O ciúme e a inveja afetam a saúde

O ciúme e a inveja afetam a saúde

A inveja e o ciúme provocam amargura e uma energia negativa, tanto para a pessoa que os sente quanto para quem é objeto deles. São sentimentos destrutivos em ambas as direções.

Ciúme é o nome dado à ansiedade e desespero da pessoa quando suspeita a traição de seu parceiro. É um sentimento muito complexo que alguém sente na possibilidade de perder algo que é “seu”. Da mesma forma, é possível sentir ciúmes ou inveja do sucesso ou das posses das outras pessoas que gostaríamos ter.

Existem dois tipos de ciúme: o “saudável”, sentido para com o parceiro, em que se reivindica uma postura equitativa, e o “patológico”, mais conhecido como ciúme doentio. Examinaremos cada um em detalhe.

O ciúme normal. É o que uma pessoa sente, preocupada ou com medo de perder um ente querido, normalmente fundamentado em fatos, mas que pode ser facilmente resolvido através do diálogo sem partir para ações drásticas, nocivas e indesejáveis.

O ciúme patológico ou doentio. Este tipo de ciúme é geralmente sentido por pessoas emocionalmente desequilibradas, muito inseguras, que acham não merecer ser amadas sinceramente, além de serem complexadas e hostis. Este ciúme é muito destrutivo e, geralmente, sempre acaba em tragédia.

Diferenças entre os dois tipos de ciúme.

Há uma grande diferença entre estes dois tipos de ciúme. O primeiro exige transparência e respeito por parte da pessoa em questão (para uma vida plena e tranquila a dois), enquanto o outro é muito intenso, exige um total confinamento da pessoa objeto, não permite que se olhe para ninguém mais e desautoriza qualquer tipo de amizade com outras pessoas, podendo até chegar a exigir da pessoa objeto relatórios minuciosos sobre absolutamente tudo o que faz durante o dia.

Essas pessoas vivem obcecadas à procura de pistas que possam levar a descobrir a traição do ser amado, procurando em bolsos e celular, e podem até chegar a contratar detetives particulares para confirmar suas suspeitas. São geralmente muito egoístas e hostis.

A maioria das pessoas que tem este tipo de ciúme e deseja se curar deve receber um tratamento especial, uma vez que este tipo de ciúme é uma doença e como tal deve ser abordada.

A inveja: outro tipo de ciúme patológico?

Inveja pode ser muitas vezes confundida com ciúme, mas são dois sentimentos muito diferentes. Por isso, é preciso saber reconhecer as diferenças e corrigir estes comportamentos bastante prejudiciais para a saúde mental e emocional.

A diferença está principalmente em que a inveja se sente por algo ou alguém que se deseja ter, enquanto ciúme é quando se teme perder algo ou alguém que já se tem. No ambiente de trabalho, é comum ter uma combinação de ciúme patológico e inveja, o que prejudica bastante, talvez até mais que o próprio ciúme para com o parceiro.

Inveja e ciúme causam apenas amargura e uma atmosfera negativa, tanto para o emissor como para o receptor do sentimento.

As características das “pessoas invejosas” são descritas a seguir:

-Apresentam mudança no trato se temos sucessos.
-Sempre tentam destruir a nossa reputação.
-Procuram defeitos e nos criticam por tudo.
-Usam ironia e muito sarcasmo em seus comentários.
-Mostram-se indiferentes quando temos alguns êxitos.
-Consequências do ciúme e da inveja para a saúde
-Ciúme e inveja são sentimentos e emoções e, portanto, arraigados no âmago de cada pessoa que os sente, e estas pessoas nunca terão paz e muito menos serão felizes.

São sentimentos totalmente destrutivos para todos os envolvidos, afetando igualmente homens e mulheres, podendo existir casos tão aberrantes como os de agressão sem justa causa pelo invejoso.

Como evitar a inveja e o ciúme patológico?

A infância é a oportunidade de educarmos as nossas crianças, principalmente para que essas possam aprender a respeitar o próximo. Assim fazendo, elas nunca albergarão em sua alma e seu coração sentimentos de inveja ou egoísmo contra alguém.

O ciúme patológico é uma doença e um especialista deve ser consultado. Se a pessoa reconhecer que está doente, será muito mais fácil tratá-la o quanto antes, para evitar que ela cometa erros, por vezes, irreparáveis.

Fonte indicada: Melhor com Saúde

A hora de lavar os próprios pés…

A hora de lavar os próprios pés…

“…pois o sol agora eu cubro, com borboletas negras…”

Deste trecho de um poema de Ingrid Jonker, foi inspirado o título para o filme que conta a história da sua vida. Poeta sul-africana viveu, com inquietação e sensibilidade, os anos de treva da política de segregação racial do apartheid em seus país. Só por estar inserida neste contexto hostil, o retrato da sua obra e dos seus pensamentos já daria assunto de conversa pra mais de metro… Mas eu vou tomar como foco um dos pontos de angústia grande: o sentimento de culpa que, vez por outra, acompanha os seres de bom coração.

Como é difícil, tantas vezes, a gente se perdoar…

Motivados por abortos espontâneos ou não de vida ou de sonho, partos induzidos para terras de além dor e além mar de rosas – que tem muitos espinhos… Por uma questão de circunstância inscrita ou de decisão possível, do imediato e do imponderável, muitas horas  acabamos por acreditar em uma perspectiva distorcida de nós mesmos. E seguimos carregando penas pesadas demais. Nem sempre nossas.

Existem situações nesta vida em que podemos até parecer os autores, mas na verdade somos personagens, vítimas do meio ou perdidos ao acaso. Humanos… Momentos que podem nos levar a duvidar se somos pessoas boas o suficiente para merecer o amor. E o pior é que partimos para a ação, carrascos de nós mesmos, sabotando qualquer sombra de qualquer  gozo. Atropelamento e fuga de toda possibilidade de ser feliz.

Na prática, vamos magoando os que mais gostamos, minamos os afetos, disfarçamos o querer bem. Passamos a acreditar que crianças más não vão para o céu, quiçá para lua de mel!…  A idéia de que ser amado não é para nós se torna tão obvia, que chega a assustar se assim não for . Vamos nos  enredando em um ciclo de outras mágoas e novas culpas… até que chega um dia em que ou a gente se liberta, ou os nossos abismos nos consomem.  Aí já era… sem nem ter sido!

Certa vez em um encontro de um grupo de jovens, foi feita uma dinâmica do lava pés… Entraram todos em uma sala onde, no centro, haviam bacias com água… a proposta era que cada um pegasse uma bacia e fosse até alguém que o tivesse magoado de alguma maneira e lhe oferecesse o perdão,  lavando-lhe os pés… a certa altura uma moça foi até o meio da sala, assentou ao lado de uma das bacias e começou a lavar os próprios pés… A força daquela imagem foi transformadora praqueles meninos, e se prestou mais a reflexão do que qualquer ensinamento dito.

Ninguém disse que viver não machuca. Todo mundo em algum momento, ora felizmente fugaz para uns ora dolorosamente arrastado para outros, é o vilão da própria existência e desacredita de si. É preciso estar atento e forte e nessas horas marcar um encontro consigo, por algumas cartas na mesa do escritório, da sala ou do bar e se perguntar de onde vem o vício  de não se permitir, se auto sabotar ou simplesmente fugir… e perdoar.

Perdão é sempre a palavra, o caminho e o recomeço. Se perdoar o outro já deixa mais leve, perdoar a si mesmo pode fazer voar!

Vamos com zelo e olhar doce. E que antes de tudo a gente tem que se empodere da gente mesmo…

Eu fico aqui com o Caetano que me diz que tudo é perigoso, mas é divino e maravilhoso.

::: Borboletas Negras é um filme de 2011 dirigido pela holandesa  Paula Van der Oest contando a história de uma mulher, poeta maldita e libertária, que teve um poema lido em voz alta por Nelson Mandela no seu discurso de posse durante o primeiro parlamento democrático da África do Sul. Ingrid Jonker, interpretada com muita verdade por Carice van Houten, passeia entre as paixões laceradas, o sexo compulsivo, as lutas sociais, a rejeição paterna, o caos amoroso, as opiniões vigorosas… enfim uma mulher daquelas que orgulham em gênero, acrescentam em número e com um grau de tortura transfigurada em palavras escritas na alma, na carne e pelas paredes. Loucura da melhor qualidade. :::

Não se contente com migalhas!

Não se contente com migalhas!

Por Cristina Souza

Assim como Cazuza, queremos a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, queremos sempre todo amor que tiver nessa vida. Essa fome de amar faz o coração clamar todos, todos os dias, faminto. Por vezes austero, o pobre sofre nesse mundo de sabores amargos escondidos em frutas que parecem doces. No meio de tanta fome, alguém oferece migalhas – e nessa de não ter nada para se abastecer, por que, então, não pegamos dessa vez só um pouquinho do sentimento que está ali no prato, de canto?

As migalhas dormidas do teu pão, raspas e restos para o poeta, interessam. Mas não! Por mais que a gente esteja faminto, por mais que cutuque no âmago do coração, não devemos aceitar as migalhas que diversas vezes nos são oferecidas. Elas não matam a fome: é bem pior, você sente o sabor, acha que pode ter mais e mais, exige isso, quer se alimentar, quer ser farto, quer se encher de amor até transbordar, mas isso não acontece – e veja só, de quem é a culpa da frustração que vem logo depois? Sua, que sabia que tinham somente raspas e restos e foi no embalo. Fome tem dessas coisas.

Ah, mas a gente só se vê quando já se fez faminto desse vazio que a gente mesmo escolheu comer – como diz a música do Castello Branco – então, de que vale ficar se alimentando de nada? Ninguém mata a sede com um pingo de água, ninguém sobrevive com um pingo de amor, mas eu vejo tanto por aí quem tenta, insiste em tirar mais dessa fonte seca, só porque acha que merece isso. Vejo gente aceitando mentiras (que nunca são sinceras), aceitando o que outrora enchia a boca pra falar que era inaceitável, fazendo dieta forçada só para estar na moda de não estar sozinho, gente minguando todos os dias porque não vai atrás de um sentimento que faça crescer. Porque tem medo, medo de ficar sozinho, medo de esperar para alimentar-se fartamente.

Quantas pessoas você conhece que dizem que está tudo, tudo bem, que não querem nada sério também, que entendem que se deve esperar, quando na verdade querem sim algo concreto, completo, querem abraços, beijos, querem o sim, querem o agora? Eu conheço várias. Até quando você terá que anular as suas vontades por conta do medo de perder o outro que, veja só, nem está lá? Você quer prato, prato cheio, quer comida fresca, quer se embriagar, quer se jogar, mas diz que não – prato cheio anda meio deselegante, dizem que é feio comer até matar a fome. Feio é passar fome, feio é dizer não quando se quer dizer sim, feio é aceitar migalhas dormidas, secas e vazias.

Eu, que tenho fome – sou faminta e como muito, muito mesmo – já aceitei migalhas. E no fim do dia me restava o ronco vazio do meu estômago misturado com o coração seco do amor que não me preencheu. Eu já não posso mais, já não aceito mais. E você?

Fonte indicada: Obvious

Por que em casa de ferreiro o espeto é de pau?

Por que em casa de ferreiro o espeto é de pau?

Todos nós já ouvimos esses velhos e conhecidos ditados: “em casa de ferreiro o espeto é de pau” ou “santo de casa não faz milagre”. Tais ditos populares deixam claro o pensamento do senso comum de que dificilmente as habilidades profissionais que uma pessoa dispõe conseguem ser colocadas em prática de maneira eficiente quando levadas para dentro do círculo familiar ou até mesmo quando estão diretamente envolvidos nos próprios problemas.

Entre psicólogos, por exemplo, é comum termos dificuldade de ajudar nossos próprios familiares quando estes estão passando por problemas psíquicos e comportamentais diversos. Todo nosso conhecimento não surte o menor efeito, ou então, não somos levados à sério pelos membros da família.

Em relação a nossa própria personalidade também possuímos pontos cegos, cometemos erros e precisamos igualmente de ajuda quando não conseguimos avançar sozinhos no nosso caminho de realização pessoal. Isto é, até mesmo os profissionais que são especializados no comportamento humano, precisam compreender a sua própria humanidade!

Outra questão que é bastante comum ouvirmos no consultório é de que a mudança só começou a acontecer depois que a pessoa começou a fazer terapia, mesmo que outras pessoas já tivessem trazido o problema à tona ou dado conselhos úteis a quem apresentava-se em sofrimento e sem saber o que fazer.

O senso comum traz uma sabedoria que, muitas vezes, remete a uma questão de ordem psicológica e comportamental que merece a nossa atenção. Pois, afinal de contas, pode haver alguma explicação para não sermos ferreiros ou milagreiros em nossos próprios territórios?

Quando abordamos esse fenômeno por meio dos conhecimentos da psicologia junguiana conseguimos encontrar alguns elementos que nos ajudam a compreender esse efeito.

Primeiramente, precisamos entender como se processam os relacionamentos. Neste sentido, qualquer relação que construímos envolverá uma complexa dinâmica afetiva e emocional, que advém de conteúdos conscientes e inconscientes que acabam sendo projetados sobre a outra pessoa. Este podem ser pensamentos, ideias, sentimentos, imagens que fazemos do outro e que pode ter uma base “pessoal” ou “coletiva”. Ou seja, há àqueles conteúdos que foram construídos a partir da nossa história e experiência, mas há também os que são produtos da nossa natureza humana, sendo comuns em todos os indivíduos. Estes últimos são chamados de arquétipos.

Como afirma Jung, “há tantos arquétipos quantas situações típicas na vida”. Toda a psique repousa numa base arquetípica da qual emergem os mais diversos comportamentos humanos. Apesar do arquétipo em si não ser algo visível, sua manifestação pode ser evidenciada através das repetições de padrões e semelhanças que encontramos nas vivências humanas.

Nos relacionamentos em geral é comum que nos comportemos conforme a manifestação de determinados padrões arquetípicos. E mesmo podendo haver uma variedade de relações arquetípicas ocorrendo numa mesma relação, há sempre uma dinâmica que irá prevalecer.

Numa situação familiar, por exemplo, iremos ter relações marcadas por situações bastantes típicas entre pai / filho (a); mãe / filha (o); irmão (ã) / irmã (o); avô (ó) / neto (a); esposa / esposo.

Fora do ambiente familiar teremos outras como: bem-amado / bem-amada; amigo (a) / amigo (a); mestre / discípulo; profeta / adepto; divindade / ser humano; médico / paciente; curador / ferido; etc.

Esses padrões, vão, portanto, se modelando conforme as características da relação que se estabelece. E, quando estamos no berço da nossa família, os padrões de relacionamento que irão se sobrepor são aqueles que fazem parte das próprias dinâmicas familiares.

Um filho, por exemplo, se relacionará com sua mãe dentro desta base de relacionamento familiar e projetará sobre ela suas idealizações, que podem estar ligadas a proteção e cuidado. Por outro lado, a mãe, quando olhar para o rapaz, também o verá através da imagem de filho, cabendo ali toda a gama das representações que ele tiver para ela.

Tal padrão dará o tom do relacionamento para ambos, conforme a história de vida de cada um e do desenrolar dos acontecimentos. Um dia esse filho cresce, se desenvolve a partir das relações com o ambiente escolar, profissional e social. Se forma numa profissão e ganha reconhecimento dentro da sua carreira específica. Em outras relações, conseguirá ser bem-sucedido, pois nela estabelecerá outros padrões de relacionamento que contribuirão para tal. Ou seja, se ele for um professor, quando em sala de aula, estabelecerá com seus alunos um padrão de relacionamento que ativará a dinâmica do mestre e aprendiz. A relação fluirá na direção da garantia do aprendizado e na troca no que equivale a esse modelo de relação.

Mas quando estiver em sua casa, continuará a ser visto por sua mãe através da lente de “filho” e esta dinâmica irá se sobrepor a imagem do mestre que funciona naturalmente na sala de aula. E como a relação mestre-aprendiz não consegue ser ativada dentro da relação mãe e filho, o seu espeto torna-se irremediavelmente de pau. Ele não conseguirá sucesso, se a dinâmica da relação não for ajustada. Se ambos os pares da relação não ampliarem seu olhar sobre o outro. Se o filho não conseguir ver em sua mãe uma aprendiz e se a mãe não conseguir enxergar no filho um mestre.

O exemplo citado acima é válido para qualquer outro padrão de relacionamento familiar que se estabelece e que, muitas vezes, permanece fixado e idealizado apesar da passagem do tempo e dos processos de crescimento e amadurecimento que cada membro da família conquista fora do ambiente familiar.

Portanto, a grande questão é: o ferreiro não terá sucesso se não for visto e reconhecido como tal!

Sobre a aversão à diferença, o racismo e a xenofobia

Sobre a aversão à diferença, o racismo e a xenofobia

Por João Carlos Viegas

Por estranho que pareça abordar o racismo e a xenofobia a partir do momento do nascimento, é assim que farei. O nascimento biológico e o nascimento psicológico, como é sabido, são processos de natureza imbricada mas distinta, sendo que o primeiro não coincide temporalmente com o segundo.

Efetivamente, o corte do cordão umbilical, que assinala o momento da separação biológica total, não coincide com o sentimento de existir em estado separado dos objetos do meio externo circundante, no seio do qual se destaca necessariamente o objeto materno, em relação ao qual a separação biológica acabou de suceder.

De facto, o nascimento biológico introduz uma fase de relação simbiótica inaugurada por um estado inicial e transitório de indiferenciação sujeito-objeto. Funda-se aqui, neste ambiente indiferenciado, a omnipotência narcísica primária, bem ilustrada no sentimento de que o seio se encontra sob o controle mágico e omnipotente do sujeito, pois surge sempre que ele o quer, sempre que dele necessita, na sua continuidade psíquica, indiferenciado da sua vontade.

Contudo, rumo a um estado de diferenciação para o qual aponta, como se sabe, o desenvolvimento dito normal, esta omnipotência narcísica de base será permanentemente perturbada e questionada por pequenas ameaças de perda, gradualmente introduzidas em proporções toleráveis, no contexto de uma relação de amor que propiciará a segurança necessária para aceitar, sem tensões excessivamente perturbadoras, o impacto dessas frustrações e o almejado estado se separação ulterior.

Na verdade, certo é que nenhum de nós aceita de animo leve o culminar deste processo de perda, ainda que lento e gradual, da omnipotência narcísica primária. A já tardia angustia do oitavo mês, também chamada angústia do estranho, momento em que a criança começa a reagir mal a todos os objetos estranhos, recusando o contacto com eles, assinala bem a força das resistências com que aceitamos tal perda.

Esta angústia coincide pois com a aquisição da capacidade de perceber o objeto (a mãe) como separado de si e claramente distinto dos restantes objetos do meio, que então passam a ser sentidos como diferentes, estranhos e ameaçadores, prenúncio de não-mãe, prenuncio de perda-separação, qual omnipotência narcísica. Emerge aqui, portanto, pela primeira vez no mundo psíquico da criança, a aversão ao diferente (ao estranho), sentido como inquietante e mesmo ameaçador.

O que é estranho e diferente é mau, eis aqui o protótipo ou substrato precoce e fundamental dos sentimentos de aversão à diferença e, portanto, dos sentimentos rácicos e xenofóbicos. A educação aliada aos condimentos culturais de cada sociedade, permitirá depois a reorganização mental desta posição, que pode percorrer um espectro que vai desde a sua neutralização, até às configurações mais radicais e fundamentalistas, que então atribuem ao maniqueísmo inicial (do diferente vem o mal, do familiar vem o bem), um carácter verdadeiramente moral, quase sempre religioso.

Mas compreendemos também que a neutralização deste medo (ou aversão) e a integração desta visão clivada e maniqueísta do mundo, pressuposta na equação simbólica diferente = mau, depende fundamentalmente da possibilidade de, paralelamente à percepção da diferença, sempre sentida como inquietante e em algum grau ameaçadora, o amor do objeto poder ser sentido e interiorizado como absolutamente seguro e incondicional, portanto, persistente, resistente, nunca estando ameaçado; venha então o diferente, o estranho e o desconhecido, com os quais o sujeito poderá vir a ter uma relação tranquila, pacífica, saudável e prazerosa.

Mas, pela parte que nos toca, para falarmos de nós ocidentais, vivemos presentemente em sociedades sustidas em berçários traumatizantes e embutidas de objetos de amor estafados, acorrentados a tarefas ingratas, emocionalmente desgastados e marcadamente indisponíveis, qual incondicionaldade do investimento do objeto de amor.

Neste contexto geral, aqui superficialmente abordado, o processo de perda-separação e diferenciação a que anteriormente aludi, tende então a ser perturbado, não por pequenos sentimentos de perda, gradualmente introduzidos em proporções toleráveis, mas sim por verdadeiros atentados traumáticos à necessária homeoestase psíquica, que deveria ser propiciada pela estabilidade da relação e pela disponibilidade incondicional do investimento amoroso.

Portanto, o processo em questão passa a ser perturbado por verdadeiros atentados à omnipotência narcísica de base, então sentida como perdida de modo abrupto e destrutivo. Eis que a aversão à diferença assume agora as repercussões do ódio — O ódio ao outro, ameaçador porque diferente, estranho e desconhecido (não familiar), prenúncio de separação, de não-objeto, presença que teimará em reativar no futuro a revivescência projetiva dos traços mnésicos da perda vivida como uma rutura brusca e destrutiva.

Efetivamente, uma grande parte de nós sai do colo em muito más condições para aceitar e integrar pacificamente o mundo de diferenças em que todos vivemos. Mal preparados, para muitos entre nós o diferente (o estranho) será sempre sentido como uma presença intrusiva que ameaça e atenta contra a integridade psíquica.

Os grupos fundamentalistas que recrutam entre nós e tanto nos preocupam hoje, cujo fanatismo religioso é cultivado em torno do substrato inicial desta aversão à diferença, não encontram na miséria social o seu nincho de recrutamento, como por vezes se diz, encontram-no sim na vulnerabilidade narcísica traduzida ainda na ânsia do reencontro com o igual, o duplo indiferenciado, a omnipotência narcísica perdida: a religiosidade intrínseca, a conexão ao sublime-divino. Omnipotência narcísica esta, perdida mas nunca aceite como tal, dado o embate destrutivo, sobre a imaturidade funcional e afetiva do psiquismo do sujeito, do modo como foi proposta.

Quando o assunto é amor, um bom começo pode impedir o fim

Quando o assunto é amor, um bom começo pode impedir o fim

Hoje em dia tudo é muito rápido, tudo é pra já. “Não temos tempo pra mistérios”, dizem uns. “A vida passa ligeiro demais pra ficar se demorando na escolha”, alegam outros. E é por conta dessa velocidade vertiginosa que os piores acidentes envolvendo o miocárdio acabam acontecendo. Cuidado com os amores velozes.

Atualmente, basta uma fuçada rápida em qualquer rede social para temos o perfil completo: quem são, o que comem e onde vivem. Dessa forma, metade do caminho acaba sendo percorrido de maneira preguiçosa e desleixada e vamos pulando etapas que são importantes.

Durante uma conversa recente que tive com Fabrício Carpinejar, uma coisa ficou clara: é preciso cuidar. Eu sei, parece papo óbvio de poeta aluado, mas não é. O cuidado é e sempre será um elemento importante.

Cuidar do outro é ao mesmo tempo cuidar de si. É dar abertura para que outra pessoa te conheça para além da superficialidade desses tempos onde se pretende resumir a vida em míseros 140 caracteres. Ouvir, descobrir coisas mínimas a cada dia. Um segredo de cada vez. Evite a síndrome do comprador que recorre às prateleiras em busca do melhor preço em detrimento à qualidade.

Melhor: evite tratar as pessoas como se fossem produtos expostos numa prateleira de supermercado. Ao invés disso, tente lançar um olhar mais demorado sobre aquilo que te interessa, que te acende, que te toca. Não busque atalhos, busque caminhos que levem sempre mais a fundo, sempre mais adentro.

O amante velocista, espécie de Usain Bolt sem linha de chegada, não tem tempo pra conversas longas. Ele precisa correr, mesmo sem saber direito pra onde, ele corre. E a gente fica lá, com cara de paisagem, se sentindo a tartaruga reumática da relação.

A coisa é que a gente desaprendeu a esperar. Não temos mais paciência para construir alicerces e por isso a casa sempre acaba caindo. Saber esperar é virtude que anda em falta. Não estou falando de ser um Jó pós-moderno que fica com a bunda colada “no trono de um apartamento, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

Também não estou falando de se guardar. Pelo amor de Jeová dos Desertos, não é isso! A gente tem é que se dar mesmo, desde que isso não implique obrigatoriamente em um acordo pré-nupcial, juras de amor eterno e coisa e tal. Calma lá, coração.

Entender que cuidar é bem mais que juras e promessas, já é um começo. Um bom começo pode impedir o fim.

Aprenda a rir de si mesmo para cantar e dançar mesmo sob a chuva

Aprenda a rir de si mesmo para cantar e dançar mesmo sob a chuva

A vida é mesmo cheia de vicissitudes, de problemas, de pedras no caminho, parafraseando Drummond. Ao nos depararmos com essas dificuldades, muitas vezes tendemos a desistir de nossos objetivos ou acabamos nos torturando pelos fracassos. Todavia, os fracassos fazem parte da vida, bem como as dificuldades e os problemas que parecem não ser passíveis do nosso controle, de modo que uma dose de humor parece-me fundamental para permanecer na caminhada.

É preciso aprender a rir de si mesmo e levar-se menos a sério para conseguir atravessar o mar de tormentas que é a vida. Ficar preso a acontecimentos passados, assim como, guardar sentimentos negativos e feridas, somente retira a energia que nos mantêm firmes. Não se trata de estar o tempo inteiro feliz e sorrindo ou desconsiderar a importância da tristeza, como faz a ditadura da felicidade, mas antes, perceber que não existe o botão pause na vida e, assim, devemos continuar apesar das quedas que sofremos.

Em uma sociedade que cobra demais de nós, torna-se mais difícil rir de si mesmo e dos erros e fracassos que cometemos. Entretanto, devemos lembrar que somos humanos e não autômatos, de maneira que, inevitavelmente, por mais precavidos que sejamos, iremos errar e fracassar, pois a maior parte das coisas não depende unicamente dos nossos desígnios. Existem coisas que acontecem e que estão fora do nosso alcance, portanto, levar-se a sério, a ponto de culpar-se por acontecimentos para os quais nada concorremos é negativo e traz serias conseqüências para nós mesmos.

Errar é um traço da nossa humanidade e demonstra a nossa fragilidade. Podemos encará-la como algo trágico e insuperável, ou com humor, permitindo-nos rir de nós mesmo, até para que possamos digerir a situação com inteligência e retirar aprendizagens para situações futuras. Mais uma vez, não se trata de não ficar triste ou chateado com uma situação, mas de permitir-se ao erro, pois somos humanos, não perfeitos. Ademais, o crescimento emocional depende da superação das frustrações. Ficar parado no tempo sofrendo não resolve situação alguma, do mesmo modo que não nos permite crescer enquanto pessoa.

Ainda sob esse prisma, o riso também possibilita o crescimento emocional, pois ele permite que sentimentos negativos, como o ódio e o rancor, se transformem em amor e perdão e isso faz qualquer indivíduo se tornar maior, assim como nos permite prosseguir sem o peso de energias negativas que diminuem a nossa potência de ser.

Contudo, para que se possa rir do mundo, dos outros e de suas tragédias, é necessário aprender a rir de si próprio e das suas próprias tempestades. Para tanto, deve-se encarar a vida com certa leveza, a fim de que, embora continuemos conseguindo sentir o chão, aprendamos a caminhar de forma mais leve e paciente, uma vez que nem sempre o mar nos dá as ondas que queremos e, acima de tudo, quando queremos.

Aceitar-se, bem como permitir-se, são atitudes indissociáveis ao riso e ao crescimento emocional, o que nos permite continuar na estrada, ainda que nela existam pedras. Sempre que a dor pareça insuportável e o fardo pese demais, é preciso parar e descarregar as lágrimas que encharcam nosso peito. Mas, em seguida, é necessário rir para aliviar a cólera e fazer da tragédia da vida algo mais palatável e lúdico, pois a vida é uma grande incerteza, cheia de ruídos que nos amedrontam e tiram o nosso fôlego, e o riso, diante disso, é o que nos permite ter graça para demonstrar que, mesmo sob tempestades, sabemos cantar e dançar na chuva.

O que os outros vão pensar?

O que os outros vão pensar?

Desde que aprendi o que foi a inquisição passei a acreditar que tenha vindo daí o pavor que algumas pessoas têm do que o outro possa pensar ou achar ou dizer sobre si. Pequenos vilarejos desde o século XII eram visitados pelo inquisidor – autoridade da igreja católica – com o intuito de combater qualquer prática comportamental que estivesse fora dos dogmas católicos. O medo de ser condenado por qualquer deslize, má interpretação ou conduta mal vista perseguia a todos. Os vizinhos poderiam delatar qualquer coisa sob qualquer razão.

O tempo passou e as pessoas por vezes repetem formas de agir aprendidas sem questionar as razões e a real utilidade delas. Algumas mantém o mesmo pavor dos olhares da sociedade.

Eu nasci com a alma livre e desde que aprendi a falar eu questionava tudo. Meus pais não são como eu e vejo que devem ter passado maus bocados comigo. Lembro-me de minha mãe me ensinar coisas como andar sempre depilada, com as unhas feitas e vestindo uma lingerie adequada, pois, eu poderia ter um mal súbito e ser levada ao hospital ás pressas, inconsciente e os outros poderiam reparar. Sinceramente? Eu nunca me importei com isso, apesar de andar até hoje nestes moldes motivada por minha vaidade.

Minha mãe me ensinou o que aprendeu com minha avó materna: uma filha de espanhol com espírito de liderança e um poder enorme de persuasão. Elas sempre me alertavam de que deveríamos arrumar as camas imediatamente após nos levantarmos, manter sempre os banheiros em ordem e a pia da cozinha impecável porque poderia chegar uma visita, ou poderíamos ter que chamar um médico de urgência. Eu nem sequer pensava nestas catástrofes. Elas se preocupavam muito com o que os outros pudessem pensar ou dizer sobre elas. Minha mãe teve apenas uma irmã, a tia Deize; que se foi há quase vinte anos e de quem me lembro não obedecendo muita às ordens da vó Hortência e de quem quer que fosse porque a tia Deize não se importava muito com o que diziam a respeito dela. Ás vezes quando daquela mulher tão pacata e submissa, acho que no fundo o que ela tinha era a alma livre também e apesar de ser tão diferente de mim, ela não parecia se importar nada com o que dissessem sobre ela.

Da minha mãe eu herdei a vaidade, mas briguei com ela a vida toda por não dar a mínima para o que pudessem achar de mim. Se os inquisidores ainda estivessem por aí eu seria queimada na fogueira, sem sombra de dúvidas. Acredito que não vivemos sem nossa relação com o mundo. Nossa autoimagem se forma também pelo olhar da sociedade que nos rodeia visto que, até o nosso nome nós aprendemos ouvindo-o vindo da voz do outro, entretanto, o medo exacerbado da opinião alheia é escravizador. Eu percebi isso quando vi minha mãe trocar um sapato porque eu disse que não havia gostado. Com o passar dos tempos ela ganhou uma filha psicóloga que insistia para que ela escolhesse tudo sozinha e que desse “uma banana” para o que os outros dissessem. Esta técnica é um importante treino de segurança sobre nossas escolhas e de libertação do peso da opinião do outro. Nossa vontade deve ser magnânima e as nossas escolhas devem seguir o nosso comando e não o do outro. É nossa a responsabilidade de manter nas mãos as rédeas da nossa vida e conduzir a carruagem da nossa existência. Os desvios, as desistências, as escolhas por lavar ou não a louça e a decisão de trocar o sapato, a namorada ou o emprego é nossa. O nome disso é liberdade.

O outro vai continuar falando, temos o péssimo hábito de falar mais do que ouvir apesar de termos uma boca e dois ouvidos. O medo da opinião alheia talvez venha da projeção das nossas opiniões sobre os outros. Se libertar dos algozes está intimamente ligado a deixar de ser o algoz das outras pessoas. Quem tem medo do julgamento do outro é porque também julga e porque tem medo de não agradar aos olhos da sociedade. Agradar? Impossível. Acredito que o que podemos conseguir, no máximo, é agradar a nós mesmos e aos que nos tem afeto. Quando a tia Deize morreu – em 1997 – era o dia do meu aniversário e nos vinte e três anos que convivi com ela, não me lembro – nunca mesmo – de tê-la ouvido julgar alguém. Ela não tinha vaidade, não se preocupava com o que os outros pensavam apesar de ter tanto medo da minha avó quanto a minha mãe tinha, acho que tia Deize tinha mesmo a alma livre.

No mais o que pensam de mim não é problema meu.

PS; o nome da tia Deize era escrito assim mesmo, com Z.

Nem tudo que é seu está guardado

Nem tudo que é seu está guardado

Sempre estamos ansiando por obter novas conquistas e avançar nos degraus da vida, pois é assim que se obtêm avanços, é assim que o mundo se moderniza e se ressignifica continuamente. Da mesma forma, vamos então nos aprimorando, oxigenando nossas ideias, tornando-nos seres humanos mais realizados e, consequentemente, mais felizes – e é de gente feliz que o mundo anda carente, para falar a verdade.

Ensinam-nos, desde crianças, que temos que lutar por aquilo que queremos, uma vez que nada cai do céu, nada é fácil, ou seja, é preciso adotar uma postura ativa diante da vida. Ao mesmo tempo, conforme acumulamos experiências, vamos percebendo que certas conquistas parecem ter sido a nós destinadas, como se a vida generosamente nos predestinasse o que seria nosso.

Na verdade, tanto a postura extremamente competitiva, no sentido de alcançar o que se quer custe o que custar, quanto a atitude exageradamente utópica de crer que nosso destino já está traçado por forças maiores e o que tiver de ser será,virá até nós, são nocivas. Correr atrás do que se quer cegamente e aguardar sentado por generosidades do universo acabarão por nos trazer tristeza, desilusões e frustração, de uma ou de outra forma.

No afã de conquistar posições elevadas, status social, bens materiais, popularidade midiática, colocando aquilo tudo como única prioridade de vida, extrapolará as dimensões saudáveis da obstinação desejável, levando-nos, muitas vezes, a comportamentos antiéticos. Olhar somente para cima nos desvia a atenção de tudo o que já temos em nossas vidas, a ponto de negligenciarmos o amor de nossas vidas, a família, os amigos verdadeiros – e então eles se vão.

Por outro lado, adotar uma postura passiva e conformista diante da vida, agarrando-se tão somente a esperanças e expectativas de que as coisas acontecerão por si só, como se tivéssemos um destino irrevogável descortinado diante de nós, fará com que percamos chances e desperdicemos tudo o que podemos ter e ser. É preciso querer e agir para que nossos sonhos possam se concretizar, ou continuaremos no mundo dos sonhos, mesmo com os olhos abertos.

Se há um amor reservado para nós, temos que correr ao seu encontro. Se existe um emprego perfeito nos aguardando, temos que desenvolver nosso potencial interior. Se a felicidade nos quer, temos que querê-la na mesma intensidade, na mesma medida. Nós é que temos que nos dispor a ir ao encontro de tudo aquilo que nos completa, que nos define, ou nossas verdades acabarão sufocadas sob o peso da passividade, do conformismo, da espera cômoda e vazia do que poderia ter sido, mas não encontrou coragem para sê-lo.

 

Permita-se um tempo só para você

Permita-se um tempo só para você

Existe dentro de nós um lugar doce e sereno onde podemos tocar nossas mais tenras alegrias. Nele nos deixamos ouvir, nos fazemos entender, nos permitimos refletir. Nele dedilhamos as páginas dos livros que nos encantaram, as lembranças mais queridas, aquelas que marcaram a pele e o sentir. Nele voltamos para os momentos vividos no amor, na alegria de boas descobertas, na candura de canções que nos embalaram enquanto chorávamos calados nossas decepções.

Nas janelas desse nosso recôndito particular estão as paisagens mais lindas que nossos olhos tocaram, os melhores gestos, os olhares mais doces que ganhamos na vida. Está tudo que um dia teve valor para nós e que ainda tem. Estão pensamentos, canções, entes amados e bichos da infância, com suas belezas e despidos da fragilidade do tempo. Nesse reduto está tudo de bom que nos fez o que somos hoje. Em nosso mundo interior, está o nosso coração. E sempre que possível nos convém voltar a ele.

Muitas vezes, nos esquecemos quão importante é nos permitir um pouquinho de uma solidão mansa e produtiva. Quão importante são as palavras de um livro estimado, as cenas de um filme querido, a comida de um restaurante conhecido, a lembrança de um amigo. Quão tocante é passear por um museu silencioso em companhia dos próprios pensamentos. Quão confortante é reviver na memória o melhor do amor e tirar de lá forças para novamente amar.

Ter-nos como objeto do nosso amor mais cuidadoso é uma benção e não nos convém dar ouvidos aos que dizem ser egoísmo nosso separar um pedaço de tempo só para nós. Sem esses momentos particulares corremos o risco de morrermos de fome. E essa fome não é aquela que míngua o corpo, não. Essa fome é uma outra, estranha e triste, que nos permite viver até os cem anos, mas que antes disso suga, de canudinho, toda nossa animação para com a vida.

Sempre que me encontro com pessoas que sorriem com os dentes, mas que efetivamente não expressam qualquer emoção, fico sentida, pois em minha frente vejo aqueles que efetivamente já se foram. E ao lado de pessoas assim, aos poucos, também morremos.

A nossa expectativa de vida aumentou muito nas últimas décadas mas, bem poucos chegam efetivamente vivos até o final. E eu ouso dizer que esses poucos são aqueles que protegeram, com afinco, o direito de voltarem a eles sempre que possível. São os que não se deixaram apagar pelas obrigações e desventuras do viver, são os que souberam da importância desse espaço interior tão belo e particular, mantendo-o sempre arejado e bem cuidado, iluminado pelas melhores ideias e vivências, repleto de sonhos, destrancado e sedento por mais daquilo que faz o coração bater mais forte.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Quer ser feliz? Pare de ser legal com todo mundo- Fe Neute

Quer ser feliz? Pare de ser legal com todo mundo- Fe Neute

Por Fe Neute, do blog Feliz com a vida Vida

Por toda a minha vida eu me considerei uma pessoa extrovertida.

Muita gente acha que extrovertidos são aqueles que têm a habilidade de conversar com todo mundo, enquanto introvertidos são tímidos. É um pouco isso, mas não é totalmente assim.

De forma bem simplista, introvertidos são aqueles que recarregam suas energias quando estão sozinhos. Ouvem mais do que falam e, mesmo os que não são tímidos (sim, existem introvertidos que não são tímidos), depois de um certo tempo interagindo com os outros se sentem esgotados e querem se isolar.

Extrovertidos são oposto disso. Eles se sentem “energizados” quando estão com outras pessoas. São os que gostam de conversar não importa o assunto. Mais falam do que ouvem o que os outros têm a dizer e se sentem mais felizes na companhia dos outros do que sozinhos.

Quando comecei a viajar e trabalhar sozinha, eu sentia muita falta das interações diárias com as pessoas, como eu costumava ter no meu antigo trabalho, por exemplo. Sentia falta de ter sempre a opção de encontrar uma amiga para conversar depois de um dia difícil ou apenas para bater perna no parque ou no shopping, sei lá.

Outra característica é que eu sempre fui muito ativa em relação às minhas amizades. Mandava mensagens regularmente para os amigos e estava sempre planejando encontros, festinhas, jantares nos fins de semana e raramente dizia não a um convite (já falei sobre o meu FOMO, ou medo de estar perdendo algo aqui).

Ao longo desse ano eu percebi que eu tenho agido e me sentido diferente. Não foi proposital, mas alguns fatores externos acabaram sendo responsáveis por isso, como:

Falar inglês = falar menos

Por morar fora do Brasil e passar 95% do meu tempo falando inglês, eu comecei a ouvir muito mais do que falar. Para ser capaz de entender tudo o que estava acontecendo e sendo dito eu precisava prestar mais atenção do que o normal e também pensar mais antes de dizer algo. Depois de um tempo eu percebi (MEL DELS) o quanto eu falava!

Quando falamos demais, pelos menos 30% do que falamos talvez não precisasse ser dito. Além disso, estamos tirando a oportunidade de outras pessoas no grupo (muitas vezes introvertidas) falarem também e isso pode nos privar de conversas e pontos de vista interessantes sobre algum assunto por não sabermos ouvir.

Sem emprego fixo = sem vida social

Minha primeira preocupação quando comecei a trabalhar como freelancer e viver como nômade digital foi: como eu faria novos amigos sem ter um trabalho ou uma razão específica para sair de casa todos os dias?

Isso é muito difícil! A gente não faz ideia do quando a nossa vida gira em torno do trabalho ou do quanto ele é importante para a nossa vida social até sairmos desse esquema “9h às 18h“.

Eu passo basicamente a semana toda trabalhando sozinha e precisava encontrar uma alternativa. Esse foi um dos principais motivos que me fez entrar para um grupo fechado de empreendedores que vivem esse mesmo estilo de vida.

Foi esse grupo que me trouxe, pela segunda vez, a um grande evento que eles fazem todos os anos em Bangkok e foi lá que eu cheguei a uma outra conclusão…

Menos tempo para socializar = dizer mais NÃO e ser mais seletiva

A primeira vez que eu participei desse evento no ano passado meu pensamento foi: preciso conversar com o maior número de pessoas possível, já que esta é minha grande oportunidade de fazer amigos e contatos profissionais não estando todos os dias em um ambiente corporativo.

Sem exagero, eu conversei com umas 100 pessoas de todas as partes do mundo em dois dias, sendo que metade do tempo era dedicado à palestras.

Como todo mundo, eu também tinha um discurso meio pronto que falava de onde eu era, o que eu fazia antes de pedir demissão e o que eu estava fazendo atualmente. Foi ótimo, fiz vários contatos!

Muitas dessas pessoas, eu encontrei de novo quando morei no Vietnã, Hong Kong, Medellín e outros lugares onde fiquei por menos tempo. Também é verdade que, quanto mais tempo eu passava nos lugares, mais estreitas ficavam essas relações e algumas renderam boas amizades e até uns trabalhinhos.

Este ano eu estive no evento mais uma vez. Muitas das pessoas que eu conheci no ano passado estavam aqui, mas tinha quase o dobro de gente. O que eu percebi foi que, em vez de me esforçar para conhecer novas pessoas, eu naturalmente estava muito mais interessada em elevar o nível da minha amizade com aqueles que eu já conheço, gosto e não tenho tantas oportunidades para encontrar durante o ano.

Isso me fez notar que o mesmo aconteceu com os meus amigos de São Paulo. Quando visito a cidade, tenho tão pouco tempo que preciso selecionar os lugares e com quem vou estar. Percebi que muitas pessoas só estavam presentes na minha vida porque era fácil, já que eu sempre tomava a iniciativa e falava com elas.

Com a distância, acabei perdendo o contato com alguns que eu considerava melhores amigos e fortalecendo a amizade com aqueles que realmente estavam dispostos a manter o diálogo mesmo que não tão frequente ou pessoalmente como antes.

Hoje, vejo que a distância e um certo isolamento forçado foram excelentes para que eu me tornasse uma pessoa menos ansiosa (embora eu ainda seja muito), para que eu aprendesse a dizer não para aquilo que não vai ser tão importante para mim, para que eu começasse a identificar quem são meus verdadeiros amigos e passasse um tempo de muito mais qualidade com essas pessoas, principalmente quando eu estou no Brasil ou em algum outro lugar onde eles estejam.

Para muitos, isso pode parecer um comportamento egoísta, mas eu prefiro chamar de prioridade. Quero dar o melhor de mim para aqueles que realmente vão apreciar isso e não simplesmente para ser a “legalzona” e acabar tendo de fazer várias coisas que eu não estou com tanta vontade, sabe como é?

Em outras palavras o meu grande aprendizado foi: não tente ser legal dizendo SIM a tudo aquilo que você já sabe que existe a chance de ser meia-boca. Ou é COM CERTEZA ou NÃO!

Para quem quiser ler mais textos como esses Feliz com a Vida

Nem tudo é Transtorno de Deficit de Atenção

Nem tudo é Transtorno de Deficit de Atenção

As observações parecem ser unânimes acerca do comportamento da criança. A família, a escola e todas as pessoas que fazem parte do seu círculo de convivência apontam para questões preocupantes, ilustradas por queixas e constatações: a criança parece não ouvir quando lhe falam diretamente; comete erros por falta de atenção; vive perdendo objetos, brinquedos e material escolar; evita tarefas que exijam maior tempo de dedicação; distrai-se facilmente com os menores estímulos do ambiente; interrompe o que está fazendo porque é sempre atraído por algo mais interessante; esquece compromissos; parece desinteressado e desmotivado das atribuições escolares; raramente termina o que começou, mesmo que seja uma brincadeira; aparenta desânimo, ansiedade e inquietação.

É compreensível que, diante de uma criança que apresente ao menos três desses sintomas, os adultos envolvidos sintam-se preocupados. Alguma coisa parece estar errada! Em geral, esses comportamentos já vinham sendo notados desde que a criança era ainda bem pequena. No entanto, é na escola que essas características desafiadoras tomam corpo e tornam-se mais observáveis.

A rotina escolar, em geral (mesmo nas séries iniciais da pré-escola) é organizada no formato de propostas que exigem que os pequenos passem muito tempo sentados; ou, ainda, que aprendam a guardar suas inúmeras perguntas até que o professor possa atender a todos. Esse formato, no qual é o professor o líder, o centro do saber e possuidor das respostas, vai contra a natural maneira mais solta e dinâmica de funcionamento das crianças. O ideal seria que o currículo das escolas fosse pensado de forma que meninos e meninas pudessem experimentar mais, trocar mais entre si, aprofundar conhecimentos e compartilhar saberes, tendo no professor mais um parceiro; talvez o parceiro mais preparado; mas, ainda assim, um parceiro. Em espaços educacionais que respeitam as fases de desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, a ocorrência de transtornos de aprendizagem cai significativamente, assim como diminuem os comportamentos agressivos e opositores.

Ocorre que nossas crianças estão sendo apresentadas à escola, cada vez mais cedo. Ocorre também, que a maioria das escolas não está preparada para assumir esse relacionamento precoce com esses seres tão misteriosos e complexos: as crianças. O resultado? Desencontros cada vez mais frequentes entre os pequenos, as instituições educacionais e as famílias.

As estatísticas apontam para um aumento em escala crescente e contínua, no número de crianças diagnosticadas com algum tipo de transtorno envolvendo o processo de aprendizagem e sua relação com o mundo organizado do saber. O equívoco já começa no horário estabelecido para o início das aulas. Há mais de duas décadas, pediatras, psicólogos, psicopedagogos, neurologistas e neurocientistas realizam pesquisas que comprovam que “ninguém deveria estar na escola às 7 horas da manhã”.

A interrupção do sono tem efeitos danosos ao funcionamento do organismo, como um todo, especialmente as funções neurológicas que envolvem a memória, a atenção e a manutenção de esforço. Isso pode explicar a incidência, cada vez maior de baixo rendimento escolar, irritação, inquietude, ansiedade e agressividade.

Dormir o suficiente para restabelecer o corpo e a mente do esforço empenhado ao longo de um dia inteiro de atividades, é crucial para a consolidação da memória de tudo a que se foi exposto; além de promover melhores condições cognitivas e emocionais para lidar com desafios e realização de tarefas, as mais diversas. Crianças cujas necessidades de sono são respeitadas e garantidas, são mais tranquilas, criativas, atentas e aptas para resolver problemas e enfrentar desafios. O mesmo fenômeno pode ainda ser observado entre jovens e adultos, mesmo que estes apresentem recursos mais desenvolvidos para lidar com situações desconfortáveis.

Outro vilão, não menos perigoso, é o excesso de estímulos a que se expõe os meninos e meninas, sob o pretexto de otimizar o aproveitamento escolar e garantir sucesso nas etapas futuras da vida. Perigoso equívoco! Numa sociedade em que a informação chega cada vez mais rápido em nossas mãos, o acúmulo de conteúdos inúteis oferecido pela maioria das escolas, beira a insanidade.

Há ainda, infelizmente, a prevalência de aulas pouco dinâmicas, exercícios pouco desafiadores e extremamente repetitivos. Além disso, em muitos casos, o conhecimento é tratado como algo descartável; apresentam-se uma série de conceitos, com pouca – ou nenhuma – oportunidade de reflexão e; uma vez avaliados, os conceitos são substituídos por outros que, frequentemente têm pouca – ou nenhuma – relação com o que foi ensinado anteriormente.

A grande maioria das escolas parece ignorar que num mundo onde os acontecimentos podem ser conhecidos em tempo real. É indiscutível o fato de que será mais bem-sucedido, não aquele que for capaz de armazenar mais informações; mas, sim, aquele que tiver oportunidade para refletir sobre os acontecimentos, suas causas, consequências e impacto na vida de todos. Aquele que pôde desenvolver habilidades que o tornem mais competente para compreender a informação, transformá-la em algo significativo e avaliar se ela é relevante ou não. E, ainda, aquele que estiver inserido num ambiente escolar que promova a prática de situações, por meio das quais se desenvolva a habilidade de saber ouvir, relacionar aprendizagens, argumentar com lucidez e priorizar o trabalho em equipe, mais que o destaque individual.

Os diagnósticos cada vez mais frequentes de TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO, merecem um olhar mais cuidadoso. Para que se feche um parecer preciso sobre um distúrbio tão impactante no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, é fundamental que sejam feitas avaliações por uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais gabaritados para tanto. É claro que, em muitos casos, o diagnóstico procede. E, sendo assim, cabe a todos os que estiverem envolvidos com o processo de desenvolvimento da criança, assumir a sua parte e fazer o possível para ajudar a vencer os eventuais obstáculos.

Uma vez diagnosticada, a criança precisa ter respeitada sua maneira de aprender e interagir com o mundo, com o conhecimento e com as outras pessoas. É preciso compreender que o transtorno de aprendizagem é apenas um elemento que constitui a forma da criança se relacionar com o saber; o transtorno é parte dela, mas não a define. É fundamental ter empatia por seu sentimento de inadequação, e apoiá-la no enfrentamento de  inúmeras situações aflitivas a que é exposta quando não consegue corresponder às expectativas que se projetam sobre ela. Ter a confirmação da ocorrência de TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO, constitui ferramenta indispensável para exercer a maravilhosa tarefa de acompanhar os pequenos em sua trajetória e inserção nos grupos sociais. As maiores lições que podemos oferecer aqui são: flexibilidade; coerência entre discurso e atitude; compaixão e respeito às infinitas possibilidades de interagir com os desafios da vida.

15 filmes românticos que não são água-com-açúcar

15 filmes românticos que não são água-com-açúcar

Por Juliana Varella redator(a), via Guia da Semana

Todo mundo gosta de um pouco de romance, mas ninguém é obrigado a aguentar os casais que se odeiam-e-se-amam das comédias românticas, nem as longuíssimas declarações de amor de Romeu e Julieta.

Se você é desses que detesta filmes melosos, mas tem um coração romântico por trás de toda essa valentia, então esta lista é para você. Confira 15 filmes românticos que não são água-com-açúcar:

1- Ela (2013)

Ele se apaixona por ela, os dois se conhecem, se deixam conhecer, algo dá errado. Uma história romântica comum, se não fosse pelo fato de que ela é um sistema de computador, e de que ninguém nesse filme sabe exatamente o que é o amor.

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Ela (Her, Spike Jonze, EUA, 2013)

2- O Lado Bom da Vida (2012)

Os dois já amaram muito, mas perderam seus queridos de uma forma ou de outra. Ambos desenvolvem comportamentos levemente enlouquecidos para superar a dor, e é justamente isso, contra todos os julgamentos, que os acaba aproximando.

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O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, David O. Russell, EUA, 2012) Divulgação

3- Weekend (2011)

Às vezes, um encontro qualquer numa boate pode causar marcas profundas em dois amantes – mesmo que seus caminhos não se cruzem por mais de um fim de semana.

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Weekend (Andrew Haigh, Reino Unido, 2011)

4- Namorados Para Sempre (2010)

Um casal está junto há muitos anos e sabe que seu amor já foi muito intenso, mas o tempo passou e trouxe mudanças. Ela cresceu e construiu uma carreira, enquanto ele parece ter continuado no mesmo lugar. Haverá um futuro possível?

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Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Derek Cianfrance, EUA, 2010)

5- Once (2006)

Do mesmo diretor de “Mesmo Se Nada Der Certo” (2014), “Once” mostra o encontro criativo entre dois músicos – apenas pessoas comuns, pouco especiais, que nem mesmo ganham nomes no filme. Sua relação passa por altos e baixos, mas sua parceria musical se fortalece.

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Once (John Carney, Irlanda, 2006)

6- O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004)

Todo casal passa por crises, mas este decide tomar providências mais radicais, apagando da memória tudo o que passaram juntos. O problema é que as lembranças ruins vêm junto com as boas, e o sentimento tenta persistir.

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O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Michel Gondry, EUA, 2004)

7- Closer – Perto Demais (2004)

Dois casais se conhecem e se entrelaçam, revelando sentimentos múltiplos de amor, paixão, prazer, cumplicidade e curiosidade, enquanto cada personagem mostra seus segredos e seu lado sujo.

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Closer (Mike Nichols, EUA/Reino Unido, 2004)

8- Encontros e Desencontros (2003)

Um ator americano está no Japão para gravar um comercial e, durante mais uma de suas noites em claro, conhece Charlotte, a esposa de um músico que também viaja a trabalho. Mais do que se conhecerem profundamente ou se apaixonarem, o que eles fazem é compartilhar a solidão, unindo forças para enfrentarem o caos de Tóquio.

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Encontros e Desencontros (Lost in Translation, Sofia Coppola, EUA/Japão, 2003)

9- Amor à Flor da Pele (2000)

Dois vizinhos se conhecem quando desconfiam que seus respectivos parceiros os estão traindo. Mesmo descobrindo que têm muito em comum, eles renunciam ao amor, determinados a não cometerem o mesmo erro.

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Amor à Flor da Pele (Fa yeung nin wa, Wong Kar Wai, Hong Kong/França, 2000)

10- Melhor é Impossível (1997)

Marvin é um homem difícil, cheio de manias, que só não é totalmente solitário graças a seu vizinho, a quem despreza, e à garçonete Carol, que o atende apesar de sua grosseria e por quem nutre um sentimento que não quer admitir.

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Melhor É Impossível (As Good As It Gets, James L. Brooks, EUA, 1997)

11- Jerry Maguire (1996)

Jerry Maguire é um verdadeiro predador, bem-sucedido em seu trabalho como assessor de atletas. O problema é que, quando ele decide fazer a coisa certa, tudo à sua volta começa a ruir: o emprego, o casamento, as amizades. Quem permanece ao seu lado é apenas a secretária, com um filho pequeno, e um único cliente fiel.

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Jerry Maguire (Cameron Crowe, EUA, 1996)

12- Antes do Amanhecer (1995)

Primeiro de uma trilogia que levaria 18 anos para ser completada, “Antes do Amanhecer” é um estudo sobre a afinidade de duas pessoas com caminhos muito diferentes. Ao longo de uma única tarde, Jesse e Celine se conhecem e conversam, trocando intimidades que nunca imaginariam trocar com um estranho.

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Antes do Amanhecer (Before Sunrise, Richard Linklater, EUA/Áustria/Suíça, 1995)

13- True Lies (1994)

Arnold Schwarzenegger pode não ser o mais romântico dos atores de Hollywood, mas “True Lies” é um filme sobre amor. Ele interpreta um agente secreto, que vai à loucura quando começa a suspeitar que sua esposa esteja tendo um caso.

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True Lies (James Cameron, EUA, 1994)

14- Maurice (1987)

Em meio à sociedade inglesa no início do século XX, dois homens declaram seu amor um ao outro. Para não abrir mão de sua posição social, um deles desiste do romance e decide se casar com uma mulher, enquanto o outro vai atrás de sua  felicidade.

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Maurice (James Ivory, Reino Unido, 1987)

15- A Primeira Noite de Um Homem (1967)

Ben acaba de se formar no colégio, quando conhece e é seduzido pela senhora Robinson, muitos anos mais velha e casada. Quando a euforia da aventura passa, ele descobre estar apaixonado pela filha dela.

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A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate, Mike Nichols, EUA, 1967)

Tenha um amor que ensine você a esperar.

Tenha um amor que ensine você a esperar.

Pois não é que no amor, assim como tudo na vida, nem tudo acontece do jeito que a gente quer, na hora em que se quer? Não tem jeito. É preciso saber esperar.

Mas Deus é bom, o amor é lindo e lá pelas tantas, no meio de uma briga de rua, no último instante tenso de uma prova cruel, na hora mais dura da angústia, num segundo triste do fim da tarde, numa noite de insônia, alguém lá em cima mexe os pauzinhos, um anjo tropeça no outro, a lua rodopia e aqui dentro da gente acende um sentimento franco de bem querença.

Começa mansinho como alívio sutil, sinal de melhora, boa notícia, alegria acenando de longe, fagulha de sonho. Então vai crescendo desaforado, impetuoso, desinibido, espalhando feito fogo no mato seco. E desemboca numa esperança honesta: o amor está de volta!

Ele sempre vem. Para os que respeitam o tempo sagrado da espera, o amor retorna melhor do que antes. Mais forte, mais bonito, mais maduro do que quando se foi sem mais.

Volta na forma de uma promessa atendida, um pedido realizado, uma lembrança boa, um convite insuspeitado. Assim, do nada, o amor ressurge na franqueza da primeira hora do fim de semana. Na sensação do dever cumprido, no suor do serviço bem feito. Na saudade de quem partiu um dia e um dia há de voltar. O amor recomeça para quem suporta sua espera.

Saber esperá-lo não é sentar e olhar o céu para sempre, aguardar as nuvens se abrirem e o ser amado surgir escorregando no arco-íris depois da chuva. Na espera laboriosa dos amantes vive uma disposição grandiosa para o trabalho, uma decisão inflexível de levar a vida adiante. Um ímpeto certeiro de que a espera também se faz de movimento.

Aos amantes, paciência nunca foi conformismo. É o exercício de andar no caminho do tempo. É a arte de se tornar digno de bons sentimentos. De aprender a gostar de si mesmo para estender esse amor ao outro quando tiver de ser. E aos que têm a paciência do amor, o que não for agora será depois. Definitivamente, amar é a arte da espera.

Não tenhamos pressa. Tenhamos fé. O amor tarda mas não falta a quem sabe esperá-lo, a quem se mantém no caminho. Porque o amor, ahh… o amor sempre volta e nos encontra no caminho.

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