, Penny (Jessica Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e é casada com Don (Scott Speedman), que constrói piscinas. Ela trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar, e mora com sua família em um trailer, que fica no quintal da casa da sua mãe (Deborah Harry). Ann mantém uma distância obrigatória do pai, pois ele há dez anos está na prisão. Após passar mal, Ann descobre que tem câncer nos ovários e terá no máximo três meses de vida. Ann faz uma lista de tudo que sempre quis realizar, mas nunca teve tempo ou oportunidade. Ela começa uma trajetória em busca de seus sonhos, desejos e fantasias, mas imaginando como será a vida sem ela.

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6-MINHAS VIDAS:

Shirley MacLaine narra sua jornada rumo ao mundo interno, Shirley MacLaine sai em uma viagem de autodescoberta, em busca da ligação entre a matéria e o espírito. Ao longo do caminho, ela entra em contato com a realidade do mundo espiritual.

 

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7- COMER, REZAR, AMAR:

Liz Gilbert (Julia Roberts) tinha tudo o que uma mulher moderna deve sonhar em ter – um marido, uma casa, uma carreira bem-sucedida – ainda sim, como muitas outras pessoas, ela está perdida, confusa e em busca do que ela realmente deseja na vida. Recentemente divorciada e num momento decisivo, Gilbert sai a zona de conforto, arriscando tudo para mudar sua vida, embarcando em uma jornada ao redor do mundo que se transforma em uma busca por autoconhecimento.

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8- NÁUFRAGO:

Chuck Noland (Tom Hanks) um inspetor da Federal Express  tem por função checar vários escritórios da empresa pelo planeta, porém, em uma de suas costumeiras viagens ocorre um acidente, que o deixa preso em uma ilha completamente deserta por 4 anos. Com sua noiva (Helen Hunt) e seus amigos imaginando que ele morrera no acidente, Chuck precisa lutar para sobreviver, tanto fisicamente quanto emocionalmente, a fim de que um dia consiga retornar civilização.

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“Perigoso é viver infeliz”- Josie Conti

“Perigoso é viver infeliz”- Josie Conti
Hands up, while driving a convertible.

Por Josie Conti- psicóloga

Dirigir permite que, enquanto um percurso é trilhado, outro seja visitado. A atenção é dividida entre o automatismo do volante, as características da estrada e os pensamentos mais inusitados.

Num desses caminhos, em meio ao relevo montanhoso da região onde moro, fui visitada por uma frase de Rubem Alves “Eu cheguei onde cheguei porque tudo que planejei deu errado”.

Frase de conteúdo profundamente real, fala sobre como somos moldados pela imprevisibilidade da vida. E, no olhar sempre à frente de Rubem, constata que o fato de algo dar errado, não significa necessariamente uma consequência ruim em nossa história. Afinal, somos o que a vida fez de nós, mas também somos o que fazemos com aquilo que aconteceu. Ou seja, se não há escolhas capazes de neutralizar imprevistos, catástrofes, erros ou grandes perdas, de uma maneira ou de outra, existem escolhas que são determinantes para começarmos a nos refazer e redefinir caminhos, metas e sonhos.

Trabalhei por quase 6 anos em uma área da Psicologia chamada Saúde do Trabalhador. E, curiosamente, o que mais vi foram pessoas que , frente a um ambiente que não oferecia mais nenhuma razão para continuar, não conseguiam cortar os laços com os anos de história que as conduziram até aquele momento.

Não era incomum, por exemplo, que uma pessoa que conseguiu seu primeiro emprego como cozinheira, permanecesse trabalhando em cozinhas e áreas correlatas ao longo de toda sua vida. O mesmo acontecia com motoristas, pessoas que trabalhavam em fábricas, profissionais do serviço público e assim por diante. Entretanto, quem foi que estipulou que nossas primeiras oportunidades de trabalho têm de definir o que vamos fazer ao longo de toda uma vida?

Esse fatalismo tem criado pessoas infelizes; talvez, as mais infelizes que eu já conheci; e, por dois motivos: o primeiro é que elas realmente desenvolvem uma identidade relacionada apenas a uma área de atuação; e o segundo, porque, como nunca tentaram se arriscar, sentem-se incapazes de ter outras experiências ; acham que é tarde demais.

É por isso que, quando tudo dá errado, o que parece ser o pior momento de nossas vidas pode ser uma grande oportunidade. Nós tendemos a optar pelo conforto e se estiver tudo dando mais ou menos certo, vamos ficando. Ficamos com um casamento ruim; com um emprego ruim, mas que paga as contas; mantemos hábitos ruins. Entretanto, quando algo realmente acontece e temos que recomeçar, o novo ciclo pode ser uma oportunidade de profunda libertação, pois nos tira da zona de conforto. A destruição nos obriga a reconstruir.

Todo mundo deveria desenvolver uma atividade paralela ou ter passatempos que pudessem ser monetizados. É revigorante experimentar diferentes profissões, descobrir que temos condições para aprender e desenvolver novas habilidades e ocupações. Ninguém deveria ser definido apenas como “médico”, “motorista”, “cabeleireira”, “advogado”, “psicólogo”, “juiz”. Isso se torna excessivamente pouco, quando passa a ser o tudo de alguém.

Somos seres complexos que, ao não termos nossas potencialidades exploradas e desafiadas nos tornamos amargos, mesquinhos, esnobes, pois nos apegarmos ao pouco que já conquistamos. Precisamos acreditar que aquilo que define a nossa vida é o melhor possível; para, assim, nos sentirmos em paz. Ledo engano.

Sou à favor de mães bailarinas, motoristas que trabalham no circo, técnicos de enfermagem que também são escritores. Sou à favor de sonhos sendo realizados, do desapego ao status e à ilusão de segurança.

A vida exige que paguemos as contas, que cuidemos de nossos filhos, que cumpramos horários, mas ela nunca nos proibirá de experimentar coisas novas, se nós realmente estivermos dispostos a nos arriscar.

Casos de pessoas que mudaram de profissão e estilo de vida não faltam. Eu sou um deles.

A estabilidade é ilusória, as profissões são ilusórias. É necessário conhecer novos caminhos.

Perigoso é viver infeliz!

contioutra.com - "Perigoso é viver infeliz"- Josie Conti
Arte e frase- Josie Conti, 2014.

De olhos bem fechados

De olhos bem fechados

Com base em um manuscrito de um sonho, De Olhos bem fechados, Stanley Kubrick( 1999) aborda a questão do ciúme quando este se transforma em pesadelo para um homem leal. Ao mesmo tempo, traz à tona a questão do sexo imposto pela cultura e as diversas modalidades do mesmo até as orgias e transgressões. Até que ponto fantasiamos uma traição? A traição pode ser realizada, mas, muitas vezes, é fantasia ou até mesmo, em um sonho ela se faz presente. Por que sexo não se reprime. É instinto, é fantasia.

A questão do filme perpassa uma insuportável sensação de posse, da parte de Bill que sempre teve sua mulher como única, perfeita e linda. A relação lhes trouxe uma filha, eles têm status e poder-se-ia dizer que são um casal perfeito dentro da sociedade burguesa.

A história acontece em Nova York, no Natal. A fotografia é perfeita com as luzes natalinas sinalizando a grande festa da família.

Psicologicamente, à luz da psicologia analítica de C. G. Jung, sabe-se que todo homem tem em sua intimidade um contraponto sexual chamado Anima. Da mesma forma que as mulheres possuem o Animus, representante do seu lado masculino inconsciente.

Animus e Anima são estruturas arquetípicas, agindo como fôrmas primordiais, que norteiam nossas relações com o sexo oposto. Essas fôrmas arquetípicas vão sendo preenchidas por meio das nossas vivências e acabam sendo projetadas no mundo exterior, produzindo atrações ou repulsões a determinados tipos humanos. Daí que surgem as paixões ou os ódios incompreensíveis.

É significativo compreender que no homem a Anima é preponderantemente construída a partir da figura materna, enquanto o Animus da mulher surge das experiências masculinas de sua mãe. Com isso, a Anima fica muito mais coesa e o Animus mais polivalente e multifacetado.

Dessa diferença temos que o homem carrega dentro de si uma imagem de mulher mais idealizada e por essa razão tende a procurá-la mais insistentemente – o representante extremo e patológico dessa busca pela Anima é o personagem Dom Juan, o eterno conquistador. A mulher, por ter uma pluralidade de figuras masculinas em seu Animus, tende a ser mais adaptada e compreensiva nas relações.

Essas características fazem com que o homem tenha muita dificuldade em amar verdadeiramente mais do que uma mulher ao mesmo tempo, enquanto que as mulheres conseguem amar e serem fiéis a mais do que um homem simultaneamente, porque possuem a capacidade de amar fragmentos e aspectos de cada homem e não sua totalidade.

Por isso, os homens aprenderam a dissociar amor de sexo, usando e abusando dessa habilidade apesar de, em sua intimidade, acreditarem estar sendo fieis à mulher amada, aquela que se assemelha com a imagem da sua Anima. O que os deixa muito mais adaptados para o comportamento poligâmico.

As mulheres, por sua vez, apesar de conseguirem amar aspectos masculinos em vários homens, sexualmente, são mais fieis, por terem dificuldade de amarem aspectos iguais em homens diferentes, podendo ter atração sexual por um, atração intelectual por outro, e assim por diante.

De olhos bem fechados nos mostra esta questão psicológica dentro do casal. Quando Alice apenas conta um trecho de sua atração por outro homem, seu marido não sustenta mais a discussão e vai às ruas de Nova York em busca de aventuras amorosas.

Ele acaba chegando a um lugar poderoso, macabro e proibido em que os mascarados olham e transam com as mulheres que se oferecem. O cenário é realmente mitológico e aí temos Kubrick dando o seu melhor em matéria de estética e beleza. A questão econômica também é nítida, quando Bill quer comprar tudo e inclusive rasga uma nota no meio, mostrando que está pagando a metade de uma corrida ao taxista. Tamanho é seu desprezo ao que possui e é sua vida. Ele nega sua própria atitude e faz questão de provar sua identidade mostrando a carteira de médico em todos os lugares que passa para ter certeza de sua credibilidade. O status de médico. A prova irrefutável de que pode comprar fantasias às 2 horas da manhã sem ninguém refutar nem desconfiar de suas intenções sombrias.

A sequência mais discutida, mais controversa é a cena do ritual esplendoroso da orgia da qual Bill participa: o absoluto núcleo do tema. Ele é moralista e se sente culpado, como diz ao amigo no final, e chora ao contar para sua mulher o que fez aquela noite. Nesta cena o diretor denuncia os mitos sobre as orgias e suas consequências. É um terreno perigoso no qual Bill se envolve e é expulso. Tudo que se passa na mansão é enigmático, como se nós jamais possamos chegar a um êxtase total, como fuga ou defesa.

Voltamos, mais cedo ou mais tarde à realidade. Tememos tudo o que não entendemos, mas uma vez fascinados, nos deixamos sonhar com momentos encobertos pela própria consciência e com os olhos bem fechados.

Essa situação vem brutalizando os seres humanos deixando as mulheres com mais testosterona e, consequentemente, atuando de modo mais masculino e poligâmico. Por isso, atualmente, ambos os gêneros sexuais estão tendendo à poligamia. A meu ver essa situação é responsável pelo aumento de casos de depressão e uma infinidade de queixas e insatisfações relacionais e existenciais.

Então, no passado as mulheres tendiam mais para os relacionamentos monogâmicos, mas atualmente a poligamia e a traição são realidades presentes e iguais para ambos os sexos.

Kubrick finaliza sua excelente narrativa com a revelação do casal diante de si próprios, como se desmascarados daquela vida cotidiana e entediante, pudessem provar suas fantasias e ter a liberdade de vivê-las sem medo de trair ou machucar o outro, mas tendo plena consciência de que a traição sempre estará em nossas mentes. O amor existe até quando quisermos amar e ser amados, com todos os acidentes de percurso.

Os barulhos de fora e de dentro podem estar ocultando a nossa voz interior

Os barulhos de fora e de dentro podem estar ocultando a nossa voz interior

Quantas vezes em meio ao barulho da vida diária, nos esquecemos de escutar àquilo que vem de dentro de nós?

Buzinas de carro, crianças agitadas, o barulho nas ruas, o som ligado do rádio e da TV, a opinião alheia… uma avalanche de informações que vem de todos os lados e a todo momento.
Quando nos damos conta, estamos impregnados pelo que vem de fora, quase que abarrotados dos outros e vazios de nós mesmos.

Vemos nossa casa interna entulhada com as mais diversas quinquilharias. Nos vemos ansiosos, estressados ou deprimidos, sem nem mesmo saber porque. Transformamos nossos corpos em puros veículos que nos carregam para onde segue nosso desejo ou nosso sentimento de obrigação.

Mas, se paramos por poucos segundos e fecharmos nossos olhos, o que perceberemos é que também há um grande barulho dentro de nós. Ele pode ser representado pelos olhos que, mesmo fechados, sentem uma pressão, como se piscassem. Ou pela respiração sufocada, que pede incessante por um respirar mais profundo. Ou ainda, por um pulsar interno que invade todo o corpo, mostrando que nossos motores estão a todo vapor.

Essa pequena pausa para perceber-se pode ser essencial para a escuta do corpo e alma. Ouvir, discriminar e interpretar os barulhos de dentro nos ajudam a compreender nossos conflitos, nossas intenções e nossas necessidades. Ao nos percebermos com atenção, podemos nos perguntar por exemplo: Por que nos colocamos neste movimento atribulado em relação a vida?

Corremos em direção a algum lugar…ou na verdade corremos de algo do qual queremos fugir ou escapar? Nosso barulho oculta algum outro som que tememos ouvir? Todo esse ruído pode estar encobrindo a nossa própria voz?

Para alguns, deixar que a voz interior se manifeste pode ser amedrontador. Ela pode trazer à tona sentimentos e desejos conflitantes com o momento de vida que se está vivendo ou para o qual se deseja viver. Mas mesmo calada, essa voz teima em estremecer dentro de nós. Ela se agita nos sintomas, sussurra em nossos sonhos, esbraveja através do nosso cansaço e reluta em reivindicar um espaço para se manifestar.

Muitas vezes, percebemos essa voz como verdadeiros monstros cuspidores de fogo que nos consome as forças. Mas, é no encontro com o dragão que também temos a oportunidade de ativar o verdadeiro herói que se esconde em nosso interior: aquele que nos guia corajosamente em busca do tesouro prometido, que não se esquece do seu propósito e amadurece a cada batalha.

Nossa voz, mesmo sobre a forma de dragão enfurecido,  pode ser a nossa salvação. Ela nos conta sobre as necessidades da nossa alma, concebida para a realização. Ela nos desafia porque precisa ser reconhecida. E é bem provável que ela tenha toda razão!

Arte de capa: Sonia Koch

A eternidade é logo ali

A eternidade é logo ali

A vida é breve ou longa? Arrisco um depende. Quando eu tinha vinte anos, achava que alguém com trinta e seis era velho. Pessoas de cinquenta, então, eu acreditava que gravitavam em outro mundo. O sentimento era tão poderoso, que tudo o que os meus pais – na faixa dos quarenta – diziam, entrava por um ouvido e fugia pelo outro. Pois eu tinha certeza que comigo tudo seria diferente.

É claro que não foi. Fato que cada qual tem sua própria história e seus caminhos inéditos. Mas o essencial – tudo o que acontece dentro do coração – se repete geração a geração. Numa espécie de mantra inquebrável. De mesma forma que mamãe e papai, tive ilusões de juventude, arrogâncias de adulta, surpresas na fase madura.

Como quase todos aqueles que nasceram e envelheceram antes de mim, eu me apaixonei, desapaixonei, apaixonei novamente. Entrei vestida na piscina, andei pelada pela casa, experimentei rabo de galo, tomei coca-cola com café. Também fiz coisas impublicáveis. Disse palavras que me dão remorsos e pratiquei ações das quais não me orgulho.

Mas também guardo com carinho meus bem-feitos, minhas palavras doces, meu otimismo incorrigível. Ainda ponho fé na humanidade, ainda converso com alguns vizinhos. Também tenho o meu trabalho – e o dos outros – como um alto valor. Todavia não tirei da cabeça que estamos no mundo para trabalhar.

Sendo que a minha maior vaidade é a de ter tido, e espero continuar tendo, uma biografia comum. Não assaltei nenhum banco, não matei ninguém, não dei golpes do vigário, do bilhete premiado, da nota falsa. Não puxei o saco do chefe, nem o tapete da colega. Ao menos de maneira consciente, não humilho gente e nem maltrato animais.

Pessoa alguma me pede um autógrafo, ou quer tirar uma selfie ao meu lado. Pela manhã, vou despenteada na padoca e ninguém faz cara de estar reparando. Sou um ser livre. Um ser que transita pelos anos. O que gosto mesmo é de recolher impressões, insights, miudezas para depois escrevê-las para vocês. Meu legado é bijuteria que dura pouco, mas alegra.

Se a sorte seguir sorrindo e me presentear com mais passadas de vida, creio que uma hora vou usar bengala. Esse tempo não chega para todos. Cruzo os dedos para que chegue para mim. Já me imagino, ao lado de uma amiga querida, caminhando para a eternidade.

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