A gente tem que continuar…

A gente tem que continuar…

Algumas séries me fisgam pelas beiradas. São frases, ditas no meio de um episódio, que me levam a refletir os últimos acontecimentos de minha vida, e de repente estou apaixonada pelas personagens, feito a Teresa, de “Três Teresas”, na noite de ontem. Lá pelas tantas, a frase: “O mundo da gente começa a morrer antes da gente… e a gente tem que continuar…” _ Pronto. Foi a deixa para meu pensamento voar, entender alguns desencaixes, suportar certas partidas, colocar algumas peças no lugar.

A gente tem que continuar mesmo depois que o arroz queima, a água seca, o vinho entorna. A gente continua depois de descobrir que os defeitos pioram com a idade e as qualidades viram hábito no dia a dia. A gente tem que continuar depois do luto, da partida, da despedida, das horas frias, do caminho incerto. A gente continua e aprende a cantar “apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” para o amor que não deu certo, para as falhas recorrentes, para nós mesmos que nem sempre somos aqueles que gostaríamos de ser. Apesar de nós mesmos, de nossas fissuras e desencantos, a gente tem que continuar…

E aprendemos que ter que continuar é muito mais que traçar um caminho que justifique nossa esperança por dias melhores. É saber deixar pra trás com sabedoria, entendendo que a vida é constituída de muitas histórias, e que finalizar um capítulo não significa dar fim ao que somos.

O mundo da gente começa a morrer antes da gente, e aceitar nossa responsabilidade em deixar o mundo se modificar, se despedir ou se transformar requer coragem. Coragem de romper com modelos antigos do que fomos e assumir com maturidade novas versões _ muitas vezes melhores _ de nós mesmos.

De vez em quando nos habituamos a antigos nós. Preferimos a dificuldade do que é conhecido à facilidade de novos e perfeitos voos. Desdenhamos a felicidade como quem se empenha em ser infeliz e construímos muros a nos proteger da vida que chega trazendo ares de esperança e novidade. Preferimos nos refugiar no que é conhecido, e nem sempre melhor.

Muita esperança chega junto ao fim de ano e a promessa de novos dias, limpinhos, pra gente escrever a história da melhor maneira que puder. Talvez precisemos aprender a aceitar as novas realidades que inevitavelmente ocorrerão.
Haverá a mãe que terá que se adaptar ao fim da licença maternidade, a adolescente que verá seu namoro ruir, o homem que receberá o pedido de divórcio numa manhã aparentemente comum, a senhorinha que vai enviuvar, os pais que levarão seu menino ao aeroporto para fazer intercâmbio, a menina que verá o fim da infância num teste de gravidez, a decepção do jovem, o casamento da moça dos sonhos, o ninho vazio, as novas dores da maturidade, a traição, o recomeço, a renegociação com a vida.

Talvez seja isso. Aprender a renegociar com a vida, descobrindo que novas portas estão sendo abertas, mesmo que haja a tendência de nos fixarmos em cadeados fechados. O mundo da gente começa a morrer antes da gente, mas o futuro também guarda boas surpresas, e o que se pode chamar de “nosso mundo” não existe só no passado, mas na realidade que construímos diariamente e somente nós podemos lapidar.

A gente tem que continuar. Que os dias tragam o reconhecimento de nossos presentes, dádivas reais que permanecem além da morte de nosso mundo ou de um tempo. O que ninguém nos tira: a capacidade de nos recriarmos em qualquer tempo. A alegria de nos percebermos resistindo, apesar de tudo. A satisfação de percebermos nossa coragem. E finalmente, a paz de nos aceitarmos por inteiro.

Imagem: Via pinterest, por Edouard Boubat

Não, não deixa a vida te levar, não. Esse trabalho é teu mesmo.

Não, não deixa a vida te levar, não. Esse trabalho é teu mesmo.

Faz um favor a ti mesmo e a nós todos: assume a tua responsabilidade. Não “deixa a vida te levar”, não. Isto só funciona no samba. Nem o próprio cantor que deu fama ao chavão acredita. Ele trabalha, canta, grava, ensaia, dá entrevistas. Se deixasse mesmo que “a vida” o levasse sozinha, ficaria em casa esperando tudo cair do céu. E não é o caso.

Pensa, criatura. Se deixares “a vida” te levar, assim, feito mágica, na brisa, sem nada fazeres a respeito, ela vai levar-te, sim, mas direto, sem escalas, para o fim mais fácil e óbvio de todos: a tua morte sem mais, ora essa.

Para, mas para já, de levar fé em lugar comum, fórmula fácil, solução mágica. Tu não vais ganhar na loteria se não fizeres tuas apostas. E, cá entre nós, tem gente que faz isso toda semana, há um milhão de anos, e jamais foi sorteado. Então, facilitemos as coisas: é bem provável que tu jamais ganhes na loteria.

Sonho sem plano é tempo jogado no lixo. Tu podes sonhar, sim. É claro que podes. Mas dá aí o teu jeito de realizar o que sonhas. Pensa a respeito, encontra caminhos, investiga saídas. Na pior das hipóteses, vais perceber que sonhavas o sonho errado e vais largar o osso, partir para outra, seguir em frente.

Quem não trabalha pelo que sonha é qual cachorro correndo atrás do próprio rabo. Mas quem se deixa levar pelo vento, inerte, conformado, esperando sentado que a vida faça por ele o que ele devia fazer por ela é pior ainda: é um tronco morto boiando à deriva.

O máximo que a vida faz sozinha é existir. Pronto. Ganhaste a vida! Ela é tua. Parabéns! Agora, o resto é de tua alçada. Agradece e vai. Vai ganhá-la de fato. És tu quem deve levar a vida a algum lugar. E não o contrário!

Sê feliz e agradece, sim. Muito. Agradece por acordares de manhã. E segue teu rumo. Ao trabalho! Para de pedir a Deus o que é de teu departamento conseguir. Ele ajuda, mas tu tens de fazer a tua parte. É certo que Deus só dá o que é de teu merecimento. Ele ajuda a quem sai em busca, quem toma o leme, agarra as rédeas, aperta o passo e segue para onde quer e pode.

Não, não deixa a vida te levar, não. Isto é uma fantasia boboca e irresponsável. Só funciona no samba. Se o fizeres, vais jogar no lixo o que te foi dado de mais sagrado e valioso: a vida e a chance de levá-la adiante.

Quem espera que a vida caminhe sozinha é gente chata, enfadonha e cansativa. Vive clamando e reclamando dela. Faz de tudo, simpatia, promessa, dívida, menos o óbvio: tornar-se dono e senhor da própria vida, tomá-la pela mão e levá-la adiante.

Vai, pega tuas coisas, te apronta e sai. Leva tua vida em frente que esse trabalho é teu. Toma teu rumo. Esse trabalho é só teu.

Sou da época em que as coisas eram feitas para durar, inclusive o amor

Sou da época em que as coisas eram feitas para durar, inclusive o amor

Olhando ao nosso redor com um pouco mais de atenção, percebemos que todos parecemos estar passando pela vida sem olhar à nossa volta, sem sair de nós mesmos, de nosso mundinho egoísta e apressado. Não dispomos de tempo, tampouco de disposição, para relaxar e prestar atenção no que ocorre além de nós, no que vive lá fora, tão perto, mas tão longe.

A tecnologia avança num ritmo frenético, a ponto de tornar obsoletos produtos recém-lançados, promovendo o consumismo desenfreado de objetos que cairão em desuso dali a pouco. Tudo, aliás, parece ter duração curta: as músicas, os artistas, os eletrodomésticos, as roupas, os produtos, e, infelizmente, os sentimentos acabam entrando nesse rol material, perdendo em muito sua essência humana.

Talvez porque as pessoas confiavam mais umas nas outras, quando o mundo não era tão competitivo, ou porque se preocupavam menos com a necessidade de possuir itens que carregassem status, fato é que antigamente éramos mais amigos uns dos outros. Vizinhos conheciam-se e relacionamentos duravam, resistindo ao tempo e ao espaço, tudo isso sem internet. Os sentimentos tinham longuíssima duração, pois moravam em nós.

Hoje não se retém nada por muito tempo, nem conhecimento, nem objetos, nem convicções, muito menos pessoas. Por isso mesmo, é triste assistirmos ao vai-e-vém dos relacionamentos fugazes e superficiais, haja vista a desistência precoce do continuar lutando junto de alguém. Poucos persistem na manutenção do amor em suas vidas, desistindo tão logo surge o primeiro problema a ser enfrentado.

Uma coisa é descartar objetos, outra muito diferente é o descarte de pessoas. Sim, muitos de nós descartamos de nossas vidas, num piscar de olhos, quem não nos agrada em algum aspecto, bloqueando pessoas no Facebook e na vida. Porém, nenhum relacionamento está isento de adversidades e de discrepâncias, ou seja, caso não lutemos pelas pessoas que estão junto de nós, perderemos todas elas pelo caminho.

É preciso deixar morar em nós o amor que sentimos pelas pessoas, para que possamos nos tornar mais dispostos a ser gente, a viver além do eu, mais solidários e mais felizes, capazes de enxergar e valorizar quem está ao nosso lado com verdade. É preciso humanizar-se, sentir, compadecer-se, cultivando a gratidão junto a todos que fazem parte de nossas vidas e a tornam mais gostosa de se viver.

O mundo necessita de mais tempo longe das preocupações e atribulações diárias. As pessoas precisam parar para refletir sobre o que vêm fazendo de suas vidas e o que vêm sendo na vida de quem está ali ao lado. Sem essa reflexão contínua, vamos nos robotizando, endurecendo nossos corações e nos tornando fechados aos encontros afetivos que alimentam a nossa essência mais humana.

Viver sem cultivar o amor nem vale a pena, no final das contas. Sem amor, não teremos a chance de chegar ao fim da vida munido de lembranças doces e mágicas, que nos darão força contra a solidão. Sem praticar o amor, tudo se torna frio e insosso, porque, sem amor, sobrevive-se, mas sem viver de verdade.

Onde estão as pessoas interessantes? Tati Bernardi

Onde estão as pessoas interessantes? Tati Bernardi

Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos “fabricação em série”. Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia.

Tinha me decidido a banir a palavra “balada” da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar.

Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de “tô no meu mundo, fique no seu”. Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar “se são meus amigos, logo, devem ter amigos interessantes”. Infelizmente essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. To fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.

Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a chave do Audi to mais do que fora, baladas playbas com garotas praianas hippye-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o desejo de serem meigas com o desejo de serem manos com o desejo de serem patos) e rapazes garoto propaganda Adidas com cabelinho playmobil também to fora.

O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a melhor bunda da firma e depois choram “tristeza não tem fim, felicidade sim” no ombro do amigo, têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha super descolado só porque tirou a gravata e que fala tudo metade em inglês ao estilo “quero te levar pra casa, how does it sounds?” Foi então que descobri os muquifos eletrônicos alternativos, para dançar são uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo. To procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.

Minha mais recente descoberta foram as baladinhas também alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana, estilo bacana, papo bacana… gente tão bacana que se basta e não acha ninguém bacana. Na praia quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às baladinhas praianas. Orkut, MSN, chats… me pergunto onde foi parar a única coisa que realmente importa e é de verdade nessa vida: a tal da química. Mas então onde Meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê,… e eu? Até quando vou continuar
achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindo a mais idiota de todos?

Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.

A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?

Tatiane Bernardi Teixeira Pinto é uma publicitária paulistana, autora de quatro livros e muito conhecida no mundo virtual por seus textos, site e blog.

Você precisa aprender a deixar ir

Você precisa aprender a deixar ir

Deixar partir talvez seja o ato mais altruísta que alguém pode ter dentro de um relacionamento.

Como em tudo nessa vida, no amor também é preciso saber a hora de parar. Deixar ir talvez seja o ato mais altruísta que alguém pode ter dentro de um relacionamento. Afinal, pra que serve uma presença que lá no fundo deseja se ausentar?

Se você se acostumar a receber migalhas, é isso que terá para o resto da vida. Migalhas não alimentam ninguém. Exija mais, mereça mais. Lutar pela atenção de alguém que prefere não te enxergar é um erro. Se for pra lutar, que seja pra que você consiga enxergar melhor, a si mesma e ao mundo ao seu redor. Por isso, esqueça essa história de que o que os olhos não veem o coração não sente. Isso é só uma desculpa de gente que gosta de fechar os olhos, acreditando que assim as coisas ficarão mais fáceis.

Pessoas não são laranjas pela metade. Também não são tampas de panelas ou qualquer outra metáfora esdrúxula que se usa por aí. Elas são inteiras e quanto mais cedo você entender isso, mais cedo irá parar de tentar “se encontrar” em outro alguém. Projetar é um dos erros mais recorrentes em relacionamentos, pois quando o período de sonho passa, nem sempre o que sobra daquela projeção é o suficiente pra continuar.

Ninguém nasce um par, um par se faz através das experiências do cotidiano, das cervejas no boteco da esquina, das estórias pra dormir, das brigas por motivos banais, dos compromissos adiados, das mentiras que escolhemos não contar e das verdades doloridas. É no dia-a-dia que o milagre do bem querer se faz presente.

E mesmo depois que um par está feito, é possível que seja necessário a separação. Nada sob o sol foi feito pra durar eternamente. Pessoas vêm, pessoas vão. Afetos se renovam ou se destroçam feito casa de palha em meio a um vendaval. Não depende só de você, acredite.

É preciso fazer com que a eternidade caiba em cada minuto e cada hora em que estamos juntos de quem a gente gosta. Despedir-se e guardar o que de melhor aconteceu, os aprendizados, os xingamentos novos, os novos livros, as novas bandas, os novos hábitos. São nos pequenos atos que residem a grandeza de dividir seu tempo com alguém. Por isso, não faz sentido se desgastar quando o que você precisa é entender que deixar ir é um ato de amor maior, para nós mesmos e para o outro.

Respeitar a partida da mesma forma que apreciamos a chegada, é disso que precisamos.

Os pequenos detalhes são os que fazem a diferença

Os pequenos detalhes são os que fazem a diferença

Geralmente não somos conscientes de que o importante não são as coisas extraordinárias, e sim os detalhes cotidianos e as pessoas que nos rodeiam, até que seja tarde e sintamos falta de tudo isso.

Dez em cada dez pessoas adoram os pequenos detalhes de cada dia. Aqueles que jogar conversa fora, que brincam no BetWinner casino, aqueles que não precisam de datas importantes nem clichês e que alimentam no cotidiano uma grande lista de motivos pelos quais vale a pena seguir em frente, pelos quais devemos ser humildes e conhecer o dom de cuidar todos os dias das pessoas que amamos.

Porque são os pequenos detalhes os que causam o maior impacto, os que mostram a grandeza das pessoas e os que nos roubam enormes sorrisos. Os detalhes sempre são o mais importante, pois são o que nos faz crescer e sermos melhores a cada dia.

“No final, você se dá conta de que o mínimo detalhe é sempre o mais importante. As conversas às três da manhã, os sorrisos espontâneos, as fotos desastrosas que o fazem rir a gargalhadas, os poemas de dez palavras que lhe tiram lágrimas. Os livros que ninguém mais conhece e se tornam seus favoritos, uma flor que se põe no cabelo, um café que você toma sozinho. Isso é o que verdadeiramente vale a pena; as pequenas coisas que causam grandes emoções”. – Entre letras y cafeína –

Os pequenos detalhes são os que realmente nos apaixonam pela vida.

Os pequenos detalhes apaixonam porque fazem a diferença e dão à vida o status que lhe corresponde, pois são o reflexo da grandeza das pessoas e de nossa capacidade de amar de maneira constante e sem condições.

“Esperamos dia após dia que frases de filmes nos salvem de cair no abismo, ou que ganhemos na loteria para que sejamos milionários e possamos nos dedicar a aquilo que gostamos.”

Mas na realidade a vida nos presenteia diariamente, a cada segundo e em cada pequeno detalhe. Detalhes como nos levantarmos todos os dias e termos ao nosso lado a pessoa que amamos. Detalhes como um ataque de riso, uma conversa até as 3 horas da manhã ou a visão de um entardecer.

O que é verdadeiramente importante e nos mantém vivos é o cotidiano, mas só nos damos conta disso quando algo dá errado ou perdemos o que tínhamos. Quando algo falha, quando nos decepcionamos, também há algo que revive em nosso interior.
Porque os pequenos detalhes funcionam como avisos, como uma maneira de falar a linguagem da vida e de nos convertermos em colecionadores de momentos emocionais intensos e inesquecíveis.

Os pequenos detalhes fazem grandes momentos. Fazer dieta, ir à academia ou sermos produtivos em nosso trabalho são bons objetivos diários, mas nos esquecemos do mais importante: temos que nos converter em colecionadores de momentos emocionais.

“Porque os momentos emocionais são os que nos dão alegria diante da vida. Para nos acostumarmos a isso, podemos começar a manter um diário emocional, no qual registremos se tivemos algum momento especial em que se refletiram nossos sentimentos e emoções.”

Após alguns dias colecionando situações deste tipo, nos surpreenderá como estamos nos tornando mais atentos com nossas relações. Graças a estes esforços, iremos reforçar nossos laços com os demais, já que fazê-lo durante um tempo pode fazer uma grande diferença.

A criação de um mapa do amor também pode nos ajudar a ser mais atentos em relação às pessoas mais próximas. Nosso cérebro armazenará esta informação de tal maneira que nos sintamos mais familiarizados com os detalhes da vida dos demais.

Isso ajuda a criar relações mais felizes e estáveis, pois quanto mais conhecermos as experiências, sensações e preferências diárias dos outros, mais fácil será nos conectar emocionalmente com estas pessoas.

contioutra.com - Os pequenos detalhes são os que fazem a diferença

Que detalhes devemos destacar no mapa do amor?

A seguir iremos mostrar parte da lista que o psicólogo John Gottman nos propõe, indicando o que temos que saber na hora de elaborar este guia de pequenos detalhes do cotidiano:

• O prato preferido das pessoas especiais;
• Seus filmes, programas de televisão e livros preferidos;
• Pelo menos duas pessoas que eles admiram profundamente;
• Seus animais preferidos;
• Seu destino ideal para as férias;
• A primeira coisa que comprariam se ganhassem na loteria;
• Algo que poderíamos fazer para melhorar a relação que temos com ele ou ela;
• O que ele ou ela queria mudar em nós;
• Qual é a sua forma preferida de passar uma tarde em casa;
• Qual é a atividade na qual ele ou ela se sente mais competente;
• Quais são suas ambições secretas;
• Quais são as melhorias pessoais que ele ou ela quer realizar em sua vida;
• Quais são seus restaurantes favoritos;
• Quais são suas revistas favoritas;
• Que tipo de literatura prefere;
• Qual é o seu passatempo preferido quando está doente;
• Qual é o seu presente de aniversário ideal;
• Quais são suas tensões ou preocupações atuais;
• Qual é a sua forma preferida de conseguir nossa atenção;
• Qual é o seu sonho mais importante;
• Quais são as razões pelas quais mais se sente orgulhoso de si mesmo.

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Os homens também gostam dos pequenos detalhes.

Costumamos pensar de que os homens não se interessam pelos pequenos detalhes, que não apreciam o que é simples e sutil e que consideram que certas coisas são uma perda de tempo. Entretanto, isso não é verdade.

Por isso temos que reivindicar que eles também merecem detalhes como palavras, beijos e abraços inesperados. Os homens também esperam as surpresas, porque eles também merecem amor.

Sejam homens ou mulheres, devemos valorizar todos os dias as pessoas que temos ao nosso redor. Uma boa maneira de fazer isso é demonstrar pequenos detalhes, com cuidados e atenções especiais.

É primordial fazer com que as pessoas que amamos se sintam especiais, demonstrar que elas têm um peso fundamental em nossas vidas. Porque no cotidiano nos esquecemos de que o importante é mostrar afeto e fazer com que as pessoas que nos rodeiam entendam que são imprescindíveis para nós. É algo que, sem dúvida, mantém o amor fresco.

Imagens: Puuung.

A vida dos seus amigos não é tão incrível quanto você imagina

A vida dos seus amigos não é tão incrível quanto você imagina

Por Fernando Bumbeers 

Uma equipe de pesquisadores, liderados pela psicóloga Sarah W. Helms, chegou à conclusão que adolescentes superestimam a vida de seus amigos. Em outras palavras, eles acreditam que os amigos saem mais, namoram mais, bebem mais – todas atividades que, para os jovens, seriam associadas a pessoas mais legais.

O estudo foi realizado em duas partes. Em um primeiro momento os pesquisadores dividiram 235 alunos do ensino médio de um colégio público em quatro categorias (“atletas”, “populares”, “nerds” e “valentões” – lembrou de O Clube dos Cinco?), para saber se algum grupo achava outro mais divertido. Naturalmente, os atletas e populares foram os mais superestimados.

O método foi simples: primeiro eles perguntaram para os alunos com qual frequência eles tinham um comportamento considerado “arriscado” (como beber, fumar ou fazer sexo) e “benéfico”. Depois, perguntaram quais grupos partilham os mesmo comportamentos.

O resultado foi assustador: sempre achamos ser menos legais que nossos amigos. Por exemplo, os que não estavam no grupo dos atletas sempre achavam os atletas mais legais. Ao mesmo tempo, os atletas achavam os populares mais legais e assim sucessivamente.

A segunda parte do estudo foi feita com outros 166 alunos do nono ano de outro colégio, com renda menor e em uma zona rural dos EUA. Os pesquisadores usaram o mesmo método para descobrir quem era popular e quem não era. A diferença foi o tempo: eles repetiram as perguntas por dois anos. Concluíram que o comportamento que os adolescentes diziam ser de pessoas “legais”, como beber ou fumar, tornava-se um hábito entre eles.

A psicologia explica esse efeito como “ignorância pluralística”, um estado onde muitos membros de um grupo têm crenças erradas sobre o comportamento de outros membros, superestimando-os e sendo influenciados.

Então, não pense que seu amigo tem uma vida tão excitante assim. Ela é tão divertida – ou sem graça – quanto a sua!

Unicef lança “contos que não são de fadas” sobre crianças refugiadas

Unicef lança “contos que não são de fadas” sobre crianças refugiadas

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York, via Rádio Onu

Histórias verdadeiras de menores inspiram iniciativa global #actofhumanity, com três filmes de animação; campanha enfatiza que não importa de onde venham, cada criança tem direitos e merece uma chance.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, lançou três filmes de animação que contam histórias reais de crianças fugindo de conflitos e explicam o horror que as colocou nesta situação.

A série “Contos que Não São de Fadas”, em tradução livre, faz parte da iniciativa #actofhumanity, ou “ato de humanidade”.
Direitos.

A campanha enfatiza que crianças são crianças, não importa de onde venham, e que cada uma delas tem direitos e merece uma chance justa.

A chefe de comunicação do Unicef, Paloma Escudero, fez um alerta: “não importa aonde estejam no mundo, quando uma criança refugiada ou migrante chega a seu destino, isto é o início de uma outra jornada, não o fim do caminho”.

Atos de Humanidade

Escudero afirmou que todos os dias, em todos os lugares, pessoas estão ajudando esses menores com pequenos “atos de humanidade”. Ela ressaltou que essas ações raramente se tornam notícia, mas estão fazendo “toda a diferença do mundo” para crianças refugiadas e migrantes. Segundo a chefe de comunicação da agência, o Unicef “quer exibir esses atos de humanidade para inspirar outros e mostrar o caminho a seguir”.

Histórias

Uma das histórias que compõem a série, “Ivine e o Travesseiro”, ilustra a história verdadeira de uma menina de 14 anos. Depois de uma fuga perigosa da Síria, Ivine se estabelece em um campo de refugiados na Alemanha, onde tem outros desafios.

“Malak e o Barco” conta a história de uma menina de sete anos em um barco furado. A terceira animação descreve a história de Mustafa, um menino que após deixar sua casa, se pergunta quem sobrou para ser seu amigo.

Casa

Paloma Escudero lembrou que as histórias dessas três crianças não são incomuns. Pelo menos 65 milhões de crianças e jovens em todo o mundo estão em movimento, fugindo de conflitos, pobreza e condições climáticas extremas e “buscando uma vida mais estável e um lugar para chamar de casa”.

Redes Sociais

O Unicef quer envolver o público com mensagens nas redes sociais e pretende produzir mais animações. O pedido da agência é simples: mostre um ato de humanidade a crianças e jovens refugiados e migrantes; use a hashtag #actofhumanity para compartilhar histórias e inspirar outras pessoas.

Falar é fácil, quero ver é ouvir

Falar é fácil, quero ver é ouvir

O homem sempre pareceu sentir dificuldade em se conectar, de fato, com o outro. Essa falta de habilidade em criar laços e permitir se infectar por aquilo que está no outro demonstra aquilo que Erich Fromm chamava como a incapacidade que o homem possui para amar e isso, em grande parte, deve-se à dificuldade de ouvir e, por conseguinte, de saber se colocar no lugar do outro, isto é, ter empatia.

Hoje, mais do que nunca, possuímos ferramentas que possibilitam a conexão entre as pessoas. No entanto, paradoxalmente, estamos cada vez mais nos distanciando, de modo que a nossa “conexão” só existe enquanto o wi-fi está ligado. Isso se deve, a meu ver, ao fato de que a grande rede possibilitou que qualquer um pudesse ser protagonista e, assim, ter voz perante um sem número de pessoas presente nessa imensa rede. Ou seja, o desenvolvimento tecnológico possibilitou o aumento exponencial de vozes, mas não de ouvidos.

Esse comportamento faz com que eu me torne incapaz de absorver sequer uma frase pronunciada por uma pessoa, visto que, na minha ânsia em ser sempre o protagonista, desprezo o papel que o outro representa na minha vida. Dessa forma, se alguém me diz, por exemplo, que está sem dormir há três dias, eu digo que estou há sete; se o pai dela está doente, eu digo que o meu morreu; quando diz que está desempregada, eu digo que estou com dívidas até o pescoço. Isto é, não me importa o que o outro disse, importa-me apenas aquilo que sinto e que me incomoda.

Sendo assim, como é possível se conectar a alguém, inexistindo um diálogo? Como posso tentar entender o que entristece o outro, se sou incapaz de ouvi-lo? Essa carência do ouvir, potencializada com o desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, convalidou que o problema da empatia, de colocar-se no lugar do outro, nem de longe foi apaziguado, pelo contrário, já que os microfones estão abertos e disponíveis para todos que reverenciam seus monólogos.

A grande questão é que as pessoas não se dão conta de que falar sem um interlocutor não melhora em nada aquilo que sentem. Ou será que reações do tipo “hum, sei como é” e centenas de likes em desabafos no Facebook são suficientes para que nos sintamos ouvidos? Mas, obviamente, se queremos ser ouvidos, devemos estar dispostos a ouvir e aqui reside o cerne do problema.

Saber ouvir é extremamente trabalhoso e traz dor de cabeça, por isso, falar é fácil, ao passo que saber ouvir é uma raridade. É preciso, antes de tudo, ter a tal da empatia, palavrinha na moda, que anda na boca do povo, vejam só, mas sobre cujo significado quase ninguém ainda aprendeu. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir a sua dor, de estar disposto a se sujar para vasculhar o que há de oculto nas longitudes do outro, de ter compaixão e sentir o peso do fardo que o outro carrega.

Como andamos bem preguiçosos, poucos possuem a raridade de ouvir e, assim, caminhamos de um lado a outro do palco, falando e falando, sem interrupções ou qualquer sinal que demonstre que não estamos sozinhos e que aquilo que sentimos pode ser visto no reflexo de um olhar.

Como já disse, estar disposto a dividir as angústias que o outro carrega, colocando-se no lugar deste e tentando compreender as tormentas que o afligem, não é fácil, todavia, esse é o único modo de ser um “empata” e, consequentemente, um bom ouvinte. De se tornar alguém que é capaz de entender que, nesta terra, a vida é dura e que todos nós precisamos de um afago e de uma palavra que demonstre que aquilo que falamos não se perderá como lágrimas na chuva.

Alguém que tenha a sensibilidade necessária para permitir ser tocado por uma dor que não é sua. Alguém que tenha a coragem para elevar a sua existência além de si mesmo e mergulhar em águas profundas. Alguém que sabe a importância de ser abraçado com os olhos, quando tudo parece não fazer sentido. Alguém que sabe o quão belo é estar ligado a outra pessoa e ter ouvidos dispostos a escutar até as angústias mais silenciosas do coração de quem se ouve, pois só ao ouvir permitimos estar conectados e ter o divino se manifestando nessa ligação.

Bendita família, maldita família

Bendita família, maldita família

Há alguns dias, presenciei uma cena comovente: dois irmãos, ambos idosos, conversavam. Um deles, o mais velho, havia perdido a esposa. Mesmo que seu falecimento não tenha vindo de surpresa, já que também era idosa e já estava doente há longo tempo, o marido tinha dificuldade de aceitar o ocorrido. E esse era o teor da conversa: o irmão mais novo consolava o mais velho e tentava ajudá-lo a aceitar a morte da esposa. Em certo momento, os dois se calaram e o irmão mais velho começou a chorar, ali, à minha frente, um choro profundo e sincero. O irmão mais novo o abraçou e lá ficaram, entrelaçados por um instante. De repente, começaram a falar do passado, das brigas que tiveram, das dores de cabeça que o mais novo havia dado aos pais e de muitas outras coisas. E falaram das aventuras e dos amores vividos e de Gertrude, uma moça na qual ambos se apaixonaram na juventude e que fez com que os se tornassem rivais e não se falassem por um tempo. No desenrolar da conversa, começaram a rir das recordações e das loucuras vividas, até que o irmão mais velho olhou sério para o mais novo, colocou a mão em seu ombro e agradeceu por tudo. Marcante para mim foi quando ele disse que “sem você, meu irmão, eu não suportaria essa dor que agora sinto e não teria mais coragem de continuar”. E a resposta do irmão também foi interessante: “Somos uma família. E família existe é para isso”.

Foi uma dessas cenas que mexem com a gente. Mexeu tanto comigo que passei os últimos dias refletindo sobre o tema família, sobre o bem que ela nos faz, mas também sobre o mal e o sofrimento que ela nos pode trazer. Bendita família, maldita família…

Bendita é a família quando nos abriga e ampara, sendo uma ilha no oceano da vida, onde encontramos aconchego e solidariedade, maternidade, paternidade e irmandade. Ela é bendita quando nos abraça nos momentos difíceis, quando nos conhece bem e nos aceita como somos. E foi essa bendição familiar que me comoveu na conversa dos dois irmãos e foi ali que vi o sentido saudável e positivo da família que, sim, é para isso que existe.

Tanto faz se grande ou pequena, rica ou pobre, só com pai ou só com mãe ou mesmo sem pai e sem mãe, tanto faz a constelação: toda família é bendita quando consegue ser família de verdade, mais que uma casta ou linhagem, unida não somente pelo sangue, mas que vai além disso, servindo de plataforma para crescermos e nos fortalecermos num ambiente de amor e respeito.

Devemos nos sentir abençoados e sortudos quando temos uma família assim, que nos acolhe sem impor ou cobrar nada, que nos ama e aceita incondicionalmente, que nos dá o sentimento de não estarmos sozinhos neste mundo e que sempre nos inspira e nos dá coragem para continuar, por mais dura que seja a situação que atravessamos.

Ao ver aqueles dois irmãos tão próximos e amigos, aquela irmandade verdadeira, senti o desejo profundo de que todos nós tivéssemos essa sorte, que todos nós tivéssemos uma boa família, uma bendita família. Feliz e comovido, desejei isso de coração, mas, ao mesmo tempo, triste e pensativo, constatei que isso nem sempre é assim.

Muitos não se sentem assim abençoados, pelo contrário: sentem-se mal-aventurados, desafortunados, sozinhos nos momentos difíceis no oceano da vida por não terem uma ilha de aconchego, nem de solidariedade, nem de maternidade, nem de paternidade e muito menos de irmandade, apesar de terem uma família, uma maldita família, desunida e egoísta, que impõe e cobra, que castiga e rejeita ao invés de amparar ou, ainda pior, fica indiferente ao seu sofrimento.

Maldita é a família quando nos torna malditosos, quando nos desencoraja e faz com que nos sintamos sós, é a família que nos maltrata, que nos violenta, que não consegue ser mais que uma casta ou linhagem, que tem o mesmo sangue, mas só isso, que também nos faz crescer, mas pela dor e pela decepção e não pelo respeito e pelo amor. A família maldita não enlaça, não incentiva, não constrói, apenas destrói e inibe nosso desenvolvimento e nossa liberdade de sermos quem realmente somos.

Maldita é a família quando é conturbada, perdida em si mesma e fazendo com que nos sintamos igualmente perdidos, nos endurecendo ao invés de nos fortalecer, incutindo em nós valores errados e uma frustração que, por mais que nos libertemos, nos acompanha por toda a vida, nos deixando tristes sempre que pensamos em tudo que foi, mas não deveria ter sido, e em tudo que deveria ter sido, mas nunca foi.

Tanto faz se bendita ou maldita, não existe família perfeita. Mesmo em uma família bendita, há brigas, desentendimentos e sofrimento, mas a diferença é que nela também há apoio e resgate dos laços primeiros, enquanto que, numa família maldita, os únicos denominadores comuns são os elos biológicos e o sofrimento de todos, já que ninguém pode realmente ser feliz em uma família assim.

O problema é que não podemos escolher em que família nascemos, não podemos decidir se nossa família é bendita ou maldita, se nos faz bem ou nos faz sofrer. Ao nascermos, não podemos escolher se teremos pais que de tudo farão para que sejamos independentes, fortes e felizes ou se eles apenas se preocuparão com a própria sorte e as próprias animosidades, por mais mesquinhas que sejam. Não podemos escolher se teremos pais verdadeiros ou meros genitores e se nossos irmãos e irmãs estarão realmente ao nosso lado para o que der e vier ou se eles somente vão cobrar aquilo que poderia vir de nós.

Não, não podemos escolher. Família bendita ou maldita é questão de sorte, de destino, de onde a cegonha nos larga quando entramos neste mundo. E assim, só nos resta aceitar, com gratidão se for bendita ou com condescendência se for maldita, prosseguindo nosso caminho e levando conosco o melhor que pudermos levar do seio familiar, mesmo que esse seio seja falso, de silicone ou borracha de pneu, já que de nada adianta lutar contra o que não podemos mudar.

Quando temos a sorte de ter uma família bendita, devemos simplesmente ser gratos pelo destino ter sido complacente conosco. Já quando não temos essa sorte, o caminho é aceitar a dor de ter uma família maldita, buscando então alternativas, buscando pessoas que não tenham o mesmo sangue nosso, mas que sejam “madeira da mesma árvore” ou “farinha do mesmo saco”, que nos aceitem, nos acolham e nos fortaleçam, dando-nos o amor e o respeito que a família não pôde ou não quis nos dar.

O que você faz com o que fazem com você?!

O que você faz com o que fazem com você?!

Por VANESSA ROSSI

Começo esse texto com uma frase atribuída a Sartre que diz assim: ” Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.” Carrego essa frase no bolso. Uma verdadeira lição de vida.

Me alinho muito com esse pensamento porque todos nós passamos por arranhões e quedas na vida. Nesse filme chamado existência humana, torna-se praticamente impossível sairmos ilesos por mais que sejamos super protegidos na infância, adolescência e vida adulta. Seria o mundo um lugar cruel? Não necessariamente. Depende da formação, da personalidade e da estrutura familiar de cada um de nós. Esses são os pilares básicos para construirmos pouco a pouco a consciência necessária para nos adaptarmos as circunstancias da vida.

Ora, não desejamos certos acontecimentos para nós, no entanto eles acontecem. Uma criança órfã certamente não desejaria ser órfã, mas vítima das circunstancias, do destino, da sociedade ou da família ela é. E como lidar com isso? Como lidar com essa série de acontecimentos que nos atinge a todos, cada um de uma forma e não depende de nós escaparmos dela ou não?

Outro caso seria uma pessoa acometida com uma doença grave, cujas causas ela não procurou. Somado a esses pensamentos
dir-se-ia que somos todos vitimas? Claro que não. Mas somos obrigados a concordar que há situações chave em nossas vidas que são como acontecimentos fatais; Não depende de nós alterarmos a rota daquele acontecimento.

Mais uma vez surge a pergunta: E o que fazer mediante a isso? Cada um digere de uma forma. Uns utilizam-se da desgraça para tornarem-se pessoas ainda melhores e servirem de exemplo ao mundo de como é possível ser feliz mesmo com restrições físicas, financeiras ou emocionais. Outros utilizam-se das mesmas dificuldades para revoltarem-se contra o destino, contra as pessoas, contra Deus.

A ideia dessa reflexão não é expor como cada um deve agir perante as dificuldades da vida, mas sim uma nuance de como as pessoas reagem diferentemente diante de circunstâncias parecidas.

O que fazemos com aquilo que fazem conosco? Já paramos para pensar como nos sobressaímos em situações de mágoa, traição, inveja, ciúme, desrespeito? Claro que esses tipos de situações podemos nos esquivar, peneirando as nossas relações. Mas é impossível fugir de tudo.

Já na infância em contato com outros coleguinhas na escola percebemos o quanto as pessoas podem ser cruéis umas com as outras, seja na prática do bullying, da intolerância, do preconceito racial ou social.

Como se sobressair, para além de um divã de um psicólogo, ou consultas psiquiátricas toda a intempérie de contrariedades que sofremos todos os dias? O que fazemos com aquilo que fizeram conosco? Convido a vocês, leitores amigos, a refletirem e se possível contarem suas experiências pessoais. A incrível frase do Lacan, objetivo de nossa reflexão, me leva a correlacionar com outra frase atribuída a Fernando Pessoa:

” Pedras no caminho? Guardo todas, um dia construirei um castelo…”

E são de pedras em pedras, que vamos decidindo o que fazer com elas…

De tanto tentar “fazer a diferença”, esquecemos o quanto somos iguais

De tanto tentar “fazer a diferença”, esquecemos o quanto somos iguais

A despeito das nossas diferenças. À revelia de seus protestos. Apesar das picuinhas que nos separam, das tolices que nos jogam um contra o outro, da ilusão de pertencermos a lados opostos, ainda assim nós somos iguais.

Embora você não admita, e por isso insista na ideia tola de medirmos força, insultando um ao outro como moscas ziziando de asas presas na teia de uma aranha faminta, dá no mesmo. Você e eu somos iguais.

Enquanto o fogo se alastra, o ralo entope, a bomba estoura. Ao tempo em que confabulam, conspiram, atentam, conjuram. Durante conchavos e arranjos, complôs e conluios, quando nas sombras se arranjam manobras, embrulhos, enganos e ardis, não tem jeito. Nós seguimos iguais.

Declarem-se as guerras, explodam as crises, espalhem discursos de ódio, espirrem ofensas, alastrem os gritos, estourem as vozes, quebrem-se as caras, lasquem os ossos, chamusquem as peles! Nós ainda seremos iguais.

Separem-nos em classes, castas, guetos, cores, credos. Advoguem em causa própria, desviem dinheiro, garantam-se terras, loteiem os cargos. Isolem as minorias, elejam os escolhidos, nomeiem-se os reis, subjuguem os súditos. Aqui, entre nós, a verdade é que somos eternamente iguais.

No riso insano de quem ganha mora a dor de quem perde. Na agonia de quem cai arde a fúria de quem sobe. A vida dos que matam também parte com os que morrem. E os que morrem seguem vivos, indeléveis, sob as unhas de seu algoz. Porque ainda que você duvide, conteste, rejeite, nós somos iguais.

Não adianta. Ao fim do jogo todas as peças retornam à caixa e os placares voltam ao zero. Mesmo que você não aprove, nós estamos juntos e somos iguais.

Os que perdem e os que ganham, os que ficam e os que vão, depois de tudo seremos nada. Todos passaremos porque tudo é passagem. No fim, tanta diferença só há de provar o quanto seguimos idênticos. E que nós somos, para sempre, de qualquer sorte, apesar de tudo, nós todos somos iguais.

40 filmes para quem ama História

40 filmes para quem ama História

Lista de quarenta filmes com temas relacionados com História, para quem gosta do gênero.

Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999) – Direção: Marcello Masagão.
Um documentário sensacional. Com recortes biográficos reais para representar o século XX e toda sua efervescência. Sem seguir a típica e didática linha cronológica dos documentários tradicionais, este, além de dispensar a também típica narração, se revela um experimento totalmente original. Com uma mescla de música, citações, imagens de personalidades conhecidas e personagens até então anônimos, temos um excelente retrato do século XX, incluindo seus grandes pensadores, os dois grandes conflitos mundiais, as invenções, a mudança da presença feminina na sociedade e as diversas outras transformações que se sucederam. A maior genialidade do filme, entretanto, é saber retirar das imagens muitas histórias que geralmente passam despercebidas. É preciso ter uma visão centrada, como Marcello Masagão explicita nesse filme, para perceber que mesmo sendo muitas, as pessoas que pelo mundo passaram foram importantes para ele de alguma maneira, criando-o, inventando-o, modificando-o ou simplesmente vivendo-o. Suas histórias, mesmo enterradas, ainda existem. Em um lugar para qual todos vamos, e eles esperam por nós. Até um dia, quem sabe!

O Nome da Rosa (1986) – Direção: Jean-Jacques Annaud
Em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio.

Diários de Motocicleta (2004) – Direção: Walter Salles
Que belo filme. Che Guevara (Gael García Bernal) era um jovem estudante de Medicina que, em 1952, decide viajar pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de la Serna). Porém, quando chegam a Machu Pichu, a dupla conhece uma colônia de leprosos e passam a questionar a validade do progresso econômico da região, que privilegia apenas uma pequena parte da população.

A Guerra do Fogo (1981) – Direção: Jean-Jacques Annaud
Um dos meus prediletos. Ótimo para ser usado nas aulas de introdução à psicologia para mostrar a natureza humana primitiva. A reconstituição da pré-história, tendo como eixo a descoberta do fogo. A saga de uma tribo e seu líder, Naoh, que tenta recuperar o precioso fogo recém-descoberto e já roubado. Através dos pântanos e da neve, Naoh, encontra três outras tribos, cada uma em um estágio diferente de evolução, caminhando para a atual civilização em que vivemos.

Tempos Modernos (1939) – Direção: Charlie Chaplin
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Só vendo!

Z (1969) – Direção: Costa-Gavras
Conheça o caso Lambrakis, onde a morte de um político foi encoberta vergonhosamente por políticos e policiais, na Grécia dos anos 60. Vencedor dos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Edição, foi o primeiro filme a ser indicado também na categoria Melhor Filme.

Dawson, Ilha 10 (2009) – Direção: Miguel Littin
Dawson, Ilha 10, aborda o golpe militar que em 1973 derrubou o governo democrático de Salvador Allende e vitimou milhares de chilenos, dando início a uma das mais longas e sangrentas ditaduras da América Latina. O filme mostra o sofrimento de ministros do governo Allende que foram aprisionados em uma ilha gelada, de clima antártico, onde funcionou um campo de concentração projetado pelo criminoso nazista Walter Rauff, então refugiado no Chile.

Ivan, o Terrível – Parte I (1944) – Direção: Sergei M. Eisenstein
Em 1547, Ivan IV (1530-1584), arquiduque de Moscou, se auto-proclama o Czar de Rússia e se prepara para retomar territórios russos perdidos. Superando uma série de dificuldades e intrigas, Ivan consegue manipular as pessoas destramente e consolidar seu poder.

Alexander Nevsky (1938) – Direção: Sergei M. Eisenstein
Na Rússia do século 13, invadida por estrangeiros, o príncipe Alexander Nevsky arregimenta a população para formar um exército e conter a invasão de cavaleiros teutônicos. Baseado em fatos históricos.

Em Nome do Pai (1993) – Direção: Jim Sheridan
Em 1974, um atentado a bomba produzido pelo IRA (Exército Republicano Irlandês) mata cinco pessoas num pub de Guilford, arredores de Londres. O filme conta a história real do jovem rebelde irlandês Gerry Conlon, que junto de três amigos, é injustamente preso e condenado pelo crime. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, tenta ajudá-lo e também é condenado, mas pede ajuda à advogada Gareth Peirce, que investiga as irregularidades do caso.

Doutor Jivago (1965) – Direção: David Lean
O filme conta sobre os anos que antecederam, durante e após a Revolução Russa pela ótica de Yuri Zhivago (Omar Sharif), um médico e poeta. Enquanto Strelnikoff representa o “mal”, Yevgraf representa o “bom” elemento da Revolução Bolchevique.

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No (2012) – Direção: Pablo Larraín
História do plebiscito que, em 1988, pôs fim a uma ditadura de 15 anos imposta por Augusto Pinochet. No conta a história de René Saavedra (Gael Garcia Bernal), um exilado que volta ao chile e vai trabalhar como publicitário a serviço da campanha “Não”, que tem como objetivo influenciar o eleitorado a votar contra a permanência de Augusto Pinochet no poder durante um referendo, feito sob pressão internacional, pelo próprio ditador.

A Onda (2008) – Direção: Dennis Gansel
Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

Amém (2002) – Direção: Costa-Gavras
Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) é um oficial do Terceiro Reich que trabalhou na elaboração do Zyklon B, gás mortífero originalmente desenvolvido para a matança de animais mas usado para exterminar milhares de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Gerstein se revolta com o que testemunha e tenta informar os aliados sobre as atrocidades nos campos de concentração. Católico, busca chamar a atenção do Vaticano, mas suas denúncias são ignoradas pelo alto clero. Apenas um jovem jesuíta lhe dá ouvidos e o ajuda a organizar uma campanha para que o Papa (Marcel Iures) quebre o silêncio e se manifeste contra as violências ocorridas em nome de uma suposta supremacia racial.

O Encouraçado Potemkin (1925) – Direção: Sergei M. Eisenstein
Em 1905, na Rússia czarista, aconteceu um levante que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin, quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada, com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível. Alguns marinheiros se recusam a comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a execução deles.

A Paixão de Joana D’Arc (1928) – Direção: Carl Theodor Dreyer
França, século XV, Joana de Domrémy, filha do povo, resiste bravamente a ocupação de seu país. É presa, humilhada, torturada e interrogada de maneira impiedosa por um tribunal eclesiástico, que a levou, involuntariamente, a blasfemar. É colocada na fogueira e morre por Deus e pela França.

Persépolis (2007) – Direção: Marjane Satrapi, Vincent Paronnaud
Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) é uma garota iraniana de 8 anos, que sonha em se tornar uma profetisa para poder salvar o mundo. Querida pelos pais e adorada pela avó, Marjane acompanha os acontecimentos que levam à queda do xá em seu país, juntamente com seu regime brutal.

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Adeus, Lenin! (2003) – Direção: Wolfgang Becker
Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner (Katrin Sab) passa mal, entra em coma e fica desacordada durante os dias que marcaram o triunfo do regime capitalista. Quando ela desperta, em meados de 1990, sua cidade, Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Seu filho Alexander (Daniel Brühl), temendo que a excitação causada pelas drásticas mudanças possa lhe prejudicar a saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos.

Lawrence da Arábia (1962) – Direção: David Lean
Em 1916, em plena I Guerra Mundial, o jovem tenente do exército britânico estacionado no Cairo pede transferência para a península arábica, onde vem a ser oficial de ligação entre os rebeldes árabes e o exercito britânico, aliados contra os turcos, que desejavam anexar ao seu Império Otomano a península arábica. Lawrence, admirador confesso do deserto e do estilo de vida beduíno, oferece-se para ajudar os árabes a se libertarem dos turcos.

Glória Feita de Sangue (1957) – Direção: Stanley Kubrick
Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, Mireau (George Meeker), um general francês, ordena um ataque suicida e como nem todos os seus soldados puderam se lançar ao ataque ele exige que sua artilharia ataque as próprias trincheiras. Mas não é obedecido neste pedido absurdo, então resolve pedir o julgamento e a execução de todo o regimento por se comportar covardemente no campo de batalha e assim justificar o fracasso de sua estratégia militar.

O Último Rei da Escócia (2006) – Direção: Kevin Macdonald
O filme mostra os acontecimentos reais na Uganda durante os anos 70, quando o ditador Idi Amin (Forest Whitaker, ganhador do Globo de Ouro e ganhado Oscar por este papel) exercia seu poder. A história é narrada por meio do ponto de vista de seu médico pessoal.

Valsa com Bashir (2009) – Direção: Ari Folman
Numa noite num bar, um homem conta ao velho amigo Ari sobre um pesadelo recorrente no qual é perseguido por 26 cães alucinados. Toda noite é o mesmo número de bestas. Ambos concluem que o pesadelo tem a ver com a missão deles no exército israelense contra o Líbano, décadas atrás. Ari, no entanto, fica surpreso ao perceber que não consegue mais se lembrar de nada sobre aquele período da sua vida. Intrigado com o enígma, Ari decide se encontrar e entrevistar velhos camaradas pelo mundo. Ele tem necessidade de descobrir toda a verdade sobre aquele tempo e sobre si mesmo. E quanto mais ele se aprofunda no mistério, mais suas lembranças se tornam aterrorizantes e surreais.

A Queda – As Últimas Horas de Hitler (2004) – Direção: Oliver Hirschbiegel
Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) trabalhava como secretária de Adolf Hitler (Bruno Ganz) durante a 2ª Guerra Mundial. Ela narra os últimos dias do líder alemão, que estava confinado em um quarto de segurança máxima.

A Culpa é do Fidel! (2006) – Direção: Julie Gavras
Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a  escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.

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A Infância de Ivan (1962) – Direção: Andrei Tarkovsky
Durante a segunda Grade Guerra, os russos tentavam combater a investida nazista em seu território. Nas frentes soviéticas, Ivan, um garoto órfão de 12 anos, trabalha como um espião, podendo atravessar as fronteiras alemãs para coletar informação sem ser visto, e vive sob os cuidados de três oficiais russos. Mas, após inumeras missões, e com um desgaste físico cada vez maior, os oficiais resolvem poupar Ivan, mandando-o para a escola militar. Ganhador do Leão de Ouro em Veneza.

O Que é Isso, Companheiro? (1997) – Direção: Bruno Barreto
Em 1964, um golpe militar derruba o governo democrático brasileiro e, após alguns anos de manifestações políticas, é promulgado em dezembro de 1968 o Ato Constitucional nº 5, que nada mais era que o golpe dentro do golpe, pois acabava com a liberdade de imprensa e os direitos civis. Neste período vários estudantes abraçam a luta armada, entrando na clandestinidade, e em 1969 militantes do MR-8 elaboram um plano para sequestrar o embaixador dos Estados Unidos (Alan Arkin) para trocá-lo por prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.

Narradores de Javé (2003) – Direção: Eliane Caffé
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adota uma ousada estratégia: decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.

A Missão (1986) – Direção: Roland Joffé
No final do século XVIII Mendoza (Robert De Niro), um mercador de escravos, fica com crise de consciência por ter matado Felipe (Aidan Quinn), seu irmão, num duelo, pois Felipe se envolveu com Carlotta (Cherie Lunghi). Ela havia se apaixonado por Felipe e Mendoza não aceitou isto, pois ela tinha um relacionamento com ele. Para tentar se penitenciar Mendoza se torna um padre e se une a Gabriel (Jeremy Irons), um jesuíta bem intencionado que luta para defender os índios, mas se depara com interesses econômicos.

Danton – O Processo da Revolução (1983) – Direção: Andrzej Wajda
Na primavera de 1794, Danton (Gérard Depardieu) retorna a Paris e constata que o Comitê de Segurança, sob a incitação de Robespierre (Wojciech Pszoniak), inicia várias execuções em massa. O povo, que já passava fome, agora vive um medo constante, pois qualquer coisa que desagrade o poder é considerado um ato contra-revolucionário. Nem mesmo Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, deixa de ser acusado.

A Rainha Margot (1994) – Direção: Patrice Chéreau
No século XVI um casamento de conveniência é celebrado com o intuito de manter a paz. A união entre a católica Marguerite de Valois, a rainha Margot (Isabelle Adjani), e o nobre protestante Henri de Navarre (Daniel Auteuil) tinha como meta unir duas tendências religiosas. O objetivo do casamento foi tão político que os noivos não são obrigados a dormirem juntos. As intrigas palacianas vão culminar com a Noite de São Bartolomeu, na qual milhares de protestantes foram mortos. Após isto Margot acaba se envolvendo com um protestante que está sendo perseguido.

Tiros em Ruanda (2005) – Direção: Michael Caton-Jones
Ruanda. Durante 30 anos, o governo de maioria Hutu perseguiu a minoria Tutsi. Pressionado pelo ocidente, o governo aceitou dividir o poder com os Tutsis, mesmo contra a vontade. Porém em 6 de abril de 1994 tem início um genocídio, que mata quase um milhão de pessoas em apenas 100 dias. Neste contexto um padre inglês e seu ajudante tentam fazer o que podem para ajudar a minoria Tutsi, mesmo tendo a opção de partirem para a Europa.

Roma, Cidade Aberta (1945) – Direção: Roberto Rossellini
Roma, 1944. Um dos líderes da Resistência, Giorgio Manfredi (Marcello Pagliero), é procurado pelo nazistas. Giorgio planeja entregar um milhão de liras para seus compatriotas. Ele se esconde no apartamento de Francesco (Francesco Grandjacquet) e pede ajuda à noiva de Francesco, Pina (Anna Magnani), que está grávida. Giorgio planeja deixar um padre católico, Don Pietro (Aldo Fabrizi), fazer a entrega do dinheiro. Quando o prédio é cercado, Francesco é preso pelos alemães e levado para um caminhão.

Julgamento em Nuremberg (1961) – Direção: Stanley Kramer
Após a 2ª Guerra Mundial um juiz americano é convocado para chefiar o julgamento de quatro juristas alemães responsáveis pela legalização dos crimes cometidos pelos nazistas durante a guerra. Dirigido por Stanley Kramer (Adivinhe Quem Vem Para Jantar) e com Spencer Tracy, Burt Lancaster, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland, Montgomery Clift e William Shatner no elenco. Vencedor de 2 Oscars.

Platoon (1986) – Direção: Oliver Stone
Chris (Charlie Sheen) é um jovem recruta recém-chegado a um batalhão americano, em meio à Guerra do Vietnã. Idealista, Chris foi um voluntário para lutar na guerra pois acredita que deve defender seu país, assim como fez seu avô e seu pai em guerras anteriores. Mas aos poucos, com a convivência dos demais recrutas e dos oficiais que o cercam, ele vai perdendo sua inocência e passa a experimentar de perto toda a violência e loucura de uma carnificina sem sentido.

Sangue Negro (2007) – Direção: Paul Thomas Anderson
Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do solo.

A Língua das Mariposas (1999) – Direção: José Luis Cuerda
O mundo do pequeno Moncho estava se transformando: começando na escola, vivia em tempo de fazer amigos e descobrir novas coisas, até o início da Guerra Civil Espanhola, quando ele reconhecerá a dura realidade de seu país. Rebeldes fascistas abrem fogo contra o regime republicano e o povo se divide. O pai e o professor do menino são republicanos, mas os rebeldes ganham força, virando a vida do garoto de pernas para o ar.

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O Leopardo (1963) – Direção: Luchino Visconti
Sicília, durante o período do “Risorgimento”, o conturbado processo de unificação italiana. O príncipe Don Fabrizio Salina (Burt Lancaster) testemunha a decadência da nobreza e a ascensão da burguesia, lutando para manter seus valores em meio a fortes contradições políticas.

Napoleão (1927) – Direção: Abel Gance
Pelas suas modernas técnicas narrativas e de filmagem, o filme de Abel Gance é considerado um dos mais memoráveis filmes mudos da história. Mostrando desde a infância de Napoleão até a invasão da Itália pelo exercito francês em 1797, a cinebiografia seria a primeira de uma série de seis filmes, que não chegaram a ser realizados.

Xingu (2012) -Direção: Cao Hamburger
O filme conta a trajetória dos irmãos Vilas Bôas (Orlando, Leonardo e Cláudio) que participaram de forma decisiva na expedição Roncador-Xingu – que teve início ainda durante o governo Vargas. Os irmãos também foram figuras fundamentais na criação do parque nacional do Xingu. No filme podemos observar a relação e os primeiros contatos com tribos nativas ainda isoladas”.

Monty Python em Busca do Cálice Sagrado (1975) – Direção: Terry Jones, Terry Gilliam
Aqui temos uma sátira da Idade Média e isso é o que torna este filme ilustrativo do ponto de vista histórico. Indo na linha contrária dos diversos filmes que retratam o período, o grupo inglês Monty Python satiriza reis, cavaleiros e até a caça às bruxas”.

Os relacionamentos nas redes sociais

Os relacionamentos nas redes sociais

A vida está muito corrida! Os dias estão cada vez menores para que possamos realizar todas as tarefas que precisamos ou desejamos. Muitas horas têm sido perdidas no trânsito. As refeições estão mais rápidas e temos menos tempo para dormir e descansar.

A falta de tempo é um problema que acomete a maior parte da população mundial. Com isso, a interação entre as pessoas está cada vez mais virtual. O pouco tempo que se tem livre é um dos motivos que diminui ainda mais a disponibilidade das pessoas para saírem e se encontrar.

Aproximando pessoas

O mundo virtual é mais rápido, mais direto e imediato. Além disso, a todo momento um novo dispositivo de relacionamento virtual é criado, o que facilita e estimula esse tipo de interação social. Há uma variedade grande de meios de comunicação virtual, entre eles e-mail, redes sociais, torpedos, chat, mensagem de texto, blog e tantos outros.

Tais formas de relacionamento são importantes e facilitam a vida moderna e rápida a qual estamos inseridos. São capazes de diminuir distâncias entre pessoas que vivem longe. Aceleram a comunicação tanto no trabalho, quanto no campo pessoal. Geram oportunidades de reencontros, produzem menor gasto para os usuários e para as empresas. Globalizam o acesso a informações.

O grande número de pessoas que são facilmente acessadas mediante a internet permite que haja também um movimento politizado das redes sociais, que promovem uma mobilização de multidões em prol de uma causa. Acompanhamos isso tanto em passeatas contra a corrupção no Rio de Janeiro, como quedas de ditaduras em países árabes.

Além disso, escutei uma história que exemplifica outra vantagem dos dispositivos virtuais. Trata-se de um casal de brasileiros que vivem há anos na Itália. Pelo menos três vezes por semana eles se sentam a mesa de jantar com o computador ligado e “jantam” com seus familiares que moram em São Paulo. Nesse caso, o mundo virtual foi capaz de promover um reencontro e manter o contato entre pessoas queridas, mas que, por uma imposição geográfica, estão distantes fisicamente.

Mas, então, há algum problema?

Verifica-se que o contato físico entre as pessoas está diminuindo. Cada vez mais escutamos histórias de namoros, amizades, encontros, que duram por bastante tempo até que os componentes decidam se encontrar pessoalmente.

Inúmeras são as histórias de pessoas que se aproveitam da virtualidade para mentirem a respeito das suas informações pessoais, utilizando fotos falsas ou dados inverídicos para estimular o interesse e a curiosidade do outro. Com isso podemos pensar, até onde esse tipo de relacionamento pode ser considerado real?

Outro aspecto relevante é perceber até onde alguém transfere, de forma prejudicial, seus relacionamentos pessoais para os virtuais. Há alguns sinais que podem demonstrar essa tênue diferença.

O principal comportamento observado é uma diminuição da vida social, assim como a perda do interesse de realizar atividades que não sejam mediante um computador.

Por trás dos relacionamentos virtuais podem existir pessoas com dificuldades nas relações interpessoais, como uma timidez excessiva, medo ou insegurança de se expor ao outro. Por isso, a virtualidade se torna uma forma de refúgio.

Distanciando pessoas

Uma pesquisa recentemente publicada, realizada entre diversos países, verificou que a maioria dos jovens com até 30 anos de idade, principalmente brasileiros, preferem ter acesso à internet a namorar, ouvir música ou sair com amigos.

Devemos, portanto, ter cuidado de como utilizar as ferramentas virtuais. As amizades e os relacionamentos afetivos não devem ser baseados exclusivamente na forma virtual. As pessoas precisam de contatos pessoais, como abraços, sorrisos, beijos, toques. A interação direta com o outro permite que os indivíduos se sintam pertencentes a algum grupo real. A ausência disso gera relações cada vez mais distantes, impessoais e solidão.

É dessa forma, presencial, que a nossa rede de apoio, geralmente formada pela família e amigos próximos, fornece suporte emocional para lidarmos com os problemas que surgem ao longo da vida. Assim, as pessoas sentem-se menos solitárias e sozinhas. Quem não gosta se sentir um abraço apertado de uma pessoa querida ou receber um colo quando passamos por alguma situação difícil?

A busca por um ponto de equilíbrio

Para tudo existe um equilíbrio! A vida virtual promove inúmeras recompensas, porém, não deve se tornar uma fuga para aumentar o distanciamento entre as pessoas e, consequentemente, exacerbar as dificuldades de cada um.

O importante é sabermos utilizar, a nosso favor, os benefícios que cada tipo de relacionamento promove, de modo que possamos viver mais plenamente e próximos daqueles que amamos.

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