Insônia, um terrível pesadelo!

Insônia, um terrível pesadelo!

Sofreguidão. A definição mais honesta para as horas atormentadas de uma noite insone, agitada, suada, desesperada.

A palavra insônia sempre me remeteu à consciência- mais especificamente à que pesa, como se os insones tivessem a obrigação de pagar com olhos secos e arregalados, suas penitências e dívidas.

Pela manhã, no fundo de enormes olheiras, enxergo a ignorância rindo de mim, apontando o indicador e se jogando para trás com enorme prazer.

Insônia também faz parceria coma solidão. E é possível passar um dia inteiro com os olhos em poças de água para não esquecer, ou ao menos, não menosprezar essa presença ilustre.

É fácil identificar essa companheira esfomeada, que devora o repouso, que bebe as energias que restam. Difícil é convidá-la a se retirar.

Insônia come a sensatez, o prumo, a vontade. E palita os dentes com a enfraquecida vontade de acordar com boa disposição.

E chega o amanhecer, levando a noite e as esperanças de um soninho gostoso. A aparência revela o caos vivido. O humor confirma, o corpo se arrasta.

A maior dúvida nesse momento é: Comprar um aspirador para juntar todos os cacos, ou uma mangueira para lavar tudo e levar para longe? Guardar os cacos para se reconhecer ou apostar que a próxima noite será de mais sorte?

É necessária uma ajuda, amiga ou não, profissional ou não. É imperioso descobrir como deixar o corpo e a consciência repousarem.

É vital uma noite de sono e um sonho muito bom para o dia e as ideias amanhecerem mais vivos.

Pelo retorno de Héstia

Pelo retorno de Héstia

Por Talita do Lago Anunciação

Somos a geração de mulheres que não podem mais ter tempo livre: estamos sempre a remarcar o café com as amigas e a salvar nos favoritos as receitas sem glúten que nunca testamos, postergamos a caminhada relaxante no final do dia e deixamos secar as suculentas e violetas que não temos tempo de regar, marcamos “tenho interesse” em inúmeros eventos de lazer que raramente conseguimos comparecer e nos esforçamos para não esquecer dos livros de poesia que um dia, quando sobrar tempo, tentaremos ler.

Essa é a condição da mulher contemporânea que passou a ver como única condição para a sua existência o acúmulo de títulos, cargos e cursos. Ora estamos pressionados a buscar com obstinação o alcance de uma vaga de emprego “estável”, ora estamos comprimidos na severa linha de produção acadêmica.

Mediante tamanha exposição a ideologia do sucesso individual e incitação a competição, assistimos com medo a nutrição de nossas sombras egoístas e invejosas. Enquanto nossos objetivos não são alcançados recebemos com receio as atualizações dos nossos contatos no linkedIn e acompanhamos com ansiedade o lattes de nossos concorrentes em concursos que se quer foram lançados.

Estamos todas imersas (submersas e nos afogando!) nesse cenário que apesar de se apresentar como sinônimo de emancipação e libertação tem nos colocado sob um regime de escravidão. Para cumprir as metas impostas por esse sistema estamos negligenciando nossos ciclos, forçando nossos limites pessoais e adiando para a aposentadoria o nosso almejado contato com a arte, com o lúdico, com outras mulheres, com a natureza e com tudo aquilo que representa o prazer e o bem-estar em nossas jornadas. Na medida em que uma atividade não avoluma nossas contas bancárias ou não estica nossos currículos ela é imediatamente alvo de julgamento e repressão.

Como consequência desse fenômeno, alojamos em nossos ombros o peso da culpa e seguimos dizendo sim a essa sociabilidade cruel que em troca do nosso sangue e da nossa essência, oferece a promessa do sucesso individual. Estamos todas no mesmo barco, ele está afundando e o nosso socorro virá somente no dia em que Héstia retornar ao governo de nossos lares-corações.

Héstia é a deusa que tem como símbolo o círculo, a deusa da lareira que mantinha acesa a chama nos lares, templos e cidades gregas. Sua presença era solicitada sempre que se fazia necessário o aquecimento ou a consolidação de uma lar e o estabelecimento do compartilhar nas relações.

Héstia possuía qualidades essenciais que podiam ser honradas com fluidez pois ela não se deixava perturbar por influências e coerções externas. Em um momento em que nos encontramos afastadas dos caminhos dos nossos corações e que constatamos nosso compartilhar sendo substituído pelo competir parece fundamental acolhermos a presença arquetípica de Héstia.

A presença de Héstia nos auxilia a mergulhar em nosso interior e a reacender a intuição para que nosso foco seja direcionado para a plenitude de nossas essências individuais e não para as pressões que vem de fora. Héstia representa a mulher que imersa na organização de seu lar entra em profunda meditação e estado de harmonia.

A mulher sob a presença de Héstia cuida dos detalhes de seu quintal ao mesmo tempo em que rega seu jardim interno. Nesse momento ela esta sob o domínio da paz interior e o tempo que corre agitado lá fora, ali no seu lar-coração já não existe mais. A mulher que nutre sua Héstia e aquece seu lar com amor não o faz para agradar alguém mas como uma forma de cuidado íntimo consigo.

Héstia enquanto protetora da lareira não é uma deusa de grandes causas ou com uma personalidade reconhecida, ela se sustenta em seu anonimato e na alegria interior de reinar sobre seu lar e sobre si mesma. A mulher que cultiva o arquétipo de Héstia permanece inabalável em relação a pressão para aquisição de bens, títulos ou prestígio. Ela simplesmente é e sua vida simples é plena de significados, sentidos e a conecta ao todo.

A desvalorização de Héstia afasta a mulher do seu centro de paz interior e da sua capacidade de ser absorvida pelo tempo, de perder-se nele realizando algo que lhe dá prazer e que pacifica sua alma.

Convocar Héstia para o nosso cotidiano nos ajuda a nos desapegarmos das cobranças e olhares externos, da opressão do relógio e das metas exteriores que nos são impostas diariamente. Convidar Héstia para nos possuir significa meditar através do cuidado diário e afetivo com uma planta ou com um animal, significa entregar-se a preparação de um jantar ou desprender amor a organização de uma estante de livros. Héstia nos estimula a entregar nosso tempo a nós mesmas, aos nosso anseios mais íntimos e as pequenas coisas que nos dão prazer.

A participação da mulher no mundo do trabalho e na produção do conhecimento são conquistas louváveis e consequências de lutas e engajamentos importantíssimos. No entanto, é preciso repensar a forma como nos apropriamos dessas conquistas. Temos realizado a entrega irrestrita do nosso tempo a caminhos que muitas vezes não condizem com os caminhos do nosso coração e aceitado jornadas que nos são ditadas por fatores externos e que fortalecem e perpetuam ideologias com as quais não concordamos.

A competitividade e a busca por notoriedade e triunfo vem fazendo com que as mulheres se omitam em relação as suas aspirações particulares mais sinceras e também com que se afastem umas das outras, deixando que se dissipe a riqueza e a sacralidade do tempo feminino compartilhado. Convoquemos Héstia para nos amparar enquanto afirmamos para esse sistema que podemos considerar nosso lar o nosso reino, que ele pode ser constituído somente por nós mesmas e ainda assim, estaremos realizadas.

Que Héstia nos ampare enquanto proclamamos que podemos estar plenas em uma carreira profissional proeminente mas também temos o direito de nos contentar com carreiras anônimas, ter salários modestos e uma vida simples que nos proporcione tempo livre para realizarmos tarefas que aqueçam nosso coração e façam o relógio sumir.

Lutemos para que nossas lareiras estejam sempre protegidas e o fogo em nossas almas sempre aceso. Lutemos para que nossos desejos mais íntimos sejam ouvidos e não mais substituídos pelas necessidades alheias. Lutemos pelo fim de nossa rendição a esse sistema sufocante que esfria nossos corações e perturba nossas mentes. Lutemos pelo retorno de Héstia.

Leia mais artigos da autora em Medium

“A crise não está lá fora, a crise é interna, e não queremos encarar isso”: Krishnamurti

“A crise não está lá fora, a crise é interna, e não queremos encarar isso”: Krishnamurti

Por Nando Pereira (Dharmalog.com)

Acho que não há dúvidas que vivemos há algum tempo (mais) uma grande crise, política, econômica, social, coletiva, e, de novo, “queremos ordem no mundo, politicamente, religiosamente, economicamente, socialmente”, como retratou certa vez o célebre filósofo indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986) no registro desse curto vídeo abaixo, reproduzido do documentário “The Mind of J. Krishnamurti” — gravado muito antes de nossa crise atual (parece que sempre há crises). “Nas nossas relações uns com os outros, queremos ordem, queremos alguma paz, alguma compreensão“, prossegue ele, para logo em seguida confrontar esse desejo com a atenção à nossa crise “interna”, pessoal, individual, que, segundo ele, é a verdadeira crise: “A crise não está lá fora, a crise realmente é interna, e nós não estamos com vontade de resolver isso“.

Interna como?, podemos nos perguntar. As palavras que ele usa para definir interna são “psicologicamente” e “na consciência“. No vídeo ele afirma que “a consciência está uma confusão, em contradição”. A forma mais simples de entender isso talvez seja ver que o que se busca como ordem no mundo não está correspondendo à desordem que se vive internamente — desordem psicológica e desordem da consciência. Uma frase atribuída a Sigmund Freud tem sido compartilhada exaustivamente na Internet, onde ele pergunta: “Qual a sua responsabilidade nos problemas do mundo que você critica?” (nota atualizada sobre a frase atribuída: a frase consta no livro “Presentation on Transference”, de Jacques Lacan, onde ele cita Freud e descreve a frase como sendo “Qual o seu envolvimento na desordem da qual você reclama”, pg.179 — com agradecimentos ao leitor Nelson Matheus, que trouxe a primeira confirmação).

Esse vídeo foi extraído de uma entrevista que Krishnamurti concedeu ao escritor e educador Michael Mendizza (em inglês aqui), e ele mesmo refaz a pergunta para entender o que Krishnamurti quer dizer com crise interior.  Um dos trechos da resposta que recebe não está neste vídeo, mas fala da nossa super-adaptação aos vários sistemas vigentes, que seguem inquestionados: “Quando eles oferecem sistemas e você os aceita, você está fechado, seguro, protegido, e você sente isso. E a maioria da pessoas querem se sentir protegidas psicologicamente. Mas as instituições nunca salvaram o homem, politicamente, religiosamente; elas nunca realmente libertaram o homem da sua tristeza, dor e todo o resto. Sabemos disso, mas os sistemas tem um apelo extraordinário para aqueles que não pensam”. Mais do que a ignorância, Krishnamurti cita a “preguiça” como fator que justifica a manutenção dos sistemas.

Uma das coisas que o filósofo sempre sugeria em seus discursos e palestras era que, se as pessoas tinham dúvidas, que se perguntassem, sincera e profundamente, sem se apegar a padrões de respostas já existentes, e assim chegariam a respostas verdadeiras. Podemos seguir essa sugestão agora e colocar atenção em algumas perguntas orientadas-ao-nosso-interior nesse cenário de crise atual: nós queremos que os políticos se interessem e se dediquem aos problemas e às necessidades comuns, mas será que fazemos isso quando vivemos os variados eventos da nossa rotina? Será que quando entramos em debates, por exemplo, não ajudamos a torná-lo uma discussão dividida, oferecendo resistência e defesa, ao invés de torná-lo mais inclusivo e compreensivo? Será que não estamos agindo apenas em prol de agendas individuais, com graus de segregação e ausência de fraternidade – e desejando que o mundo tenha justamente isso, para podermos então ter essas mesmas coisas em nossas vidas, de fora pra dentro? O que leva a essa expectativa? O que leva a projetar a responsabilidade sobre o outro, ou sobre um sistema? Qual minha motivação quando divido, engano, rejeito, ataco? Quem acredito que sou ou preciso ser para pensar e agir assim? Que mais perguntas podemos fazer, eu sinceramente gostaria de evoluir e aprofundar em mais questões, tomar caminhos diversos nesse tipo de questionamento — podemos fazer isso nos comentários, e eventualmente atualizo o post. Assim podemos ir ampliado e renovando, “encarando a crise”, buscando um ordem e esclarecimento interior.

“Já está provado, por mais e mais vezes, que querer ordem externa no mundo sem ordem interna só gera mais desordem”.
Jiddu Krishnamurti

Segue o vídeo com legendas embutidas em português:

 

Fonte mais do que indicada:

contioutra.com - “A crise não está lá fora, a crise é interna, e não queremos encarar isso”: Krishnamurti

10 curtas que falam de paixão, enamoramento e amor

10 curtas que falam de paixão, enamoramento e amor

Todas as animações apresentadas acima fazem parte do acervo de animações da CONTI outra e foram publicadas em datas anteriores ao longo dos anos.

1- The Piano- uma das animações mais lindas da história

Emoção, sensibilidade e a prova de que a música nos conecta com algo além…

O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.
Henry Van Dyke

2- O que é o amor? – animação francesa com música de Édith Piaf

O que é o amor?

Adorável animação francesa.

Simples nos desenhos, dinâmica na sequência de imagens e excelente na escolha da música:

“A quoi ca sert l’amour”, de Édith Piaf.


3- A última dança

O velho fez um relógio em homenagem ao dia do seu casamento, onde ele e sua nova noiva dançaram em frente à Catedral. O boneco caixa de música achava que sonhava com a noiva até que, depois de ver o retrato, entendeu do que tudo se tratava e promoveu a “última dança.”

4- Haoma- prova de amor

Nem sempre correspondemos às expectativas sociais porém, em muito e muitos casos, estamos situados infinitamente além delas. Haoma é uma belíssima animação sobre a rejeição e a superação. É também uma mensagem para que observemos algo além das jóias aparentes.

5- Duas árvores se apaixonam, mas não podem se tocar…

6- Tocante animação usa balões como metáfora para relacionamentos

Inspirado pelo filme da Disney/Pixar “UP”, esta simples animação merece um pouco do seu tempo.

7- Animação “The Gift” explica em poucos minutos como funciona o amor

A animação “The Gift” (“O presente”, em tradução livre) conta a história de um casal como outro qualquer,entretanto, quando ele oferece a ela uma pequena esfera que tirou de seu peito, ela não consegue mais se separar desse grande presente… mesmo depois que ele se quebra.

O curta foi produzido por Cecilia Baeriswyl e dirigido por Julio Pot e foi selecionado em mais de 100 festivais internacionais ao redor do mundo.

O amor que recebemos tem um grande valor e precisa ser cuidado.

8- Entracte (2013), sobre o enamoramento

Animação francesa profundamente romântica criada pela Ecole Supérieure des Métiers Artistiques de Montpellier (ESMA).
O enredo é sobre um casal formado por um artista de rua e uma garçonete que, após darem conta da existência mútua, mergulham em um mundo de sonhos.
Esteticamente agradável e emocionalmente envolvente. Vale cada minuto!

9- Animação mostra como o arriscar-se da paixão pode levar a plenitude

“Tumbleweed Tango” é uma animação que, em cerca de 3 minutos, nos torna cúmplices da paixão entre dois balões que estavam perdidos em um deserto cheio de cactos. Presenciamos o entregar-se a um relacionamento que necessita de total confiança, adaptação e parceria. Ao som do tango e da dança mútua, um caminho é trilhado em busca da plenitude.

10- Paperman- John Kahrs

Zumbis consumistas e desejos mercadológicos: uma ode à felicidade consumista

Zumbis consumistas e desejos mercadológicos: uma ode à felicidade consumista

Hobbes já dizia que, se o homem é desejante, então o mundo é uma guerra de todos contra todos. A verdade é que o desejo sempre foi alvo de estudo entre as mentes mais brilhantes, ao longo da história. Posto isso, há de se considerar o seu valor na constituição do ser. O mercado, sempre perspicaz, atentou-se para isso e construiu a fórmula de ouro da felicidade contemporânea.

Antes de adentrar nessa fórmula, faz-se necessário uma análise sobre a mudança paradigmática da estrutura capitalista, para que a problemática seja entendida. Grosso modo, a partir do século dezenove, após as revoluções burguesas do fim do século dezoito, há a derrocada dos resquícios feudais presentes na sociedade moderna. Dessa forma, a sociedade moderna industrial transfere o papel redentor da Igreja para o Estado, assim como faz os patrões serem respeitados tais quais sacerdotes.

Na grande igreja do capital, as ovelhas, vendedoras de sua mão de obra, reforçam o valor do trabalho. No entanto, o consumo não era um fator determinante na produção, tanto é assim, que as jornadas de trabalho eram muito maiores do que hoje. Além disso, a ideia de poupar, acumular bens, era vista sob a ótica protestante, como sinal de predestinação. Sendo assim, havia uma limitação ao consumo.

Esse sistema perdurou até a década de 60 do século passado, quando há, então, a mudança paradigmática do sistema capitalista, em que o mercado estagnado enxerga no consumo a solução dos problemas. Todavia, para que o consumo fosse estimulado, deveria existir o desejo em consumir. O marketing, a menina dos olhos do mercado, tratou de criar necessidades até então inexistentes, a fim de que o desejo por consumir fosse estimulado.

Sendo assim, muda-se a moral capitalista, que sai de uma estrutura poupadora, de acúmulo de bens, para uma estrutura que mede o sucesso pelo volume de compras. Ou seja, cria-se uma fórmula da felicidade, em que esta seria o resultado de um desejo satisfeito.

Há de se perguntar, então, qual o problema nisso. E a resposta, embora simples, passa despercebida. Toda fórmula determinista gera muitos frutos podres. Logo, criar uma fórmula de felicidade tão somente a partir do consumo implica grandes problemas, uma vez que, se não tenho os meios necessários para satisfazer o meu desejo, torno-me, para o seio social, automaticamente infeliz. Dito de outro modo, se não possuo os meios que me permitem uma vida voltada para o consumo, estou inapto à felicidade.

Cria-se, portanto, uma rede aprisionadora, em que, embora estejam em uma gaiola muito bonita, esta ainda é uma gaiola, que retira a liberdade do indivíduo e o impossibilita de pensar e agir por si mesmo. O mundo torna-se uma ode ao consumo, ou como prefere Fromm:

“O mundo é um grande objeto de nosso apetite, uma grande maçã, uma garrafa, um grande seio; somos sugadores, os eternamente em expectativa, os esperançosos – e os eternamente decepcionados. Nosso caráter é engrenado para trocar e receber, para transacionar e consumir tudo, os objetos espirituais como materiais, torna-se objeto de troca e de consumo.”

Nesse prisma, o homem também está incluso nessa rede inesgotável de consumo e, como tudo deve ser constantemente trocado, nós também somos mercadorias, logo, também somos periodicamente trocados. Isto é, para que essa estrutura tenha sucesso, é preciso que haja necessidades ilimitadas para o homem, a fim de que o seu desejo seja renovado e, assim, busque consumir coisas novas.

Com isso, há uma total perda do sentido entre o que importa e o que não importa, pois tudo se converte em uma grande rede descartável. Aqui se encontra o grande problema, pois, com essa descartabilidade, deixa-se de se valorizar as pessoas e os sentimentos, ou seja, os elementos necessários à criação de laços e que mantêm as pessoas verdadeiramente unidas.

Não existe problema em consumir, mas sim em viver uma vida para o consumo, de forma que tudo aquilo que seja desprovido de valor econômico seja visto como desnecessário. Ademais, a felicidade é algo totalmente subjetivo; participar de uma orgia consumista de necessidades criadas por um terceiro alheio ao que me forma apenas retroalimenta o consumo e me torna mais sozinho, triste e infeliz.

Deixa-se de ser quem se é, para ser apenas um zumbi que consome, e pior, consome necessidades que fogem totalmente ao seu caráter, apenas para se sentir “incluído” e “feliz”. Um zumbi alienado dos outros, da natureza e de si mesmo, que não enxergar outra coisa a não ser mercadorias, afinal nesse conto de fadas da felicidade:

“A vida não tem meta exceto a de movimentar-se, nem princípio a não ser o da boa troca, nem satisfação que não seja a de consumir.”

87 milhões de crianças até 7 anos não conhecem nada além de conflitos

87 milhões de crianças até 7 anos não conhecem nada além de conflitos

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York

Pesquisa do Unicef destaca que viver em zonas em confrontos desde o nascimento prejudica o desenvolvimento cerebral desses menores; crianças são expostas a traumas, o que atrapalha as conexões dos neurônios.

Uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revela que no mundo quase 87 milhões de crianças de até sete anos não conhecem nada além de conflitos.

O levantamento avaliou menores que vivem em dezenas de países, incluindo Afeganistão, Colômbia, Iraque, Síria, Mali, Sudão do Sul e em regiões da Índia e da Tailândia.

Neurônios

Viver em uma zona de confronto desde o nascimento prejudica o desenvolvimento cerebral. O Unicef explica que nos sete primeiros anos de vida, o cérebro de uma criança tem o potencial de ativar 1 mil células por segundo. Cada célula tem o poder de se conectar com outros 10 mil neurônios milhares de vezes por segundo. As conexões cerebrais definem a saúde, o bem-estar, a habilidade de aprender e influenciam o sistema emocional dos menores.

Emocional

Segundo o Unicef, as crianças que vivem em zonas de conflito estão expostas a traumas, vivendo num estado de “stress tóxico”, uma condição que inibe as conexões dos neurônios. Os impactos no desenvolvimento cognitivo, social e físico podem durar a vida toda, sem contar as “cicatrizes emocionais”.
Uma criança nasce com 253 milhões de neurônios, mas para atingir a capacidade de 1 bilhão de neurônios na vida adulta, o desenvolvimento na infância tem papel crucial. Aleitamento materno, nutrição, estímulos desde cedo e oportunidades de aprender e de brincar em ambientes saudáveis são medidas importantes.

Período Crítico

Pelo levantamento da agência da ONU, uma entre 11 crianças de seis anos ou menos passou o período mais crítico do seu desenvolvimento em um local onde há confrontos violentos.
O Unicef defende mais investimentos para garantir que as crianças nessas zonas recebam apoio psicossocial e assim, possam ter de volta a sensação de viver a infância, mesmo que estejam no meio de um conflito.

Somente no último ano, o Unicef forneceu kits para aprendizado e brincadeiras para mais de 800 mil crianças em zonas de confronto.

Lembre-se de que você não pode fazer todo mundo feliz

Lembre-se de que você não pode fazer todo mundo feliz

É impossível agradar a todos, por isso devemos priorizar, primeiro, a nós mesmos, as pessoas que se importam conosco e as pessoas que amamos. Elas são o nosso verdadeiro objetivo.

Ao longo dos anos, aprendemos sobre o nobre valor de fazer feliz a qualquer pessoa que faça parte do nosso círculo pessoal e social. Entretanto, em algumas ocasiões, nem todos os valores que fomos ensinados são lógicos ou podem ser cumpridos.

Não é possível fazer todo mundo feliz, não é possível agradar a todos, e aliás, isso também não é conveniente. É possível que esta frase tenha sido uma surpresa para você, mas é preciso saber que para manter o nosso equilíbrio pessoal nunca será adequado oferecer felicidade a quem, por exemplo, não a merece. Basta demonstrar respeito.

Em nossas vidas precisamos aprender a estabelecer prioridades, e ninguém é egoísta por oferecer a si mesmo o valor que merece para cuidar do seu bem-estar, da sua própria felicidade. Somente quando cada um está bem consigo mesmo é capaz de dar o melhor aos demais.

Quando fazer todo mundo feliz acaba nos destruindo.

Fazer uma pessoa feliz nem sempre é fácil. Tentar conseguir fazer isso com todo mundo é quase impossível. Por que é assim? O que faz com que seja tão complicado dar o melhor a todos aqueles que nos rodeiam?

Nem todas as pessoas se encaixam com os seus próprios valores. É possível, por exemplo, que você tenha um familiar com quem nunca se deu bem, alguém que não respeita a sua forma de ver o mundo e que sempre criticou cada uma das suas escolhas.

  • Não é simples fazer feliz alguém que não nos respeita, alguém que, longe de praticar a reciprocidade e o entendimento, só traz decepções e críticas.
  • Não vale a pena dar o melhor de nós mesmos a quem não é capaz de reconhecer isso. Correremos o perigo de ver atacada a nossa autoestima, e isso é um risco muito alto.
  • A felicidade não é algo que se ofereça como quem dá ou recebe um presente. Dar felicidade é, às vezes, renunciar a algumas coisas, investir seu tempo pessoal nos outros, cuidar de suas palavras, perdoar e se preocupar.
  • Tudo isso implica uma grande energia emocional. Se cada esforço dedicado não for reconhecido ou, pior ainda, for rejeitado, então não vale a pena este investimento pessoal.

É possível que muitas destas situações sejam conhecidas para você. Se você for uma destas pessoas que durante uma boa parte da sua vida deu o melhor de si para os demais, desejando fazer felizes a todos que o rodeavam, certamente o seu coração esconde mais de uma cicatriz.

Os atos mais destrutivos são aqueles nos quais são atacadas nossas boas intenções, nossa essência como pessoa e nossa autoestima. Não se esqueça disso.

Faça feliz a quem lhe oferece felicidade a troco de nada.

Precisamos ter claro que, por mais que queiramos, não podemos chegar a tudo e nem a todas as pessoas. Há quem, por exemplo, sinta a necessidade de ter que se dar bem com todo mundo, de agradar, de sempre dar uma palavra de admiração a todos aqueles que o rodeiam.

Manter este tipo de comportamento acaba gerando muita ansiedade e frustração. Por isso, como tudo na vida, é necessário priorizar. Nosso dia a dia já é complicado o bastante para atender aspectos que, a longo prazo, não valem a pena.

  • Quem não o leva em conta não vale a pena.
  • Quem não lhe acrescenta nada, seja pessoal ou emocionalmente, não vale a pena.
  • Quem faz com que você se afaste de si mesmo não vale a pena.
  • Quem rouba o seu tempo que deveria ser dedicado ao que você realmente ama, ao que o define.
  • Não vale a pena ser condescendente, dizer sim quando queremos dizer não. Procure ser sincero com cada um dos seus pensamentos e emoções fazendo uso todos os dias da assertividade, da valentia de quem não tem medo de que a sua voz seja escutada.

Assim, aplique em seu dia a dia a simples lei de investir em quem realmente merece o seu investimento, começando sempre por você mesmo.

  • Cultive a satisfação pessoal. Faça o que faz você se sentir bem e o que realmente lhe oferece um autêntico crescimento pessoal.
  • Pratique a “economia relacional”. O que isso significa? Invista tempo, amor e esforços em quem você quiser, em quem merecer e for realmente significativo em sua vida.
  • Não tenha ressentimentos por não se dar bem com todo mundo, por não fazer sempre o que os outros esperam de você.
  • O mundo não foi feito para que todos sejamos cópias uns dos outros. Nossa riqueza está justamente no fato de termos opiniões, comportamentos e pontos de vista diferentes.

Ser diferente e ter voz própria é ser autêntico, e enquanto respeitarmos uns aos outros, seremos capazes de construir um mundo melhor. Assim, todos teremos o direito de sermos felizes, sem termos que contentar a todos que nos rodeiem.

Basta respeitar a todos e saber conviver.

5 coisas pelas quais só quem cresceu em uma casa cheia de gente já passou

5 coisas pelas quais só quem cresceu em uma casa cheia de gente já passou

Por Jaqueline Rodrigues

Viver em uma casa que é o ponto de encontro de toda família, que sempre tem gente saindo e entrando, rindo e conversando em volta da mesa tem suas vantagens. Mas tem também vários imprevistos, ou melhor, várias surpresas diárias que são quase previsíveis. Veja algumas dessas situações em que não dá para escapar.

Quem vive numa grande família sabe o que é:

1. Acordar e ter fila para usar o banheiro.

O melhor é sempre programa o banho para o horário de menos disputa. Pela manhã, se você conseguir lavar o rosto e escovar os dentes a tempo de não perder sua carona ou chegar atrasada na aula, já é uma vitória. Quem vive em uma casa com muitos irmãos sabe que, às vezes, eles resolvem se trancar no banheiro bem na hora que você está mais apurada para usá-lo.

2. Usar apenas roupas e livros herdados.

Famílias de muitos irmãos ou primos têm o costume de fazer a rotação de livros e roupas que deixaram de servir nos mais velhos e podem ter nova utilidade para os mais jovens. Assim, os caçulas da família acabam herdando todas as roupas usadas pelos maiores, e também nunca têm a oportunidade de usar um livro escolar novo, por exemplo.

3. Chegar tarde e ficar sem comida.

Só quem convive com muitas pessoas em casa sabe o que é chegar atrasada em casa e não ter mais nada pronto para comer. Ou então, você chega a tempo de ter a sorte de ficar apenas com a beirada do bolo já sem recheio ou com a “bundinha”, cheia de casca, do pão caseiro.

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Só quem tem uma família grande entende o risco de ficar sem comida, caso se atrase

4. Conviver com espaços compartilhados.

Dividir o quarto, ter que respeitar o gosto musical do outro, não ser intolerante com ruídos, conversa, risada alta e televisão sempre ligada. Quando há muita gente para se distrair dentro de uma mesma moradia, é necessário ter muito respeito pelo espaço do outro, mesmo que seja restrito e compartilhado.

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5. Sempre ter companhia para tudo.

Isso pode ser bom naquela sexta à noite chuvosa em que você decide abrir um vinho e ver um filme. No entanto, no sábado, quando você pede sua comida favorita por delivery e só queria ficar sozinha, tomando sol ou vendo seu seriado predileto, tem uma fila de esfomeados esperando que você divida o yakisoba em partes iguais.

Animação “The Gift” explica em poucos minutos como funciona o amor

Animação “The Gift” explica em poucos minutos como funciona o amor

A animação “The Gift” (“O presente”, em tradução livre) conta a história de um casal como outro qualquer,entretanto, quando ele oferece a ela uma pequena esfera que tirou de seu peito, ela não consegue mais se separar desse grande presente… mesmo depois que ele se quebra.

O curta foi produzido por Cecilia Baeriswyl e dirigido por Julio Pot e foi selecionado em mais de 100 festivais internacionais ao redor do mundo.

O amor que recebemos tem um grande valor e precisa ser cuidado.

Aproveitem a mensagem!

Um dia você vai encontrar alguém

Um dia você vai encontrar alguém

Um dia você vai encontrar alguém que cale fundo no seu peito, que vai entrar sem pedir licença e lá se instalar como se fosse inquilino antigo, que vai desabotoar o seu sorriso como quem desabotoa a sua blusa, que vai te elogiar não por uma obrigação besta de casal mas por gostar de dizer a verdade pra você.

Um dia você vai encontrar alguém com voz macia que irá te arrancar suspiros a cada sussurro ao pé do ouvido, que te cantará músicas idiotas aos domingos de manhã, as quais você achará tão lindas como qualquer composição de Chico, que irá ler Adélia Prado pra você antes de dormir, que vai velar teu sono enquanto ouve as batidas do teu coração ecoando no silêncio da noite como uma mimosa melodia, que em noite de lua alta vai te levar até a sacada e dizer olhando nos seus olhos que é você quem ele quer pra vida toda.

Um dia você vai encontrar alguém pra compartilhar alegrias e vitórias, mas que também estará lá pra te levantar depois de uma dessas rasteiras que a vida nos dá, alguém que vai te dizer pra seguir em frente quando o resto do mundo for um sinal vermelho te mandando parar.

Um dia você vai encontrar alguém que não vai te entender completamente e que por isso mesmo vai se esforçar ao máximo em se embrenhar nos seus mistérios, nos seus questionamentos mais íntimos.

Um dia você vai encontrar alguém que a queira por inteiro, porque o amor não vive de metades, alguém capaz de te tirar o fôlego com apenas um sorriso bobo ou um galanteio desajeitado.

Um dia você vai encontrar alguém que vai te mostrar que bonito mesmo é o indizível,aquilo que fica entalado na garganta quando os olhos brilham, que um abraço vale mais que mil palavras, que saudade é o nome que se dá quando a gente mora mais no outro do que em nós mesmos.

Mas tenha calma. Se você ainda não encontrou esse alguém, não precisa se desesperar e sair batendo de porta em porta perguntando se alguém viu o amor da sua vida por aí. Ainda há tempo, sempre há.

Às vezes, o melhor da vida acontece entre um café e um bolero de Gardel, entre coincidências e desencontros improvisados. O amor é jazz.

Você comanda a sua mente ou é ela que comanda você?

Você comanda a sua mente ou é ela que comanda você?

O cérebro humano é uma ferramenta maravilhosa, cuja capacidade de armazenamento, interpretação, interação e adaptação parece ser ilimitada. O mais misterioso órgão do nosso corpo, embora possa ser visualizado, estudado, tocado; e, até, manipulado, é ainda fonte inesgotável de questionamentos e perguntas. O que sabemos é que se trata da nossa central de funcionamento e fonte administrativa do comportamento. Uma usina de substâncias químicas hormônios e enzimas passíveis de mensuração e análise. Uma estrutura intrincada de células e vias neuronais, realizando milhares de sinapses a todo instante. Organizado por impulsos elétricos que comandam o funcionamento do nosso corpo e a configuração de nossos comportamentos. O cérebro, ainda que seja enigmático, em muitos aspectos, é orgânico, material e físico. Mas, o que podemos dizer da mente?

A mente é um completo mistério para nós. Chega a ser perturbador ter de admitir que mesmo passados séculos de estudos, interpretações filosóficas e inegáveis avanços na área das neurociências, da psicologia e da medicina, continuamos com hipóteses controversas acerca do conceito de mente. Teorias históricas antigas, baseadas em premissas de Platão, sustentam ser a mente uma entidade independente do corpo. Há, inclusive, proposições religiosas que relacionam o funcionamento da mente às tendências da alma, pressupondo a existência de um espírito que daria ânimo ao corpo.

Há tempos, bioquímicos, psicólogos, neurologistas, psiquiatras e neurocientistas vêm se debruçando sobre pistas dadas pelas funções mentais, que são responsáveis pela capacidade humana de pensar, sentir, lembrar, aprender, comunicar-se, criar ou destruir. Anos de pesquisa comprovam que o comportamento humano está intrinsicamente ligado ao funcionamento do cérebro. Isso posto, revela-se uma interpretação: a mente depende do cérebro para existir e só pode expressar-se pelas manifestações do comportamento que é constituído, em grande parte, pela química das células neuronais.

Assim, podemos entender o cérebro como um mapa para compreender (ainda que de forma tímida), os mistérios da mente. Neurocientistas, por meio de muito estudo e pesquisa, apontam para mecanismos cerebrais que podem estar implícitos em experiências infinitamente complexas nos processos de desenvolvimento e aspectos comportamentais do ser humano, tais como: o pensamento, a atenção e a consciência.

O cérebro, em si, é extraordinário. A começar por sua estrutura repartida em dois hemisférios, sendo cada uma das metades (direita e esquerda), uma imagem “em espelho” da outra, interligadas por feixes nervosos. Durante muito tempo apregoou-se que cada hemisfério teria suas próprias áreas de especialização mental. O hemisfério esquerdo, por exemplo seria majoritariamente responsável pelas funções verbais, analíticas e de raciocínio lógico; enquanto que o direito estaria mais envolvido com as funções artísticas, capacidade de criação e habilidades espaço-visuais. Hoje sabemos que o que permite que sejamos tanto criativos, quanto analíticos é a eficiência das conexões entre todas as regiões do cérebro. Mediante a ocorrência de uma lesão no feixe de fibras nervosas que liga os dois hemisférios, as conexões são interrompidas em alguns espaços, o que pode ocasionar alterações impressionantes no comportamento.

Tantas descobertas nos colocam em um ponto no qual o fascínio pelo que já se sabe e a inquietação a respeito do quanto ainda falta compreender marcaram um encontro. Afinal, ao mesmo tempo em as funções mentais são responsáveis pela evolução e desenvolvimento do nosso mundo; as disfunções da mente revelam-se como detentoras de um poderoso sistema de destruição do ser humano e do seu entorno.

Estudos de neurociência e genética apontam que disfunções mentais como: mania, distúrbios do humor, esquizofrenia, ansiedade, distúrbios de memória e déficits intelectuais têm sua origem em configurações anatômicas do cérebro, funções bioquímicas e hereditárias. Revelações desta natureza trazem uma luz importante ao tratamento social que se dá às doenças mentais. Infelizmente, uma grande parcela da sociedade (senão sua maioria), apresenta uma postura altamente preconceituosa em sua interpretação sobre o comportamento de portadores de disfunções psiquiátricas. As doenças da mente são tão reais quanto o diabetes, as cardiopatias ou o câncer. No entanto, como seus sintomas e consequências revelam-se por meio do comportamento destoante, julga-se que o indivíduo doente pode controlar seu comportamento; e, em não o fazendo está sendo fraco, melindroso ou, até, malicioso. Sim! A quem acredite que é possível fingir uma depressão, por exemplo. Pode acreditar!

O comportamento compulsivo é um exemplo perfeito para ilustrar este fato. Compulsões são representadas por ações repetitivas que, em sua essência, são danosas ao equilíbrio físico, social e mental do indivíduo. Os compulsivos, em geral, são portadores de natureza ansiosa ou insegura, cuja origem pode estar relacionada às relações familiares na infância. A pessoa compulsiva adquire um hábito que se perpetua na tentativa desesperada de fazer parar uma dor emocional por meio de um comportamento repetitivo, sobre o qual não tem controle.

As compulsões trazem um prazer momentâneo, ilusório e danoso à já frágil estrutura emocional de quem está sujeito a elas. Em busca de saciar um buraco afetivo, aplacar uma situação aflitiva ou mesmo, escapar de um sentimento opressivo, a vítima embarca num túnel de atos repetitivos e sem nenhuma reflexão possível, perde o controle de suas ações. Há gente que rói as unhas, até que comece a roer a própria carne. Há aqueles que arrancam os próprios cabelos, até que tenha conseguido uma enorme falha expondo o couro cabeludo. Há quem compre compulsivamente coisas aleatórias, até que se veja atolado em dívidas impossíveis de serem pagas; e, nem assim conseguem parar de comprar.

Compulsões alimentares, por exemplo, são caracterizadas pela ingestão de grandes quantidades de comida, num curto espaço de tempo. A pessoa coloca na comida a cura momentânea para sensações de desamparo e incompletude às quais se submete todo santo dia. O mais desesperador é que o anestésico dura pouquíssimo tempo. Em geral, dura o tempo em que a pessoa se empanturrou de qualquer coisa que tenha no armário ou na geladeira e sequer trouxe o alívio que ali fora buscado. O mais triste é que na sequência do surto compulsivo, a pessoa é tomada por um enorme sentimento de culpa e sensação de incompetência por não ter conseguido resistir ao impulso (como se fosse possível resistir!).

Essa categoria de compulsão está intimamente ligada à aquisição de vícios. Os vícios se instalam graças ao fortalecimento das conexões neuronais presentes nos hábitos. O cérebro cria trajetos de rotina, por meio dos quais, sempre que se apresentar uma situação de angústia ou aflição, fará a pessoa recorrer ao comportamento compulsivo. Os compulsivos enfrentam dificuldades absurdas para conseguir desinstalar o processo da compulsão, justamente porque no início, esse comportamento provoca imenso prazer e as consequências negativas só aparecem com o tempo. E quando elas aparecem, a compulsão já se estabeleceu, invertendo a ordem das coisas.

A compulsão é o avesso da situação equilibrada das emoções. Aqui não é a mente que manda no comportamento. Aqui a mente está subjugada por uma repetição de comportamentos cuja causa é nebulosa, mas a natureza é psíquica. Compulsão é doença! Não é falta de vergonha na cara! Não é fraqueza! Portanto, antes de sairmos por aí apontando nossos dedinhos perfeitos a julgar o desequilíbrio alheio, muita cautela! Por trás de um comportamento anormalmente repetitivo há sempre uma pessoa que sofre!

Quando tudo sempre acaba em pizza é sinal que a coisa não vai bem

Quando tudo sempre acaba em pizza é sinal que a coisa não vai bem

Pode parecer fácil perceber isso, mas nem sempre é: um relacionamento não vai bem quando faz desprender mais energia do que agrega, quando nos faz sentir mais esgotados do que renovados. Quando causa mais canseira do que ânimo, gera mais luta do que calmaria, precisa de esforço para manter a paz ao invés de fluir naturalmente.

A coisa já desandou faz tempo quando a gente se percebe pisando em ovos para não despertar o mal humor do outro, quando a gente se encantoa, fala menos, mente, evita certos assuntos, toma muito cuidado para não invadir espaços, quando a gente tem que se moldar ou esquecer de si mesmo para evitar conflitos.

Acho que é um sinal de que algo precisa mudar quando a gente se vê fazendo malabarismo com as boas vibrações, quando a gente evita conversar sobre assuntos difíceis, quando a vida começa a parecer um jogo de palitos, e a gente tem que viver tendo cuidado para mover as peças e não fazer tudo estremecer.

É difícil ter clareza, e mais difícil ainda é perceber que se quer romper essa paz frágil, inventada. Mas, se a vida anda assim, talvez seja mesmo o momento de pisar e quebrar os ovos, tocar nos assuntos trabalhosos, enfrentar a canseira da alma para olhar a fundo uma história que a rotina parece querer te impedir de esmiuçar. E a preguiça e o comodismo parecem querer proteger.

É bom ter olhos para perceber que não está tudo bem quando depois de tanto desgaste, distancia, individualidade, tudo termina em pizza e a pizza alivia aquela noite, mas não o resto da vida. É interessante ter coragem de se expressar, de impor limites, mesmo para a dor, mesmo para a solidão, mesmo para esses excessos de cuidados que já não tapam buracos. É bom parar e olhar, falar, começar a mudar.

Porque é por querer evitar um estresse maior que a gente o fatia e distribui pelos dias. É por querer evitar que a bomba exploda de uma vez que a gente abre diariamente a válvula de escape, mas ela não se desmaterializa. É por medo da ideia de solidão, que a gente acaba vivendo o pior tipo delas: a solidão a dois.

É por excesso de proteção e compaixão pelo outro que a gente atrasa o seu desenvolvimento existencial. É por falta de energia para enfrentar um drama e dar uma guinada, que a gente acaba adoecendo em conta gotas. E é por evitar entrar na dança da vida de alma aberta que a gente acaba evitando a própria vida.

Porque o que ela quer da gente é coragem e abertura para sermos em plenitude a nossa melhor versão.

Por que precisamos chorar?

Por que precisamos chorar?

Longe de ser um sinônimo de fraqueza, chorar nos ajuda a canalizar e libertar as tensões do nosso corpo e tem um efeito semelhante ao dos analgésicos.

Choramos desde o nascimento. Às vezes de tristeza, às vezes de felicidade. Também é verdade que muitas vezes nós “seguramos” o desejo de chorar, porque pensamos que assim somos mais fortes, ou porque não é bem visto derramar lágrimas.

No entanto, este tipo de “descarga” é vital para nos expressarmos, ir em frente ou demonstrar o que nos acontece. No artigo a seguir, vamos dizer a você por que precisamos chorar de vez em quando.

Chorar profundamente nos liberta.

As lágrimas são uma ferramenta usada para todos os tipos de fins. Desde aliviar as dores até para chamar a atenção, para mostrar nossa tristeza ou decepção, memórias de algo que aconteceu no passado ou mesmo quando espirramos, temos alergias ou damos gargalhadas.
Chorar nos dá alívio, nos faz sentir mais relaxados e pode nos ajudar a estar ciente das coisas que não vemos (ou que estávamos relutantes em fazer).

É claro que você se lembra de mais de uma vez em que chorou “com todas suas forças” e, em seguida, ou dormiu ou deixou o seu canto para fazer qualquer atividade. Por quê? Porque as lágrimas servem para tirar uma grande carga dos seus ombros, como popularmente se diz.

Há pessoas que têm a capacidade de chorar, mas outras não podem fazê-lo facilmente. Quando somos pequenos nos repreendem por chorar porque nos dizem que isso é para os “fracos”, “mimados” ou “crianças más”.

Isso fica gravado em nossas mentes e, por isso, não nos permitimos chorar quando precisamos. Controlar demais as emoções, negá-las ou dissimulá-las com um sorriso falso é prejudicial à saúde.

Acumular muitos sentimentos negativos não apenas causa depressão, tensão ou estresse, mas também pode alterar o caráter ou personalidade. Mais irritabilidade, mau humor e nervosismo são apenas alguns dos sinais.

Não se esqueça de que o corpo deve expulsar tudo o que lhe dói ou lhe faz adoecer. Um dia ele não poderá suportar mais “guardar” lágrimas e tristeza, e explodirá em um grande choro ou ataque de raiva.

Quanto ao sofrimento físico causado por não chorar podemos destacar a dor de cabeça ou no pescoço, dores de estômago e tonturas. A imunidade diminui e nos tornamos mais propensos a doenças de todos os tipos.

Conter as emoções também bloqueia o fluxo de energia e isso também influencia a saúde negativamente. O choro profundo é uma excelente maneira natural de aliviar o nosso pesar e entender quais são as nossas dores e tristezas. Isso não significa que nós temos que esperar todo o mal se acumular, mas saber de que maneira ir liberando lentamente o que nos fere.

Atualmente, estamos ocupados demais para entender o que acontece conosco. Nós não tiramos um tempo para analisar as emoções cotidianas e é muito difícil tomar decisões profundas.

Se você fica o dia todo de cá pra lá, nunca poderá chorar o que precisa e desprender-se do que lhe faz mal.

Talvez você possa aproveitar o momento do banho ou quando for dormir. Isso não vai transformá-lo em um deprimido crônico, mas em uma pessoa que sabe canalizar suas ansiedades de uma forma positiva. Você vai se sentir realmente revigorado, liberado e energizado para seguir em frente.

Se pra você é difícil chorar, não precisa se preocupar. Isso acontece com muitos outros. Você precisa sensibilizar-se um pouco e dar-se um tempo. Pode tocar uma música, ler alguma coisa ou assistir a um daqueles filmes que exigem um pacote de lenço bem grande.

Você não está chorando pelo protagonista ou pela história em si, mas esse é um interessante mecanismo para desprender o que acumulou em seu interior. Sabia que existe um ponto na altura da garganta, que quando é pressionado ativa o choro? Você também pode respirar profundamente. Para muitos esta técnica funciona quando querem chorar.

O choro é um calmante natural.

Já falamos do aspecto “espiritual” do ato de chorar e algumas de suas consequências. Também é bom saber que muitos estudos foram realizados para analisar por que quanto mais lágrimas derramadas mais tranquilo fica o “chorão”.

Se o choro vale à pena é por que o líquido salino conhecido como lágrima tem a capacidade de limpar os olhos e hidratar os globos oculares naturalmente. E isso pra que serve? Para liberar hormônios de bem-estar.

Quando ficamos estressados estamos mais propensos a chorar. Isto tem uma razão científica muito convincente: ao expulsarmos as lágrimas liberamos oxitocina, noradrenalina e adrenalina. Estes elementos têm sobre o corpo o mesmo efeito de um analgésico.

Os hormônios fixam a atenção sobre o que nós sentimos. Então, depois de chorar nos sentimos melhor. Como se isso não fosse suficiente, os especialistas dizem que o choro reduz a ansiedade e promove o relaxamento.

Chorar e rir… Igualmente benéficos?

O riso e o choro são dois dos fenômenos que estão mais presentes em nossas vidas diárias. Se analisarmos fisiologicamente, ambos são semelhantes. Por quê? Porque alteram a respiração e a pressão arterial.

Se nós rirmos uma hora por dia emagreceremos 14 gramas de gordura. Talvez possa parecer pouco para alguns, mas se você somar isso, em um ano terá reduzido em 5 kg. E esse não é o única vantagem, porque o riso aumenta a autoestima, retarda o envelhecimento e elimina o estresse e a tensão.

O choro também consegue este último benefício! A medicina hipocrática o considerava “um expurgo para os estados de humor”. Ao longo da história o choro foi interpretado como um sinal de pouca integridade ou fraqueza, mas isso não é verdade. Que o riso e as lágrimas encham sua vida!

A maturidade de não culpar ninguém pelo que me acontece

A maturidade de não culpar ninguém pelo que me acontece

Você se lembra de quando era pequeno? A infância é uma época maravilhosa e é por isso que, frequentemente, voltamos a olhar para trás com nostalgia. É o período em que estamos descobrindo o mundo e, simultaneamente, sentimos a segurança que o cuidado dos adultos nos proporciona.

Na infância e na adolescência, são nossos pais ou responsáveis quem se encarregam de nos proteger, de suprir nossas necessidades e, não menos importante, de tomar as decisões por nós. É por isso que crescer é uma experiência agridoce; a verdade é que perdemos em comodidade e segurança, mas ganhar algo muito valioso: a liberdade.

Com o passar dos anos, progressivamente, tomamos as rédeas de nossa própria vida e surge a maturidade. O mais imediato é que trabalhemos para tomar conta de nossas necessidades básicas, mas há outros aspectos pelos quais também temos que aprender a nos responsabilizarmos: nossos laços afetivos, por exemplo, ou nossa saúde mental.

É na forma como lidamos com essa responsabilidade que está a diferença entre o crescimento e o amadurecimento. O tempo passa implacavelmente e todos nós crescemos, mas a forma como nos responsabilizados por nossas emoções é o que determinará se, além de termos crescido, também amadurecemos.

A maturidade nos ensina a procurar soluções antes de culpados.

Tomar decisões implica experimentar emoções relacionadas ao medo de errar e à incerteza. Tanto é assim que, às vezes, nos bloqueamos e temos muita dificuldade em escolher um caminho ou outro.

Mas a verdade é que todos nós vamos errar, porque cometer erros é parte do processo de aprendizagem. Você se lembra de quando estava aprendendo a somar na escola? No início, fazer as contas era muito complicado e cometíamos muitos erros mas, com a prática, somar se tornou uma habilidade básica.

Assumir que erramos envolve um complexo processo de reflexão e análise dos fatos, e é por isso que, às vezes, é mais fácil procurar razões externas que justifiquem nossos erros. Aqui é onde entra o jogo da culpa. Frequentemente, quando encontramos obstáculos ou temos um problema, nossa mente se empenha em encontrar culpados.

Até quando tropeçamos em um objeto inanimado colocamos a culpa dele estar no meio do caminho. Isso nunca aconteceu com você? Você está andando distraído pela calçada e bate contra um brinquedo que não deveria estar ali, machucando justamente aquela parte mais dolorosa da ponta dos pés: o dedinho. Sem pensar duas vezes, você escuta a si mesmo criticando o “maldito brinquedo”.

Mas o que acontece quando o obstáculo que encontramos é algo mais importante que um brinquedo no meio da calçada? Pode ser que você não seja aprovado, repentinamente, em uma prova para a qual acreditava estar preparado, ou que não renovem seu contrato de trabalho, ou que tenha problemas ao conversar com seu parceiro, ou que seu pai se chateie com você quando expressa a sua opinião.

Se nós não refletirmos, se nos deixarmos levar pelas emoções, a culpa será algo que aparece com luzes de neon em nossa mente. Pode ser que coloquemos a culpa nos demais, na circunstância e inclusive em nós mesmos. Mas, pare e pense: a culpa ajuda em quê?

Quando responsabilizamos os outros ou nós mesmos pelo que acontece estamos nos concentrando em emoções e atitudes negativas: a raiva e a frustração nos invadem, sentimos tristeza ou rancor, mas não avançamos. Em resumo, somos mais infelizes.

No entanto, se atravessarmos essas emoções negativas e chegarmos ao outro lado, nos daremos conta de que, além de quem quer que sejam os culpados, existe algo muito mais útil: empreender uma ação que nos ajude a mudar a situação. Se procurarmos as soluções, estaremos emitindo a nós mesmos a mensagem de que, seja o que foi que houve de errado, podemos tratar de consertar e vamos trabalhar nisso.
Procuremos ser mais pais do nosso futuro do que filhos do nosso passado.
Miguel de Unamuno 

Certamente você se recorda de alguma situação parecida com esta: algo de injusto aconteceu com você, por exemplo, você falhou em uma prova na qual pensava ter ido bem. Você se sente mal revendo em sua mente a situação, se queixa do professor ou de si mesmo. Procura culpados.

Está paralisado pensando no que aconteceu, que pertence o passado, e o passado não pode ser modificado. A culpa nos bloqueia.

Mas se você mudar o chip e decidir fazer algo a respeito: talvez solicitar uma revisão, talvez estudar os temas nos quais tirou notas baixas, talvez pedir ajuda, as emoções mudam. A frustração se transforma em motivação. Amadurecer é aprender a passar do primeiro estado para o segundo.

Assim, da próxima vez que algo der errado e você perceber que está procurando os culpados, pense no que você pode fazer de melhor para virar essa página. As emoções negativas são inevitáveis, mas se buscarmos soluções em vez de culpados, em algum momento, nos daremos conta de que deixamos a situação para trás e estamos avançando em direção aos nossos objetivos.

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