A bruxa e a sedução

A bruxa e a sedução

Nessa nova safra de produções de filmes e séries com a temática de contos de fadas, uma questão interessante se apresenta na forma de uma figura: A figura da bruxa!

Em todas as produções recentes, a bruxa, ou madrasta é sempre mais sedutora, mais interessante ou até mesmo mais bonita que a princesa.

E se observarmos os contos de fadas mais famosos, como Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel, a figura da bruxa está sempre presente. É uma figura que aparece repetidamente apenas mudando a roupagem.

Mas porque as bruxas seduzem tanto? Porque elas atraem tanto o nosso imaginário?

Para entendermos essa questão é importante atentarmos que se trata de um arquétipo. A bruxa/madrasta representa uma faceta do arquétipo da Grande Mãe.

No arquétipo da Grande Mãe estão inseridas a bruxa ou madrasta (a mãe diabólica, terrível), a velha sábia e a deusa que representa a fertilidade (aspectos da mãe boa).

A imagem da boa mãe representa tudo o que é belo e puro, já a mãe terrível representa aquilo que é ligado à destrutividade, à bruxaria e à animalidade.

Segundo Newman, em A Criança, o aspecto da Mãe Terrível liga-se à morte, ruína, aridez, penúria e esterilidade.

Infelizmente, com a cristianização de nossa sociedade, o aspecto diabólico da bruxa foi reprimido da imagem da Grande Mãe. Sua imagem se tornou unilateral, sendo a maior representante dessa imagem a Virgem Maria.

De acordo com Marie Louise Von-Franz, em A sombra e o mal nos contos de fadas, a bruxa é a Deusa-Mãe negligenciada, a Deusa da terra, a Deusa-Mãe em seu aspecto destrutivo.

Nisso percebe-se que todo o aspecto ctônico, toda sedução e sexualidade femininas foram suprimidas e associadas à imagem da bruxa, da feiticeira.

Entretanto, é um aspecto extremamente necessário para o desenvolvimento psicológico e para o processo de individuação.

Nos contos de fada citados, geralmente o pai (elemento masculino) é fraco ou inexistente, sendo somente redimido, após o enfrentamento da heroína com a bruxa, possibilitando a chegada do príncipe. E a mãe boa morre, dando lugar a bruxa ou madrasta, que passa a persegui-la e humilhá-la.

Entretanto, a bruxa é extremamente importante para o desenvolvimento da princesa. Sem ela não há narrativa, não há estória. Sem ela a princesa não sairia do lugar. Ela é uma força motriz que força a individuação.

Portanto, é a sombra da boa mãe negligenciada, que torna a heroína ou princesa tridimensional.

Em termos individuais a mãe terrível nos força a sair da zona de conforto. O ser humano sempre busca o prazer e o aconchego doa braços da boa mãe, e ele sempre tende a se tornar inerte nesse estado paradisíaco. Entretanto nele, não há desenvolvimento. Sem a mãe terrível para nos expulsar do paraíso não progrediríamos.

Ao aceitar o desconforto, o sofrimento e as limitações impostas pela bruxa, podemos nos desenvolver em direção a uma totalidade, capaz de integrar o bom e o ruim, o agradável e o desagradável.
Portanto, sem ela não podemos conhecer os opostos.

Além disso, a bruxa possui um caráter numinoso e por isso ela é fascinante. Ela á aterradora, pois pode manter a consciência em cativeiro, mas extremamente atraente.

Não é a toa que as produções de contos de fada hoje dão ênfase a esse personagem. Sua força enquanto mobilizadora do desenvolvimento é tremenda. Nossa consciência coletiva clama pela totalidade para que possamos dar um avanço em nosso processo de individuação e em nosso desenvolvimento coletivo.

O mundo na visão de um ilusionista

O mundo na visão de um ilusionista

Ceslovas Cesnakevicius é um artista e fotógrafo freelancer que mora e trabalha na cidade de Vilnius, capital da Lituânia. Ele usa sua imaginação sortida para tirar fotografias que parecem conjurações mágicas de tão surreais.

Seu estilo de arte é baseado em ilusionismo, técnica que ele pratica através de manipulação fotográfica muito bem pensada e executada.

Cada foto retrata uma visão de mundo de acordo com um ilusionista visionário. Suas fotos são evocativas; ao mesmo tempo capturam o foco e deturpam nosso senso de percepção.

Ao observar essas fotografias, tem-se a impressão de estar sendo transportado para um universo paralelo cheio de fantasias vívidas e possibilidades incomuns.

A engenhosidade e beleza complexas das fotos de Ceslovas oferecem distorções da realidade difíceis de acreditar, mas fáceis de apreciar.

Antes de criar as fotos, Ceslovas se pergunta que tipo de cenários são passíveis de ser reais se um ilusionista as tivesse criado por livre e espontânea vontade. Bem, muita coisa pode sair da mente de uma pessoa, ainda mais de um ilusionista que não respeita a ordem natural das coisas.

Revivendo ideias imaginativas de seus sonhos desmiolados, mas cheios de sentido, o fotógrafo lituano cria imagens fantásticas que desafiam as regras da física e nos desnorteia, de certa forma, assim como fascinam.

O processo criativo de Ceslovas é alimentado por ideias que vão adquirindo vida conforme ele escolhe uma foto para ser manipulada.

Para o site The Creator Project, Ceslovas afirmou:

“Eu sempre começo com uma ideia. Eu mantenho a fotografia original como um pano de fundo, e vou trabalhando sobre os detalhes em particular, que criam realidades ligeiramente distorcidas.”

A partir de ideias livremente espontâneas e de uma fotografia primária compatível com suas ideações, o artista lituano mune-se de inspiração para atrair olhares sedentos por magia e fantasia. Segundo ele:

“A inspiração vem de tudo: natureza, pessoas, todas as disciplinas da arte, sol, vento e assim por diante. Em minhas imagens, eu sempre parto do objetivo de ter um equilíbrio adequado entre sombra e luz, e a perspectiva tão precisa quanto possível. Eu não me limito à lógica de percepção das coisas como as conhecemos.”

Cada fotografia de Ceslovas possui uma combinação intrincada de fantasia e realidade, e todas elas nos fazem sugerir que existem outros mundos além deste, habitados por seres alternativos nos confins de nossa imaginação infinita.

De acordo com Ceslovas, as fotos são profundamente pessoais; produtos de um desejo primitivo e intrínseco de haver diferentes dimensões da existência humana. Ele é o tipo de pessoa entediada e curiosa que não se contenta em viver na Terra.

Quando se olha para esse tipo de arte, um pouco de desorientação mental é comum, mas também divertido. As fotos brincam, idoneamente, com as regras da natureza, e dissimulam as nossas sensações.

Acompanhe algumas fotos ilusionistas do artista:

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Como responder às provocações

Como responder às provocações

Não, eu não estou deixando as linhas tortas do devanear para seguir a linha reta das fórmulas prontas. Esse texto não é um conselho, tampouco um manual. É mais como aquela reflexão que você joga no ar, que fica maquinando na sua cabeça e você tem que contar para os amigos no bar.

Tipo quando você descobre uma nova fórmula para matar baratas ou espantar pernilongos, e sabe que nem todos vão fazer, ou que não daria certo para todo lugar, mas, ainda assim, na sua empolgação juvenil, resolve soltar seus espasmos de percepção por aí. É, como quase tudo, um tanto quanto singular, mas nem por isso deixa de ter um pouco de comum.

É que, como tudo e muito de muito bom, as provocações se espalharam por aí, e os provocadores, agora com a ferramenta fantástica de manter o anonimato para reforçar sua natureza covarde, estão disseminando seus veneninhos indolentes com uma amplitude cada vez maior.

Mas, que não nos confundamos, provocadores não são críticos. Há quilômetros, para não dizer anos luz – porque eu até gosto de exageros para variar – de diferença entre um crítico e um provocador, ou entre uma crítica e uma provocação.

Uma crítica se direciona a algo, porque o crítico foi capaz de adentrar neste algo, geralmente um trabalho, uma ideia, uma produção qualquer planejada ou materializada, e diante da sua visão, constrói um ponto de vista, que pode ser positivo ou não, embora hoje tanto associemos a crítica à depreciação. Não é bem por aí…

Já a provocação, ela tenta tomar uma coisa como desculpa, seja um comportamento, um trabalho, uma forma de pensamento, enfim, uma produção de qualquer natureza, mas direciona uma ofensa à pessoa que realizou ou manifestou esse “algo”.

Então, a crítica parte de algo, fala de algo e se direciona a algo, apenas indiretamente referindo-se ao alguém que produziu ou manifestou esse “algo”. A provocação atropela o “algo” e o usa como desculpa para se direcionar a alguém de forma ofensiva.

Estou sendo didática a contragosto, tão somente porque, honestamente, eu adoro a crítica e não quero ser mal interpretada. Mas a provocação, infelizmente para ela e seus adeptos, não conta com meu precioso afeto (#sarcasmo). Nem os bons, nem os maus. E está justamente aí essa iluminação que me passou hoje pela cabeça – quando eu sentia um pequeníssimo incômodo, como um infeliz que tivesse pisado descalço em uma barata -, diante de uma provocação anônima e incoerente, daquele tipo que qualquer um de nós, quando magoados, podemos ter o infortúnio de fazer depois de uma noite de bebedeira. Bom, faz parte… a autocrítica.

Assim como pisar em uma barata, fica o nojinho, fica o asco, por algum tempo, talvez, no caso da barata, até por alguns dias, mas logo se esquece disso. Não muda muito nossa vida, pode até nos ajudara aprender a pisar com mais cuidado, ou prestar bastante atenção em onde é “seguro” pisar descalço ou não. Lidar com a provocação é mais ou menos por aí.

A provocação nada diz respeito a quem foi provocado, mas sim ao provocador. Ela é uma espécie de pedido carente e desesperado por atenção e afeto, vindo de alguém que não dá conta de manifestar seu afeto ou conquistar a atenção alheia. Quer por decreto e imposição ser visto e amado, ainda que seja pela via do ódio. O que o provocador demanda ao provocado é um pedido de relação, de intimidade agressiva, de um lugar especial e de destaque na cabeça daquele a quem ofende.

Assim como os tímidos apaixonados loucamente, esses românticos e eloquentes, que fazem disso beleza e poesia, mas não tem coragem de se declarar ao seu amor, o provocador anônimo também tem esse receio. Ele quer muito inocular seu veneno no interlocutor, mas tem medo de mostrar a cara, tem medo de assumir essa emoção forte e dilacerante que ele sente, que no caso, não é bem amor, talvez lá no fundo seja, mas diferente do apaixonado eloquente, esse amor que ele mesmo não aceita se manifesta na forma de frustração.

Por uma identificação nada assertiva com o provocado, ele vê nele um espelho distorcido, aonde reflete seus próprios defeitos, dolorosos demais para serem assumidos na lata,e tanto mais arrepios sente diante da responsabilidade em lidar com isso. Um “Deus me livre!” ou algo dessa natureza passa rasteiramente pela cabeça do pobre coitado, só de pensar em ter que encarar a si próprio, com todas as suas cicatrizes, inseguranças e incertezas para lidar. O provocador é um preguiçoso.Ele não quer ser melhor do que ele mesmo: prefere tentar rebaixar os outros para que eles cheguem ao mesmo nível que ele.

E é aí que me veio à mente aquele conselho de mãe, tipicamente ouvido na adolescência: ignore. Sim, ignorar. Dar ao provocador um silêncio profundo, um esquecimento desafetado, no máximo um sorriso sarcástico, ou daqueles que pedem desculpa sem culpa, no caso de ele se mostrar e não poder ser, como acontece virtualmente, integralmente ignorado.

Quando respondemos a um provocador, estamos aceitando a sua proposta de casamento. Ele goza com isso como um apaixonado diante da reciprocidade. Ele conseguiu! “Agora você é meu!”, até que a sorte nos separe. Por outro lado, quando obrigado a lidar com um silêncio infinito, não resta a ele nada além de sua própria persona, de se sufocar com o próprio veneno, de degustar da própria vileza, que não encontrando outra direção retorna a ele mesmo.

A vida é curta demais para ter tempo de responder às provocações. Há afetos muito mais belos e frutíferos para disseminar por aí. A provocação é como uma erva daninha que toma conta até de quem não tem nada a ver com a história amorosa do ofensor e seu potencial ofendido. Não nos ofendamos com a provocação. Ela é só uma forma de afeto desacertado, mal resolvido, desprovido de qualquer nobreza: no máximo é da ordem da covardia.

Aos provocadores, deixemos o nosso silêncio para não ocupar o espaço de respondermos aos nossos amores.E apenas quando for o caso, quando for possível e até inevitável, carreguemos desse tropeção um aprendizado para a vida, sobre aquele cuidado em não pisar descalço nas baratas, que pior para elas mortinhas da Silva, em nossos pés deixam apenas um nojo passageiro.

Não acorde a inveja adormecida!

Não acorde a inveja adormecida!

Ela existe, ela é real, ela perambula e bate em todas as portas, passa por brechas estreitas, se camufla, se mascara. Ela só espera por uma oportunidade, uma mínima chance para se manifestar. Ela é bicho predador, não age por razão e sim por instinto voraz.

A inveja faz parte da coleção de sentimentos humanos. Não é a figurinha mais popular, nem mais cotada, mas tem seu lugar marcado nos álbuns de todos os viventes.

A inveja tem superpoderes e consegue fazer com que a identifiquemos rapidamente no outro, mas quase nunca em nós mesmos, muito embora ela esteja lá e também esteja cá.

Da mesma forma que se luta contra o egoísmo, a avareza e outras sensações non gratas, também é preciso enfrentar a inveja.

Pessoalmente acredito que é uma das mais ferozes lutas internas, mas muito gratificantes quando conseguimos desmaiar essa demônia que nos hipnotiza e desfoca.

Uma vez desmaiada, bela fosse, seria como a heroína do conto de fadas. Mas ela não é bela e muito menos heroína. Que permaneça desacordada.

E, ao contrário da bela que só aguardava um beijo para despertar, esta vilã adormecida acorda com mínimos movimentos, até mesmo com um suspiro descuidado.

É preciso cuidado ao observar o outro, ao digerir notícias, ao receber informações, ao olhar em volta.

Se queremos que nossa inveja permaneça adormecida, é essencial entender que o cenário particular não pode ser comparado a nenhum outro cenário. É imperioso que a observação dos feitos alheios não seja contaminada com comparações e julgamentos. Cada um tem o que tem, na porção exata de êxito e dor. E ai de quem ainda consegue invejar até mesmo uma dor.

O rebuliço interno de uma alma faz ruído que acorda a inveja. Em compensação, a paz de uma vida que não deseja ser espelho nem rival de outra, faz com que o sono da inveja seja cada vez mais profundo. E então não haverá beijo traidor que acorde essa vilã adormecida.

Viver irritado pode esconder algo mais grave do que apenas “mau-humor”

Viver irritado pode esconder algo mais grave do que apenas “mau-humor”

Sem perceber, você foi se afastando aos poucos dos amigos, de todos os amigos. Sem perceber, os hábitos diários foram ficando cada vez mais rígidos e configurados a serviço de uma rotina invariável, cuja função é mantê-lo aparentemente dentro de uma situação segura e protegida. Sem perceber, os sorrisos foram ficando mais raros, as ruguinhas no centro dos olhos foram ficando mais fundas, a tensão nos ombros passou a ser uma companhia constante. Sem perceber, você foi se adaptando a dias solitários que viraram semanas, que viraram meses. Sem perceber, o que você vem aceitando como sendo características pessoais de “personalidade forte” ou “gênio difícil” podem ser sinais de uma disfunção afetiva.

A Distimia é facilmente confundida com mau-humor, uma vez que portadores desse transtorno de conduta apresentam comportamentos pouco sociáveis, irritam-se com extrema facilidade e perdem a razão por causa de seu “pavio curto”. Essas pessoas acabam se afastando do convívio com colegas, amigos e familiares, na tentativa de parar de sofrer, por não sentir prazer na convivência com o outro.

Os distímicos não chegam a ter crises avassaladoras como as têm aqueles que sofrem de Depressão Clássica. No entanto, a amargura torna-se uma companheira fiel, que acorda e vai para a cama com a pessoa todo santo dia. O que difere a Distimia do “mau-humor” é que o portador não é apenas pouco dado a sorrisos e gentilezas e toca sua vida numa boa. Os ditímicos sofrem por não conseguirem estabelecer e manter relacionamentos de amizade, profissionais ou amorosos; eles não sentem nenhum prazer em destratar as pessoas; passam a ter sentimentos de menos valia, pouca ou nenhuma confiança em si mesmos e buscam o isolamento, pois estar entre outras pessoas, coloca-os numa situação de enorme desgaste emocional, já que têm dificuldades para controlar e evitar comentários ácidos, impaciência e agressividade.

O fato é que ninguém se sente confortável carregando para lá e para cá uma cabeça que murmura reclamações o dia todo, não consegue achar graça nem nas grandes, nem nas pequenas coisas, vive criticando tudo ao seu redor e não relaxa nunca, porque sente-se inadequado em relação ao mundo e sente que o mundo é inadequado para si. De acordo com a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), existem mais de 11 milhões de brasileiros sofrendo desse mal.

Não há estudos conclusivos acerca das causas da Distimia; médicos e psicólogos apontam para a possibilidade de fatores bioquímicos (alterações cerebrais), genéticos (parentes de primeiro grau diagnosticados), ambientais (rotinas desgastantes ou exposição a situações críticas de estress), ou comportamentais (depender excessivamente da aceitação e atenção do outro). É, também, comum, aparecer sintomas distímicos em pacientes portadores de outros transtornos mentais, como síndrome do pânico ou fobias graves.

Quanto antes for feito o diagnóstico preciso, quanto mais chances o paciente terá de aprender a reconhecer, conviver e administrar os sintomas da doença. É absolutamente normal sentir-se triste diante de uma perda, ficar aborrecido quando algo sai errado, perder a paciência com gente sem noção ou querer ficar sozinho às vezes, para aproveitar a própria companhia. No entanto, se a tristeza, a exasperação, a irritabilidade e a necessidade de isolamento tornarem-se uma constante, a ponto de interferir negativamente em sua vida pessoal, laboral e afetiva, é bom investigar. Dividir a aflição com alguém próximo, um amigo ou familiar, a princípio já é um primeiro passo. Mas, é indispensável buscar ajuda de psicólogos e psiquiatras; só um profissional capacitado poderá analisar e confirmar a ocorrência de uma patologia ou determinar se aquele quadro comportamental refere-se apenas a uma fase ou traço de personalidade.

Uma vez feito o diagnóstico correto e assertivo, é necessário aderir ao tratamento psicoterápico e medicamentoso (se for o caso). E, como em qualquer outro tipo de transtorno afetivo, faz-se absolutamente necessário o envolvimento e apoio das pessoas mais próximas. Nenhum de nós nasceu com escudo de proteção que nos impeça de sermos atingidos pela dolorosa experiência de ter de conviver com um transtorno de humor. Por isso, sejamos capazes de entender que a dor do outro não pode ser sentida por nós, mas que ele a sentirá menos pesada e cruel se tiver a nossa mão para segurar. Afinal, generosidade, amorosidade e empatia são remédios altamente potentes contra a dor de qualquer natureza.

O amor é jazz, assim bem juntinho

O amor é jazz, assim bem juntinho

Ela disse “oi” e ele, assim sem jeito, respondeu “olá “. Quando a música terminou, ambos continuaram dançando. Era um jazz. Era um amor desses pra ficar bem juntinho.

Dizemos não nos importar com a ausência do romantismo, mas gostamos de sermos lembrados, com carinho e carícias, dos possíveis motivos e indícios de ali estarmos. As mãos dadas sugerem uma comunhão de corações. Corações bem vindos para amor. Não fosse a admiração mútua, o gesto seria apenas um cumprimento automático de quem não quer estar sozinho, e ninguém merece ser apego do outro. O amor é sentir e também escolha. Escolha no sentido de estabelecermos sua extensão e permissão para seguir adiante. Negar essa liberdade é maltratar o próprio amor.

Mas o ser romântico ganha vida em ir ao encontro de sua essência, a qual depois dos dedos entrelaçados, os sorrisos são bem vistos e acolhidos. Porque sorrir para si é bom, mas escancarar a alma nos dentes para o outro, incomparável. Não é sair porta afora demonstrando felicidades sem fim, não. Contudo, colocar-se disponível e em direção a novos prazeres faz palpitar até o mais frio dos corações. E como precisamos experimentar. Conceder-nos a oportunidade de vivenciarmos momentos que não sejam resumidos por noites de porres e choros na frente da tevê.

O romantismo é construído, despretensiosamente, com abraços. Após os abraços, muitos beijos. Intimidades compartilhadas por quem não sente vergonha de sentir. São formas do mais amor, ainda que não haja necessidade de palavras para descrevê-lo. Pra quê? Caminhar a dois rumo ao misterioso. Descobrir, dia após dia, o significado do relacionamento. Mas juntos. Sem deixar num canto qualquer todas as expectativas, pois elas fazem parte da melodia. Saber do ritmo um do outro é fundamental para não pisar nos pés do amor.

O amor é jazz, assim bem juntinho. Mas não há problema no caso de você não saber como se dança. Desde que tenha a composição em mãos, abraços e lábios, eu fico bem mais perto. Juntos e nos nossos passos.

Se precisa forçar, é porque não é o seu tamanho (anéis, sapatos, relacionamentos…)

Se precisa forçar, é porque não é o seu tamanho (anéis, sapatos, relacionamentos…)

Por Raquel Brito

Se precisa forçar, é porque não é o seu tamanho. Esta afirmação é válida para qualquer elemento que de alguma forma tenha que encaixar com você, sejam peças de vestimenta ou relacionamentos, amizades, etc. Imagino que a grande maioria dos leitores se identificarão com essa situação na qual você vê uma peça de roupa que gosta, entra para perguntar e respondem que o seu tamanho está esgotado. Então você pede um tamanho maior ou menor, para ver se dá sorte.

Muitas vezes nos empenhamos para que uma determinada coisa se encaixe a nós e não percebemos que, na verdade, está nos machucando. A inércia, as mensagens prejudiciais que a sociedade nos envia, as expectativas, as oportunidades… Tudo isso, traduzido em um relacionamento disfuncional, só pode ter um resultado: a dor.

O que origina isto é a falta de amor. Mas não qualquer tipo de amor, e sim o amor próprio especificamente. É um verdadeiro triunfo abrir os olhos para perceber que os bons sentimentos nunca se acompanham de submissão.

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O amor não deve ser mendigado

O amor não deve ser mendigado, nem implorado. Se a pessoa não gostar de você, se empenhar para que goste é um suicídio emocional garantido. Não se pode esperar que aconteça um milagre e que o amor apareça. Muito menos podemos manter essas expectativas às custas da nossa saúde emocional e da nossa liberdade.

Nisto, a educação que recebemos tem muita culpa. Por exemplo, estamos cansados de filmes que fomentam a dependência e que atribuem a qualquer relacionamento a capacidade de superar qualquer tipo de obstáculo.

Isto não funciona assim. Um relacionamento que aperta e dói está impedindo você de crescer e está oprimindo a sua capacidade de respirar livremente. É quase tão simples como se estivermos nos afogando, é preciso sair da água. Agora, sair de um relacionamento tortuoso normalmente não é fácil e dá muito medo…

Cicatrizar as feridas que foram geradas tentando forçar o relacionamento

Existe uma realidade muito bonita com relação as pérolas que nos ajuda a ilustrar como podemos curar as feridas que surgiram de um relacionamento amoroso ou de uma amizade forçada. Vejamos como é isto…

A primeira coisa a saber é que uma ostra que não foi ferida de alguma forma não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada. As pérolas são produto da dor, resultado da entrada de uma substância estranha ou indesejada no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia.

Na parte interna da ostra encontra-se uma substâncias lustrosa chamada de nácar. Quando um grão de areia penetra nela, as células de nácar começam a trabalhar e o cobrem com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, forma-se uma linda pérola.

Sabendo disto, podemos nos apropriar deste processo em forma de metáfora. Cicatrizar as feridas não é nada fácil, mas é o único caminho que ajuda a fechar uma dolorosa etapa de nossas vidas. 

Que o mundo vem abaixo, que estamos tocando fundo, que não vamos conseguir estabilizar a própria vida sem a presença dessa pessoa ou desse grupo de relacionamentos que tanto importava… Todas estas sensações são normais em situações de adversidade emocional.

Contudo, esta mesma “fraqueza” que tanto nos assusta pode ser usada para nos fortalecer. Para ilustrar isto vamos lançar mão da técnica chamada de Kintsugi que os japoneses usam para reparar peças quebradas. Esta consiste em recompor os pedaços das peças de cerâmica quebradas com ouro, de tal forma que o que estava quebrado agora se transforma na parte mais bela e forte do objeto em questão.

Se lançarmos mão da sabedoria oriental para compreender isto, entendemos que aquilo que nos fez sofrer também nos proporciona valor. E mais, a beleza das nossas feridas dependerá do que produzirmos em nosso interior e de como trabalharmos as nossas dores.

Atendendo a isto, é bom colocarmos empenho em bordar com ouro as lágrimas nas nossas vestimentas, aceitar a necessidade de fechar círculos, dizer adeus e não se complicar demais tentando vez após vez fazer caber um vestido que não serve.

Tentar reescrever um livro com uma história que já se mostrou sem futuro em outras ocasiões é enganar a si mesmo. Por isso precisamos ser conscientes de que uma ferida não consegue se curar se estamos emaranhados nela de forma constante.

Talvez fiquem as cicatrizes, sim, mas sempre poderemos exibi-las com orgulho e, acima de tudo, com total liberdade sem que nada nos aperte.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Nossa estranha e dolorida dificuldade para o perdão

Nossa estranha e dolorida dificuldade para o perdão

É noite alta e eu ainda não preguei os olhos. Não vai. O sono não engata. Amanhã cedo tem trabalho que segue até tarde, como todos os outros dias da vida. Eu preciso dormir, mas é impossível e eu sei por quê. É que o meu coração está pesado e barulhento.

Agora há pouco, meu filho de sete anos me fez algo que eu entendi como incabível. Ele me disse “cale a boca” num instante de irritação infantil, egoísta e imaturo como geralmente são as crianças. Eu dei-lhe uma bronca daquelas, gritada, irrefletida, e ele me pediu desculpas, como em geral fazem os adultos de boa vontade. Mas eu não consegui perdoá-lo ali, na hora. Nem ao meu filho, a quem eu disse “não”, nem a mim mesmo eu fui capaz de oferecer um simples e providencial perdão. Estava encerrado o nosso fim de semana feliz. No tempo combinado, levei-o de volta à casa da mãe dele sem olhar-lhe nos olhos, sem beijo e nem abraço. Sem o “eu te amo”, o “tchau, até amanhã, meu filho”, de sempre. Do jeito mais infantil, egoísta e imaturo possível para um homem de quarenta anos.

Agora estou aqui, insone, doente, sofrendo a falta dele. Consumido de medo e culpa, efeitos terríveis da minha incapacidade para o perdão. E se eu morrer agora, antes de vê-lo de novo? E se me faltar a oportunidade de dizer a ele de perto, olhando-o nos olhos, que eu o perdoo, sim? E se amanhã eu não puder explicar-lhe com calma e amor e cuidado que fiquei chateado porque não se manda o papai calar a boca, mas que o papai ainda é o mesmo que o pega de segunda a sexta na escola, o espera comer a salada em nosso almoço de todo dia e o ama mais que tudo na vida?

E se eu disser e ele não acreditar em nada disso?

Se qualquer dessas coisas acontecer, a culpa será minha. Obra da minha própria e indiscutível incapacidade de perdoar, esquecer e tocar em frente.

De todas as durezas da vida, é certo que entre as maiores e mais dolorosas vive a nossa pouca habilidade para o perdão. Meu Deus! Como é duro perdoar! Aos outros e a nós mesmos, o perdão é nosso mais caro e raro trabalho.

Você e eu e todos nós somos enormes depósitos de mágoas. Nossas casas internas estão abarrotadas delas. Em gavetas superlotadas, nos porões, nos sótãos, debaixo das camas, esquecidas em caixas de papelão fechadas desde uma velha mudança, entupindo passagens em quartos mal usados, dificultando o fluxo do ar e da luz e da vida, lá estão velhos rancores e culpas, chateações e ressentimentos endurecidos com o tempo, como portas emperradas trancando a vida do lado de dentro. Esperando nosso simples e tão difícil perdão.

Explodi numa bronca desmedida em meu filho de sete anos, fui incapaz de desculpá-lo e explicar-lhe os motivos da minha ira porque tenho o coração tumultuado por passagens mal resolvidas, dores passadas, preocupações recorrentes, irritações corriqueiras e outros entulhos. Lixo puro e simples, mato, erva daninha se arraigando no quintal, firme no propósito de sabotar nossas plantas. Ódio empurrando o amor barranco abaixo.

Tudo isso porque dar e receber perdão honestamente, com a verdade das crianças, é tão difícil quanto as decisões mais complexas da vida. Aquelas que você e eu julgamos definitivas e que depois o tempo nos joga na cara o quanto são banais e corriqueiras e ridículas como roupas, móveis, objetos, arquivos e recibos sem uso que relutamos em passar adiante, mas que quando se vão deixam os bolsos, as malas, os computadores e a vida tanto mais leves. Perdoar deve ser isso mesmo, né? Decidir seguir em frente com a bagagem reduzida.

Hoje eu não consegui. Não perdoei a má-criação de meu filho na hora certa e não perdoo a mim mesmo por isso. Minha bagagem segue pesada como meu coração. Acho que não vou morrer antes de ver meu menino de novo. Não desta vez. Mas é certo que morri um pouquinho agora, insone, triste, lembrando seus olhinhos de perdão à espera da minha compreensão que não veio.

Então amanheceu. É outro dia. Tempo de tentar de novo. Perdão, meu pequenino herói. Uma hora, com todo o amor que nos cabe, este seu velho pai há de aprender.

A iniciação feminina em Branca de Neve e Rosa-Vermelha

A iniciação feminina em Branca de Neve e Rosa-Vermelha

Uma pobre viúva vivia isolada numa pequena cabana. Em seu jardim havia duas roseiras: em uma florescia rosas brancas, e, na outra, rosas vermelhas. A mulher tinha duas filhas que se pareciam com as roseiras: uma chamava-se Branca de Neve; a outra Rosa Vermelha. As crianças eram obedientes e trabalhadeiras. Branca de Neve era mais séria e mais meiga que a irmã. Rosa Vermelha gostava de correr pelos campos; Branca de Neve preferia ficar em casa ajudando a mãe. As duas crianças amavam-se muito e quando saíam juntas, andavam de mãos dadas…

Elas passeavam sozinhas na floresta, colhendo amoras. Os animais não lhes faziam mal nenhum e se aproximavam delas sem temor. Nunca lhes acontecia mal algum. Se a noite as surpreendia na floresta elas se deitavam na relva e dormiam.

Uma vez, passaram a noite na floresta e, quando a aurora as despertou, viram uma linda criança, toda vestida de branco sentada ao seu lado. A criança levantou-se, olhou com carinho para elas e desapareceu na floresta. Então viram que tinham estado deitadas à beira de um precipício e teriam caído nele se houvessem avançado mais dois passos na escuridão. Contaram o fato à mãe que lhes disse ser provavelmente o anjo da guarda que vigia as crianças.

As meninas mantinham a choupana da mãe bem limpa. Durante o verão, era Rosa Vermelha que tratava dos arranjos da casa e no inverno, era Branca de Neve. Á noite, quando a neve caía branquinha e macia, Branca de Neve fechava os ferrolhos da porta.

À noite sentavam perto da lareira e enquanto a mãe lia em voz alta num grande livro as mãozinhas das meninas fiavam; aos pés delas, deitava-se um cordeirinho, e atrás, em cima do poleiro, uma pomba muito branca dormia com a cabeça entre as asas.

Uma noite, quando estavam assim tranquilamente, ouviram bater à porta e a mãe mandou Rosa Vermelha abrir a porta, pois devia ser alguém procurando abrigo.

Ao abrir a porta Rosa Vermelha viu um enorme urso que meteu a grande cabeça através da abertura da porta. Ela soltou um grito e correu para o quarto; o cordeirinho pôs-se a balir, a pomba a voar, e Branca de Neve se escondeu atrás da cama da mãe.

-Não tenham medo, – falou o urso – Estou gelado me deixem aquecer perto da lareira.

-Pobre animal, disse a mãe, – chega perto do fogo, mas cuidado para não se queimar.

Então a mãe chamou as meninas. Elas voltaram e, pouco a pouco, aproximaram-se o cordeirinho e a pomba, sem medo.

-Meninas, disse o urso, por favor, tirem a neve que tenho nas costas!

As meninas pegaram a vassoura e limparam o seu pelo; em seguida, o urso estendeu-se diante do fogo, grunhindo satisfeito. Não demorou muito, ela puseram-se a brincar com ele. Puxavam o pelo com as mãos, trepavam nas suas costas ou batiam nele com uma varinha de nogueira. Ele só reclamou quando elas se excederam.

– Rosa Vermelha e Branca de Neve, ele disse – tratem o pretendente como se deve!

Quando chegou a hora de dormir e as meninas foram deitar-se, a mãe disse ao urso:

-Fique perto do fogo e você estará ao abrigo do frio e do mau tempo.

Logo que amanheceu, as meninas abriram a porta ao urso e ele se foi para a floresta, trotando sobre a neve. A partir desse dia, ele voltou todas as noites, à mesma hora. Estendia-se diante do fogo e elas brincavam com ele.

Chega a primavera e tudo se cobre de verde, então o urso disse a Branca de Neve que tinha que ir embora e não voltaria durante o verão, pois tinha que proteger seus tesouros dos maus anões. No inverno eles permaneciam nas tocas; mas quando o sol derrete a neve eles saem e roubam tudo o que podem; escondendo em suas cavernas. Ela ficou muito triste e quando abriu a porta para o urso passar, ele esfolou a pele na lingüeta da fechadura, e Branca de Neve viu o brilho de ouro, mas não teve certeza.

Algum tempo depois, a mãe mandou as meninas apanharem gravetos na floresta. Lá chegando, viram uma árvore caída ao solo, e no tronco, entre a relva, qualquer coisa se agitava, pulando de um lado para o outro. Ao se aproximaram, viram um anão de rosto acinzentado, envelhecido e enrugado, com uma barba branca muito comprida. A ponta da barba estava presa numa fenda da árvore. Ao vê-lo Rosa Vermelha perguntou como sua barba ficara presa na árvore.

-Sua estúpida!- respondeu o anão; – eu quis partir esta árvore para ter lenha miúda na cozinha, porque, com pedaços grandes, o pouco que pomos nas panelas queima logo; nós não precisamos de tanta comida como vocês, gente estúpida e glutona! Tinha introduzido a minha cunha no tronco, mas a maldita madeira é muito lisa, a cunha saltou e a árvore fechou-se tão depressa prendendo minha linda barba. Riem suas bobonas!

As meninas fizeram muita força para livrar o homenzinho, mas não conseguiram desprender a barba, então Rosa Vermelha disse que precisariam de ajuda.

-Suas burras, – estrilou o anão, – Chamar mais gente? Não podem ter uma idéia melhor?

-Não fique nervoso, – disse Branca de Neve. – Vou resolver isto.

Tirou do bolso uma tesourinha e cortou a ponta da barba. Ao se ver livre, o anão agarrou um saco cheio de ouro oculto nas raízes da árvore e, pôs às costas, sem agradecer, saiu resmungando:

-Suas brutas! Cortaram-me a ponta de minha barba! O diabo que vos recompense!

Passado algum tempo, Branca de Neve e Rosa Vermelha foram pescar peixes para o jantar. Quando chegaram perto do rio, viram uma espécie de gafanhoto grande saltitando à beira d’água. Correram até lá e reconheceram o anão.

Rosa Vermelha perguntou; – você não quer se jogar na água?

-Não sou tão burro! – gritou o anão. – É esse maldito peixe que me arrasta para a água.

Para pescar o anão lançou a linha, mas o vento enroscou sua barba na linha e, nesse momento, um grande peixe mordeu a isca do anzol e suas forças não eram suficientes para mantê-lo fora da água, mesmo agarrando-se aos ramos.

As meninas seguraram o anão para desembaraçar sua barba, mas foi necessário usar mais uma vez à tesourinha e cortar outro pedaço da barba. Ele gritou, zangado:

-Isso é modo, suas patas chocas, de desfigurar a cara de uma pessoa? Já não bastava cortarem minha barba da outra vez, agora cortaram a parte mais bonita!

Pegando um saco de pérolas, escondido numa touceira ele sumiu atrás de uma pedra.

Pouco tempo depois, a mãe mandou as meninas à cidade comprar linha, agulhas, cordões e fitas. O caminho serpeava por uma planície de rochedos. Lá viram um grande pássaro pairando no ar, que depois de descrever um círculo cada vez menor, foi descendo, até cair sobre um rochedo não muito distante. No mesmo instante ouviram um grito. Correram e viram com horror que a águia segurava nas garras o seu velho conhecido, o anão, e se dispunha a carregá-lo pelos ares. As meninas seguraram o anão com todas as forças, e puxa de cá e puxa de lá, por fim a águia teve de largar a presa. Quando o anão voltou a si do susto, gritou-lhes com voz esganiçada:

-Não podem me tratar com mais cuidado? Estragaram o meu casaco! Suas, palermas!

Depois pegou um saco cheio de pedras preciosas e deslizou para dentro da toca, entre os rochedos. Sem se incomodar com sua ingratidão, elas foram pra cidade.

Ao regressarem pela floresta, elas surpreenderam o anão, que tinha despejado o saco de pedras preciosas num lugar limpinho. Os raios do sol caiam sobre as pedras, fazendo-as brilhar tanto, que as meninas, deslumbradas, pararam para as admirar.

-Que fazem aí de boca aberta? – berrou o anão; seu rosto acinzentado estava vermelho de raiva. Ia continuar xingando, quando se ouviu um grunhido surdo e, um enorme urso negro saiu da floresta.

O anão deu um pulo de medo, mas não teve tempo de alcançar um esconderijo: o urso cortou-lhe o caminho. Então ele implorou:

-Querido urso eu lhe darei todos os meus tesouros! Deixe eu viver! Você nem me sentirá entre seus dentes. Pegue essas duas meninas gordinhas para o seu estômago!

O urso não ouviu suas palavras; deu-lhe uma forte patada que o estendeu no chão.

As meninas fugiram, mas o urso chamou os seus nomes e elas reconheceram a sua voz e pararam. Quando o urso as alcançou, caiu a sua pele e, surgiu um formoso rapaz, todo vestido de trajes dourados.

-Sou filho de poderoso rei, – disse ele – este anão mau me condenou a vagar pela floresta sob a forma um urso depois de ter roubado os meus tesouros e só com sua morte eu poderia me libertar.

Branca de Neve, pouco tempo depois, casou com o príncipe e Rosa Vermelha com seu irmão. Partilharam, entre todos, os tesouros que o anão tinha acumulado na caverna e a velha mãe viveu ainda muitos anos tranqüila e feliz junto de suas queridas filhas e as duas roseiras que foram plantadas diante da janela dos seus aposentos. E todos os anos elas continuaram a dar as mais lindas rosas brancas e vermelhas.

O conto se inicia com uma mãe e suas duas filhas. Há uma falta de energia masculina naquele sistema familiar. São 3 personagens apenas, sendo que o número da completude e totalidade é o 4.

O quarto elemento compensatório virá com a figura do urso primeiramente. Depois passamos a ter as duas meninas, o urso e o anão e por fim as duas moças e os dois príncipes.

Elas vivem em estado de fusão, onde o estado paradisíaco impera na relação entre elas, característico da infância. Algo irreal e perfeito demais e que não é possível ser sustentado.

É bastante comum entre as mulheres de uma família (até como forma de defesa), se unirem em uma causa comum e excluírem os homens. Pai e irmãos podem ser deixados de lado, fazendo pouco deles e os tratando como bebês e imbecis.

Isso acontece entre as meninas em uma determinada idade antes da adolescência, onde elas se unem ao redor de seus interesses mútuos, excluindo os meninos que também se reúnem em grupos de forma a proteger sua masculinidade nascente.

Essas associações servem para reforçar o amor próprio e o senso de identidade. Até certa idade é extremamente saudável para poderem afirmar sua feminilidade perante si mesmas.
Em alguns povos tidos como primitivos os jovens eram iniciados nas sociedades secretas dos homens e as garotas nas de mulheres.

Na Grécia havia um culto a deusa Artemis em Brauron, que possuía a forma de uma ursa. Meninas entre 12 e 16 anos eram consagradas em seu serviço. Durante esse período não tomavam banho, não se cuidavam e se expressavam de forma grosseira; eram chamadas de “ursinhas” (Von Franz, 2010).

Artemis é conhecida por ser uma deusa virgem, ou seja, é aquela que é inteira em si mesma e não se deixa levar por relacionamentos. Diferentemente de outras deusas como Demeter e Hera, por exemplo, Artemis nunca foi subjugada ou perseguida por um homem. Sua inteireza então beneficiava as meninas na busca de sua verdadeira personalidade e amor próprio.

Atualmente em nossa sociedade, com a perda dessa iniciação feminina, temos muitas mulheres com senso de valor próprio muito baixo. Esses movimentos de empoderamento feminino vêm justamente compensar essa perda de rito de iniciação, de forma a resgatar essa falta de ritos de iniciação femininos. Esse movimento pode ser, por vezes, bastante exagerado; no entanto, todo movimento compensatório é exagerado e desajeitado. Isso assim ocorre para compensar o exagero da atitude anterior, mas com o tempo o equilíbrio pode vir a ser restaurado.

Essas sociedades secretas antigas, tinham como função proteger a personalidade em desenvolvimento das meninas, para que elas não se lançassem na sexualidade e maternidade cedo demais.
Os contos de fadas trazem muito material do inconsciente coletivo. Por essa razão, não é a toa que encontramos muitos simbolismos pagãos em contos de fadas de origem ocidental. Esse conto, por exemplo, é dos Grimm e de origem Alemã.

Na superfície podemos nos mostrar cristãos, mas nosso substrato inconsciente é pagão e está lá a espera de ser notado e novamente ouvido.

Com a repressão desse paganismo, perdemos muitos ritos iniciáticos trouxemos grandes dificuldades para a expressão feminina, pois no paganismo o feminino tem a possibilidade de se expressar de forma mais exuberante, do que no cristianismo atual.

Por meio do estudo dos contos de fadas podemos resgatar essa sabedoria perdida e esquecida para uma ampliação de consciência coletiva.

Pois bem, barrar o princípio masculino nem sempre é negativo, pois assim é possível desenvolver melhor a personalidade. Contudo, isso não pode durar tempo demais e o conto mostra como essa transição e a aceitação do masculino. Apesar da oposição autêntica entre os sexos, são essas diferenças que causam atração e levam a alteridade e ampliação de consciência.
Como cita Von Franz (2010), o principio masculino e o princípio feminino estão destinados a se completar e fecundar reciprocamente.

Voltando ao conto, vemos que ele ilustra a história de duas irmãs que são opostas uma a outra. Uma é claramente extrovertida, a Rosa Vermelha que gostava de correr pelos campos, já Branca de Neve que preferia ficar em casa ajudando a mãe, mostra aspectos de introversão.

Portanto, vemos os dois aspectos de manifestação do feminino em harmonia.

As meninas representadas por cores trazem um aspecto da Alquimia.

O Branco está associado à Albedo, que representa um estado de brancura, de paz e beatitude. Após os tormentos da alma (Nigredo) se alcança a paz. Nesses estado tudo flui com mais facilidade e a dor é menor. É o símbolo do Éden, o paraíso eterno e da regressão da libido. Mas neste estado de “brancura”, não se vive, pois se trata de uma espécie de estado ideal, abstrato.

O Vermelho está associado à Rubedo, que simboliza a união do masculino e feminino. É o casamento do Sol com a Lua, do céu com a terra, espírito e realidade. Observem que é Rosa Vermelha quem abre a porta deixando o urso entrar.

O estado anterior de brancura é um estado ideal e abstrato longe da realidade; é por isso, é necessário insuflar vida. O sangue da vida deve entrar com a Rubedo. Só o sangue pode trazer vida e assim o complexo autônomo possa ter expressão humana.

Além disso, o conto ilustra como uma personalidade extremamente feminina pode ser positiva, mas também trazer problemas. As meninas são extremamente identificadas com a mãe. Isso é benéfico em termos de autoestima, mas é prejudicial ao processo de individuação, uma vez que a filha projeta o Self em sua mãe, se tornando uma cópia dela e imitando tudo o que ela faz, sem questionar.

O masculino quando se apresenta vem fazer esse corte (como o corte do cabelo em Rapunzel) e encaminhar a mulher para sua individuação e para quem ela tem que se tornar.
Como esse masculino ainda não é integrado, ele se apresenta contaminado e em forma animal. É um complexo que ainda se encontra não integrado na vida humana e o sangue, ou seja, a Rosa Vermelha lhe permite a entrada na família para que possa encontrar a redenção.

A Deusa Artemis às vezes pode ser representada como ursa. Entre os adeptos de Wotan existiam os berseks. Um bersek podia cair em sono profundo, como que morto, durante uma batalha e nesse tempo um urso aparecia e massacrava os inimigos e quando desaparecia o bersek acordava. Isso significa que a alma desse homem se encarnava em um urso.

Simbolicamente simboliza a fúria. A Deusa Artemis – assim como Wotan – era conhecida por sua fúria proverbial e não hesitava em massacrar quem ousasse lhe enfrentar.

A fúria e a ira estão ligadas a cor vermelha da paixão, que andam juntas.

O urso do conto simboliza, então uma fúria que precisa ser integrada e transformada. É o masculino que falta naquela família. O urso com sua força representa uma agressividade necessária.
O feminino possui a tendência oposta a ser benevolente demais. É o aspecto Virgem Maria abnegada. No conto é o aspecto puro de Branca de Neve.

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Rosa Vermelha e Branca de Neve representam então o feminino em sua expressão mais completa. As duas são pólos opostos do arquétipo feminino, mas que juntas trazem a completude feminina. Esse aspecto mais completo se manifesta ainda, apenas no inconsciente e o vemos nos contos e mitos bem retratados.

No entanto, uma mulher sem o masculino, sem o animus, e que é feminina demais, mais a vida tende a passar por cima dela. A bondade extrema faz com que ela se deixe massacrar, matar e é despojada de sua existência.

Esse tipo de mulher socorre a todos e nunca a ela mesma. Ela pode ser a “tia solteirona” a quem todos correm pedindo ajuda.

Portanto, se copiar o homem é nocivo, é igualmente ruim ser feminina demais. Pois assim a mulher não consegue enfrentar a vida e ela passa por ela.

O conto então nos mostra o caminho para a integração do masculino sem cair no clichê do lado oposto e assim assumir suas qualidades negativas.

Mas como quase ninguém consegue acertar o alvo da primeira vez, uma mulher muito passiva pode se tornar bastante agressiva por compensação.

Esse aspecto encolerizado e mal humorado do masculino é visto na figura do anão, que, ao contrário do urso, vive encolerizado.

O urso possui uma atitude equilibrada com sua raiva; ele mata somente quando necessário. Já o anão barbudo é inconveniente, irritado, irritante e ladrão; ele é um aspecto do animus que precisa ser superado.

Ele espelha o caráter irritante de um animus que pode tomar uma mulher inteligente em muitos aspectos, e torná-la tola e briguenta. Ela perde o senso de humor, se torna ingrata e sedenta de poder. Uma verdadeira caricatura como o anão.

Conforme afirma Von Franz (2010), para a mulher chegar ao animus positivo e ter uma boa relação com um homem ela deve passar por essa fase intermediária.

Isso significa que ao passar a expressar esse animus no exterior, a mulher que nunca o expressou, começa a fazer isso de forma nada simpática. Isso ocorreu de forma coletiva com as primeiras mulheres que lutaram pelo direito ao voto, por exemplo. O mesmo ocorre nos dias de hoje, onde séculos de dominação do feminino não são mais tolerados. Vemos atitudes hipermasculinas e agressivas em várias dessas reivindicações.

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Os anões nos contos de fadas, em geral, são bastante agradáveis, solícitos e positivos. Eles têm uma relação profunda com o mundo feminino. Em Branca de Neve, um dos contos mais famosos do mundo, eles a auxiliam em seu desenvolvimento.

Eles, em geral representam as intuições criadoras e criativas, mas quando se apresentam negativos e irritadiços como nesse conto, isso significa que se trata de uma parte não vivida da mulher e que precisa de expressão. Sua vida criadora e criativa faz reivindicações para ter seu espaço na vida humana.

Ela até pode ter um emprego onde ganhe razoavelmente bem e até tenha status, mas isso não significa que seu potencial criativo esteja em ação. E mesmo assim ela pode ser tomada por essa estranha figura.

Há um excesso de energia criadora e criativa no inconsciente e a mulher precisa buscar algo que seja uma atividade criativa provinda de sua alma e não de fatores externos. Ela precisa reconhecer e integrar as demandas do seu inconsciente.

Outro aspecto interessante desse conto é a compaixão excessiva das meninas pelo anão insuportável.

É um dos aspectos do feminino esse excesso de compaixão e instinto maternal. A piedade diante do ser abandonado, condenado ou em desamparo quando em excesso pode levar a mulher à autodestruição psíquica. Por essa razão, principalmente as mulheres precisam desenvolver a objetividade e certo desprendimento e controlar esses instintos de piedade.

Isso pode se refletir em relacionamentos onde a mulher tem um marido do tipo anão. E, por incrível que pareça, são relações muito comuns. O home é um tipo sádico, neurótico e quando a mulher quer romper é invadida pela sensação de piedade e não consegue abandonar alguém tão desamparado. Ela projeta esse animus negativo no homem. Isso pode acontecer no caso de uma mulher querer ser a mártir de um alcoólatra. Ela passa a vida desculpando seus excessos, irritações e mau humor.

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Essa piedade pode acometer os homens também, mas os casos são em menor número.

Há um momento crucial do processo de individuação da mulher em que ela deve libertar-se dessa piedade sem discernimento (Von Franz, 2010).

Lembrando que no conto, o anão é um ladrão, significando que ele se apossa dos tesouros de possibilidades criativas dessa mulher e do lado positivo do animus. Nesse estado, ela pode ser uma vítima literal de seu amante, que vai lhe roubar seu dinheiro, talento, energia vitalidade e amor próprio.

Roubar é uma atitude que mostra que vai em busca do que quer, mas de uma forma infantil, preguiçosa e imatura. A mulher pode então, nesse caso, querer sair da solidão pelo caminho mais fácil e preguiçoso, aceitando qualquer migalha de amor.

Ao negar sua piedade e dedicação a um homem desse tipo, ela tem de enfrentar o seu problema e se esforçar para encontrar o que realmente procura, o que exige um tremendo esforço; basta ver a narração do mito de Eros e Psique, onde a heroína passa por provas desgastantes para encontrar seu masculino positivo.

Um processo de iniciação feminino então é narrado no conto. Na iniciação elas mergulham e encaram o problema e assim prendem a barba do anão.

O tema da barba é comum nos contos de fadas. Os Grimm nos deixaram contos como o Barba Azul, que representa o animus assassino; além do conto O Rei Barba de Tordo, que mostra a transformação do animus; em O Velho Rinkrank, onde a heroína prende a barba do demônio da montanha e escapa dele.

A barba é o pelo que cresce ao redor da boca. Algo bem típico do masculino. Elas simbolizam algo que cresce espontaneamente ao redor da boca, simbolizando um verbalismo automático e nervoso que se apossa da mulher e um sintoma bem neurótico de nossa sociedade atual hiperintelectualizada. É uma torrente de pensamentos e palavras indiferenciados e inconscientes.
A barba desse animus representa então o aspecto verborrágico dele. Uma verborragia autônoma, sem sentido e arrogante.

Ao prender a barba do anão, a mulher se questiona e não deixam que essa energia flua sem direcionamento. Ela usa, então, a razão para questionar o que está dizendo e pensando. A questão central é se perguntar: “Eu estou realmente pensando isso?”.

Assim, se questionando a mulher consegue aos poucos para de sustentar raciocínios absurdos e começa a questionar o que realmente quer exprimir.

Mas nos contos elas soltam o anão. E assim ele continua prejudicando os outros até que o urso o mate. Algumas mulheres ao invés de enfrentar esse animus negativo preferem se livrar dele.

No entanto, quando isso ocorre, elas precisam usar de agressividade para a transformação. Uma energia extra teve de ser usada.

No final o anão é substituído pelo irmão do urso, que resulta em um casamento quaternário, ou seja, em mais um símbolo da totalidade. A energia masculina foi transformada e alcançou um nível mais elevado.

Os contos de fadas de origem européia e que são tão famosos no Ocidente, culminam em um casamento. Parece que ainda necessitamos e ansiamos pelo equilíbrio da energia masculina e feminina.

O conto de fadas Branca de Neve e Rosa Vermelha ilustra então, espíritos insuficientes desenvolvidos que caem em uma armadilha intelectual falsa. Seja a mulher por meio de um animus não desenvolvido, ou de um homem que não tem consciência de sua anima e caiu nas garras do animus dela (vários contos como A Princesa Enfeitiçada relatam isso).

E assim, por meio desse conto, vemos como a mulher pode desenvolver seu espírito criador e assim deixar de estar em um papel secundário ao lado de homens criadores que roubam suas ideias.

Referência Bibliográfica:
VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fada. 5 ed. Paulus. São Paulo: 2005.
_________________ O feminino nos contos de fada. Vozes. São Paulo: 2010.

Imagens de mulheres passando pela transformação da gravidez

Imagens de mulheres passando pela transformação da gravidez

A gravidez é uma coisa linda. Dizem que todas as mulheres desejam, um dia, se tornar mães.

Seja por um chamado da natureza ou pela necessidade latente de formar uma família, muitas mulheres, seguindo seu instinto primitivo, lutam para ter seus filhos e deixar uma marca na história.

A jornada de trazer uma nova vida ao mundo é uma aventurança comum a seres humanos, em geral, que fazem questão de garantir a sobrevivência de sua árvore genealógica.

Para muitas mulheres, filhos são a luz do sol: providenciam energia, iluminam a existência, renovam o espírito e fazem a vida acontecer.

Nenhum de nós estaria aqui se uma mulher não tivesse nos concebido.

Se todas as mulheres fossem perguntadas sobre qual a melhor notícia que poderiam receber, talvez a maioria delas responderia que é o fato de estarem grávidas. Muitas mulheres aguardam décadas antes de conseguir ter um filho, e outras são agraciadas com uma virilidade indubitável que as faz ter quantos descendentes quiserem.

Embora existam mulheres que não intencionem ter filhos ao longo da vida, elas são uma minoria da população feminina. Isso não quer dizer que mulheres sem filhos são menos dignas: é apenas uma escolha pessoal da qual todas elas têm o direito.

A gravidez é a transformação mais significativa na vida de uma mulher. Elas são as rainhas no reino da vida. Precisam suportar não apenas mudanças fisiológicas em seu corpo, como também assumir uma responsabilidade infindável durante toda sua existência. Esse privilégio não é para todas.

Muitas mulheres dividem sua vida em duas metades: antes e depois de se tornar mães. De fato, o papel da maternidade é o mais difícil de ser interpretado; representa um personagem desafiador de toda uma vida.

Em dedicação a todas as mães do mundo, o site Bored Panda compilou uma lista de fotos que mostram a maternidade antes e depois do parto.

Cada uma dessas mães sentiu na pele o que é ser dona de si mesma. Elas contribuíram para o mundo com seu maior poder: oferecer o privilégio da vida.

As imagens a seguir retratam a progressividade das mudanças femininas desde o início do parto até o nascimento. Munidas de muita emotividade e humor, as fotos nos lembram como pode ser fantástico, para uma mulher, ser mãe. Confira:

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10 Coisas que não deve adiar

10 Coisas que não deve adiar

Max Lukominskyi, que colabora com o medium.com, escreve sobre o que não se deve adiar na vida – para evitar arrependimentos no futuro.

O que definitivamente não quer fazer no futuro é arrepender-se do passado. Especialmente se esses arrependimentos estiverem relacionados com oportunidades perdidas e tempo perdido.

O que não faltam são histórias de pessoas já nos seus 30 e 40 anos a falar sobre coisas que desejavam ter sabido ou feito antes.

Tendo lido essas histórias, tirei algumas conclusões para mim mesmo e gostaria de partilhá-las consigo. O objetivo deste artigo é desafiar a sua mentalidade e ansiedades atuais e ajudá-lo a compreender que coisas não deve adiar e que valores deve considerar prioritários agora mesmo.

Quando se tem 20 anos vive-se o período mais maravilhoso das nossas vidas, em que, por um lado, temos de enfrentar questões importantes pela primeira vez na nossa vida e por outro ainda temos bastante liberdade e muitas oportunidades para aproveitar.

Contudo, o principal desafio deste período de vida é fazer o menor número de erros graves possível enquanto se aproveita todas as oportunidades ao máximo. Até se pode ter falta de meios e dinheiro durante os 20 anos, mas isso deve ser compensado com coragem, curiosidade e por último mas não menos importante, o recurso mais importante.

O recurso que pode ser transformado em experiência. O recurso que pode ser transformado em competências. O recurso que pode ser transformado em conhecimento. O recurso que pode ser transformado em memórias inesquecíveis. O recurso que não se pode desperdiçar.

Este recurso é o tempo. Embora possa estar por vezes ocupado, certifique-se que o tem em excesso. Use este recurso sabiamente.

Tome uma atitude agora para não se vir a arrepender de oportunidades perdidas no futuro.

1. Expresse os seus sentimentos

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Aproveite todas as oportunidades para dizer coisas importantes às pessoas que ama. Não hesite em expressar os seus sentimentos e pensamentos. Não considere as pessoas na sua vida como garantidas. Vá ter com o seu/sua companheiro(a) e diga-lhe o quanto o valoriza.

2. Não deixe de aprender

A aquisição de novas competências é extremamente necessária no mundo contemporâneo – se não queremos ficar para trás. Continue a estudar especialmente depois de completar a universidade. Inscreva-se em cursos online, leia livros e artigos inteligentes, melhore as suas competências.

3. Passe tempo com a sua família

Certifique-se de que dedica tempo suficiente para estar com os seus entes mais próximos. Os membros da sua família são as pessoas mais valiosas da sua vida. Aproveite todas as oportunidades que tiver para conversar com os mesmos ou até para passar um fim-de-semana na sua companhia.

4. Viva experiências

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A idade jovem é também uma ótima altura para se viver experiências. Viva experiências na sua vida num sentido amplo. Mude de penteado, faça experiências com tecidos e sapatos, faça uma tatuagem. Experimente desportos ou profissões diferentes.

5. Faça exercício regularmente

Torne o fitness parte integrante da sua rotina. Mantenha-se em forma e cuide do seu corpo. Fazer exercício regularmente irá deixá-lo mais fresco, vigoroso e aberto a novos inícios. A vida começa num corpo saudável.

6. Passe tempo com quem mais gosta

Antes de mais nada: não mantenha relações quebradas durante anos. Não vale a pena. Seja audaz o suficiente para acabar com as mesmas. Deve dedicar o seu tempo a uma pessoa que ame genuinamente e com a qual se sinta bem.

7. Abra um negócio

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Se já se imaginou no papel de empreendedor ou se simplesmente sonhou com a concretização das suas ideias, deve começar a agir agora! Ou daqui a um ano vai desejar ter começado hoje. Não caia na ideia errada de que a altura certa há-de chegar. Porque não vai. A altura certa é agora. Por isso, aja já!

8. Viaje explore o mundo.

Desvende novos países e culturas para si mesmo. Viaje o máximo que puder. Até mesmo pequenas viagens locais contam. Não adie viagens para uma melhor altura – provavelmente essa altura nunca irá chegar.

9. Arrisque mais

Quando se é jovem ainda não se tem muito a perder. Seja um “tomador de riscos”. Não tenha medo de remar contra a maré e de correr riscos. Especialmente quando os riscos não são assim tão elevados.

10. Tome uma atitude

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Pensar apenas não o vai levar muito longe do sítio onde está. Mas as atitudes sim.

Sem atitude não há resultados. Não adie a realização dos seus sonhos e objetivos.

Quanto mais velho ficar menos motivação e energia terá para novos começos.

As suas ideias não servem para nada. Só as atitudes.

Não interessa o que pensa ou quantas ideias maravilhosas tem. A atitude é que interessa.

Quando perguntei a Jon Westenberg se alguma vez teve uma citação presa na cabeça, respondeu imediatamente que sim, que definitivamente teve uma. Essa mesma citação deixou-me também a pensar:

“Quando se é jovem, sente-se que a vida ainda não começou – essa “vida” está sempre agendada para começar na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano, depois das férias – seja quando for. Mas de repente é-se velho e a vida agendada nunca chegou a acontecer. Então dá-se por si a perguntar “Que coisa era aquela que eu estava a ter – aquele interlúdio – durante todo aquele tempo que tive?” — Douglas Coupland

Certifique-se de que usa o seu tempo sabiamente. Uma vez passado, fica perdido para sempre.

O tempo voa. Se quer evitar a horrível sensação de arrependimento no futuro, viva agora! Desfrute do tempo da sua vida. Siga os seus sonhos. Não se preocupe em crescer. Não crie motivos para arrependimentos. Viva!

Imagem de capa:  Kryvenok Anastasiia/shutterstock

As pessoas mais caras são aquelas com quem a gente pode tomar o vinho mais barato.

As pessoas mais caras são aquelas com quem a gente pode tomar o vinho mais barato.

São elas, sim. Aquelas que não vão nos julgar pelo dinheiro que temos no bolso, na conta, na herança da família. As pessoas que nos são mais caras não dão a mínima se tudo o que temos é barato e comprado a prestação. Não ligam se o nosso carro não tem ar condicionado e faz barulho quando abre o vidro. Não reclamam se o vidro emperra. Não ficam tristes de ganhar no aniversário nada mais que uma mensagem de texto, um telefonema ou uma bobagem da loja de um e noventa e nove. Basta que seja sincero.

De todas as pessoas que encontramos na vida, as mais valiosas são as que chegam antes do dinheiro e as que ficam depois que ele acaba.

Não, isto não é um elogio à pobreza, não. É só uma celebração de toda gente leal que resta no planeta. Porque amigo é amigo com dinheiro ou na miséria. Pode até desistir de uma amizade. Acontece. Quase todo mundo vai embora quando é traído, enganado, maltratado, preterido. Afinal, ser amigo não é igual a ser trouxa ou aceitar tudo. Agora, nenhuma pessoa decente abandona seu amigo só porque a grana acabou.

Não, eu não estou dizendo que todo “pobre” é legal e todo “rico” é canalha. Estou afirmando que gente boa de verdade vive para além das limitações de orçamento. Não se aproxima e nem foge de alguém tão somente pela mera semelhança ou diferença financeira. Gente boa de verdade não expulsa de seu clube um companheiro na falência nem se achega a um desconhecido apenas por lhe saber endinheirado.

Não, não é mau frequentar lugares caros, pagar mais por seus gostos, viajar o mundo, viver em um bom bairro. Se o dinheiro é seu e foi ganho honestamente, o que há de errado? Nada! Assim como nada há de impróprio em viver com poucos recursos por necessidade, pagar menos para morar, comer, vestir. O sujeito que vende o almoço para comprar a janta não é melhor nem pior que o esbanjador e vice-versa. São só pessoas em posições diferentes, vivendo realidades diversas.

Pessoas não têm preço. Porque preço é próprio de coisas e objetos. Pessoas têm valor. Umas mais, outras menos. E eu tenho a impressão de que o valor da gente não se mede pelo preço que a gente paga nas coisas.

Não é por nada, não. Mas para mim as pessoas mais caras do mundo são aquelas que não reclamariam de tomar champanhe francês ao meu lado, de frente para a Torre Eiffel, como também não rejeitariam um vinho barato em minha companhia. Nem gostariam menos de mim por isso.

A imagem de capa é de Inge Löök, artista gráfica finlandesa

10 lições que eu aprendi com o filme “A vida secreta das abelhas”

10 lições que eu aprendi com o filme “A vida secreta das abelhas”

Vida Secreta das Abelhas é um filme que deve ser visto. Deve ser visto porque é um filme sobre mulheres fortes.

É um filme sobre mulheres sensíveis.

É um filme sobre mulheres que desafiaram a ordem vigente, se apoiaram umas nas outras e escreveram seus próprios caminhos.

Resumindo: é um filme extremamente feminino e inspirador. Nele, é contada a história de uma adolescente, Lily, que se sente culpada pela morte da mãe. Lily mora com o seu pai e com Rosaleen, uma empregada negra, no interior dos Estados Unidos, na década de 60, em um contexto extremamente racista. Lily não tem o carinho do pai, que é frio e lhe maltrata.

Quem lhe cuida e dá amor é Rosaleen.

Um dia, Rosaleen é agredida por homens racistas, e Lily, cansada de ser maltratada pelo pai, foge de casa com ela. As duas acabam parando na propriedade de August, uma mulher negra que tem duas irmãs: May e June. Elas possuem um bom negócio, onde produzem mel, e são donas de uma boa propriedade. Aos poucos, essas mulheres vão conquistando o seu lugar ao sol em uma sociedade onde, até então, o negro só possuía direitos no papel. Eu não vou contar todo o enredo do filme porque ele realmente deve ser visto. Mas algumas frases e situações muito me ensinaram e aqui em compartilho com vocês:

Lição 1 – Sobre querer e perder

“Ela era tudo que eu queria e eu a tirei de mim”. Nesta frase, Lily se refere à perda da mãe. Uma perda da qual não teve culpa, visto que quando tudo ocorreu ela era apenas uma criança. Mas trazendo estas palavras para o nosso contexto, essa frase representa um comportamento emocional recorrente: às vezes, nos relacionamentos. Gostamos tanto de alguém que nos auto sabotamos. Adquirimos um comportamento que nos faz atrair justamente algo que queremos evitar: o fim. Queremos estar com aquela pessoa, mas pedir desculpas ou tentar uma aproximação é difícil demais. Acabamos achando mais fácil abrir mão daquilo que se ama do que superar as nossas próprias limitações… Como me disse uma certa amiga uma vez: “É mais fácil expor a raiva do que expor o amor”.

Lição 2 – Lutar por justiça pode nos trazer dor, mas ainda sim é algo que deve ser feito

Rosaleen, a empregada, é agredida verbalmente por homens racistas. Ela, por sua vez, não se deixa intimidar. Eles ordenam que ela os peça desculpa ou seria agredida fisicamente. Ela não pede e por isso apanha. Posteriormente, Lily disse a Rosaleen que ela deveria ter pedido desculpas àqueles homens, pois ela correu o risco de ser assassinada por eles. Rosaleen responde: “Pedir desculpas àqueles homens teria sido apenas outro modo de morrer. Só que eu teria que viver com isso.”. O mundo está cheio de injustiças e a gente infelizmente aprendeu assistí-las e ficar caladas. Rosaleen nos mostra que se a gente simplesmente abaixa a cabeça, uma dor maior adentra o nosso ser. Se queremos justiça, devemos lutar por ela.

Lição 3 – A Verdade não é tudo

“A verdade é só metade do caminho. O que importa é o que você vai fazer com ela”. Quantas vezes a gente descobre algo sobre uma situação ou sobre alguém e se decepciona, entristece ou enraivece? Encarar a verdade, como diz um personagem do filme, é só metade do caminho. Descobrir a verdade não liberta ninguém de um relacionamento fajuto, por exemplo. O que faz a diferença é o nosso comportamento após isso.

Lição 4 – Abrir mão das nossas vontades pode valer a pena

“Algumas coisas não são tão importantes, como a cor de uma casa. Mas deixar alguém feliz, isso é importante.” – August diz essa frase a Lily para justificar o porquê de ter pintado as paredes da sua casa de uma cor duvidosa. A escolha se deveu ao fato de que a cor trouxe bons sentimentos a sua irmã May, que era uma moça muito sensível, tocada por uma grande perda. August decidiu pintar sua casa de uma cor que não gostava porque ela considerava que a felicidade da sua irmã May era muito mais importante do que a simples cor de uma parede. E na prática, quantas vezes nós abrimos mão de algo não tão importante só para fazer alguém feliz? Com certeza é algo que deveríamos praticar mais!

Lição 5 – Às vezes a liberdade é mais importante ou necessária do que estar em um relacionamento

“-Você já se apaixonou? – pergunta Lily.

-Claro que sim. – responde August.

-Não o bastante para se casar?

-Eu o amava bastante. Só que amava mais a minha liberdade. – finaliza August.”

Algumas vezes, nós gostamos muito de alguém mas ainda não estamos prontos ou talvez a nossa liberdade de ser solteira combine mais com as escolhas que fizemos. August sabia disso. Ela era uma mulher, uma mulher negra, que escolheu estar à frente dos seus negócios. Ela representou o que as mulheres, sobretudo as mulheres negras, poderiam conquistar. Ela foi portanto uma inspiração de liberdade, possibilidades e conquista. A sua liberdade permitiu que ela chegasse até onde chegou e talvez por isso foi tão importante ela abrir mão do amor.

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Lição 6 – Ser sensível é melhor do que não sentir nada

“-Srta. May, sei que às vezes você fica muito triste. Meu pai nunca sente nada. Nunca sentiu nada. Eu prefiro ser como você. – diz Lily.

-Às vezes, não sentir nada é a única maneira de sobreviver. – responde May”

May não conhecia o pai de Lily mas ela sabia que algumas pessoas se tornam frias porque aquela era a forma que elas encontravam para sobreviver. Sei que parece horrível ser alguém sem sentimentos, mas antes de julgarmos, devemos saber que cada um passa ou passou por batalhas que não conhecemos. E talvez aquela pessoa tão gelada seja apenas alguém que não sabe externar ou lidar com o que sente.

Lição 7 – Há muito amor nesse mundo

Há duas frases ditas por Lily que chamaram muito a atenção e tenho certeza de que muitas de nós já se encontraram em situação semelhante:

“Não há nada que eu queira mais que alguém que me ame” e “Eu não mereço ser amada”.

Lily se sentia abandonada pelos pais e queria muito ser amada, mas ao mesmo tempo ela acreditava não merecer receber amor. Ela carregava em suas costas uma culpa que não era sua. Quantas vezes nos achamos indignas de ser amadas? Seja por nossos defeitos, pelo que passamos na infância ou por algum trauma. August responde: “Há muito amor nesse mundo”. O que nós precisamos é nos abrir para ele, não deixar que nossas perdas nos tornem pessoas fechadas. Às vezes, o amor vem de uma forma que não esperamos. A história de Lily é prova disso. Uma menina branca que encontrou todo amor do mundo ao lado de quatro mulheres negras.

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Lição 8 – Nem tudo que as pessoas nos dizem é realmente o que elas querem dizer. Às vezes, elas simplesmente não têm força ou coragem de dizer o que realmente sentem

“Ainda digo a mim mesma que, quando meu pai partiu naquele dia ele não quis dizer: ‘Que seja. Ele quis dizer: ‘Lily, você ficará melhor aqui, com todas essas mães’.”

O pai de Lily não fez questão de ficar com ela. Mas Lily captou que no fundo ele sabia que ela estaria melhor com as suas “mães”. Só que ele era amargurado demais para saber dizer isso à Lily… O que ouvimos nem sempre corresponde à verdade. É preciso nos atentarmos também às entrelinhas e relevar certas coisas…

Lição 9 – Dizer “Adeus” pode ser dolorido mas pode também ser a melhor opção

O pai de Lily saiu da sua vida, foi embora sem dar ao menos um beijo de despedida. Quantas vezes a gente sofre porque alguém saiu das nossas vidas, não é mesmo? Seja aquela pessoa um amigo, um amor ou um parente. Mas às vezes, aquela partida foi a melhor opção para o desfecho da situação. Muitas vezes, os caminhos vão para direção opostas e é melhor assim. Pode não fazer sentido no momento em que ocorre mas certamente fará sentido em um outro momento.

Lição 10 – O laço sanguíneo não é tudo

A Vida Secreta das Abelhas mostra que o sangue nem sempre representa afeto, segurança ou afinidade. Muitas vezes, o sentido das palavras “Amor” e “Família” a gente encontra onde a gente menos espera. Se você tem relações familiares difíceis ou até mesmo não tem uma família, não se abata. Você tem toda possibilidade de encontrar amor em outros lugares. Pois como disse August: há muito amor nesse mundo!

9 maus hábitos que sabotam o sucesso

9 maus hábitos que sabotam o sucesso

Existem inúmeras definições de sucesso, que variam conforme as metas e os objetivos de um grupo ou de cada pessoa em particular. Mas há um consenso sobre o que é ser bem-sucedido: conseguir o que se quer, seja o que for, a partir de um propósito de vida determinado.

Dinheiro, saúde, sexo, prestígio, fama, poder. Há muitas variantes de sucesso, as quais nós almejamos em comunhão com nossas ambições.

Algumas coisas nós já temos, outras ainda procuramos conseguir, e certamente continuamos desejando o que não podemos ter.

Devido à uma regra da sociedade, à forma como fomos criados ou apenas por ser a disposição natural dos seres humanos, uma perspectiva comum a todos é que ser bem-sucedido na vida traz alguma felicidade e realização pessoal. Além do mais, nós somos indivíduos competidores: tanto compartilhamos os nossos sucessos quanto gostamos de superar outras pessoas que são bem-sucedidas.

Inspirar-se no sucesso de outra pessoa alimenta nosso senso de descoberta e proatividade. Porém, comparar-se constantemente com os outros também pode acarretar em uma profunda desilusão.

Nas sinuosas estradas percorridas para se chegar ao sucesso, alguns dizem que os atalhos são, na verdade, armadilhas, e que os caminhos mais longos e tortuosos guardam as recompensas mais satisfatórias. Mas nem sempre é assim.

Às vezes, as escolhas mais simples ou fáceis são as melhores ou mais garantidas. Não é uma regra imperial que os resultados de nossos investimentos são proporcionais à dedicação e ao esforço empregados.

Quando lutamos para tornar nossos sonhos em realidade, podemos perder muitas coisas (ou pessoas) durante o caminho, mas alguns sacrifícios são necessários para usufruirmos do sucesso, ou ao menos provarmos, que seja por alguns segundos, da condição gloriosa do mérito.

Diferentes empreitadas exigem hábitos diferentes. Alguns hábitos, em geral, ajudam a viabilizar o sucesso, enquanto outros prejudicam consideravelmente a realização de qualquer conquista que se possa almejar.

Pensamentos não só afetam o estado emocional, mas também influenciam diretamente o comportamento, que acusa nossos hábitos.

Quando pensamos positivamente, é mais provável que consigamos aquilo que queremos, embora a positividade por si só não opere milagres, como muitos livros de autoajuda prometem. Quando pensamos negativamente, permitimos que medo, angústia, agonia, desespero e outros sentimentos aflitivos operem sozinhas as “máquinas” de nosso sistema operacional que, em resposta, incutem uma força ameaçadora contra nossa saúde e bem-estar.

Todos experimentamos sentimentos terríveis, irrealistas, retrógrados e exageradamente negativos de tempos em tempos. Permitir que essas emoções assumam as rédeas de nosso pensamento, no entanto, prejudica nosso potencial de forma significativa.

Não importa quanto talento ou inteligência alguém possa ter, se não souber controlar as emoções destrutivas, nunca irá conseguir conquistar grandes coisas, muito menos obter sucesso na vida.

Só podemos evoluir, nos preparar para novos desafios e chegar ao sucesso se estivermos crentes que somos capazes. Afinal, ninguém acredita em alguém que vive imerso em incerteza e autodúvida.

Nossos hábitos ditam o rumo dos acontecimentos e criam uma certa rotina sob a qual nos acomodamos, de certa forma.

Os hábitos são tão poderosos em essência que nos mantêm, ao mesmo tempo, presos e seguros dentro de uma zona de conforto. Muitos empreendedores de sucesso alegam que, para se chegar ao sucesso em suas diversas vertentes, uma pessoa deve estar totalmente disposta a sair de sua zona de conforto, correr riscos.

Para aqueles que estão tentando ascender em sua carreira, é certo concentrar em pensamentos e objetivos producentes. Mas, além de tomar medidas para impulsionar-se para a frente, a pessoa deve considerar também os hábitos negativos que podem estar sabotando seu sucesso. Olhar para os dois extremos do espectro é importante para se balancear uma equação e obter resultados concretos.

Todos nós temos hábitos prejudiciais. Dezenas deles, se formos parar para pensar. Os nove hábitos a seguir podem ser contornados e corrigidos, se a pessoa não quiser ser limitada por eles. Alguns desses hábitos nocivos são:

1. Estabelecer um planejamento sem estratégia

Afirmou Sun Tzu em seu livro A Arte da Guerra: “A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota”. Primeiramente, deve haver a certeza do que se quer para, em seguida, estabelecer um plano estratégico a fim de atingir tal missão. A intuição é uma habilidade humana essencial, mas também é perigoso seguir os próprios instintos sem alguma ponderação. O sucesso sempre foi um grande mentiroso.

2. Dar desculpas

Culpar outras pessoas e circunstâncias externas por causa de um fracasso ou falta de realização pessoal prejudica o desempenho produtivo. Desculpas aliviam a culpa, mas não a eliminam. Ao invés de transferir a responsabilidade da falha para alguém, é melhor concentrar-se nas coisas que se pode fazer ou não, e agir objetivamente.

3. Buscar aprovação constante

Todos nós precisamos de aprovação, pois sentimos que fazemos parte de um grupo ou uma causa comum. Mas uma busca incessante por aprovação pode nos tornar reféns de padrões alheios. Além de partilhar objetivos e esforços comuns, é importante exercer nossa própria autenticidade. O hábito de buscar aprovação constante pode ser um tiro pela culatra. Às vezes, a rejeição é uma boa professora.

4. Catastrofizar o futuro

Previsões negativas facilmente se tornam profecias autorrealizáveis. Se alguém nos diz para não pensarmos em coisas ruins, automaticamente pensaremos em coisas ruins. O mesmo ocorre com nossos pensamentos: eles se retroalimentam contra o esforço em evitá-los. A menos que se esteja criando planos produtivos para lidar com cenários de pior caso, prever resultados desastrosos vai potencializar a ansiedade e limitar nosso poder de ação.

5. Acreditar na autodúvida

A insegurança destrói sonhos e nos aprisiona em uma falsa ilusão de incapacidade. É prudente ouvir nossa autodúvida, mas é sensato pensar duas vezes antes de aceitar um julgamento pessoal. A crença fervorosa na autodúvida representa um ciclo fácil de ser criado, mas difícil de ser quebrado.

6. Trabalhar sem disciplina

As pessoas mais bem-sucedidas são aquelas que trabalham duro e persistentemente em seus projetos pessoais e profissionais. Isso nunca foi um segredo. Sem disciplina, não há consistência e regularidade. Respeitar horários e prazos de entrega, ter metas bem estabelecidas e cumprir regras de convivência são hábitos chatos e insignificantes para uns; importantes e diferenciais para outros. Sucesso é possível, mas improvável sem algum senso de autodisciplina.

7. Minimizar o sucesso dos outros

O que o sucesso dos outros tem a ver com o nosso sucesso? Muito a ver. Todo mundo conta com uma rede de pessoas nas quais busca inspiração e aconselhamento. Maximizar o sucesso dos outros pode nos oferecer motivação e ânimo suficientes para seguir por um caminho ou outro, enquanto minimizar o sucesso dos outros alimenta a inveja que padece nossas próprias realizações. Ao invés de sentir inveja, é melhor transformá-la em orgulho. Isso é mais fácil de fazer quando gostamos da outra pessoa, mas não precisamos gostar de outra pessoa para nos orgulharmos dela, a não ser que se deixe ser vencido pela inveja.

8. Dizer “sim” sempre

Em algumas situações, dizer sim é sinal de respeito e consideração. Com medo de ser desagradáveis e indecorosas, muitas pessoas não conseguem dizer “não”. Esse é um hábito ruim, se transforma uma pessoa complacente em vulnerável. Um certo grau de generosidade é fundamental para se conquistar pessoas e obter novas oportunidades, mas em excesso pode ser uma fraqueza passível de ser explorada.

9. Subestimar o fracasso

O fracasso pode e irá acontecer, muitas e consecutivas vezes, independentemente do quão talentosa, esforçada e competente uma pessoa seja. Pessoas bem-sucedidas convivem com a realidade do fracasso, e compreendem sua importância na busca de sucesso. Nos caminhos para o sucesso, dizem, fracasso e aprendizado sempre andam de mãos dadas.


*Com informações do Psychology Today

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